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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 1 Introdução. Relatividade Newtoniana A relatividade é o campo de estudo de eventos medidos na física; onde e quando eles acontecem, e como dois eventos são separados no espaço e no tempo. Há uma relação de transformação entre as medidas feitas quando ocorrem em referenciais em movimento um em relação ao outro. Essas relações eram bem conhecidas pelos físicos até 1905, quando Albert Einstein publicou sua Teoria Especial da Relatividade. O termo especial significa que a teoria trata somente fenômenos quie ocorrem em referenciais inerciais, nos quais as Leis de Newton são válidas. A teoria geral da Relatividade de Einstein considera a situação na qual o sistema referencial pode estar sujeito a uma aceleração gravitacional. Com dois postulados básicos, Einstein demonstrou ao mundo científico que as antigas idéias sobre relatividade estavam erradas, pois estavam baseadas em um bom senso comum, que era apoiado no estudo do movimento de objetos com velocidades baixas, muito menores que a velocidade da luz. A relatividade de Einstein demonstrou que fenômenos eram explicados para quaisquer velocidades das entidades presentes no experimento. Einstein demonstrou que o espaço e o tempo estão interligados; ou seja, o tempo entre dois eventos depende como ele ocorre e vice versa. Um resultado disso é que o tempo não passa a uma taxa fixa, como se estivesse interligado a um mecanismo regular de um relógio que controla o universo. A taxa é ajustável: movimento relativo pode mudar a uma taxa a qual o tempo passa. Hoje, experimentos comprovam essa teoria, como a engenharia envolvida com o sistema de posicionamento global (GPS – Global Positioning System) dos satélites NAVSTAR, cujas rotinas de controle utilizam relatividade (especial e geral) para determinar a taxa a qual o tempo passa nos satélites devido às diferenças medidas na superfície da Terra. Caso os engenheiros não incluíssem a teoria da relatividade nos cálculos do sistema GPS, haveria falhas no sistema em menos de um dia. O éter e a velocidade da luz Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_de_Michelso n-Morley A experiência de Michelson-Morley, uma das mais importantes e famosas experiências da história da física, realizada em 1887 por Albert Michelson (1852 - 1931) e Edward Morley (1838- 1923), é considerada uma das provas forte contra a teoria do éter. A teoria física no fim do século XIX postulava que, tal como as ondas de água têm de ter um meio por onde propagar-se (a água) e as ondas sonoras audíveis também requerem o seu meio (o ar), as ondas luminosas iriam necessitar, também elas, de um meio próprio, o "éter". A cada ano, a Terra viaja tremendas distâncias em sua orbita ao redor do sol, a uma velocidade em torno de 30km/segundo, em torno 100.000 km por hora. Estava-se proposto que a terra poderia estar a todo instante se movendo através de um éter e produzindo um "Vento Etéreo" detectável. A qualquer ponto da superfície da Terra, a intensidade e a direção do vento poderia variar com o horário do dia e a estação do ano. Através da análise do vento aparente em vários momentos diferentes do dia, deveria ser possível a separação dos componentes devido à movimentação da terra em relação ao sistema solar em qualquer situação de movimento desde mesmo sistema. O efeito do vento etéreo em ondas de luz deveria ser semelhante ao efeito do vento sobre as ondas de som. Ondas de som viajam em uma velocidade constante em relação ao meio em que se encontram (isso varia de acordo com a pressão, temperatura, mas é normalmente de 340m/s). Então, se a velocidade do som em nossas condições é de 340m/s, em uma condição de vento de 10m/s em relação ao chão, dentro da corrente de vento, a viajem do som terá 330m/s(340 - 10). Ao percorrer contra a corrente de vento, parecerá que o som está viajando a 350m/s(340 + 10). Medindo a velocidade do som em comparação ao solo em direções diferentes nos permite calcular a velocidade do ar em relação ao chão. Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 2 A experiência de Michelson-Morley foi planejada com a intenção de estudar o movimento da Terra em relação ao referencial do éter. Como a Terra se move em relação ao Sol, pareceria não realístico fazer a hipótese de que o éter se movia com a Terra, e, já eram conhecidas na época evidências experimentais que contradiziam essa hipótese. Seria mais razoável considerar que o éter estaria em repouso em relação ao centro de massa do sistema solar, ou o centro de massa do universo. No primeiro caso, a velocidade da Terra relação ao éter teria um módulo de 10 4 m/s; no segundo caso, ela seria um pouco maior. A idéia básica da experiência era de medir a velocidade da luz em duas direções perpendiculares, a partir de um sistema de referência fixo em relação à Terra. Se considerarmos por momentos a teoria clássica resumida pela adição vetorial: a velocidade da luz em relação a referencial em movimento é igual à velocidade da luz em relação ao éter menos a velocidade do referencial em movimento em relação ao éter, veremos que a teoria prevê que as velocidades medidas deverão ter valores diferentes em relação à direção de movimento do observador em relação ao éter. Embora a diferença observada entre as duas velocidades medidas fosse pequena, devido ao fato da velocidade da Terra em relação ao éter ser pequena comparada à velocidade da luz em relação ao éter, Michelson e Morley construíram um aparelho com um interferômetro que seria suficientemente sensível para detectar e medir essa diferença. Eles se surpreenderam extremamente ao verificar que não puderam detectar nenhuma diferença. Eles, e muitos cientistas depois deles, repetiram a experiência com equipamentos aperfeiçoados, porém nunca se observou diferença nenhuma. A experiência de Michelson-Morley mostrou que a velocidade da luz tem o mesmo valor, c, medida em direções perpendiculares em um sistema de referência que se supõe estar em movimento em relação através do referencial do éter. Assim, a velocidade da luz no vácuo independe do movimento do observador e do movimento da fonte. Os Postulados de Einstein 1 o Postulado: O Postulado da Relatividade As leis da física são as mesmas para todos os sistemas referenciais inerciais. Nenhum sistema é preferido em relação a outro. Galileo Gallilei afirmou que as Leis da mecânica eram as mesmas em todos os referenciais inerciais; Einstein estendeu esse resultado incluindo todas as Leis da Física, destacando-se aqui o eletromagnetismo e a ótica. O postulado não diz que as medições de quantidades físicas feitas em referenciais inerciais são iguais para observadores inerciais. 2 0 Postulado: O postulado da velocidade da Luz. A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor em todas as direções e em todos os sistemas referenciais inerciais. A velocidade da luz é um limite para as velocidades de quaisquer objetos ou partículas. Atualmente, considera-se de acordo com experimentos realizados, o valor da velocidade da luz (para o vácuo): 299792458 m c s onde usualmente utiliza-se nos livros o valor aproximado: 83 10 m c s A Transformação Galileanas e a Transformação de Lorentz Suponha que há um sistema referencial inercial S com uma velocidade v em relação a um sistema fixo S. z z’ As transformações Galileanas para as coordenadas desses sistemas são: xx v t t t As transformações de Lorentz entre os dois sistemas S e S’ são dadas por: Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 3 x x v t y y z z 2 v x t t c É assumido que em t’ = t = 0 as origens dos dois sistemas S e S’ coincidam. A demonstração dessa transformação obtém-se pelos postulados estudados. Sua prova, juntamente com o valor de será visto a seguir. A Dilatação do tempo Observadores que possuem movimentos relativos entre si (ou separados temporalmente) medem o mesmo intervalo de tempo, eles obterão diferentes resultados. Porque? Por causa da separação espacial pode afetar o intervalo de tempo medido pelos observadores. O intervalo de tempo entre dois eventos depende como eles ocorrem no espaço e no tempo; ou seja, as separações espaciais e temporais estão interligadas. Exemplificaremos através de um experimento no qual Sally conduz. Ela utiliza um espelho, um relógio e uma fonte luminosa B e realiza o experimento em um trem que se move com velocidade constante v. Um pulso de luz deixa a fonte luminosa B (Evento 1), propaga-se verticalmente e reflete-se no espelho e é detectado sua volta na fonte (Evento 2). Sally mede um certo intervalo de tempo 0t . Assim, podemos afirmar que: 0 2D t c Os dois eventos ocorrem no mesmo local, o sistema referencial inercial de Sally, no interior do trem com velocidade constante v. Considere agora que esses dois eventos são observados por Sam, que está de pé sobre uma plataforma da estação de trem, portanto, parado em relação a plataforma fixa. Para ele os dois eventos ocorrem em diferentes locais de seu sistema referencial inercial, e, para medir seu intervalo de tempo, Sam utiliza dois relógios sincronizados C1 e C2, um para cada evento. Assim, o tempo medido por Sam será: 2 2L t t L c c Como: 2 2 2 2 v t L D 2 2 2 2 2 2 2 4 4 2 v t t L t D c c 2 2 2 2 2 2 4 4 4 D v t t c c 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 4 4 1 v D v D t t t c c c c 2 2 2 2 2 4 1 D ct v c 2 2 2 2 4 1 D ct v c 2 2 2 1 D ct v c 0 2 2 1 t t v c Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 4 0 2 2 1 1 t t v c 2 1 1 v c Denominamos de fator de Lorentz e de parâmetro de velocidade. O intervalo de tempo medido no referencial no qual os eventos ocorrem no mesmo local é chamado de tempo próprio. O efeito relacionado ao fato que o intervalo de tempo medido no referencial S’ é maior que o intervalo de tempo medido no referencial S é chamado de dilatação do tempo. A Contração das distâncias 0L v t L v t 0 L L v t t 0 1tL L L L t Outra demonstração: Imagine uma experiência imaginária onde no referencial S´do trem em movimento colocamos uma régua e em uma das extremidades dela uma fonte de luz e na outra um espelho. A régua está em repouso em relação a S´ que se move com velocidade constante u em relação ao referencial S. No referencial S´ o comprimento da régua é l0. Portanto o intervalo de tempo t0 que um pulso de luz leva para ir da fonte ao espelho e retornar é: 0 0 2l t c Esse intervalo de tempo é o tempo próprio porque a ida e a volta ocorrem no mesmo ponto de S´. No sistema de referência S, a régua se desloca da esquerda para a direita com velocidade u durante a propagação do pulso de luz. O comprimento da régua no referencial S í igual a l e o intervalo de tempo que leva a luz para ir da fonte até ao espelho é t1. Durante esse intervalo de tempo, a régua, juntamente com a fonte e o espelho, já andou u t1. Portanto a distância total d entre a fonte e o espelho não é l e sim: 1d l u t O pulso de luz se desloca com velocidade c, portanto podemos afirmar que: 1d c t Assim: 1 1 1 l d l u t c t t c u Analogamente, podemos mostrar que a distância d entre a fonte e o espelho quando a luz percorre do espelho à fonte é: 2d l u t Como: 2d c t 2 2 2 l d l u t c t t c u O intervalo de tempo total que o pulso de luz leva para ir da fonte até o espelho e retornar ao ponto inicial é: 1 2t t t l l t c u c u l c u l c u t c u c u c u c u 2 2 2l c t c u 2 2 2 1 l ct u c 2 2lt c Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 5 0 0 2l t c 2 00 2 2 l t c lt c 2 0 0 t l t l Porém sabemos que: 0t t 20 0 0 t l t l 2 0 0 1l l l l 2 02 1 u l l c Ou: 2 01l l O comprimento l0 é chamado de comprimento próprio e o fenômeno descrito é chamado de contração de Lorentz. Sincronização de relógios e simultaneidade. Anteriormente, observamos a medida de um intervalo de tempo entre dois eventos que ocorrem no mesmo ponto em determinado sistema referencial. Ele pode ser medido utilizando um relógio simples. No referencial em movimento em relação ao primeiro, os mesmos dois eventos ocorrem em diferentes lugares, portanto são necessário dois relógios para medir o intervalo de tempo. O tempo de cada evento é medido em relógios diferentes, e o intervalo é encontrado pela subtração. Esse procedimento requer que os relógios estejam sincronizados. É possível demonstrar que: Dois relógios que estão sincronizados em um sistema referencial não estão necessariamente sincronizados em algum outro sistema referencial movendo-se relativamente em relação ao sistema referencial. (Relógios sincronizados). Um corolário desse resultado: Dois eventos que são simultâneos em um sistema referencial tipicamente não são simultâneos em um outro sistema referencial que se move em relação ao primeiro. (Eventos simultâneos). Definição de eventos simultâneos: Dois eventos em um sistema referencial são simultâneos se o sinal luminoso dos eventos chegam ao mesmo tempo para um observador situado no meio caminho entre os eventos. Para mostrar que dois eventos são simultâneos num referencial S e não são simultâneos num referencial S’, utilizaremos um exemplo importante proposto por Einstein. Um trem, movendo-se a velocidade v, passa por uma plataforma. Considere o trem em repouso em S’ e a plataforma estar em repouso em S. Há observadores A’, B’, e C’ localizados na frente, atrás e no meio do trem. Suponha que a plataforma e o trem sejam atingidos por relâmpagos, na frente e atrás do trem e que os relâmpagos são simultâneos no referencial da plataforma S. O observador C, no meio da plataforma entre as posições A e B, vê os relâmpagos no mesmo tempo. É conveniente supor que a luz chamusca o trem e a plataforma e os eventos podem ser facilmente localizados. Como C’ está no ponto médio do trem, o ponto médio das marcar feitas pelo relâmpago, os eventos são simultâneos em S’ somente se C’ observa os flashes ao mesmo tempo. A luz à frente de C’ é vista por C’ antes que a luz atrás. Entendemos assim por considerar o movimento de C’ como é visto no referencial S. No momentoem que a luz da frente atinge C’ C’ move-se alguma distância para frente do flash da frente e alguma distância para o flash de trás. Então, a luz do flash de trás ainda não atinge C’, como é indicado na figura a seguir. Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 6 O observador C’ deve então concluir que os eventos não são simultâneos e que a parte da frente do trem foi atingida antes que a de trás. Conseqüentemente, todos os observadores em S’ concordam com C’ quando é considerada a correção do tempo que leva a luz para chegar a eles. A figura a seguir mostra a luz que é vista no referencial do trem (S’). Nessa fotografia, a plataforma está se movendo, estão a distância entre as duas marcas da plataforma está contraída. A plataforma é menor do que está em S e, desde que o trem está em repouso, o trem é maior do que seu comprimento contraído em S. Quando a luz a frente do trem atinge o ponto A’, a frente do trem é o ponto A, e a luz ainda não atingiu o ponto B. Quando a luz atinge a parte de trás do trem em B’, atinge o ponto B da plataforma. A discrepância no tempo dos dois relógios sincronizados em S, como é vista em S’, pode ser encontrada pelas equações da transformações de Lorentz. Suponha que tenhamos relógios em x1 e x2, que estão sincronizados em S. O que são os tempos t1 e t2 nesses relógios como observados de S’ no tempo t0’? Utilizando a transformação de Lorentz, teremos: 1 0 1 2 v x t t c 2 0 2 2 v x t t c Então: 0 1 1 2 t v x t c 0 2 2 2 t v x t c 2 1 2 12 v t t x x c Como o comprimento próprio é dado por: 2 1pL x x 2 1 2 p v t t L c A transformação das velocidades x x v t y y z z 2 v x t t c 2 1 1 v dx dx v dt c 22 1 1 v dx dt dt c 2 22 1 1 1 1 x x dx v dt dx v v v dxdt dt c 2 1 x dx v dt v dx v dt c Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 7 2 1 x x x v v v v v c 22 1 1 y y dy dy v v v dxdt dt c 22 1 1 y dy dtv dx v dt dt dt c 22 1 1 1 y y x v v v v c 2 2 1 1 y y x v v v v c Similarmente: 2 2 1 1 z z x v v v v c O paradoxo dos gêmeos. Dois gêmeos fazem a seguinte experiência: um deles parte da Terra numa astronave, com destino a uma estrela distante, enquanto o outro permanece na Terra. Ao retornar, o viajante encontra-se com o gêmeo que permaneceu na Terra e observa que este estará anos mais velho do que ele. Exemplo1. : Sua nave passa a 0.999c da Terra. Depois de 10 anos viajando (medido no seu tempo) você retorna à Terra com a mesma velocidade e leva os mesmos 10 anos para voltar (medido no seu tempo). Quanto tempo passará na Terra, desprezando efeitos da desaceleração? 0 2 2 1 1 t t v c 2 2 1 10 0.999 1 t c c 222.7t (ida) 448T a Exemplo 2: Uma régua de comprimento próprio 1 m move-se com velocidade v relativa a você. Você mede um comprimento de 0.914m. Qual é a velocidade v? 2 2 1p v L L c 2 2 1 p L v c L 2 2 0.914 1 1 v c 0.406v c Exemplo 3: Um avião supersônico move- se a uma velocidade de 1000 m/s (3 vezes a velocidade do som) ao longo de um eixo x em relação a você. Um segundo avião, move-se com velocidade de 500 m/s em relação ao primeiro avião e para longe de você. Qual a velocidade do segundo avião em relação a você? 2 1 x x x v v v v v c 2 1 xx x v v v v v c 2 1 xx x v v v v v c 2 x x x x v v v v v v c 2 1 xx x v v v v v c 2 1 x x x v v v v v c 12 2 8 1000 500 5.6 10 3 10 xv v c ~ 500 1000 1500 1 0 x x v v m v s Exemplo 4: Um observador numa espaçonave possui uma arma de fogo e um espelho, como mostra a figura. A distância entre a arma e o espelho é de 15 minutos-luz e a espaçonave, em S’ atravessa a velocidade v = 0.8c em relação a uma plataforma muito longa em S. A plataforma possui dois relógios sincronizados, um localizado na posição x1 da espaçonave e outro relógio a x2 quando a luz Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 8 retorna após a reflexão do espelho. Encontre o intervalo de tempo entre os dois eventos (explosão da arma de fogo e recebimento do sinal após a reflexão no espelho) (a) no referencial da espaçonave. (b) no referencial da plataforma. (c) Encontre a distância percorrida pela espaçonave. (d) o tempo de não sincronização dos relógios da plataforma de acordo com os observadores na espaçonave. (a) Na espaçonave, a luz atravessa a distância da arma ao espelho e percorre uma distância total de: D D c t t c D D c t t c Como os eventos ocorrem no mesmo lugar na espaçonave, o intervalo de tempo é o tempo próprio. 30 p p D c t t c c 30minpt (b) No referencial S, o intervalo de tempo entre os eventos é maior por um fator : 2 2 1 1 p pt t t t v c 2 1 5 30 30 31 0.8 t t 50mint (c) No referencial S, a distância percorrida pela espaçonave é: 2 1x x v t 2 1 2 10.8 50 40 minx x c x x c (d) Os relógios da plataforma estão fora de sincronização pela quantidade: 2s P v t L c 2 0.8 40 mins c t c c 32minst Momento relativístico As leis do movimento de Newton possuem a mesma forma em todos os sistemas de referenciais inerciais. Quando utilizamos uma transformação para i de um sistema á outro, as leis permanecem invariantes. Porém, o princípio da relatividade obriga a trocar as transformações de Galileo pelas de Lorentz, que são mais gerais. Isso exige generalizações correspondentes para as leis de movimento e para as definições de energia e momento linear. O princípio da conservação do momento linear afirma que, quando dois corpos interagem, o momento linear total permanece constante, desde que a força externa resultante que atua sobre os corpos no sistema referencial inercial seja nula. Suponha que observemos uma colisão em um sistema referencial inercial S e verifiquemos que o momento é conservado. Então, usa-se as transformações de Lorentz para obter as velocidades em um segundo sistema referencial S´. Verifica-se que, usando a definição de momento linear: p m v , o momento linear não é conservado no segundo sistema de referência! Como temos certeza que o princípio da relatividade e as transformações de Lorentz são corretos, a única maneira de salvar a lei da conservação do momento linear consiste em generalizar a definição de momento linear. Suponha que, ao medirmos a massa de uma partícula que está em repouso em relação a nós, achamos um valor m; geralmente chamamos de massa de repouso a massa m. Vamos chamar de partícula material toda partícula com massa de repouso diferente de zero. Quando essa partícula tem velocidade v , seu momento linear relativístico p é dado por: 2 2 1 m v p v c Ou p m v Exemplo 5 - Da segunda Lei de Newton: dp F dt Então, usando 2 2 1 m v p v c como momento linear (relativístico) e se a força resultante e a velocidade estiverem situadas num mesmo eixo, mostre que: 3F m a Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 9 2 2 1 d m v F dt v c 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 1 2 1 dv v v v dv m m v dt c c c dt F v c 12 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 v v v m a m v a c c c F v c 2 2 2 12 2 2 2 2 2 1 1 1 v v c c v c F m a v c 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 1 1 v v c c v c F m a v c 2 2 2 2 1 1 2 2 2 1 1 v v c cF m a v c 3 2 2 2 1 m F a v c 3F m a Energia Relativística Suponha que a força resultante e o deslocamento estão numa mesma direção. O trabalho realizado por esta força é: W Fdx 2 1 3 2 2 2 1 x x m dv W dx dt v c 3 20 2 2 1 v m dx W dv dt v c 3 20 2 2 1 v m v W dv v c 2 2 2 1 2 v v u du dv c c 2 2 1 2 3 1 2 2 v c m c W du u 2 2 1 32 2 1 2 v cm c W u du 2 2 1 1 2 2 1 12 2 v u c u m c u W 2 2 1 2 1 1 v u c u W m c u 2 2 2 2 1 1 1 1 W m c m c v c 2 2 2 2 1 1 W m c m c v c 21W m c Utilizando o teorema trabalho – energia: 21W K m c Energia total da partícula: 2E K m c Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 10 2E m c A energia 2m c associada à massa de repouso m da partícula é a chamada energia de repouso da partícula. Se eliminarmos a velocidade v da partícula chega-se a: 2 2 2 2 1 1 E E m c m c v c 2 22 2 1 1 E vm c c 2 2 1 m v p v c 2 2 2 2 2 1 v p c vm c c 2 22 2E m c p c (energia total, energia de repouso e momento linear.) Efeito Doppler O Efeito Doppler é o deslocamento da freqüência de uma fonte produzido pelo movimento relativo entre a fonte e o observador. Para uma fonte emitindo ondas eletromagnética com freqüência f0 que se aproxima de um observador com velocidade relativa u, a freqüência f medida pelo observador é dada por: 0 c u f f c u Se a fonte se afasta do observador: 0 c u f f c u O Sistema GPS (Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Gps) O sistema de posicionamento global, popularmente conhecido por GPS (acrônimo do original inglês Global Positioning System, ou do português "geo-posicionamento por satélite") é um sistema de navegação por satélite que fornece a um aparelho receptor móvel a posição do mesmo, assim como informação horária, sob todas quaisquer condições atmosféricas, a qualquer momento e em qualquer lugar na Terra, desde que o receptor se encontre no campo de visão de quatro satélites GPS. Encontram-se em funcionamento dois sistemas de navegação por satélite: o GPS americano e o GLONASS russo. Existem também dois outros sistemas em implementação: o Galileu da União Européia e o Compas chinês. O sistema americano é detido pelo Governo dos Estados Unidos e operado através do Departamento de Defesa. Inicialmente o seu uso era exclusivamente militar, estando atualmente disponível para uso civil gratuito. No entanto, poucas garantias apontam para que em tempo de guerra o uso civil seja mantido, o que resultaria num sério risco para a navegação. O GPS foi criado em 1973 para superar as limitações dos anteriores sistemas de navegação. O sistema foi declarado totalmente operacional apenas em 1995. Seu desenvolvimento custou 10 bilhões de dólares. Consiste numa "constelação" de 24 satélites. Os satélites GPS, construídos pela empresa Rockwell, foram lançados entre Fevereiro de 1978 (Bloco I), e 6 de Novembro de 2004 (o 29º). Cada um circunda a Terra duas vezes por dia a uma altitude de 20200 quilômetros (12600 milhas) e a uma velocidade de 11265 quilômetros por hora (7000 milhas por hora), de modo que, a qualquer momento, pelo menos 4 deles estejam “visíveis” de qualquer ponto da Terra. Os satélites têm a bordo relógios atômicos e constantemente difundem o tempo preciso de acordo com o seu próprio relógio, junto com informação adicional como os elementos orbitais de movimento, tal como determinado por um conjunto de estações de observação terrestres. O receptor não necessita de ter um relógio de tão grande precisão, mas sim de um suficientemente estável. O receptor capta os sinais de quatro satélites para determinar as suas próprias coordenadas, e ainda o tempo. Então, o receptor calcula a distância a cada um dos quatro satélites pelo intervalo de tempo entre o instante local e o instante em que os sinais foram enviados (esta distância é chamada pseudodistância). Decodificando as localizações dos satélites a partir dos sinais de microondas (tipo de onda eletromagnética) e de uma base de dados interna, e sabendo a velocidade de propagação do sinal, o receptor, pode situar-se na intersecção de quatro calotes, uma para cada satélite. Até meados de 2000 o departamento de defesa dos EUA impunha Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 11 a chamada "disponibilidade seletiva", que consistia em um erro induzido ao sinal impossibilitando que aparelhos de uso civil operassem com precisão inferior a 90 metros. Porém, o presidente Bill Clinton foi pressionado a assinar uma lei determinando o fim dessa interferência no sinal do sistema, desse modo entende-se que não há garantias que em tempo de guerra o serviço continue a disposição ou com a atual precisão. No cenário militar, o GPS é também usado para o direcionamento de diversos tipos de armamentos de precisão, como as bombas JDAM (Joint Direct Attack Munition) e os famosos mísseis Tomahawk. Estas bombas "inteligentes" são guiadas a seus alvos por um sistema inercial em conjunto com um GPS. Este tipo de sistema de guiamento pode ser usado em qualquer condição climática e garante um alto índice de acertos. lém de sua aplicação óbvia na aviação geral e comercial e na navegação marítima, qualquer pessoa que queira saber a sua posição, encontrar o seu caminho para determinado local (ou de volta ao ponto de partida), conhecer a velocidade e direção do seu deslocamento pode-se beneficiar com o sistema. Atualmente o sistema está sendo muito difundido em automóveis com sistema de navegação de mapas, que possibilita uma visão geral da área que você está percorrendo. A comunidade científica utiliza-o pelo seu relógio altamente preciso. Durante experiências científicas de recolha de dados, pode-se registrar com precisão de micro-segundos (0,000001 segundo) quando a amostra foi obtida. Naturalmente a localização do ponto onde a amostra foi recolhida também pode ser importante. Agrimensores diminuem custos e obtêm levantamentos precisos mais rapidamente com o GPS. Unidades específicas têm custo aproximado de 3.000 dólares e precisão de 1 metro, mas existem receptores mais caros com precisão de 1 centímetro. A recolha de dados por estes receptores é mais lenta. Guardas florestais, trabalhos de prospecção e exploração de recursos naturais,geólogos, arqueólogos, bombeiros, são enormemente beneficiados pela tecnologia do sistema. O GPS tem-se tornado cada vez mais popular entre ciclistas, balonistas, pescadores, ecoturistas, geocachers, vôo livre ou por aventureiros que queiram apenas orientação durante as suas viagens. Com a popularização do GPS, um novo conceito surgiu na agricultura: a agricultura de precisão. Uma máquina agrícola dotada de receptor GPS armazena dados relativos à produtividade em um dispositivo de memória que, tratados por programa específico, produz um mapa de produtividade da lavoura. As informações permitem também otimizar a aplicação de corretivos e fertilizantes. Latitude A latitude é a distância ao Equador medida ao longo do meridiano de Greenwich. Esta distância mede-se em graus, podendo variar entre 0º e 90º para Norte ou para Sul. Por exemplo, Lisboa está à latitude de 38º 4´N, o Rio de Janeiro à latitude de 22º 55´S e Macau à latitude de 22º 27´N. Longitude A longitude é a distância ao meridiano de Greenwich medida ao longo do Equador. Esta distância mede-se em graus, podendo variar entre 0º e 180º para Este ou para Oeste. Por exemplo, Lisboa está à longitude de 9º 8´W, o Rio de Janeiro à longitude de 34º 53´W e Macau à longitude de 113º 56´E. Altitude A Terra é aproximadamente esférica, com um ligeiro achatamento nos pólos. Para se definir a altitude de um ponto sobre a Terra define-se uma esfera --- geóide --- com um raio de 6378 km. A altitude num ponto da Terra é a distância na vertical à superfície deste geóide. Por exemplo, a altitude média do Aeroporto de Lisboa é de 114 m, mas a altitude média da Holanda é negativa. Existem algumas páginas na Internet com a informação relativa à latitude e longitude de cidades: http://www.realestate3d.com/gps/world-latlong.htm Site do Google Earth: http://www.google.com.br/intl/pt- BR/earth/index.html Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 12 Fatos interessantes O primeiro satélite GPS foi lançado em 1978. O sistema atual é composto de satélites GPS de segunda geração, chamado Bloco II. O primeiro satélite do Bloco II foi lançado em 1989. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos declarou o GPS inteiramente operacional em 1995. Quando o sistema foi inicialmente introduzido, erros de cálculo eram programados em transmissões GPS para limitar a precisão de receptores GPS não-militares. Essa operação foi cancelada em maio de 2000. Há 24 satélites GPS em órbita neste momento. Os 24 satélites custaram cerca US$ 12 bilhões para serem fabricados e lançados. Cada satélite pesa aproximadamente 785 kg. Os satélites estão em órbita a cerca de 20 mil km acima da Terra. Um satélite leva 12 horas para orbitar a Terra completamente. Os russos possuem um sistema idêntico ao sistema americano chamado GLONASS. Adaptado de: http://informatica.hsw.uol.com.br/receptores-gps2.htm Exercícios 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 13 9. 10.
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