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JORGE HENRIQUE E RHIAN MOLINARI REVISADO POR DR. GLAYCON MICHELS 1ª Edição GUIA PRÁTICO DE SUPLEMENTAÇÃO Entendendo de forma científica sobre suplementação esportiva GUIA PRÁTICO DE SUPLEMENTAÇÃO Entendendo de forma científica sobre suplementação esportiva JORGE HENRIQUE E RHIAN MOLINARI REVISADO POR DR. GLAYCON MICHELS 1ª edição 2022 Apresentação dos autores Jorge Henrique é acadêmico de Medicina na Unifenas em Alfenas, presidente da Liga Acadêmica de Nutrologia (LINUT) e Coordenador Científico da Liga Acadêmica de Medicina Esportiva (LIAME). Por ser esportista, amante e estudioso da alta performance há muitos anos, decidiu criar este livro para desmistificar vários mitos e expectativas irreais sobre a suplementação esportiva, o intuito principal é dissemi- nar informações que façam sentido para você sempre baseado na Ciência e não em achismo/orelhadas. Espero que este livro enriqueça o seu conhecimento sobre o mundo da suplementação. Instagram: @jorge.henriquejj Rhian Molinari é acadêmico de Medicina na Unifenas em Alfenas, presidente da Liga Acadêmica de Medicina Esportiva (LIAME) e vi- ce-presidente da Liga Acadêmica de Nutrologia (LINUT). Sempre foi apaixonado por esportes de alto rendimento aliado a saúde. Assim, observando os consumidores de suplementos percebeu uma grande desorientação sobre para que estavam comprando, qual o objetivo, para que servia, se funcionava, então resolveu criar algo prático para ajudar esse público. Instagram: @rhianmolinari RHIAN WAGNER RÉDUA MAURO MOLINARI JORGE HENRIQUE JACINTO JUNIOR Sobre o revisor Dr. Glaycon Michels concluiu o doutorado em Medicina y Cirugia, área de concentração Ciências Morfofuncionales Del Deporte, pela Univer- sidad de Córdoba – Espanha em 1996. Pós Graduado em Medicina do Esporte pela UFSC – 1988, em Medicina do Esporte pela UFRGS – 1991, em Medicina do Esporte pela Universidad de Córdoba – Es- panha em 1996. Pós Graduado em Medicina do Trabalho pela UFSC 2003. Foi professor titular do curso de medicina da UNISUL, profes- sor substituto no curso de medicina da UFSC, professor colaborador do curso de educação física e fisioterapia da UDESC. Atualmente, é diretor técnico do IGM – Instituto Dr. Glaycon Michels. Coordenador do curso de pós-graduação em Medicina do Exercício e do Esporte – IGM-BWS, professor do curso de pós graduação em Medicina Es- tética SBME-BWS e do curso de pós-graduação em Estudos do Enve- lhecimento SOBRAE-BWS e consultor de revistas técnicas. Professor de cursos de pós-graduação lato e stricto-sensu. Publicou artigos em periódicos especializados, trabalhos em anais de eventos, capítulos de livros e livros. Orientou 57 dissertações de mestrado e 3 teses de doutorado, além de ter orientado 8 trabalhos de conclusão de curso nas áreas de medicina, engenharia de produção e turismo. Recebeu 2 prêmios e/ou homenagens. Atua na área de medicina com ênfase em Medicina do Exercício e do Esporte, Nutrologia e Envelhecimento Saudável. Instagram: @drglaycon DR. GLAYCON MICHELS 5 Guia Prático de Suplementação Poder é ter uma voz para inspirar, influenciar e gerar mudanças. – julia hartz 6 Guia Prático de Suplementação sumário Introdução Não existe produto milagroso Creatina O melhor suplemento para ganho de massa muscular Cafeína Um estimulante natural termogênico NITRATO INORGÂNICO Aumento da vasodilatação BICARBONATO DE SÓDIo Diminuição da fadiga BETA-ALANINA Diminuição da fadiga CITRULINa Aumento da vasodilatação HMB Efeito anticatabólico PROTEÍNAs O suplemento mais utilizado Sem comprovação científica Sem eficácia comprovada na performance esportiva Conclusão Considerações finais 07 11 19 26 31 34 38 42 46 56 62 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 Introdução 8 Guia Prático de Suplementação Introdução Se você está lendo este livro, é muito provável que você já tenha en- trado numa loja de suplementos alimentares e ficou olhando os diver- sos rótulos nas prateleiras, sem saber qual(is) escolher. O mercado de suplementos coloca à disposição centenas de substâncias com promessas de facilitar a perda de peso, o ganho de massa muscular e de aumentar o desempenho esportivo. No entanto, logo de início, já te adiantamos, não existe nenhum suplemento que vai te deixar com o corpo bonito, exclusivamente, por tomá-lo e esperar a mágica acontecer. É importante você ter em mente que, como qualquer mercado, a in- dústria de suplementos busca lucro. Dessa forma, a maioria dos su- plementos existentes no comércio e que são largamente consumidos por milhões de pessoas todos os dias servem, muitas vezes, para en- riquecer quem os vende. Portanto, mais uma vez, o conhecimento é algo fundamental para não cair na besteira de gastar dinheiro e tempo com algo pouco eficiente, ao invés de investir em substâncias que podem lhe entregar o resul- tado desejado. Com os conhecimentos que irá adquirir neste livro, fa- cilmente será capaz de economizar bastante. Além disso, você irá ter conhecimento para saber onde está investindo seu dinheiro, evitando assim gastar com suplementos que têm pouca eficácia comprovada. Não existe produto milagroso 1 9 Guia Prático de Suplementação No entanto, antes de pensar em suplementar, você precisa ter a me- lhor dieta possível. Como o nome já diz, o suplemento é para suple- mentar uma boa dieta, e não para consertar uma dieta ruim. Comprar suplementos sem antes de tudo estruturar uma dieta adequada não é uma escolha inteligente. É importante salientar que as informações desta obra são, exclusi- vamente, de cunho educacional. Não use qualquer substância sem acompanhamento de um médico ou nutricionista. Sendo assim, o que esperar, de fato, dos suplementos? Melhora da performance, rendimento, recuperação e adaptação do treinamento. 1. QUAIS SUPLEMENTOS REALMENTE FUNCIONAM? Dentre a larga lista de suplementos disponíveis, poucos são os que têm eficácia e segurança comprovados cientificamente para melhora da performance. A seguir, vamos falar sobre os principais suplemen- tos que realmente funcionam com comprovação científica. Porém, antes disso, é interessante que você saiba que existem níveis de evi- dência dentro da Ciência. Figura 1. Evidência científica dos suplementos. Nível A: Existem fontes robustas para uso em situações específicas com suporte científico. Nível B: Há um suporte científico emergente, merecedor de mais pes- quisas. Nível C: Pouca evidência científica. 10 Guia Prático de Suplementação Nível D: Componente que é proibido ou com alto risco de contami- nação com substâncias que poderiam levar a um teste positivo de doping. REFERÊNCIAS Peeling, P., Binnie, M. J., Goods, P., Sim, M., & Burke, L. M. (2018). Eviden- ce-Based Supplements for the Enhancement of Athletic Performance. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, 28(2), 178–187. https://doi.org/10.1123/ijsnem.2017-0343 2 Creatina 12 Guia Prático de Suplementação Creatina Apesar de ser o suplemento mais estudado, infelizmente, é o mais mal entendido e com diversos mitos. A creatina é um suplemento com nível A de evidência científica, muitos estudos comprovam a sua eficácia e segurança. Boa aplicabilidade clínica, baixo custo, ótima eficácia e corpo gigantesco de literatura científica. Sem dúvida, quan- do falamos de melhora da performance, é um dos suplementos mais prescritos. 1. ONDE ENCONTRAMOS? A creatina é produzida de forma natural pelo corpo, a partir de alguns aminoácidos (glicina, arginina, metionina), porém, essa produção na- tural de creatina é limitada não sendo suficiente para se ter todos os benefícios. Ela também está presente em alimentos como carnes, peixes, frango, ovo, frutos do mar, leite e também encontramos na forma de suplemento. 2. COMO AGE NO ORGANISMO? O papel da creatina na célula muscular é servir de fonte de energia para aumento da ressíntese de Adenosina Trifosfato (ATP) a partir da fosfocreatina pela via ATP-CP em atividadesfísicas de curta duração. o melhor suplemento para ganho de massa muscular 2 13 Guia Prático de Suplementação Ou seja, em contrações musculares rápidas e de alta intensidade, esse suplemento vai te deixar mais treinável te permitindo performar melhor e, por consequência, ter melhores resultados. 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? • Aumento da capacidade do treino de força; • Maior tolerância ao esforço e a recuperação muscular; • Aumento da força e potência muscular; • Melhora da funcionalidade em idosos • Melhora na ressíntese de glicogênio muscular; • Melhora do metabolismo da glicose; • Reduz o estresse oxidativo; • Melhora da função cerebral; • Aumento da hidratação das células [retém líquido intracelular, já que o soluto (creatina) puxa água para dentro da célula]; • Também demonstrou ação anti-inflamatória, diminuindo citocinas pró-inflamátorias (TNF-alpha) e ação antioxidante. Figura 2. Ação da creatina. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Trata-se de um dos suplementos ergogênicos mais seguros. O efeito colateral mais comum é o aumento de peso corporal secundário à retenção de água dentro das células musculares. E aqui é importante ressaltar que essa retenção hídrica é de líquido intracelular, ou seja, 14 Guia Prático de Suplementação ocorre um aumento de volume das células musculares e não causa retenção de líquido no tecido subcutâneo. O paciente deve ser muito bem orientado quanto a isso para não ge- rar pânico e achar que está engordando. Outro cuidado é que, por conta desse aumento de peso na balança, é necessário se atentar na prescrição determinados pacientes. Por exemplo, atletas de en- durance que vão correr uma longa distância podem ser prejudicados pelo peso corpóreo acima do que ele estava acostumado a treinar, dificultando-o durante a prova. Portanto, o prescritor deve conhecer e individualizar a suplementação da melhor forma possível. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? A dose é de 0,06g/kg/dia ou 3 a 5g por dia. Por exemplo, João pesa 80kg, ou seja, 80kg x 0,06g = serão 4,8g de creatina ingeridas todos os dias junto com uma refeição de carboidra- tos, em qualquer horário do dia. Se João usar doses maiores do que essa, ele irá desperdiçar dinheiro eliminando o excesso na urina. É importante dizer que os benefícios não ocorrem de forma aguda (na primeira ingestão), ninguém toma creatina hoje e amanhã já está mais treinável, porque leva cerca de 28 dias para saturar (encher) o músculo. Ou seja, o efeito ergogênico esperado é crônico e só vai acontecer após os 28 dias seguidos da suplementação. Uma práti- ca muito comum antigamente era suplementar na forma de “carga” (20g/dia durante 7 dias), porém, essa prática não é mais utilizada na clínica, uma vez que a saturação ocorre da mesma forma após 28 dias na dose de 3 a 5g/dia. 6. PARA QUEM É INDICADO? Em atividades com predomínio de movimentos rápidos (no máximo 12 segundos de contração), por exemplo, musculação (1 a 12 repeti- ções), levantamento de peso, crossfit, esportes com explosão e saltos, como vôlei e basquete. No entanto, para treinos aeróbios contínuos como caminhada, corridas longas, bicicleta, treinos em casa e treinos sem peso a creatina não vai cumprir bem o seu papel. Uma dúvida que muitas pessoas têm é em relação ao futebol, por- que nesse esporte os atletas ficam 2h em campo. Porém, não são 2h correndo direto sem parar, eles fazem algumas “explosões” (sprints) A creatina deve ser tomada todos os dias (em qualquer horário), independente se houver treino ou não. Deve se tomar preferencialmente com uma fonte de carboidrato, pois a insulina auxilia na melhor retenção muscular da creatina. 15 Guia Prático de Suplementação durante o jogo e, por isso, também podem se beneficiar da suplemen- tação. 7. DÚVIDAS FREQUENTES 7.1 Todos vão responder da mesma forma a creatina? Não. Por exemplo, um paciente vegetariano e/ou vegano vai respon- der melhor a suplementação da creatina do que um paciente que in- gere altas quantidades de carne todos os dias. Isso porque na carne existe uma grande quantidade de creatina. Portanto, um indivíduo que não come ou come pouca carne pode se beneficiar mais da suple- mentação de creatina do que um indivíduo que come alta quantidade de carne todos os dias. 7.2 Tem diferença na creatina monohidratada, hidrolisada ou outro tipo? Existem diferentes tipos de creatina: creatina malato, creatina citra- to, creatina serum, creatina etil ester, creatina micronizada e creatina monohidratada. A principal diferença é no seu bolso, porque a creati- na monohidratada em 6 minutos já está na sua corrente sanguínea, já a creatina hidrolisada diminui o tempo de absorção em 50%, ou seja, em 3 minutos ela será absorvida. Na prática, não há nenhuma diferença significativa e o preço da hidrolisada constuma ser 3 vezes mais cara. Logo, dê preferência à creatina monohidratada que é mais barata e cumpre muito bem o seu papel. 7.3 A creatina pode aumentar a creatinina? Sim, principalmente dependendo da quantidade de massa muscular e do nível de treinamento do indivíduo. Quanto mais massa muscular, maior vai ser a transformação de creatina em creatinina. Essa reação de creatina em creatinina é a única reação do corpo humano que não precisa de enzimas. Portanto, vale ressaltar que o aumento de crea- tinina em quem suplementa creatina não significa, necessariamente, dano renal, por isso, a importância de sempre estar sendo orientado por um bom profissional. 16 Guia Prático de Suplementação 7.4 A creatina prejudica os rins? Não. Não existem estudos que comprovem a relação com lesão renal e creatina na dose de 3 a 6g diárias em indivíduos saudáveis. O que pode acontecer é o aumento da creatinina no sangue de quem usa creatina. A creatinina é um subproduto do ATP, ou seja, se você tiver um treinamento com alta demanda de ATP, a creatinina, por consequ- ência, também vai subir no sangue. Porém, o aumento creatinina por conta da creatina não significa dano renal. Sendo assim, para avaliar a função renal de alguém que treina e usa creatina, o médico precisa solicitar outros parâmetros de avaliação, como a cistatina C. Se hou- ver alguma sobrecarga renal, desconfiar de produto adulterado. OBS: Há estudos que avaliaram o uso de creatina até por pessoas com rim único, evidenciando ausência de piora da função renal. A úni- ca restrição fica para pacientes que já possuem alguma doença renal, nesses casos, é imprescindível a avaliação médica. 7.5 A creatina causa cálculos renais (pedras nos rins)? Não. Não há qualquer evidência científica que comprove essa relação. A via metabólica da creatina não passa pela formação de cálculos. 7.6 Creatina provoca acne e queda de cabelo? Não há qualquer evidência científica nesse sentido. Porém, se o pa- ciente começar a apresentar queda de cabelo e acne, deve-se sus- peitar de produto alterado, principalmente contaminação com DHT (dihidrotestosterona) e DCD (dicyanodiamide). Dois contaminantes que promovem acne, queda de cabelo e sobrecarga renal. 7.7 Cretina aumenta celulite? Não. O que aumenta celulite é ganhar gordura e alterações hormo- nais. 7.8 Café/cafeína impede a absorção? Não. Você irá absorver a creatina e a cafeína mesmo que você tome os dois juntos. O que existe é uma competição da creatina com a ca- feína na ação periférica do tecido muscular, particularmente no me- tabolismo do cálcio (isso apenas no pré-treino). Ou seja, essa compe- 17 Guia Prático de Suplementação tição não ocorre se você tomar a creatina com o seu café em outros horários. 7.9 Preciso parar? Depende do objetivo. Na maioria das vezes não precisa. 7.10 Esqueci de tomar alguns dias, e agora? Volte a tomar normalmente, pois da mesma forma que demora 4 se- manas para saturar (“encher”) o músculo e ter os benefícios, também demora 4 semanas para descarregar (“esvaziar”) completamente os estoques de creatina. Se o espaço for maior do que 10 dias e você queirao resultado mais rápido, converse com seu médico ou nutricio- nista para avaliar a possibilidade da saturação. 7.11 Como tomar? Você pode jogar na boca direto e tomar água logo em seguida ou misturar com água, suco, vitamina, para melhorar a palatabilidade. Isso não influencia na absorção. O importante é tomar todos os dias conforme a orientação. 7.12 A creatina por si só faz ganhar massa muscular? Não. A creatina sozinha não aumenta a massa muscular. A creatina aumenta as adaptações ao treinamento, por exemplo, se você fazia 8 repetições no supino, após saturar o músculo de creatina, você pode passar a fazer 10 repetições. Esse aumento do volume de treino, em conjunto com uma dieta hiperproteica, hipercalórica, sono e treinos adequados, resulta no aumento da massa muscular. 7.13 Posso usar em idosos? Algo muito comum em idosos é a sarcopenia (perda da massa mus- cular) que promove aumento da fragilidade e, muitas vezes, incapaci- dade motora. Porém, estudos extremamente relevantes mostram que uma estratégia super efetiva para combater a sarcopenia é a asso- ciação da suplementação de creatina com o exercício físico, e assim, atenuando os efeitos da sarcopenia, promovendo mais saúde e quali- dade de vida para esse idoso. 18 Guia Prático de Suplementação 7.14 Quem tem pressão alta pode tomar? Sim. A retenção de água é intracelular e não extracelular, ou seja, a retenção é fora da célula muscular e não tem nenhuma relação com o aumento da pressão arterial. 7.15 Precisa beber mais água? Se o paciente for bem hidratado não há necessidade. É recomendado beber de 30 a 50ml/kg de água por dia. Por exemplo, Gabryela pesa 60kg, então deve tomar no mínimo 60kg x 30ml = 1800ml/dia. 7.16 Creatina causa câimbra? Não. A câimbra tem duas principais causas: desbalanço de eletrólitos e esforço repetitivo. Não tem nenhum dado na literatura afirmando relação com creatina. REFERÊNCIAS Antonio, J., Candow, D. G., Forbes, S. C., Gualano, B., Jagim, A. R., Krei- der, R. B., Rawson, E. S., Smith-Ryan, A. E., VanDusseldorp, T. A., Willou- ghby, D. S., & Ziegenfuss, T. N. (2021). Common questions and mis- conceptions about creatine supplementation: what does the scientific evidence really show?. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 18(1), 13. https://doi.org/10.1186/s12970-021-00412-w Poortmans, J. R., Kumps, A., Duez, P., Fofonka, A., Carpentier, A., & Francaux, M. (2005). Effect of oral creatine supplementation on urinary methylamine, formaldehyde, and formate. Medicine and science in sports and exercise, 37(10), 1717–1720. https://doi.org/10.1249/01. mss.0000176398.64189.e6 Trexler, E. T., & Smith-Ryan, A. E. (2015). Creatine and Caffeine: Con- siderations for Concurrent Supplementation. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, 25(6), 607–623. https://doi. org/10.1123/ijsnem.2014-0193 Cooper, R., Naclerio, F., Allgrove, J., & Jimenez, A. (2012). Creatine su- pplementation with specific view to exercise/sports performance: an update. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 9(1), 33. https://doi.org/10.1186/1550-2783-9-33 Gualano, B., Ugrinowitsch, C., Novaes, R. B., Artioli, G. G., Shimizu, M. 19 Guia Prático de Suplementação H., Seguro, A. C., Harris, R. C., & Lancha, A. H., Jr (2008). Effects of cre- atine supplementation on renal function: a randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial. European journal of applied physiolo- gy, 103(1), 33–40. https://doi.org/10.1007/s00421-007-0669-3 de Souza E Silva, A., Pertille, A., Reis Barbosa, C. G., Aparecida de Oli- veira Silva, J., de Jesus, D. V., Ribeiro, A., Baganha, R. J., & de Oliveira, J. J. (2019). Effects of Creatine Supplementation on Renal Function: A Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of renal nutrition : the official journal of the Council on Renal Nutrition of the National Kidney Foundation, 29(6), 480–489. https://doi.org/10.1053/j.jrn.2019.05.004 Riesberg, L. A., Weed, S. A., McDonald, T. L., Eckerson, J. M., & Dres- cher, K. M. (2016). Beyond muscles: The untapped potential of cre- atine. International immunopharmacology, 37, 31–42. https://doi.or- g/10.1016/j.intimp.2015.12.034 Antonio, J., & Ciccone, V. (2013). The effects of pre versus post workout supplementation of creatine monohydrate on body composition and strength. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 10, 36. https://doi.org/10.1186/1550-2783-10-36 Candow, D. G., Forbes, S. C., Kirk, B., & Duque, G. (2021). Current Evi- dence and Possible Future Applications of Creatine Supplementa- tion for Older Adults. Nutrients, 13(3), 745. https://doi.org/10.3390/ nu13030745 3 cafeína 21 Guia Prático de Suplementação cafeína A cafeína é uma substância capaz de estimular o sistema nervoso central. Ela foi identificada pela primeira vez no café e hoje é uma das substâncias mais utilizadas no mundo. Sua capacidade de reduzir os efeitos do cansaço e aumentar o estado de alerta favorece a rotina de qualquer pessoa, inclusive, praticantes de atividades físicas. 1. ONDE ENCONTRAMOS? Café, chás, refrigerantes, energéticos, chocolates, e na maioria dos pré-treinos do Brasil. Por isso, é uma das principais substâncias con- sumidas no mundo inteiro. 2. COMO AGE NO ORGANISMO? A principal função é dada a nível de Sistema Nervoso Central (SNC), pois ela é antagonista dos receptores de adenosina. A adenosina é um neuromodulador que quando se liga nos seus receptores cau- sa sonolência e cansaço. A molécula de cafeína tem uma estrutura muito parecida com a adenosina, ou seja, quando há um aumento de cafeína no sangue ela se liga nos receptores no lugar da adenosina, diminuindo a percepção de sono e cansaço. um estimulante natural termogênico 3 22 Guia Prático de Suplementação 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? • Causa efeito estimulante “energético”. • Aumenta a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático, ou seja, melhora a contração muscular. • Aumento da atividade de enzimas glicolíticas (fosfofrutoquinase), otimizando a respiração celular e a formação de ATP. • Potencializa a oxidação de gordura pelo aumento da liberação de catecolaminas. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Insônia, ansiedade, taquicardia, piora da arritmia (se houver), dor de cabeça, prejuízo da memória, pode levar a desidratação por inibição do hormônio antidiurético (ADH), principalmente quando há o abuso desse estimulante. Por isso, a importância de sempre estar sendo orientado por um bom profissional da área. ATENÇÃO: sua meia-vida é em torno de 6h, ou seja, se você tomar 400mg de cafeína às 17h, às 23h haverá 200mg fazendo efeito em seu organis- mo. Portanto, evite tomar 8h antes de dormir para não correr o risco de insônia como efeito adverso. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? Pode ser usada a qualquer hora do dia, mas é comum utilizar como pré treino 60 a 120 minutos antes da atividade física. As doses recomendadas são de 3 a 6mg/kg (quem não está acostu- mado deve começar com 3mg/kg). Por exemplo, Maria pesa 65kg, ou seja, 65kg x 3mg = 195mg de cafeína 1h antes do treino. 6. PARA QUEM É INDICADO? Para praticantes de atividade física no geral, estudantes, pacientes com rotina cansativa, etc. Desde que tome em doses corretas confor- me orientação de um profissional, evitando assim os colaterais. 7. DÚVIDAS E CUIDADOS QUE DEVO TER? • Se você consome pouco ou nunca consumiu café, chá preto, ener- géticos, cuidado, comece pela dose mínima, pois a cafeína pode 23 Guia Prático de Suplementação gerar mal-estar, aumentar a frequência cardíaca, insônia e piorar doenças cardiovasculares já existentes. • Se já tem insônia, rever a utilização com seu médico ou nutricionis- ta, isso porque o sono é um processo importante na recuperação muscular, emagrecimento e formação da memória. Nesse caso, os prejuízos são bem maiores do que os benefícios da cafeína. • Se tem ansiedade e/ou crise de pânico, não use e procure seumé- dico para orientação adequada. • Se tem gastrite. O café não causa gastrite, mas em excesso pode piorar quem já tem, principalmente quem não tem bons hábitos alimentares. Procure um médico(a). • Existe algo chamado resposta dose dependência, isto é, quando a cafeína é tomada em excesso por um longo período de tempo é criado tolerância a sua ação, ou seja, quem toma sempre, deixa te ter o efeito da cafeína. No entanto, essa tolerância pode ser reverti- da após cessar o uso por 2 a 3 semanas. • Alguns estudos mostraram que doses maiores que 800mg de ca- feína aumentam o cortisol. Portanto, não abuse. • Por que algumas pessoas preferem a utilização apenas de cafeína no pré-treino? Porque, no geral, suplementos chamados de pré-trei- no costumam ser caros e ter substâncias que não fazem efeito imediato ou sem efeito. Por exemplo, a creatina só vai fazer efei- to a partir 4ª semana, a beta-alalina só vai fazer efeito a partir da 10ª semana. Ou seja, a única substância que tem efeito imediato no pré-treino é a cafeína que, se comprada separadamente, é bem mais barato que um suplemento pré-treino. • Mulheres que usam contraceptivo oral anticoncepcional têm maior tolerância a cafeína, ou seja, o efeito dura menos. • Café ou cafeína? Não há diferença do café para a cafeína quando se usa a mesma quantidade. Por exemplo, 200mg de cafeína em cápsula e 200mg de cafeína contidas no café são a mesma coisa. A diferença é que na cápsula você tem o controle exato de quanto está ingerindo. Por outro lado, o café recém passado tem varias substâncias como antioxidantes, além do prazer de tomar um café especialmente para quem gosta e ter menor custo. A Figura 3 de- monstra a quantidade de cafeína em algumas bebidas, mas lem- brando que isso pode variar. 24 Guia Prático de Suplementação 8. QUAL A DIFERENÇA DO SUPERCOFFEE PARA O CAFÉ? Existe uma promessa de que o café termogênico tem tudo que é ne- cessário para emagrecer e ter performance. De fato, parece tentador um suplemento com tantos componentes e “possíveis benefícios”. Porém, a verdade é que, ao analisar a composição, percebemos que o único componente realmente útil do produto é a cafeína. Acima apren- demos que a suplementação de cafeína isoladamente pode sim ser bem útil para melhorar a performance no treino e, consequentemente, auxiliar na perda de gordura. No entanto, esses cafés termogênicos possuem quantidades baixas de cafeína (na média 80mg), ou seja, só seria útil para alguém que pesa 30kg ou caso aumentasse a dose. Não vale a pena confiar em tudo que se vê na internet, pois existe uma empresa lucrando muito isso. Portanto, só invista o seu dinheiro caso goste muito do sabor e não se importe em pagar caro, pois ele custa quase 10x mais do que um café em pó. Mas, caso queira economizar e ter os mesmos benefícios, um simples café vai fazer o mesmo efei- to. Figura 3. Cafeina em alimentos e bebidas. 25 Guia Prático de Suplementação 9. POR QUE ALGUMAS PESSOAS RESPONDEM MELHOR A CAFEÍ- NA DO QUE OUTRAS? Existem, basicamente, dois tipos de respostas à cafeína. Isso é indivi- dual e modifica os efeitos da cafeína. 9.1 Metabolizadores rápidos Têm benefícios com poucos riscos. 9.2 Metabolizadores lentos Apresentam maior risco de colaterais (taquicardia, insônia, etc...). Para saber exatamente qual metabolizador você é apenas com exa- me genético. Porém, não há necessidade, porque além de ser um exa- me caro, sabe-se que 95% da cafeína é metabolizada no fígado pela enzima CYP1A2. Ou seja, caso o paciente tenha bastante CYP1A2, é um paciente metabolizador rápido, ou seja, responde bem a cafeína com poucos ou nenhum colateral. Por outro lado, aquele paciente que tem pouca CYP1A2, normalmente, é aquele paciente que responde mal a cafeína com bastante colateral. ATENÇÃO: Com o avançar da idade, a tendência do corpo é diminuir a produção de enzimas em geral, incluindo a CYP1A2 o que nos torna, com o tempo, metabolizadores lentos. REFERÊNCIAS Beaven, C. M., Hopkins, W. G., Hansen, K. T., Wood, M. R., Cronin, J. B., & Lowe, T. E. (2008). Dose effect of caffeine on testosterone and cortisol responses to resistance exercise. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, 18(2), 131–141. https://doi. org/10.1123/ijsnem.18.2.131 Da Silva, V. L., Messias, F. R., Zanchi, N. E., Gerlinger-Romero, F., Dun- can, M. J., & Guimarães-Ferreira, L. (2015). Effects of acute caffeine ingestion on resistance training performance and perceptual respon- ses during repeated sets to failure. The Journal of sports medicine and physical fitness, 55(5), 383–389. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. Hodgson, A. B., Randell, R. K., & Jeukendrup, A. E. (2013). The meta- 26 Guia Prático de Suplementação bolic and performance effects of caffeine compared to coffee during endurance exercise. PloS one, 8(4), e59561. https://doi.org/10.1371/ journal.pone.0059561 Guest, N., Corey, P., Vescovi, J., & El-Sohemy, A. (2018). Caffeine, CY- P1A2 Genotype, and Endurance Performance in Athletes. Medicine and science in sports and exercise, 50(8), 1570–1578. https://doi. org/10.1249/MSS.0000000000001596 Martins, G. L., Guilherme, J., Ferreira, L., de Souza-Junior, T. P., & Lan- cha, A. H., Jr (2020). Caffeine and Exercise Performance: Possible Di- rections for Definitive Findings. Frontiers in sports and active living, 2, 574854. https://doi.org/10.3389/fspor.2020.574854 4 NITRATO INORGÂNICO 28 Guia Prático de Suplementação NITRATO INORGÂNICO Os nitratos são compostos que possuem o ânion nitrato em sua composição (NO3-). Nos últimos anos, foram identificados diferentes macronutrientes e micronutrientes com capacidade de melhorar o desempenho esportivo. Entre esses compostos, o nitrato inorgânico que se transforma em óxido nítrico (NO), promove um efeito vasodi- latador de grande importância para melhorar o fluxo sanguíneo e a oxigenação muscular. 1. ONDE ENCONTRAMOS? O nitrato é uma substância encontrada, principalmente, na beterraba, mas também em outros vegetais verde-folhosos. Assim, o suco é rico em nitrato e betalaínas (antioxidantes e anti-inflamatório). Também existe a suplementação pelos sais de nitrato (sódio ou potássio). 2. COMO AGE NO ORGANISMO? O nitrato, presente na beterraba, ao sofrer um processo de redução no organismo [nitrato > nitrito > óxido nítrico (NO3)] se transforma em NO (óxido nítrico) que provoca um efeito vasodilatador, aumentando a performance. Aumento da vasodilatação 4 29 Guia Prático de Suplementação 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? • Aumento da vasodilatação e da angiogênese (aparecimento de no- vas artérias); • Aumento da respiração e biogênese mitocondrial; • Aumento da captação de glicose pelo tecido muscular; • Aumento da liberação de cálcio pelo retículo endoplasmático (auxi- liando na contração muscular); • Por conta desses benefícios, existe um potencial modulador de do- enças cardiovasculares. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Sem efeitos colaterais significativos. A única dificuldade é a aceitação no longo prazo. Quando você toma suco de beterraba todos os dias é muito comum enjoar e diminuir a adesão da suplementação. Nesses casos, recomenda-se mesclar com outras fontes de nitrato, como ce- noura, alface, espinafre, rúcula a fim de melhorar o sabor e facilitar a suplementação. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? Pode ser utilizado de forma aguda ou crônica, ou seja, tomar todos os dias ou, às vezes, de forma pontual. É recomendado a utilização no pré-treino 2h antes da atividade física. A dose recomendada é de 3 beterrabas com aproximadamente Figura 4. Mecanismo de ação do nitrato. 30 Guia Prático de Suplementação 400mL, na forma de suco, ou conforme a orientação do médico ou nutricionista. A grande questão é que não se sabe a quantidade exata de nitrato presente em uma beterraba, isso porque existe uma grande variação devido ao cultivo de cadaregião. No caso do suco de beterraba, não misture com nenhuma fonte de vitamina C porque reduz a disponibilidade de nitrato. Porém, recentemente chegou no Brasil um produto chamado Tru- Beet, é um extrato de nitrato que possibilita quantificar exatamente o nitrato. Uma colher de sopa de TruBeet equivale a 6 beterrabas. Esse produto pode ser usado em vitaminas, bebidas no geral e promete facilitar a suplementação esportiva de nitrato. Algo que poucas pessoas sabem é que as bactérias presentes na ca- vidade oral são responsáveis por converter nitrato em nitrito. Sendo assim, quando se usa enxaguante bocal é eliminado essas bactérias e, por consequência, não existe a conversão de nitrato em nitrato. Por- tanto, não é recomendado utilizar enxaguante bocal nos dias em que for suplementar nitrato. Escovação normal dos dentes não atrapalha. 6. PARA QUEM É INDICADO? A suplementação é indicada para exercícios aeróbios como corrida, ciclismo e natação, quanto para exercícios de curta duração e alta intensidade como musculação e CrossFit. Porém, os principais estudos mostraram maior eficácia em exercí- cios aeróbios. REFERÊNCIAS Nyakayiru, J., Jonvik, K. L., Trommelen, J., Pinckaers, P. J., Senden, J. M., van Loon, L. J., & Verdijk, L. B. (2017). Beetroot Juice Supple- mentation Improves High-Intensity Intermittent Type Exercise Per- formance in Trained Soccer Players. Nutrients, 9(3), 314. https://doi. org/10.3390/nu9030314 Lorenzo Calvo, J., Alorda-Capo, F., Pareja-Galeano, H., & Jiménez, S. L. (2020). Influence of Nitrate Supplementation on Endurance Cyclic Sports Performance: A Systematic Review. Nutrients, 12(6), 1796. ht- tps://doi.org/10.3390/nu12061796 Soccer Players. Nutrients, 9(3), 314. https://doi.org/10.3390/ nu9030314 31 Guia Prático de Suplementação Mosher, S. L., Sparks, S. A., Williams, E. L., Bentley, D. J., & Mc Naugh- ton, L. R. (2016). Ingestion of a Nitric Oxide Enhancing Supplement Improves Resistance Exercise Performance. Journal of strength and conditioning research, 30(12), 3520–3524. https://doi.org/10.1519/ JSC.0000000000001437 Porcelli, S., Pugliese, L., Rejc, E., Pavei, G., Bonato, M., Montorsi, M., La Torre, A., Rasica, L., & Marzorati, M. (2016). Effects of a Short-Term Hi- gh-Nitrate Diet on Exercise Performance. Nutrients, 8(9), 534. https:// doi.org/10.3390/nu8090534 Santos, Gustavo & Loureiro, Luiz. (2017). Nitrato: suplementação, fon- tes dietéticas e efeitos na performance. Revista Brasileira de Nutrição Funcional. 7-16. Santinoni, Erika. (2014). Efeitos de nitritos e nitratos no rendimento esportivo. Revista Brasileira de Nutrição Funcional. 15-28. 5 BICARBONATO DE SÓDIO 33 Guia Prático de Suplementação BICARBONATO DE SÓDIO O bicarbonato de sódio (NaHCO3) é o primeiro suplemento tampo- nante descoberto na literatura científica (1920). A suplementação pro- voca a saída de íons H+ do ambiente intracelular para o extracelular, diminuindo a fadiga e aumentando a capacidade de fazer exercício intenso por mais tempo. 1. ONDE ENCONTRAMOS? Basicamente, na suplementação. 2. COMO AGE NO ORGANISMO? O exercício físico intenso provoca, naturalmente, o acúmulo de íons de H+ dentro do músculo esquelético (acidose muscular). Essa aci- dose muscular é aquela sensação de queimação no músculo quando fadigado. Quando ingerimos bicarbonato de sódio, ele vai aumentar na corrente sanguínea e esse aumento vai ativar os transportadores (MCT1 e MCT4 estão na membrana do músculo) que vão tirar H+ e lactato de dentro do músculo para a corrente sanguínea, onde no sangue, esse íon de H+ vai ser tamponado pelo bicarbonato de sódio e excretado na forma de CO2. Portanto, o mecanismo é evitar o acú- mulo de H+ intramuscular e retardar a fadiga. Diminuição da fadiga 5 34 Guia Prático de Suplementação 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? Principalmente redução da fadiga e, por consequência, aumento da capacidade de fazer exercício intenso por mais tempo. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Prevalência de gases e desconfortos gastrointestinais (diarreias, do- res de barriga, náuseas e vômitos). Por isso, nunca começar a utilizar próximo da competição. O nutricio- nista ou médico deve avaliar a resposta individual dessa suplementa- ção antes de competições para que não ocorra nenhum efeito colate- ral durante a prova. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? Deve ser utilizado de 90 a 120 minutos antes do exercício. A dose recomendada é de 0,3g/kg. Por exemplo, Marcos pesa 70kg, ou seja, 70kg x 0,3g = 21g fracionados ao dia. 6. PARA QUEM É INDICADO? Esportes de alta intensidade e curta duração. Por exemplo, 2000m remo (6 a 7 minutos); 4km de timing trial (contra relógio) de ciclismo (~6 minutos). Não foram observados efeitos em exercícios prolonga- dos. REFERÊNCIAS Heibel, A. B., Perim, P., Oliveira, L. F., McNaughton, L. R., & Saunders, B. (2018). Time to Optimize Supplementation: Modifying Factors In- fluencing the Individual Responses to Extracellular Buffering Agents. Frontiers in nutrition, 5, 35. https://doi.org/10.3389/fnut.2018.00035 6 BETA-ALANINA 36 Guia Prático de Suplementação BETA-ALANINA A beta-alanine, ou β-alanina, é um derivado de um aminoácido não essencial, sendo o único do tipo beta produzido naturalmente pelo nosso organismo. Ele é capaz de proporcionar um efeito tampão nas fibras musculares diminuindo a fadiga e aumentando a capacidade de fazer exercício intenso por mais tempo. É importante não confundir a substância com a alanina, pois apesar de terem nomes semelhantes, os efeitos no organismo são bem dis- tintos. 1. ONDE ENCONTRAMOS? Suplementação e alimentos ricos em proteínas e com a presença de dipeptídeos (anserina, balenina e carnosina), como carne bovina e su- ína, peixe e frango. 2. COMO AGE NO ORGANISMO? A suplementação de beta-alalina aumenta a quantidade de carnosina dentro do músculo esquelético. Essa carnosina retarda a fadiga atra- vés do efeito tampão de íons H+ no músculo reduzindo a “queimação”. Diminuição da fadiga 6 37 Guia Prático de Suplementação 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? Principalmente redução da fadiga e, por consequência, aumento da capacidade de fazer exercício intenso por mais tempo. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Um efeito colateral muito comum é chamado de parestesia (formiga- mento) ou popularmente conhecido como efeito da coceira. Essa co- ceira acontece porque a beta-alanina tem uma estrutura semelhante ao neurotransmissor GABA. Ambos estimulam neurônios sensoriais na pele que dão essa sensação. Isso geralmente acontece em doses mais altas e não fracionadas. Sendo assim, uma maneira simples de evitar essa coceira é fracionar as doses 3x ao dia. A parestesia não tem nenhuma relação com desempenho, é apenas um efeito colateral. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? Muitas pessoas acham que ela deve ser utilizada pré-treino e apenas quando houver treinamento. Mas, na verdade, essa suplementação deve ser tomada todos os dias, independente de ocorrer treinamento ou não, distribuída 3x ao dia. As doses utilizadas são de 3,2 a 6,4g/dia. Por exemplo, José pesa 70kg, ou seja, 70kg x 3,2g = 224g distribuídos 3x ao dia. Assim como a creatina, a suplementação de beta-alanina é crônica de no mínimo 4 semanas para ter os efeitos ergogênicos. Esse resulta- do começa a fazer efeito depois dessas 4 semanas de uso e tem seu pico na 12ª semana. 6. PARA QUEM É INDICADO? Para treinamentos de alta intensidade e curta duração, mas com con- trações musculares mais demoradas (60 segundos até 240 segun- dos). Por exemplo, 200m natação, 800m corrida, 2000m remo, 4km ciclismo, CrossFit, lutas, circuitos e musculação dependendo da série (se houver acidose), pode ter indicação. Não foram observados efei- tos em exercícios prolongados como exercícios aeróbios. 38 Guia Prático de Suplementação REFERÊNCIAS Quesnele, J. J., Laframboise, M. A., Wong, J. J., Kim, P., & Wells, G. D. (2014). The effects of beta-alanine supplementation on performance:a systematic review of the literature. International journal of sport nutri- tion and exercise metabolism, 24(1), 14–27. https://doi.org/10.1123/ ijsnem.2013-0007 Hobson, R. M., Saunders, B., Ball, G., Harris, R. C., & Sale, C. (2012). Effects of β-alanine supplementation on exercise performance: a meta-analysis. Amino acids, 43(1), 25–37. https://doi.org/10.1007/ s00726-011-1200-z Gilsanz, L., López-Seoane, J., Jiménez, S. L., & Pareja-Galeano, H. (2021). Effect of β-alanine and sodium bicarbonate co-supplementa- tion on the body’s buffering capacity and sports performance: A sys- tematic review. Critical reviews in food science and nutrition, 1–14. Advance online publication. https://doi.org/10.1080/10408398.2021. 2012642 Perim, P., Marticorena, F. M., Ribeiro, F., Barreto, G., Gobbi, N., Kerksick, C., Dolan, E., & Saunders, B. (2019). Can the Skeletal Muscle Carnosine Response to Beta-Alanine Supplementation Be Optimized?. Frontiers in nutrition, 6, 135. https://doi.org/10.3389/fnut.2019.00135 7 CITRULINA 40 Guia Prático de Suplementação CITRULINA A citrulina é um aminoácido não essencial precursor de arginina/óxido nítrico. Esse aminoácido intervém no ciclo da ureia e se forma no inte- rior da mitocôndria a partir da ornitina ou a partir da glutamina. Uma vez formada a citrulina, essa é expulsa da mitocôndria para continuar com o ciclo até formar arginina e finalmente ureia. Esse processo é de vital importância para eliminar os produtos tóxicos nitrogenados do organismo. 1. ONDE ENCONTRAMOS? Além da suplementação em cápsulas, podemos encontrar citrulina em fontes naturais de origem animal (carnes, pescado, ovos e leite) e de origem vegetal (melancia). Alguns pré-treino contêm citrulina, po- rém, em doses baixas. 2. COMO AGE NO ORGANISMO? Basicamente, o corpo pode converter a citrulina em arginina. Essa arginina, após se transformar em óxido nítrico (NO), age no aumen- to da vasodilatação, ocorrendo todos os benefícios citados acima na suplementação de nitrato. Portanto, a L-citrulina é um precursor de L-arginina e NO, que possuem um potencial de melhora no desempe- Aumento da vasodilatação 7 41 Guia Prático de Suplementação nho esportivo sendo uma alternativa ao suco de beterraba pré-treino. 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? • Promove vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo, o que pode aumentar o oxigênio e os nutrientes para os músculos; • Melhora a função muscular, a resistência à fadiga durante o exer- cício e a recuperação; • Auxilia na função celular e cardiovascular; • Melhora a eficiência mitocondrial; • Facilita a eliminação do metabolismo de subprodutos. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Não há efeitos adversos consideráveis, no entanto, se você estiver to- mando outros tipos de medicamentos, é muito aconselhável pergun- tar ao médico sobre a interação dessas substâncias, porque diversos remédios já funcionam como vasodilatadores. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? Deve ser tomada 30 a 60 minutos antes do treino. Pode ser tomado em dose única de 2 a 8g. Seu efeito é agudo, ou seja, na prática espor- tiva deve se tomar apenas quando houver treino. 6. PARA QUEM É INDICADO? A suplementação é indicada em exercícios anaeróbico e aeróbico. 7. QUAL A DIFERENÇA DA CITRULINA PARA ARGININA? Prefere-se a suplementação da citrulina em detrimento da arginina, pois a metabolização da arginina no intestino é maior, o que reduz a sua biodisponibilidade. 8. QUAL A DIFERENÇA DE CITRULINA PARA CITRULINA MALATO? A citrulina malato é a forma mais comum de citrulina encontrada em suplementos, e consiste em um sal contendo as duas substâncias, a 42 Guia Prático de Suplementação citrulina e o malato. Esses compostos podem auxiliar o indivíduo durante a prática de exercício uma vez que atua na redução da quantidade de ácido lático. Assim, a junção dessas duas substâncias pode trazer ainda mais be- nefícios para exercícios de maior intensidade. Entretanto, é preciso ficar atento à dosagem, pois 1,76g de citrulina malato corresponde a 1g de citrulina pura. REFERÊNCIAS Suzuki, T., Morita, M., Kobayashi, Y., & Kamimura, A. (2016). Oral L-ci- trulline supplementation enhances cycling time trial performance in healthy trained men: Double-blind randomized placebo-controlled 2-way crossover study. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 13, 6. https://doi.org/10.1186/s12970-016-0117-z Gonzalez, A. M., & Trexler, E. T. (2020). Effects of Citrulline Supple- mentation on Exercise Performance in Humans: A Review of the Cur- rent Literature. Journal of strength and conditioning research, 34(5), 1480–1495. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000003426 8 HMB 44 Guia Prático de Suplementação HMB Sabe-se que o aminoácido leucina é o mais importante em termos de promover o anabolismo. O HMB (β-hidroximetilbutirato, ou beta-hidro- xy beta-metilbutirato) é um metabólito da leucina, ou seja, uma parte da leucina que entra no seu corpo é convertida em HMB (aproxima- damente 5%). Comparado a leucina, o HMB é mais potente grama por grama, e um de seus benefícios é que ele age como anti-catabólico em populações com doenças que promovem a perda de músculo. 1. ONDE ENCONTRAMOS? Através da suplementação ou em alimentos com fontes de proteína, como carne bovina e suína, peixe e frango. 2. COMO AGE NO ORGANISMO? Atua estimulando a via AKT-mTor que atua na síntese das proteínas musculares, ou seja, na hipertrofia. O HMB também participa da síntese de colesterol, podendo ter papel na regeneração das membranas plasmáticas dos miócitos (células musculares). Outra ação do HMB seria a redução do sistema ubiquitina-proteasso- efeito anticatabólico 8 45 Guia Prático de Suplementação ma, responsável pela degradação proteica no organismo. Portanto, reduz a ubiquitina, aumenta m-TOR e HMG-CoA redutase, favorecen- do o aumento da síntese proteica e a redução do catabolismo mus- cular. 3. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? Ação reparadora do tecido muscular em indivíduos caquéticos e com perda da massa muscular (sarcopenia). No entanto, para pessoas treinadas e saudáveis os estudos ainda não demonstraram essa di- ferença. Por isso, e tendo em vista que não é um dos suplementos mais baratos, a sua indicação fica um pouco restrita a pessoas com sarcopenia. 4. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? A suplementação de HMB é segura para uso em curto prazo, e não existem evidências de que o uso a longo prazo possa causar efeitos colaterais. 5. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? As doses recomendadas de HMB são de 1,5 a 3g/dia, dividindo em doses de 1g, por 12 semanas. Não faz sentido usá-lo durante fases de ganho de peso. 6. PARA QUEM É INDICADO? Para pacientes que estão com sarcopenia, muito comum em idosos. REFERÊNCIAS Wilson, G. J., Wilson, J. M., & Manninen, A. H. (2008). Effects of beta-hy- droxy-beta-methylbutyrate (HMB) on exercise performance and body composition across varying levels of age, sex, and training experience: A review. Nutrition & metabolism, 5, 1. https://doi.org/10.1186/1743- 7075-5-1 Alvares, Thiago da Silveira e Meirelles, Cláudia de MelloEfeitos da su- plementação de b-hidroxi-b-metilbutirato sobre a força e a hipertrofia. Revista de Nutrição [online]. 2008, v. 21, n. 1 [Acessado 29 Dezem- 46 Guia Prático de Suplementação bro 2021] , pp. 49-61. Disponível em: . Epub 02 Abr 2008. ISSN 1678-9865. https:// doi.org/10.1590/S1415-52732008000100006. 9 PROTEÍNAS 48 Guia Prático de Suplementação PROTEÍNAS Proteínas são macronutrientes essenciais. Sendo assim, trata-se de um grupo de substâncias que tem diversas funções no corpo dos seres vivos. Do ponto de vista da nutrição esportiva, as proteínas têm efeito ergogênico, ou seja, elas têm a capacidade de aumentar o de- sempenho físico por vários mecanismos. Porém, vamos frisar a fun- ção de estimular a regeneração e a hipertrofia muscular. Os aminoáci- dos que compõemas proteínas, principalmente a leucina, estimulam a via AKT-mTor, que é uma via metabólica de estímulo à síntese de proteínas musculares. Portanto, ingerir uma quantidade adequada de proteínas de boa qualidade ao longo do dia é fundamental para gerar adaptação muscular e ganho de massa muscular. 1. ONDE ENCONTRAMOS? Na suplementação e nos alimentos ricos em proteínas, como ovo, carne bovina e suína, peixe e frango. Além disso, veganos costumam utilizar como fonte de proteína a soja, ervilha e arroz. 2. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS? • Aumentar a força e o rendimento durante os treinos; O suplemento mais utilizado 9 49 Guia Prático de Suplementação • Aumentar a massa muscular; • Melhorar a recuperação do músculo no pós-treino; • Prevenir o envelhecimento precoce; • Ajudar no emagrecimento; • Fortalecer o sistema imunológico; • Saciedade. 3. QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS? Os suplementos de proteína podem causar algum desconforto gas- trointestinal, principalmente a albumina em qualquer pessoa, já o whey protein apenas em quem tem algum grau de intolerância à lac- tose ou alguns tipos de proteína do leite. Outro efeito colateral pouco conhecido é que muitas pessoas têm o hábito de aumentar exageradamente o consumo de proteínas na ten- tativa de ganhar mais massa muscular. Porém, o excesso de proteí- na aumenta a produção de sulfeto de hidrogênio (H2S) no intestino. Esse H2S no intestino provoca uma resposta nas células intestinais, gerando um aumento do sinal pró inflamatório dentro dos enterócitos e, ao aumentar o sinal pró-inflamatório, é estabelecida uma inflama- ção crônica de baixo grau. Toda inflamação de baixo grau estimula a secreção de cortisol. Sendo assim, aquele objetivo inicial de ganho de massa muscular, pode ser prejudicado pela secreção de cortisol advinda do excesso de proteínas. 4. COMO UTILIZAR? QUAIS AS DOSES RECOMENDADAS? Como mencionado acima, os suplementos entram como uma alter- nativa de fonte de proteínas. Portanto, podem ser tomados a qualquer momento do dia. No entanto, há uma preferência no seu uso após o treinamento físico, com o objetivo de otimizar a recuperação muscu- lar, geralmente uma dose de 30g. Mas é importante tomar conforme orientação do seu médico ou nutricionista. Existe uma base sólida de referências científicas que apontam para um consumo diário de 1,5 a 2g/kg. Por exemplo, João pesa 80kg, ou seja, 80kg x 1,5g = 120g de proteínas diárias distribuídas ao longo do dia. Para se ter uma ideia, 100g de peito de frango contém por volta de 25g 50 Guia Prático de Suplementação de proteína. Então se utilizar apenas uma fonte de proteína, seriam necessário comer 480g de peito de frango todos os dias para atingir os 120g de proteína como foi exemplificado anteriormente. Para mui- tos isso uma tarefa árdua devido a quantidade de alimento sólido. Por isso, os suplementos proteicos entram como uma fonte de prote- ínas alternativa, a fim de auxiliar a bater a meta proteica diária. Junto a isso, suplementos proteicos trazem praticidade no dia a dia, já que são mais fáceis de ingerir por serem líquidos ao invés de uma alimen- tação sólida. Essa quantidade seria ideal para o reparo, turnover e síntese proteica. Quantidades maiores podem ser indicadas em pequenos períodos de treino mais intenso, em restrição energética ou inatividade por lesão. ATENÇÃO: O ideal é distribuir adequadamente a ingestão de proteínas ao longo do dia em, pelo menos, 4 momentos. Ou seja, ao invés de inge- rir tudo em 2 ou 3 refeições, deve-se ingerir em quantidades menores ao longo do dia, cerca de 0,25 a 0,3g de proteína por quilo de peso corporal a cada refeição. Optar por proteínas de boa qualidade (presença de ami- noácidos essenciais). 5. PARA QUEM É INDICADO? Como as proteínas são essenciais para o reparo e construção da massa magra após o exercício, o suplemento é indicado tanto para a recuperação de atletas que praticam esportes aeróbicos de longa duração (corrida, triatlo, ciclismo) quanto para pessoas que buscam hipertrofia, ganho de força e potência muscular. Obviamente, o suple- mento sozinho não faz ninguém ficar mais forte e é importante ter Figura 5. Exemplo de quantidade de alimento necessário para atingir a meta de proteínas. 51 Guia Prático de Suplementação uma rotina apropriada de exercícios para alcançar esse objetivo. O suplemento também pode ser indicado para quem busca emagre- cer. Devido ao fato de a proteína ser um nutriente que traz saciedade, estudos mostram que o consumo de whey protein auxilia a perda de gordura corporal (quando inserido em uma dieta com defícit calórico), pois as pessoas acabam comendo menos. 6. TIPOS DE PROTEÍNAS Existem alguns tipos de suplementos proteicos disponíveis no mer- cado, cada um com sua aplicabilidade. Os melhores suplementos de proteína são os que têm um bom aminograma, principalmente uma boa concentração de aminoácidos essenciais que são os famosos BCAAs (leucina, isoleucina, valina). 6.1 Whey protein Quando se fala em whey protein muitas pessoas têm uma visão equi- vocada que é restrito a pessoas musculosas dentro de uma sala de musculação. Porém, o whey protein é um suplemento proteico deriva- do do soro do leite com diversas aplicabilidades clínicas. Por exemplo, um idoso que apresenta dificuldades de mastigação e paladar pode se beneficiar de uma suplementação líquida para obter as proteínas diárias necessárias. Existem 3 principais tipos: concentrado, isolado e hidrolisado. a) Whey protein concentrado: suplemento com uma reduzida quan- tidade de carboidrato e alto teor proteico de boa qualidade. É o suple- mento proteico mais recomendado e atende à necessidade da grande maioria das pessoas. b) Whey protein isolado: passa por um processo maior de separação do carboidrato, com uma maior concentração de proteínas e menor quantidade de carboidratos, menos ainda do que o whey concentra- do. É recomendado principalmente para aqueles que têm intolerância à lactose ou algum desconforto gastrointestinal ao tomar o concen- trado. c) Whey protein hidrolisado: esse tipo de whey passa por um proces- so de hidrólise, a quebra pela água, que reduz o tamanho das proteí- nas, o que facilita sua absorção. Esse suplemento é indicado princi- 52 Guia Prático de Suplementação palmente para pacientes bariátricas ou que tenham alguma doença intestinal que comprometa a absorção de aminoácidos. ATENÇÃO: Cuidados na hora de adquirir o seu whey. Existem algumas coisas na embalagem que devem ser analisadas pensando em custo/ benefício. Por exemplo, quando procurar pelos ingredientes, o primeiro ingrediente deve ser a “proteína do soro do leite”, que é a matéria prima do whey. Isso porque o primeiro ingrediente que aparece no rótulo de um produto é o que está em maior quantidade. Se o seu whey tiver outro Figura 6. Diferença entre os suplementos proteico. Figura 7. Ingredientes do whey protein. 53 Guia Prático de Suplementação ingrediente em primeiro, provavelmente, ele não é um suplemento com prioridade proteica. Nesses casos, é necessário analisar se realmente vale o investimento para o seu objetivo. Outro cuidado é quanto a quan- tidade de proteína por dose, uma boa quantidade de proteína na maioria dos whey é ficar entre 65% a 75% (ex: 21g de proteína em 30g do whey). 6.2 Caseína É outra proteína componente do leite, porém, essa apresenta uma absorção no trato gastrointestinal mais lenta. Pode funcionar como uma boa fonte proteica. No entanto, pode causar desconforto gas- trointestinal pela lentificação do esvaziamento gástrico. Sabe-se que a caseína é um bom suplemento para uso à noite, antes de dormir. A explicação é que por ela ser de absorção lenta, o uso à noite serviria como uma fonte proteica que seria absorvida nas horas de sono, fa- vorecendo a recuperação muscular. Porém, os estudos que avaliaram isso não são conclusivos. Dessa forma, a caseína é apenas mais uma fonte proteica. Geralmente, o whey protein é maisusado, mais prefe- rido, e mais acessível comparado a caseína. 6.3 Albumina A albumina é uma proteína largamente presente no nosso organismo e também na clara do ovo, de onde ela é tirada para a confecção do suplemento. É uma proteína com uma excelente composição de ami- noácidos. É um suplemento mais barato do que o whey protein, e, por isso, muitas pessoas acabam preferindo. No entanto, pelo seu sabor um pouco desagradável e, principalmente, pelos efeitos colaterais no trato gastrointestinal – flatulências – não é o suplemento preferido entre aqueles que consomem suplementos de proteína. Lembre-se também que essa é uma proteína de absorção mais lenta do que o whey, tornando-a ideal para ser ingerida durante o dia, em horários longe do treinamento. Também é uma excelente alternativa para as pessoas com intolerância a lactose. 6.4 Soja Outra fonte de proteína é a soja, que também é utilizada para a con- fecção de suplementos. É a melhor opção de suplemento proteico para vegetarianos e veganos. Tem uma boa quantidade de aminoáci- dos essenciais. O cuidado que pessoas vegetarianas e veganas têm 54 Guia Prático de Suplementação que ter é o de ingerir quantidades maiores de proteína ao longo do dia, para conseguir ingerir as quantidades necessárias de aminoácidos essenciais diariamente, tendo em vista que as fontes de proteína ve- getais apresentam concentrações menores desses aminoácidos do que as fontes animais. Além disso, em geral, proteínas veganas cos- tumam não ter um sabor muito agradável. 6.5 Proteína da carne Carne também é fonte de suplementos de proteínas em pó. E é uma boa opção para as pessoas altamente intolerantes à lactose, que apresentam sintomas gastrointestinais ao ingerir whey protein. No entanto, trata-se de um suplemento mais caro do que o whey. 7. EXCESSO DE PROTEÍNAS E DANO RENAL OU HEPÁTICO Em indivíduos saudáveis e, apesar da crença popular, não existe com- provação que o excesso de proteínas resulte em prejuízos renais ou hepáticos. Acontece que pessoas que apresentam alguma doença renal com algum grau de proteinúria (proteína na urina) devem res- tringir a ingesta de proteínas. Nesse caso, o acompanhamento médi- co é essencial. Além disso, a sugestão de que o declínio da filtração glomerular, que ocorre em idosos saudáveis, pode ser atenuada atra- vés da redução do consumo de proteínas não possui evidências ou suporte científico atual. É importante ressaltar que o excesso de proteína pode causar dis- biose intestinal, principalmente devido a baixa quantidade de fibras ingeridas. 8. MARCAS Existem inúmeras marcas à venda no mercado, o que é bom por um lado, pois quanto maior a oferta, maior a concorrência, melhores pro- dutos e preços são vendidos ao consumidor. Porém, por outro lado, a concorrência, às vezes, faz com que as empresas adotem práticas de marketing agressivo, para “empurrar” produtos que, muitas vezes, não funcionam, visando, acima de tudo, o lucro. Outro grande problema é a composição de seus produtos. Alguns su- plementos são adulterados, com concentração das substâncias dife- rentes daquilo que é anunciado nos rótulos, bem como a adição de substâncias que nem estão descritas no rótulo, como medicamentos 55 Guia Prático de Suplementação e hormônios. Sendo assim, há algumas opções para o consumidor tentar se proteger disso. Uma delas é mandar manipular seus suple- mentos em uma farmácia de confiança. No entanto, nem todo suplemento pode ser facilmente manipulado. Então, o consumidor deve recorrer aos famosos laudos, que são re- latórios disponibilizados por pessoas e órgãos na Internet, confeccio- nados a partir da análise laboratorial dos suplementos. É interessante consultar esses laudos antes de escolher qual marca de suplemento adquirir. REFERÊNCIAS Devries, M. C., Sithamparapillai, A., Brimble, K. S., Banfield, L., Morton, R. W., & Phillips, S. M. (2018). Changes in Kidney Function Do Not Differ between Healthy Adults Consuming Higher- Compared with Lower- or Normal-Protein Diets: A Systematic Review and Meta-Analysis. The Journal of nutrition, 148(11), 1760–1775. https://doi.org/10.1093/jn/ nxy197 Farnfield, M. M., Trenerry, C., Carey, K. A., & Cameron-Smith, D. (2009). Plasma amino acid response after ingestion of different whey protein fractions. International journal of food sciences and nutrition, 60(6), 476–486. https://doi.org/10.1080/09637480701833465 Lockwood, C. M., Roberts, M. D., Dalbo, V. J., Smith-Ryan, A. E., Kendall, K. L., Moon, J. R., & Stout, J. R. (2017). Effects of Hydrolyzed Whey ver- sus Other Whey Protein Supplements on the Physiological Response to 8 Weeks of Resistance Exercise in College-Aged Males. Journal of the American College of Nutrition, 36(1), 16–27. https://doi.org/10.10 80/07315724.2016.1140094 Fabre, M., Hausswirth, C., Tiollier, E., Molle, O., Louis, J., Durguerian, A., Neveux, N., & Bigard, X. (2017). Effects of Postexercise Protein Intake on Muscle Mass and Strength During Resistance Training: Is There an Optimal Ratio Between Fast and Slow Proteins?. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, 27(5), 448–457. https:// doi.org/10.1123/ijsnem.2016-0333 Morton, R. W., Murphy, K. T., McKellar, S. R., Schoenfeld, B. J., Hensel- mans, M., Helms, E., Aragon, A. A., Devries, M. C., Banfield, L., Krieger, J. W., & Phillips, S. M. (2018). A systematic review, meta-analysis and meta-regression of the effect of protein supplementation on resis- tance training-induced gains in muscle mass and strength in healthy 56 Guia Prático de Suplementação adults. British journal of sports medicine, 52(6), 376–384. https://doi. org/10.1136/bjsports-2017-097608 10 Sem comprovação científica 58 Guia Prático de Suplementação Sem comprovação científica Neste livro você aprendeu 6 suplementos que possuem sua eficácia comprovada para o aumento da performance esportiva: creatina, ca- feína, nitrato, bicarbonato, beta-alanina e proteína. Porém, existem vá- rios outros suplementos que são consumidos largamente pela popu- lação. São substâncias cujo principal papel é ajudar a enriquecer as pessoas que as produzem e as vendem dizendo melhorar seu desem- penho esportivo. Portanto, cuide para economizar seu dinheirinho e investir em suplementos com comprovação científica e quando bem indicados. 1. GLUTAMINA É um aminoácido produzindo em alta quantidade pelo próprio corpo e serve como fonte energética para as células do sistema imune e da mucosa intestinal. No entanto, justamente por já haver uma alta produção, sua suplementação de 5g em indivíduos saudáveis não é eficaz em aumentar a resposta imunológica a infecções, nem em me- lhorar a função intestinal e muito menos em aumentar a massa mus- cular. Por outro lado, ela pode diminuir a permeabilidade intestinal e ter indicação para a proteção intestinal. Por exemplo, pacientes em condições hiper catabólicas, doenças inflamatórias intestinais como a Doença de Crohn podem obter bons resultados utilizando doses de Sem eficácia comprovada na performance esportiva 10 59 Guia Prático de Suplementação aproximadamente 40g/dia. 2. BCAA Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) são amplamente pre- sentes na dieta de uma pessoa que ingere boas quantidades de pro- teínas. Tomar BCAA num contexto de dieta rica em proteína é como derramar uma gota de água numa piscina cheia. Se o intuito for ga- nhar massa muscular, esqueça BCAA e invista em boas fontes protei- cas como whey protein, carnes, ovos, peixes e leite. Para você “cons- truir músculo”, você precisa de 20 aminoácidos e não somente os três presentes no BCAA (leucina, isoleucina e valina). No entanto, existem pessoas com dificuldades gastrointestinais com a suplementação de whey, nesse caso, para essas pessoas, pode ser que o BCAA seja bem indicado. Outra aplicabilidade do BCCA é retardar a fadiga cen- tral em exercícios de endurance prolongados. Os BCAAs possuem a capacidade de diminuir a produção de serotonina pelacompetição com o aminoácido triptofano, ou seja, com uma menor produção de serotonina, existe um prolongamento de qualquer atividade extenu- ante, pois é justamente a serotonina que causa saciedade, cansaço e perda do interesse pela atividade. 3. L-CARNITINA A carnitina é um dos componentes celulares que promove o trans- porte de gorduras para dentro da mitocôndria, onde elas serão meta- bolizadas para virar energia. A ideia de suplementá-la para aumentar a “queima de gordura” é tentadora. Porém, na prática, é ineficaz, pois ela é muito mal transportada para dentro das células. Estudos recen- tes demonstram um aumento do colesterol após a suplementação de carnitina, pois com a suplementação há uma modificação das bacté- rias intestinas, essa modificação pode resultar no aumento do coles- terol. Portanto, não vale a pena suplementá-la com a justificativa de perda de peso. 4. COLÁGENO Anunciado como um suplemento maravilhoso para a pele. De fato, a diminuição de colágeno favorece a formação de rugas e perda da elasticidade da pele. No entanto, os estudos que afirmam essa me- lhora não avaliaram o padrão dietético dos participantes, ou seja, não 60 Guia Prático de Suplementação se sabe se a melhora veio do consumo adequado de proteínas ou da suplementação de colágeno. Portanto, caso seja cogitado o uso por algum profissional, certifique-se de que a dieta esteja ajustada para aumentar as chances de a suplementação ser útil. Outro ponto inte- ressante a favor da suplementação é a sua palatabilidade, sendo uma opção mais “aceitável” para aqueles que não se adaptaram aos sa- bores do whey. Outra aplicabilidade é em doenças articulares como osteoartrite. Doses em média de 40mg de colágeno tipo 2 mostraram melhoras dos sintomas se comparado ao placebo. No entanto, mais estudos são necessários para elucidar e confirmar o papel da suple- mentação na redução dos sintomas de osteoartrite e outras doenças articulares. 5. ÔMEGA 3 O ômega-3 é um ácido graxo essencial para o nosso corpo, a gor- dura que nosso corpo precisa obter através da dieta, e muitas das vezes, isso não é feito. O ômega-6 é outro ácido graxo essencial, mas é muito comum em comidas da dieta moderna, e muitas vezes inge- rimos mais ômega-6 do que ômega-3, algo que não é ideal. Ômega-3 é um termo usado para se referir a dois ácidos graxos o EPA (ácido eicosapentaenóico) e o DHA (ácido docosahexaenóico). Esses ácidos graxos são encontrados em peixes de água fria como salmão, o pro- blema é que o salmão de cativeiro, muitas vezes, não tem as mesmas concentrações de omega-3 por sua dieta ser diferente. ATENÇÃO: O ômega 3 ajuda na recuperação do acidente vascular cere- bral (AVC), não na prevenção. E, de forma alguma, prova o AVC. O ôme- ga 3 diminui os fatores inflamatórios que provocam o AVC, participa da biogênese neuronal após o acidente. 6. ZMA O ZMA possui em sua composição o zinco, o magnésio, o cromo e a vitamina B6. É comercializado com a promessa de aumentar a testos- terona. No entanto, isso só seria possível se a pessoa tivesse deficiên- cia de zinco. Na prática clínica, se você é saudável, é bem improvável que você tenha esse déficit e, caso tenha, provavelmente teria outros déficits de minerais e de vitaminas, não apenas de Zinco. Portanto, não faz sentido gastar o dinheiro com esse suplemento, opte por uma alimentação equilibrada e, se for o caso, uma consulta médica para avaliar os sintomas que você acredita ser baixa testosterona. 61 Guia Prático de Suplementação 7. PICOLINATO DE CROMO Existe uma propaganda enganosa de que picolinato de cromo ema- grece, inibi a “vontade de comer doce” e melhora a performance. Esse suplemento atua principalmente potencializando a ação da insulina, que é responsável por controlar os níveis de glicose (açúcar) no san- gue. Sendo assim, algumas aplicabilidades clínicas dessa suplemen- tação são em diabéticos e mulheres com SOP (síndrome dos ovários policísticos), justamente por ter uma suposta melhora na ação da in- sulina. Nesse caso, atuaria como coadjuvante no controle dos níveis de glicose favorecendo a melhora clínica do paciente. Suplementar fora desse contexto e sem ter deficiência de cromo é jogar dinheiro fora. REFERÊNCIAS Gleeson M. (2008). Dosing and efficacy of glutamine supplementa- tion in human exercise and sport training. The Journal of nutrition, 138(10), 2045S–2049S. https://doi.org/10.1093/jn/138.10.2045S Cruzat, V., Macedo Rogero, M., Noel Keane, K., Curi, R., & Newsholme, P. (2018). Glutamine: Metabolism and Immune Function, Supplemen- tation and Clinical Translation. Nutrients, 10(11), 1564. https://doi. org/10.3390/nu10111564 Fazelian, S., Rouhani, M. H., Bank, S. S., & Amani, R. (2017). Chromium supplementation and polycystic ovary syndrome: A systematic review and meta-analysis. Journal of trace elements in medicine and biolo- gy: organ of the Society for Minerals and Trace Elements (GMS), 42, 92–96. https://doi.org/10.1016/j.jtemb.2017.04.008 Suksomboon, N., Poolsup, N., & Yuwanakorn, A. (2014). Systematic review and meta-analysis of the efficacy and safety of chromium su- pplementation in diabetes. Journal of clinical pharmacy and therapeu- tics, 39(3), 292–306. https://doi.org/10.1111/jcpt.12147 Kim, D. U., Chung, H. C., Choi, J., Sakai, Y., & Lee, B. Y. (2018). Oral Intake of Low-Molecular-Weight Collagen Peptide Improves Hydration, Elas- ticity, and Wrinkling in Human Skin: A Randomized, Double-Blind, Pla- cebo-Controlled Study. Nutrients, 10(7), 826. https://doi.org/10.3390/ nu10070826 García-Coronado, J. M., Martínez-Olvera, L., Elizondo-Omaña, R. E., Acosta-Olivo, C. A., Vilchez-Cavazos, F., Simental-Mendía, L. E., & Si- mental-Mendía, M. (2019). Effect of collagen supplementation on os- 62 Guia Prático de Suplementação teoarthritis symptoms: a meta-analysis of randomized placebo-con- trolled trials. International orthopaedics, 43(3), 531–538. https://doi. org/10.1007/s00264-018-4211-5 Van Vijven, J. P., Luijsterburg, P. A., Verhagen, A. P., van Osch, G. J., Kloppenburg, M., & Bierma-Zeinstra, S. M. (2012). Symptomatic and chondroprotective treatment with collagen derivatives in osteoarthri- tis: a systematic review. Osteoarthritis and cartilage, 20(8), 809–821. https://doi.org/10.1016/j.joca.2012.04.008 Ref: Bu, J., Dou, Y., Tian, X., Wang, Z., & Chen, G. (2016). The Role of Ome- ga-3 Polyunsaturated Fatty Acids in Stroke. Oxidative medicine and cellu- lar longevity, 2016, 6906712. https://doi.org/10.1155/2016/6906712 11 Conclusão 64 Guia Prático de Suplementação Os conhecimentos sintetizados neste ebook foram escritos com base na Ciência e experiência clínica do Dr. Glaycon Michels com o intui- to, exclusivamente, de informar e não prescrever. Lembrando que a prática clínica é sim importante, mas não serve para estimar a eficá- cia terapêutica ou embasar condutas. Por isso, sempre busque um profissional capacitado, que se atualize e sempre esteja “lado a lado” com a Ciência, avaliando a sua individualidade. considerações finais Conclusão 11 Figura 8. Pirâmide de suplementação 65 Guia Prático de Suplementação Por fim, nota-se que os suplementos estão no topo da pirâmide, ou seja, antes de suplementar, o paciente precisa modificar toda a base da pirâmide. Esteja sempre sendo orientado por um profissional ca- pacitado. Suplementação não funciona no achismo, suplementação funciona com Ciência e boa indicação. Revisado por Dr. Glaycon Michels Jorge henrique e Rhian Molinari Todos os direitos reservados. O principal objetivo deste livro é te ajudar de maneira prática a entender sobre os principais suplementos alimentares que funcionam na perfomance esportiva. As informações deste guia te darão capacidade de entender os principais modos de utilizações com exemplos práticos de doses, indicações, efei- tos colaterais, e contraindicações, sempre baseado em evi- dências científicas.