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Autor: Prof. Dr. Carlos Alberto R. Brito Júnior São Luís – MA/Brasil 2015 Como as deformações plásticas macroscópicas correspondem ao movimento de um grande número de discordâncias, a habilidade de um metal monofásico deformar plasticamente depende, basicamente, da movimentação de suas discordâncias. A maioria dos metais são menos resistentes ao cisalhamento que à tração e compressão, pode-se dizer que os metais se deformam pelo cisalhamento plástico ou pelo escorregamento de um plano cristalino em relação ao outro. Durante a deformação plástica o número de discordâncias aumenta drasticamente. Nos sólidos cristalinos a deformação plástica geralmente envolve o movimento de discordâncias, o escorregamento de planos atômicos, e a formação de maclas. Direção de movimentação das discordâncias: • Aresta → paralela a tensão O processo pelo qual uma deformação plástica é produzida pelo movimento de uma discordância é chamado de ESCORREGAMENTO O plano cristalográfico ao longo do qual a linha de discordância se movimenta é o PLANO DE ESCORREGAMENTO As discordâncias movem-se mais facilmente nos planos de maior densidade atômica (chamados planos de escorregamento). Neste caso, a energia necessária para mover uma discordância é mínima. Para uma estrutura cristalina específica: Planos de escorregamento → empacotamento mais denso (maior densidade planar) Direções deste plano de escorregamento → mais densamente compactada (maior densidade linear) As discordâncias se movem em resposta as tensões de cisalhamento aplicadas ao longo de um plano de escorregamento e em uma direção de escorregamento. (02) Calcule e compare as densidades lineares das direções [1 0 0], [1 1 0], [1 1 1] para estrutura cristalina CFC. [1 0 0] [1 1 0] [1 1 1] x y a (02) Calcule e compare as densidades planares dos planos (1 0 0) e (1 1 1) para estrutura cristalina CFC. (1 0 0) (1 1 1) ESTRUTURA CFC • Planos mais densamente compactados → família {111}; • Direções do tipo <110>. O número de sistemas de escorregamento independentes representa diferentes combinações possíveis de planos e direções de escorregamento. Para CFC • 4 planos {111} diferentes • 3 direções <110> independentes (diagonais da face) 12 sistemas de escorregamento. Sistemas de escorregamento para metais cúbicos de faces centradas, cúbicos de corpo centrado e hexagonais compactos. Tensão de Tração ou Compressão → componentes de cisalhamento em todas as direções. Estes componentes são conhecidos como Tensões de Cisalhamento Resolvidas. O sistema de deslizamento que sofrer a maior , será o primeiro a operar. Tensão de Cisalhamento Resolvida – Produz deformações plásticas. Para um caso de carregamento simples: Onde: Ângulo entre a normal ao plano de escorregamento e a direção da força. Ângulo entre a direção da força e a direção do escorregamento. Lei de Schmid Tensão de Cisalhamento Resolvida Crítica – tensão mínima exigida para iniciar o escorregamento As técnicas de endurecimento em metais contam com um princípio simples: - Quanto maior for a restrição ao movimento de discordâncias, maior será a resistência mecânica de um material metálico. Resistência Ductilidade 1. Aumento da resistência por adição de elemento de liga (formação de solução sólida ou precipitação de fases); 2. Aumento da resistência por redução do tamanho de grão; 3. Aumento da resistência por encruamento; 4. Aumento da resistência por tratamento térmico (transformação de fase). Na deformação, a discordância deve passar de um grão para outro; Contorno de grão atua como barreira por duas razões: • Ao passar de um grão para outro a discordância deve mudar sua direção de movimentação (quanto maior a diferença de orientação mais difícil); • A desordenação atômica no interior de uma região de contorno de grão irá resultar em uma descontinuidade de planos de escorregamento de um grão para dentro do outro. A direção de escorregamento varia de grão para grão. Movimento de uma discordância em cunha que encontra em seu caminho um contorno de grão. É importante mencionar que: As discordâncias não ultrapassam contornos de grão de alto ângulo, mas, a tensão gerada no plano de escorregamento de um grão pode ativar fontes de novas discordâncias em outros grãos. Materiais com grãos finos são mais resistentes que materiais com grãos grosseiros porque sua área de contornos de grão é maior e assim dificulta a movimentação de discordâncias. Para muitos materiais, a tensão de escoamento (σesc) varia com o tamanho de grão de acordo com a relação (Equação de Hall-Petch): esc= o + Ke (d) -1/2 o e Ke são constantes para cada material específico; d= tamanho de grão (diâmetro médio) Essa equação não é válida para metais policristalinos que possuem grãos muito grosseiros ou muito pequenos. Efeito do tamanho de grão sobre o limite de escoamento do latão. Efeito da adição de Ni no limite de resistência e ductilidade em ligas de Cobre-Niquel. Quando um átomo de uma impureza esta presente, o movimento da discordância fica restringido, ou seja, deve-se fornecer energia adicional para que continue havendo escorregamento. Por isso soluções sólidas de metais são sempre mais resistentes que seus metais puros constituintes. Átomos de soluto ocupam lugares da rede cristalina de um dado metal; Estes átomos provocam distorção na rede; Para minimizar a energia do material procuram lugares onde se acomodam mais facilmente => junto a discordâncias.... Acomodação dos átomos de soluto e Interação com as discordâncias Os contornos entre diferentes fases (precipitado e matriz) em uma liga são defeitos planares e interferem na movimentação de discordâncias provocando, consequentemente, aumento de resistência e dureza. A ocorrência dos precipitados ou fases podem ocorrer de duas maneiras: Dispersão de partículas Incoerentes; Dispersão de partículas Coerentes. Os precipitados ou fases incoerentes não apresentam coerência (estrutura cristalina diferente) entre os reticulados cristalinos do precipitado e matriz. Os precipitados coerentes apresentam a mesma estrutura cristalina da matriz. As diferenças entre os parâmetros de reticulado da matriz e da fase são de, no máximo, 15%. Precipitados coerentes são mais endurecedores que precipitados incoerentes. Quanto menor o precipitado maior a dispersão destes, assim e maior o efeito de restrição ao movimento das discordâncias. Encruamento = É o fenômeno no qual um material endurece devido à deformação plástica (realizado pelo trabalho à frio); É o resultado do seguinte processo: A densidade das discordâncias em um metal aumenta durante a deformação, multiplicando as discordâncias e adquirindo novas discordâncias. Consequentemente a distância média de separação entre as discordâncias diminui, aumentando a repulsão média entre as discordâncias. A medida que se aumenta o encruamento maior é a força necessária para produzir uma maior deformação. Antes da deformação Depois da deformação Índice de Deformação Plástica Deformação plástica a frio • Alteração na forma do grão; • Aumento da densidade de discordâncias (Encruamento); • Maior energia interna nos cristais. Estaspropriedades e estruturas podem ser revertidas novamente aos seus estados anteriores mediante tratamento térmico apropriado (recozimento). • Recuperação e recristalização •Crescimento de grão Parte da energia interna de deformação armazenada é liberada em virtude do movimento das discordâncias • Redução do número de discordâncias; • Propriedades físicas (condutividade elétrica e térmica) são recuperadas aos seus estados que existiam antes do processo de trabalho a frio. Após a recuperação → grãos ainda se apresentam em um estado de energia de deformação relativamente elevado. Processo de formação de um novo conjunto de grãos livres de deformação e que são equiaxiais, com baixas densidades de discordâncias e que são característicos das condições que existem antes do processo de trabalho a frio. Novos grãos → núcleos muito pequenos que crescem (difusão) Recristalização → pode ser usada para refinar a estrutura do grão As propriedades mecânicas voltam ao seu estado original. Temperatura de recristalização → temperatura na qual a uma diminuição significativa da dureza (tipicamente entre um terço e metade da temperatura de fusão) e, depende de vários fatores: quantidade de trabalho a frio (Tf); Grau de pureza do metal - A recristalização ocorre mais facilmente em metais puros do que em ligas. Chumbo - 4C Estanho - 4C Zinco 10C Alumínio de alta pureza 80C Cobre de alta pureza 120C Latão 60-40 475C Níquel 370C Ferro 450C Tungstênio 1200C TEMPERATURAS DE RECRISTALIZAÇÃO Depois da recristalização se o material permanecer por mais tempo em temperaturas elevadas o grão continuará à crescer; Em geral, quanto maior o tamanho de grão mais mole é o material e menor é sua resistência. A influência da temperatura de recozimento sobre o limite de resistência a tração e a ductilidade de uma liga de latão. Micrografia do latão. (i) Estrutura do grão submetido a trabalho a frio; (ii) Estágio inicial de recristalização após aquecimento por 3 s a 580 °C. os grãos muito pequenos são aqueles que foram recristalizados. Micrografia do latão. (iii) Substituição parcial dos grãos trabalhados a frio por grãos recristalizados (4 s a 580 °C). (iv) Recristalização completa (8 s a 580 °C). Micrografia do latão. (v) Crescimento de grão após 15 min. a 580 °C. (vi) Crescimento de grão após 10 min. a 700 °C.
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