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Acesso à Justiça pelo Processo Estatal
Como o escopo magno da justiça é a solução de conflitos para ambas as partes tanto o demandante quanto ao demandado, é que se diz que o processo deve ser manipulado de modo a propiciar às partes o acesso à ordem jurídica justa (Kazuo Watanabe) termo esse da doutrina nacional recente entre quinze e vinte anos que substitui bem o antigo que seria acesso à justiça pois se entende que o acesso à justiça não significa somente ter mero acesso aos tribunais, mas sim, obter concretamente a tutela jurisdicional buscada.
As dinâmicas dos principios e garantias do processo, apontada para a pacificação com justiça são as seguintes:
·	 Oferece-se a mais ampla admissão de pessoas e causas ao processo;
·	 Garante a todas elas a observância da regras do devido processo legal;
·	 Participação intensa na formação do convencimento do juiz que irá julgar a causa paseado no princípio do contraditório;
·	 Efetividade de uma participação em diálogo;
Ao observarmos essa dinâmica dos princípios e garantias de um processo vemos que a pacificação com justiça não se importa unicamente em alcançar solução jurisdicional para os conflitos de interesses, mas sim, colocar o ordenamento jurídico à disposição das pessoas, significa introduzir mecanismos de facilitação não apenas do ingresso em juízo, mas também durante todo o desenvolvimento do procedimento jurisdicional, significa redução de custos, encurtamento de distâncias, duração razoável do processo, diminuição de recursos processuais e efetiva participação na relação processual.
Para a efetividade do processo é preciso superar obstáculos que ameaçam a boa qualidade do seu produto final que seria a solução de conflitos e fazer justiça. Esses obstáculos situam-se em quatro pontos sensíveis que são:
I) A admissão ao processo = É preciso eliminar as dificuldades econômicas, psicológicas ou culturais que impeçam ou desanimem as pessoas de litigiar ou difucultem o oferecimento de defesa adequada. Por isso a própria Constituição no seu art. 5°, inc. LXXIV, oferta a assistência jurídica integral gratuita. É por isso também que a regra indidualista segundo a qual cada qual só pode litigiar para a defesa de seus próprios direitos(CPC, art. 6°) está sendo abalada pela Lei da Ação Civil, que permitem ao Ministério Público e associações qualificadas a pleitear interesses coletivos ou difusos - assim como pela garantia constitucional do mandado de segurança coletivo (CF,art. 5°, incs. LXX E XXI)
II) O modo de ser do processo = No desenrolar de todo o processo é preciso que a ordem legal de seus atos seja observada (devido processo legal), que as partes tenham oportunidade em participar em diálogo com o juiz (contraditório), que este seja efetivo para a busca de elementos destinados à preparação dos julgamentos a serem proferidos. O juiz deve ser ativo nos atos processuais.
III) A justiça das decisões = O juiz deve pautar-senpelo critério de justiça a) ao conduzir o processo, b) ao apreciar a prova, c) ao enquadrar os fatos em normas jurídicas adequadas, d) ao interpretar os textos de direito positivo. Entre duas intrerpretações adequadas, deve pender por aquela que conduza a um resultado mais justo.
IV) Efetividade das decisões = Todo processo deve dar a quem tem um direito tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem direito de obter. A efetividade do processo deve servir de alerta contra tomadas de posição que tornem inúteis as medidas judiciais, deixando resíduos de injustiça.
Quanto as medidas urgentes constitui poderoso instrumento capaz de assegurar bons resultados, para que o processo cumpra com rapidez e integralmente suas funções. Os arts. 461 e 461-A, CPC, investem o juiz, de amplos poderes destinados a pressionar o obrigado a cumprir obrigações de fazer ou não fazer, de entregar algo que já foi sentenciado, sem necessidade de instaurar o processo executivo segundo os moldes traicionais tudo isso para que se tenha rapidez em se cumprir a lei.
CONCLUSÃO
Entendido o acesso à justiça como acesso à ordem jurídica justa, um importante fator a ser considerado é a efetividade do processo.
Porém, não basta assegurar abstratamente o direito de ação, é necessário garantir o acesso efetivo à tutela jurisdicional, por parte de quem dela necessita, seja em um momento pré-processual, seja na ocasião do efetivo ingresso no processo, seja no decorrer da prestação jurisdicional.
Efetividade da tutela jurisdicional significa a maior identidade possível entre o resultado do processo e o cumprimento espontâneo das regras de direito material. 
O acesso à Justiça, deve ser encarado como direito fundamental dos mais relevantes possíveis, já que permite, por meio de sua justa e razoável efetivação, a garantia de todas as disposições constitucionalmente tuteladas, de forma que se tenha como consequência lógica a proteção da Constituição e dos pilares de um Estado Democrático de Direito.
Acesso à justiça pelos meios alternativos
Os meios alternativos de solução de conflitos surgem com novos rumos serem trilhados para que também se tenha acesso à norma jurídica justa para aqueles que necessitam resolver seus conflitos de maneira, distinta dos moldes contidos no processo civil tradicional. Dentre esses meios alternativos temos a autotutela, arbitragem, mediação e conciliação.
 1. Autotutela
1.1 Conceito: 
Nas fases primitivas quem pretendesse alguma coisa que outrem o impedisse de obter haveria de, com sua própria força e na medida dela tratar de conseguir por si mesmo a satisfação dessa pretensão. A esse regime chama-se autotutela, essa medida não garantia justiça, mas a vitória do mais forte. 
Apesar da repulsa à autotutela como meio ordinário para a satisfação de pretensões em benefício do mais forte ou astuto, em relação a certos casos excepcionalíssimos a própria lei abre excecões a tal proibição. Por exemplo o direito de retenção contidos no (CC, arts. 578, 644, 1.219, 1.433, ins. II, 1.434 etc.), o desforço imediato (CC, art. 1210, § 1°), o direito de cortar raízes e ramos de árvores confinantes que ultrapassem a extrema do prédio(CC,art.1283), a autoexecutoriedade das decisões administrativas, etc. De serto modo podem ser incluídos entre essas exceções o poder estatal de efetuar prisões em flagrante (CPP, art. 301) e os atos que, embora tipificados como crimes, sejam realizados em legítima defesa ou estado de necessidade (CP, arts. 24 e 25 - CC arts. 188, 929 e 930)
 1.2 Característicos da autotutela:
a) ausência de juiz distinto das partes; 
b) imposição da decisão por uma das partes à outra.
2. Arbitragem
No âmbito brasileiro, a arbitragem está disciplinada pela Lei nº 9.307/96 que incorporou o que antes estava previsto no Código Civil e no Código de Processo Civil, revogando, modificando e introduzindo conteúdos. 
Esta lei institucionalizou um sistema de Justiça Privada, semelhante ao sistema de Justiça Pública, como uma forma de solução de conflito que envolve jurisdição contraditória (em que se colhe o depoimento das partes, ouve-se testemunhas, realiza-se perícias), com julgamento feito por um terceiro estranho em relação as partes, que escolhido por elas, decidirá o conflito estabelecido.
2.1. Quando a arbitragem poderá ser adotada:
·	 A arbitragem pode ser adotada em qualquer questão que envolva direito patrimonial disponível. São direitos patrimoniais disponíveis aqueles nos quais as partes podem livremente negociar – contratos em geral, tanto no campo civil, comercial, trabalhista e relações de consumo – tendo o árbitro plena capacidade jurídica para tanto.
2.1.2. Quando a arbitragem não poderá ser adotada:
·	Não estão no âmbito do direito disponível as questões relativas ao Direito de Família – em especial ao estado das pessoas, Direito de Sucessão, Direito Penal, entre outras –, as quais ficam fora dos limites em que pode atuar a autonomia da vontade do litigante.
2.2. Características da arbitragem:
a) A arbitragem, caracteriza-se pela ampla liberdade de contratação às partes dentro dos limites da lei epermite ao árbitro disciplinar o procedimento caso não haja convenção das partes nesse sentido;
b) Também possibilita maior celeridade na solução dos conflitos, prevista em média para seis meses;
c) maior economia processual, 
d) exigência de sigilo;
e) a sentença arbitral possui eficácia de título executivo judicial.
2.3. A instauração da arbitragem pode ocorrer de duas formas: 
1) Pela consolidação contratual, oportunidade em que as partes, pela autonomia negocial que possuem, em consenso, inserem cláusula compromissória, específica, com esferas próprias, para a disciplina de seus interesses. É importante que acláusula arbitral seja clara, com regras bem definidas, não sujeitas a duplas interpretações, de modo a facilitar a aplicação da arbitragem dentro dos limites da controvérsia.
2) Uma outra forma para o emprego da arbitragem seria o compromisso arbitral, que ocorre por meio da livre negociação entre as partes no momento em que ocorrem as controvérsias. Neste caso, a controvérsia já existe e não há qualquer eleição de foro para a solução, mas são as próprias partes que desviam do procedimento judicial e optam pelo arbitral. A aplicação da arbitragem somente ocorrerá se as partes livremente escolherem esse método.
3. Mediação (autocomposição)
A regulamentação da mediação, que já está encaminhada pelo projeto de lei nº 4.827/98, deve ser feita de forma adequada e completa, para manter a credibilidade da atividade, que muito contribui para a pacificação social ao possibilitar o entendimento e a compreensão entre os indivíduos.
Em latim, mediação procede de mediare, que significa “mediar, dividir ao meio ou intervir” Assim, pela mediação, o que se procura é administrar bem o conflito, aprendendo a lidar com ele, fazendo com que o relacionamento com a outra parte envolvida não seja prejudicado.
3.1. Objetivos da mediação:
 a) solução de problemas,
b) prevenção de conflitos, 
c) inclusão social,
d) paz social.
3.2 Quando é adotada a mediação:
 A mediação é mais adequada para aqueles conflitos oriundos de relações continuadas ou cuja continuação seja importante, como as relações familiares, empresariais, trabalhistas ou de vizinhança, porque permitirá o restabelecimento ou aprimoramento das mesmas. É o instrumento mais indicado para esses casos porque possibilita a compreensão do conflito pelas partes, para que possam melhor administrá-lo e evitar novos desentendimentos no futuro.
Na mediação os conflitos podem envolver apenas direitos patrimoniais disponíveis ou relativamente indisponíveis. Isso porque apenas esses direitos podem ser objeto de acordo extrajudicial. Feito um acordo, este pode ou não ser homologado pelo Judiciário, a critério das partes, como também a mediação pode ser feita em se tratando de matéria penal. Nos casos de crimes sujeitos à ação penal privada ou à ação penal pública condicionada, a mediação poderá culminar na renúncia da queixa-crime ou da representação. Nos casos sujeitos à ação penal pública incondicionada, a mediação também é possível, não para que se transacione sobre o direito de ação, que pertence ao Estado, mas apenas para que as partes dialoguem, caso queiram preservar seu relacionamento. 
3.3. A natureza da mediação no Brasil:
·	A mediação adotada atualmente em nosso país tem natureza jurídica de um contrato, pois é sempre baseada na manifestação da vontade das partes, criando, extinguindo ou modificando direitos, devendo constituir-se de objeto lícito e não defeso em lei, razão pela qual estão presentes os elementos formadores do contrato. Poderá ser objeto da mediação todo negócio jurídico no qual não incidam sanções penais e que não atente contra a moral e os bons costumes. A mediação rege-se pelos princípios da voluntariedade e da livre decisão dos mediados.
3.4. Caracteríticas da mediação:
a) a privacidade, 
b) economia financeira e de tempo, 
c) oralidade, 
d) reaproximação e equilíbrio das relações das partes,
e) autonomia das decisões.
3.5. Características do mediador:
a) O mediador é um terceiro imparcial, 
b) com competência técnica, que envolve conhecimentos básicos de Psicologia, Sociologia, direito em debate e comunicação, formas de manejo dos conflitos, dentre outros.
c) O mediador poderá também ser aquele indicado pelo juiz da causa, profissional do Estado, profissional da iniciativa privada ou eleito pelas partes
d) O mediador não precisa sequer possuir curso superior, porém deve ser capacitado para a mediação. 
e) De acordo com cada tipo de conflito é que as partes escolherão o mediador que melhor possa orientá-las, que tenha uma formação mais voltada para o caso específico.
3.6. Função do Mediador:
·	O mediador tem a função principal de facilitar a comunicação entre as partes, conduzindo o diálogo entre elas, escutando atentamente e formulando perguntas. O diálogo é o fundamento desse método, em que o conhecimento é extraído do interior da mente pela própria pessoa, a partir de um questionamento bem conduzido, que a encaminhe à essência do que se quer saber. 
·	Assim, pela análise da atuação do mediador pode-se perceber que este cargo exige treinamento e conhecimentos específicos. É uma atividade que envolve importantes valores sociais e a intimidade dos indivíduos. 
4. Conciliação (autocomposição)
 A conciliação está sendo adotada pelo próprio poder Judiciário, pois se encontra prevista nos artigos 277 e 331 do Código de Processo Civil, bem como na Justiça do Trabalho. A Lei nº. 9.958, de 12 de janeiro de 2000, criou as Comissões de Conciliação Prévia nas empresas e sindicatos, atendendo a um anseio esperado por muitos operadores do Direito e dos trabalhadores, como forma de desafogar a Justiça do Trabalho do excessivo número de processos, bem como, incentivar a solução extrajudicial. É obrigatória a tentativa de composição de conflitos por essas comissões antes de ingressar na via judicial.
Na conciliação o tratamento do conflito ocorre de forma superficial, em que o conciliador procura resolver o conflito sem apreciá-lo com profundidade, verificando o que há além dele.
4.1. Características da Conciliação:
 a) O conflito é administrado por um terceiro neutro e imparcial, 
 b) O conciliador poderá sugerir um possível acordo, após uma criteriosa avaliação das vantagens e desvantagens que tal proposição traria a ambas as partes.
c) O conciliador observa os aspectos objetivos do conflito, estimula uma solução rápida e não exaustiva da questão e assiste os contendores para que alcancem um acordo da sua responsabilidade.
 d) Assume uma posição mais ativa, em comparação com o mediador, chegando mesmo a propor uma solução para o litígio. 
4.2. Natureza da conciliação no Brasil
·	No Brasil, a conciliação é normalmente exercida por força de lei e obrigatoriamente por servidor público que se adjudica do poder e autoridade conferidos legalmente ao seu cargo para facilitar a resolução do litígio.
·	A conciliação é um meio de solução de conflitos com diversas naturezas (individuais, coletivas, civis, comerciais, trabalhistas, etc.), em que o conciliador não decide o conflito, mas age para facilitar, sugerindo até mesmo a forma de acordo entre as partes.
·	Enfim, a conciliação é um processo extrajudicial de resolução alternativa de disputas, ocorrendo a intervenção de um terceiro imparcial, mas que não é neutro, no sentido de conduzir o processo na direção do acordo, opinando e propondo soluções, as quais somente são firmadas pela vontade exclusiva das partes.
CONCLUSÃO
Diante da grande complexidade da sociedade atual, em virtude de os métodos tradicionais de resolução dos conflitos não conseguirem atender às necessidades sociais cada vez mais crescentes e complexas da população, os próprios indivíduos passam a buscar, com mais freqüência, meios consensuais para solucionar os conflitos com mais rápidez visando o bem comum e a paz social.
Portanto, devemos considerar os benefícios que as técnicas alternativas de solução de conflitos podem nos trazer, principalmente no que diz respeito ao acesso à Justiça.São técnicas que não vêm para subtrair o trabalho dos advogados, nem reduzir a competência do Judiciário, muito pelo contrário, pois são consideradas por vários profissionais de renome da área jurídica como técnicas que vêm para auxiliar, somar, incrementar e não para subtrair. 
BIBLIOGRAFIA GERAL
CARLOS DE ARAÚJO CINTRA, Antonio, GRINOVER, Ada Pellegrini, e RANGEL DINAMARCO, Candido. Teoria geral do processo. 30­­ª ed., revista, atualizada e aumentada. São Paulo, Malheiros Editores, 2014.
MARINONE, Luiz Guilherme. Teoria geral do processo. 3ª ed., vol. I., revista e atualizada. São Paulo, Ed. RT, 2008.
NED EL MARASCA, Elisângela. Meios alternativos de solução de conflitos como forma de aceso à justiça e efetivação da cidadania.

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