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RESUMOS DE MÉTODOS E SOLUÇÕES ALTERNATIVOS DE SOLUÇÕES DE CONFLITOS

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Os métodos alternativos de resolução de conflitos, negociação, conciliação, mediação e arbitragem, são meios complementares à jurisdição e não são adequados para todos os litígios.
 
O atual momento pelo qual passa o Poder Judiciário brasileiro, evidenciado pelos diversos fóruns, seminários, simpósios, programas de incentivo à conciliação etc., há muito demonstra o esgotamento pelo qual passa nosso sistema jurisdicional, revelando-nos a insuficiência, ineficácia e, por vezes, a insatisfação gerada pela atuação jurisdicional do magistrado, como modelo tradicionalmente adotado para a resolução de conflitos em uma sociedade.
 
Com vistas nesse cenário que nos apoiamos nos Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos (MARCs), como modelos aliados ao Poder Público, especialmente o Judiciário, e aptos a ampliar o acesso à justiça, de forma mais humana, equânime, legítima, e capaz de produzir desfechos idôneos a gerar efetiva satisfação para todas as partes em um litígio, concluindo-se, destarte, que os MARCs são, teleologicamente, expressão do acesso à justiça enquanto direito fundamental previsto na Constituição Federal e, portanto, merecedores de aprimoramento em homenagem ao princípio da máxima efetividade dos direitos fundamentais.
 
Convém conhecermos a evolução histórica dos Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos.
 
O instituto da arbitragem é um dos mais antigos que se tem notícia na história do Direito, havendo registros comprobatórios de sua origem bem antes do surgimento dos legisladores e do Estado – Juiz.
 
No início das civilizações, o homem utilizava seus instintos mais primitivos para resolver conflitos, prodominando a chamada “justiça com as próprias mãos”. Nesta época, as instituições eram, ainda, bastante tênues, carecendo de organização e autoridade para solucionar controvérsias.
 
Posteriormente, para que pudesse viver em sociedade, o homem teve que “abrir mão” de tais instintos, passando a outorgar ao chefe ou à pessoa mais idosa da comunidade, poderes para solucionar conflitos através da sabedoria, bem senso e, também, dos costumes. Daí temos a continuidade da Justiça Privada, só que não mais realizada diretamente pelo ofendido, mas pelo terceiro especialmente designado para solucionar as controvérsias. Somente em momento histórico bastante posterior é que a Justiça Pública seria oferecida pelo Estado.
 
Desta forma, sabendo-se que a Justiça Privada antecedeu a Estatal, vamos inicialmente encontrar as raízes do Juízo Arbitral no Direito Romano, com a criação de um quadro composto por membros idôneos e com certa representatividade dentro da sociedade, que tinham como objetivo dirimir extrajudicialmente conflitos decorrentes de negócios jurídicos realizados entre os cidadãos.
 
Entretanto, conforme foi o Estado Romano se publicizando, o chamado “arbitramento” da época foi cedendo lugar para o juízo estatal, surgindo o julgamento realizado pelo Imperador, na figura de um pretor.
 
Já a partir do século XII, encontramos na Idade Média diversos casos de Arbitragem entre cavaleiros, barões e proprietários feudais, além de ser o período em que surgiu a Arbitragem comercial, na medida em que os comerciantes preferiam ter seus litígios resolvidos por árbitros que eles mesmos escolhiam, muito mais rápidos e efeicientes em suas decisões que os Tribunais da época.
 
Em 1789, com a revolução francesa, teve a Arbitragem o seu apogeu, consolidando-se em decorrência da consagração dos Direitos do Homem, passando a ser obrigatória para solucionar várias questões. Posteriormente, a França substituiu esta forma de Arbitragem forçada pela facultativa.
 
No período em o Brasil era colônia de Portugal, a solução amigável dos conflitos esteve presente nas Ordenações Filipinas (Livro 3º, T. 20, § 1º).
 
No Brasil, a Constituição do Império de 1824, já dispunha acerca o juiz de paz, reconciliação, mediação e do Juízo Arbitral, nos seus arts. 160 e 161.
 
Através das Leis Orgânicas de 1831 e 1837, a utilização do Instituto passou a ser obrigatória para matérias relativas a seguro e locação comercial, abrangendo todos os conflitos de natureza mercantil com o advento do Código Comercial de 1850, desaparecendo, porém, em 1866. Na área trabalhista, foram criados mecanismos para solucionar conflitos mediante Mediação e Arbitragem em 1907, abolida, entretanto, em 1932, pois o Estado considerou-a um contra senso ao direito pátrio.
 
Em 1916, o Código Civil previu a possibilidade das partes submeterem suas controvérsias a um Tribunal Arbitral em seus artigos 1.037 e seguintes. A Constituição de 1934 também previu o Instituto, que foi prontamente revogado pela Constituição de 1937.
 
A Constituição de 1988, art. 114, §§ 1º e 2º, prevê a possibilidade de entidades sindicais elegerem árbitros para mediar suas questões.
 
Superados os obstáculos à utilização da Arbitragem, em 1996, foi publicada a Lei nº 9.307, a chamada Lei de Arbitragem, que trouxe à realidade um projeto iniciado há muito tempo.
 
Em 2015, entrou em vigência a Lei de Mediação (Lei nº 13.140/2015), para dispor sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Nesse mesmo ano, a Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/1996) sofreu atualização por meio da Lei nº 13.129/2015, para ampliar o âmbito de aplicação da arbitragem e dispor sobre a escolha dos árbitros quando as partes recorrem a órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem, a concessão de tutelas cautelares e de urgência nos casos de arbitragem, a carta arbitral e a sentença arbitral.
 
Podemos concluir que os Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos são instrumentos de pacificação social, garantidos constitucionalmente, na medida em que permite o acesso à justiça é um direito fundamental consagrado em nossa Carta Maior, devendo ser aplicados a sua máxima efetividade no plano fático.
 
O status de direito fundamental do acesso à justiça remete à discussão acerca da máxima efetividade dos Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos, no que tange à sua eficácia processual no ordenamento jurídico pátrio. Para isso, faz-se necessário o fomento a algumas reformas processuais com o intuito de fortalecer estes meios alternativos, otimizar as políticas públicas até então existentes, bem como racionalizar a utilização dessas vias, com intuito de dirimir os litígios de forma mais humana e eficaz.
Conflito de Interesses: Origem, Elementos, Fatos e Percepções, Estratégias. Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos: Negociação, Conciliação, Mediação, Arbitragem.
 
CONFLITOS DE INTERESSE
 
Interesse é a satisfação das necessidades humanas corporificadas nos bens materiais.
 
Os conflitos de interesses surgem com a possibilidade de que mais de uma pessoa eleja um determinado bem para a satisfação de suas necessidades e considerando que não haja bens disponíveis para todos.
 
Moacyr Amaral dos Santos entende que “existe conflito de interesses quando a intensidade do interesse de uma pessoa por determinado bem se opõe à intensidade do interesse de outra pessoa pelo mesmo bem, donde a atitude de uma tende à exclusão de outra quanto a este”.
 
Os conflitos dão origem a litígios, que se encontram nos:
- Relacionamentos em geral
- Família
- Emprego
- Vida social
- Lazer
 
Ao longo da vida humana aumentam os conflitos em quantidade e complexidade.
 
Elementos dos conflitos:
- Diversificação de aspirações de indivíduos e grupos
- Aumento de complexidade dos afazeres
- Conscientização das pessoas em relação a seus direitos
- Surgimento de tecnologias que despertam para novas possibilidades
- Mensagens veiculadas pelos meios de comunicação, incentivando as mudanças
- Oposição à estagnação.
 
Causa de conflitos - Mudanças. As mudanças afetam o relacionamento entre pessoas e conduzem ao conflito.
 
Exemplos de mudanças: fusão de empresas, troca de chefia, casamento, falecimento, divórcio, nova etapa de vida, etc.
 
Mudança – definição: acontece quando algo ou alguém intervémem um sistema (que pode ser desde um indivíduo até uma sociedade completa) e, nele, provoca algum tipo de transformação ou perspectiva de que ela aconteça.
 
Natureza do conflito:
- Bens: patrimônio, direitos, haveres pessoais.
- Princípios, valores e crenças de qualquer natureza, inclusive políticas, religiosas, científicas, etc.
- Poder (nas diferentes acepções).
- Relacionamentos interpessoais.
 
Percepção da mudança: origina-se na mente de pessoas e repercute nas mentes de outras. Não se pode controlar mentes, mas é possível controlar os processos por meio dos quais as pessoas tomam contato com as proposições de mudanças. Gerenciam-se os inevitáveis conflitos administrando as mudanças, para que os envolvidos assimilem suas consequências de maneira harmoniosa e pacífica.
 
Fatores que influenciam os conflitos:
 
- Expectativa em relação à mudança: as expectativas sofrem influência da percepção de risco ou sofrimento, real ou imaginário, originada de experiências anteriores, crenças inadequadas, esquemas rígidos de pensamentos, relatos de pessoas significativas e informações obtivas nos meios de divulgação. Esse fenômeno aumenta a violência potencial do conflito e a dificuldade de resolvê-lo.
 
- Expectativas associadas aos relacionamentos: todo relacionamento respeita um contrato psicológico, baseado nas expectativas tácitas e inconscientes de cada pessoa a respeito dos comportamentos das demais. Esse contrato pode existir entre duas pessoas ou pode ser coletivo. O contrato psicológico, embora não explícito, exerce grande influência no comportamento das pessoas. As mudanças fazem com que ele seja um pacto dinâmico em constante renegociação. As expectativas mudam com o tempo, idade, estado civil.
 
- Resistência à mudança: pode ser desejada por uns e rejeitada por outros, provocada por terceiros, de forma inegociável, ou originar-se no próprio sistema.
 
- Consequências para a estabilidade do sistema: a reação à mudança também vem da suspeita quanto à eficácia, diretamente associada às consequências (reais ou percebidas) para a estabilidade do sistema. Os envolvidos buscarão preservar valores, princípios, crenças, comportamentos e hábitos, com o intuito, talvez inconsciente, de evitar uma transformação fatal para sua continuidade.
 
- Aderência à realidade: no conflito com bases reais as partes percebem diferenças de interesses. O conflito sem bases reais origina-se de falhas de comunicação, de mau entendimento das questões envolvidas (os interesses podem, nem mesmo, conflitar).
 
- Diferenças de personalidades: há pessoas inconciliáveis, que dificultam qualquer relacionamento satisfatório. Mas, há situações em que o convívio é obrigatório por razões sociais, profissionais ou outras. O conflito permanece latente pronto para aflorar.
 
- Efeitos da mudança sobre os valores: valor é a ideia aceita pela pessoa e que orienta sua ação. O valor possui fundamento emocional e encontra-se associado à visão de mundo da pessoa. Aprendidos desde a infância, os valores fazem parte dos critérios de decisão dos indivíduos. Compreendem mensagens do tipo: obedecer às leis, respeitar os mais velhos, fazer o vem, vencer a qualquer custo etc.
 
- Modificações na estrutura de poder: para Max Weber poder é a “possibilidade de impor a própria vontade à conduta de outras pessoas”. No tocante à mediação, poder é a capacidade de exercer influência (não significa imposição da vontade do mediador). Pode-se classificar poder em diferentes tipos: poder físico, poder da sexualidade, poder econômico, poder da informação. Os poderes podem ser empregados de maneira combinada. Um ou outro prevalece por motivos situacionais e possibilidades das pessoas que os exercem e daquelas que recebem seus efeitos. Mudanças na estrutura de poder provocam conflitos e conduzem a situações complexas, porque afetam o equilíbrio (ou o desequilíbrio) existente, podendo a mudança reduzir poder de um dos indivíduos envolvidos ou de todos, acentua a diferença de poder, favorecendo o mais forte.
 
Custo dos conflitos:
- Financeiros
- Emocionais
 
Gastos materiais e emocionais ocorridos no passado são importantes no litígio, na tentativa de recuperar os investimentos que não voltam mais.
 
Conteúdo do conflito:
- Conteúdo manifesto ou posição: mãe ou pai que luta pela posse de um filho (posição); empregado que luta por maior salário (posição).
- Conteúdo real ou interesse: mãe ou pai que luta pela posse de um filho pode estar interessado no bem estar da criança (interesse); empregado que luta por melhor salário, pretende manter seu poder aquisitivo (interesse).
 
Os conflitos sociais são fenômeno da própria vida em sociedade. As sociedades coexistem com os conflitos e descobrem técnicas de solução que, teoricamente, podem ser reunidas em três fundamentos, a autodefesa, a autocomposição e heterocomposição.
 
A TEORIA GERAL DO CONFLITO
 
Em uma sociedade complexa e em constante desenvolvimento torna-se inevitável a existência de conflitos no âmbito da sociedade civil, seja entre indivíduos, grupos ou com o Estado. A partir da consolidação dos Estados Modernos, do desenvolvimento do Poder Judiciário e o avanço das legislações, criou-se uma cultura social de que o método adequado para resolução de conflitos seria através do processo judicial presidido pelo juiz. 
 
O Estado, através do Poder Judiciário, tornou-se o principal meio de resolução de conflitos sociais, que, através da instauração de um processo judicial, após sua regular tramitação, solucionará o conflito por meio de uma decisão judicial proferida por um juiz de direito. É indiscutível a conquista da civilização quanto a utilização do processo judicial para solução de conflitos, entretanto, o número de demandas judiciais tem crescido de maneira exponencial.
 
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ apontou que atualmente tramitam mais de 10 milhões de demandas judiciais em tramitação. Apesar das diversas implementações realizadas pelo Poder Judiciário e o avanço da tecnologia que colaboraram com a celeridade processual e na promoção do direito fundamental ao acesso à justiça, ainda assim, é difícil uma prestação jurisdicional célere e efetiva, posto a sobrecarga do Poder Judiciário. Assim, torna-se inviável a manutenção da cultura do conflito, do litígio, que propõe a judicialização de todo e qualquer conflito social, seja de simples ou complexa resolução.
 
Diante disto, é preciso demonstrar a sociedade que o processo judicial adversarial, que propõe uma sentença ao seu fim, não é o único meio para solução de conflitos, por isto o sistema jurídico passa a incentivar os métodos de autocomposição. Assim, destaca Paulo Silva que ‘sob a premissa ideolo´gica da “cultura da pacificac¸a~o”, diversas iniciativas de promoc¸a~o da conciliac¸a~o em jui´zo foram implantadas em todo o pai´s, em cara´ter isolado ou com apoio institucional. Perspicaz ana´lise teo´rica identificou, na formac¸a~o juri´dica brasileira, uma exagerada depende^ncia da resoluc¸a~o de conflitos pela decisa~o judicial – a “cultura da sentenc¸a”, em contraposic¸a~o a` “cultura da pacificac¸a~o”, que promove a resoluc¸a~o consensual (WATANABE, 2005).’. [SILVA, Paulo Eduardo Alves da. Solução de controvérsias; métodos adequados para resultados possíveis e métodos possível para resultados adequados. Negociação, mediação e arbitragem. Coord. Carlos Alberto de Salles, Marco Antonio Garcia Lopes Lorencini e Paulo Eduardo Alves da Silva. Rio de Janeiro: Forense; Sa~o Paulo: ME´TODO, 2012, p. 9].
 
A crise do Poder Judiciário quanto a prestação jurisdicional e o seu descrédito com a sociedade civil fizeram as vias alternativas de solução de conflitos ganhar força no cenário atual. Quanto ao tema, Ada Pellegrine analisa que ‘a morosidade dos processos, seu custo, a burocratização na gestão dos processos, certa complicação procedimental; a mentalidade do juiz, que nem sempre lança mão dos poderes que os códigos lhe atribuem; a falta de informação e de orientação para os detentores dos interesses em conflito; as deficiências do patrocínio gratuito,tudo leva a` obstrução das vias de acesso a` justiça e ao distanciamento entre o Judiciário e seus usuários. (Grinover, p. 2)’
 
Os institutos da mediação, conciliação e arbitragem, e outros meios de resolução de litígios, incentivados pelo Novo Código de Processo Civil, são métodos alternativos resolução de conflitos que visam uma solução jurídica célere e eficaz. Com isto, busca-se estabelecer na sociedade a cultura da pacificação, na qual, as partes, sem judicia lizar o conflito, são convocadas a reestabelecer o diálogo e juntas encontrarem a resolução da demanda. A partir deste novo paradigma social torna-se possível diminuir o excesso de litígios judiciais e desobstruir os tribunais. 
 
Os institutos da Conciliação e Mediação, bem como outros meios de resolução de conflitos, são instrumentos de pacificação social que promovem e asseguram direitos e garantias constitucionais, como por exemplo, o acesso à justiça e a razoável duração do processo.
 Negociação, mediação e arbitragem; curso básico para programas de graduação em Direito. 2019. Coordenação Carlos Alberto de Salles, Marco Antonio Garcia Lopes Lorencini e Paulo Eduardo Alves da Silva., página 2.
 
RESOLUÇÃO 125/10 DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
 
O Conselho Nacional de Justiça através da resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, instituiu a conciliação e a mediação como política pública a fim de tratar de maneira adequada para solucionar os problemas jurídicos atuais.
 
Neste sentido, dispõe a referida resolução que ‘cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação’
 
E continua a fim de demonstrar a importância deste método de resolução de conflito ‘a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças’.
 
Assim, a competência pela implementação do programa de incentivo a autocomposição de litígios e a pacificação social por meio da conciliação e da mediação é do Conselho Nacional de Justiça. A resolução nº 125/10 propõe uma política pública baseada em métodos autocompositvos como forma de melhorar a distribuição da justiça. Seguindo o mesmo entendimento, o novo Código de Processo Civil dispõe no artigo 3º, parágrafo 2º, que, ‘o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos’. E segue no parágrafo 3º que ‘A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.’.
 
A respeito do tema, Paulo Silva esclarece que ‘o Conselho Nacional de Justic¸a, rece´m-institui´do, apoiou iniciativas setorizadas e formalizou as bases para uma política nacional de resolução de conflitos, centrada na integração entre os mecanismos formais e decisionais aos mecanismos baseados em consenso. Segundo suas próprias justificativas, a Resolução n. 125 do CNJ significou, neste aspecto, mais do que um marco legal que permitiu a instalação de setores de conciliação junto aos fóruns. Tratou-se do marco de uma política publica judiciaria, pela qual a resolução consensual dos conflitos seria paulatinamente organizada na sociedade civil a partir do próprio Poder Judiciário. A partir dele, os tribunais organizaram os seus setores de conciliação judicial e, em alguns casos, capitanearam a organização de núcleos comunitários de solução de conflitos.’. [SILVA, Paulo Eduardo Alves da. Solução de controvérsias; métodos adequados para resultados possíveis e métodos possível para resultados adequados. Negociação, mediação e arbitragem. Coord. Carlos Alberto de Salles, Marco Antônio Garcia Lopes Lorencini e Paulo Eduardo Alves da Silva. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: ME´TODO, 2012, p. 9].
 
MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
 
Sistema de composição de conflitos:
- Autotutela ou autodefesa
- Autocomposição: negociação, conciliação, mediação
- heterocomposição: jurisdição e arbitragem.
 
1) Autodefesa ou autotutela
 
A autodefesa, também chamada de autotutela, indica o ato pelo qual alguém faz a defesa própria, por si mesmo. Supõe defesa pessoal, isto é, as próprias partes procedem à defesa de seus interesses.
 
Autodefesa consiste na solução direta entre os litigantes pela imposição de um sobre o outro, isto é, impondo à outra parte um sacrifício não consentido por esta. Há o concurso de duas notas: a ausência de juiz distinto das partes e a imposição da decisão por uma das partes à outra.
 
São notórias as deficiências dessa técnica, cuja solução provém de uma das partes interessadas, que é unilateral e imposta. Portanto, evoca a violência, e a sua generalização importa na quebra da ordem e na vitória do mais forte e não do titular do direito. Assim, os ordenamentos jurídicos a proíbem, autorizando-a apenas excepcionalmente.
 
A autodefesa pode ser autorizada pelo legislador, tolerada ou proibida. Exemplos de autodefesa:
 
a) autodefesa autorizada no direito penal são a legítima defesa e o estado de necessidade, que são meios excludentes da ilicitude do ato (CP, art. 23).
 
b) autodefesa tolerada pelo legislador é o duelo em alguns países.
 
c) autodefesa proibida é o exercício arbitrário das próprias razões para a solução de conflitos entre as partes envolvidas.
 
d) autodefesa no direito do trabalho são as manifestações de greve (muitas vezes a greve não é forma de solução, mas meio de pressão), locaute (“lock-out”), o “exercício do poder disciplinar do empregador”, a autotutela sindical, etc.
 
2) Autocomposição
 
Autocomposição consiste na solução direta entre os litigantes através de acordo firmado entre eles, isto é, o conflito é solucionado por ato das próprias partes, sem emprego de violência, sem a intervenção de um terceiro, mediante ajuste de vontades. Na autocomposição, um dos litigantes consente no sacrifício do próprio interesse, daí a sua classificação em unilateral e bilateral. A renúncia é um exemplo da unilateral e a transação da bilateral, quando cada uma das partes faz concessões recíprocas. Pode dar-se à margem do processo, sendo, nesse caso, extraprocessual, ou no próprio processo, caso em que é extraprocessual, como a conciliação.
 
a) Negociação
 
Importante método que antecede todos os outros de resolução de conflitos. É o procedimento no qual as partes desenvolvem uma série de reuniões para discutir as pretensões apresentadas umas às outras. É uma forma consensual de pôr fim a um conflito.
 
b) Conciliação
 
Conciliação é autocomposição. As partes chegam a um acordo pela aceitação da proposta de uma delas, pela convergência e acerto das duas propostas ou pela aceitação da proposta do juiz.
 
Há vários tipos de conciliação, extrajudicial e judicial. Extrajudicial quando realizada fora da Justiça, quando ainda não há processo judicial em andamento perante o Poder Judiciário.
 
Poderá ser judicial, quando já se encontra em andamento processo judicial perante o Poder Judiciário. A conciliação das partes é possível em todo momento e fase processual. Neste caso, a conciliação depende da homologação judicial do acordo, que tem natureza irrecorrível. E, se não cumprida, pode ser executada diretamente.
 
c) Mediação
 
É a composição do conflito com a participação de um terceiro, supra partes, o mediador, escolhido pelas partes, e que tem a função de ouvi-las, intermediar a negociação, subsidiar as partes de informação e formular sugestões de propostas conciliatórias, para decisão das partes. As partes não são obrigadas a aceitar as propostas.O mediador nada decide, apenas interfere para aproximar as vontades divergentes dos litigantes. Geralmente, a mediação é extrajudicial, mas também pode ser judicial. A nova Lei de Mediação n. 13.140/2015.
 
3) Heterocomposição
 
Heterocomposição consiste na solução do conflito por uma fonte supra partes, que decide com força obrigatória sobre os litigantes, que são submetidos à decisão. A decisão não é das partes, mas de uma pessoa ou órgão acima delas.
 
Há mais de um tipo de heterocomposição.
 
a) Jurisdição ou Tutela
 
Jurisdição é uma forma heterocompositiva de solução dos conflitos através de decisão da Justiça do Trabalho.
 
O fim principal da jurisdição é a satisfação do interesse público do Estado na realização do direito e a composição dos litígios pelas pessoas ou órgãos investidos, pela lei, desses poderes.
 
A jurisdição ou tutela é a forma de solucionar os conflitos por meio da interveniência do Estado, gerando o processo judicial. O Estado diz o direito no caso concreto submetido ao judiciário, impondo às partes a solução do litígio.
 
b) Arbitragem (Lei n. 9.307/96, com alteração da Lei n. 13.129/2015)
 
Arbitragem é um mecanismo heterônomo de solução dos conflitos de trabalho. É uma forma de decisão extrajudicial dos conflitos. Na arbitragem quem julga não é um juiz investido de jurisdição pelo Estado, mas um árbitro escolhido pelas partes, que profere uma decisão chamada sentença arbitral (Lei n. 9.307/96, art. 3º). Difere da decisão judicial pelos fundamentos, porque o laudo arbitral não aponta, obrigatoriamente, fundamentos jurídicos. Podem ser econômicos, de bom senso ou de conveniência no caso concreto. O árbitro não está investido do poder jurisdicional, porque sua autoridade para decidir é atribuída pela vontade dos particulares cujos interesses são apreciados.
 
O árbitro deve ser pessoa capaz, terceiro escolhido pelas partes, que deve atuar de forma imparcial na solução do conflito e também ser de confiança das partes, que decidirá de modo obrigatório para as partes, tratando-se de decisão que impede o acesso ao juízo natural, para questionar seu mérito, porquanto opção das partes. Pode ser formado um Juízo Arbitral, composta por um árbitro, ou um Tribunal Arbitral, composta por mais de um árbitro, sempre em número ímpar, mas todos escolhidos pelas partes.
 
Arbitragem tem natureza jurídica de justiça privada, pois o árbitro não é funcionário do Estado, nem está investido por este de jurisdição, como acontece com o juiz. É uma forma de heterocomposição, pois não são as próprias partes que resolvem o conflito, como ocorre na autocomposição, mas um terceiro é chamado para decidir o litígio.
 
ANÁLISE ATUAL DOS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
 
O crescente número de demandas judiciais é um tema de grande relevância social e exige uma atenção especial para que seja possível realizar uma boa prestação jurisdicional.
 
É possível verificar, que, a Convenção Europeia dos Direitos dos Homens, de 04 de novembro de 1950, bem como o Pacto de San José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969, se preocupavam com o aumento do número de demandas judiciais ao dispor como direito do cidadão a duração razoável de um processo.
 
A primeira referência a expressão ‘meios alternativos de solução de conflitos’ surge a parir de Frank Sander, em sua obra ‘Pound conference; perspectiva sobre a justiça no futuro, em 1976, na qual, usa a expressão ‘alternative dispute resolution [ADR].
 
No Brasil, Os Juizados Especiais Cíveis contribuíram para estabelecer métodos alternativos de resolução de conflitos em causas de menor complexidade. A Constituição Federal, em seu artigo 98, inciso I, prevê a sua criação na esfera estadual e federal. Desta maneira, surgiram a Lei do Juizados Especiais Estaduais – 9.099/95 e Lei de Juizados Especiais Federais – 10.259/01.
 
Posteriormente, a Lei 9.307/96 institui a arbitragem como meio de resolução de conflitos, cuja decisão possuía eficácia de uma decisão judicial. Ou seja, caso as partes optassem pelo método de arbitragem, a decisão deveria ser cumprida. A inovação jurídica, em um primeiro momento, não foi bem aceita. Destaca Paulo Silva que ‘a recepção da Lei de Arbitragem brasileira não foi imediata. Por cinco anos, pendeu contra ela uma impugnação de constitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal, fundada no argumento de violação da garantia de acesso a` justiça (CF, art. 5o, inciso XXXV). Em 2001, a Corte confirmou a constitucionalidade da Lei, por sete votos a quatro. Fundamentou-se no fato de a arbitragem se limitar a demandas envolvendo direitos disponíveis e, afinal de contas, “o inciso XXXV representa um direito a` ação, e não um dever” (STF, SE 5.206).’. [SILVA, Paulo Eduardo Alves da. Solução de controvérsias; métodos adequados para resultados possíveis e métodos possível para resultados adequados. Negociação, mediação e arbitragem. Coord. Carlos Alberto de Salles, Marco Antonio Garcia Lopes Lorencini e Paulo Eduardo Alves da Silva. Rio de Janeiro: Forense; Sa~o Paulo: ME´TODO, 2012, p. 8].
 
A emenda constitucional nº 45/04, conhecida como ‘Reforma do Poder Judiciário, inseriu no artigo 5º o inciso LXXVIII, que dispõe sobre a duração razoável do processo. O referido inciso dispõe que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade da sua tramitação”
 
No âmbito do Código de Processo Civil o tema também foi abordado, sendo que o artigo 3º, parágrafo 3º, dispõe que ‘a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial’. No mesmo sentido o artigo 165 ‘Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição’
 
Este incentivo a novos métodos de resolução de conflito decorre da impossibilidade do Estado, por meio do Poder Judiciário, oferecer a prestação jurisdicional de forma célere e eficaz. Assim, ciente desta dificuldade, o Estado impõe um dever aos sujeitos processuais de buscar uma solução consensual, que ao fim, será interessante a todos. Desta forma, a solução extrajudicial, como por exemplo a mediação e a conciliação, tornam-se importantes mecanismos para ajudar o Estado a solucionar o crescente número de processos judiciais.
 
Os novos métodos de resolução de litígios não estão vinculados ao Poder Judiciário, sendo a diálogo entre as partes essencial para solução do conflito. Assim é possível que ocorra a autocomposição que ocorre quando as partes de forma autônoma alcançam um acordo resolutivo. É possível que seja necessária a intervenção de um terceiro que interfira de forma direta determinando qual seria as normas mais adequadas para o acordo – conciliado – ou um terceiro que não realize tanta interferência, mas que cria os meios e soluções que serão definidos pelas próprias partes – mediador. Desta forma, uma das principais diferenças entre conciliação e mediação é justamente a atuação do terceiro que participará na resolução do conflito. 
 
O novo código de processo civil estabelece no artigo 166, os princípios que norteiam os institutos da conciliação e mediação e dispõe que 'Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. § 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. § 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliaçãoou da mediação. § 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. § 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais’.
 
Desta forma, norteiam a conciliação e mediação os princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
 
Os princípios da imparcialidade e independência orienta a conduta do conciliador ou mediador e determina, respectivamente, que, não deve favorecer nenhuma das partes envolvidas, bem como, que possui autonomia para buscar as soluções e meios de solucionar o conflito, não devendo ceder a pressões ou interesses externos.
 
O princípio da confidencialidade trata do sigilo das informações produzidas no curso do procedimento de conciliação e mediação. Tal dever de sigilo também se estende ao conciliador e mediador. Desta forma, as informações obtidas em reunião privada ou em conjunto são sigilosas.
 
Neste sentido, Fernando Netto e Irineu Soares destacam que ‘esse princípio ressalta a importância do sigilo para com os problemas tratados no procedimento. A preservação do sigilo é uma garantia para as pessoas que se submetem ao procedimento, pois, ao tratar de problemas envolvendo relações continuadas, acabam exteriorizando aspectos íntimos da relação para um terceiro, o mediador. Sem a garantia de sigilo, o tratamento do problema seria afetado, pois assuntos delicados poderiam ser explicitados e prejudicar ainda mais as relações. Com a garantia de sigilo, as pessoas têm a segurança necessária para tratar dos problemas na sua integralidade, sem omitir detalhes importantes para a sua administração’. [NETTO, Fernando Gama de Miranda; SOARES, Irineu Carvalho de Oliveira. Princípio procedimentais da mediação no novo código de processo civil. A mediação no novo código de processo civil. Coordenação Diogo Assumpção Rezende de Almeida, Fernanda Medina Pantoja, Samantha Pelajo. – 2. ed – Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 101].
 
O princípio da oralidade impõe que os atos realizados nas sessões de mediação e conciliação sejam preferencialmente realizados na forma oral, reduzindo em escritas aquilo que for estritamente indispensável. Isto confere maior celeridade ao procedimento e garante, também, a confidencialidade.
 
Neste sentido, salienta Fernando Netto e Irineu Soares que ‘por entender que é mais fácil para o mediador administrar um diálogo na forma oral e mais fácil para as partes se expressarem dessa forma, o legislador optou por positivar o princípio da oralidade, ignorado em diversas legislações e pouco mencionado pela doutrina alienígena. Além da predominância da palavra falada, a oralidade exige a intervenção pessoal sem representantes ou intermediários.8 Ao advogado reserva-se a função de assessor da parte, que muito contribuirá para esclarecer sobre a licitude de certos acordos e trabalhará para a melhor administração possível do conflito, evitando trazer argumentos que possam fomentar a disputa e potencializar a contenda’. [NETTO, Fernando Gama de Miranda; SOARES, Irineu Carvalho de Oliveira. Princípio procedimentais da mediação no novo código de processo civil. A mediação no novo código de processo civil. Coordenação Diogo Assumpção Rezende de Almeida, Fernanda Medina Pantoja, Samantha Pelajo. – 2. ed – Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 103].
 
O princípio da informalidade determina que o procedimento mediação e conciliação adote a simplicidade e está ausência de formas permite uma melhor condução do procedimento, a fim de que seu atinja seus objetivos.
 
Em relação ao princípio da decisão informada representa a necessidade de informar de forma clara e precisa as decisões adotas ao longo do processo de mediação e conciliação até a decisão final que é o acordo resolutivo. Assim, a fim de conferir segurança as partes, nenhuma informação pode ser omitida ou suprimida para que não surja surpresas ou desagrados que inviabilize a solução do conflito.
 
Por fim, sobre o princípio da autonomia da vontade, esclarecem que ‘o princípio da autonomia da vontade consagra o poder concedido às partes de definir todos os pontos a serem tratados no processo, desde o seu início até o final. Esse princípio afasta qualquer tentativa arbitrária de o mediador forçar o desenvolvimento do processo e a tomada de decisão das partes em qualquer nível. Com ele, o legislador tenta evitar condutas inadequadas dos mediadores, como, por exemplo, a imposição de certas decisões e acordos por meio de ameaças, mesmo que escondidas atrás de conselhos. A autonomia da vontade das pessoas mediadas abrange desde a escolha ou aceitação do mediador até o caminho seguido em busca de uma possível solução para o conflito. Em outra oportunidade, dissemos que, para a sua melhor compreensão, a autonomia da vontade deve ser subdividida “em dois subprincípios, quais sejam: a voluntariedade e a autodeterminação”.’. [ibidem, p. 115].
NEGOCIAÇÃO
 
Histórico
 
Negociação é termo nascido no latim que vem de “negocium”, palavra formada da junção de dois termos distintos, “Nec” e “ocium” cujo significado é atividade difícil e trabalhosa, mas no nosso português tem o significado de acordo ou entendimento bi ou multilateral.
 
Negociação existe desde os tempos em que o homem passou a viver em sociedade, eis que negócios e negociações fazem parte da rotina humana, da infância à velhice.
 
Um dos primeiros relatos que envolve a prática de negociação está descrito na mitologia judaico-cristã na alegoria de Esaú e Jacó. O relato ilustra aspectos fundamentais da negociação: o propósito, os interesses, a oportunidade, a persuasão, a troca e a ética.
 
A Negociação ocorre em todos os momentos de nossas vidas e faz parte das maiorias de nossas decisões como, por exemplo: ao colocar o nome em um recém-nascido, a cor do carro novo, a festa de casamento, dentre outros aspectos, como também, o advogado negociando com o juiz ou com seu cliente, o empregado negociando a data de suas férias dentre muitas situações do nosso dia a dia. Trata-se de um processo no qual as partes em disputa tentam alcançar uma decisão conjunta. Sendo assim temos diversas formas de se negociar algo, podendo essa negociação ser flexível ou inflexível, onde na flexível os negociadores evitam qualquer tipo de conflito, já na inflexível ambos encaram qualquer tipo de situação para ter êxito na sua vontade.
 
Logo, a negociação pode ser praticada tanto para resolver questões pessoais, como para questões profissionais, em ambientes políticos, comerciais, diplomáticos, institucionais, gerenciais, jurídicos, trabalhistas, de libertação de reféns, entre outros. Diante dessa grande diversidade de contextos, existem muitas definições e formas diferentes de abordar o assunto.
 
Definição de Negociação: cuidar dos negócios.
 
Para Humberto Dalla Bernardina Pinho a negociação é um processo bilateral de resolução de impasses ou de controvérsias, no qual existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, através de concessões mútuas. Envolve a comunicação, o processo de tomada de decisão (sob pressão) e a resolução extrajudicial de uma controvérsia.
 
Negociação é um processo em que duas ou mais partes, com interesses comuns e antagônicos, se reúnem para confrontar e discutir propostas explícitas com o objetivo de alcançar um acordo.
 
A negociação é utilizada para lidar com situações de conflito. As perdas e os ganhos de cada parte são colocados na mesa e constituem as cartas com as quais a negociação se desenvolve, com objetivos claramente definidos.
 
Negociação é uma via alternativa pura para dirimir controvérsias, destacando-se na solução de litígios de natureza comercial em razão de evitar incertezas e os custos de um processo judicial, bem como preservar o relacionamento das partes envolvidas de maneira discreta e sigilosa. É, normalmente, a primeira forma de compor litígios, e caso não seja bem sucedida, é possívelpartir para outra forma alternativa ou até mesmo para a jurisdição tradicional.
 
A negociação foi desenvolvida pela Universidade de Harvard nos EUA, chamado de “Método de Harvard”, que se baseiam nos seguintes princípios:
 
- Separar as pessoas do problema;
 
- Concentrar-se nos interesses e não nas posições;
 
- Criar várias possibilidades antes de decidir;
 
- Insistir em um resultado objetivo, independente de vontades;
 
- Lembrar que na negociação não há opositores ou adversários, e sim participantes.
 
Modernamente, compreende-se que negociar não é discutir, é conversar com um objetivo em mente.
 
Na moderna negociação, não se deve fazer:
 
- Manipular não corresponde a negociar, pois consiste em um indivíduo convencer outra pessoa de que está certo, quando sabe que está errado.
 
- Agir com agressividade, pois requer determinação e preparação.
 
Desvantagem na negociação direta:
 
- Quando um dos dois lados possui maior poder (físico, econômico, emocional), terá facilidade para exercê-lo a seu favor e, com isso, conquistar as cartas que mais lhe interessam; praticada sem a devida técnica, ela acentua as diferenças a favor do mais forte.
 
- Nada obsta que uma parte atue com malícia e perversidade e se valha desse comportamento para auferir vantagens; isso pode acontecer em todos os métodos, porém, como na negociação não há influência de terceiros, a conduta má é ainda mais beneficiada. Todavia, a técnica de negociação possui diversos métodos para se descobrir, esvaziar e usar essa má fé contra seu próprio autor.
 
- Um dos lados pode ter grande experiência em negociar e aproveitar-se da ingenuidade ou despreparo do outro. É comum empresas de grande porte terem ou contratarem negociadores profissionais, com o objetivo de construir acordos vantajosos para elas na negociação de dívidas e compromissos assumidos com outras empresas, clientes e colaboradores.
 
- Diferenças de personalidade contribuem para pender a negociação para um lado ou outro. Quando uma das partes apresenta timidez, dificuldade para se expressar; e a outra se mostra agressiva, independente, bem falante, a mesa de negociação se desequilibra.
 
Tipos de Negociação:
 
Existem três tipos básicos de negociação: distributivas, integrativas e criativas.
 
As negociações distributivas envolvem apenas uma questão, normalmente relacionada a valores. Como exemplo de sua aplicação pode-se citar a compra ou venda de um carro, em que a única questão a ser negociada é o valor do automóvel. Normalmente essa negociação é conduzida em um ambiente competitivo. Cada parte apresenta uma abertura e planeja-se para não ultrapassar determinado valor limite. Por definição, é sempre ganha-perde.
 
As negociações integrativas envolvem diversas questões. Como exemplo de aplicação pode-se citar a mesma compra ou venda de um carro, mas ao invés de negociar apenas o valor do automóvel, negocia-se também o prazo de pagamento, a inclusão de certos acessórios, a data de entrega etc. Essa negociação pode ser conduzida tanto em um ambiente competitivo como colaborativo. No ambiente competitivo torna-se mais difícil para as partes alcançarem um bom resultado, devido à omissão ou distorção de informações ou a manobras para adquirir poder de influência. No ambiente colaborativo, em que ambas as partes são mais transparentes na divulgação de seus interesses, limites e prioridades, são criadas as condições ideais para uma solução ganha-ganha.
 
Na negociação criativa cada parte revela seus interesses, a partir dos quais busca soluções que sejam capazes de atender a maior quantidade possível de interesses envolvidos. Essa negociação é ideal para encontrar soluções conciliadoras para problemas complexos. Deve ser conduzida em um ambiente colaborativo e emprega largamente os princípios de negociação apresentados por William Ury: foque nas pessoas, não nos problemas; diferencie posições de interesses, etc.
 
Em negociações complexas, como as conduzidas em projetos ou contratos de grande porte, é comum que o negociador necessite utilizar as técnicas necessárias para conduzir os três tipos de negociação, simultaneamente.
 
Principais elementos presentes para uma Negociação:
 
Abertura - primeiro valor apresentado por uma das partes, em uma negociação distributiva.
 
 
Valor limite - valor mínimo (para vendedores) ou máximo (para compradores) que não deve ser ultrapassado, em uma negociação distributiva.
 
Posições - soluções pré-concebidas para se obter um determinado resultado, defendidas em uma negociação, como dinheiro, prazos, condições e garantias.
 
Interesses - motivos que sustentam as posições adotadas por um negociador, formados pelos desejos, preocupações, crenças conscientes, temores e aspirações.
 
MACNA - Melhor Alternativa em Caso de Não Acordo - Termo derivado do inglês BATNA (“Best alternative to a negotiated agreement”). Trata-se de uma alternativa (fora da mesa) caso a negociação entre num impasse e não se concretize nenhum acordo.
 
Concessão - ato ou efeito de ceder algo de sua opinião ou direito à outra parte. Na negociação distributiva as concessões ocorrem por meio da redução nos valores negociados. Na negociação integrativa as concessões ocorrem por meio da troca.
 
Negociador
 
O negociador capacitado, de posse de todas as técnicas de negociação, consegue equilibrar as diferenças e minimizar as desvantagens.
 
Sem qualquer dúvida, a negociação é o melhor dos métodos para a solução de conflitos, pois é através dela que as partes chegam a uma solução satisfatória, por meio da autocomposição, sem qualquer participação de terceiros no conflito instaurado, ao contrário da mediação e da arbitragem onde  as soluções sempre dependem da intervenção obrigatória de terceiros.
 
Importante destacar que, na negociação, ao contrário da arbitragem e da mediação, as partes chegam a uma solução satisfatória sem, contudo, haver a participação de estranhos na relação problemática.
 
Deve, portanto, ser o método privilegiado para fins de solução de litígios de natureza trabalhista e sindical, tal qual ocorre na celebração dos Acordos e Contratos Coletivos de Trabalho, obtidos mediante negociação direta entre as partes envolvidas.
 
Na negociação as partes chegam a uma solução satisfatória sem qualquer participação de terceiros, ao contrário da mediação e arbitragem, onde as soluções sempre dependem da intervenção obrigatória de terceiros.
 
Dez habilidades necessárias a um negociador:
Ser um bom ouvinte: Quando se escuta atentamente e sem interrupções, você está aberto a entender a mensagem da outra pessoa e conseguir informações que poderão ser de valia no processo. Na medida em que você ouve atentamente e sem interrupções habilita-se para decodificar a mensagem do outro lado e obter informações que poderão ser úteis ao processo.
Desenvolver um espírito negocial: Grandes negociadores têm ciência que é possível que tudo pode ser negociado, mas para isto o ambiente precisa ser declaradamente de negociação. A agressividade deve ceder lugar ao consenso no processo, para que se possa alcançar o objetivo planejado. É primordial ter em mente que por mais difícil que pareça um acordo, sempre haverá a possibilidade de alternativas.
Planejar: Quando se participa de um evento sujeito a negociação, faz-se necessário despender parte do tempo a estudar e entender as variáveis que possam vir a interferir na mesma. Muitas vezes é necessário pré-negociar internamente recursos, prazos, especificações, metas, condições de pagamento etc.
Portanto, deve-se ir a uma reunião de negociação com todo o dever de casa diligentemente realizado. Isto lhe dará muita segurança no processo.
Mirar alto: Uma vez buscados com legitimidade, os objetivos deverão buscar sempre o ponto máximo, pois ao lutar por mais em uma negociação pode-se obter mais. Por exemplo, se pode vender por 1000 e o mercado paga 1200, esta será a faixa inicial! Na outra ponta, se pode pagar à vista, mas for interessante fazê-lo em 60 dias busque inicialmente esta alternativa!
Ser paciente: Um dos principais erros donegociador brasileiro é a impaciência, quase todas às vezes oriundas de metas irrealistas ou necessidade de logo fechar o acordo. Pode-se até fechar com um resultado, diga-se de passagem, razoável, mas poderia torná-lo ótimo se não fosse à impaciência que na realidade atropela o processo e elimina possibilidades de mais ganho. Estando com um bom planejamento pode-se tornar o processo mais produtivo sem necessitar ser refém da impaciência. Às vezes uma reunião de negociação que se estendeu por uma ou duas horas além do previsto pode trazer excelente compensação.
Visar à satisfação: Negociação é uma estrada de mão dupla. Tanto um quanto o outro negociador deverá estar legitimamente comprometidos na busca de um resultado altamente satisfatório. Mas, não terá sido negociação de fato se somente um lado alcançar seus objetivos e o outro ficar com a sensação de perda ou frustração. Por isto, é preciso visar à satisfação do processo como um todo e lutar para obter o máximo possível. O outro lado certamente fará o mesmo e aí tem-se um resultado otimizado para ambos os lados, com satisfação de todos e sem frustrações de ambas as partes.
Ter cuidado com a primeira oferta: Se planeja-se bem, se identifica-se com a zona de possível acordo e suas alternativas, se é paciente e ouve durante o processo o grau de autoconfiança será elevado e a primeira oferta do outro lado será apenas um balizador para sua argumentação buscando obter concessões.
Ser ético: No ambiente em que se viver a todo o momento surgem arranhões à ética: na política, na justiça e nos negócios. A realidade mostra que agir eticamente nas negociações traz inúmeras vantagens. A maior delas tem a ver com quem está negociando, agindo com correção e exigindo respeito torna-se conhecido como um negociador confiável com o qual pode-se travar os mais duros embates na certeza de lisura e resultados concretos.
Trocar concessões: Negociar é, sobretudo, trocar concessões de um lado para o outro em busca da conclusão de um acordo. É primordial ter concessões estudadas na fase de planejamento e procurar incluí-las no rol das alternativas para fechamento do negócio.
Ser empático: Ter em mente que o processo de negociação é um evento fortemente alicerçado na dimensão humana: são pessoas que o fazem evoluir para um acordo. Pessoas que possuem crescentes aspirações pessoais e profissionais, que carregam uma série de influências e desejam obter o melhor resultado possível, então é mais que fundamental ver o outro lado como um parceiro, sendo compreensivo quanto a possíveis dificuldades pessoais. Dando este toque humano ao processo estará fazendo algo mais por uma conclusão satisfatória.
Elementos fundamentais da Negociação:
Legitimidade: É o pressuposto básico e realista de possibilidade, alcance e realização do objetivo, assim como das possíveis alternativas para sua consolidação. Metas exageradas ou acanhadas são um dos complicadores da legitimidade. É preciso ser realista, estudar o ambiente intra e extra da negociação ajustando-as ao factível, ao possível de ser alcançado dentro de ações buscando um alcance realista dos resultados.
 
Informação: O moderno negociador, seja de que área for, é um profissional que administra o máximo de informação possível, tanto de dentro quanto de fora, utilizando-a para o balizamento e exploração de sua posição no evento. Melhor negocia quem melhor gerencia a informação obtida e disponibilizada sobre o motivo do encontro. Não se deve dar sequência a um processo negocial sem que toda a informação esteja sob seu efetivo controle.
Tempo: Quem administra convenientemente o elemento tempo praticamente está no comando do evento. Estabelecer uma agenda de negociação com o “oponente” é o primeiro passo e poderá facilitar muito ao controle temporal. Esta agenda deverá especificar não somente os itens a serem discutidos como também o responsável por cada um deles e a duração prevista de cada discussão. Por outro lado, não se deve ir para uma negociação sem que tenha tido tempo para criteriosa preparação e planejamento. Negociações derivadas de urgências ou imprevistos são, na verdade, uma restrição ao tempo e comprometem os resultados.
Poder: Quando se negocia, por exemplo, em nome da Corporação X o outro lado o verá não como “fulano”, mas, sobretudo como a Corporação X. Isto demanda a necessidade de estabelecer-se nitidamente a amplitude do poder para conduzir o processo e decidir no que for necessário até a obtenção do melhor acordo. Portanto, verifique e estabeleça seu poder antes da negociação e pré-negocie internamente os seus limites fixando claramente sua amplitude. Pode ser que a partir de determinadas situações a palavra final seja de um gerente, coordenador ou diretor. Se isto for o caso esta pessoa estará como compartícipe do processo em “stdand-by” (sobreaviso) para ser acionada, se necessário.
Estes quatro elementos são como estacas que se fixam a uma base sólida: a ética corporativa. É fundamental que se tenha e exija credibilidade, respeito e total coerência em procedimentos de negociação. Tendo estes quatro elementos fundamentais e a ética sob seu efetivo controle estará instrumentalizado para buscar os melhores resultados possíveis no processo das negociações.
Considerações finais
A necessidade de negociação está presente constantemente no ambiente familiar, no trânsito, no trabalho e até mesmo em eventos sociais torna-se cada vez mais necessária. A negociação está presente no dia a dia, o que torna o desenvolvimento da capacidade negocial absolutamente essencial para todas as esferas de nossas vidas, principalmente no campo profissional.
Assim, todo profissional que se preze deve por obrigação buscar o desenvolvimento desta técnica, não só para se tornar uma pessoa desenvolvida, como também para saber utilizar isto a seu favor e a favor da organização do qual faça parte.
O caminho da negociação na construção de relacionamentos é cada vez mais notório, não se fala mais em analisar propostas, fala-se em negociar isto e aquilo com alguém. A arte de negociar é um caminho que não tem mais volta, ser intransigente não leva ninguém mais a canto nenhum com exceção de para trás.
Os grandes negociadores do mundo souberam usar estas técnicas a favor de si mesmos, de suas empresas e seus países, visando o crescimento e aperfeiçoamento, juntamente com a satisfação de ambas as partes envolvidas em toda ou qualquer negociação.
De forma geral, sempre é tempo de começar a aprender a negociar e se não começou ainda, é melhor começar a correr, pois se não vai ficar para trás, ao fim de uma negociação de que não viu que aconteceu.
 
 Conciliação: Origem, Conceituação e Fundamentos Históricos da Conciliação. Mudança de Paradigma. Princípios da Conciliação. Atitudes do Conciliador. Aplicabilidade da Conciliação. Procedimento de Conciliação.
 
CONCILIAÇÃO
 
1 – Introdução Resolução 125/2010 do CNJ
A conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças.
 
A organização dos serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos deve servir de princípio e base para a criação de Juízos de resolução alternativa de conflitos, verdadeiros órgãos judiciais especializados na matéria.
 
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) delibera, através de seu Pleno, a Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, que dispõe sobre a Política Judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário.
 
Esta política pública de tratamento adequado de conflitos está fundamentada nos seguintes princípios constitucionais:
· Princípio do acesso à Justiça e pacificação social
· Princípio da dignidade da pessoa humana
 
Aos órgãos judiciários incumbe oferecer, além da solução adjudicada, outros mecanismos de solução de controvérsias por via consensual,como a conciliação e mediação.
 
Dentre outras, o CNJ tem como principais funções a organização de programas de incentivo à autocomposição de litígios e à pacificação social por meio da conciliação e da mediação, promover o estímulo à conciliação nas demandas que envolvam matérias sedimentadas pela jurisprudência e promover a mudança de mentalidade.
 
Este programa será constituído por órgãos do Poder Judiciário e através de parcerias com entidades públicas e privadas, inclusive universidades e instituições de ensino, pela criação de disciplinas que propiciem o surgimento da cultura da solução pacífica dos conflitos.
 
Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) são unidades do Poder Judiciário responsáveis pela realização das sessões de conciliação e mediação pré-processuais, que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, bem como pelo atendimento e orientação ao cidadão. Deverão ser instalados nos locais onde exista mais de um Juízo, Juizado ou Vara com pelo menos uma das competências, como cível, fazendária, de família ou dos Juizados Especiais Cíveis e Fazendários.
Atuam nos Cejuscs:
· Na administração e supervisão do serviço de conciliadores e mediadores:
· Um juiz coordenador
· Um juiz adjunto, se necessário
· Servidores
· Na conciliação e mediação:
· Conciliadores (certificado do Curso de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento)
· Mediadores (certificado do Curso de capacitação)
· Outros especialistas em métodos consensuais de solução de conflitos
 
Em cada unidade dos Cejuscs haverá:
· Setor de solução de conflitos pré-processual
· Setor de solução de conflitos processual
· Setor de cidadania
 
O Setor de solução de conflitos pré-processual pode recepcionar casos que versem sobre direitos disponíveis em matéria:
· Cível
· Família
· Previdenciária
· Competência dos Juizados Especiais
 
Os casos no Setor de solução de conflitos pré-processual acima mencionado tem início pela provocação do interessado através da apresentação de sua reclamação por e-mail ou pessoalmente no setor, solicita o agendamento de sessão para tentativa de acordo. Logo após, é emitida a carta convite à parte contrária, através de qualquer meio idôneo de comunicação, informando a data, hora e local da sessão de conciliação ou mediação.
 
Obtido acordo na sessão, este será homologado judicialmente por sentença. O termo de acordo será arquivado em meio digital e os documentos devolvidos aos interessados.
 
Não obtido acordo, os interessados serão orientados para buscar a solução do conflito nos Juizados Especiais ou na Justiça Comum.
 
Descumprido o acordo, o interessado munido com o termo, poderá ajuizar ação de execução de título judicial.
 
O Setor de solução de conflitos processual receberá processos já distribuídos e despachados pelos magistrados, que indicarão o método de solução de conflitos a ser seguido, retornando sempre ao órgão de origem, após a sessão, obtido ou não o acordo, para extinção do processo ou prosseguimento dos trâmites processuais normais.
 
O Setor de cidadania prestará serviços de:
· Informação
· Orientação jurídica
· Emissão de documentos
· Serviços psicológicos
Assistência social, etc.
 
Análise Preliminar da Conciliação
O artigo 165, do novo Código de Processo Civil, prevê os métodos de resolução de conflito da mediação e conciliação. O referido artigo dispõe, que, ‘os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. § 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos’.
 
O novo Código de Processo Civil não conceitua e diferencia os métodos da conciliação e mediação. É possível verificar parte de seus conceitos quando define a figura do conciliado e do mediador.
 
A conciliação é um método de autocomposição na qual um terceiro imparcial – conciliador – sem vínculo anterior com as partes manifestará, a partir do caso em concreto, a solução justa e adequada do conflito, estabelecendo os termos do acordo. Assim, trata-se de meio não jurisdicional de solução de conflitos em que o conciliador, terceiro sem vínculo anterior com as partes que se encontram em conflito, soluciona a demanda sem se vale de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação.
 
A respeito do tema Eduardo Cambi e Alisson destacam que ‘a conciliação é importante técnica voltada à solução de conflitos para a pacificação social. Auxiliados na tomada de decisão pelo conciliador, mediante concessões mútuas, os interessados estabelecem entre si a solução que melhor atenda suas necessidades e interesses, sem que haja total renúncia ou submissão de uma parte à outra. Difere da justiça tradicional, pois estimula o diálogo direto entre os envolvidos e permite a maior participação dos contendores. Por isso, é um poderoso instrumento de participação popular na administração da Justiça e de democracia participativa. A conciliação pode ser praticada no âmbito judicial e extrajudicial. A conciliação judicial ou processual é dever do juiz. Pode e deve ser praticada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, conforme prevê a regra geral contida no art. 125, IV, do CPC. De qualquer modo, o Código de Processo Civil estimula a conciliação em vários momentos, como na audiência prevista nos arts. 277 e 331, as quais, por óbvio, não privam o juiz de nova tentativa em outras fases do procedimento, como previsto, por exemplo, nos arts. 447 a 449 do CPC. [...] A conciliação é importante técnica voltada à solução de conflitos para a pacificação social. Auxiliados na tomada de decisão pelo conciliador, mediante concessões mútuas, os interessados estabelecem entre si a solução que melhor atenda suas necessidades e interesses, sem que haja total renúncia ou submissão de uma parte à outra. Difere da justiça tradicional, pois estimula o diálogo direto entre os envolvidos e permite a maior participação dos contendores. Por isso, é um poderoso instrumento de participação popular na administração da Justiça e de democracia participativa. A conciliação pode ser praticada no âmbito judicial e extrajudicial. A conciliação judicial ou processual é dever do juiz. Pode e deve ser praticada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, conforme prevê a regra geral contida no art. 125, IV, do CPC. De qualquer modo, o Código de Processo Civil estimula a conciliação em vários momentos, como na audiência prevista nos arts. 277 e 331, as quais, por óbvio, não privam o juiz de nova tentativa em outras fases do procedimento, como previsto, por exemplo, nos arts. 447 a 449 do CPC. Portanto, conciliar é uma das vias mais interessantes para se vencer a crise da Justiça e alcançar a pacificação social dos conflitos. [CAMBI, Eduardo; FARINELLI, Alisson. Conciliação e mediação no Novo Código de Processo Civil (PLS 166/2010). Revista de Processo, São Paulo, RT, v. 194, p. 277, abr. 2011.].
 
2 – Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos (NCPC, arts. 165 e ss.)
 
Os tribunais têm por incumbência criar os Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos (Cejuscs), com composição e organização, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sem exclusão de outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionaisou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica.
 
Os Cejuscs realizarão sessões e audiências de conciliação e mediação, com o objetivo de desenvolver programas de auxílio, orientação e autocomposição.
 
Atuação do Conciliador:
 
 
· atuar em casos que não houver vínculo anterior entre as partes
· sugerir soluções para o litígio
· vedado qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para conciliação das partes
 
Atuação do Mediador:
 
· atuar preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes
· auxiliar a compreensão das questões pelos interessados (conflitantes), para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos.
 
O conciliador na conciliação proporciona uma boa oportunidade para as partes conflitantes tentarem se compor amigavelmente, podendo até sugerir proposta conciliatória; enquanto que na mediação, o mediador além de proporcionar o encontro das partes conflitantes, também as subsidia com informações adicionais sobre o objeto conflitante, as orienta no que for necessário.
 
Princípios que regem a conciliação e mediação:
 
· independência
· imparcialidade
· autonomia da vontade (inclusive quanto à definição de regras procedimentais)
· confidencialidade (a todas as informações produzidas no procedimento)
· oralidade
· informalidade
· decisão informada
 
Conciliadores, mediadores e câmaras privativas de conciliação e mediação poderão se inscrever em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro dos profissionais habilitados, com indicação da área de atuação.
 
Requisitos para atuação como conciliador e mediador, e características:
 
· Certificado de capacitação emitido por curso de capacitação realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro definido pelo CNJ e pelo Ministério da Justiça.
 
· Inscrição de conciliadores e mediadores no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
 
· Registro poderá ser efetivado por concurso público, caso opte o tribunal por quadro próprio de conciliadores e mediadores.
 
· Se advogados, estão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções (NCPC, art. 167, § 5º).
 
· Remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal.
 
· Conciliação e mediação podem ser realizadas como trabalho voluntário (sem remuneração, gratuito).
 
· Conciliador e mediador ficam impedidos por 1 ano, contado do término da última sessão em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes (NCPC, art. 172).
 
Credenciamento das câmaras privativas de conciliação e mediação, por meio de avaliação de sua atuação pelo tribunal.
 
Procedimento:
 
· As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.
 
· O conciliador ou o mediador poderá ou não estar cadastrado no Tribunal.
 
· Inexistindo acordo quanto à escolha do conciliador ou mediador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal.
 
· Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.
 
· Os tribunais determinarão o percentual de sessões não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, para atender processos beneficiários da gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento.
 
· Conciliador e mediador poderão estar impedidos ou suspeitos.
 
· No caso de impedimento, o conciliador ou mediador deve comunicar, por meio eletrônico, e devolver os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do Centro, devendo ser realizada nova distribuição (NCPC, art. 170).
 
· Se o impedimento for apurado quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador (NCPC, art. 170, § único).
 
· No caso de impossibilidade temporário do exercício da função, o conciliador ou mediador deve informar o fato por meio eletrônico, para que durante o período haja novas distribuições (NCPC, art. 171).
 
Exclusão do cadastro de conciliadores e mediadores (NCPC, art. 173 e ss):
 
· Agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres: independência, imparcialidade, autonomia da vontade (inclusive quanto à definição de regras procedimentais), confidencialidade (a todas as informações produzidas no procedimento), oralidade, informalidade e decisão informada.
 
· Atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito.
 
· Os casos serão apurados em processo administrativo.
 
· O juiz do processo ou o juiz coordenador do Centro que verificar atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por 180 dias, por decisão fundamentada, informando o tribunal para a instauração do respectivo processo administrativo.
 
A União, Estados, o DF e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, como:
 
· Dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública.
 
· Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública.
 
· Promover a celebração de termo de ajustamento de conduta, quando couber.
 
A Lei nº 13.140/2015 dispõe sobre a mediação, como meio de solução de controvérsias, entre particulares e também sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
 
3 - Conciliação
 
A conciliação ou mediação ativa tem como objetivo o acordo, sendo o conciliador o agente capaz de conduzir a conversa entre os conflitantes acerca dos direitos e deveres legais das partes. Pode-se observar que há um prestígio da autocomposição no ordenamento jurídico pátrio como forma de resolução de conflitos. Para Keith Rosenn, isto se justificaria em razão do brasileiro agir com sentimentalismo, ou seja, ele aceita e tolera solidariamente as debilidades humanas. Por esta razão, o autor entende que a conciliação é um "jeito" em nossa cultura jurídica.
 
Todavia, tal argumento deve ser revisto, na medida em que a conciliação figura como um efetivo instrumento de pacificação social, como ocorre, por exemplo, na "Semana da Conciliação" promovida pelo Conselho Nacional de Justiça. As críticas do referido autor devem ser levadas em consideração, no que tange à forma como a conciliação está sendo empregada pelos juristas e demais operadores do Direito. Isto significa dizer, que para a conciliação não se tornar uma forma de "jeito" de resolver os litígios, é necessária a criação de estruturas capazes de garantir a efetividade dos direitos com celeridade e técnica.
 
2.1 – O que é conciliação?
 
É um meio alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma terceira pessoa (neutra), o conciliador, a função de aproximá-las e orientá-las na construção de um acordo. O conciliador é uma pessoa da sociedade que atua, de forma voluntária e após treinamento específico, como facilitador do acordo entre os envolvidos, criando um contexto propício ao entendimento mútuo, à aproximação de interesses e à harmonização das relações.
 
2.2 - E conciliação judicial?
 
A conciliação é judicial quando se dá em conflitos já ajuizados, nos quais pode atuar como conciliador o próprio juiz do processo ou conciliador treinado e nomeado.
 
A conciliação é posta no sistema processual civil (NCPC) como uma das duas formas nele previstas para a resolução dos conflitos que são levados à apreciação do Judiciário. A outra, é a forma impositiva, via sentença/acórdão.
 
A conciliação é a forma preferida de resolução de conflitos no nosso sistema processual porque ela é a melhor das duas: é mais rápida, mas barata, mais eficaz e pacífica. E nela não há risco de injustiça, na medida em que são as próprias partes que, conciliadas, mediadas e auxiliadas pelojuiz/conciliador, encontram a solução para o conflito de interesses. Nela não há perdedor.
 
Nos Juizados Especiais, a conciliação é um dos seus fundamentos. Todas as causas iniciam pela conciliação (Lei 9.099/95).
 
A Conciliação é um método de solução de conflitos em que as partes resolvem a controvérsia por meio de um acordo, através da ajuda de uma terceira pessoa imparcial, o conciliador.
 
Apesar de não possuir uma lei específica, a conciliação está prevista na legislação brasileira, em vários ramos do direito, como no direito processual do trabalho, direito processual civil.
 
No âmbito do Direito Processual do Trabalho, Carlos Henrique Bezerra Leite dispõe que o princípio da conciliação, apesar de ter sido suprimido do art. 114 da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45, continua sendo amplamente previsto no plano infraconstitucional, como ocorre nos arts. 625-A, 764, 831, 846, 847 850, 852-E, 862 e 863 da CLT. Tamanha é a importância da conciliação, que uma vez não observada nos procedimentos ordinário e sumaríssimo, poderá haver nulidade absoluta dos atos posteriores, sob a justificativa de que a mesma trata de matéria de ordem pública.
 
O Novo Código de Processo Civil (NCPC), no Capítulo V, do Título I, do Livro I “Parte Especial”, artigos 334 e seguintes, disciplina a conciliação e à mediação judiciais, e atribui ao mediador e conciliador o status de auxiliares de justiça. Para reger a atuação e conduta dos operadores destas vias alternativas, devem ser observados os princípios da independência, neutralidade, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade e informalidade. Ademais, há uma inovação normativa no que diz respeito à pretensão de profissionalizar os operadores das vias alternativas de resolução de litígios, como por exemplo, a remuneração, cadastro de registro, e cursos de formação de mediadores e conciliadores.
 
O NCPC dispõe sobre a audiência de conciliação ou de mediação, na qual as partes devem estar acompanhadas de seus advogados ou defensores públicos. O art. 334 dispõe que, se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 dias de antecedência. Os §§ 2º e 4º do art. 334 dispõem que poderão ocorrer mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão, exceto se houver desinteresse das partes na composição amigável ou não se o objeto do conflito não admitir a autocomposição. O § 6º dispõe que se houver litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. O § 8º dispõe que o não comparecimento injustificado das partes (autor ou réu) à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. Dispõe o § 11º que a autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença.
 
A conciliação está prevista, ainda, nos arts. 2, 20 e 26 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9.099/95). Ademais, a referida lei prevê a possibilidade da transação penal, conforme previsão do art. 76 da Lei 9.099/95.
 
Em consonância com este entendimento, o Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável pelo controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, editou a Resolução nº 125 para instituir Política Pública de Tratamento Adequado de Conflitos de interesses no âmbito do Judiciário. A referida resolução visa estimular, apoiar e difundir a sistematização e o aprimoramento das práticas de pacificação social, destacando-se a conciliação e a mediação. Além disso, pretende vincular os órgãos judiciários para criação de Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos e Juízos de Resolução Alternativos de Conflitos. Para isso, estabelece conteúdo programático mínimo para cursos de capacitação de conciliadores e mediadores, conforme anexo I da resolução. Destaca-se, ainda, o anexo III da referida norma, que versa acerca do Código de Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais, dispondo acerca de princípios que norteiam a prática e conduta dos operadores destes meios de pacificação social.
 
2.3 - Quais as características da Conciliação?
Este método tem por principal característica a celeridade, ocorrendo geralmente em uma única reunião. Ressalte-se, também, que na Conciliação inexiste entre as partes relacionamento significativo no passado ou contínuo no futuro.
 
2.4 - Qual a função do Conciliador?
A função do Conciliador é de aproximar e propiciar as partes na construção de um acordo.
2.5 - A Conciliação tem alguma relação com a via judicial?
Sim, a Conciliação guarda uma estreita relação com a via judicial, haja vista que por diversas vezes possui previsão nos diplomas legais do ordenamento pátrio. Exemplo é o artigo 846, da CLT que dispõe: "Aberta a audiência, o juiz ou o presidente proporá a conciliação".
 
3 – Técnicas de Conciliação
 
A técnica de conciliação é um conjunto de procedimentos e estratégias que otimizam a realização da audiência/sessão de conciliação, no sentido de torná-la produtiva. Visa contribuir para o alcance dos objetivos propostos de forma mais ágil e eficiente.
 
Conhecer as técnicas de conciliação e o uso correto das mesmas possibilita o conciliador ter mais facilidade, firmeza, segurança ao conduzir a audiência/sessão de conciliação. Naturalmente, apenas a prática irá assegurar
o domínio delas.
 
3.1 - Preparação para audiência/sessão de conciliação
 
3.1.1 - Momento Prévio
 
Para promover uma atmosfera de respeito entre as pessoas envolvidas na audiência/sessão de conciliação e contribuir para que a reunião seja bem sucedida, é importante que o conciliador chegue ao local da conciliação antes do horário da audiência/sessão, a fim de se preparar adequadamente, concentrando-se e imbuindo-se do sentimento de sua função.
 
Rever as técnicas, estratégias e ferramentas que deseja empregar durante a sessão, assim como a organização prévia do ambiente (mobiliário/material), colabora para que as pessoas se sintam bem acolhidas.
 
O conciliador deve centrar-se no caso em questão buscando conhecer de antemão a natureza do conflito, o que o auxilia a ter mais segurança na condução da conciliação, podendo, se necessário, esclarecer possíveis dúvidas com juízes, coordenadores e conciliadores-orientadores.
 
3.1.2 - Como proceder anteriormente à chegada dos participantes
 
Antes dos envolvidos chegarem, o conciliador deverá:
 
1. Preparar o local no qual será realizada a conciliação: mesa, iluminação, temperatura ambiente, privacidade, água, café, local de espera, materiais de escritório, entre outros.
 
2. TÉCNICA:
1. Conhecimento prático
2. Conjunto de métodos e pormenores práticos essenciais à execução perfeita de uma arte ou profissão.
3. Revisar todas as anotações feitas sobre o caso e, se possível, memorizar o nome das partes. Quando for possível saber o nome das partes somente durante a Conciliação; anotá-los pode ser de utilidade.
4. Caso haja mais de um conciliador, é fundamental que se preparem quanto ao modo como cada um deverá atuar. É interessante que eles dividam, entre si, as informações a serem apresentadas às pessoas e estabeleçam que um realizará toda a apresentação e o outro completará os demais aspectos. De qualquer modo, uma divisão igualitária é recomendável, pois evitará o direcionamento do diálogo para apenas um dos conciliadores, e também permitirá uma melhor percepção, pelas partes, da harmonia do trabalho por eles realizado.
 
3.1.3 - Posicionamento das partes à mesa durante a conciliação
 
Alguns preparativos no local da audiência/sessão de conciliação e na organização do trabalho podem auxiliar no êxito da conciliação. Portanto, uma verificação prévia

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