Buscar

Caso Clínico - Aula de comunicação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Caso Clínico
Um casal jovem, com um filho de dois anos, veio morar em Salvador há apenas um ano depois de passar seis meses em Macapá. Eles são cariocas e se conheceram há seis anos, quando começaram a namorar. Ela, *Lorena, tem 39 anos e é médica pediatra, tendo sido a carreira profissional dela responsável pelas mudanças de cidade da família nos últimos anos. Ele, *Mateus, tem 42 anos, é formado em Direito e, embora já tenha trabalhado na área, está sem nenhuma ocupação atualmente.
A bagagem de família de origem de cada um traz particularidades que os coloca numa dificuldade de encontrar intimidade relacional, visto que os dois carregam repertórios de pouco afeto familiar. Enquanto Mateus percebe o tamanho de sua carência e espera que Lorena supra de alguma forma, ela se projetou na vida com uma auto-suficiência que a faz seguir adiante sem considerar o tamanho do buraco afetivo na vida dela e, também entre eles.
Lorena tem apenas um irmão esquizofrênico, com quem não possui nenhuma relação. O pai e a mãe são separados e, por ser alcoólatra, o pai causava problemas na família, então foi totalmente excluído do contexto familiar. A mãe é a única que parece ganhar o amor de Lorena, mas a expressão disso também não é nem um pouco calorosa.
Mateus vem de uma família numerosa, os pais, casados até o momento, tiveram 4 filhos e adotaram mais uma menina. Ele diz nunca ter recebido o reconhecimento de seus esforços e sempre que ganhava medalhas na natação, pensava ser sua chance de ganhar “aplausos”, mas isso nunca acontecia. O pai foi muito rigoroso e sua mãe sempre se colocou na condição de mediadora entre os filhos e o marido, e ainda que atuando mais de perto na educação, dificilmente se posicionava com doçura e amor.
Mateus e Lorena se casaram ainda no Rio e se mudaram logo em seguida para Macapá, quando ela foi transferida pelo trabalho. Desde então, ele largou o emprego e nunca mais retomou sua vida profissional. Ela engravidou de *Guto em Macapá, longe da cidade natal e de qualquer rede de apoio que os dois possam ter, embora seja muito escassa. Foi um período muito difícil, ocasionando uma crise conjugal que, até hoje, não se restabeleceu.
Eles fizeram terapia de casal e, ao chegar em Salvador, resolveram dar continuidade. Cada um também possui um processo terapêutico individual, além do conjugal.
Ele assumiu a responsabilidade pelos cuidados com Guto, enquanto ela trabalha e provê a casa. Até o início da terapia individual, Lorena não se incomodava com esta dinâmica e verbalizava não se importar em ser a única provedora da família. Porém, os conteúdos trabalhados em suas sessões a fizeram colocar uma lente de aumento sobre isto, sua perspectiva não só mudou, como passou a nomear o sentimento de desencanto pelo marido. Isso, obviamente, agravou o distanciamento dela e criou um ciclo danoso para a relação, visto que Mateus reage mal ao se sentir rejeitado. Ou seja, tons de agressividade e de pouca tolerância aparecem e deixam o casal ainda mais em conflito. 
Eles trazem duas demandas mais urgentes: para ela, há a importância de ele voltar a trabalhar, enquanto ele denuncia como mais grave a dificuldade na comunicação e a ausência afetiva. Além destes conteúdos, outros de extrema importância estão relacionados à repercussão na parentalidade deste sistema conjugal, a partir de suas bagagens de família.
DISCUSSÃO

Continue navegando