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Matéria Processo I - Paulo Dimas - processo e procedimento até coisa julgada

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Resumo – Direito Processual Civil – 5º Semestre 
Processo de Conhecimento 
Prof. Paulo Dimas 
2ª parte – março/2015 – Petição Inicial e Pedido 
 
PETIÇÃO INICIAL 
(Arts. 282 a 285-A do CPC de 1973 e 319 a 332 do CPC de 
2015) 
Consiste na declaração da parte da vontade de acionar. Na 
petição inicial o autor formula a sua pretensão a ser examinada pelo órgão 
jurisdicional. 
Requisitos da petição inicial: 
- Requisito externo: forma escrita. A petição pode ser 
impressa, datilografada ou manuscrita. 
- Requisitos internos: arts. 282 do CPC 1973 e 319 do CPC 
de 2015. 
Dos Requisitos da Petição Inicial Dos Requisitos da Petição Inicial 
Art. 282. A petição inicial indicará: Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; I – o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, 
domicílio e residência do autor e do réu; 
II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a 
existência de união estável, a profissão, o 
número no cadastro de pessoas físicas ou no 
cadastro nacional de pessoas jurídicas, o 
endereço eletrônico, o domicílio e a residência 
do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do 
pedido; 
III – o fato e os fundamentos jurídicos do 
pedido; 
IV - o pedido, com as suas especificações; IV – o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; V – o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
VI – as provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
 VII – a opção do autor pela realização ou não de 
audiência de conciliação ou de mediação. 
VII - o requerimento para a citação do réu. 
 § 1º Caso não disponha das informações 
previstas no inciso II, poderá o autor, na petição 
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a 
sua obtenção. 
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 § 2º A petição inicial não será indeferida se, a 
despeito da falta de informações a que se refere 
o inciso II, for possível a citação do réu. 
 § 3º A petição inicial não será indeferida, pelo 
não atendimento ao disposto no inciso II deste 
artigo, se a obtenção de tais informações tornar 
impossível ou excessivamente oneroso o acesso 
à justiça. 
Art. 283. A petição inicial será instruída com 
os documentos indispensáveis à propositura da 
ação. 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os 
documentos indispensáveis à propositura da 
ação. 
Art. 284. Verificando o juiz que a petição 
inicial não preenche os requisitos exigidos nos 
arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e 
irregularidades capazes de dificultar o 
julgamento de mérito, determinará que o autor 
a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) 
dias. 
Art. 321. Verificando o juiz que a petição inicial 
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou 
que apresenta defeitos e irregularidades capazes 
de dificultar o julgamento de mérito, determinará 
que o autor, no prazo de quinze dias, a emende 
ou a complete, indicando com precisão o que 
deve ser corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a 
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a 
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
 
Dois desses requisitos internos dizem respeito ao mérito da 
pretensão, formando o libelo (indicação da causa de pedir e do pedido – 
incisos III e IV). 
Os demais requisitos são de ordem processual. 
I - endereçamento da petição à autoridade judiciária 
competente. 
Muitas vezes, a ação é de competência originária de Tribunal e 
a petição inicial deve ser endereçada ao seu Presidente. Exemplos de ações 
que são ajuizadas diretamente no Tribunal: ação rescisória, mandado de 
segurança contra ato judicial, mandado de segurança contra ato de 
Governador (competência originária do TJ), MS contra ato de Ministro de 
Estado (competência originária do STJ), etc.. 
II - indicação dos dados qualificativos das partes. 
No CPC de 2015, os §§ 1º a 3º do artigo 319 (supra 
transcritos) regulamentam a exigência de indicação desses dados, permitindo 
que as informações previstas no inciso II sejam obtidas a partir da atuação do 
órgão jurisdicional (v. §§ 1º e 2º); de forma mais ampla, aponta que a falta 
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delas não pode tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à 
justiça (v. § 3º); em último caso, o autor deverá indicar elementos 
esclarecedores, que tornem certa a pessoa que está sendo demandada. 
III - indicação do fato e dos fundamentos jurídicos do 
pedido. 
Temos nesse inciso a indicação da causa de pedir; o “porquê 
do pedido”. 
Dessa indicação deve transparecer a presença das condições da 
ação. 
O nosso CPC adota a teoria da substanciação, pela qual não 
basta a indicação de um fundamento geral para o pedido, ou seja, não basta a 
indicação do título que justificaria a pretensão deduzida. O CPC impõe que na 
fundamentação do pedido o autor indique, além da causa de pedir próxima 
(fundamento jurídico), a causa de pedir remota, que são os fundamentos de 
fato. A causa de pedir próxima, que corresponde ao fundamento jurídico, não 
representa a indicação da norma de direito material em que se funda a 
pretensão do autor. O fundamento jurídico, que não se confunde com 
fundamento legal, representa a declaração da natureza do direito pleiteado 
(direito pessoal ou real), ou seja, representa a indicação do título que legitima 
a pretensão deduzida. O autor declara, então, que é credor, proprietário, 
possuidor, etc. O fundamento jurídico corresponde, então, à relação jurídica 
controvertida e ao direito particular dela decorrente. 
Já a causa de pedir remota corresponde aos fundamentos de 
fato (fato gerador do direito do autor e da obrigação do réu). 
Exemplo 1: em uma ação de cobrança, o autor declara que é 
credor do réu (fundamento jurídico), em razão de contrato de prestação de 
serviços, não sendo pago o preço ajustado (fundamentos de fato). 
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Exemplo 2: em uma ação reivindicatória, o credor alega que é 
proprietário do bem (fundamento jurídico), sendo que o réu dele se apossou 
injustamente (fundamento de fato). 
IV - o pedido com as suas especificações. 
É o objeto da ação. Não há ação sem pedido. Deve o pedido 
guardar nexo lógico com a causa de pedir. 
V - atribuição de valor à causa. 
Deve esse valor corresponder tanto quanto possível ao 
proveito econômico perseguido pelo autor. Mesmo quando a causa não tem 
conteúdo econômico imediato, deve ser atribuído a ela um valor, cabendo ao 
autor estimá-lo (v. arts. 258 a 261 do CPC de 1973 e arts. 291 a 293 do CPC 
de 2015). 
Do Valor da Causa DO VALOR DA CAUSA 
Art. 258. A toda causa será atribuído um valor 
certo, ainda que não tenha conteúdo econômico 
imediato. 
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, 
ainda que não tenha conteúdo econômico 
imediatamente aferível. 
Art. 259. O valor da causa constará sempre da 
petição inicial e será: 
Art. 292. O valor da causa constará da petição 
inicial ou da reconvenção e será: 
I - na ação de cobrança de dívida, a soma do 
principal, da pena e dos juros vencidos até a 
propositura da ação; 
I – na ação de cobrança de dívida, a soma 
monetariamente corrigida do principal, dos juros 
de mora vencidos e de outras penalidades, se 
houver, até a data da propositura da ação; 
V - quando o litígio tiver por objeto a 
existência, validade, cumprimento, modificação 
ou rescisão de negócio jurídico, o valor do 
contrato; 
II – na ação que tiver por objeto a existência, a 
validade, o cumprimento, a modificação, a 
resolução, a resilição ou a rescisão de ato 
jurídico,o valor do ato ou o de sua parte 
controvertida; 
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) 
prestações mensais, pedidas pelo autor; 
III – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) 
prestações mensais pedidas pelo autor; 
VII - na ação de divisão, de demarcação e de 
reivindicação, a estimativa oficial para 
lançamento do imposto. 
IV – na ação de divisão, de demarcação e de 
reivindicação o valor de avaliação da área ou 
bem objeto do pedido; 
 V – na ação indenizatória, inclusive a fundada 
em dano moral, o valor pretendido; 
II - havendo cumulação de pedidos, a quantia 
correspondente à soma dos valores de todos 
eles; 
VI – na ação em que há cumulação de pedidos, a 
quantia correspondente à soma dos valores de 
todos eles; 
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior 
valor; 
VII – na ação em que os pedidos são 
alternativos, o de maior valor; 
IV - se houver também pedido subsidiário, o 
valor do pedido principal; 
VIII – na ação em que houver pedido 
subsidiário, o valor do pedido principal. 
Art. 260. Quando se pedirem prestações § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e 
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vencidas e vincendas, tomar-se-á em 
consideração o valor de umas e outras. O valor 
das prestações vincendas será igual a uma 
prestação anual, se a obrigação for por tempo 
indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) 
ano; se, por tempo inferior, será igual à soma 
das prestações. 
vincendas, considerar-se-á em consideração o 
valor de umas e outras. 
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual 
a uma prestação anual, se a obrigação for por 
tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 
(um) ano; se, por tempo inferior, será igual à 
soma das prestações. 
 § 3º O juiz corrigirá, de ofício e por 
arbitramento, o valor da causa quando verificar 
que não corresponde ao conteúdo patrimonial 
em discussão ou ao proveito econômico 
perseguido pelo autor, caso em que se procederá 
ao recolhimento das custas correspondentes. 
Art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da 
contestação, o valor atribuído à causa pelo 
autor. A impugnação será autuada em apenso, 
ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias. 
Em seguida o juiz, sem suspender o processo, 
servindo-se, quando necessário, do auxílio de 
perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o 
valor da causa. 
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar 
da contestação, o valor atribuído à causa pelo 
autor, sob pena de preclusão; o juiz decidirá a 
respeito, impondo, se for o caso, a 
complementação das custas. 
Parágrafo único. Não havendo impugnação, 
presume-se aceito o valor atribuído à causa na 
petição inicial. 
 
 
A exigência justifica-se pelos seguintes motivos: a) o valor da 
causa pode determinar a competência do Juízo (ver, por exemplo, a 
competência do JEC); no âmbito da Justiça Estadual, na comarca da Capital, a 
competência dos foros regionais para as ações de rito ordinário está limitada a 
500 salários mínimos; b) o valor da causa pode determinar, na atualidade, o 
rito a ser adotado em ações de conhecimento no juízo comum (sumário ou 
ordinário); c) o valor da causa serve de base para o recolhimento da taxa 
judiciária; d) o valor da causa pode servir de parâmetro para a fixação dos 
honorários advocatícios em favor da parte vencedora. 
Regras para atribuição de valor à causa – v. arts. 259 e 260 do 
CPC de 1973 e 292 do CPC de 2015. 
O juiz pode, de ofício e por arbitramento, corrigir o valor da 
causa quando não observados os critérios legais, determinando, se for o caso, 
a complementação das custas recolhidas (v. § 3º do art. 292 do CPC de 2015). 
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O réu pode impugnar o valor atribuído à causa na petição 
inicial; de acordo com o art. 293 do CPC de 2015, essa impugnação será 
apresentada como preliminar da contestação; esse prazo é preclusivo; se não 
for apresentada a impugnação oportunamente, presume-se que o valor 
constante da inicial foi aceito pelo réu; portanto, não há mais instauração de 
incidente específico, como previsto no artigo 261 do CPC de 1973. 
VI - indicação das provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados. 
Basta menção à espécie de prova a ser produzida, ou seja, o 
autor pode protestar genericamente pela utilização de todos os meios de prova 
admitidos em direito, sendo que posteriormente poderá particularizar as 
provas a produzir. 
OBS.: no rito sumário do CPC de 1973 (v. art. 276), o autor, já 
na petição inicial, deve arrolar as suas testemunhas e, se requerer perícia, deve 
também formular quesitos e indicar assistente técnico, sob pena de preclusão. 
VII (de acordo com o CPC de 2015) – a opção do autor 
pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. 
OBS.: o autor, portanto, já deve declinar, na petição inicial, se 
tem ou não interesse na realização dessa audiência prévia; no entanto, ela só 
não se realizará se o réu ou os réus também manifestarem por petição, até 10 
dias antes da data designada, que não tem interesse na autocomposição do 
litígio. 
O novo CPC não mais estabelece como requisito essencial o 
requerimento para a citação do réu; isso porque a citação é indispensável para 
a validade e a eficácia da relação processual e se realizará independentemente 
de qualquer postulação do promovente. 
No novo procedimento comum, previsto no CPC de 2015, o 
réu é citado para comparecer à audiência prévia de conciliação ou de 
mediação; caso a causa não admita autocomposição, o juiz não designará essa 
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audiência e o réu já será citado para apresentar contestação em 15 dias; se a 
audiência inicialmente designada não se realizar pela manifestação antecipada 
de ambas as partes que não têm interesse na autocomposição do litígio, o 
prazo para contestar observará o disposto no artigo 335 (CPC de 2015). 
“Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, 
no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: 
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da 
última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, 
comparecendo, não houver autocomposição; 
II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência 
de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a 
hipótese do art. 334, § 4º, inciso I; 
III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi 
feita a citação, nos demais casos. 
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese 
do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um 
dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de 
cancelamento da audiência. 
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, 
havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu 
ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da 
decisão que homologar a desistência.” 
 No caso do rito sumário (abolido no CPC de 2015), o réu é 
citado para comparecer à audiência de conciliação e nela apresentar sua 
resposta. 
No processo de execução, o réu é citado para cumprir a 
obrigação e no procedimento de concessão de tutela cautelar requerida em 
caráter antecedente o requerido é citado para contestar o pedido em cinco dias 
(v. art. 306 do CPC de 2015). 
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Outras exigências legais: 
Na fase postulatória, também temos atividade probatória das 
partes; o autor deve instruir a petição inicial com os documentos 
indispensáveis à propositura da ação (v. arts. 283 do CPC de 1973 e 320 do 
CPC de 2015). 
São os chamados documentos substanciais e fundamentais. 
a) documentos substanciais (v. art. 366 do CPC de 1973 e 406 
do CPC de 2015); conforme enuncia referidoartigo 406, que reproduz 
basicamente o artigo 366 do CPC vigente, “quando a lei exigir instrumento 
público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais 
especial que seja, pode suprir-lhe a falta”; são aqueles, portanto, que a lei 
expressamente exige para fazer prova de um ato ou de um negócio jurídico. 
Exemplos: em uma ação reivindicatória de bem imóvel, o autor deve 
apresentar desde logo a escritura pública registrada no ofício imobiliário; em 
ação de divórcio, o autor deve apresentar com a inicial a certidão do registro 
civil do casamento. 
b) documentos fundamentais – são aqueles mencionados como 
fundamento da pretensão do autor. Exemplo: em uma ação de rescisão de 
contrato, o autor deve exibir desde logo o instrumento respectivo, em que 
fundamenta a sua pretensão. 
Instrumento do mandato: o advogado que subscreve a 
petição inicial deve apresentar, desde logo, o instrumento da procuração que 
lhe foi conferido pelo autor, salvo se postular em causa própria (v. arts. 36 a 
40 do CPC de 1973 e 103 a 107 do CPC de 2015). 
CAPÍTULO III CAPÍTULO III 
DOS PROCURADORES DOS PROCURADORES 
Art. 36. A parte será representada em juízo por 
advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á 
lícito, no entanto, postular em causa própria, 
quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, 
no caso de falta de advogado no lugar ou recusa 
ou impedimento dos que houver. 
Art. 103. A parte será representada em juízo por 
advogado regularmente inscrito na Ordem dos 
Advogados do Brasil. 
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 Parágrafo único. É lícito à parte postular em 
causa própria quando tiver habilitação legal. 
§ 1º (Revogado pela Lei nº 9.649, de 1998) 
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.649, de 1998) 
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o 
advogado não será admitido a procurar em 
juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, 
intentar ação, a fim de evitar decadência ou 
prescrição, bem como intervir, no processo, 
para praticar atos reputados urgentes. Nestes 
casos, o advogado se obrigará, 
independentemente de caução, a exibir o 
instrumento de mandato no prazo de 15 
(quinze) dias, prorrogável até outros 15 
(quinze), por despacho do juiz. 
Art. 104. O advogado não será admitido a 
postular em juízo sem procuração, salvo para 
evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou 
para praticar ato considerado urgente. 
 § 1º Nas hipóteses previstas no caput, o 
advogado deverá, independentemente de caução, 
exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, 
prorrogável por igual período por despacho do 
juiz. 
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no 
prazo, serão havidos por inexistentes, 
respondendo o advogado por despesas e perdas 
e danos. 
§ 2º O ato não ratificado será considerado 
ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi 
praticado, respondendo o advogado pelas 
despesas e perdas e danos. 
Art. 38. A procuração geral para o foro, 
conferida por instrumento público, ou particular 
assinado pela parte, habilita o advogado a 
praticar todos os atos do processo, salvo para 
receber citação inicial, confessar, reconhecer a 
procedência do pedido, transigir, desistir, 
renunciar ao direito sobre que se funda a ação, 
receber, dar quitação e firmar compromisso. 
Art. 105. A procuração geral para o foro, 
outorgada por instrumento público ou particular 
assinado pela parte, habilita o advogado a 
praticar todos os atos do processo, exceto 
receber citação, confessar, reconhecer a 
procedência do pedido, transigir, desistir, 
renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, 
receber, dar quitação, firmar compromisso e 
assinar declaração de hipossuficiência 
econômica, que devem constar de cláusula 
específica. 
Parágrafo único. A procuração pode ser 
assinada digitalmente com base em certificado 
emitido por Autoridade Certificadora 
credenciada, na forma da lei específica. 
§ 1º A procuração pode ser assinada 
digitalmente, na forma da lei. 
 § 2º A procuração deverá conter o nome do 
advogado, seu número de inscrição na Ordem 
dos Advogados do Brasil e endereço completo. 
 § 3º Se o outorgado integrar sociedade de 
advogados, a procuração também deverá conter 
o nome desta, seu número de registro na Ordem 
dos Advogados do Brasil e endereço completo. 
 § 4º Salvo disposição expressa em sentido 
contrário constante do próprio instrumento, a 
procuração outorgada na fase de conhecimento é 
eficaz para todas as fases do processo, inclusive 
para o cumprimento de sentença. 
Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte Art. 106. Quando postular em causa própria, 
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quando postular em causa própria: incumbe ao advogado: 
I - declarar, na petição inicial ou na 
contestação, o endereço em que receberá 
intimação; 
I – declarar, na petição inicial ou na contestação, 
o endereço, seu número de inscrição na Ordem 
dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade 
de advogados da qual participa, para o 
recebimento de intimações; 
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer 
mudança de endereço. 
II – comunicar ao juízo qualquer mudança de 
endereço. 
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o 
disposto no no I deste artigo, o juiz, antes de 
determinar a citação do réu, mandará que se 
supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas, sob pena de indeferimento da 
petição; se infringir o previsto no no II, reputar-
se-ão válidas as intimações enviadas, em carta 
registrada, para o endereço constante dos autos. 
§ 1º Se o advogado descumprir o disposto no 
inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, 
no prazo de cinco dias, antes de determinar a 
citação do réu, sob pena de indeferimento da 
petição. 
 § 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso 
II, serão consideradas válidas as intimações 
enviadas por carta registrada ou meio eletrônico 
ao endereço constante dos autos. 
Art. 40. O advogado tem direito de: Art. 107. O advogado tem direito a: 
I - examinar, em cartório de justiça e secretaria 
de tribunal, autos de qualquer processo, salvo o 
disposto no art. 155; 
I – examinar, em cartório de fórum e secretaria 
de tribunal, mesmo sem procuração, autos de 
qualquer processo, independentemente da fase 
de tramitação, assegurados a obtenção de cópias 
e o registro de anotações, salvo na hipótese de 
segredo de justiça, nas quais apenas o advogado 
constituído terá acesso aos autos; 
II - requerer, como procurador, vista dos autos 
de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) 
dias; 
II – requerer, como procurador, vista dos autos 
de qualquer processo, pelo prazo de cinco dias; 
III - retirar os autos do cartório ou secretaria, 
pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar 
neles por determinação do juiz, nos casos 
previstos em lei. 
III – retirar os autos do cartório ou secretaria, 
pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber 
falar por determinação do juiz, nos casos 
previstos em lei. 
§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará 
carga no livro competente. 
§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará 
carga em livro ou documento próprio. 
§ 2º Sendo comum às partes o prazo, só em 
conjunto ou mediante prévio ajuste por petição 
nos autos, poderão os seus procuradores retirar 
os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a 
qual cada procurador poderá retirá-los pelo 
prazo de 1 (uma) hora independentemente de 
ajuste. 
§ 2º Sendo o prazo comum às partes, os 
procuradores poderão retirar os autos somente 
em conjunto ou mediante prévio ajuste, por 
petição nos autos. 
§ 3º Na hipótese do § 2º, é lícito ao procurador 
retirar os autos para obtenção de cópias, pelo 
prazo de duas a seishoras, independentemente 
de ajuste e sem prejuízo da continuidade do 
prazo. 
 § 4º O procurador perderá no mesmo processo o 
direito a que se refere o § 3º se não devolver os 
autos tempestivamente, salvo se o prazo for 
prorrogado pelo juiz. 
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De se registrar que, em situações emergenciais, o advogado 
poderá intentar a ação e pedir prazo para exibir o instrumento de mandato. 
 
Emenda ou complementação da petição inicial: 
(v. arts. 284 do CPC de 1973 e 321 do CPC de 2015). 
O juiz, no controle prévio de admissibilidade da petição 
inicial, pode identificar defeitos capazes de dificultar a defesa ou o 
julgamento do mérito. Deve determinar então a emenda ou complementação 
da petição. Se a diligência não for cumprida a contento, tem lugar o 
indeferimento da petição inicial, com a extinção do processo sem exame do 
mérito (v. arts. 267, I, CPC de 1973 e 485, I, do CPC de 2015). 
No CPC de 2015, o prazo para essa emenda ou 
complementação da inicial passou a ser de 15 dias; e o juiz deve indicar com 
precisão o que deve ser corrigido ou completado. 
Art. 284. Verificando o juiz que a petição 
inicial não preenche os requisitos exigidos nos 
arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e 
irregularidades capazes de dificultar o 
julgamento de mérito, determinará que o autor 
a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) 
dias. 
Art. 321. Verificando o juiz que a petição inicial 
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou 
que apresenta defeitos e irregularidades capazes 
de dificultar o julgamento de mérito, determinará 
que o autor, no prazo de quinze dias, a emende 
ou a complete, indicando com precisão o que 
deve ser corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a 
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a 
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
 
Causas de indeferimento da petição inicial: 
Seção III (CPC de 1973) Seção III (CPC de 2015) 
Do Indeferimento da Petição Inicial Do Indeferimento da Petição Inicial 
Art. 295. A petição inicial será indeferida: Art. 330. A petição inicial será indeferida 
quando: 
I - quando for inepta; I – for inepta; 
II - quando a parte for manifestamente 
ilegítima; 
II – a parte for manifestamente ilegítima; 
III - quando o autor carecer de interesse 
processual; 
III – o autor carecer de interesse processual; 
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a 
decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); 
 
V - quando o tipo de procedimento, escolhido 
pelo autor, não corresponder à natureza da 
 
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causa, ou ao valor da ação; caso em que só não 
será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de 
procedimento legal; 
VI - quando não atendidas as prescrições dos 
arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284. 
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 1061 e 
3212. 
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição 
inicial quando: 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial 
quando: 
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
 
 II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as 
hipóteses legais em que se permite o pedido 
genérico; 
II - da narração dos fatos não decorrer 
logicamente a conclusão; 
III – da narração dos fatos não decorrer 
logicamente a conclusão; 
III - o pedido for juridicamente impossível; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. 
 § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão 
de obrigação decorrente de empréstimo, 
financiamento ou alienação de bens, o autor terá 
de, sob pena de inépcia, discriminar na petição 
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas 
que pretende controverter, além de quantificar o 
valor incontroverso do débito. 
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso 
deverá continuar a ser pago no tempo e modo 
contratados. 
 
I - inépcia da petição inicial: diz respeito à imperfeição do 
libelo, ou seja, deficiência na formulação do pedido ou da causa de pedir; não 
é, portanto, qualquer defeito que representa essa inépcia; ver então as 
hipóteses no parágrafo único do artigo 295 do CPC de 1973 e no § 1º do 
artigo 330 do CPC de 2015; 
 
1 Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: 
I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos 
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de 
intimações; 
II – comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. 
§ 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 
(cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. 
§ 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por 
carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos. 
2 Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que 
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no 
prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou 
completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
 13 
II - ilegitimidade “ad causam” manifesta, ativa ou passiva: 
considerando a situação fática exposta na inicial, pode o juiz verificar desde 
logo a ilegitimidade das partes, pronunciando-a; 
III - falta de interesse processual: o juiz irá verificar a 
necessidade e utilidade da prestação jurisdicional; exemplo: o juiz verifica 
que o medicamento está disponível na rede pública, podendo ser obtido sem a 
prestação jurisdicional; é caso então de reconhecer a falta de interesse de agir, 
indeferindo desde logo a petição inicial; 
OBS.: a) nas hipóteses dos incisos II e III identifica-se a 
carência da ação (falta de condições da ação); 
b) o exame da presença das condições da ação deve ser feito 
pelo juiz com abstração do fato do autor ter ou não o direito que se atribui, ou 
seja, se as afirmações do autor são verdadeiras ou não é questão que envolve 
o mérito da causa e não a carência da ação; 
c) no CPC de 2015 a ocorrência de decadência ou prescrição, 
identificada desde logo pelo juiz no controle de admissibilidade da petição 
inicial, não induz ao indeferimento desta (conforme técnica estabelecida no 
CPC de 1973), mas ao julgamento liminar de improcedência do pedido, tal 
como previsto no artigo 332, § 1º3; 
d) no CPC de 2015 não mais consta, como causa de 
indeferimento da inicial, a impossibilidade de adaptação ao tipo de 
procedimento legal (v. inciso V do art. 295 do CPC de 1973, supra transcrito); 
 
3 Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará 
liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos; 
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; 
IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a 
ocorrência de decadência ou de prescrição. 
 14 
IV - não atendimento das prescriçõesdos artigos 106 e 321 
do CPC de 2015 – v. transcrição anterior desses dois dispositivos em 
rodapé. 
OBS.: o fato do juiz receber a petição inicial não afasta a 
possibilidade de indeferi-la posteriormente, de ofício ou mediante provocação 
do réu. Não há preclusão para o juiz, pois a aptidão da petição inicial é 
requisito essencial para a outorga da prestação jurisdicional. 
O provimento do juiz que indefere a petição inicial representa 
uma sentença terminativa, extinguindo-se então o processo sem exame do 
mérito (v. art. 267, I, do CPC de 1973 e 485, I, do CPC de 2015). Cabe 
recurso de apelação, no prazo de quinze dias. 
Normalmente, diante do recurso de apelação, o juiz não pode 
exercer o chamado juízo de retratação, ou seja, não pode reformar a sentença 
proferida. 
Mas temos duas hipóteses excepcionais em que o juízo de 
retratação é admitido, diante da apelação do autor: 
1 – v. arts. 296 do CPC de 1973 e 331 do CPC de 2015: 
Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor 
poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 
(quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor 
poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 
cinco dias, retratar-se. 
Parágrafo único. Não sendo reformada a 
decisão, os autos serão imediatamente 
encaminhados ao tribunal competente. 
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará 
citar o réu para responder ao recurso. 
 § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o 
prazo para a contestação começará a correr da 
intimação do retorno dos autos, observado o 
disposto no art. 334. 
 § 3º Não interposta a apelação, o réu será 
intimado do trânsito em julgado da sentença. 
 
Nessa primeira hipótese, o juiz indefere liminarmente a petição 
inicial, ou seja, antes da citação do réu; 
se o autor apelar, o juiz poderá reformar a sentença proferida e 
determinar o prosseguimento da ação (no CPC de 1973 a retratação deve se 
 15 
dar no prazo de 48 horas, enquanto no CPC de 2015 esse prazo passou a ser 
de cinco dias); 
no CPC de 1973, se o juiz não reformar sua sentença, 
determinará a imediata remessa dos autos ao Tribunal para julgamento da 
apelação; não há previsão de citação do réu para responder ao recurso; já no 
CPC de 2015, se não houver retratação, o réu deverá ser citado para 
responder ao recurso; por via de consequência, se a sentença for reformada 
pelo Tribunal, com determinação de prosseguimento da ação, o prazo para o 
réu contestar começará a correr automaticamente da intimação do retorno dos 
autos, observado o disposto no art. 334; 
2 – v. arts. 285-A do CPC de 1973 e 332 do CPC de 2015: 
 CAPÍTULO III 
 DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO 
PEDIDO 
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for 
unicamente de direito e no juízo já houver sido 
proferida sentença de total improcedência em 
outros casos idênticos, poderá ser dispensada a 
citação e proferida sentença, reproduzindo-se o 
teor da anteriormente prolatada. 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase 
instrutória, o juiz, independentemente da citação 
do réu, julgará liminarmente improcedente o 
pedido que contrariar: 
 I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal 
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
 II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal 
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; 
 III – entendimento firmado em incidente de 
resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
 IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça 
sobre direito local. 
 § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente 
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a 
ocorrência de decadência ou de prescrição. 
 § 2º Não interposta a apelação, o réu será 
intimado do trânsito em julgado da sentença, nos 
termos do art. 241. 
§ 1º Se o autor apelar, é facultado ao juiz 
decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter 
a sentença e determinar o prosseguimento da 
ação. 
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-
se em cinco dias. 
§ 2º Caso seja mantida a sentença, será 
ordenada a citação do réu para responder ao 
recurso. 
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o 
prosseguimento do processo, com a citação do 
réu; se não houver retratação, determinará a 
 16 
citação do réu para apresentar contrarrazões, no 
prazo de quinze dias. 
 
Temos julgamento liminar de mérito nessas hipóteses, ou seja, 
ocorrerá o julgamento de plano da causa, prescindindo-se da citação do réu; 
isso é possível quando a matéria controvertida for exclusivamente de 
direito, ou seja, quando a causa dispensa a fase instrutória; 
no CPC de 1973, para que ocorra esse julgamento liminar de 
mérito, basta que naquele juízo já tenha sido proferida sentença de total 
improcedência em outros casos idênticos, reproduzindo-se então o teor da 
anteriormente prolatada; 
já no CPC de 2015, tem lugar a improcedência liminar do 
pedido do autor se ele contrariar a jurisprudência consolidada no âmbito dos 
tribunais superiores ou enunciado de súmula de Tribunal de Justiça sobre 
direito local; cabe também o julgamento liminar de improcedência se o juiz 
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou prescrição; 
o autor pode então apelar dessa sentença de improcedência, no 
prazo de quinze dias; diante da apelação do autor, o juiz poderá reformar essa 
sentença em cinco dias, determinando o prosseguimento da ação; mantida a 
sentença, o réu deverá ser citado para responder o recurso, em quinze dias; na 
sequência, os autos são remetidos ao tribunal competente para julgamento do 
apelo. 
 
ALTERAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL 
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor 
modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o 
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas 
partes, salvo as substituições permitidas por lei. 
Art. 329. O autor poderá: 
I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a 
causa de pedir, independentemente de 
consentimento do réu; 
II – até o saneamento do processo, aditar ou 
alterar o pedido e a causa de pedir, com 
consentimento do réu, assegurado o 
contraditório mediante a possibilidade de 
manifestação deste no prazo mínimo de 15 
(quinze) dias, facultado o requerimento de prova 
 17 
suplementar. 
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da 
causa de pedir em nenhuma hipótese será 
permitida após o saneamento do processo. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste 
artigo à reconvenção e à respectiva causa de 
pedir. 
 
Alterações objetivas: dizem respeito ao libelo, ou seja, à 
indicação da causa de pedir e do pedido. 
Antes da citação do réu, a alteração ou o aditamento do pedido 
ou da causa de pedir são admitidos sem restrições. Após a citação, a alteração 
ou o aditamento dependem de consentimento do réu, assegurando-se, todavia, 
o contraditório; proferida decisão de saneamento, tais alterações objetivas não 
mais serão admitidas (v. artigos supra transcritos). 
Alterações subjetivas: dizem respeito às partes. Após a 
citação, só são admitidas as substituições previstas em lei. 
No caso de falecimento, a parte deve ser substituída pelo 
espólio ou pelos herdeiros e sucessores. 
Alegada pelo réu sua ilegitimidade ad causam, deverá ele 
indicar quem deve legitimamente figurar como sujeito passivo da relação 
jurídica discutida; no CPC de 1973 há previsão de nomeação à autoria, como 
forma de intervenção de terceiros (v. arts. 64 a 69); no CPC de 2015, essa 
indicação deve ser feita na própria contestação, conforme artigo 339, verbis: 
“Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar 
o sujeito passivo darelação jurídica discutida sempre que tiver 
conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e 
de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de 
indicação. 
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 
(quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do 
réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. 
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a 
petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito 
indicado pelo réu.” 
 18 
Aceita essa indicação, teremos então a substituição do réu 
originário; no CPC de 2015, o autor pode optar pela formação de 
litisconsórcio passivo, incluindo então na relação processual o sujeito 
indicado pelo réu. 
Em caso de alienação ou cessão do direito ou da coisa 
litigiosa, no curso de processo já instaurado, só haverá substituição do 
vendedor ou cedente pelo adquirente ou cessionário com anuência do 
adversário (v. arts. 42 do CPC de 1973 e 109 do CPC de 2015). 
CAPÍTULO IV (CPC DE 1973) CAPÍTULO IV (CPC DE 2015) 
DA SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS 
PROCURADORES 
DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS 
PROCURADORES 
Art. 41. Só é permitida, no curso do processo, a 
substituição voluntária das partes nos casos 
expressos em lei. 
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita 
a sucessão voluntária das partes nos casos 
expressos em lei. 
Art. 42. A alienação da coisa ou do direito 
litigioso, a título particular, por ato entre vivos, 
não altera a legitimidade das partes. 
Art. 109. A alienação da coisa ou direito 
litigioso por ato entre vivos, a título particular, 
não altera a legitimidade das partes. 
§ 1º O adquirente ou o cessionário não poderá 
ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou 
o cedente, sem que o consinta a parte contrária. 
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá 
ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou 
cedente, sem que o consinta a parte contrária. 
§ 2º O adquirente ou o cessionário poderá, no 
entanto, intervir no processo, assistindo o 
alienante ou o cedente. 
§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir 
no processo como assistente litisconsorcial do 
alienante ou cedente. 
§ 3º A sentença, proferida entre as partes 
originárias, estende os seus efeitos ao 
adquirente ou ao cessionário. 
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença 
proferida entre as partes originárias ao 
adquirente ou cessionário. 
Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das 
partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio 
ou pelos seus sucessores, observado o disposto 
no art. 265. 
Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das 
partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou 
seus sucessores, observado o disposto no art. 
313, §§ 1º e 2º. 
 
PEDIDO 
É o objeto da ação. É a expressão da pretensão do demandante. 
Não há ação sem pedido. 
No pedido temos a postulação de uma providência 
jurisdicional na tutela de um bem jurídico. 
Fala-se então em pedido imediato e pedido mediato. 
 19 
O pedido imediato corresponde à providência jurisdicional 
pretendida pela parte. No processo de conhecimento, a providência 
jurisdicional almejada é uma sentença de mérito, que pode ser meramente 
declaratória, condenatória ou constitutiva. 
Já o pedido mediato corresponde ao bem jurídico (bem da 
vida) a ser tutelado pelo órgão jurisdicional. 
Ex. em uma ação de indenização, o pedido imediato é a 
sentença condenatória; já o pedido mediato é a reparação dos danos 
ocasionados ao autor. 
Ex. em uma ação de rescisão de negócio jurídico (contrato), o 
pedido imediato será a prolação de sentença constitutiva; já o pedido mediato 
é a desconstituição do negócio jurídico. 
Ex. em uma ação declaratória de nulidade de negócio jurídico, 
por incapacidade absoluta do contratante, o pedido imediato é a sentença 
meramente declaratória e o pedido mediato corresponde justamente à 
declaração judicial da nulidade. Nesse caso (nas ações meramente 
declaratórias) o pedido imediato e o mediato se confundem; a simples 
declaração judicial já esgota a finalidade da ação. 
 
REQUISITOS DO PEDIDO 
(v. art. 286, caput, do CPC de 1973 e arts. 322 e 324 do CPC 
de 2015) 
O pedido deve ser certo, determinado e concludente. 
Pedido certo: quer dizer pedido expresso, explícito. 
Pedido determinado: significa pedido delimitado na sua 
qualidade e na sua quantidade. O pedido mediato pode ser indeterminado em 
alguns casos. 
Pedido concludente: deve resultar logicamente da causa de 
pedir (caso contrário, haverá inépcia da petição inicial). 
 20 
É o pedido que vai delimitar o conteúdo da sentença. O juiz 
fica adstrito (vinculado) ao que foi postulado pela parte. 
 
ESPÉCIES DE PEDIDO 
1 - Pedido determinado ou genérico: arts. 286, I a III, do 
CPC de 1973 e 324, § 1º, do CPC de 2015. 
Art. 286. O pedido deve ser certo ou 
determinado. É lícito, porém, formular pedido 
genérico: 
Art. 324. O pedido deve ser determinado. 
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I - nas ações universais, se não puder o autor 
individuar na petição os bens demandados; 
I – nas ações universais, se o autor não puder 
individuar os bens demandados; 
II - quando não for possível determinar, de 
modo definitivo, as consequências do ato ou do 
fato ilícito; 
II – quando não for possível determinar, desde 
logo, as consequências do ato ou do fato; 
III - quando a determinação do valor da 
condenação depender de ato que deva ser 
praticado pelo réu. 
III – quando a determinação do objeto ou do 
valor da condenação depender de ato que deva 
ser praticado pelo réu. 
 § 2º O disposto neste artigo aplica-se à 
reconvenção. 
 
O pedido é determinado desde que assinale todas as 
características do bem jurídico pretendido, de modo a distingui-lo de qualquer 
outro. Em princípio, o autor deve indicar o que é devido (“an debeatur”) e o 
quanto devido (“quantum debeatur”). 
O pedido genérico é aquele determinado no que toca ao que é 
devido, mas indeterminado no que se refere ao quantum devido. A definição 
do quantum devido pode ocorrer na própria sentença de mérito ou será 
relegada para a fase de liquidação de sentença. 
I – É possível pedido genérico nas ações universais. A ação 
universal se refere a uma universalidade de fato (rebanho, biblioteca) ou de 
direito (herança). Exemplo: o filho não reconhecido pelo de cujus ingressa 
com ação de investigação de paternidade mais petição de herança; no que toca 
ao segundo pedido, postulará o seu quinhão na herança sem individualizar os 
bens que vão integrar esse quinhão. 
 21 
II – É possível pedido genérico quando não for possível 
determinar desde logo as consequências do ato ou fato ilícito. Exemplo: o 
autor pede a condenação do réu a compor danos materiais e morais sem 
definir o valor devido, que será apurado no curso do procedimento ou na fase 
de liquidação de sentença. 
III – Também é possível pedido genérico quando a 
determinação do valor devido depender de ato a ser praticado pelo réu. Ex. 
ação de prestação de contas; eventual saldo credor só será definido a partir da 
exibição das contas pelo réu. 
2 - Pedido fixo ou alternativo: arts. 288 do CPC de 1973 e 
325 do CPC de 2015. 
Art. 288. O pedido será alternativo, quando, 
pela natureza da obrigação, o devedor puder 
cumprir a prestação de mais de um modo. 
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela 
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir 
a prestação de mais de um modo. 
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo 
contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz 
Ihe assegurará o direito de cumprir a prestaçãode um ou de outro modo, ainda que o autor não 
tenha formulado pedido alternativo. 
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo 
contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe 
assegurará o direito de cumprir a prestação de 
um ou de outro modo, ainda que o autor não 
tenha formulado pedido alternativo. 
 
O autor pode formular pedido alternativo quando, pela 
natureza da obrigação, ela puder ser cumprida pelo réu por mais de um modo. 
Exemplo 1: ação de depósito; o autor pede a entrega do bem objeto do 
contrato ou o pagamento do equivalente em dinheiro. Exemplo 2: o 
adquirente de um terreno verifica que falta metragem em razão da venda 
contratada; pode pedir a complementação da área ou o abatimento do preço. 
De uma forma ou de outra, nesses exemplos, o autor terá a sua 
pretensão satisfeita. 
OBS.: Somente se fala em pedido alternativo se a escolha 
couber ao réu. Se a opção é do autor, ele deve apresentá-la na petição inicial, 
não sendo caso então de pedido alternativo. 
 22 
3 - Pedido principal e pedidos sucessivos ou subsidiários: 
arts. 289 do CPC de 1973 e 326 do CPC de 2015. 
Art. 289. É lícito formular mais de um pedido 
em ordem sucessiva, a fim de que o juiz 
conheça do posterior, em não podendo acolher 
o anterior. 
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido 
em ordem subsidiária, a fim de que o juiz 
conheça do posterior, em não acolhendo o 
anterior. 
 Parágrafo único. É lícito formular mais de um 
pedido, alternativamente, para que o juiz acolha 
um deles. 
 
É possível formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a 
fim de que o juiz conheça do posterior, se não puder acolher o anterior. 
Apresenta-se, então, um pedido principal e outro, subsidiariamente, caso 
aquele pedido principal não possa ser acolhido. Nesse caso, o juiz deve 
apreciar os pedidos na ordem em que foram apresentados. Ex.: “A” recebeu 
área menor do que a adquirida. Pede, então, em juízo, em primeiro lugar, a 
complementação da área, apresentando, em caráter subsidiário, pedido de 
rescisão do contrato e composição de perdas e danos. 
No CPC de 2015, o parágrafo único do art. 326 preconiza a 
possibilidade de formulação de mais de um pedido, conferindo ao juiz 
alternativa para acolher um deles; o juiz então não fica vinculado a uma 
ordem pré-estabelecida pela parte. 
4 - Pedido de prestações periódicas: arts. 290 do CPC de 
1973 e 323 do CPC de 2015. 
Art. 290. Quando a obrigação consistir em 
prestações periódicas, considerar-se-ão elas 
incluídas no pedido, independentemente de 
declaração expressa do autor; se o devedor, no 
curso do processo, deixar de pagá-las ou de 
consigná-las, a sentença as incluirá na 
condenação, enquanto durar a obrigação. 
Art. 323. Na ação que tiver por objeto 
cumprimento de obrigação em prestações 
sucessivas, essas serão consideradas incluídas no 
pedido, independentemente de declaração 
expressa do autor, e serão incluídas na 
condenação, enquanto durar a obrigação, se o 
devedor, no curso do processo, deixar de pagá-
las ou de consigná-las. 
 
Esse pedido diz respeito ao cumprimento de obrigações de 
trato sucessivo, ou seja, que se prolongam no tempo. Nesse caso, o autor pode 
pedir que sejam incluídas na condenação as prestações que se vencerem no 
 23 
curso do procedimento (normalmente, as que se vencerem até o trânsito em 
julgado da sentença seriam exigíveis do devedor nesse processo). 
OBS.: fala-se em prestações vincendas. 
Ex. ações de cobrança de encargos condominiais, de 
alimentos, aluguéis, prestações de financiamentos, etc. 
OBS.: as prestações vincendas podem ser incluídas na 
condenação independentemente de postulação expressa do autor, enquanto 
perdurar a obrigação. 
5 - Pedido cominatório. 
 CPC DE 1973 CPC DE 2015 
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o 
cumprimento de obrigação de fazer ou não 
fazer, o juiz concederá a tutela específica da 
obrigação ou, se procedente o pedido, 
determinará providências que assegurem o 
resultado prático equivalente ao do 
adimplemento. 
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a 
prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se 
procedente o pedido, concederá a tutela 
específica ou determinará providências que 
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente. 
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda 
e havendo justificado receio de ineficácia do 
provimento final, é lícito ao juiz conceder a 
tutela liminarmente ou mediante justificação 
prévia, citado o réu. A medida liminar poderá 
ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, 
em decisão fundamentada. 
 
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo 
anterior ou na sentença, impor multa diária ao 
réu, independentemente de pedido do autor, se 
for suficiente ou compatível com a obrigação, 
fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento 
do preceito. 
 
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a 
obtenção do resultado prático equivalente, 
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, 
determinar as medidas necessárias, tais como a 
imposição de multa por tempo de atraso, busca 
e apreensão, remoção de pessoas e coisas, 
desfazimento de obras e impedimento de 
atividade nociva, se necessário com requisição 
de força policial. 
 
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor 
ou a periodicidade da multa, caso verifique que 
se tornou insuficiente ou excessiva. 
 
 Parágrafo único. Para a concessão da tutela 
específica destinada a inibir a prática, a 
reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a 
 24 
sua remoção, é irrelevante a demonstração da 
ocorrência de dano ou da existência de culpa ou 
dolo. 
 
Cominar significa ameaçar pena, sanção. 
Esse pedido cominatório diz respeito às ações que visam o 
adimplemento de obrigações de fazer e de não fazer. O CPC estabelece 
medidas que podem ser determinadas pelo juiz para que se possa alcançar a 
tutela específica da obrigação, ou seja, resultado prático equivalente ao 
cumprimento espontâneo da obrigação pelo devedor. Uma das medidas é a 
fixação de pena pecuniária (“astreintes”) por dia de atraso no cumprimento da 
prestação. 
6 - Pedidos cumulados: arts. 292 do CPC de 1973 e 327 do 
CPC de 2015. 
Art. 292. É permitida a cumulação, num único 
processo, contra o mesmo réu, de vários 
pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. 
Art. 327. É lícita a cumulação, num único 
processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, 
ainda que entre eles não haja conexão. 
§ 1o São requisitos de admissibilidade da 
cumulação: 
§ 1º São requisitos de admissibilidade da 
cumulação que: 
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; I – os pedidos sejam compatíveis entre si; 
II - que seja competente para conhecer deles o 
mesmo juízo; 
II – seja competente para conhecer deles o 
mesmo juízo; 
III - que seja adequado para todos os pedidos o 
tipo de procedimento. 
III – seja adequado para todos os pedidos o tipo 
de procedimento. 
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder 
tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a 
cumulação, se o autor empregar o procedimento 
ordinário. 
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder 
tipo diverso de procedimento, será admitida a 
cumulação se o autor empregar o procedimento 
comum, sem prejuízo do emprego das técnicas 
processuais diferenciadas previstas nos 
procedimentos especiais a que se sujeitam um ou 
mais pedidos cumulados, que não forem 
incompatíveis com as disposições sobre o 
procedimento comum. 
 § 3º O inciso I do § 1º não se aplica às 
cumulações de pedidos de que trata o art. 326. 
 
É possívelcumular no mesmo processo vários pedidos contra 
o mesmo réu, ainda que entre eles não haja conexão, ou seja, decorram de 
relações jurídicas distintas. Ex. o autor pede a condenação do réu ao 
 25 
pagamento de uma dívida decorrente de contrato de empréstimo e outra 
decorrente de contrato de prestação de serviços. 
Essa cumulação de pedidos pode também decorrer da mesma 
relação jurídica. Ex. autor pede a rescisão de um contrato mais a composição 
de perdas e danos. Ex. o autor reclama o reconhecimento da paternidade mais 
a condenação do réu a pagar alimentos. 
Requisitos de admissibilidade da cumulação: 
- Compatibilidade entre os pedidos, ou seja, um pedido não 
pode excluir o outro. Ex.: em uma ação de depósito, o autor não pode pedir a 
entrega da coisa mais o pagamento do equivalente em dinheiro. Nesse caso, é 
possível formular pedido alternativo. 
- Competência do mesmo juízo para conhecer dos pedidos 
cumulados. Muitas vezes, não se pode cumular os pedidos em razão da 
incompetência absoluta do juízo para conhecer de todos eles. Ex.: empregado 
dispensado pela empresa pretende reclamar em juízo o pagamento das verbas 
rescisórias, bem como de uma quantia que emprestou à empregadora. Nesta 
hipótese, não é possível a cumulação, pois o pagamento das verbas 
trabalhistas deve ser postulado perante a Justiça do Trabalho e o pagamento 
do valor do empréstimo deve ser reclamado perante a Justiça Comum 
Estadual. 
- Adequação do mesmo tipo de procedimento para deduzir 
os pedidos cumulados. Muitas vezes, temos pedidos a serem cumulados, 
mediante ações de ritos especiais inconciliáveis. Ex.: pedido de prestação de 
contas e de consignação em pagamento. Nessas hipóteses, o legislador criou 
procedimentos específicos, tendo em vista as peculiaridades da pretensão, 
considerado o direito material. 
OBS.: a regra do § 2º do art. 327 do CPC de 2015 permite a 
cumulação quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de 
procedimento, se o autor empregar o procedimento comum; podem ser 
 26 
empregadas as técnicas processuais diferenciadas relativas aos procedimentos 
especiais, desde que não sejam incompatíveis com as disposições sobre o 
procedimento comum. 
 
INTERPRETAÇÃO DO PEDIDO 
Arts. 293 do CPC de 1973 e 322 do CPC de 2015. 
Art. 293. Os pedidos são interpretados 
restritivamente, compreendendo-se, entretanto, 
no principal os juros legais. 
Art. 322. O pedido deve ser certo. 
§ 1º Compreendem-se no principal os juros 
legais, a correção monetária e as verbas de 
sucumbência, inclusive os honorários 
advocatícios. 
 § 2º A interpretação do pedido considerará o 
conjunto da postulação e observará o princípio 
da boa-fé. 
 
Os pedidos devem ser interpretados restritivamente pelo juiz, 
ou seja, o juiz fica adstrito ao que foi expressamente postulado pela parte. O 
pedido deve ser certo, ou seja, expresso, explícito. Assim, não se admite, via 
de regra, pedido implícito. Mas temos exceções previstas em lei. Certos 
pedidos consideram-se compreendidos no pedido principal, ou seja, podem 
ser considerados pelo juiz independentemente de postulação expressa pela 
parte. 
 
EXCEÇÕES PREVISTAS EM LEI: 
- incidência dos juros legais; 
- incidência de correção monetária; 
- condenação nas verbas da sucumbência; 
- inclusão na condenação das prestações vincendas: arts. 290 
do CPC de 1973 e 323 do CPC de 2015. 
 
 
 
 27 
3ª Parte – abril/2015 - Tutelas Provisórias 
 
TUTELA PROVISÓRIA 
No sistema do CPC, temos duas espécies de tutela provisória: 
1 – tutela provisória antecipada, que pode fundamentar-se 
em “urgência” ou “evidência” (v. arts. 273 do CPC de 1973 e 294 do CPC 
de 2015); representa instituto típico de processo de conhecimento, pois 
envolve a antecipação do próprio provimento jurisdicional de mérito ou dos 
seus efeitos, ou seja, corresponde a adiantamento da tutela final, a ser 
outorgada na sentença de mérito de um processo de conhecimento; na 
concepção do CPC vigente, a tutela provisória antecipada só pode ser obtida 
nos autos do processo de conhecimento já instaurado, existindo previsão de 
requisitos específicos no citado artigo 273 (CPC/1973); 
No CPC de 2015, a parte poderá também deduzir desde logo o 
pedido de tutela final, instaurando processo de conhecimento, reclamando, já 
na petição inicial ou mesmo no curso do procedimento, a antecipação da 
tutela de mérito pretendida; mas o legislador inovou, permitindo que o autor 
possa apresentar, na petição inicial, apenas o pedido de tutela urgente 
antecipada, indicando em que consistirá o pedido de tutela final; nesse caso, 
se a tutela urgente antecipada for concedida pelo juiz e o réu não recorrer 
contra essa decisão, esse provimento provisório se estabilizará (v. art. 304 do 
CPC de 2015); o processo será então extinto e a tutela antecipada conservará 
seus efeitos, enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de 
mérito proferida em ação própria, ou seja, em um novo processo, a ser 
iniciado por qualquer das partes (v. §§ 1º a 6º do art. 304 do CPC de 2015); 
Como se vê, o novo Código cuidou de disciplinar um 
procedimento específico para a tutela antecipada requerida em caráter 
antecedente (ou seja, provimento provisório requerido antes da apresentação 
do pedido de tutela final), quando estiver presente o perigo da demora da 
 28 
prestação da tutela jurisdicional definitiva (v. arts. 303 e 304 do CPC de 
2015). 
É de se considerar, por outro lado, que a tutela antecipada 
provisória pode fundamentar-se em evidência, ou seja, pode ser requerida e 
concedida sem o pressuposto da urgência (sem a presença do periculum in 
mora). 
De acordo com o artigo 311 do CPC de 2015: 
“A tutela da evidência será concedida, independentemente da 
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do 
processo, quando: 
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto 
propósito protelatório da parte; 
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas 
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em súmula vinculante; 
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova 
documental adequada do contrato de depósito, caso em que será 
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de 
multa; 
IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente 
dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha 
prova capaz de gerar dúvida razoável. 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá 
decidir liminarmente.” 
Cumpre observar aqui que o texto do novo CPC traz inovações 
e uma nova técnica na disciplina da antecipação da tutela de mérito. 
 
2 - tutela cautelar. 
No CPC vigente, de 1973, a medida cautelar, antecedente ou 
incidental, deve ser sempre requerida em processo autônomo (v. arts. 796 e 
seguintes); fala-se em processo acessório, que visa simplesmente assegurar a 
 29 
eficácia e utilidade do processo principal, que pode ser de conhecimento ou 
de execução. 
No novo CPC, operou-se uma alteração substancial no sistema 
voltado à concessão da tutela cautelar; o legislador procurou unificar, na parte 
geral do Código, o regime das tutelas provisórias. 
Mas continuam existindo diferenças entre a tutela cautelar e a 
tutela antecipada, embora ambas sejam concedidas pelo juiz a partir de 
cognição sumária (averiguação superficial e provisória dos fatos da causa). 
A propósito, o parágrafo único do artigo 294 do CPC de 2015 
estabelece devidamente que a tutela provisória de urgência, cautelar ou 
antecipada, pode ser concedida em caráter antecedenteou incidental; ou seja, 
faz clara distinção entre a tutela de urgência antecipada, de caráter satisfativo, 
e a outra, de caráter meramente preventivo (tutela cautelar). 
 
Tutela Antecipada 
O art. 273 do CPC de 1973 é que veio a instituir a 
possibilidade da antecipação da tutela de mérito pretendida pela parte, em 
qualquer processo de conhecimento, mediante cognição sumária (averiguação 
superficial e provisória dos fatos da causa). 
A sentença de mérito é proferida a partir de uma cognição 
exauriente, ou seja, a partir de um exame aprofundado dos elementos de 
convicção coligidos no curso do procedimento. 
O juiz pode, então, a requerimento da parte, antecipar total ou 
parcialmente o próprio provimento de mérito pretendido ou os seus efeitos. 
Essa tutela provisória é instituto típico de processo de conhecimento, pois 
apenas neste tipo de processo temos o julgamento do mérito de uma causa. 
A ideia do legislador foi a de evitar os males corrosivos do 
tempo no processo, tratando de forma diferenciada o direito que se mostra 
 30 
evidente. Quando concede a tutela antecipada, o juiz adianta os efeitos da 
sentença de mérito a ser proferida na ação de conhecimento. 
Ex.: “A” comprou um imóvel e pagou o preço ajustado, mas o 
vendedor não entregou o imóvel no prazo devido. O comprador pode, então, 
ajuizar uma ação de imissão na posse, pedindo, desde logo, tutela antecipada 
para ocupar de imediato o imóvel adquirido. 
Ex.: pessoa carente reclama em juízo o fornecimento de 
medicamentos de alto custo pelo Estado. É possível requerer tutela antecipada 
para obter desde logo esse fornecimento. 
Nesses casos, verifica-se que a parte pode obter a fruição 
antecipada do direito afirmado, ou seja, antes mesmo da outorga da tutela 
jurisdicional definitiva. 
OBS.: antes da alteração do art. 273 do CPC/73, em 1994, já 
havia previsão de concessão de tutela antecipada em procedimentos 
específicos previstos no CPC e em leis esparsas. Ex.: fixação de prestação 
provisória em ação de alimentos; reintegração liminar em ação possessória; 
medida liminar em mandado de segurança, etc. 
A tutela antecipada representa uma prestação jurisdicional 
provisória de caráter satisfativo e não se confunde com tutela cautelar. 
Como já realçado, essa distinção também pode ser inferida do 
texto do CPC de 2015, que será reproduzido adiante. 
Na verdade, a tutela provisória cautelar, sempre concedida 
com fundamento na urgência, visa apenas assegurar o estado de fato enquanto 
se aguarda a tutela satisfativa definitiva, ou seja, enquanto se aguarda a 
apreciação do pedido principal; ela tem caráter preventivo, e não satisfativo 
como a tutela antecipada. Enquanto na tutela antecipada a ideia é satisfazer de 
antemão o direito da parte que se mostra evidente, na tutela cautelar a ideia é 
somente assegurar a eficácia e utilidade da tutela satisfativa. 
 31 
Ex. 1 de tutela cautelar: ao determinar o sequestro de um bem, 
o juiz apenas estará assegurando a sua higidez, ou seja, o provimento tem 
apenas um caráter preventivo (evitar o perecimento ou a dilapidação do bem, 
de modo a assegurar a sua entrega a quem de direito nos autos da ação 
principal). 
Ex. 2: a mulher, pretendendo ajuizar ação de divórcio, requer 
em caráter antecedente o arrolamento dos bens do casal, de modo a assegurar 
a futura partilha, a ser deliberada quando da eventual decretação da dissolução 
do vínculo conjugal. 
OBS.: o novo CPC inovou e a tutela provisória cautelar poderá 
ser concedida, em caráter incidental, nos próprios autos do processo de 
conhecimento ou de execução em curso, ou seja, não se exige mais que a 
medida cautelar nessas condições seja reclamada em processo cautelar 
autônomo; aproveita-se a mesma relação processual em que tramita o pedido 
de tutela principal; há também disciplina própria, no CPC de 2015, para 
requerer e obter tutela cautelar em caráter antecedente, ou seja, antes de se 
propor o pedido de tutela principal. 
Uma vez concedida a tutela cautelar, em caráter antecedente, o 
autor deve formular o pedido principal em 30 dias, sob pena de cessação da 
eficácia da medida; o requerido será citado para apresentar contestação em 5 
dias; caso venha a cessar a eficácia da tutela preventiva, o pedido não pode 
ser renovado, salvo sob fundamento diverso. 
Observações sobre tutela provisória: 
a) em princípio, não pode ser concedida de ofício pelo juiz, 
ou seja, depende de requerimento da parte; 
b) tem lugar a antecipação da tutela de mérito em qualquer 
processo de conhecimento, seja qual for o rito adotado; cabe, inclusive, no 
procedimento sumaríssimo do JEC; 
 32 
c) nas ações de conhecimento meramente declaratórias e 
constitutivas é possível a antecipação dos efeitos da sentença de mérito a ser 
proferida (antecipam-se os efeitos, e não o próprio provimento de mérito); 
d) a tutela antecipada pode ser requerida pelo autor, pelo réu 
quando este apresente reconvenção, pelo terceiro interveniente (assistente) e 
pelo Ministério Público como fiscal da lei; 
e) a expressão “liminar” tem um conteúdo temporal, ou seja, 
representa um provimento jurisdicional que é concedido “initio litis”, ou seja, 
no início, no limiar do procedimento, antes mesmo da citação da parte 
contrária; não se confunde tutela cautelar com liminar; a tutela cautelar pode 
ser concedida liminarmente no processo cautelar; e a tutela antecipada pode 
ser concedida liminarmente, ou seja, antes da citação do réu, mas pode 
também ser concedida em outros momentos do processo. 
 
Disposições gerais sobre tutela provisória no CPC de 2015 
(v. arts. 294 a 299) 
“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou 
evidência. 
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou 
antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. 
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental 
independe do pagamento de custas. 
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência 
do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. 
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela 
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. 
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar 
adequadas para efetivação da tutela provisória. 
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as 
normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. 
 33 
Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a 
tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso. 
Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, 
quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. 
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de 
competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será 
requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito.” 
 
Disposições gerais sobre tutela provisória de urgência 
(cautelar ou antecipada) 
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver 
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o 
risco ao resultado útil do processo. 
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, 
conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos 
que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte 
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou 
após justificação prévia. 
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será 
concedidaquando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. 
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser 
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto 
contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do 
direito. 
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, 
a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à 
parte adversa, se: 
I – a sentença lhe for desfavorável; 
II – obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não 
fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) 
dias; 
 34 
III – ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer 
hipótese legal; 
IV – o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da 
pretensão do autor. 
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a 
medida tiver sido concedida, sempre que possível.” 
O novo CPC, como se vê, estabelece uma disciplina geral para 
a concessão da tutela de urgência, não estabelecendo requisitos específicos 
para a tutela cautelar e para a tutela antecipada, como ocorre no CPC de 1973. 
Fala-se apenas em presença de elementos que evidenciem a 
probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do 
processo; no caso de tutela de urgência de natureza antecipada subsiste o 
requisito adicional de não se identificar perigo de irreversibilidade dos efeitos 
da decisão. 
Não há mais previsão de medidas cautelares típicas ou 
nominadas, apontando-se, exemplificativamente, algumas providências que 
podem ser efetivadas em caráter preventivo, como arresto, sequestro, 
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem, 
explicitando-se a possibilidade do deferimento de qualquer outra medida 
idônea para asseguração do direito. 
De toda sorte, possível entrever que para a concessão de tutela 
provisória de natureza antecipada exige-se mais do que o fumus boni iuris 
necessário à obtenção de uma tutela cautelar; para a concessão desta, basta a 
aparência do bom direito, mas para a concessão de tutela antecipada exige-se 
a evidência do direito afirmado; o CPC vigente fala em oferecimento de prova 
consistente, que convença o juiz da verossimilhança da alegação do 
requerente; em se tratando de tutela de urgência, é indispensável a presença 
do periculum in mora; isso significa que a demora processual pode acarretar 
ao requerente lesão grave de difícil ou incerta reparação. 
 35 
A tutela cautelar sempre terá como requisito essencial a 
presença do periculum in mora. Já a tutela provisória antecipada nem sempre 
representará uma tutela de urgência, pois também pode ser concedida a partir 
de outros pressupostos, falando-se então, no CPC de 2015, em tutela da 
evidência (v. art. 311, já transcrito linhas atrás). 
OBS.: como já destacado, não se admite o provimento 
antecipatório quando houver perigo de irreversibilidade dos seus efeitos; 
embora represente uma tutela satisfativa, ela é provisória, devendo então ser 
considerada a possibilidade da reversão dos seus efeitos. 
Ex.: não se admite tutela antecipada para demolição ou 
modificação de prédio tombado pelo patrimônio histórico. 
Essa regra deve ser interpretada com temperamento quando se 
está diante de um interesse legitimamente superior a ser tutelado como direito 
à saúde e à vida. 
Segue reprodução dos artigos 303 a 310 do CPC de 2015, 
relativos aos procedimentos da tutela antecipada requerida em caráter 
antecedente e da tutela cautelar requerida em caráter antecedente. 
 
CAPÍTULO II 
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA 
EM CARÁTER ANTECEDENTE 
“Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à 
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela 
antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do 
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do 
processo. 
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste 
artigo: 
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação 
de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido 
de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; 
 36 
II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação 
ou de mediação na forma do art. 334; 
III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será 
contado na forma do art. 335. 
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º 
deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito. 
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo 
dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais. 
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor 
terá de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de 
tutela final. 
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-
se do benefício previsto no caput deste artigo. 
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a concessão de 
tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial 
em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem 
resolução de mérito. 
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, 
torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo 
recurso. 
§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto. 
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito 
de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do 
caput. 
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não 
revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que 
trata o § 2º. 
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos 
autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que 
se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. 
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, 
previsto no § 2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência 
da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º. 
 37 
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a 
estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, 
reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos 
do § 2º deste artigo. 
 
CAPÍTULO III 
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA 
EM CARÁTER ANTECEDENTE 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela 
cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição 
sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao 
resultado útil do processo. 
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o 
caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303. 
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, 
contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir. 
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo 
autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá 
dentro de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-
se-á o procedimento comum. 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser 
formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado 
nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo 
do adiantamento de novas custas processuais.

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