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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA

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RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 
Janaína Rodrigues Martins 
2ºPeríodo – 2013 
Conteúdo Ministrado pela Professora Mestre Ludmila Stigert 
RESUMO GERAL 
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
Constituição: É a o acoplamento estrutural do Direito com a política; Argumentos jurídicos e 
políticos. É um conjunto de normas jurídicas (PRINCIPIOS E REGRAS) que estabelecem a 
estruturação político administrativo do estado (limitação de poder) e garante direitos 
fundamentais. 
EVOLUÇÃO DO CONSTITUCIONALISMO 
ESTADO ANTIGO  ESTADO GREGO  ESTADO ROMANO  ESTADO MEDIEVAL  
ESTADO MODERNO 
Deus esta no centro do estado antigo (a.C.); 
A mitologia estava no centro do estado grego (sec. VI/IV a.C.); 
A mitologia/realidade estava no centro do estado romano (a.C. até o sec. IV d.C.); 
Deus estava no centro do estado medieval (sec. V/XV ); 
Estado moderno (a partir do sec. XV). 
Pode-se concluir até a idade média que o direito é baseado nos costumes, moral, política e 
religião, podendo ser interpretado como uma amalgama (uma massa onde os 
componentes não se soltam) normativa, formando um conjunto entre os aspectos nos 
quais o direito é baseado. O direito era uma amalgama normativo entre religião, 
política, moral, ética, etc. -> baseado nos usos e costumes imemoriais (perpétuos, passadas de 
geração em geração) - não sendo um sistema autônomo de ação e de conhecimento. 
Entre o século IV e V ocorreu o fim do império romano do ocidente, e em 1453 o fim do império 
romano do oriente. 
 Nicolau Maquiavel em 1513 escreveu o livro “O Príncipe”, priorizando o estado nacional da 
Itália, centralizando o poder, dizendo que o Rei precisava do poder político para esta 
centralização; 
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 Jean Bodin em 1576 escreveu “os seis livros da república” que justificava o poder do rei 
através de uma luz divina, onde o rei era escolhido por deus, um poder supremo e 
absoluto, inalienável; 
 Thomas Hobbes com a obra “Leviatã”. 
Através destes nasceu o estado nacional, uma centralização político-administrativa. 
 Formação de um exército nacional; 
 Surgimento de moeda metálica; 
 O Rei alia-se a burguesia para alcançar poder político e para derrubar a nobreza e o clero; 
 O Rei era o legislativo, judiciário e o executivo; 
 Surgimento das monarquias absolutistas, marcando a primeira forma de estado moderno, 
perdurando até o século XVII. 
MARCOS QUE INFLUENCIARAM NOS ESTADOS DE DIREITO: 
 Os ideais iluministas; 
 O movimento jusnaturalista (Locke, Montesquieu, Rousseau); 
 Revoluções burguesas: 
 Revolução Inglesa (1688) -> “Bill of Rights” - declaração de direitos individuais e 
limitação do poder do rei, supremacia do parlamento; 
 Revolução Norte-Americana (1776) -> revolução de independência; 
 Revolução francesa (1789). 
O movimento constitucionalista foi o movimento jurídico, político e filosófico que defendia 
a necessidade de conformação do Estado a uma constituição formal e escrita que limitasse 
o poder do monarca e que garantisse os direitos fundamentais do cidadão. 
Surgimento dos estados de direito: estados regidos por leis, com uma constituição dotada de 
supremacia. 
Estes estados se apresentam em três formas distintas: 
 CONSTITUCIONALISMO LIBERAL (SÉCULO XVIII/XIX); 
 CONSTITUCIONALISMO SOCIAL (SÉCULO XIX/XX); 
 CONSTITUCIONALISMO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (SÉCULO XX/...). 
CONSTITUCIONALISMO LIBERAL: 
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 Século XVIII/XIX; 
 Limitação de poderes; 
 Direitos fundamentais; 
 Estado liberal burguês; 
 Constituição americana (1787) e francesa (1791); 
 Influência dos ideais jusnaturalistas: Locke, Montesquieu e Rousseau; 
 Estado mínimo (negativo): 
 Poucas atribuições; 
 Segurança (poder de polícia); 
 Constituições sintéticas pequenas; 
 Direitos fundamentais de 1ª dimensão (individuais e políticos); 
 Império das leis (idolatria das leis): 
 Preponderância do poder legislativo (elaboração das leis); 
 Separação entre a esfera pública (Estado) da esfera privada (indivíduo); 
 O direito era um conjunto de regras: 
 Pouco espaço para a interpretação das leis; 
 O juiz era a “boa lei”; 
 Dedução lógica; 
 Silogismo; 
 Literalidade da lei; 
 Destaque para a liberdade: Kant; 
 Igualdade formal; 
 Liberalismo político e econômico; 
 Consequências: 
 Grande concentração de renda nas mãos de poucos; 
 Grande desigualdade social; 
 Insatisfação popular; 
 Surge uma nova classe: o operário; 
 Surgimento dos sindicatos, associações e partidos políticos de oposição; 
 Divulgação de ideias socialistas, comunistas e anarquistas; 
 Fim da 1ª guerra mundial. 
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL: 
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 Século XIX/XX; 
 Materialização do direito formal burguês; 
 Constituições prolixas, complexas, com muitos artigos; 
 Aumento do aparato estatal (estado interventor, prestacional, positivo); 
 Normas programáticas; 
 Constituição mexicana (1917); 
 Constituição francesa (1919); 
 Preponderância do poder executivo; 
 Publicação do direito; 
 Dirigismo estatal; 
 Surgimento dos direitos fundamentais de 2ª dimensão (+) releitura dos direitos 
fundamentais de 1ª dimensão. 
Gerações / dimensões (tanto faz o termo): 
1ª Geração - Direitos de Liberdade – Direitos 
Civis (liberdade, propriedade, segurança) e 
políticos. 
2ª Geração – Direitos de Igualdade – Direitos 
sociais, culturais e econômicos. 
3ª Geração – Direitos de Fraternidade 
/Solidariedade – Direitos da Dimensão 
Coletiva. 
 
Constitucionalismo social  TRANSIÇÃO  Constitucionalismo democrático (a partir da 2ª 
metade do século XX). 
 Características: 
 Releitura dos direitos fundamentais de 1ª e 2ª dimensão mais aquisição de novos 
direitos fundamentais (3ª dimensão: direitos difusos e coletivos); 
 Teoria da indivisibilidade dos direitos fundamentais; 
 Historicidade: aquisição evolutiva; 
 Marco histórico: pós 2ª guerra mundial; 
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 Marco filosófico: pós-positivismo jurídico; 
 Marco teórico: 
a) Ampliação da jurisdição constitucional; 
b) Hermenêutica constitucional; 
c) Supremacia da constituição: força normativa da constituição; 
 Mudança de postura do aplicador do direito - crença na legalidade (segurança jurídica) 
e reconstrução fática do caso concreto; 
 O direito se torna plural aberto e participativo; 
 A constituição estabelece normas para o discurso de justificação (gênese democrática 
das leis) e para o discurso de aplicação normativo. 
 Normas programáticas: São aquelas que definem metas, programas, objetivos a serem 
alcançados pelo estado ao longo do tempo. Tais normas não possuem eficácia plena, 
precisando para tanto da intermediação do poder público seja por meio da legislação 
infraconstitucional ou por meio da adoção de políticas públicas. 
 Dirigismo Estatal forte; 
 Transição: 
 O processo de endividamento do estado social; 
 Fim da 2ª guerra mundial; 
 Criação da ONU (1945); 
 Início do processo de internacionalizaçãodos direitos humanos à luz da declaração 
universal dos direitos do homem (1948); 
 Surgimento de sindicatos e movimentos populares (hippie, ambientalista, feminista, 
estudantil, etc.); 
 Emancipação da sociedade civil. 
 
 
CONSTITUCIONALISMO DEMOCRÁTICO 
 Marco histórico: 
 Fim da 2ª guerra mundial; 
 Brasil: constituição de 1988; 
 Marco filosófico: pós-positivismo jurídico: 
 Abertura do direito aos valores; 
 O direito se torna argumento; 
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 Normatividade principiológica; 
 Marco teórico: 
 Força normativa da constituição (a constituição é um conjunto de normas, princípios e 
regras, que estabelecem a estruturação do estado, dando origem a um novo estado, 
limitando o poder do estado, competências, órgãos, funções, etc., garantindo também 
os direitos fundamentais do cidadão, direitos de 1ª, 2ª, 3ª e até 4ª dimensão/geração, 
sendo marcado pela liberdade no constitucionalismo liberal, igualdade no 
constitucionalismo social e pela fraternidade no constitucionalismo democrático, 
releitura dos direitos fundamentais de 1ª e 2ª dimensão reinterpretados sob a 
perspectiva dos direitos de participação e comunicação); 
 A hermenêutica constitucional ganha maior espaço: criação das cortes constitucionais; 
 Ampliação da jurisdição constitucional (ampliação do controle de constitucionalidade). 
TRANSIÇÃO: 
CONSTITUIÇÃO LIBERAL (ESTADO LIBERAL) SOFRE UMA RUPTURA E UMA SUPERAÇÃO 
ATÉ A CONSTITUIÇÃO SOCIAL (ESTADO SOCIAL), QUE TAMBÉM SOFRE UMA RUPTURA E 
UMA SUPERAÇÃO NUM PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO COM UMA ABERTURA 
CONSTITUCIONAL QUE TRAS O ESTADO DE DIREITO COMO CENTRO DE ORDENAMENTO 
JURÍDICO CONSTITUÍDO POR UMA FORÇA NORMATIVA, QUE PRECISA SER VIVENCIADA 
GERANDO A CONSTITUIÇÃO DEMOCRÁTICA (SUPREMACIA CONSTITUCIONAL), SENDO 
UM PARÂMETRO PARA AS DEMAIS LEIS, SENDO UMA SOBRENORMA QUE TRAZ EM SEU 
TEXTO O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DAS DEMAIS NORMAS, OLHANDO PARA OS 
DEMAIS RAMOS DO DIREITO (LOGUS HERMENÊUTICO), NASCENDO DISSO O 
NEOCONSTITUCIONALISMO, TENDO UMA AMPLIAÇÃO DA HERMENÊUTICA 
CONSTITUCIONAL, QUE INTERPRETA AS REGRAS CONSTITUCIONAIS. 
DIREITOS DIFUSOS: são aqueles direitos trans individuais, homogêneos, cujos seus 
destinatários não podem ser identificados e entre eles existe uma situação fática (todos são 
consumidores), mas entre eles vai haver uma relação jurídica. 
DIREITOS COLETIVOS: são aqueles direitos trans individuais, homogêneos, cujos titulares não 
podem ser identificados, mas entre estes existe uma relação jurídica (a pertença ao mesmo 
grupo, a mesma classe ou à mesma categoria profissional). 
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Constitucionalismo democrático é uma conciliação entre o direito (princípios liberais) e a 
democracia (princípios sociais). 
O POVO GANHA O DIREITO ATRAVÉS DA DEMOCRACIA. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 Conteúdo: 
 Material: escritas ou não, trazem escrito nas constituições só materiais tipicamente 
constitucionais, ou seja, direitos e garantias e a esquematização da divisão de poderes; 
 Formal: além das matérias tipicamente constitucionais traz outras matérias, como o 
procedimento de elaboração. Toda constituição formal é dotada de supremacia 
(supralegalidade), estando acima das demais leis existentes. É fruto da manifestação 
do poder constituinte originário (assembleia nacional constituinte), são rígidas; 
 Forma: 
 Escrita: são constituições codificadas, unitárias em um único documento; 
 Não escrita: espersa em diversas leis, costumes, princípios e precedentes. 
 Extensão: 
 Sintética: pequena, enxuta, com poucos artigos e poucas emendas; 
 Analítica: extensa, complexa, trata de muitas matérias; 
 Origem: 
 Promulgada: sinônimo de democracia, popular, votada, fruto de uma manipulação; 
 Outorgada: constituição imposta, autoritária, fruto de quem está no poder; 
 Cesarista: imperador elaborava o texto da constituição e colocava para votação: 
a) Princípios: normas jurídicas com baixa densidade normativa (mais abstratas); 
b) Regras: normas jurídicas com alta densidade normativa (mais concreta), ou seja, 
seu texto traz o seu âmbito de incidência; 
 Pactuadas: acordos firmados entre duas classes distintas, por isso não é considerado 
uma constituição; 
 Processo de reforma: 
 Rígida: constituição estável, o processo de alteração do texto é dificultoso (o art. 60 da 
CF denota que o processo de alteração do texto constitucional é mais dificultoso do que 
o processo de alteração de uma lei ordinária. Tal processo sofre limitações explícitas 
[quanto à iniciativa, circunstanciais, procedimentais e materiais], além de outras 
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limitações implícitas decorrentes dos princípios e do regime constitucional 
democrático); 
 Semirrígida: aquela que apresenta algumas partes com alteração dificultosa, mas 
outras matérias com fácil alteração (1ª constituição do Brasil); 
 Plástica: (flexível) aquela que pode ser facilmente alterada, segue o mesmo rito de 
procedimento ordinário comum; 
 Dogmática: 
 Ortodoxa: segue apenas uma ideologia (constituição muçulmana); 
 Eclética: contemplam em seu texto vários valores, varias ideologias, plural e inclusiva; 
 Sistema: 
 Principiológica: é um conjunto de normas jurídicas cuja base interpretativa se baseia 
em princípios; 
 Preceitual: é um conjunto de normas jurídicas cuja base interpretativa se baseia em 
regras; 
 Modo de elaboração: 
 Histórica: a constituição segue a história do país (Inglaterra), leva em consideração a 
evolução histórica; 
 Dogmática: aquela que leva em consideração os valores, os dogmas reinantes no 
momento de elaboração do texto constitucionais - valores; 
 Sistemática: 
 Reduzida: unitária, um só documento formal, histórico e escrito; 
 Variada: esparsas, varias leis constituintes, precedentes, leis escritas, costumes, uma 
constituição difusa; 
 Correspondência com a realidade - classificação ontológica - Karl Loweinstein: 
 Normativa: compatibilidade do texto com o contexto, um texto legítimo, eficaz e efetivo, 
onde o texto é a constituição federal e o contexto é o social político, onde um 
corresponde o outro e se adequando; 
 Nominal: quando não há correspondência, o texto possui apenas um caráter 
pedagógico, tendo um texto legítimo, uma eficácia mínima e não é efetiva; 
 Semântica: constituição federal, instrumento apto a legitimar práticas autoritárias de 
quem está no poder; 
 Finalidade: 
 Garantia: limita o estado, tipifica o estado liberal, garantindo o direito individual; 
 Balanço: é a constituição federal que visa preparar o estado socialista; 
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 Dirigente: é aquela que estabelece planos, metas, objetivos a serem alcançados pelo 
estado; 
 Conteúdo ideológico: 
 Liberal negativa: intervenção mínima estatal; 
 Social positiva: intervenção maior do Estado; 
 Raul Machado Horta: 
 Constituição expansiva: complexa, prolixa; 
 Gustavo Lagrebelsky: 
 Constituição dútil: é aquela que possibilita convivência de distintos projetos de 
vida em seu texto, pluralista (abrangendo diferentes princípios), aberta e 
procedimental, tipicamente de um Estado de Direito. 
 
HISTÓRIA DOCONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO 
 
 1824: Uma carta constitucional imposta por Dom Pedro I, uma constituição semirrígida, 
religião católica, escravocrata, apresentou nuances liberais, voto censitário. 
 Brasil império; 
 Estado unitário (províncias); 
 Monarquia constitucional (absolutista, contendo os 3 poderes mais o 4º poder, o poder 
moderador); 
 1891: Convocado uma primeira assembleia constituinte no ano de 1889, tornando uma 
República de Estado Federal. Esta constituição marca o nascimento do constitucionalismo 
no Brasil. 
 (constituição EUA); 
 Constituição liberal (trás em seu texto os direitos fundamentais de 1ª dimensão, as 
províncias se tornaram estados, onde os governadores eram eleitos e não escolhidos, 
garantia do “habeas corpos”); 
 1934: Em 1932 aconteceram vários movimentos populares contra a política do café com 
leite, gerando o segundo governo provisório, de Getúlio Vargas. Segunda assembleia 
nacional constituinte, o povo clama por melhores condições sociais, marcando o 
nascimento do Brasil democrático. Surge o mandato de segurança. 
 Constituição de weimar; 
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 Constituição social (voto universal,); 
 Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão; 
 Estado totalitário, extinção do vice-presidente; 
 1937: Entrada do Brasil na guerra. 
 Semântica; 
 Estados totalitários; 
 Constituição polônia; 
 Golpe de Estado - estado novo; 
 Assume nuances totalitárias; 
 1946: Em 1944 surge um processo de redemocratização. 
 (constituição de weimar); 
 Retorno da constituição social, voltada para as pessoas. 
 Retorno da figura do presidente e do vice-presidente; 
 Novos direitos de 2ª dimensão, como direito de família, trabalhistas, etc.; 
 O direito vai se aprimorando, com formas de atender a demanda social e o acesso do 
povo a ele; 
 1967 e Emenda constitucional nº01/69: o país entra em um processo de desestabilidade 
no começo dos anos 1960, uma crise institucional, que em 1964 é dado o golpe militar. O 
primeiro ato institucional. Redigida por uma junta militar. Congresso é fechado, eleições 
indiretas. A redação é submetida a uma ratificação do congresso, tendo o congresso 
reaberto apenas para aprovara constituição. Uma compilação dos atos institucionais. 
Constituição redigida pelos ministros do exercito, marinha e aeronáutica. Alternância de 
militares no poder. 
 Estado autoritário; 
 Militarismo; 
 Sucessivos atos institucionais (14); 
 Supressão dos direitos fundamentais; 
 Fechamento constitucional; 
 Presidencialismo exacerbado, corrida para o presidencialismo; 
 A suspensão de alguns direitos fundamentais; 
 Movimento estudantil (1979): 
 A parte pensante; 
 Busca dos preceitos de democracia que já haviam sido trabalhados; 
 Semelhantes aos protestos que houve durante a copa das confederações; 
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 Formação de uma nova constituição que recolocasse os direitos fundamentais que 
foram tirados pelo estado totalitário; 
 1988: Na década de 80 houve uma redemocratização, em 1984 a PEC Dantes de Oliveira 
foi negada, incentivando o movimento das diretas já. Eleição de um civil em 1985, 
Tancredo Neves, morto antes de assumir a presidência, Sarney, que assumiu a 
presidência, convoca uma constituinte em 1987, não eleita pelo povo. 
 Estado democrático de direito; 
 Constituição cidadã; 
 Constituição democrática; 
 Inaugura a construção de um Estado democrático no Brasil; 
 Contempla um rol exemplificativo de direitos fundamentais; 
 Uma constituição aberta, plural, procedimental; 
 Principiológica, tendo no fundamento dignidade humana o seu ponto de encontro; 
 Consagração de novas garantias constitucionais: 
a) Mandado de injunção; 
b) Habeas data; 
c) Mandato de segurança coletivo e as ações; 
d) As ações: ação direta de constitucionalidade, ação declaratória de 
constitucionalidade, arguição de descumprimento de preceito fundamental; 
 Consagração do neoconstitucionalismo; 
 Seu marco teórico filosófico é o pós-positivismo e a filosofia da linguagem; 
 Pós-positivismo: preceitos éticos e filosóficos, dignidade humana; 
 Ampliação dos direitos fundamentais, sendo consagrados; 
 Aumento e expansão do campo da hermenêutica; 
 Lócus hermenêutico: é dela que sairia a interpretação, do povo para o povo, sendo 
alterada de acordo com a necessidade do povo; 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CONSTITUIÇÃO 
 Elementos orgânicos: 
 Atender a ramificação da sociedade, como segurança, política, saúde, etc.; 
 Elementos limitativos: 
 Regramento, normas de conduta para a sociedade; 
 Elementos sócio-ideológicos: 
 A constituição deve representar o que a sociedade precisa; 
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 Elementos de estabilização constitucional: 
 Uma dificuldade maior de alterações, ter a força respeitada; 
 Elementos formais de aplicabilidade: 
 Constituição formada. 
ACEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO 
 Sentido sociológico: 
 Ferdinand Lassale; 
 “folha de papel”; 
 Caráter ontológico, uma correspondência do texto com o contexto; 
 Correspondência com a realidade; 
 Sentido político: 
 Carl Schmitt 
 Constituição = É as normas que tratam das decisões políticas fundamentais de um 
estado, a constituição material; 
 Leis constitucionais = as demais matérias presentes no texto, à constituição formal; 
 Sentido jurídico: 
 Hans Kelsen: a legislação constitucional deve ser isenta de preceitos, princípios, o 
mundo do dever/ser, uma norma pura sem sentido político, filosófico. A vontade 
constitucional seria a vontade do legislador, sem querer saber dos interesses do povo. 
 Teoria pura do Direito; 
 Estrita legalidade, lei gera lei, direito gera direito; 
 Os autores ainda estão dentro do positivismo jurídico, criando um formalismo jurídico, 
fundamentando o direito no próprio direito; 
 
 
 
 
 
 
 Uma norma justifica a outra; 
NORMA FUNDAMENTAL HIPOTÉTICA 
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HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
 Interpretação: 
 Atividade de mediação comunicativa; 
 Relação entre o sistema jurídico e a sociedade; 
 Relação comunicativa entre os dois polos: 
a) Constituição e sociedade (para que a constituição se concretize no âmbito da 
sociedade); 
 Método: 
 Forma de se alcançar conhecimento: 
a) Método clássico (Savigny) 
b) Métodos constitucionais. 
 Filosofia da consciência (século XIX): 
 Hermenêutica jurídica clássica: 
a) Tradição iluminista; 
b) Seara privatista; 
c) Métodos clássicos de interpretação; 
d) Positivismo jurídico; 
e) Absolutização da verdade pelos métodos: 
A- Gramatical (literal); 
B- Lógico (sistemático); 
C- Teleológico; 
D- Sociológico; 
E- Histórico; 
 A filosofia e a estrutura da compreensão humana: 
 Hermenêutica filosófica (década de 60): 
a) Gadamer (em 1960 surge a obra verdade e método. Considerado o pai da 
hermenêutica filosófica. Gadamer trabalha as estruturas da compreensão.); 
A- Elementos da compreensão: 
A1 - giro linguístico; 
A2 - historicidade; 
A3 - mediação; 
A4 - dialética; 
A5 - linguisticidade. 
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b) Giro linguístico (Giro linguístico: vai romper com a filosofia da consciência, começa a 
ter um centro, que é a linguagem. A linguagem começa a ser estudada como o 
acesso do sujeito ao objeto, interligados através da linguagem, encontrando-se no 
mesmo plano); 
 Filosofia da linguagem (século XXI): 
 Hermenêutica constitucional: 
a) Supremacia da constituição: 
A- Mais constituição do que leis; 
B- Mais juízes do que regras; 
C- Mais princípios do que regras; 
D- Mais ponderação do que subsunção; 
E- Mais concreção do que interpretação; 
 Princípios e métodos instrumentais da interpretação constitucional. 
 Hermenêutica filosófica constitucional: 
 Surge no século XX; 
 Pós-positivismo; 
 Surgimento do neoconstitucionalismo, o processo de constitucionalização do direito; 
 A constituição é “lócus hermenêutico” (lugar onde se começa a olhar) hermenêutico, 
processo de neoconstitucionalização do direito, de todo o ordenamento jurídico; 
 A constituição é o parâmetro interpretativo, é a partir dela que é possível compreender 
todo o direito; 
 
A hermenêutica constitucional busca a compreensão da constituição, que pode ser 
entendida como um conjunto de princípios e regras que, na maioria dos casos, são 
conceitos abertos, vagos, abstratos, plurissignificativos, para tanto, a utilização dos 
métodos clássicos da interpretação jurídica não se mostram suficientes para a realização 
da concreção (materialização) constitucional. 
Por isso, têm-se os princípios instrumentais da hermenêutica constitucional de 
interpretação da constituição: 
a) Princípio da supremacia da constituição (norma suprema da sociedade, “fecha a tampa 
do ordenamento jurídico”, critério procedimental ou formal e critério material, Controle 
de constitucionalidade); 
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b) Princípio da unidade da constituição (a interpretação não pode ser dada de forma 
apartada, não podendo entender um artigo sem ler outro que trabalha um mesmo tema, 
sistêmica, as partes se comunicam como um todo); 
c) Princípio da máxima efetividade (buscar construir uma interpretação do texto que a 
torne possível de ser vivenciada pela sociedade, buscando a máxima efetividade); 
d) Princípio da força normativa da constituição (a constituição é um conjunto de normas 
jurídicas dotadas de aplicabilidade prática, ou a vivencio ou será apenas uma folha de 
papel, situada no mundo dever/ser, devendo ser aplicada em situações completas, 
aptas a reger situações completas); 
e) Princípio da presunção de constitucionalidade (relativa, porque a lei ou o ato normativo 
pode ser contestado, trazendo um vício, sendo condenado pelo controle de 
constitucionalidade); 
f) Princípio da correção formal (); 
g) Princípio da filtragem constitucional (); 
h) Princípio da concordância prática ou da harmonização (Konrad Hesse) (); 
i) Princípio da eficácia integradora; 
j) Princípio da proporcionalidade: 
A- Adequação; 
B- Necessidade; 
C- Proporcionalidade em sentido estrito. 
A hermenêutica constitucional é o método de interpretação da constituição, tendo em vista o giro 
hermenêutico como via onde o sujeito e o objeto, através da dialética, captam o sentido e o 
alcance da norma. 
 A constituição dará validade para as demais normas do ordenamento jurídico 
(Kelsen). 
 Como regra fundamental, lembramos que, onde não existir dúvida ,não caberá ao 
exegeta interpretar. 
HERMENÊUTICA: 
1) CONCEITOS 
O QUE É HERMENÊUTICA? É o exame do saber sobre os pressupostos, a metodologia e a 
interpretação do direito. Esta ligada à mitologia greco-latina. O Deus Hermes era um mensageiro 
RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
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dos deuses, era a divindade incumbida de levar a mensagem dos homens aos deuses e a 
mensagem dos deuses aos homens. A interpretação em geral, e a interpretação jurídica, é uma 
atividade de mediação comunicativa, que é muito importante o estudo que vamos desenvolver. 
Em qualquer campo da hermenêutica, esse exame será uma forma de comunicação mediativa. O 
intérprete do direito mediará a relação que existe entre osistema jurídico e a sociedade. A lei não 
fala, o intérprete é que faz a lei falar, sendo portando uma espécie de “médium”. 
A hermenêutica constitucional será entendida como o saber que se propõe a estudar os 
princípios, os fatos, e compreender os institutos da Constituição para colocá-la diante da 
sociedade. O poder constituinte é o responsável pela criação da Constituição. O poder 
constituinte pode ser visualizado como um emissor de uma mensagem, ou conjunto de 
mensagens (Constituição) normativas, que organizam o Estado e definem os direitos 
fundamentais. Noutro pólo da relação comunicativa, podemos colocar a sociedade/comunidade 
jurídica que seria a receptora desse conjunto de mensagens normativas, estabelecendo aqui a 
RELAÇÃO COMUNICATIVA. A interpretação constitucional, feita pelos intérpretes da 
Constituição, vem mediar a relação comunicativa entre os dois pólos ⇒ Relação 
circular ⇒ circularidade hermenêutica. Isso faz com a Constituição se concretize no âmbito da 
sociedade. 
A hermenêutica constitucional é guiada por métodos. Dentro da teoria do conhecimento o método 
é a forma de ser alcançar o conhecimento. Uma polêmica desde já instaurada é aquela relativa à 
existência de métodos próprios (constitucionais) para essa análise, ou se esses métodos podem 
ser os mesmos utilizados pela hermenêutica jurídica. Para o professor Ricardo Maurício Freire 
Soares1, podemos afirmar que a interpretação é específica para a Constituição, que os métodos 
utilizados são específicos, podendo utilizar os métodos clássicos observando-se aqueles. 
2) MÉTODOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
• MÉTODOS CLÁSSICOS ⇒ esses métodos foram legados por Savigny (que foi um grande 
jurista Alemão do século XIX) – segundo esse método foi sistematizado os métodos abaixo 
descritos, os quais não são excludentes; para que uma interpretação seja bem feita, é necessário 
que esses métodos sejam sincretizados para se poder delimitar o sentido e o alcance das normas 
constitucionais: 
RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
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- Método Gramatical – consiste na busca do sentido literal ou textual da norma constitucional. 
Esse método hoje na hermenêutica jurídica e constitucional deve ser apenas o ponto de partida 
no momento da interpretação de uma norma, porque muitas vezes interpretando ao pé da letra, 
podemos chegar a soluções hermenêuticas injustas (dura lex, sed lex); 
- Método Sistemático – é aquela interpretação que busca correlacionar todos os dispositivos 
normativos de uma Constituição, pois só conseguiremos elucidar a interpretação a partir do 
conhecimento do todo, não podemos interpretar a Constituição em “tiras” e sim como um todo. 
Hans KELSEN tem a visão do sistema jurídico que seria naturalmente uma pirâmide normativa, 
na qual temos no topo a Constituição, abaixo vêm a legislação, logo abaixo os atos 
administrativos, e posteriormente os contratos e decisões. Todos esses componentes da pirâmide 
tem que ser interpretados juntamente com a Constituição, todas as normas jurídicas devem ser 
lidas e relidas através da Constituição, sendo denominado de FILTRAGEM HERMENÊUTICA – 
para o neoconstitucionalismo. A nossa CF/88 foi inspirada na Constituição Portuguesa de 1976 – 
J.J. CANOTILHO. 
- Método Histórico– consiste na busca dos antecedentes remotos e imediatos que interferiram no 
processo de interpretação constitucional. Para entendermos o sentido atual precisamos entender 
o “passado” desses institutos. Ex: se eu desejasse interpretar a CF/88 utilizando o método 
histórico e buscando um antecedente histórico, eu poderia buscar na Constituição de 1824, 1946, 
1967 etc., pois estudando essa evolução, chegaríamos ao entendimento de como chegamos à 
Constituição atual. Poderíamos também estudar os trabalhos da constituinte de 1987. A CF/88 
muitas vezes procura atrelar valores antagônicos, pois em 1987 o mundo ainda era bipolar, via a 
dicotomia socialismo X capitalismo. Essa dicotomia se concretizou no texto da Carta Magna de 
1988. Outro exemplo da interpretação histórica é a existência de tantas normas de aplicabilidade 
limitada, cuja produção de seus amplos efeitos demanda a produção ou criação ulterior de 
legislação infraconstitucional. Esse método nos permite entender porque a CF/88 é prolixa, pois a 
constituinte de 1987 foi realizada durante um processo de redemocratização de mais de 30 anos 
de ditadura e havia na sociedade um grande anseio de positivar direitos na Constituição como 
forma de protegê-los, chegando a prever algumas coisas que não necessitavam estar ali, como 
exemplo, o artigo que fala do Colégio Pedro II que pertence à ordem federal. 
- Método Sociológico – busca adaptar a Constituição à realidade social. Desenvolveu-se no final 
do século XIX com o surgimento da sociologia. No campo da interpretação constitucional o 
método sociológico busca a efetividade, a eficácia social para que não se abra um abismo entre a 
RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
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norma e conjunto dos fatos sociais. O conceito de KELSEN passa a ser revisto, pois as 
mudanças na sociedade passam a ser observadas. Um exemplo disso é a norma que fala que o 
salário mínimo deve prover as necessidades básicas; essa norma poderia ser considerada 
inconstitucional no âmbito da interpretação sociológica, pois não disse quanto é o valor desse 
salário, e evidentemente que hoje temos normas regulando o valor do salário, o qual não 
consegue cumprir esse preceito de atender a TODAS as necessidades básicas. 
- Método Teleológico ou finalista – busca realizar a finalidade das normas constitucionais, muitas 
vezes superando a realidade descrita na norma. A interpretação teleológica se desenvolve sobre 
tudo sobre os princípios constitucionais Ex: no sentido da expressão “casa” para a inviolabilidade 
do domicílio, pode ser estendida a qualquer domicílio, inclusive profissional, ex: escritório de 
advocacia. 
• MÉTODOS DA NOVA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL – que não excluem os anteriores, 
passando a conceber a Constituição como um conjunto de normas que precisam evoluir 
juntamente com a sociedade: 
- Método Tópico-problemático – nos foi legado pelo autor Viehweg – foi um grande pensador da 
segunda metade do século XX. A Tópica é um estilo de pensamento voltado para a busca 
priorizada do exame do caso concreto, para a partir daí, escolher uma das opções interpretativas, 
e posteriormente buscar fundamentar a sua decisão. Visão totalmente contrária ao positivismo, 
pois segundo este método a conclusão seria lógico-dedutiva, sendo que primeiro devemos 
observamos o caso concreto e depois buscar a norma que se adequasse a ele; 
- Método Hermenêutico-concretizador – nos foi legado por Konrad HESSE – na visão desse 
pensador, autor da obra A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO – o papel do intérprete da 
Constituição seria um papel construtivo, ativo no desenvolvimento do processo hermenêutico. Diz 
ele, que além de elementos objetivos que devem ser extraídos da realidade social, também 
elementos subjetivos devem ser agregados ao sentido mais justo do sentido aplicado à 
Constituição, posição de protagonista dentro do processo hermenêutico, concretizando o melhor 
sentido da norma constitucional. Para HESSE a norma é um produto da interpretação 
constitucional. Esse processo hermenêutico seria conduzido pelo que ele denomina de pré-
compreensão – conjunto de valores, visões de mundo, crenças que o intérprete incorpora na sua 
própria consciência dentro de seu espaço interpretador, mergulhado numa cultura, num conjunto 
de valores num dado contexto histórico-cultural. Exemplo: o tema sobre O DIREITO À MORTE 
RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
 19 
DÍGNA – a doutrina e a jurisprudência mesmo diante da proibição da eutanásia, estão diante de 
uma realidade histórico-social, que talvez permita a realização da morte digna, reconhecendo que 
um paciente em estado terminal retire sua própria vida em nome da dignidade, e como argumento 
a favor, poderia se utilizar da idéia de que assim estaria realizando um direito mais justo; 
- Método científico-espiritual – referido na obra de Rudolph SMEND – J.J. Gomes CANOTILHO 
sistematiza muito bem esse autor e outros – busca potencializar a concretização de soluções 
hermenêuticas conciliatórias, sugere, incentiva a busca de soluções que possam promover a 
coesão político-social. Não podemos interpretar a CF/88 de forma que venha a desagregar 
politicamente e socialmente a nação. O uso de medidas provisórias do art. 62 do CF pelo 
Presidente da República, que é usado de forma abusiva em casos que não há relevância e nem 
urgência. O interprete da Constituição, até mesmo o STF, deve buscar controlar essas medidas, 
que não só estariam ofendendo os requisitos do art. 62, como também declarando a 
inconstitucionalidade dessas normas. Assim estará impedindo que o Poder Executivo invada a 
esfera do Poder Legislativo. Mas às vezes esses métodos podem ser utilizados para promover 
soluções conciliatórias na sociedade, para impedir “convulsões” entre grupos de nossa 
sociedade, ex: a delimitação contínua das reservas indígenas, com a permissão para as forças 
armadas adentrarem a reserva para fins de segurança nacional. 
- Método normativo-estruturante – referido por MÜLLER – muito estudado por CANOTILHO – a 
idéia aqui é que o conceito de norma constitucional é um conceito muito mais amplo, podendo ser 
visualizada sobre uma dúplice perspectiva: a) norma constitucional como texto normativo (ou 
programa normativo – concretizando a Carta Magna como um produto da interpretação, que é 
uma atividade mediadora e concretizadora de finalidades – pensamento de HESSE – o texto da 
norma constitucional é a apenas a ponta do iceberg) e b) norma constitucional com âmbito 
normativo. Conceber a idéia de que o cidadão tem o direito de não aceitar atos abusivos do poder 
público. 
O desenvolvimento de novos métodos de interpretação das normas constitucionais justifica uma 
interpretação constitucional singularizada, pois as normas constitucionais possuem uma abertura 
(coloquialidade) muito grande, aplicando a abertura semântica, convidando o intérprete a achar o 
sentido que mais se adeque a cada situação específica. As normas constitucionais são dotadas 
de grande carga política. Essa interpretação se vale dos métodos de interpretação clássicos e 
também dos novos métodos. 
RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
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3) O NEOCONSTITUCIONALISMO E A VALORIZAÇÃO DOS NOVOS PARADGMAS DE 
INTERPRETAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES. 
O NEOCONSTITUCIONALISMO permite que enxerguemos a Constituição como um conjunto de 
normas atreladas aos fatos e valores sociais. O intérprete da Constituição é bastante valorizado 
no âmbitodo neoconstitucionalismo. Nesse ponto, surge o tema polêmico do ATIVISMO 
JUDICAL. 
O ATIVISMO JUDICIAL ⇒ os críticos desse ativismo dizem que o poder judicial não poderia dar 
uma interpretação mais aberta por ferir princípios, sobretudo o da separação dos poderes. 
Autores como o professor Ricardo Maurício Freire Soares2, não concordam com isso, dizendo 
que essa interpretação não estaria de acordo com o neoconstitucionalismo. Não se argumenta 
contra o ativismo judicial porque ele é um modo de exteriorização pela via hermenêutica da 
valorização dos princípios constitucionais. A segurança jurídica não pode ser considerada um 
dogma absoluto a luz da interpretação mais extensiva da Constituição. O argumento que quer 
fulminar a possibilidade do ativismo judicial, além da separação do poder e da proteção aos 
direitos fundamentais, seria o de que o poder judicial não poderia suspender os efeitos de uma lei 
ou impugnar a produção dos efeitos de um ato administrativo, pois ele não é eleito pelo povo. 
Esses mesmos autores dizem ser esta uma visão equivocada, entendendo que o poder judiciário 
é legitimado para interpretá-la de forma mais digna e justa, previsão feita na própria Constituição. 
Quem estabeleceu isso foi o poder constituinte que emana do povo, ou seja, o povo legitimou o 
poder judiciário a ser o guardião da Constituição. 
Também não se argumente que os processos judiciais são processos pouco transparentes ou 
fechados. Eles são abertos, contendo o direito subjetivo de ação, onde as decisões são 
controladas, pois as pessoas podem recorrer a uma instância superior buscando uma mudança 
da decisão. Busca-se um DESENVOLVIMENTO ABERTO DA ORDEM JURÍDICA ⇒ refere-se a 
uma possibilidade de uma interpretação constitucional que pode a todo o momento, adaptar-se 
aos novos fatos e valores sociais e consequentemente atualizar o sistema jurídico às exigências 
da sociedade. 
Não podemos mais aceitar uma interpretação retrospectiva e sim uma interpretação 
PROSPECTIVA que valoriza a vontade da Constituição, um significado sempre atual, sempre 
arejado do sistema constitucional⇒ isso é o que a doutrina denomina de MUTAÇÃO 
CONSTITUCIONAL – é um mecanismo de reforma informal da Carta Magna, que nada mais é do 
RESUMO GERAL TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Janaína Martins 
 
 
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que o processo hermenêutico de adaptação da CF conforme a realidade social de cada “época” 
sem modificar o seu texto, mas não é isso o que acontece, temos diversas Emendas 
constitucionais e alterações que corroem a sua força normativa. Essa proposta é muito usada 
nos EUA, e que começou a ser usada pelo Supremo Tribunal Federal. Exemplo disso é a nova 
releitura do princípio da igualdade que passou a ser entendido como tratar desigualmente os 
desiguais. Esse ano o STF terá que se posicionar sobre as cotas para minorias raciais – caso de 
mutação constitucional. Essa MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL deve ser incentivada cada vez mais 
dentro da Constituição. 
A VALORIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS é outro ponto que deve ter uma maior 
relevância dentro do neoconstitucionalismo, onde a teoria da norma constitucional começou a ser 
vislumbrada em dois aspectos: normas/regras constitucionais (normas que descrevem situações 
específicas e determinadas, impondo as situações e penas, não reclamam um processo 
hermenêutico mais completo – subsunção – aplicadas de forma automática, ex: art. 18, § 1º, CF, 
art. 82, CF); e normas/princípios constitucionais – são normas dotadas de grande abstração que 
corporificam os mais autos valores de um sistema jurídico, normas de grande densidade 
axiológica e que demandam uma atividade de interpretação por parte do intérprete que deve 
apresentar uma atividade construtiva (princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da 
cidadania etc.). 
A aplicação dos princípios não é tão fácil. Desenvolvendo essa aplicação, observa-se que os 
princípios podem entrar em conflito. Surge a técnica hermenêutica da PONDERAÇÃO DE BENS 
E INTERESSES ⇒se a interpretação e aplicação das regras constitucionais revelam-se mais 
fáceis, o mesmo não se manifesta com relação aos princípios, pois estes não são apenas regras 
constitucionais, mas também normas que estão entrando em choque permanente com outros 
princípios. Constituições como a nossa, faz incidir princípios de diferentes condições axiológicas. 
Em se tratando de conflito entre princípios constitucionais não podemos utilizar o critério 
hierárquico (todos estão na Constituição), nem o critério da generalidade (todos são gerais), nem 
o critério da cronologia (todos foram produzidos no momento da publicação da Constituição). 
Temos que examinar qual ou quais os princípios que têm MAIOR ou MENOR dimensão de 
PESO, e estabelecer à luz do caso concreto qual deve prevalecer em detrimento de outros. 
TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA – o intérprete deve argumentar judicialmente, 
doutrinariamente, costumeiramente, porque escolheu determinada interpretação em detrimento 
da outra, é o dever de fundamentação das decisões judiciais, art. 93, IX, CF/88. 
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Além desses princípios Materiais, a doutrina estabeleceu PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS DA 
INTERPRETAÇÃO, muito importantes por servirem como postulados da interpretação 
constitucional que podem ser extraídos da Carta Magna de 1988 para orientar a interpretação 
desta. São princípios implícitos, que serve de norte para o desenvolvimento do processo 
hermenêutico. Podemos citar, dentre outros: 
► Princípio da SUPREMACIA constitucional – consiste em considerar a Constituição como o 
conjunto de normas fundamentais de um dado sistema jurídico. É a lex fundamentalis. 
Supremacia da CF também em sentido axiológico; 
► Princípio da PRESUNÇÃO de constitucionalidade – presunção de legitimidade dos atos do 
poder público, tendo o intérprete que partir da premissa de que os atos do poder público são 
compatíveis com a CF. Evidentemente essa presunção não é absoluta, é relativa iuris tantum; 
► Interpretação conforme a Constituição – por força do princípio da supremacia constitucional, o 
intérprete deverá sempre que possível priorizar o significado que melhor se compatibilize com a 
norma constitucional, é claro atendendo a limites, não podendo prevalecer atos normativos que 
são patentemente inconstitucionais. Permite declarar a inconstitucionalidade de uma lei 
adaptando-a à Constituição sem retira-la do ordenamento jurídico; 
► Princípio da UNIDADE da Constituição – Também chamado de PRINCÍPIO DA 
CONCORDÂNCIA – integrar o sentido de todas as normas constitucionais; 
► Princípio da MÁXIMA EFETIVIDADE – priorizar a produção dos efeitos da Constituição diante 
da realidade social, ex: art. 37, CF – direito de greve dos funcionários públicos. Recentemente o 
STF decidiu sobre a matéria, reconhecendo que o direito não pode ser sonegado diante da 
omissão legislativa, prevendo a aplicação do direito de greve dos funcionários utilizando as regras 
do direito de greve no âmbito privado; 
► Princípio da RAZOABILIDADE – também chamado de postulado da razoabilidade, informa a 
busca de interpretações mais justas porque adequadas, necessárias e proporcionais, para servir 
na solução do conflito entre princípios, ajudando o intérprete na ponderação de bens e interesses. 
Esse princípio se divide em 03 dimensões: a) Adequação (utilidade – é a adequação entre meios 
e fins); b) Necessidade (vedação do excesso – dever de buscar restringir o mínimo possível os 
direitos fundamentais); c) Proporcionalidade – significa correlação entrecusto e benefício. 
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4) DEMOCRATIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL – A SOCIEDADE ABERTA 
DOS INTÉRPRETES DA CONSTITUIÇÃO 
Defendida por um autor alemão de grande influência, chamado PETER HÄBERLE. A idéia dele é 
que devemos urgentemente recusar a idéia de que a interpretação deve ser monopolizada 
exclusivamente pelos juristas. Para que a Constituição se concretize e necessário que todos os 
cidadãos se envolvam num processo de interpretação e aplicação da mesma. O titular o poder 
constituinte é a sociedade, por isso ela deve se envolver no processo hermenêutico de 
materialização da Constituição. Essa idéia abre espaço para que os cidadãos participem cada vez 
mais nessa interpretação. O art. 103 da CF/88 é um exemplo importante disso. Todo cidadão 
deveria ter a CF/88 na cabeceira da cama. O STF vem promovendo grandes avanços em favor 
da abertura dessa interpretação: ex: amicus curiae; debates públicos no que se refere ao exame 
da inconstitucionalidade da lei da utilização das células tronco, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE, NOVEMBRO DE 2013 
janainamartinsx@hotmail.com 
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