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ANUAL NOTURNO Direito Administrativo Celso Spitscovsky Data: 30/09/2011 Aula 11 ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus MATERIAL DE APOIO SUMÁRIO 1) RESPONSABILIDADE DO ESTADO (continuação) PERFIL ATUAL DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO A responsabilidade do Estado, hoje, é objetiva na variante do risco administrativo, ou seja, é baseada no conceito de nexo causal e, acionado em juízo, o Estado só responde pelos danos que efetivamente tenha causado a terceiro. Assim, poderá invocar em sua defesa excludentes ou atenuantes de responsabilidade (caso fortuito, força maior e culpa da vítima). Art 37. § 6º - “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” Se uma pessoa sofre um dano causado por um Ministério, Secretaria de Estado ou subprefeitura acionará a União, Estado ou Município, respectivamente que são pessoas jurídicas de direito público. Quando alguém sofre um dano causado por uma das pessoas jurídicas da estrutura indireta da administração (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista), temos que: Se for pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos. Incluem-se as Autarquias, Fundações (seja de direito privado ou público, pois só podem ser criadas para prestar serviços públicos e não para atividade econômica), Empresas Públicas que prestarem serviços públicos (atividade econômica não) e Sociedades de Economia Mista (serviço público). Assim, sempre serão responsabilizadas as pessoas prestadoras de serviço público na forma do art. 37 § 6º, CF quando o dano tiver sido resultante da prestação de um serviço público. O critério adotado pela CF quando a responsabilidade será apurada pelo art. 37, §6º, CF foi o da natureza da atividade prestada quando o dano ocorreu. Nos demais casos, se o dano ocorreu por atividade de empresa pública ou sociedade de econômica mista exploradora de atividade econômica, a responsabilidade não será apurada nos termos do art. 37, §6º, CF. Isso porque quando se cria uma empresa pública ou sociedade de economia mista para explorar atividade econômica , ela passa a competir com a iniciativa privada. Esta competição deverá obedecer aos princípios da ordem econômica previstos no art. 170, CF. Entre os princípios do art. 170, CF destaca-se o princípio da livre concorrência. Para que esta concorrência seja livre, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, quando criadas, deverão se submeter aos mesmos regimes jurídicos da empresa privada, não podendo ter privilégios não se estendam à iniciativa privada. ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus Assim, se o dano ocorreu por atividade de empresa pública ou sociedade de econômica mista exploradora de atividade econômica, a responsabilidade se dará nos termos do art. 173 § 1º, II CF (da mesma forma que a inciativa privada responde). Assim o critério utilizado pela CF para identificar a forma de responsabilização civil é exclusivamente baseada na atividade da pessoa jurídica que gerou o dano. Se o dano foi causado por pessoa que explore atividade econômica, a responsabilização será subjetiva (depende de dolo ou culpa). Por outro lado, se o dano foi causado por quem presta serviço público, a responsabilidade será objetiva. Serviço público Art. 37, §6º, CF Natureza da atividade Atividade econômica Art. 173, §1º, II, CF Não importa se quem sofreu o dano resultante da prestação de serviço público era ou não usuário desse serviço. Esse entendimento advém da interpretação literal do art. 37 § 6º CF, pois não existe distinção entre os “terceiros” (usuários ou não) mencionados naquele dispositivo. Assim, não importa quem causou o dano, mas que tipo de atividade estava sendo exercida (exploração de atividade econômica ou serviço público), pois é este fato que definirá que tipo de responsabilidade será aplicada ao caso. A responsabilidade do Estado é objetiva, baseada no nexo causal com base na teoria do risco administrativo, podendo o Estado alegar em sua defesa o caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima (excludentes ou atenuantes de responsabilidade que decorrem da teoria do risco administrativo). Na parte final do art. 37, CF temos a possibilidade de propositura de ação regressiva em face do agente responsável pelo dano. O pressuposto lógico para a propositura desta ação é que o Estado já tenha sido condenado na ação que a vítima propôs contra ele. Deve estar comprovado dolo ou culpa para a responsabilização do agente. Neste caso não mais se fala em responsabilidade objetiva, sendo subjetiva a responsabilidade do agente. A finalidade desse instituto é privilegiar a vítima do dano, pois seria difícil para esta a comprovação de dolo ou culpa. Algumas variantes: Como não existe lei sobre o assunto, existem algumas divergências. Responsabilidade subjetiva - Alguns autores defendem que, se o dano experimentado pela vítima for resultante de uma omissão do Estado, a responsabilidade deve ser atribuída de forma subjetiva. Omissão significa que o serviço não foi feito ou foi feito de forma deficiente. É posição defendida pelo Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello. Responsabilidade Objetiva na variante do Risco Integral - É aquela que não admite alegação pelo Estado de excludentes ou atenuantes. Existe uma situação que admite a aplicação desta modalidade. São os danos resultantes de atentados terroristas em aeronaves brasileiras (Lei 10.744/03). Apesar de o Estado não ter sido o causador do ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus dano, responderá independentemente de dolo ou culpa. É a única situação em que o Estado responde pela variante do risco integral e isso porque a hipótese é prevista em lei. Obs.: Temos no art. 21, XXIII, “d”, CF que a responsabilidade da União em matéria de dano nuclear é independente de culpa. A União responde de forma objetiva, porém, não se trata de situação de Responsabilidade Objetiva na variante do Risco Integral. É possível a proposição de ação diretamente contra o agente? Alguns dizem que não é possível, tendo em vista a proposta constitucional para a matéria; assim se não houver responsabilidade do Estado, também não haverá responsabilidade do agente público. Por outro lado, o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo entende que é possível, pois o instituto da responsabilidade do Estado existe com o objetivo de proteger a vítima, de forma que esta pode escolher quem ela quer demandar, pois pode achar mais interessante ingressar diretamente contra o agente. Porém, o risco por esta opção é do autor da ação já que o agente pode alegar insolvência. Qual o prazo para a propositura de ação pela vítima contra o Estado? Alguns entendem que o prazo é de 5 anos. Depende do concurso. O prazo para o Estado se voltar contra o agente é imprescritível (art. 37 § 5º CF), pois o prazo deveria estar previsto expressamente em lei (que ainda não existe). O Estado responde pelos danos decorrentes da atividade jurisdicional? Já que o juiz é agente público, o Estado responde (art. 37, §6º, CF). Também temos o art. 5º LXXV CF que diz que o Estado indenizará quando alguém ficar preso além do tempo fixado na sentença e também pelo erro judicial. O Estado responde pelos danos decorrentes da atividade legislativa (norma inconstitucional)? Sim, o Estado responde por danos resultantes de normas inconstitucionais editadas, desde que esta inconstitucionalidade já tenha sido reconhecida pelo Poder Judiciário através de uma decisão com efeitos erga omnes. Servidores públicos – próxima aula
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