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RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 01 A Democracia: O estado Democrático valoriza a participação popular como um dos pilares fundamentais da governança. No Brasil, a Constituição de 1988 reforçou esse princıṕio ao garantir mecanismos como orçamento participativo, conselhos gestores e audiências públicas, permitindo que os cidadãos influenciem diretamente as decisões polıt́icas A participação popular fortalece a democracia ao possibilitar que a sociedade exerça seus direitos e contribua para a administração dos bens e serviços públicos. No entanto, desafios como a falta de acesso à informação e desigualdade na representatividade ainda dificultam sua plena efetivação A democracia é um sistema polıt́ico que permite a pluralidade de interesses, garantindo que diferentes grupos sociais possam expressar suas opiniões e influenciar decisões governamentais. O pluralismo polıt́ico é um dos pilares fundamentais da democracia, pois assegura a diversidade de ideias, crenças e valores na construção de polıt́icas públicas. Esse modelo evita a concentração de poder em um único grupo e promove o debate entre diferentes setores da sociedade, permitindo que as decisões sejam mais representativas e equilibradas. No Brasil, a Constituição de 1988 reforça esse princıṕio ao garantir liberdade de pensamento, associação e participação popular na gestão pública Democracia Direta: A democracia direta era praticada na Grécia Antiga, onde os cidadãos participavam ativamente das decisões polıt́icas sem intermediários. No entanto, devido à complexidade dos Estados modernos, esse modelo não é mais viável em larga escala. Hoje, a democracia direta evoluiu para a democracia participativa, que permite a intervenção popular por meio de mecanismos como plebiscitos, referendos e iniciativas populares de lei. Esse modelo busca equilibrar a representatividade com a participação ativa dos cidadãos na formulação de polıt́icas públicas. Democracia Representativa: A democracia representativa surgiu para viabilizar a participação polıt́ica em Estados grandes e complexos, onde a democracia direta não era mais viável. Nesse modelo, os cidadãos elegem representantes que tomam decisões em seu nome, caracterizando uma democracia indireta. Um dos pilares desse sistema é o pluralismo partidário, que permite a existência de diversos partidos polıt́icos, garantindo a diversidade de ideias e interesses na formulação das polıt́icas públicas. Apesar de sua difusão no século XX, a democracia representativa enfrenta desafios, como a baixa participação eleitoral e a falta de engajamento de muitos cidadãos, o que compromete sua aplicação efetiva. O voto feminino só foi estabelecido na constituição de 1934. Após a Segunda Guerra Mundial, a América Latina passou por processos de redemocratização, mas de forma desigual entre os paıśes. Enquanto algumas nações experimentaram perıódos democráticos, outras enfrentaram golpes militares e regimes autoritários, especialmente durante a Guerra Fria. Entre as décadas de 1950 e 1990, diversos paıśes latino-americanos viveram sob ditaduras militares, muitas delas apoiadas pelos Estados Unidos para conter o avanço do comunismo. A redemocratização ocorreu gradualmente, impulsionada por movimentos sociais, pressão internacional e crises econômicas. . RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 02 No Brasil, por exemplo, houve dois processos de redemocratização: 1945: Com o fim do Estado Novo de Getúlio Vargas. 1985: Com o fim da Ditadura Militar e a eleição de Tancredo Neves. Democracia Participativa: A democracia participativa surge como uma crıt́ica à democracia meramente representativa, pois busca ampliar a participação direta dos cidadãos nas decisões polıt́icas. No Brasil, além da representação por meio de eleições, existem mecanismos que permitem a intervenção popular, como: Plebiscito: Consulta pública realizada antes da criação de uma norma ou decisão governamental. Referendo: Votação popular para aprovar ou rejeitar uma lei já existente. Iniciativa popular de lei: Permite que cidadãos proponham projetos de lei, desde que atendam aos requisitos de assinaturas estabelecidos. Democracia Deliberativa: A democracia deliberativa surgiu como resposta à crise de representatividade, buscando ampliar a participação cidadã por meio de debates e reflexões coletivas antes da tomada de decisões. Ela se aproxima da democracia participativa, incorporando seus elementos, como plebiscitos e consultas públicas, mas enfatiza a necessidade de discussão e argumentação entre os cidadãos antes da formulação de polıt́icas. O objetivo é garantir que as decisões sejam mais legıt́imas e fundamentadas no diálogo democrático. Procedimentalismo: A democracia deliberativa procedimentalista busca superar os limites da representatividade tradicional, garantindo que os cidadãos participem ativamente dos processos de criação de leis, controle das polıt́icas públicas e decisões judiciais. Esse modelo enfatiza que a legitimidade das decisões polıt́icas não deve se basear apenas na eleição de representantes, mas também na deliberação pública, onde os cidadãos discutem e influenciam diretamente as polıt́icas e normas que os afetam. A teoria deliberativa, desenvolvida por autores como Jürgen Habermas, propõe que o debate racional entre cidadãos e instituições fortalece a democracia, tornando as decisões mais legıt́imas e alinhadas aos interesses da sociedade Accountability Vertical e Horizontal: A accountability vertical refere-se ao controle que os cidadãos exercem sobre os governantes por meio de mecanismos como eleições, plebiscitos e referendos. Nesse modelo, os eleitores podem exigir prestação de contas dos representantes polıt́icos, garantindo maior transparência e responsabilidade na gestão pública. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou uma regra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que impede a candidatura de polıt́icos que não prestam contas de campanha dentro do prazo. Essa medida visa fortalecer a transparência eleitoral e evitar irregularidades como abuso de poder econômico e caixa dois. A accountability horizontal ocorre quando órgãos e instituições do Estado fiscalizam uns aos outros, garantindo transparência e controle interno entre os poderes. Diferente da accountability vertical, que envolve o controle dos cidadãos sobre os governantes, a horizontal se dá entre instituições públicas, como tribunais, ministérios públicos, agências reguladoras e órgãos de controle. Esse mecanismo é essencial para evitar abusos de poder e garantir que as decisões polıt́icas e administrativas sigam princıṕios democráticos. No Brasil, exemplos de accountability horizontal incluem o controle exercido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre gastos públicos e a atuação do Ministério Público na fiscalização de irregularidades governamentais. RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 03 Pluralismo Político: O pluralismo polıt́ico é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, conforme o Artigo 1º da Constituição Federal. Esse princıṕio garante a diversidade de ideias, partidos e movimentos polıt́icos, permitindo que diferentes grupos sociais participem do processo democrático. Embora muitas vezes seja confundido com multipartidarismo, o pluralismo polıt́ico vai além da existência de vários partidos. Ele assegura a liberdade de expressão, manifestação e opinião, garantindo que a sociedade tenha voz ativa na formulação das polıt́icas pública. Artigo 1º da Lei nº 9.096/1995: "Partido polıt́ico, pessoa jurıd́ica de direito privado, destina-se a assegurar, no regime democrático, a autenticidadedo sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal" (BRASIL, 1995) Relações que os partidos estabelecem com o Estado: Visão Democrática: Na democracia, o Estado pluripartidário permite a existência de diversos partidos polıt́icos, garantindo a representação de diferentes ideologias e interesses. Os partidos desempenham um papel essencial na formulação de polıt́icas públicas, na mediação entre governo e sociedade e na organização do processo eleitoral. Visão Marxista: Na perspectiva marxista, o Estado e os partidos polıt́icos são vistos como instrumentos da classe dominante. Marx considerava a democracia liberal uma "condição precária e transitória", pois acreditava que o sistema polıt́ico deveria evoluir para eliminar desigualdades estruturais. Visão Fascista: O fascismo é um regime polıt́ico totalitário caracterizado pelo partido único, que se torna diretamente ligado ao Estado e exerce controle absoluto sobre a sociedade. Esse modelo rejeita o pluralismo polıt́ico, suprimindo a oposição e centralizando o poder em um lıd́er autoritário. Sistemas Partidários: Os sistemas partidários definem como os partidos polıt́icos se organizam dentro de um Estado. Existem três principais modelos: Unipartidarismo: Apenas um partido existe e controla o governo, sem liberdade de escolha para os cidadãos. Esse sistema é comum em regimes autoritários. Bipartidarismo: Embora possam existir outros partidos, apenas dois têm chances reais de governar. Exemplos incluem os Estados Unidos e o Reino Unido. Multipartidarismo: Caracterıśtico de democracias, permite a existência de vários partidos com representação polıt́ica, garantindo maior diversidade ideológica e participação popular. Eleições: As eleições são o principal mecanismo democrático pelo qual os cidadãos escolhem seus representantes e governantes. Elas garantem a participação popular na polıt́ica, permitindo que a sociedade influencie diretamente as decisões do Estado. No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos e facultativo para jovens de 16 e 17 anos, além de idosos acima de 70. O sistema eleitoral inclui diferentes tipos de votação, como eleições majoritárias (para presidente, governadores e prefeitos) e proporcionais (para deputados e vereadores), garantindo representatividade polıt́ica. Sistema Majoritário: O sistema majoritário é utilizado para eleger cargos como presidente da República, governadores, senadores e prefeitos. Nesse modelo, vence o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 04 Maioria relativa: O candidato com o maior número de votos vence, sem necessidade de atingir mais da metade dos votos. Esse critério é usado para senadores e prefeitos de municıṕios com menos de 200 mil eleitores. Maioria absoluta: O candidato precisa obter mais da metade dos votos válidos (excluindo brancos e nulos). Se nenhum candidato alcançar esse número no primeiro turno, ocorre um segundo turno entre os dois mais votados. Esse critério é aplicado para presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil eleitores. Sistema Proporcional: O sistema proporcional é utilizado para eleger deputados federais, estaduais, distritais (DF) e vereadores. Diferente do sistema majoritário, ele busca garantir uma representação mais equilibrada dos partidos polıt́icos, distribuindo as vagas conforme a votação recebida por cada legenda. Como funciona o cálculo? O sistema proporcional utiliza o quociente eleitoral, que é obtido pela divisão do número de votos válidos pelo número de vagas disponıv́eis. Após esse cálculo, define-se o quociente partidário, que determina quantas cadeiras cada partido terá direito, considerando os votos recebidos pela legenda e pelos candidato. Sufrágio: O sufrágio é o direito fundamental de votar e ser votado, garantindo a participação dos cidadãos na vida polıt́ica de um paıś. Ele se divide em duas formas: Sufrágio ativo: Direito de escolher representantes por meio do voto. Sufrágio passivo: Direito de concorrer a cargos eletivos. Além de ser um mecanismo essencial da democracia, o sufrágio é um sıḿbolo de lutas históricas, como a conquista do voto feminino e a ampliação do direito ao voto para diferentes grupos sociais Direitos Indivuais e Sociais: Os direitos individuais são aqueles que garantem a liberdade e autonomia do indivıd́uo, protegendo sua esfera privada contra interferências externas. Eles incluem direitos como liberdade de expressão, direito à vida, propriedade e privacidade. Já os direitos sociais são aqueles que permitem ao indivıd́uo exigir prestações do Estado ou da sociedade para garantir condições mıńimas de existência digna. Eles envolvem educação, saúde, moradia, alimentação e trabalho, sendo fundamentais para reduzir desigualdades e promover justiça social Direitos de Nacionalidade e Políticos: Os direitos de nacionalidade estabelecem o vıńculo jurıd́ico entre o Estado e o indivıd́uo nacional, garantindo direitos e deveres especıf́icos. Esse vıńculo permite que o cidadão exerça sua cidadania dentro do território e tenha acesso a proteções legais, como o direito à identidade nacional e à participação polıt́ica. Já os direitos polıt́icos são aqueles que possibilitam a formação e construção do poder, permitindo que os cidadãos influenciem as decisões do Estado por meio do voto, da candidatura a cargos públicos e da participação em processos democrático. Esses direitos são essenciais para garantir a representatividade e a soberania popular dentro de um regime democrático. RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 05 Direitos Coletivos: Os direitos coletivos são aqueles que protegem interesses de grupos ou comunidades, podendo ser classificados em diferentes categorias: Direitos difusos: São transindividuais e indivisıv́eis, ou seja, pertencem a um número indeterminado de pessoas afetadas pelo mesmo fato. Exemplos incluem o direito ao meio ambiente equilibrado e à proteção do patrimônio histórico. Direitos individuais de expressão coletiva: São direitos individuais exercidos de forma coletiva, como o direito de reunião e a liberdade de associação. Direitos individuais homogêneos: Referem-se a direitos de vários indivıd́uos com origem comum, como ações coletivas de consumidores lesados por uma mesma empresa. Direitos coletivos em sentido estrito: Também metaindividuais e indivisıv́eis, mas ligados a um grupo, classe ou categoria especıf́ica, como os direitos dos consumidores ou dos trabalhadores. Direitos Econômicos: O Artigo 170 da Constituição Federal estabelece os princıṕios fundamentais da ordem econômica, garantindo que a atividade econômica seja baseada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, sempre respeitando a justiça social. Os principais princıṕios desse artigo incluem: - Soberania nacional e propriedade privada como bases da economia. - Função social da propriedade, garantindo que bens privados atendam ao interesse coletivo. - Livre concorrência, promovendo um mercado competitivo e equilibrado. - Defesa do consumidor e proteção ambiental, assegurando práticas sustentáveis. - Redução das desigualdades sociais e regionais, buscando maior equidade econômica. - Busca do pleno emprego, incentivando oportunidades de trabalho. - Tratamento favorecido para pequenas empresas, fortalecendo o empreendedorismo nacional. Além disso, o parágrafo único assegura que qualquer pessoa pode exercer uma atividade econômica sem necessidade de autorização prévia, salvo exceções previstas em lei. Visão Neoliberal: O neoliberalismo é uma doutrina econômica e polıt́ica que surgiu no século XX como uma adaptação do liberalismo clássicoà economia globalizada. Ele defende a livre iniciativa, a livre concorrência e a **redução do papel do Estado na economia, promovendo a privatização de empresas estatais e a desregulamentação de setores econômicos. O liberalismo, por sua vez, surgiu no século XVIII em oposição ao mercantilismo e ao absolutismo monárquico, impulsionado pelo crescimento da burguesia. Ele prega a mıńima intervenção estatal na economia, permitindo que o mercado se autorregule por meio da concorrência e da oferta e demanda. Apesar de sua defesa da liberdade econômica, o neoliberalismo enfrenta crıt́icas por reduzir o papel do Estado na proteção social, o que pode comprometer a justiça social e aumentar desigualdades. RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 06 A Justiça Cidadã e o Direito Alternativo: O Movimento do Direito Alternativo (MDA) surgiu no Brasil e na América Latina no século XX como uma resposta às desigualdades sociais e à falta de acesso à justiça para as camadas mais pobres da população. Inspirado por correntes jurıd́icas europeias, o MDA buscava reinterpretar o direito de forma mais inclusiva, promovendo mudanças sociais e garantindo maior participação popular no campo jurıd́ico e polıt́ico. Esse movimento se fortaleceu especialmente durante o perıódo de redemocratização do Brasil, nos anos 1980 e 1990, e teve grande influência entre magistrados, advogados e ativistas que defendiam um direito mais acessıv́el e voltado para a justiça social. Globalização Contra-Hegemônica, Poder Econômico e Poder Político: Boaventura de Sousa Santos argumenta que a globalização não é um fenômeno único, mas sim um conjunto de processos diversos, que podem ser hegemônicos ou contra-hegemônicos. Segundo ele, a globalização dominante, impulsionada pelo capitalismo neoliberal, intensificou desigualdades sociais e econômicas, favorecendo grandes corporações e potências econômica. Por outro lado, a globalização contra-hegemônica busca alternativas ao modelo tradicional, promovendo solidariedade, justiça social e participação democrática. Santos identifica diferentes formas de globalização, como o cosmopolitismo e o patrimônio comum da humanidade, que emergem de movimentos sociais e iniciativas locais. Direitos Humanos, Estado e Transformação Social: Os Direitos Humanos são garantias universais que protegem a dignidade e a liberdade dos indivıd́uos. Eles são divididos em gerações, refletindo sua evolução ao longo da história: Primeira geração: Direitos civis e polıt́icos, como liberdade de expressão e direito ao voto. Segunda geração: Direitos sociais, econômicos e culturais, como saúde, educação e trabalho digno. Terceira geração: Direitos coletivos e difusos, como meio ambiente equilibrado e direito à paz. Já os Direitos Fundamentais são aqueles positivados nas Constituições nacionais, garantindo sua aplicação interna. No Brasil, eles são considerados cláusulas pétreas, ou seja, não podem ser abolidos nem modificados para reduzir sua proteção. O princıṕio da dignidade da pessoa humana é a base dos direitos fundamentais, assegurando que todas as polıt́icas públicas devem respeitar e promover o bem-estar dos cidadãos. Desafios da Eficácia dos Direitos Humanos: O Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos enfrenta desafios significativos em sua eficácia, especialmente no cumprimento das decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Principais desafios: Cumprimento das decisões: Muitos paıśes não implementam integralmente as determinações da CorteIDH, o que compromete a efetividade do sistema. Recursos limitados: A CIDH e a CorteIDH enfrentam restrições financeiras e estruturais, dificultando a fiscalização e a resposta rápida às violações. Falta de mecanismos coercitivos: As decisões da CorteIDH têm forte impacto polıt́ico, mas carecem de instrumentos que garantam sua aplicação obrigatória pelos Estados RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 07 Resistência dos governos: Alguns paıśes contestam ou ignoram as recomendações da CIDH, alegando soberania nacional Justiça de Transição: A Justiça de Transição é um conjunto de medidas adotadas para lidar com violações de direitos humanos cometidas em perıódos autoritários ou de conflito. Seu objetivo é garantir o direito à memória, à verdade e à justiça, promovendo a reparação dos danos sofridos pelas vıt́imas e responsabilizando os agentes envolvidos. Principais elementos da Justiça de Transição: Direito à memória: Preservação da história para evitar que abusos se repitam. Direito à verdade: Investigação e divulgação dos fatos ocorridos. Direito à justiça: Julgamento e punição dos responsáveis por crimes contra a humanidade. Reparação dos danos: Compensação material e simbólica às vıt́imas e seus familiares. Prestação de contas: Transparência e responsabilização dos agentes estatais. Perdão histórico: Em alguns casos, busca-se a reconciliação nacional por meio de medidas institucionais. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei nº 12.528/2011 com o objetivo de examinar e esclarecer graves violações de direitos humanos ocorridas no Brasil entre 1946 e 1988. Durante seus dois anos e sete meses de atuação, a CNV investigou casos de tortura, execuções e desaparecimentos forçados, promovendo o direito à memória e à verdade histórica. A comissão encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, entregando um relatório final à Presidência da República. Esse documento detalhou as investigações realizadas, identificou responsáveis e recomendou medidas para evitar a repetição dessas violações. Crise da Multidão - Ressignificado de Conceitos: Michael Hardt e Antonio Negri exploram a crise da multidão como uma crıt́ica ao modelo capitalista hegemônico, que impõe uma estrutura única e limita a diversidade social. Para eles, a multidão representa um novo sujeito polıt́ico, formado por singularidades cooperativas que rejeitam a centralização do poder. Principais ideias da multidão segundo Hardt e Negri: Crítica ao capitalismo global: O sistema econômico dominante impõe uma lógica única, sufocando alternativas democráticas. Reivindicações e democracia: A multidão busca formas de resistência e participação polıt́ica que transcendam os modelos tradicionais. Biopolítica e biopoder: A produção social e cultural se torna um campo de disputa, onde o poder não está apenas nas instituições, mas também nas relações entre indivıd́uos. Lutas Políticas em Rede: As lutas polıt́icas em rede representam uma forma de mobilização que se diferencia da ideia tradicional de massa, pois reconhecem a individualidade dos participantes e a diversidade de vozes dentro dos movimentos sociais. Principais características das lutas políticas em rede: Descentralização: Diferente das mobilizações de massa, as redes permitem que múltiplos atores participem sem uma liderança única. RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 08 Interconectividade: Os movimentos se organizam por meio de redes digitais e presenciais, ampliando o alcance das reivindicações. Pluralidade de pautas: As redes possibilitam a coexistência de diferentes demandas dentro de um mesmo movimento, sem a necessidade de uniformidade ideológica. Michel Foucault: Michel Foucault desenvolveu o conceito de biopoder para descrever como o poder moderno não se limita à repressão, mas também administra a vida e regula populações. Ele argumenta que o poder não é apenas um instrumento de dominação e sujeição, mas também um mecanismo que molda corpos e comportamentos por meio de instituições como escolas, hospitais eprisões. Foucault também enfatiza que "sujeitos neutros não existem, todos são forçosamente adversários de alguém", destacando que o poder sempre envolve relações de conflito e resistência. Segundo ele, a lei possui uma "realidade de dupla face: triunfo de uns, submissão de outros", pois reflete interesses dominantes e pode ser usada tanto para garantir direitos quanto para reforçar desigualdades. Giorgio Agamben: Giorgio Agamben desenvolve o conceito de tanatopolıt́ica como uma extensão da biopolıt́ica, explorando como o poder soberano decide sobre a vida e a morte dos indivıd́uos. Ele argumenta que, em certas condições, o Estado define quais vidas são dignas de serem vividas e quais podem ser descartadas, criando categorias de existência vulneráveis à exclusão e à violência institucional. A ideia de "vidas indignas de serem vividas" remete à lógica do homo sacer, figura do direito romano que podia ser morto sem que isso fosse considerado um crime. Agamben relaciona esse conceito a práticas modernas, como polıt́icas de imigração, genocıd́ios e exclusão social, onde determinados grupos são colocados à margem da sociedade e privados de direitos fundamentais. Judith Butler: Judith Butler, em sua obra "Vida Precária", explora como certas vidas são socialmente construıd́as como irreais, ou seja, vidas que não são reconhecidas como dignas de luto ou proteção. Segundo Butler, a violência contra esses grupos não é percebida como uma violação, pois essas vidas já foram negadas antes mesmo de serem destruıd́as. Ela argumenta que essas vidas continuam a existir de maneira teimosa, mesmo após serem socialmente apagadas, o que leva à necessidade de sua negação repetida. Esse ciclo de violência se perpetua porque o objeto da agressão nunca desaparece completamente. Mbembe: Achille Mbembe desenvolve o conceito de necropolıt́ica para explorar como o poder soberano decide quem pode viver e quem deve morrer. Ele argumenta que, na modernidade, o Estado não apenas administra a vida, mas também determina as condições da morte, criando espaços onde certas populações são sistematicamente excluıd́as e eliminadas. A frase "o sobrevivente é aquele que, tendo percorrido o caminho da morte, sabendo o caminho dos extermıńios e permanecendo entre os que caıŕam, ainda está vivo" reflete a ideia de que a sobrevivência, em determinados contextos, não é apenas um acaso, mas uma experiência marcada pela violência e pela exclusão RESUMO PERIÓDICO FEITO PELO ALUNO MATEUS RODRIGUES Política, Estado e Democracia - AV2 20 de Maio de 2025 Página 09 Teorias Decoloniais: José Martı,́ em sua obra "Nuestra América", apresenta uma visão crıt́ica sobre a dominação colonial e a necessidade de uma identidade latino-americana autônoma. Ele argumenta que a verdadeira independência da América Latina não se limita à separação polıt́ica das potências europeias, mas exige uma transformação cultural e social profunda. Martı ́defende que os povos latino-americanos devem se libertar das influências externas e construir um modelo próprio de desenvolvimento, baseado na solidariedade e na justiça social. Sua obra é considerada um marco no pensamento decolonial, pois propõe uma ruptura com a lógica imperialista e enfatiza a importância da autodeterminação dos povos