Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Lisa Chao N A T U R A L IS T A S RESUMO DA SOCIEDADE ORIGEM DA SOCIEDADE Conclusão de Aristóteles: "o homem é naturalmente um animal político" (Ideal de que o homem é um ser social por natureza; animais: se agrupam pelo instinto; homem é o único que possui razão). Conclusão de Cícero: "a primeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do que um certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum" (O homem é naturalmente sociável, sem motivo de necessidade material) Conclusão de São Tomás de Aquino: o homem só não procura a associação em três hipóteses o Excellentia naturae (um indivíduo virtuoso, que vive em comunhão com a própria divindade – santos eremitas); o Corruptio naturae (anomalia mental que causa isolamento); o Malafortuna (acidente de isolamento – náufrago, por exemplo). Conclusão de Raneletti (autor moderno da mesma corrente): somente na sociedade o homem pode atingir os fins de sua existência, com o desenvolvimento de si intelectualmente, moralmente ou tecnicamente. Em qualquer tempo o homem sempre é encontrado em estado de convivência, ou seja, o homem sem a sociedade não possui realidade de vida. O impulso natural não elimina a participação da vontade humana (diferentemente dos animais o homem tem noção de que necessita de vida social e favorece-a – há vontade humana). Conclusão de Thomas Hobbes: o homem naturalmente é uma ameaça. Para superar o estado de natureza e se elevar a estado social, existem dois princípios. O objetivo maior do homem é alcançar a paz de qualquer maneira. O homem deve renunciar o qualquer direito e se delimitar a liberdade que for concedida, como a cada homem. o O Estado surge como um agente que, por castigo, mantém os homens de acordo com essa lei, construído pelo homem para sua própria proteção. Mesmo o governante cometendo um ato moralmente errado, não deve ser limitado, pois, sua vontade é lei, e não se pode violá-la. Conclusão de Locke: "Tendo Deus feito o homem criatura tal que, conforme julgava, não seria conveniente para o próprio homem ficar só, colocou-o sob fortes obrigações de necessidade, conveniência e inclinação para arrastá-lo à sociedade, provendo-o igualmente de entendimento e linguagem para que continuasse a gozá-la". Conclusão de Montesquieu: o homem se associa pelos motivos o O desejo de paz; o Necessidades, principalmente na procura de alimentos; o A atração natural entre os sexos opostos; o Vontade humana devido à consciência de seu estado de necessidade Conclusão de Rousseau: o homem é naturalmente bom, que busca sua conservação. A vontade humana do contrato surge quando o homem vê vantagem na união, observando uma facilidade na proteção de sua integridade e de seus bens. Portanto, o contrato busca unir a força e a liberdade. A associação dos indivíduos forma um corpo moral e coletivo: o Estado. Este age apenas como executor de decisões, sendo o povo o soberano. o Vontade Geral e Vontade de Todos: "Há, às vezes, diferença entre a vontade de todos e a vontade geral: esta atende só ao interesse comum, enquanto que a outra olha o interesse privado e não é senão uma soma das vontades particulares" – Rousseau. o Liberdade e igualdade natural: devem ser garantidos. A desigualdade física não tem validade, pois há a igualdade no Direito. A U S Ê N C IA D E C O N T R A T O 2 Lisa Chao A SOCIEDADE E SEUS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS (pag 11) Não podemos definir uma reunião de indivíduos com uma finalidade como uma sociedade. Para isto, devemos identificar os três pilares: Uma finalidade ou valor social; o Deterministas: não há possibilidade de existir uma finalidade social. O que ocorre é uma sucessão de fatos naturais, que é imutável. Portanto, nesta corrente, qualquer manifestação para empreender uma mudança social é sem utilidade. O homem deve aprender a se adequar ao determinismo, isto é, passivamente deve-se submeter às leis e aguardar o fluir natural dos acontecimentos. o Voluntaristas/finalistas: a vontade humana e a inteligência participam no processo de busca do objeto da finalidade social. Conceito do Papa João XXIII: "bem comum é o conjunto de todas as condições de vida social que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da pessoa humana". Os homens devem favorecer “a ordem jurídica e a garantia de possibilidades que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana” (Dallari) o A sociedade, para atender seus anseios, deve buscar o bem comum, com valores que serão compartilhados por todos e que, inevitavelmente estarão em um processo condicionado pelo tempo e espaço, de modo conjunto e ordenado para atingir a harmonia. O exercício da governação deverá visar à preservação da comunidade (segurança) e a liberdade dos seus membros. Esses dois fatores devem se equilibrar, pois o diálogo entre eles se dá à medida que enquanto os indivíduos buscam mais segurança, abdicam mais da liberdade e vice- versa. A liberdade deve ser mediada pelo Estado, pois pode provocar desigualdades econômicas e sociais. Para tanto, o Estado promulga leis visando ao bem comum. Por meio de suas instituições, deverá impô-las, de forma que: àqueles que desejarem agir segundo lhes faculta a lei, assegurará o Estado o direito de fazê-lo e àqueles que desejarem as infringir, deverá o Estado coibir-lhes a ação, por meios preventivos ou punitivos. O bem comum no final do século XX adquire uma concepção social, que consiste na ideia em que o Estado deverá prover nas seguintes esferas: a) no plano político, como mantenedor da ordem pública, da segurança interna e externa da sociedade; b) no plano jurídico, como responsável pela construção do Estado Democrático de Direito, em que se consolidam os ideais de Justiça; c) no plano social, como fiscalizador de atividades relacionadas à infraestrutura (de estradas, de ferrovias, de telecomunicações, de eletricidade) e também como provedor de necessidades assistenciais básicas, como educação, saúde e previdência; d) no plano econômico, disciplinando a concorrência empresarial (visando à verdadeira livre-concorrência), protegendo o meio ambiente, defendendo os direitos dos consumidores e incentivando a atividade econômica em geral, por meio de um sistema tributário que não incentive a sonegação, amplie os mercados a geração de novas empresas, e com elas, de novos postos de trabalho. Manifestações de conjunto ordenadas; o Reiteração: Os indivíduos devem se manifestar em conjunto, de forma reiterada, buscando o reforço das posições comuns e a finalidade social. o Ordem: É a forma em que os membros da sociedade agem segundos os padrões e normas ético-morais e jurídicos estabelecidos. Durkheim traz uma visão científica do comportamento humano em sociedade, em que analisa o comportamento e o organiza em duas ordens, a ordem da natureza e a ordem humana, cada qual regida por suas leis (causalidade e imputação). Kelsen aplica esse conceito dizendo que essas espécies seguem princípios fundamentais diferentes. Normas jurídicas e normas morais: A norma moral não tem caráter impositivo, isto é, se um membro da sociedade a 3 Lisa Chao infringir, não poderá ser compelido a reparar sua falta;a norma jurídica em caráter cogente, ou seja, é imposta sem a concordância do indivíduo, e sua violação implica em reparação. o Adequação: É a forma em que os membros da sociedade agem de acordo com suas aspirações e tendências. “É indispensável que não se impeça a livre manifestação e a expansão das tendências e aspirações dos membros da sociedade. Os próprios componentes da sociedade é que devem orientar suas ações no sentido do que consideram o seu bem comum”. (Dallari) Para isto, devem-se seguir nos certames da realidade social, que dizem: Toda realidade social é influenciada pela natureza, assim como a natureza (onde houver sociedade humana) também se submete a fatores histórico-sociais. Poder social. o Quanto à necessidade: Anarquistas: corrente filosófica que nega a necessidade do poder social, e de toda e qualquer autoridade. É doutrina que considera o indivíduo como a única realidade, que deve ser absolutamente livre, e que qualquer restrição a ele imposta é ilegítima. De acordo com o anarquismo, o Estado é ilegítimo. Promove o autogoverno. Autoridade: Autoridade é a forma de controle atribuída a determinadas posições ou cargos, isto é, uma forma de liderança institucionalizada. Não exige persuasão para a sua prática, pois o próprio fato de ser institucionalizada abdica qualquer argumentação. o Weber mapeia as formas legítimas de dominação, configurando diferentes tipos de autoridades; são elas a dominação carismática (possui caráter autoritário e despótico, porém revolucionário. As três figuras mais puras da dominação carismática são o profeta, o herói guerreiro ou demagogo), a dominação tradicional (é o poder da tradição, da ordem social em sua mais pura forma, das instituições que perduram no tempo, sendo a sua forma mais pura o patriarcalismo) e a dominação legal-racional (é a dominação a qual tem legitimidade fundada em um estatuto, que desenvolve uma burocracia e um sistema com regras. - Estado moderno). Contratualistas: corrente que afirma que há uma necessidade de contrato entre o Estado e a sociedade, para que haja uma organização e que o bem comum seja atingido. o Quanto às dimensões pela tipologia clássica: Aristóteles: o critério do poder se faz a partir do interesse em favor daquele que exerce. “O paterno se exerce pelo interesse dos filhos; o despótico, pelo interesse do senhor; o político, pelo interesse de quem governa e de quem é governado, o que ocorre apenas nas formas corretas de Governo, pois, nas viciadas, o característico é que o poder seja exercido em benefício dos governantes.” (Bobbio) o Quanto às dimensões pela tipologia moderna: O poder econômico: se obtém numa relação em que um indivíduo possui bens e/ou meios de produção e outro não possui. Dessa forma, há uma indução a um determinado comportamento naquele que não os possui. (Dicotomia entre RICOS X POBRES) “O poder do chefe de uma empresa deriva da possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de produção lhe oferece de poder vender a força de trabalho a troco de um salário” (Bobbio). O poder ideológico: ocorre em uma relação em que há a detenção da sabedoria sobre aqueles que não a possui, gerando uma indução na opinião pública. Nesse poder é tangível a manipulação. (Dicotomia entre SÁBIOS X IGNORANTES) O poder político: ocorre em uma relação em que os governantes detêm o monopólio da força física, mediante aparato bélico e os governados, que devem agir conforme as normas pré-estabelecidas. O poder político visa à resolução de conflitos inerentes aos conflitos da sociedade (empregador 4 Lisa Chao e trabalhador, por exemplo, nunca terão os mesmos interesses). Os governantes são os únicos que podem utilizar a força legalmente para resolver esses conflitos. (Dicotomia entre GOVERNANTES X GOVERNADOS) Características do poder político: o Exclusividade: monopólio bélico do Estado, que impede, por exemplo, a formação de grupos armados independentes. (Inciso XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático). o Universalidade: há a capacidade ERGA OMNES do Estado, o qual é privativo a esse agente a possibilidade de criação de leis vigentes a todos, que devem obrigatoriamente cumpri-las. Sua capacidade de decisão sobre o coletivo se refere também à distribuição de recursos para a sociedade. o Inclusividade: a possibilidade de intervir por meio do ordenamento jurídico a fim de promover ou não uma determinada atividade. Os limites variam de acordo com a configuração do Estado. “Um Estado autocrático estende o seu poder até à própria esfera religiosa, enquanto que o Estado laico para diante dela; um Estado coletivista estenderá o próprio poder à esfera econômica, enquanto que o Estado liberal clássico dela se retrairá.” (Bobbio). A legalidade do poder político: o poder político deve se basear na legalidade, excluindo-se da arbitrariedade (atos que favorecem interesses particulares e fogem da legalidade). Deve-se notar que a discricionariedade ocorre quando há uma exceção do todo, porém prevista em lei também. A legalidade provém, portanto, algumas garantias, como a previsibilidade (segurança jurídica) e a isonomia formal, tendo-se que todos são iguais perante a lei. o Estado de Defesa ou de Emergência: Pode ser decretado para garantir em locais restritos e determinados a ordem pública ou a paz social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou calamidades naturais de grandes proporções. Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. o Estado de exceção: Comoção grave de repercussão nacional; Ineficácia de estado de defesa decretado anteriormente; Declaração de estado de guerra; Resposta a agressão armada estrangeira. Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira o Intervenção nos estados e municípios: É o ato político que consiste na incursão da entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta. É a antítese da autonomia, uma medida excepcional que afasta momentaneamente a atuação autônoma do estado/município. 5 Lisa Chao Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição dentro dos prazos estabelecidos em lei; A legitimidade do poder político:se estreita na valoração do poder político pelos indivíduos, de maneira que, apesar de haver a possibilidade do uso da força para que a sociedade aja de determinada maneira, o Estado deve buscar esse comportamento de forma consensual e espontâneo. o A legitimidade do poder pode enfrentar situações em que será contestada ou terá uma oposição. A contestação da legitimidade se relaciona com um ideal revolucionário, de mudança da ordem vigente. Já a oposição visa um ajuste no sistema, adepta das políticas reformistas. As elites e o poder político: “1) em toda sociedade organizada, as relações entre indivíduos ou grupos que a caracterizam são relações de desigualdades; 2) a causa principal da desigualdade está na distribuição desigual do poder, ou seja, no fato de que o poder tende a ficar concentrado nas mãos de um grupo restrito de pessoas, 3) entre as várias formas de poder, o mais determinante é o poder político; 4) aqueles que detêm o poder, especialmente o poder político, ou seja, a classe política propriamente dita, são sempre uma minoria; 5) uma das causas principais por que uma minoria consegue dominar um número bem maior de pessoas está no fato de que os membros da classe política, sendo poucos e tendo interesses comuns, têm ligames entre si e são solidários pelo menos na manutenção das regras do jogo, que permitem, ora a uns, ora a outros, o exercício alternativo do poder; 6) um regime se diferencia de outro na base do modo diferente como as Elites surgem, desenvolvem-se e decaem, na base da forma diferente como se organizam e na base da forma diferente com que exercem o poder; 7) o elemento oposto à Elite, ou à não-Elite, é a massa, a qual constitui o conjunto das pessoas que não têm poder, ou pelo menos não têm um poder politicamente relevante, são numericamente a maioria, não são organizadas, ou são organizadas por aqueles que participam do poder da classe dominante e estão portanto a serviço da classe dominante.” (Bobbio). DO ESTADO PERSPECTIVA DO ESTADO (pag 303, Peña de Moraes) As representações da política: a legitimidade democrática ao exercício do poder é engendrada no espelhamento de uma parcela da população de um grupo ou classe político a governar. Manifesta-se através do legislativo (se reflete a vontade das maiores). Os fatos políticos e os atos políticos: o Os Atos políticos se relacionam com ações do Estado, são atos estatais, como cita Bobbio “ordenar ou proibir alguma coisa com efeitos vinculadores para todos os membros de um determinado grupo social, o exercício de um domínio exclusivo sobre um determinado território, o legislar através de normas válidas erga omnes, o tirar e transferir recursos de um setor da sociedade para outros”. o Os Fatos políticos se relacionam com as demandas de indivíduos para com o Estado, pois se o Estado age ou deixa de agir, pode ser procurado. Exemplos de fatos políticos são manifestações populares e atos terroristas. 6 Lisa Chao A política se manifesta através das instituições (Estado e governo), recursos (que lhe afere um poder de influência – bolsa família – e autoridade), formulação de decisões vinculatórias e da resolução não violenta de conflitos. Conceitos do Estado: o Conceito filosófico: assume que o Estado sintetiza a realidade da ideia ética. “O Estado seria uma realidade da vida ética, da vontade substancial, em que a consciência mesma do indivíduo se eleva à comunidade e, portanto, ao racional em si e para si” (Hegel). o Conceito sociológico: determina que o Estado se estrita pelo monopólio da força física legítima pelo aparato bélico. o Conceito jurídico: assume que o Estado é a corporação de um povo assentado num território e submetido a um poder originário de mando. O poder estatal e as normas: o Estado se manifesta através das normas jurídicas, estas que possuem as qualidades de imperatividade, generalidade (é a característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer um, sem distinção de qualquer natureza, para os indivíduos, também iguais entre si, que se encontram na mesma situação), abstração (aplicáveis a todas as situações que se subsumirem à norma, e não apenas a um específico caso concreto. Caberá aos magistrados identificar e aplicar a regra jurídica equivalente ao caso concreto), coercibilidade, atributividade e heteronomia. Elementos do Estado: o Materiais: Humano O conceito demográfico determina a população, como “conjunto de pessoas que se encontram sobre o território nacional, mesmo que estrangeiras” (Peña). Se conota à expressão numérica dos que permanecem no território. O conceito político determina o povo, como “composto de pessoas que participam intensamente, enquanto membros da sociedade civil, nos processos decisórios dos órgãos públicos, providas de capacidade eleitoral e capacidade eletiva” (Peña). O povo é aquele que exerce a cidadania (a partir da maioridade) e que não está ligado estritamente com a nacionalidade, pois existem nacionais que não exercem a cidadania (perda direitos políticos, por exemplo) e estrangeiros, como os portugueses que sequer dependem de naturalização, que exercem direitos políticos. O conceito sociológico determina a nação, como “complexo de pessoas que têm origem, tradições e costumes comuns, [...] que podem estar, ou não, estabelecidas no território do mesmo Estado” (Peña). Se relaciona com a consciência e solidariedade coletiva, com uma identidade de nacionalidade relativa a uma nação, que não se estrita a um Estado com território ou poder político, como o caso dos hebreus. Espacial O território é o espaço físico ou ideal sobre o qual o Estado exerce a soberania com exclusividade, isto é, o âmbito de validade da norma jurídica no espaço. o Formal: O elemento formal do Estado é constituído pelo poder político, este que se atribui à soberania (poderes constituídos). A soberania: é uma qualidade do poder estatal, em que o Estado é capaz de organizar-se e dirigir-se de acordo com a sua vontade, reconhecidamente pelo Direito e munido da coercibilidade. “A soberania designa as competências do Estado, traduzidas pela nomeação de magistrados, instituição e majoração de tributos, produção de invalidação de normas jurídicas, declaração de guerra e celebração de paz e solução de conflitos de interesses entre os súditos, em última instância” (Penã). O poder político supracitado pode se caracterizar através da unidade, indivisibilidade, inalienabilidade e da imprescritibilidade. “Unidade, pois não há a possibilidade de exercício de mais de um poder político, ao mesmo tempo, sob o 7 Lisa Chao mesmo território. Indivisibilidade, pois o poder político não admite fracionamento, de molde a assegurá-lo como incoercível e incontrastável, sendo a divisão do poder político relativa ao seu exercício e não a sua essência. Inalienabilidade, pois a titularidade do poder político é insuscetível de ser transferida, a qualquer título. Imprescritibilidade, pois não há prazo para exercício do poder político, sendo qualificado como contínuo e permanente” (Peña). Deve-se salientar que o poder estatal se legitima através da compreensão dos níveis: a comunidade política, o regime, o governo e a autodeterminação do Estado. A comunidade política é o grupo social que abrange os diversos setores do trabalho político e suas identidades. O regime, por sua vez, é caracterizado pelo conjunto axiológico institucional do poder, que podem seraferidos formalmente por princípios monárquico, democrático, socialista, fascista, etc. O governo é a concretude do poder estruturado nas normas do regime. Já o Estado, deve-se analisar se este é dependente de outro, periférico ou autodeterminado. A limitação do poder político, isto é, do poder estatal surge pelo movimento constitucionalista, na qual “a Constituição é, em última instância, a limitação dos poderes do governo nas mãos dos governados” (Cooley). As normas constitucionais: são supremas, pois apresentam um processo estreito e o faz rígido, sendo nascente de outras infraconstitucionais, possuindo, inclusive, clausulas pétreas. Caracteriza-se por uma superioridade hierárquica, pela natureza de sua linguagem aberta e pelo seu conteúdo específico, que norteia as decisões fundamentais, os pilares do Estado e a definição do ordenamento do Estado, de caráter de poder constituído (conceitos supracitados no tópico “formal”). São elas os direitos fundamentais, controle de constitucionalidade das leis, freios e contrapesos e o federalismo. o Teleológico: Finalidade Objetiva, surge em função das condições históricas peculiares às épocas em que surgiram. Diversas correntes procuram explicar os fins objetivos do Estado, destacando-se as seguintes: a primeira, denominada universalista e defendida pela maioria dos autores, desde Platão e Aristóteles, assegura que o Estado, ao longo de toda a História da Humanidade, sempre teve fins objetivos, isto é, os fins do Estado seriam universais; a segunda, surgida no século XIX, denominada evolucionista, ou seja, não aceita que o Estado tenha um fim objetivo; e a terceira sustenta que o Estado tem fins objetivos, mas de natureza particular, específica a cada um, e não universais. Subjetiva, surge da convergência entre os fins individuais e as relações entre os Estados, e são atingidos por intermédio de instituições estaduais que surgem e se modificam por influência da vontade de governantes e de governados. As decisões políticas fundamentais o Forma de governo: república (Brasil) (eletividade do governante, temporariedade do governo e responsabilidade do governante) ou monarquismo. o Forma de Estado: federalista (Brasil) (repartição do poder político- administrativo entre diversos órgãos estatais, nas diversas esferas (como no Brasil, entre União, Estados e Municípios) ou unitária. o Sistema político: presidencialista (Brasil) (a divisão de poderes é relativamente rígida, a chefia do Executivo é unipessoal, o Presidente da República exerce, simultaneamente, as funções de Chefe do Estado, do Governo e da Administração Pública) parlamentarista ou monarquista. o Regime político: democracia (Brasil) representativa (Brasil) (plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis) ou direta, totalitarismo ou autoritarismo. o Fins econômicos: capitalismo 8 Lisa Chao 9 Lisa Chao DO ESTADO Sentido amplo: o sentido amplo do Estado se estrita na condição de permanente convivência entre os indivíduos, e a relação de direitos civis e políticos. Sentido específico: o sentido específico do Estado se relaciona com suas esferas, em que apresenta um governo próprio, uma identidade de nação e uma autoridade que monopoliza o uso da força ou da ordem jurídica legitimamente. Teorias sobre o conceito do Estado: o Estado como força: designa o elemento força/violência como determinante, sendo que o Estado passa a ser considerado como uma força irresistível, uma entidade institucionalizadora do poder (embora delimitada pelo Direito). o Estado como ordem jurídica: elemento força subjacente. Ordem jurídica: Conjunto estruturado harmonicamente de normas válidas em determinado Estado, produzido pelo Estado, que deverá estabelecer a relação entre GOVERNANTES X GOVERNADOS. Há uma hierarquia de normas, de maneira que todas as leis e atos normativos que integrem o ordenamento jurídico venham a retirar o seu fundamento da lei maior. A ordem jurídica será determinante para a configuração do poder soberano e sua manifestação. Análise monista: o Estado enquanto realidade social apresenta uma comunidade jurídica que não pode ser separada de sua ordem jurídica. Análise dualista: o Estado e o Direito retratam realidades distintas, em que cada uma delas atuaria de forma independente. A origem da personalidade jurídica do Estado: o indivíduo terá um interesse particular, porém, os interesses e a vontade da sociedade política forjam uma vontade coletiva. A personalidade jurídica do Estado surge para por em prática. Teorias sobre a noção jurídica do Estado e sua personalização o Ficcionista (Savigny, Kelsen): A personalidade jurídica do Estado é fruto de uma abstração, da vontade da lei. Visualiza como um artifício que a própria lei articularia. o Realista (Gierke, Laband, Jellinek): A personalidade jurídica do Estado é fruto da vontade do Estado, que possibilita sua capacidade jurídica. o Consequências da personalização do Estado: a consequência objetiva do reconhecimento jurídico do Estado é a possibilidade provinda desse reconhecimento que a sociedade pode reivindicar quanto ao Estado suas pretensões jurídicas. Quando o Estado assume personalidade jurídica, detém direitos e deveres, com os meios de provocação do Estado: Iniciativa popular de leis Mandado de injunção Ação direta de inconstitucionalidade por omissão Mandado de segurança Habeas Data Habeas Corpus Ação popular DO ESTADO ESTADO MODERNO E DEMOCRACIA Estado Moderno: é o resultado prático das revoluções, todas com um caráter comum, a delimitação do exercício do poder político. o Eventos importantes Revolução Gloriosa Trazendo o Bill Of Rights – proibindo a associação direta do governo com a Igreja (um monarca católico não poderia governar o país), abolindo a censura política, reafirmando o direito exclusivo do Parlamento em estabelecer impostos e o direito de livre apresentação de petições e garantindo ao parlamento a organização e manutenção do exército (impossibilitando manobras políticas e institucionais); Revolução Americana (independência) Com a Declaração de Independência, trazendo os princípios de igualdade, dos direitos naturais do homem, da soberania do povo e do direito de revolta da população, pioneiramente, como alicerces da fundação da nação. Revolução Francesa 10 Lisa Chao Trazendo a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, com uma visão da lei como “uma expressão da vontade geral”, que tem a intenção de promover esta igualdade de direitos e proibir “só ações prejudiciais para a sociedade”. o Princípios Supremacia do poder popular (pode-se observar um deslocamento da titularidade do poder, previamente emanado pelo soberano, agora pelo povo). Preservação da liberdade Igualdade formal o Declarações de Direitos: o antepassado mais próximo da constituição Humanos, representando o resultado prático da pactuação entre os Estados soberanos; Fundamentais, representando os direitos humanos internalizados. Democracia: o Quanto ao conteúdo Formal: é a formação de um Estado formalmente democrático, quando o aparato democrático institucional é apenas aparente. Em sua concretude, não há a prática de exercício democrático. Material: diferentemente da formal, a democracia material é aquela em que se verifica de fato o exercíciodemocrático, não só formalmente, mas também na prática, quando o poder político está engendrado em fins coletivos (tratar o desigual de forma desigual). o Quanto às modalidades Direta: tem nascimento na Grécia Antiga, em que os cidadãos participavam diretamente das decisões e debates políticos da polis. Semidireta: é uma democracia em que os cidadãos agem em conjunto com as autoridades, estas, que são responsáveis por discutir, elaborar ou aprovar uma lei e o povo, responsável por aprovar ou autorizar ações do Estado através dos seguintes mecanismos: Plebiscito (uma aprovação anterior do povo de uma lei ou ação do Estado) Referendo (uma aprovação posterior do povo de uma lei ou ação do Estado) Iniciativa popular (elaboração de uma lei por parte do povo) Veto popular (o povo pode vetar uma lei aprovada ou uma decisão judicial) Recall (revogação de um mandato político pelo povo, mediante apresentação de “x” números de assinaturas, previamente ditos pela constituição ou por uma lei). Representativa: é a qual o povo elege representantes políticos para atuar nas decisões e debates através do mandato. Mandato o Particular: um mandato entre partes, de relação estrita, como uma procuração. o Imperativo: é aquele em que o mandatário deve obedecer estritamente às instruções do mandante. Mediante desobediência, o mandante pode revogar o mandato do mandatário. o Político: estabelece a relação entre eleitor-mandatário, este que, uma vez diplomado, é independente e autônomo, de forma irresponsável politicamente (não estando obrigado a reportar aos seus eleitores quanto às suas decisões). A representação política: está relacionada com o mandato político, em que o mandatário possui mandato para agir em nome de alguém num ato jurídico. o Os partidos políticos: tratam-se de entes auxiliares do Estado, de entidades sociais, dotados de personalidade jurídica e situadas no âmbito do Direito público interno. Organização Interna Partidos de quadros: mais preocupados com a qualidade do que com a quantidade de membros e são financiados por grandes contribuintes, não necessariamente filiados (ex.: partidos Republicano e Democrata nos EUA e o PSDB no Brasil) Partidos de massas: nascem para representar as massas trabalhadoras, buscam o maior número possível de adeptos e são financiados por contribuições dos filiados (ex.: o Partido Trabalhista inglês e o PT no Brasil) 11 Lisa Chao Externa Partido único: sistema próprio do totalitarismo, que só admite um partido e não admite divisões políticas. Ex.: nazi-fascismo, URSS e Cuba. Bipartidarismo: sistema em que dois grandes partidos predominam em razão do sistema eleitoral, sem proibir a existência de outros. Ex.: Inglaterra e EUA. Pluripartidarismo: sistema em que mais de dois partidos predominam e têm chances de chegar ao poder, podendo levar à extrema dispersão e à necessidade de imposição de limites, que são as “cláusulas de barreira”. Ex.: Brasil e Alemanha. Atuação Partidos de vocação universal ou internacional: extrapolam os limites dos Estados. Ex.: o antigo PC da URSS. Partidos nacionais: atuam nos limites do território do Estado, sem se restringir a uma região. É o único tipo permitido atualmente no Brasil. Partidos regionais: atuam em determinadas regiões de um Estado. Ex.: os partidos estaduais da República Velha. Partidos locais: atuam apenas nas cidades. Não existem exemplos dignos de nota. Ideologia Esquerda: preocupação com a igualdade real. Reivindica justiça social por meio de maior intervenção do Estado. Prega a predominância do coletivo, mesmo que isso prejudique a liberdade individual. A centro-esquerda (social-democracia) atua segundo as regras do jogo democrático. A extrema-esquerda despreza a democracia liberal e aceita métodos violentos e governo totalitário para atingir suas finalidades (Ex.: URSS, Cuba, FARCs, MST). Direita: valoriza a liberdade individual e a igualdade formal (perante a lei). Condena a intervenção do Estado na economia e na sociedade. As desigualdades sociais seriam naturais e o progresso do indivíduo deve depender do próprio esforço. A centro-direita (direita liberal) aceita as regras do jogo democrático. A extrema-direita despreza a democracia e prega superioridade de um grupo sobre outros (nacionalismo xenófobo, racismo etc.), usando milícias e métodos violentos para a imposição da ideologia (Ex.: nazi-fascismo, Ku Klux Klan). Os sistemas eleitorais o Majoritário: o eleitor vota diretamente na pessoa do candidato, sendo eleito o mais votado (em primeiro ou segundo turno no caso de prefeitos e governadores). o Proporcional: A eleição depende de um cálculo, chamado quociente eleitoral, baseado nos votos válidos no candidato e no partido. A partir dele, são preenchidas as cadeiras disponíveis, proporcionalmente. o Distrital: nesse tipo de votação, o Estado seria dividido em vários distritos, e cada distrito elegeria um deputado por maioria simples (50% dos votos mais um). Assim, o candidato mais votado é eleito. CONSTITUCIONALISMO Movimento: o Político Limite do poder o Jurídico Formalização do direito em substituição dos costumes Princípios o Supremacia do indivíduo: representa a migração do teocentrismo para o antropocentrismo, em que se estabelecem os direitos fundamentais, da primeira dimensão, em que se engendram os direitos civis e políticos. o Limitação do poder: é um antídoto contra o arbítrio e o absolutismo, com a tripartição do poder. o Racionalização do poder: é trazida pelo império da lei, em que não há injustiça. 12 Lisa Chao Dogmas do Estado Moderno o Garantias individuais o Separação dos poderes Poder constituinte o Titular: povo o Exercício Revolucionário, emergindo constituições outorgadas pela classe dirigente. Democrático, emergindo constituições promulgadas. Poderes constituídos: representa o efeito prático da expressão do poder constituinte. A constituição o Material: revela o modo de ser da realidade política, não distinguindo a norma constitucional com as outras, em que a sociedade indica a agenda. Prescreve no presente, no ser (flexível). o Formal: as decisões políticas fundamentais do Estado são deduzidas à forma escrita. Prescreve no futuro, no dever ser (rígida) Estado Constitucional o Império da lei o Limitação do exercício do poder o Formalização da Constituição (emanação de um poder constituinte) DO ESTADO PERSPECTIVA DO ESTADO (pag 303, Peña de Moraes) Formas de governo o Monarquia: o monarca é vitalício, adquire seu cargo hereditariamente e possui função de chefe de Estado e não possui responsabilidade política. “Marcada pela vitaliciedade do poder, que é confiado a uma pessoa física, no caso monarca ou rei, que está no cargo não pelo consenso da coletividade, mas por razões históricas tradicionais, por esse motivo o monarca está desvinculado de partidos ou coligações políticas. (Hereditariedade, vitaliciedade e irresponsabilidade política do monarca)”. o República: adota o sufrágio universal, é fundamentado na igualdade formal das pessoas, em que os detentores do poder político exercem-no em caráter eletivo, representativo (via de regra), transitório e com responsabilidade. “Caracterizada pela temporalidade do poder e seu exercício é atribuído ao povo. Outra característica marcante é que ninguém ocupa o maior cargo de uma República se nãofor através de eleições, portanto está intrinsecamente ligada a um partido ou a uma coligação de partidos políticos. (Eletividade, temporalidade e responsabilidade política dos governantes)”. Funções típicas e atípicas: Funções Legislativo Executivo Judiciário Típicas Legislar Chefias Aplicar o direito positivo em caso concreto. Estado Fiscalizar Governo Administração pública Atípicas Processar e julgar (art. 51, I – quem autoriza: câmara dos deputados; art. 52, I – senado federal, quem julga). Legislar (através de MP’s – art. 62, Decreto Autônomo e Lei delegada). Legislar através dos seus regimentos internos. Administração dos seus órgãos internos. Contencioso administrativo (julgamento na esfera administrativa). Administração dos seus órgãos internos. 13 Lisa Chao 14 Lisa Chao Sistemas de governo o Presidencialismo: o presidente assume o cargo, devendo se reportar quanto aos seus atos políticos (responsabilidade), sendo chefe de Estado e chefe de Governo. “Esse tipo de sistema de governo só é utilizado em república. Nele, o Presidente da República é chefe de estado e também chefe de governo, portanto tem plena responsabilidade política e muitas atribuições. O mesmo é eleito pelo povo de maneira direta ou indireta. Neste sistema o indivíduo é eleito diretamente pelo povo. Há a necessidade de uma base de apoio de quórum mínimo de maioria absoluta para poder político.” o Parlamentarismo: o Primeiro ministro possui responsabilidade política, pois é chefe de governo. O monarca ou o presidente assume cargo de chefia do Estado, apenas, não possuindo tal responsabilidade. “Esse sistema é usado tanto em monarquias quanto em repúblicas. Nele, o chefe do Estado, seja ele rei ou presidente, não é o chefe do governo e por isso não tem responsabilidades políticas. Ao invés dele, o chefe de governo é o Primeiro Ministro, o qual é indicado pelo Parlamento. A aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de ministros pela Câmara dos Deputados se faz pela aprovação de um plano de governo a eles apresentado. A Câmara ficará encarregada de empenhar-se pelo cumprimento desse plano perante o povo. A responsabilidade política do modelo monárquico é o parlamento.” CONCEITOS Poder o Relação interpessoal: para que o poder seja exercido deve haver um agente induzido a se comportar de uma forma e vice-versa. Poder atual: concretização de uma ação influenciada por uma cadeia de agentes Poder potencial: mensura-se de acordo com a influência que um agente pode exercer sobre outro conforme seus recursos Política o Conceito clássico: estudo das relações do Estado/Governo e seus desdobramentos o Conceito moderno: atividades relacionadas ao Estado Sujeito: atuação como ordenar/restringir determinados grupos, ocupar territórios (soberania) Objeto: conquista, manutenção, defesa, a destruição do poder estatal (ações dentro da esfera do Estado, para/com o Estado) Legalidade, legitimidade e legitimação o “Nem tudo que é ilegal é ilegítimo” o Legalidade: Ideal legalista: Fundamento de validade das condutas do indivíduo sobre o coletivo Ideologia legalista surge no positivismo Positivismo: direito imposto pela vontade do ser humano, exercido de forma objetiva, sendo baseado em fatos reais e científicos, eliminando qualquer hipótese do envolvimento divino nas ações humanas. Legalidade em si: Acatamento a uma ordem normativa oficial (não envolve justiça). Muitas vezes é utilizado como argumento que se esconde na autoridade da lei estatal para ter validade, quando na verdade há interesses que não podem ser expostos, devido à ausência de consenso. o Legitimidade: rompe com a ideologia de legalidade, se relaciona com o conteúdo da forma. o Temos na legitimação: processo pelo qual se buscará que uma norma ou ordem oficial, independentemente de seu conteúdo, seja aceita pela população sobre a qual incide, e, em consequência, seja cumprida sem o recurso à força armada. Busca-se o cumprimento, primeiro pelo consenso (legitimação) e segundo pela força. “dominação não se apoiaria tão-somente na força, na violência e na coação, mas, sobretudo, no consenso acerca da crença nos valores que embasam as imposições e as determinações advindas dos governantes” – Weber. Democracia o Democracia antiga: Exercício direto do poder pelo povo (decisões políticas tomadas em assembleias na praça pública) 15 Lisa Chao Alto grau de participação dos cidadãos Conceito restrito de cidadania (exclusão das mulheres, escravos etc.) Liberdade política x limitação da liberdade individual (liberdade dos antigos x liberdade dos modernos) Isagoria (igual direito à palavra nas assembleias), isonomia (igualdade perante a lei) e isotimia (igualdade no acesso aos cargos públicos) Cargos públicos preenchidos preferencialmente por sorteio e exercidos por tempo limitado “O governo favorece a maioria em vez de poucos – por isso é chamado de democracia. Se consultarmos a lei, veremos que ela garante justiça igual para todos em suas diferenças; quanto à condição social, o avanço na vida pública depende da reputação de capacidade” – Péricles. o Democracia moderna: Supremacia da vontade popular: eleições livres e periódicas, sufrágio universal, prestação de contas, transparência, outras formas de participação popular como plebiscito, referendo, iniciativa popular, orçamento participativo etc. Preservação da liberdade: limitação do poder, liberdade de imprensa e outras liberdades públicas, oposição livre, respeito às minorias etc. Igualdade de direitos: garantia de acesso livre e igualitário aos direitos políticos, civis e sociais. o Democracia como técnica: “regras de procedimento para a formação de decisões coletivas”, segundo Bobbio, nas quais um opositor não é visto como um inimigo, mas sim como alguém que pode transitar até a minha própria posição. o Democracia como valor: Segundo Bobbio, um conjunto de fins e meios em busca da igualdade jurídica, social e econômica. Constituição: o Concepções jusnaturalistas: a constituição denota a superioridade dos direitos naturais, mormente os direitos fundamentais dos homens; o Concepções positivistas: a constituição é uma lei dotada de superioridade hierárquica, não se perquirindo de eventual posição axiológica dentro do ordenamento jurídico. Principais defensores: Laband, Jellinek, Carré de Malberg e Kelsen; o Concepções historicistas: a constituição expressa, na verdade, o desenvolvimento histórico-jurídico de um povo, lastreando-se principalmente em seus costumes. Principais defensores: Burke, De Maistre e Gierke; o Concepções sociológicas: a constituição é documento que organiza e disciplina os fatores reais de poder, bem como suas interações recíprocas. Principais defensores: Lassalle, Sismondi e von Stein; o Concepções marxistas: a constituição é uma superestrutura jurídica predisposta a ser um instrumento de dominação ideológica da uma classe sobre outra. Principais defensores: Marx, Lênin; o Concepções institucionalistas: a constituição expressa a organização da sociedade, demonstrando suas idiossincrasias ou suas aspirações institucionais ou políticas. Principais defensores: Hauriou, Renard, Burdeau, Santi Romano e Mortati; o Concepção decisionista: a constituição revela uma decisão política fundamental assumida pelo poder constituinte, queacolhe em si mesma, outras decisões. Principal defensor: Carl Schmitt; o Concepções decorrentes da filosofia dos valores: a constituição é uma ordem de valores; estes, por seu turno, teriam existência anterior à própria constituição; a constituição, assim, é um acolhimento jurídico de valores sociais. Principais defensores: Maunz e Bachof; o Concepções estruturalistas: a constituição descortina estruturas sociais historicamente situadas, sendo ponto de equilíbrio dessas estruturas. Principais defensores: Spagna Musso e José Afonso da Silva. o A constituição se enquadra na disciplina normativa do poder (Estado, forma de governo, aquisição e exercício do poder, estabelecimento de órgãos do poder, limites de atuação do poder, direitos fundamentais do homem, garantias fundamentais do homem, formação dos poderes públicos e distribuição de competência). Estado Moderno: o “[...] O Estado moderno de tipo europeu, para lá das características globais de qualquer Estado, apresenta, porém, características muito próprias: - Estado nacional: o Estado tende a corresponder a uma nação ou comunidade histórica de cultura; o factor de unificação 16 Lisa Chao política deixa, assim, de ser a religião, a raça, a ocupação bélica ou a vizinhança para passar a ser uma afinidade de índole nova; - Secularização ou laicidade: porque – por influxo do Cristianismo e ao contrário do que sucede com o Estado islâmico – o temporal e o espiritual se afirmam esferas distintas e a comunidade já não tem por base a religião, o poder político não prossegue fins religiosos e os sacerdotes deixam de ser agentes do seu exercício; - Soberania: ou poder supremo e aparentemente ilimitado, dando ao Estado não só capacidade para vencer as resistências internas à sua acção como para afirmar a sua independência em relação aos outros Estados (pois trata-se agora de Estado que, ao invés dos anteriores, tem de coexistir com outros Estados)” (MIRANDA, 2005, p. 32-33, grifos do autor). o Sociedade moderna: ciência moderna, autonomização do direito e moralidade (esferas normativas), subsistemas sociais do Estado, nascimento do conceito do indivíduo. o Estado estamental: transição entre o Estado medieval e Estado moderno (existência de classes). o Estado absoluto: poder ilimitado ao rei em todas as esferas, poder divino. o Estado policial: lei prevalece sobre o costume, busca do interesse público sem limitação normativa. o Estado liberal de direito: Institucionalizou-se após a Revolução Francesa Não intervenção do Estado na economia Vigência do princípio da igualdade formal (igualdade jurídica com a aristocracia visando à abolição das discriminações) Adoção da Teoria da Divisão dos Poderes de Montesquieu Supremacia da Constituição como norma limitadora do poder governamental Garantia de direitos individuais fundamentais Características dos direitos fundamentais: o Historicidade: os direitos são criados em um contexto histórico, e quando colocados na Constituição se tornam Direitos Fundamentais; o Imprescritibilidade: os Direitos Fundamentais não prescrevem, ou seja, não se perdem com o decurso do tempo. São permanentes; o Irrenunciabilidade: os Direitos Fundamentais não podem ser renunciados de maneira alguma; o Inviolabilidade: os direitos de outrem não podem ser desrespeitados por nenhuma autoridade ou lei infraconstitucional, sob a pena de responsabilização civil, penal ou administrativa; o Universalidade: os Direitos Fundamentais são dirigidos a todo ser humano em geral sem restrições, independente de sua raça, credo, nacionalidade ou convicção política; o Concorrência: podem ser exercidos vários Direitos Fundamentais ao mesmo tempo; o Efetividade: o Poder Público deve atuar para garantis a efetivação dos Direitos e Garantias Fundamentais, usando quando necessários meios coercitivos; o Interdependência: não pode se chocar com os Direitos Fundamentais, as previsões constitucionais e infraconstitucionais, devendo se relacionar para atingir seus objetivos; o Complementaridade: os Direitos Fundamentais devem ser interpretados de forma conjunta, com o objetivo de sua realização absoluta. Gerações dos direitos fundamentais: o Primeira geração: Direitos da Liberdade, liberdades estas religiosas, políticas, civis clássicas como o direito à vida, à segurança, à propriedade, à igualdade formal (perante a lei), as liberdades de expressão coletiva, etc. Ação limitada do Estado. o Segunda geração: direitos sociais, culturais, econômicos e os direitos coletivos (os Direitos da Igualdade, no qual estão à proteção do trabalho contra o desemprego, direito à educação contra o analfabetismo, direito à saúde, cultura, etc.). Exigem conduta positiva do Estado, buscando bem-estar social. 17 Lisa Chao o Terceira geração: visão bastante humanizada e universal, que busca para além dos interesses do indivíduo, abordando as temáticas do desenvolvimento, da paz, do meio ambiente, comunicação e do patrimônio comum da humanidade (direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, progresso, etc.). o Quarta geração: nasce a partir da globalização política da normatividade e do desenvolvimento tecnológico. Definida pelos Direitos da Responsabilidade (promoção e manutenção da paz, à democracia, à informação, à autodeterminação dos povos, promoção da ética da vida defendida pela bioética, direitos difusos, ao direito ao pluralismo etc.). A pesquisa genética é um exemplo que atinge esses direitos (controle na manipulação do genótipo dos seres). A Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU-1948) diz que os direitos são proclamados, ou seja, eles pré- existem a todas as instituições políticas e sociais, não podendo ser retirados ou restringidos pelas instituições governamentais, que por outro lado devem proteger tais direitos de qualquer ofensa. Diferença entre direitos fundamentais, direitos do homem e garantias fundamentais: o Direitos do homem: direitos naturais (jus naturalismo) surgem a partir do nascimento do indivíduo. o Direitos fundamentais: direitos do homem jurídico- institucionalizadamente garantidos, em uma ordem jurídica concreta existem prerrogativas fundamentais do cidadão, a livre expressão (art. 5º, inciso IX), a intimidade e a honra (art. 5º, inciso X) e a propriedade e defesa do consumidor. Perspectivas dos direitos fundamentais: plano jurídico-objetivo (normas de competência para o poder público, o impedindo a interferência sobre os direitos do indivíduo) e plano jurídico-subjetivo (o poder de exercer os direitos fundamentais de forma positiva e de cobrar o Estado a opressão sobre atos que coibiriam a integridade dos direitos fundamentais – liberdade negativa) o Garantias fundamentais: enunciados com função de proteção, reparação ou reingresso em eventual direito fundamental violado. São remédios jurídicos, tais como o direito de resposta (art. 5º, inciso V), a indenização prevista, o Hábeas Corpus e Hábeas Data. Cabimento do Hábeas Corpus: Ameaça, sem justa causa, à liberdade de locomoção; Prisão por tempo superior estabelecido em lei ou sentença; Cárcere privado; Prisão em flagrante sem a apresentação da nota de culpa; Prisão sem ordem escrita de autoridade competente; Prisão preventiva sem suporte legal; Coação determinada por autoridade incompetente; Negativa de fiança em crime afiançável; Cessação do motivo determinante da coação; Nulidade absoluta do processo; Falta de comunicação da prisão em flagrante do Juiz competente para relaxá-la. Hábeas Data: É uma ação gratuita garantida constitucionalmente que assegura a qualquer cidadão o livre acesso às informações existentes em registros ou bancos de dados governamentais ou de caráter público, relativas à sua pessoa, a fim de protegê-lo, por exemplo, contra o uso abusivo destas informações adquiridas de forma fraudulenta e ilícita. Além disso, é uma garantia constitucional dos direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. Fundamentação no Art. 5º, LXXII e LXXVII, da CF. o Estado social de direito: busca, em nível constitucional, direitos e garantias destinadas a amparar os componentes da comunidade estatal em situação de vulnerabilidade. O Estado intervém no meio 18 Lisa Chao social-econômico, de modo a aparar os excessos da desigualdade social. Categorias do Estado social de direito: Estado social conservador: protege-se o capital de forma direta e de maneira indireta busca amparar o trabalhador, através de normas constitucionais. Estado social de concretização da igualdade e da justiça social: o Estado, de modo mais firme e participativo, oferece tutela ao hipossuficiente, se afastando da neutralidade estatal. Estado social que altera e transforma o status quo da sociedade capitalista: o Estado abre caminho à implantação do socialismo, em que, além de tutelar rigorosamente os trabalhadores, busca uma mudança institucional do perfil do Estado. É o qual propõe a transformação do regime político-econômico com a apropriação dos meios de produção pelo Estado, priorizando a estatização empresarial ampla. Estado social das ditaduras: Estado de conteúdo totalitário e antidemocrático, renegando os direitos básicos de liberdade. Estado democrático de direito: é um Estado que vê necessidade de liberdades para o exercício correto do poder democrático e que o define como necessário para garantir a existência e a persistência das liberdades fundamentais. Busca a inclusão do povo nos mecanismos de controle político, mas não foge do baseamento da legalidade. É nele onde surge a quarta geração dos direitos fundamentais. Politica http://pt.scribd.com/doc/94480807/Resumo-do-verbete-Politica#scribd Legalidade e legitimidade http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3080 http://jus.com.br/artigos/3814/legalidade-e-legitimidade Democracia http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/democr/index.html http://professormarum.blogspot.com.br/2010/08/resumo-19-democracia.html Constituição http://escola.mpu.mp.br/dicionario/tiki- index.php?page=Constitui%C3%A7%C3%A3o Estado moderno http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10476&revista_cader no=9 https://projetoaletheia.files.wordpress.com/2014/08/conceito-de-estado- moderno.pdf Estado liberal/social/democrático de direito http://jus.com.br/artigos/9241/estados- liberal-social-e-democratico-de-direito/1 Direitos fundamentais: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos- Fundamentais Constituicionalismo http://brasocentrico.blogspot.com.br/2010/11/conceito-de- constitucionalismo.html
Compartilhar