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Ponto 1 - Tributário

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PONTO 1 - Direito Tributário: Sistema Constitucional Tributário Brasileiro. Elementos Constitutivos. Características. Crédito Tributário. Constituição. Suspensão. Extinção. Garantias. Privilégios. Administração Tributária. Exclusão. Planejamento Tributário. 
	( Sistema Constitucional Tributário brasileiro. Elementos Constitutivos. Características.
A Constituição Federal tem um capítulo próprio para regular o Sistema Tributário Nacional (Capítulo I do Título VI; arts. 145 – 161), que nada mais é do que um complexo de normas (regras e princípios) que regulam as garantias e as obrigações dos contribuintes, bem como as regras que devem ser observadas pelos entes políticos quando da implementação e cobrança dos tributos, isto é, no processo produtivo de leis tributárias, mormente no que tange às competências tributárias. O sistema constitucional tributário, na definição de Geraldo ATALIBA, “é o conjunto de princípios constitucionais que informa o quadro orgânico de normas fundamentais e gerais de Direito Tributário vigentes em determinado país.”
	Elementos Constitutivos do Sistema Constitucional Tributário brasileiro [TRATAMENTO DO DIREITO TRIBUTÁRIO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL]
- DISCRIMINAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS;
- CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS EM ESPÉCIES E SUB-ESPÉCIES;
- ESTABELECIMENTO DA REGRA MATRIZ DAS VÁRIAS ESPÉCIES E SUB-ESPÉCIES DE TRIBUTOS;
- LIMITAÇÃO DO EXERCÍCIO DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS;
	I)PRINCÍPIOS;
	II)IMUNIDADES.
- REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS.
	Características do Sistema Constitucional Tributário brasileiro: RIGIDEZ (não dá a Lei Maior ao legislador ordinário liberdade para desenhar-lhe qualquer traço fundamental) E COMPLEXIDADE. 
Define a constituição Federal o campo de cada uma dessas pessoas dotadas de competência tributária; exaustão e complexidade -; traça a Constituição Federal, nos artigos destinados ao estudo do Sistema tributário Nacional, todos os contornos do sistema, pouco relegando à legislação ordinária. Tal característica é habitualmente considerada, pelos estudiosos do Direito Tributário, como sendo conseqüência da rigidez. Em verdade, alguns doutrinadores afirmam que o sistema tributário nacional é um verdadeiro subsistema, que trata dos aspectos da imposição tributária pelo Estado, dos poderes exercidos por este na esfera tributária e das garantias dos contribuintes perante estes poderes.
	Direito Constitucional Tributário (Hugo, pgs. 50 – 58)
	Coloca Hugo que mesmo antes da Constituição de 1988 a relação necessária de subordinação do Direito Tributário ao Direito Constitucional já existia, tendo, já em 1960, Geraldo Ataliba disposto: 
“Como em todos os ramos do Direito, o tributário subordina-se visceralmente ao direito constitucional. Nele encontrando diretrizes, critérios e princípios informativos essenciais.
	O trato de quase todas as questões concretas de direito tributário, principalmente no Brasil – dado a feição rígida de nosso sistema constitucional tributário -	 exige, como preliminar, exame de aspectos constitucionais.
	Observação importante está em que o direito constitucional cuida precipuamente de limitar o poder tributário e condicionar seu exercício. Essa limitação tem dupla direção: é no sentido de fixar os lindes das competências entre os entes tributantes e conter estas competências (ou seu exercício) diante de certos direitos individuais mínimos, protegidos eficazmente por meio do remédio constitucional que se erige em sua garantia (mandado de segurança).”
	
	Com relação à hierarquia, Hugo de Brito expõe que dessa posição hierárquica decorrem limitações ao intérprete e ao aplicador e até mesmo ao elaborador das normas tributárias. Acrescenta que a limitação – imposta ao elaborador das normas - abrange a impossibilidade de alteração de conceitos, vale dizer, a regra segundo a qual os conceitos utilizados em uma norma de hierarquia superior não podem ser alterados por norma de hierarquia inferior, porque isto implicaria a destruição da hierarquia normativa. O que se está a dizer é que as normas constitucionais possuem uma densidade semântica mínima, que deve ser respeitada. 
	Adentrando na questão ligada às disposições constitucionais em matéria tributária, o autor coloca que se a Constituição partilha o poder de tributar entre pessoas jurídicas de direito público interno, e assim refere-se aos tributos de uma e aos das outras, com certeza estabelece a matéria de fato que o legislador de cada uma delas poderá utilizar para definir a hipótese de incidência do tributo de sua competência, isto é, o tributo que pode ser criado e cobrado por cada uma delas. A essa matéria de fato, constitucionalmente definida como limite da competência para a instituição do tributo, o autor denomina de âmbito constitucional do tributo (doutrinadores como Roque Carraza utilizam a expressão Perfil Constitucional do tributo ou norma-padrão de incidência ou arquétipo do tributo). Âmbito constitucional do tributo, como um conceito de direito positivo, é a delimitação da competência para instituir o tributo vista em determinadas normas de determinado ordenamento jurídico. Assim, se estamos em face da Constituição que atribui a competência para uma pessoa jurídica de direito público interno para instituir imposto sobre produtos industrializados, o significado da expressão produtos industrializados, compondo a delimitação da competência atribuída, delimita o âmbito constitucional desse imposto, e assim por diante. 
	
( Crédito Tributário. Constituição. Suspensão. Extinção. Garantias. Privilégios. Administração Tributária. Exclusão
1. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O crédito tributário representa o momento de exigibilidade da relação jurídico-tributária. Seu nascimento ocorre com o lançamento tributário (art. 142 do CTN), o que nos permite defini-lo como uma obrigação tributária “lançada” ou, com maior rigor terminológico, obrigação tributária em estado ativo. Observe o dispositivo, em sua parte inicial:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (Grifo nosso)
 Com efeito, o lançamento é o instrumento que confere a exigibilidade à obrigação tributária (a inscrição em dívida ativa e extração da CDA confere exeqüibilidade), quantificando­-a (aferição do quantum debeatur) e qualificando-a (identificação do an debeatur). Em outras palavras, esta, sendo ilíquida e inexigível, carece dos atributos de certeza e liquidez, que se dão pela atuação do Fisco, por meio do lançamento. Com a formalização deste, não há que se falar em “obrigação tributária”, mas em crédito tributário.
Desse modo, o crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do lançamento. Nesse passo, diz­-se, seguindo a linha de entendimento do STJ, que “o crédito tributário não surge com o fato gerador. Ele é constituído com o lançamento (artigo 142 do CTN)”. (REsp 250.306/DF, 1ª T., rel. Min. Garcia Vieira, j. 06­-06­-2000).
O fato gerador apenas constitui a obrigação tributária da qual decorrerá o crédito tributário. Portanto, tomando por base a tese encampada pelo do CTN (e adotada pelo Professor Ricardo Alexandre), é possível visualizar os dois momentos ora analisados da seguinte forma
2. LANÇAMENTO
Conceito: é o ato documental de cobrança por meio do qual se declara a obrigação tributária nascida do fato gerador, constituindo-se o crédito tributário. O lançamento é, como diz o art. 142 do CTN, ato privativo da autoridade fiscal. Isso porque é o modo de formalização do crédito tributário que é feito independentemente do reconhecimento do débito pelo contribuinte e mesmo contrariamente ao entendimento deste.
Natureza jurídica:o lançamento possui natureza jurídica mista:
•	Declaratória da Obrigação Tributária
•	Constitutiva do Crédito Tributário
Efeitos: o lançamento produz efeitos ex tunc (retroativos), pois o lançamento sempre se refere a evento passado, retroagindo no tempo para constituir crédito decorrente de obrigação surgida em momento pretérito. O lançamento é realizado em determinado momento na linha do tempo, mas sempre com os olhos voltados para um instante passado, o da ocorrência do fato gerador da respectiva obrigação.
Ato ou procedimento
Segundo a lei: procedimento
Segundo a doutrina: A maioria da doutrina entende que o lançamento é ato administrativo, apesar de ser resultante de um procedimento. O Professor Paulo de Barros entende que o lançamento é ato jurídico. Já Eduardo Sabbag entende que se trata de procedimento.
 
É ato administrativo vinculado.
Competência para lançar: é sempre ato privativo do Fisco. Leandro Paulsen refere que a constituição do crédito tributário pode ser feita por ato privativo do Fisco (lançamento) ou por ato de particular que faz as vezes do lançamento (declarações e outras confissões de débito)
Como os mais puristas afirmam que as competências privativas, ao contrário das exclusivas, são delegáveis, o mais correto, a rigor, seria afirmar que o Auditor Fiscal da Receita Federal tem competência exclusiva para lançar, pois tal competência é indelegável e insuscetível de avocação. 
Este é um dos fundamentos que justifica o entendimento do Supremo Tribunal Federal segundo o qual não se pode propor ação penal por crime de sonegação fiscal antes da conclusão do procedimento de lançamento (término do processo administrativo porventura instaurado), pois o juiz não tem competência para decidir acerca da existência ou não do crédito tributário cuja sonegação é alegada.
Outras formas de constituição do crédito tributário.
1) Declaração do contribuinte: “É inteiramente equivocada a afirmação, ainda corrente, de que o lançamento, feito pela autoridade fiscal, é instituto indispensável e sempre presente nos fenômenos tributários e que, ademais, é o único modo para efetivar a constituição do crédito tributário [...] não atribui ao Fisco a exclusividade de constituir o crédito tributário, nem está erigindo o lançamento como única forma para a sua constituição. A exclusividade, a que se refere o dispositivo, diz respeito apenas ao lançamento, mas não à constituição do crédito. [...] Ora, essa formalização (= constituição do crédito tributário) pode ocorrer por vários modos. Em primeiro lugar, pelo lançamento, nas suas diversas espécies. [...] Mas há outras formas de constituição do crédito tributário. "O fato de o cidadão-contribuinte não poder efetuar o lançamento não significa que ele não possa constituir o crédito tributário", observou, com inteira razão, Denise Lucena Cavalcante [...] A modalidade mais comum de constituição do crédito tributário sem que o seja por lançamento é a da apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF” (extrato do voto no REsp 962379/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Seção, j. em 22/10/2008). 
Paulsen: Declarado o débito, portanto, resta formalizada a existência e liquidez do correspondente crédito. A jurisprudência é pacífica no sentido de que as declarações de débitos tributários cumprem o papel de formalização da existência do respectivo crédito. Neste sentido a Súmula 436 STJ: “A entrega da declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer oura providência por parte do fisco”.
Formas de constituição por declaração do contribuinte: a) declaração no lançamento por homologação; b) realização de depósito judicial em ações preventivas; c) declaração de compensação (há repercussão geral quanto à incidência da multa ex lege no caso de indeferimento); d) confissão de dívida para fins de parcelamento
2) Sentença trabalhista. Segundo o art. 114, VIII, CF, a Justiça do Trabalho deve promover a execução de ofício das contribuições sociais decorrentes das sentenças que proferir. Neste caso, a sentença trabalhista transitada em julgado constitui o crédito tributário.
Funções do lançamento:
a) verificar a ocorrência do fato gerador;
b)	identificar o sujeito passivo (art. 97, III, CTN);
c) determinar a matéria tributável (Base de Cálculo): visa reproduzir o espectro material de incidência, ou seja, ater­-se ao elemento nuclear do tributo exigível. Com o lançamento, permite­se a aferição do an debeatur (o “se devido”);
d) calcular o montante do tributo devido: permite­-se a aferição do quantum debeatur (o “quanto devido”).;
e)	aplicar a penalidade (multa), se for o caso: Nessa medida, o lançamento particulariza, concretamente, a exigibilidade da multa, definida, normativa, restritiva e abstratamente, na lei tributária (art. 97, V, CTN).
Legislação formal e material aplicável ao procedimento de lançamento: 
Quanto à estrutura da obrigação tributária (aspecto material) aplica-se a lei vigente ao momento do fato gerador, porém normas relativas procedimentos, prerrogativas ou formalidades adstritas ao lançamento (sem relação direta com o aspecto material) poderão ser aplicadas retroativamente. Observação: o aspecto pessoal (identificação do sujeito passivo) integra a estrutura da obrigação tributária e, por isso, não pode ser alvo retroação (não pode retroagir norma que atribui responsabilidade a terceiros)
Taxa de câmbio aplicável ao procedimento de lançamento: Art. 143 do CTN. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Alteração do lançamento regularmente notificado: após a realização do lançamento, a autoridade administrativa precisa comunicá-lo oficialmente. É a notificação que confere efeitos ao lançamento realizado (STJ: é imprescindível que conste da notificação o prazo para defesa que o contribuinte dispõe para apresentar impugnação). Com a notificação, o lançamento se presume definitivo. A regra passa a ser que o mesmo não mais será alterado. O CTN traz, em seu art. 145, as exceções:
a) impugnação pelo sujeito passivo: A impugnação constitui, portanto, uma maneira legal de se insurgir contra a pretensão do Fisco, instaurando um litígio; tudo em plena consonância com as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. O objetivo do sujeito passivo com a impugnação é desconstituir ou alterar o lançamento realizado. O acatamento total ou parcial da impugnação formulada terá como consequência a anulação (ou alteração) do lançamento realizado. O Superior Tribunal de Justiça entende irregular a notificação e, por conseguinte, nulo o lançamento a que esta visava a dar eficácia, quando não se abre prazo para que o sujeito passivo, querendo, exerça seu direito de impugnação (REsp 1.227.676/PR). Registre-se, contudo, que a impugnação pelo sujeito passivo pode resultar em agravamento da exigência contra ele formalizada se, por exemplo, em diligência ou perícia determinada pela autoridade julgadora, for verificada alguma incorreção ou omissão. Nessa hipótese, será realizado um lançamento suplementar, com a consequente devolução do prazo para impugnação relativa à parte modificada. Não há, portanto, proibição de alteração para pior (reformatio in pejus) no processo administrativo fiscal, uma vez que, nessa seara, deve ser observado o princípio da verdade material;
b) recurso de ofício e recurso voluntário: O instituto que o CTN denominou “recurso de ofício” corresponde ao que hoje a doutrina processualista denomina “remessa necessária”, ou “reexame necessário”, ou “duplo grau obrigatório”. Em se tratando de processo administrativo fiscal, se o sujeito passivo discordou de lançamento realizado, impugnando-o, e a autoridade julgadora do processo administrativo instaurado, concordando totalou parcialmente com os argumentos da impugnação, desconstituiu total ou parcialmente o crédito, liberando o contribuinte de montante acima de determinado valor (denominado “valor de alçada”), o processo necessariamente será remetido à segunda instância (na esfera federal o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais);
c) iniciativa de ofício da autoridade administrativa: Verificado um vício no ato praticado, tem a Administração Tributária o poder-dever de corrigi-lo, independentemente de provocação do particular, em homenagem ao princípio da legalidade e ao seu corolário, o princípio da autotutela.
Erro de direito e erro de fato – possibilidade de alteração do lançamento. 
Art. 146 do CTN. A modificação introduzida (...) nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada (...) quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. 
Erro de direito: Segundo o STJ, com essa regra o legislador tentou evitar a revisão de lançamentos já realizados com base no chamado “erro de direito”. O novo critério jurídico, escolhido pelo Fisco, na atividade de lançamento, só poderá ter efeitos ex nunc, com aplicação exclusiva a casos futuros, prestigiando-se a boa-fé do contribuinte. Posto isto, é incabível o lançamento suplementar motivado por erro de direito. Súmula 227/TFR: “A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento”. STJ: “aceitando o Fisco a classificação feita pelo importador no momento do desembaraço alfandegário ao produto importado, a alteração posterior constitui-se em mudança de critério jurídico vedado pelo CTN”.
Assim, a administração pode alterar o critério jurídico adotado por considerar o anterior errado e cobrar o tributo eventualmente devido. Entretanto, se o lançamento (sempre individual e concreto) já foi realizado, a administração não pode alterar o critério jurídico adotado, pois lhe é vedada a revisão por “erro de direito”, de forma que o novo critério somente poderá ser adotado para os fatos geradores supervenientes à inovação (art. 146 do CTN).
Erro de fato: Registre-se que o chamado “erro de fato” pode e deve justificar a revisão do lançamento já realizado, com observância do prazo decadencial previsto no art. 173 (cinco anos). O “erro de fato” se refere às circunstâncias objetivas que não dependem de interpretação normativa para sua verificação. 
Observação: Entendimento sedimentado no STJ, “o depósito judicial para suspender a exigibilidade do crédito tributário já o constitui; razão pela qual o lançamento fiscal em relação ao valor depositado é desnecessário. Assim, não há que se falar em decadência do crédito tributário por não ter sido lançado em relação ao crédito discutido pelo Fisco”. (EREsp 898.992-PR) 
3. MODALIDADES DE LANÇAMENTO
 
3.1. LANÇAMENTO DIRETO OU DE OFÍCIO: o Fisco dispõe dos dados suficientes para efetuar a cobrança e assim o faz, dispensando o auxílio do contribuinte. Ex: IPTU, IPVA e contribuições de melhoria. Importante lembrar que o lançamento é ainda feito de ofício para solucionar problemas decorrentes de omissões, erros ou fraudes que justificam a realização de novo lançamento. Está previsto no artigo 149 do CTN.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
Decadência nos lançamentos de ofício: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento”.
3.2 LANÇAMENTO “POR DECLARAÇÃO” OU MISTO: é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. Não confundir lançamento por declaração com lançamento por homologação. A declaração entregue pelo sujeito passivo da obrigação acessória apenas fornece a matéria de fato necessária para a constituição do crédito que é realizada pelo Fisco. 
Retificação de declaração. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Se o sujeito passivo pretende retificar a declaração para aumentar o tributo exigido, poderá fazê-lo mesmo após a notificação. Nesse caso, a autoridade administrativa efetuará um lançamento complementar de ofício.
Lançamento por arbitramento. O lançamento por arbitramento se refere aos casos em que o valor que vai servir como base de cálculo na constituição do crédito tributário vai ser determinado com base numa prudente e razoável suposição da autoridade administrativa. A jurisprudência entende que a simples ausência de escrita fiscal regular não é motivo para que a autoridade fiscal promova o lançamento por arbitramento [Paulsen fala que a ausência ou inidoneidade da documentação autorizam o lançamento por arbitramento ou aferição indireta], uma vez que tal técnica não possui natureza punitiva. Por fim, ressalte-se que o arbitramento não se constitui numa quarta modalidade de lançamento, sendo apenas uma técnica para se definir a base de cálculo, para que se proceda a um lançamento de ofício. Súmula 76/TFR: “Em tema de imposto de renda, a desclassificação da escrita somente se legitima na ausência de elementos concretos que permitam a apuração do lucro real da empresa, não a justificando simples atraso na escrita”. Súmula 182/TFR: “É ilegítimo o lançamento do imposto de renda arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários”. 
* Pautas fiscais: Sempre que, na atividade de lançamento, for adotada uma base de cálculo que não corresponda comprovadamente ao preciso valor ou preço do bem, direito, serviço ou ato jurídico, mas sim a um valor razoável fixado com base em pesquisas, estatísticas ou procedimentos semelhantes, haverá arbitramento. Assim acontece com as chamadas “pautas fiscais”, que contêm os “preços normais”de determinados bens e que, ao serem utilizadas, seja por determinação legal, seja pela impossibilidade de se encontrar o valor real do bem, exemplificam o lançamento por arbitramento. Atualmente, a expressão “pauta fiscal” deve ser utilizada com bastante cuidado, já que o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento sumulado no sentido de que “é ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal” (Súmula 431). A questão é apenas terminológica, pois o que o Tribunal considerou ilegítima foi a utilização de tabelas com “valores fixados prévia e aleatoriamente para a apuração da base de cálculo do tributo” que sejam encaradas como presunção absoluta de valor (RMS 18.677⁄MT).
3.3 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO OU “AUTOLANÇAMENTO”
“Autolançamento”: é expressão tecnicamente incorreta eis que contraria o conceito de lançamento enquanto atividade privativa do Fisco. Por isso, somente deve ser utilizada entre aspas.
Lançamento por homologação: deve ser interpretada com cuidado considerando que não se pode entender que o sujeito lança o tributo e a autoridade administrativa apenas homologa o lançamento feito.
Homologação do lançamento: apesar de aparecer no final do § 1º do art. 150 do CTN, também deve ser evitada. O próprio STJ prefere, em seus julgados, utilizar a terminologia “homologação do pagamento” ou “homologação da atividade do sujeito passivo”.
Característica principal dessa espécie: dever do sujeito passivo de antecipar o pagamento
( Prescrição para repetição de indébito: O art. 3º, da LC 118/05, estabeleceu que para efeito de interpretação do inciso I, do art. 168, CTN, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, CTN.
Anteriormente à LC, o STJ adotava a tese dos 5+5 para a contagem da prescrição do direito de pleitear a repetição do indébito tributário. Nesse caso, o prazo prescricional para o contribuinte somente começaria a correr da homologação do pagamento (o que, no caso da homologação tácita, poderá ocorrer 05 anos após o pagamento), podendo ser de 10 anos (05 + 05), conforme entendimento do STJ.
Assim, a LC antecipou o dies a quo do prazo de prescrição. Na forma do art. 4º desta mesma LC, combinado com o art. 106, I, do CTN, esta “interpretação” aplicar-se-ia de forma retroativa. O STF decidiu no sentido de ser indevida a retroatividade do prazo de prescrição quinquenal para o pedido de repetição do indébito relativo a tributo lançado por homologação. Entretanto, em relação ao termo e ao critério para incidência da novel legislação, entendeu “válida a aplicação do novo prazo de 05 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09/06/2005”, e não aos pagamentos realizados após o início de vigência da LC 118/2005, como o STJ vinha decidindo.
Ex: a demanda foi ajuizada em 21/09/2007, o que resulta no reconhecimento da prescrição no que se refere aos eventuais recolhimentos indevidamente efetuados pelo contribuinte no período de cinco anos anteriores à data do ajuizamento da ação, ou seja, 21/09/2002, na forma do art. 3º da LC 118/2005.
Homologação expressa ou tácita. A homologação pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando a autoridade administrativa editar ato em que formalmente afirme sua concordância com a atividade do sujeito passivo, homologando-a. Será tácita quando a Administração Tributária deixar escoar o prazo legal para a homologação expressa. Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito (Art. 150, §§ 1º e 4º), salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Nos casos de dolo, fraude ou simulação, aplica-se a regra do art. 173, I, referente ao lançamento de ofício. Exemplos de tributos lançados por homologação: IR, ITR, ICMS e ISS.
Modalidades de lançamento e autonomia: Não há qualquer norma geral no direito brasileiro que determine que os tributos sejam necessariamente lançados de ofício, sendo possível que determinado ente preveja na legislação local a realização dos lançamentos dos seus tributos na modalidade que entender mais conveniente.
Visão geral. Art. 173, I x Art. 150, §§ 1º e 4º. 1) Art. 173, inc. I. É regra geral da decadência. Alcança os tributos cujos lançamentos são (i) de ofício, (ii) por declaração ou misto; (iii) por homologação sem antecipação de pagamento. Observação: sendo o IPTU lançado de ofício, o prazo decadencial começa a correr do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. 2) Art. 150, § 4º. Art. 150. É considerada regra especial de decadência para os tributos lançados por homologação com típica antecipação de pagamento. O transcurso do qüinqüênio decadencial sem que se faça uma conferência expressa provocará a homologação tácita, perdendo a Administração o direito de lançar, de modo suplementar, eventual diferença. Assim, é irrelevante o fato da entrega da declaração do IR ocorrer no ano seguinte, pois o prazo decadencial começa a fluir em 31 de dezembro do ano anterior (fato gerador do IR).
Prescrição e os lançamentos por homologação. O STJ mantém entendimento de que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, com a entrega da Declaração, caso o Fisco acolha como correto o que foi declarado, porém não pago pelo contribuinte, tem-se a constituição definitiva do crédito tributário. Súmula 436/STJ: "A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco". O termo inicial do prazo prescricional é a data do vencimento do pagamento do tributo previsto na Declaração. Nesses casos: (i) não se fala em decadência, mas em prescrição; (ii) após a entrega da declaração, escoado o prazo para pagamento, o Fisco não precisa notificar o contribuinte para inscrever o débito em dívida ativa; (iii) não há falar em denuncia espontânea; (iv) inibe-se a emissão de certidão negativa de débito. Súmula 446/STJ: "Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa". Entretanto, caso o Fisco verifique que há quantia a ser exigida além daquela que foi declarada, deverá realizar um lançamento suplementar de ofício em relação ao saldo remanescente, havendo aí a fluência de prazo decadencial.
(...).
2. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o termo a quo do prazo prescricional para o ajuizamento da ação executiva tem início com a constituição definitiva do crédito tributário, que ocorre com a entrega da respectiva declaração pelo contribuinte, declarando o valor a ser recolhido, ou do vencimento do tributo, o que for posterior. (...). (STJ, AgRg no REsp 1301722/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe 28/05/2014)
4. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Considerações iniciais. As causas de suspensão podem ocorrer antes, durante ou depois do lançamento. Ex: uma liminar em mandado de segurança mesmo antes da constituição do crédito. Nesses casos, a jurisprudência tem admitido a realização do lançamento pela Administração mesmo que esteja presente uma causa suspensiva da exigibilidade do Crédito Tributário. Isso porque o que a liminar suspende é a exigibilidade do crédito e não a possibilidade de constituí-lo. Deve-se ressaltar ainda que a suspensão do Crédito Tributário não acarreta o descumprimento das obrigações acessórias. A relação das causas de suspensão da exigibilidade encontra-se no art. 151 e é exaustiva. A taxatividade da lista é reforçada pelo art. 111, I, do CTN, que determina a interpretação literal dalegislação que disponha sobre suspensão do crédito tributário. Outro ponto digno de nota é que as causas de suspensão do crédito tributário não operam apenas nos casos em que o lançamento já foi efetuado. Cabe referir também que a prescrição não corre na pendência de uma causa que suspende a exigibilidade do crédito tributário. Passamos a analisá-las. 
4.1 MORATÓRIA
Consiste na dilação do prazo de pagamento do tributo. Pode ser concedida em caráter individual (exigindo-se despacho da autoridade administrativa) ou em caráter geral (em face de situações excepcionais).
Segundo o art. 152 do Código, a moratória pode ser concedida em caráter geral tanto pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira (moratória autônoma), quanto pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (moratório heterônoma), quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado.
Moratória geral: é diretamente concedida pela lei, não sendo necessário, para sua fruição, reconhecimento por ato de autoridade administrativa. 
Moratória individual: é aquela concedida em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei.
Requisitos para concessão da moratória
A lei concessiva da moratória deve conter os seguintes requisitos:
a)	Estipular o prazo do favor;
b)	Destacar a quais tributos se refere;
c)	Definir se é geral ou individual. Se for individual, haverá condições a serem cumpridas e será necessário despacho da autoridade competente.
“Revogação” da moratória individual
A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que:
a)	se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou 
b)	não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor.
Como a “revogação” repercute no patrimônio jurídico do particular, deve ser precedida de procedimento administrativo em que se assegure ampla defesa e contraditório (STJ – AgRg no AI 431.059). Apesar de a citada decisão do STJ tratar de um caso de “revogação” de anistia, é aplicável, também, aos demais casos sujeitos à disciplina normativa do art. 155 do CTN (moratória, parcelamento, remissão e isenção).
Cobrança dos créditos em caso de “revogação”:
Nessa hipótese, irá cobrar-se o crédito acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.
Tais disposições aplicam-se, no que couber, à isenção, à anistia e à remissão.
O Poder Judiciário inclina-se a favor da tese segundo a qual a suspensão da exigibilidade do crédito constituído suspende também a prescrição. Súmula 248 do extinto TFR: “O prazo da prescrição interrompido pela confissão e parcelamento da dívida fiscal recomeça a fluir no dia em que o devedor deixa de cumprir o acordo celebrado.”
Moratória parcelada e parcelamento - distinções
A diferença fundamental residiria nos pressupostos de fato que ensejam o manejo dos institutos. A moratória é medida excepcional, que somente deve ter lugar em casos de situações naturais, econômicas ou sociais que dificultem o normal adimplemento das obrigações tributárias. Já o parcelamento é corriqueira medida de política fiscal, que visa a recuperar créditos e a permitir o retorno de contribuintes inadimplentes à situação de regularidade. As leis concessivas de moratória, reconhecendo que a dificuldade dos sujeitos passivos para adimplir suas obrigações tributárias decorre de eventos externos (caso fortuito ou força maior), têm permitido que o futuro pagamento seja feito livre de qualquer penalidade pecuniária e até mesmo de juros. Já no parcelamento, o próprio Código Tributário Nacional indica que, salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito não exclui a incidência de juros e multas.
4.2 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL
Se o sujeito passivo não concorda com o lançamento realizado, pode impugná-lo, administrativa ou judicialmente.
Ação judicial. Se a opção é a via judicial, o contribuinte poderá suspender a exigibilidade do crédito tributário mediante o depósito do montante integral do valor exigido pelo Fisco. Trata-se de direito do contribuinte, que não pode ter seu exercício obstado pela Fazenda Pública (STJ, REsp 196.235/RJ).
Impugnação administrativa. Se a opção é a via administrativa, a própria instauração do processo administrativo fiscal tem por efeito a suspensão da exigibilidade do crédito, mas pode o contribuinte decidir realizar o depósito do montante integral como meio de se livrar da fluência dos juros de mora. Assim, só faz sentido falar em depósito do montante integral caso haja algum litígio judicial ou administrativo instaurado ou na iminência de instauração.
Decisão final favorável ao Fisco
Na hipótese de, ao término do litígio, decidir-se que o crédito é efetivamente devido, ocorrerá a automática conversão do depósito em renda (hipótese de extinção do Crédito Tributário). Nesse caso, tendo sido feito o depósito do montante integral, não será cobrado mais nenhum outro valor do sujeito passivo a título de juros ou multa de mora.
Decisão final favorável ao contribuinte
Na hipótese de o sujeito passivo obter decisão favorável, ele tem direito de levantar o valor depositado, corrigido conforme previsto em lei (na esfera federal a taxa é a SELIC).
Obs: nos casos em que transita em julgado uma decisão judicial extinguindo o processo sem julgamento do mérito, o STJ entende que o depósito deve ser convertido em renda, pois a única hipótese que ensejaria o levantamento do depósito seria a decisão favorável ao contribuinte, passada em julgado (EREsp 215.589/RJ)
Valor do depósito. Súmula 112/STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. 
O depósito é uma faculdade do contribuinte para suspender a exigibilidade do crédito. No entanto, caso queira questionar administrativa ou judicialmente o crédito, poderá fazê-lo sem que seja indispensável o depósito. Nesse sentido:
Súmula vinculante n.° 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula vinculante n.° 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário.
4.3 RECLAMAÇÕES E RECURSOS ADMINISTRATIVOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.
Reclamações
Com a impugnação instaura-se um litígio a ser dirimido por um órgão julgador de primeira instância (ou instância única).
Recurso
Decidido o processo em primeira instância e havendo previsão na lei do processo administrativo fiscal, poderá haver recurso contra a decisão, direcionado ao órgão de segunda instância.
Efeito suspensivo das reclamações e recursos
Tanto no caso das reclamações, quanto no dos recursos propriamente ditos, haverá a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não sendo possível ao Fisco promover qualquer ato de cobrança enquanto não encerrado o processo administrativo. A regra tem o efeito de evitar que em matéria tributária seja aplicado o abominável “solve et repete” (pague e depois reclame), cláusula segundo a qual, mesmo discordando de um valor que lhe é cobrado, o suposto devedor deveria promover o pagamento e, posteriormente, contestar a cobrança, pedindo a devolução (repetição).
Pedido administrativo de compensação se enquadra nesse inciso e também suspende a exigibilidade do tributo (STJ, REsp 774.179-SC). STJ: O pedido administrativo de compensação tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. (AgRg no REsp 1301890 / RS). A manifestação apresentada após a inscrição emdívida ativa nada mais representa que o exercício do direito de petição aos órgãos públicos, não sendo causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário na forma do art. 155, III, do CTN (REsp 1.389.892-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/8/2013.)
4.4 CONCESSÃO DE LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA
Não pode o juiz expedir ordem impedindo que a autoridade fiscal promova o lançamento, sob pena de se inverter o perigo da demora (possibilidade de ocorrência da decadência). A concessão da liminar apenas proíbe a promoção de atos executórios, impedindo a exigibilidade do crédito. Nesse sentido, bastante esclarecedoras são as seguintes palavras do Superior Tribunal de Justiça:
 “Tributário. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Distinção entre medida liminar e depósito do tributo controvertido. A medida liminar em mandado de segurança suspende a exigibilidade do crédito tributário, independentemente do depósito do tributo controvertido; se o juiz condiciona a concessão da medida liminar à realização do depósito, está, na verdade, indeferindo a medida liminar. Recurso ordinário provido em parte” (STJ, 2.a T., RMS 3.881/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 01.09.1997, DJ 22.09.1997, p. 46.395).
Para Ricardo Alexandre, em se tratando de matéria tributária, tendo em vista o CTN arrolar a liminar em mandado de segurança e o depósito do montante integral como hipóteses autônomas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, há de se entender que o raciocínio acima esposado, no sentido da inviabilidade de se condicionar a concessão de liminar ao depósito, continua inteiramente aplicável e assim não se aplicaria a ressalva do art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009.
4.5. LIMINAR OU TUTELA ANTECIPADA EM OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO JUDICIAL.
Até o advento da Lei Complementar 104/2001, o CTN não continha disposição expressa reconhecendo efeito suspensivo sobre o crédito tributário das liminares e tutelas antecipadas concedidas em ações judiciais diversas do mandado de segurança.
Atualmente, a situação está legalmente resolvida, com a previsão expressa dos aludidos provimentos judiciais como forma de suspensão do crédito.
4.6. PARCELAMENTO
O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica (art. 155-A do CTN). Essa lei específica é lei do membro da Federação com competência para a instituição do tributo. Assim, haverá em cada ente federado a edição de duas leis específicas sobre parcelamento. Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do Crédito Tributário não exclui a incidência de juros e multas. 
Após a edição da Lei Complementar 118/2005, foram incluídos dois novos parágrafos no art. 155-A, disciplinando o parcelamento relativo aos créditos tributários do devedor em recuperação judicial.
Previu-se, inicialmente, que lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. Trata-se de uma lei que é específica em relação a outra lei também específica. Assim, haverá em cada ente federado a edição de duas leis específicas sobre parcelamento. A primeira é a que trata genericamente do parcelamento de créditos tributários no âmbito da respectiva esfera (denominada de lei geral de parcelamento pelo § 4.º). A segunda é a lei que tratará especificamente do parcelamento dos débitos da empresa em recuperação judicial.
No âmbito federal, foi inserido o art. 10-A, na Lei 10.522/02 pela Lei 13.043/14:
Art. 10-A. O empresário ou a sociedade empresária que pleitear ou tiver deferido o processamento da recuperação judicial, nos termos dos arts. 51, 52 e 70 da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, poderão parcelar seus débitos com a Fazenda Nacional, em 84 (oitenta e quatro) parcelas mensais e consecutivas, calculadas observando-se os seguintes percentuais mínimos, aplicados sobre o valor da dívida consolidada: (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
I - da 1a à 12a prestação: 0,666% (seiscentos e sessenta e seis milésimos por cento); (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
II - da 13a à 24a prestação: 1% (um por cento); (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
III - da 25a à 83a prestação: 1,333% (um inteiro e trezentos e trinta e três milésimos por cento); e (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
IV - 84a prestação: saldo devedor remanescente. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se à totalidade dos débitos do empresário ou da sociedade empresária constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, mesmo que discutidos judicialmente em ação proposta pelo sujeito passivo ou em fase de execução fiscal já ajuizada, ressalvados exclusivamente os débitos incluídos em parcelamentos regidos por outras leis. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 2o No caso dos débitos que se encontrarem sob discussão administrativa ou judicial, submetidos ou não à causa legal de suspensão de exigibilidade, o sujeito passivo deverá comprovar que desistiu expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, ou da ação judicial, e, cumulativamente, renunciou a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundem a ação judicial e o recurso administrativo. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 3o O empresário ou a sociedade empresária poderá, a seu critério, desistir dos parcelamentos em curso, independentemente da modalidade, e solicitar que eles sejam parcelados nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 4o Além das hipóteses previstas no art. 14-B, é causa de rescisão do parcelamento a não concessão da recuperação judicial de que trata o art. 58 da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, bem como a decretação da falência da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 5o O empresário ou a sociedade empresária poderá ter apenas um parcelamento de que trata o caput, cujos débitos constituídos, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, poderão ser incluídos até a data do pedido de parcelamento. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 6o A concessão do parcelamento não implica a liberação dos bens e direitos do devedor ou de seus responsáveis que tenham sido constituídos em garantia dos respectivos créditos. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 7o O parcelamento referido no caput observará as demais condições previstas nesta Lei, ressalvado o disposto no § 1o do art. 11, no inciso II do § 1o do art. 12, nos incisos I, II e VIII do art. 14 e no §2o do art. 14-A. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
Caso o ente político não edite a segunda lei específica, surgirá para o devedor o direito de utilizar a lei geral de parcelamento do ente, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.
Por fim, é importante registrar que a Lei 12.382/2011 acresceu parágrafos ao art. 83 da Lei n. 9.430/1996, estabelecendo que a concessão de parcelamento impede o encaminhamento ao Ministério Público de representação fiscal para fins penais relativas aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1.º e 2.º da Lei 8.137/ 1990. A proibição somente cessa se houver exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento, ficando suspensa a pretensão punitiva e a prescrição criminal enquanto vigente o favor, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal.
EMENTA do STJ: 1. O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos casos de parcelamento de débito tributário. (REsp 1102577 DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 18/05/2009)
5. FORMAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIUTÁRIO
5.1 O pagamento
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.
Nesta linha do completo afastamento das presunções,o STJ entende que “a expedição de certificado de registro e licenciamento de veículo, embora condicionada à quitação de tributos incidentes sobre a propriedade de veículo automotor, não é dotada de qualquer eficácia liberatória de obrigação fiscal” (1ª Turma, REsp 511.480/RS, j; 24.06.2003).
Os efeitos da mora, em direito tributário, são automáticos (mora ex re).
Processo administrativo de consulta, juros de mora e penalidade: de acordo com o § 2º do art. 161 do CTN, enquanto pendente consulta formulada pelo sujeito passivo dentro do prazo para pagamento do crédito, não haverá fluência dos juros, nem aplicação de penalidade. O prof. Ricardo Alexandre adverte que o dispositivo somente se aplica quando o procedimento de consulta se embasar em dúvida razoável, decorrente de omissão, obscuridade ou contradição na legislação tributária.
LOCAL DO PAGAMENTO: SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA, no DOMICÍLIO DO SUJEITO PASSIVO. [art. 159, CTN - regra de natureza supletiva (LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA PODERÁ DISPOR EM SENTIDO CONTRÁRIO)]
TEMPO DO PAGAMENTO: QUANDO A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NÃO FIXAR O MOMENTO DO PAGAMENTO, o vencimento ocorre 30 DIAS APÓS A NOTIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO. 
- FIXAÇÃO DE PRAZO DE PAGAMENTO DE TRIBUTO E O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE -a fixação de prazo de pagamento de tributo não se submete ao PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
- PAGAMENTO REALIZADO FORA DO PRAZO: incidência de JUROS DE MORA + PENALIDADES LEGALMENTE PREVISTAS. [art. 161, CTN]
-JUROS DE MORA: não havendo disposição de modo diverso, incidência de juros de 1 %. [art. 161, § 1º, CTN] ( na ESFERA FEDERAL existe lei prevendo TAXA DE JUROS incidente no caso de não pagamento no vencimento - TAXA SELIC (que abarca correção monetária)
IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTE: [art. 163, CTN]
REQUISITOS:
i) 2 OU MAIS TRIBUTOS;
ii) MESMO SUJEITO PASSIVO;
iii) MESMO SUJEITO ATIVO;
iv) MESMO OU DIFERENTES TRIBUTOS OU PROVENIENTES DE PENALIDADES PECUNIÁRIAS OU JUROS DE MORA
-REGRAS PARA A IMPUTAÇÃO: 
I. divisão dos tributos devidos em 2 grupos  primeiro serão pagos os tributos devidos a título de OBRIGAÇÃO PRÓPRIA, depois os demais.
	a)TRIBUTOS DEVIDOS A TÍTULO DE OBRIGAÇÃO PRÓPRIA;
	b)TRIBUTOS DEVIDOS A TÍTULO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
II. dentro de cada grupo o pagamento será realizado na seguinte ordem:
	1º.CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA; justificativa: trata-se de um tributo contraprestacional; o particular teve seu patrimônio enriquecido.
	2º.TAXAS;justificativa:trata-se de um tributo contraprestacional.
	3º.IMPOSTOS. justificativa: não pressupõe atividade estatal antecipada, por isso, na concorrência com taxas e contribuições de melhoria, ser pagos em um último momento.
III) havendo identidade de espécies tributária  imputação será realizada na ORDEM CRESCENTE DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS. tributos que estão mais próximos de prescreverem devem ser pagos preferencialmente.
IV)havendo identidade de espécies tributárias e dos prazos prescricionais  imputação será realizada na ORDEM DECRESCENTE DOS MONTANTES.tributos com maior valor serão pagos preferencialmente.
5.2 Compensação
•	Importante ressaltar: a compensação depende de lei de cada ente da Federação. Se não houver lei, não há direito à compensação (resta ao contribuinte pedir restituição). Além disso, é a lei específica que determina os termos e limites da compensação. 
•	Requisitos: 1) necessidade de lei que autorize a compensação; 2) os créditos de titularidade do sujeito passivo sejam líquidos e certos, vencido ou vincendos.
•	Diferença da compensação tributária para a compensação civil:
	Tributária
	Civil
	depende de lei específica
	independe de lei
	créditos do fisco vencidos e vincendos
	apenas dívidas vencidas
	só dinheiro
	qualquer objeto fungível
•	Trânsito em julgado: o artigo 170-A do CTN vincula o direito de compensação ao trânsito em julgado da sentença.
	Vale ressaltar que “a restrição da possibilidade de se efetivar a compensação somente após o trânsito em julgado, só se aplica às ações que tenham sido ajuizadas posteriormente ao advento da LC n. 104/2001, nos termos do Recursos Especial n. 1.137.738-SP, Relator Min. Luiz Fux, DJe 01/02/2010, uma vez que no acórdão citado, que é representativo de controvérsia (543-C do STJ), a Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001, ao acrescentar o artigo 170-A do Código Tributário Nacional, agregou mais um requisito à compensação tributária, devendo ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda.” (AC 0008179-38.1999.4.01.3800 / MG, Rel. JUIZ FEDERAL SILVIO COIMBRA MOURTHÉ, 6ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p.157 de 12/09/2012). Isso porque, até então, não havia vedação legal.
•	Contudo, o STJ admite a suspensão da exigibilidade, com base nos incisos IV e V do art. 151 do CTN (provimentos liminares ou antecipação de tutela). De qualquer forma, há de se observar que o fundamento imediato de suspensão sempre será a existência de provimento judicial provisório neste sentido.
•	Em que pese o § 3º do art. 16 da LEF vedar a compensação em embargos à execução fiscal, o STJ vem entendendo-a cabível. Súmula 394/STJ: “É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual”.
	Vale consignar, contudo, que, segundo julgados recentes do STJ, "o art. 16, §3º, da LEF deve ser lido com tempero. O que não é permitido é, em defesa na execução fiscal, o executado apresentar créditos que possui (indébitos tributários, créditos presumidos ou premiais ou outros créditos contra o ente público exequente tais como: precatórios a receber e ações diversas ajuizadas) a fim de abater os créditos tributários em execução. No entanto, nada impede que alegue a existência de compensações efetivamente já realizadas, efetivadas e reconhecidas, em processo administrativo ou judicial, com os créditos que são objeto da CDA, e que, por esse motivo, não poderiam ali estar (compensações tributárias pretéritas). Hipótese em que o crédito tributário veiculado na CDA foi incorretamente inscrito" (REsp. n. 1.252.333-PE, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28.6.2011).
•	Correção do crédito: nos casos de repetição de indébito tributário, a orientação prevalente no âmbito da 1ª Seção do STJ quanto aos juros de mora e à aplicação da taxa SELIC pode ser sintetizada da seguinte forma (diante dos efeitos práticos da compensação e da repetição, aplica-se o mesmo regime a ambas): 
o	(a) antes do advento da Lei 9.250/95, incidia a correção monetária desde o pagamento indevido até a restituição ou compensação (Súmula 162/STJ), acrescida de juros de mora a partir do trânsito em julgado (Súmula 188/STJ), nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN;
o	(b) após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxa SELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.
o	Com o advento da Lei 11.960/09, que alterou o art. 1-F, da Lei 9.494/97, permanece a aplicação da SELIC no indébito tributário, haja vista o princípio da isonomia e o Parecer PGFN/CAT/Nº 1929/2009, o qual consagra que "a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494, de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa Selic para as repetições de indébito tributário. 
Obs1: Vale ressaltar que a Lei 11.960/2009 alterou a redação do artigo 1º-F da Lei n. 9.497/1997, que passou a dispor que, “nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança”. Não obstante, quando do julgamento em conjunto das ADIs 4357, 4425, 4372 e 4400, que trataram da EC 62/2009, o STF declarou a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 1º-F da Lei n. 9.497/1997, com a redação dada pela lei 11.960/2009, o que teria o efeito de repristinar a legislação anterior. Saliente-se, contudo, que pende apreciação acerca da modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. 
Obs2: Não obstante, no referido julgamento, o STF firmou entendimento de que o indébito tributário deve ser corrigido pela Selic.
•	Súmulas do STJ:
-	212 - A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar.
-	213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária. 
-	Súmula 461/STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
-	Súmula 462/STJ É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte
•	Sobre compensação em âmbito federal, imprescindível tomar conhecimento da Lei 9.430/96:
 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)
 § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)
 § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)
A partir de 30/12/2002, com a nova redação dada ao art. 74, dada pela Lei 10.637/02, foi autorizada, para tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a compensação por iniciativa do contribuinte, mediante a entrega de declaração contendo informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação.
Se a compensação do tributo não for, de fato, devida, a declaração de compensação constitui o crédito tributário, podendo a Administração cobrá-la em juízo sem a necessidade de lançamento.
•	Compensação Tributária. Tributos de Natureza diversa.
Não há proibição expressa no CTN, nem na CF. A orientação majoritária no STJ é no sentido de se verificar o regime legal definido pela lei ordinária na época da compensação (encontro de contas). Todavia, o parágrafo único do art. 26 da Lei 11.457/2007 (criadora da Secretaria da Receita Federal do Brasil) impede de forma cabal a compensação que envolva contribuição social de natureza previdenciária.
 
TRIBUTÁRIO. CRÉDITO-PRÊMIO. COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO PELA ADMINISTRAÇÃO. RECURSO ADMINISTRATIVO PENDENTE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO. FORNECIMENTO DE CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. IMPOSSIBILIDADE. (…). 5. Dessa forma, por previsão inequívoca do art. 74 da Lei 9.430/96, a simples declaração de compensação relativa ao crédito-prêmio de IPI não suspende a exigibilidade do crédito tributário, a menos que esteja presente alguma outra causa de suspensão elencada no art. 151 do CTN, razão porque poderá a Fazenda Nacional recusar-se a emitir a certidão de regularidade fiscal. 6. Recurso especial provido. (RESP 200901840085, CASTRO MEIRA - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:06/04/2010)
( Restituição
A restituição de indébito obedece a um princípio basilar do direito: a vedação ao enriquecimento sem causa. Assim, ainda que não haja lei disciplinando a restituição, ela deve existir e pode ser deferida, especialmente na via judicial, e independentemente de prévio protesto. Nesse sentido, o próprio CTN já traz a restituição como um direito do contribuinte.
•	Restituição dos acréscimos legais:
Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.
Súmula 188/STJ: OS JUROS MORATORIOS, NA REPETIÇÃO DO INDEBITO TRIBUTÁRIO, SÃO DEVIDOS A PARTIR DO TRANSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. Vide também parágrafo único do art. 167 do CTN, com redação muito parecida.
•	Súmula 162/STJ: NA REPETIÇÃO DE INDEBITO TRIBUTARIO, A CORREÇÃO MONETARIA INCIDE A PARTIR DO PAGAMENTO INDEVIDO.
Obs.1: Após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxa SELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.
•	Tributos indiretos: o art. 166 do CTN determina que a restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. Segundo o STJ, tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro são somente aqueles em relação aos quais a própria lei estabeleça dita transferência (repercussão jurídica = possibilidade de transferência + previsão legal e não repercussão econômica). 
Sobre o tema, espelho de correção da primeira prova escrita do 14º concurso do TRF2:
A repetição do indébito do IPI (tributo indireto) deve seguir a orientação do art. 166 do Código Tributário Nacional. É dizer, só pode ser pleiteada pelo sujeito passivo tributário desde que prove que assumiu o referido encargo ou, no caso de repercussão a terceiro, desde que esteja autorizado por este a recebê-la. Contudo, o que se vê da questão é que Túlio da Silva não é contribuinte do IPI (art. 51 do CTN), mas apenas terceiro estranho à relação jurídica tributária - mero adquirente consumidor do produto. Em consequência, como já de há muito tem se manifestado a jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores (STF: verbete 546; STJ: AgRg no REsp nº 1319044/PE, REsp nº 903394-AL), por não integrar a relação jurídica tributária, o terceiro não tem legitimidade ativa para ajuizar a repetição de indébito tributário. Portanto, com estes fundamentos, caberia ao candidato reconhecer na qualidade de Juiz Federal Substituto, a ilegitimidade ativa de Túlio da Silva (contribuinte de fato), com a consequente extinção do feito sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do CPC
OBS: não há legitimidade do contribuinte de fato em postular repetição de indébito que paga em tributos indiretos! A legitimidade, via de regra, é do contribuinte de direito (STJ ressalva os casos de consumidor de serviços públicos concedidos (pois aí o repasse decorreria da própria lei 8.987/95 – Resp 1299303, ago/12)
•	SÚMULA Nº 546 do STF: Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.
•	O direito de pleitear a restituição prescreve em 5 anos, contados a partir da extinção do crédito tributário nas hipóteses I e II do artigo 165 do CTN e a partir da data em que se tornar definitiva a decisão que haja cassado a decisão condenatória na hipótese III (art. 168). Observe-se que, em se tratando de tributo com lançamento por homologação, o STJ entendia que o simples pagamento não extinguia o crédito tributário, sendo necessário, para tanto, se não ocorrer a homologação expressado pagamento, a ocorrência da homologação ficta, que ocorre em regra 5 anos depois da ocorrência do fato gerador. Sob tal tese, o prazo prescricional da repetição começaria a correr a partir da homologação ficta (tese dos 5 + 5).
 
•	Controvérsia criada pela Lei Complementar nº 118/2005.
Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.
	Contudo, como a lei alterou um entendimento sedimentado, o STJ não lhe atribuiu o caráter de lei interpretativa, regulando a questão da seguinte maneira: 1) Para o pagamento de tributo efetuado a partir da vigência da lei (09.06.2005), com fato gerador ocorrido após esta data, o prazo é de 5 anos a contar do pagamento; 2) Para o pagamento de tributo efetuado antes da vigência da lei (09.06.2005), com fato gerador ocorrido antes da vigência desta data, vale a regra do regime anterior (5+5), limitada, porém, ao prazo de 5 anos a contar da vigência da lei; 3) Para o pagamento de tributo efetuado após a vigência da lei (09.06.2005), com fato gerador ocorrido antes da vigência desta data, vale a regra do regime anterior (5+5), limitada, porém, ao prazo de 5 anos a contar da vigência da lei.
STF/ Info 643: "É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento, desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v. Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito e expresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005”. Ou seja, o STF não considera o momento da ocorrência do fato gerador, mas sim o momento do ajuizamento da ação de repetição de indébito.
•	Contagem do prazo para restituição nos casos em que o STF declara em controle concentrado a inconstitucionalidade de determinado tributo ou em que o Senado suspende a execução de norma instituidora de tributo declarado inconstitucional em controle difuso:
O STJ entendia que, no 1º caso, o prazo corria do trânsito em julgado da decisão do STF e no 2º caso, da data da publicação da Resolução do Senado (EREsp 423.994/MG). Contudo, em julgados recentes, o STJ tem entendido ser irrelevante, para o estabelecimento do termo a quo do prazo prescricional, a eventual declaração de inconstitucionalidade do tributo pelo Pretório Excelso. O pagamento indevido ou a maior é o único termo, em prol da segurança jurídica. (STJ AgRg no Resp 615.819/RS).
•	Prazo para pleitear a restituição no âmbito judicial:
5 anos, desde que demonstrado o interesse de agir (existência de posicionamento da Fazenda em desfavor da tese do pleiteante).
•	Todavia, se optar por formular o pleito inicialmente na via administrativa e o mesmo vier a ser indeferido, haverá incidência do art. 169 do CTN: “Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição”.
•	Vale ressaltar que, consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é de 5 (cinco) anos o prazo para a execução de decisão judicial que determina a repetição do indébito tributário, ainda que se trate de exação sujeita a lançamento por homologação (STJ - Primeira Turma - REsp 1.092.775/RS - Rel. Min. Francisco Falcão - DJe de 19.3.2009).
•	Ao contrário do direito civil, o pagamento de tributo prescrito dá ensejo à repetição, haja vista que a prescrição extingue o crédito tributário, não transformando-o em obrigação natural, como ocorre no direito civil. Conforme o STJ, “a partir de uma interpretação conjunta dos artigos 156, inciso V, (que considera a prescrição como uma das formas de extinção do crédito tributário) e 165, inciso I, (que trata a respeito da restituição de tributo) do CTN, há o direito do contribuinte à repetição do indébito, uma vez que o montante pago foi em razão de um crédito tributário prescrito, ou seja, inexistente”. (RESP 200400346220, SEGUNDA TURMA, DJE 23/06/2009)
5.3 Remissão
•	É o perdão ou dispensa total ou parcial do pagamento do tributo devido, mediante lei autorizativa. É causa de extinção do crédito tributário (artigo 156, IV do CTN).
•	A remissão pode ser realizada pela autoridade administrativa, mediante ato fundamentado, quando devidamente autorizada por lei. O ato em tela não gera direito adquirido.
		A lei deve ser específica, ou seja, deve tratar apenas deste assunto, nos termos do art. 150, §6º da CF.
•	A remissão só é concedida após o lançamento, e pode abranger o crédito relativo a tributo e/ou multa.
•	A isenção, diferentemente, precede o lançamento.
•	Não se confunde com anistia, que é forma de exclusão do crédito tributário (artigo 175, II do CTN) que consiste no perdão de infrações e, consequentemente, na exclusão da penalidade correspondente. Conforme Ricardo Alexandre, excluir o crédito é impedir o seu nascimento. Nesse sentido, a anistia (exclusão) alcançaria as multas ainda não lançadas pelo fisco e a remissão (extinção) as já lançadas. Logo, a remissão seria aplicável tanto aos tributos quanto às penalidades (estas, desde que já lançadas).
5.4 Transação
•	É o acordo entre o Fisco e o contribuinte, dependente de lei autorizativa, com concessões mútuas, ou seja, cada parte cede parcela de seu direito com o objetivo de atingirem ponto de interesse para ambas, terminando o litígio e extinguindo o crédito tributário.
Obs1: 2. Na desistência dos embargos à execução fiscal (movida pela FN) por adesão ao Parcelamento junto à Fazenda Nacional, o encargo de 20% de que cuida o art. 1º do DL n. 1.025/69, de compulsória inclusão, faz as vezes dos honorários advocatícios, quer se entenda a adesão como transação, quer como faculdade do contribuinte (SÚMULA n. 168 do ex-TFR c/c EREsp n. 445.582/RS). 
5.5 Prescrição e decadência
a)	Decadência
•	Conceito: fulmina o direito potestativo de lançar o crédito tributário (por isso seria melhor classificá-la como forma de exclusão do crédito e não de extinção). O lançamento é o divisor de águas entre a prescrição e a decadência. Assim, dito de forma simples e direta, a decadência é o prazo para o Fisco lançar, apurar ou determinar o crédito tributário.
•	Segundo o prof. Ricardo Alexandre, a doutrina majoritária tem entendido que o transcurso in albis do prazo para a homologação não apenas configura homologação tácita, mas também decadência do direito de constituir o crédito tributário relativo a qualquer diferença entre o valor antecipado pelo sujeito passivo e aquele que a ADM entende devido.
•	Início do prazo decadencial de 5 anos:
 
	a) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado e não entrega a declaração – aplica-se o art. 173, I, do CTN (o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, extingue-se após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado) – STJ: Resp 973.733 (recurso repetitivo); 
	b) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamentode ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca da medida preparatória do lançamento);
 	c) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida – aplica-se a primeira parte do § 4º do art. 150 do CTN (o prazo decadencial conta-se da ocorrência do fato gerador) – STJ: AgRg nos EResp 216.758;
 	d) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca do ilícito tributário, medida indispensável para justificar a realização do ulterior lançamento);
	e) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior – aplica-se o art. 173, II, do CTN (o prazo decadencial conta-se da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado).
Nos casos em que o débito tributário é declarado, mas não pago, o STJ, em sede de recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos, firmou entendimento de que a declaração formal do sujeito passivo do débito tributário, a exemplo da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF e da Guia de Informação e Apuração de ICMS – GIA, é, por si só, modo de constituição do crédito tributário, não havendo que se falar, assim, em decadência. Posteriormente, tal entendimento passou a ser objeto do verbete sumular de n. 436, pelo qual “a entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”.
Obs1: Assim, nos casos em que o contribuinte declara o débito total, mas não paga, não há falar em prazo decadencial, pois a declaração constitui o crédito, nos termos da súmula 436 do STJ. Nesse caso, passa a correr, de pronto, o prazo prescricional da pretensão executória.
Obs2: "no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com vistas à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, promove a constituição deste nos moldes do que dispõe o art. 150 e parágrafos do CTN." (EREsp 686.479/RJ, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, DJ 22.9.2008).
Obs3: Como a própria declaração já constitui o crédito tributário, não é necessária a instauração de PAF. STJ: “Entregue a declaração, é desnecessário instaurar processo administrativo para cobrança do tributo inadimplido.” (AgRg no Ag 1144686/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 02/02/2011)
Obs4: O STJ entendia que, nas situações em que havia lançamento por homologação seguido de não pagamento do tributo, a decadência deveria ser calculada com a cumulação dos arts. 150, § 4º, e 173, I, do CTN, podendo este prazo chegar a 10 anos. No entanto, em 2008 o STJ (EREsp 575.991 ) afirmou que não há que se falar em aplicação cumulativa dos dispositivos mencionados, os quais deverão ser aplicados em hipóteses diversas, como acima explicitado.
•	Prazo decadencial de contribuições para a Seguridade Social:
Súmula vinculante 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
•	Suspensão do prazo decadencial: é possível visualizar no caso de uma medida judicial determinando expressamente que a autoridade tributária fica impedida de constituir o crédito tributário. Ricardo Alexandre elenca a hipótese do art. 173, II, que traz, além de hipótese de interrupção, caso de suspensão do prazo decadencial enquanto pender o processo em que se discute a nulidade do lançamento por vício formal. 
•	Interrupção do prazo decadencial: é possível visualizar no caso de vícios formais no lançamento anterior. Para Ricardo Alexandre, há de se perceber que a regra somente é aplicável quando o vício que constar do lançamento for de natureza formal (adjetivo), não aproveitando aos casos de vício material (substantivo). É importante também observar que parte da doutrina entende que o art. 173, II, do CTN estabeleceu hipótese de interrupção da decadência. Outra corrente defende não se tratar de prazo de interrupção, mas sim de concessão de novo prazo.
b)	Prescrição
•	Conceito: ocorre quando a Fazenda Pública, tendo o crédito devidamente apurado e não pago, não realiza a cobrança judicial no prazo fixado em lei. Em outras palavras, prescrição é o prazo para o Fisco realizar a cobrança judicial do crédito tributário. 
•	Termo inicial: constituição definitiva do crédito tributário. Com a notificação inicial, abre-se um prazo pra o contribuinte pagar ou impugnar. Só após o transcurso desse prazo sem pagamento ou impugnação ou ao final desta é que a constituição do crédito será definitiva. Entre a notificação preliminar e a constituição definitiva não corre prescrição nem decadência. A declaração do contribuinte também dá início ao prazo, conforme acima explicado.
•	Prazo: cinco anos (CTN)
•	FGTS: notícia STF 13.11.14: O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) atualizou sua jurisprudência para modificar de 30 anos para cinco anos (art. 7º, III, da CF) o prazo de prescrição aplicável à cobrança – reclamada por trabalhador - de valores não depositados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A decisão majoritária foi tomada na sessão desta quinta-feira (13) no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 709212, com repercussão geral reconhecida. Ao analisar o caso, o Supremo declarou a inconstitucionalidade das normas que previam a prescrição trintenária.
•	Prescrição intercorrente: Súmula 314 – STJ – “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual inicia-se o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”. A prescrição intercorrente pode ser decretada de ofício, conforme alteração na Lei 6.830/80 efetuada pela Lei 11.051/2004: Art. 40 - § 4º Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.
Obs1: Há decisão do TRF2 entendendo pela desnecessidade de intimação da Fazenda da decisão que suspende a execução, bem como da que determina o arquivamento após o transcurso do prazo de 1 ano (Proc 200751015019050, Rel. Luiz Antonio Soares, 22.10.2014 – “4. É desnecessária a intimação da Fazenda Pública da suspensão da execução, bem como do ato de arquivamento, o qual decorre do transcurso do prazo de um ano de suspensão e é automático, conforme dispõe a Súmula 314 do STJ”) 
Obs2: STJ: "Ainda que a execução fiscal tenha sido arquivada em razão do pequeno valor do débito executado, sem baixa na distribuição, nos termos do art. 20 da Lei 10.522/2002, deve ser reconhecida a prescrição intercorrente se o processo ficar paralisado por mais de cinco anos a contar da decisão que determina o arquivamento, pois essa norma não constitui causa de suspensão do prazo prescricional" (DJe de 8.6.2009).
Obs3: § 5º A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4º (decisão que decreta a prescrição de ofício) deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009)
•	Suspensão da prescrição: suspendem a prescrição as causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 
A Lei 6.830/80 (art. 2º, § 3º) também prevê a suspensão por 180 dias, quando da inscrição em Dívida Ativa da União, mas a jurisprudência em geral só tem aceitado

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