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CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS MARGOT TENENBAUM: UM CASO CLÍNICO NA ABORDAGEM SISTÊMICA JÊNIFER CAROLINE PACHECO DA ROSA RIBEIRO PORTO ALEGRE 2020 Margot Tenenbaum: um caso clínico na abordagem sistêmica Jênifer Caroline Pacheco da Rosa Ribeiro Construção de um caso clínico apresentado para a disciplina de Abordagens Psicológicas Contemporâneas ministrada pela Professora Dra. Ana Cristina Pontello Staudt do curso de Bacharelado em Psicologia do Centro Universitário FADERGS. Porto Alegre 2020 SUMÁRIO 1 DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA DO SUJEITO 4 2 MARCOS E EVENTOS SIGNIFICATIVOS 5 3 ANÁLISE DO CASO 6 REFERÊNCIAS 7 4 1 DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA DO SUJEITO Margot Ellen Tenenbaum, 34 anos, casada com Raleigh St. Clair. Ela foi adotada aos dois anos de idade pelos pais Royal e Etheline e possui dois irmãos, Chass e Richie. Além disso, os pais são separados desde a infância dos três; o pai, somente dava atenção ao filho mais velho e não convidada ela ou outro irmão para participar dos passeios que fazia com ele. A mãe, pelo contrário, dedicou a vida para cuidar dos três e sempre os tratou igualmente, dando as mesmas oportunidades e dividindo a atenção e o carinho entre eles igualmente. Durante a infância, o pai fazia questão de lembrar o fato de ela ser adotada. Ela sempre gostou de escrever histórias teatrais e no ensino fundamental ganhou um grande prêmio, o que a ajudou a escolher a sua profissão de escritora de peças teatrais na vida adulta. O marido é neurologista e passa a maior parte do tempo trabalhando em seus casos e Margot, em contraponto, fica reclusa no banheiro nesse meio tempo. Em dado momento, percebendo a depressão da esposa, ele decide chamar a mãe de Margot para conversar com ela e, juntas, decidem que ela precisa passar uns dias na casa da mãe. 5 2 MARCOS E EVENTOS SIGNIFICATIVOS Na infância, quando ela escreve uma de suas peças resolve esperar pelo pai para que ele esteja presente na apresentação; o pai, quando chega, faz pouco caso da peça e diz ser muito infantilizada, o que a deixa extremamente magoada. No mais, nesse mesmo dia também era aniversário dela e o pai havia esquecido da data. Aos 14 anos, ela decide fugir de casa para encontrar a sua família biológica. No entanto, quando ela finalmente os encontra percebe que eles são bastante hostis e não conseguem integrá-la em seu ambiente familiar. Após perceber a falta de acolhimento dessa família, ela decide voltar para sua casa e seguir vivendo lá com sua mãe e irmãos até os 19 anos, em que sai de casa para se casar pela primeira vez. Quando ela está passando uns dias na casa da mãe, o pai começa a tentar se reaproximar dela e dos irmãos, assim como a tentar reconquistar a mãe. Contudo, a relação de todos está bastante fragilizada e ela é uma das que mais possuem dificuldade de aceitar as tentativas do pai. No decorrer do tempo, o pai consegue se aproximar, aos poucos, de todos eles e a se redimir pelo tempo perdido. Com Margot, entretanto, a relação nunca passa pela formalidade. Certo dia, ele percebe que ela está traindo o marido e resolve aconselhá-la a respeito; ela dá as costas ao conselho e decide sair do ambiente, no entanto, ele a chama de volta e diz: “O que aconteceu? Você é uma gênia!” e ela volta, olha para trás e ele continua: “Pelo menos é o que dizem nos jornais”. Depois disso, após 7 anos sem conseguir produzir, ela finalmente consegue escrever uma peça teatral em que o tema é sobre a relação de um pai com a filha. 6 3 ANÁLISE DO CASO Pode-se perceber que as questões envolvendo a história e as relações de Margot envolvem bastante o seu sistema familiar. Além disso, uma das principais questões trata sobre um subsistema parental bastante enfraquecido, neste caso, a sua relação com o pai. Nichols e Schwartz (apud STÜRMER, MARIN, OLVEIRIA, 2016, p. 58) referem que: “os indivíduos, os subsistemas e as famílias são demarcados por fronteiras, que são barreiras invisíveis que os delimitam. Os subsistemas se organizam através de fronteiras, que definem quem participa, bem como quando e de que forma existe a participação dos membros nas relações familiares”. Na família Tenenbaum, pode-se perceber que a fronteira em que eles se encontram é a rígida, principalmente por que o pai é bastante desligado dos filhos. Além disso, desde a infância o pai delimita a participação de Margot no ambiente familiar, fazendo com que ela não se sinta pertencente ao seu ambiente familiar. Pouco antes de ir para a casa da mãe, percebe-se que ela está bastante depressiva. Na abordagem sistêmica, o sintoma é visto como uma desorganização no sistema familiar, ou seja: (...) “é sempre uma disfunção que tem origem em alguma perturbação no sistema que ameaça a homeostase familiar. Tem sempre uma função estabilizadora de retorno ao equilíbrio da família” (ROMAGNOLI, 2004, p. 43). Dessa forma, após a aproximação, mesmo que breve entre ela e o pai, isso pôde restabelecer a homeostase familiar fazendo com que ela conseguisse, inclusive, produzir uma das suas peças teatrais. 7 REFERÊNCIAS NICHOLS, Michael P.; SCHWARTZ, Richard C. Terapia familiar: conceitos e métodos. In: STÜRMER, T. R.; MARIN, A. E.; OLIVEIRA, D. S. Compreendendo a estrutura familiar e sua relação com a parentalidade: relato de caso de um casal em terapia de abordagem sistêmica. Revista Brasileira de Psicoterapia: Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 58, 2016. ROGMANOLI, Roberta Carvalho. O sintoma da família: excesso, sofrimento e defesa. Interações: São Paulo, v. 9, n. 18, p. 43, 2004. THE ROYAL TENENBAUMS. Direção de Wes Anderson. Estados Unidos: Buena Vista Pictures, 2001. 109 min.
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