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TRABALHO SOC. JUR. JUD. PLURALISMO JURÍDICO

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1 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
 
 
 
 
 
HITALO FRANKLIN VIEIRA SILVA 
 
 
 
 
 
TRABALHO SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA 
FENÔMENO SOCIAL E EFEITOS JURÍDICOS 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPOS DOS GOYTACAZES 
2014 
2 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
 
 
 
HITALO FRANKLIN VIEIRA SILVA 
 
 
 
 
 
TRABALHO SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA 
FENÔMENO SOCIAL E EFEITOS JURÍDICOS 
 
 
 
 Trabalho apresentado a disciplina Sociologia Jurídica com o 
 objetivo de compreender o fenômeno do pluralismo analisar 
 seus aspectos sociais e jurídicos a Luz da Ética. 
 
 
 
 
CAMPOS DOS GOYTACAZES 
2014 
3 
 
SUMÁRIO 
1. RESUMO 4 
 
2. INTRODUÇÃO 4 
3. PLURALISMO JURÍDICO - UM NOVO PARADIGMA 5 
4. PLURALISMO JURÍDICO. DEFINIR OS CONCEITOS BÁSICOS E AS NOÇÕES 
GERAIS. 5 
5. PLURALISMO JURÍDICO E SEUS EFEITOS SOCIAIS NO DIREITO 
COMPARADO, SUA IMPORTÂNCIA E COMPARÁ-LO AO MONISMO 
JURÍDICO 6 
6. O PLURALISMO JURÍDICO E O PROFISSIONAL DO DIREITO 7 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 10 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. RESUMO 
 
O fenômeno jurídico apontado no presente estudo desponta como a mais eficaz corrente 
de pensamento do Direito atual, e têm como principal linha de trabalho a desvinculação do 
dogma que sustenta o Estado como principal fonte do Direito, servindo de base ideológica 
para essa nova realidade a ineficácia deste dogma na resolução dos conflitos jurídicos da 
atualidade. No presente trabalho procurou-se abordar sobre um novo paradigma do pluralismo 
jurídico, bem como definir os conceitos básicos e as noções gerais do pluralismo jurídico e 
seus efeitos sociais no direito comparado, sua importância e comparando ao monismo jurídico. 
 
 
2. INTRODUÇÃO 
 
O pluralismo jurídico como fenômeno decorre da complexidade humana, nasce, a partir 
da inadequação da concepção unitária e centralizadora do direito, e das exigências da nova 
realidade complexa dos conflitos humanos, baseia-se na existência de mais de uma realidade 
social, dando atenção às várias formas de ação prática e a complexidade de áreas sociais com 
características próprias que compõem o mundo jurídico ao qual estamos imersos. Dessa forma 
essa situação de complexidade nada mais é do que um repaginamento do pensamento jurídico 
com vistas em uma maior eficácia do poder judiciário dentro de sua atuação prática, levando 
em consideração principalmente uma visão antidogmática e interdisciplinar que busca a 
supremacia de considerações ético-sociológicas sobre a realidade puramente positivista do 
direito. 
Procura-se com isso diminuir a legislação estatal como única fonte do direito, priorizando-
se a produção multiforme do direito originada por movimentos organizados na sociedade. 
 
 
5 
 
3. PLURALISMO JURÍDICO - UM NOVO PARADIGMA 
 
O vídeo nos apresenta a dicotomia existente entre as classes sociais, nos mostra que o 
direito é de todos e que as normas ainda que estabeleçam preceitos para a sociedade não 
conseguem atingir igualitariamente, pois a realidade social acaba excluindo muitos de uma 
vida digna e por isso distanciando a possibilidade de se cumprir as normas. 
O que se vê no vídeo retrata muitas situações do cotidiano brasileiro, uma vez que nos 
deparamos com uns com muito, outros com muito pouco e a esta realidade se une a política 
desorganizada que é levada pela corrupção, sendo um dos fatores que provoca a injustiça 
social. 
A existência do Direito se traduz como o diálogo da história, já que não se pode pensar 
em história sem diálogo, argumento, fato e nem tampouco inobservância aos direitos 
fundamentais, sociais e de toda sociedade igualitária. 
 
 
4. PLURALISMO JURÍDICO. DEFINIR OS CONCEITOS BÁSICOS E AS 
NOÇÕES GERAIS. 
 
É uma forma de direito que aproxima os que são abandonados pelo estado quando 
precisam de uma resolução nos conflitos que surgem. É ainda, decorrente da existência de 
dois ou mais sistemas jurídicos, dotados de eficácia, concomitantemente em um mesmo 
ambiente espaciotemporal. 
A convivência de vários ordenamentos jurídicos passou a ganhar relevância histórica, pela 
análise a partir do desfazimento do Império Romano e do forçado intercâmbio cultural 
decorrente das invasões bárbaras. 
A colonização, também ocasionou uma situação em que diversas regras com diferentes 
origens evidenciavam-se a partir do choque cultural entre colonizados e colonizadores. Com 
a descolonização, sistemas legais unificados foram criados, com suas especificidades e 
diferenças próprias. A partir do final do século XX, passamos a ter uma “nova onda” de 
pluralismo jurídico, em especial devido à globalização. 
6 
 
O pluralismo jurídico é composto pela diversidade de normas que vigem em uma 
determinada sociedade de forma simultânea, sendo considerado como questão social. O 
pluralismo jurídico é composto de fatos que o identifica, seja do ponto de seu surgimento e 
manutenção, como também é composto de diversas teorias, levando-se em conta que o direito 
é fato ideológico. 
Ao se referir ao pluralismo jurídico leva-se em conta a sua análise do ponto de vista 
sociológico, onde se verifica que não é um fato recente e nem regional, estando espalhado em 
várias partes do mundo, inclusive sua atuação no Brasil. O Direito Alternativo é um dos 
exemplos mais claros do pluralismo jurídico, sendo visto no Brasil como uma forma de levar 
justiça social às pessoas, justiça essa que não se prende à norma jurídica positiva vigente. 
 
 
5. PLURALISMO JURÍDICO E SEUS EFEITOS SOCIAIS NO DIREITO 
COMPARADO, SUA IMPORTÂNCIA E COMPARÁ-LO AO MONISMO 
JURÍDICO 
 
Os efeitos sociais do Pluralismo jurídico têm atendido a grupos dos mais variados na 
sociedade, onde o direito estatal, monismo jurídico, não se faz presente. 
O "direito" que emerge das necessidades de um mesmo espaço territorial se baseia nas 
realidades distintas entre si, onde cada um cria suas próprias regras para suprir os anseios que 
a população dessa localidade possui. Essas regras muitas vezes não possuem concordância 
com as leis estatais mas, nem por isso, deixam de ter eficácia na solução dos conflitos. 
Em determinadas comunidades, como por exemplo, o Morro Santa Marta no Rio, o 
descaso governamental era visível, as máquinas modificadoras do meio sempre se faziam 
distantes, os homens e as máquinas do município se ocupavam apenas da zona sul; não havia 
escolas, hospitais, pavimentação, a coleta de lixo era inexistente e o mesmo terminava por 
acumular-se na favela. Por causa desse descaso as doenças se proliferavam, fazendo da higiene 
do Morro um verdadeiro foco de enfermidades para os moradores. A mortalidade infantil se 
fazia presente e eram absurdos os números que ultrapassavam a média nacional. O Morro 
Santa Marta, sob o comando de Marcinho VP (traficante), era bem organizado. A associação 
dos moradores apesar de presente e conhecedora das queixas dos moradores, tornou-se 
7 
 
ineficaz depois de certo tempo. Marcinho criou a casa da cidadania, trazendo consigo além de 
mais organização, muita dor de cabeça para os militares, pois além de publicamente falarem 
da culpabilidade dos PMs, enviavam as reclamações diretamente para os gabinetes políticos, 
de fato uma organização diferenciada. As relações que advinham do morro são envolvidas por 
um ambiente de guerra, onde líderes as fazem em busca de maior domínio. Quem é líder de 
uma maior área, possui mais poderjunto ao tráfico, e isso faz dessa área um lugar de extrema 
violência, rixas e vinganças, armações e traições que definem quem comanda. 
Atualmente, com as UPPs, projeto de pacificação dos morros e a entrada do poder estatal, 
prendendo os traficantes de as facções criminosas que dominavam aquela comunidade, trouxe 
novamente a paz e a esperança para os moradores. 
Quanto ao monismo jurídico é o direito estatal que detém normas e leis positivistas. O 
pluralismo é o fenômeno que possibilita o surgimento de direitos extra estatais, a possibilidade 
do Estado não ser o único a emanar/deter normas, trazendo um poder paralelo, que não é legal. 
 
 
6. O PLURALISMO JURÍDICO E O PROFISSIONAL DO DIREITO 
 
Buscamos salientar o caráter social do direito para fazê-lo emergir como instrumento 
de garantia da igualdade e justiça, que não pode ser ignorado na formação do profissional do 
direito. Para este profissional, torna-se fundamental considerar o direito como processo, 
entendendo-o como realidade móvel, flexível, dialógica e não estritamente “lógico”, no 
sentido de não estar aprisionado ao formalismo das leis e à coerência dos fatos. O direito nasce 
da luta de classes, dos conflitos sociais, do permanente desejo de libertação e superação das 
desigualdades. É processo em devir, produto e produtor das transformações históricas. 
 
Nessa perspectiva, entendemos que o direito, na sociedade capitalista, não é a pura e 
simples expressão da vontade da classe dominante. Nem é o simples reflexo das 
determinações econômicas, que uma concepção simplista da relação entre infraestrutura e 
superestrutura poderia nos fazer crer. Podemos dizer que o direito moderno, pela sua função 
ideológica, institui-se como mediador entre as classes, uma vez que, para que o direito apareça 
como justo é necessário que possa manter uma lógica coerente com os critérios de igualdade, 
que possa ser utilizado como um obstáculo à exploração desenfreada da classe dominada pela 
8 
 
classe que está no poder. Trata-se aqui, de ocuparem-se as “brechas”, as lacunas que o próprio 
direito deixa, para o exercício da justiça. 
Assim, fundamental distinguir entre direito e lei, uma vez que o direito deve ser 
entendido como um sistema de relações e interesses classistas, codificados através da lei, 
porém, não se reduzindo a ela. De certa maneira, podemos falar em aplicação do direito através 
da lei – podendo ser entendida esta lei como instrumento muitas vezes injusto para a classe 
oprimida, se representar os interesses arbitrados pela classe dominante e garantidos pelo 
Estado. Contudo, também podemos interpretar o Direito como libertador, se considerarmos 
que sua fonte de emanação não se restringe ao Estado, podendo nascer dos embates e lutas 
sociais que marcam a vida cotidiana. Nesta perspectiva, o Direito ganha poder de ação 
dialética, revelando sua essência contraditória e, consequentemente, transformadora. Para que 
isso se concretize, contudo, torna-se fundamental construir um “direito comprometido”, um 
direito que seja fruto do “conflito entre o direito posto, vigente e eficaz, contra um direito 
potencial que emerge das lutas dos dominados, dos destinatários esmagados na ordem jurídica 
posta.” (Aguiar, 1980, p.183) 
 
Depreendemos assim, que o direito, dialeticamente compreendido, emerge como um 
mediador entre as classes, um mediador entre as contradições do real. Lembrando Roberto de 
Aguiar, sempre que existe direito é porque existe um problema que o gerou. O direito não 
nasce da concordância e do consenso, pelo contrário, ele nasce do conflito das contradições 
(Aguiar, 1980). 
 
Numa sociedade de classes, a diversidade de interesses favorece uma diversidade de 
consciências jurídicas e, consequentemente, a emergência de diferentes fontes de Direito. 
Nessa perspectiva, nem todo o direito pode ser visto como direito estatal, bem como, não 
podemos reduzir o direito à política e à ideologia da classe dominante. O direito estatal é parte 
de uma totalidade, que por sua vez pode ser percebida como um momento no processo de 
totalização. Tal percepção nos faz compreender o caráter processual e transitório do direito – 
histórico, portanto! Em outros termos, o Direito é constituído pela, e constituinte da realidade 
social. 
Uma vez que consideremos o direito como um fato social de profundo significado, 
possuidor de um caráter voltado para a normatividade e o controle social, falar em mudança 
social é, necessariamente, falar em mudança do direito. De acordo com Roberto Lyra Filho, 
9 
 
as normas devem ser expressão do direito móvel, aquele que está em constante progresso. Mas 
quando o direito é confundido com o legalismo, com normas envelhecidas, tornando-se 
“direito em si”, torna-se reificado, perdendo seu caráter de processo, de instrumento de 
mudança social. O direito não nasce metafisicamente, ele é fruto de um processo de lutas, 
fruto de oposições e conflitos, avanços e recuos. Direito é processo, dentro do processo 
histórico: não é uma coisa feita, perfeita e acabada; é aquele vir a ser que se enriquece nos 
movimentos de libertação das classes e grupos ascendentes e que definha nas explorações e 
opressões que o contradizem, mas de cujas próprias contradições fazem brotar as novas 
conquistas (Lyra Filho, 1982). 
Segunda tal perspectiva, a proposta de mudança implica num complexo processo 
social, marcado por transformações da sociedade civil. Em tal empreitada, emerge como 
fundamental o papel do profissional do direito e sua inserção nas lutas democráticas. Caberá 
a este profissional desempenhar a função de um intelectual orgânico, capaz de construir a 
contra hegemonia, no sentido que dá Gramsci, a esses conceitos (Arruda Jr., 1997). Daí a 
necessidade de formação de um profissional com perspectiva sociológica, capaz de dialogar 
com a realidade concreta, que dá vida e eficácia às normas legais. 
Sob tal ótica, percebemos a sociedade civil como sede principal das lutas 
transformadoras, uma vez que é a sede do pluralismo que serve de base para os 
movimentos sociais comunitários. A medida que os profissionais do direito questionam os 
“descaminhamos do sistema normativo”, marcado pelo excesso de formalismo, pelo reforço 
das situações de injustiça e pelos critérios arbitrários de decisão, inicia-se a construção, o 
fortalecimento e a emergência de juridicidades latentes. Nesta percepção, o conceito de 
anomia ganha um papel central, agora reinterpretado, porque fica “vinculado à crise estrutural 
e ao desgaste de valores”, mostrando a presença de uma imposição ideológica que não 
corresponde efetivamente aos valores existentes, nem tampouco à realidade concreta. 
Torna-se essencial adotar-se uma perspectiva crítico-dialética, na tentativa de 
relacionar anomia e mudança, voltando-se para a possibilidade de ruptura da ordem vigente. 
Fundamental perceber o conflito latente entre legalidade e legitimidade, uma vez que a 
legalidade expressa o interesse e forças predominantes na sociedade de classes (considerada 
ideologicamente como sociedade global), enquanto a legitimidade está voltada para as 
subculturas e grupos econômica e politicamente minoritários, que também possuem suas 
normas e códigos. 
10 
 
Essa percepção passa necessariamente pelo resgate do pluralismo jurídico, que 
compreende o direito como essencialmente múltiplo e heterogêneo, significando que num 
mesmo espaço social podem coexistir diversos sistemas jurídicos, já que existe uma 
pluralidade de fontes. Por meio da correlação entre anomia-legitimidade, estabelece-se a 
importância e a possibilidade da criação de espaços sociais alternativos para o exercício do 
direito, na construção de algo que podemos denominar de “legalidadealternativa”. 
Como forma de ilustrar essa ideia, tomemos como exemplo os bairros de periferia: 
espaços sociais de luta que possibilitam a transformação da realidade social por meio da ação 
cotidiana. Observemos os grupos de moradores de bairros que, unidos por laços de vizinhança, 
amizade ou parentesco, voltam-se para a discussão de problemas concretos, experimentados 
na realidade dos bairros em que vivem, tornando-se com isto embriões de organização 
popular, defendendo seus interesses, identificando necessidades e fortalecendo-se nas formas 
de resistência que favorecem as reivindicações sociais e o alargamento de direitos (Novaes, 
1999). A esta realidade deve estar atenta os profissionais do direito em formação, capazes de 
articular o universo jurídico às lutas sociais e políticas, voltando-se para as representações 
sociais que animam o direito vivo. 
 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Evidenciamos a ação dos chamados movimentos populares que caracterizam uma 
anomia emergente, por meio do fortalecimento da capacidade de mobilização e organização 
das lutas populares, ao ponto de oferecerem propostas concretas de democracia da sociedade 
e alternativas para o estabelecimento de um poder popular. Entendemos que aqui se encontra 
uma importante fonte de ação política e de exercício do direito, constituído sobre o pluralismo 
jurídico, que necessariamente passa por uma compreensão sociológica da realidade jurídica e 
social por parte do profissional do direito. 
Por isso, amarrando as considerações e reflexões tecidas até o momento, apontamos 
para a necessidade da eclosão de um novo paradigma jurídico, que esteja presente na formação 
do profissional do direito adequado às necessidades do real. Um paradigma calcado na 
construção e reconhecimento de um pluralismo participativo e democrático, capaz de perceber 
a emergência de novos direitos nascidos dos movimentos sociais populares. Tais profissionais, 
11 
 
verdadeiramente comprometidos com a eficácia real das leis por meio de sua legitimidade, 
contribuirão para a legitimação de novos sujeitos de direito, democratizando os diferentes 
espaços sociais e favorecendo a busca por formas alternativas de resoluções de conflitos que 
fortaleçam a sociedade civil e a construção da verdadeira cidadania. Como explicita Antonio 
Carlos Wolkmer, 
Este pluralismo ampliado e de novo tipo, além de possuir certos pressupostos 
fundantes de existência material e formal, encontra a força de sua legitimidade nas práticas 
sociais de cidadanias insurgentes e participativas. Tais cidadanias são, por sua vez, fontes 
autênticas de nova forma de produção dos direitos, direitos relacionados à justa satisfação das 
necessidades desejadas. (Wolkmer, 2001, p. 347) 
O profissional do direito que não estiver afeito a estas percepções e perspectivas, estará 
concorrendo para reproduzir os anacronismos do bacharelismo e as arbitrariedades do 
tecnicismo, em prejuízo da realização de um ideal de justiça que favoreça uma sociedade 
igualitária, que sirva a um direito sustentado nas bases sólidas da eficácia social, e não 
engessado no limitado formalismo das leis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
WOLKMER, Antônio Carlos. Pluralismo Jurídico: fundamentos de uma nova cultura no 
direito. São Paulo: Alfa-Ômega, 2001. 
AGUIAR, Roberto A. R. de. Direito, poder e opressão. 3ª ed., São Paulo: Alfa-
Ômega, 1990. 
FARIA, J.E. e CAMPILONGO, C.F. A sociologia jurídica no Brasil. Porto Alegre: Fabris 
Editor, 1991. 
GURVITCH, G. “Sociologia do direito: resumo histórico-crítico” In: SOUTO, C. e FALCÃO, 
J. Sociologia e direito. São Paulo: Pioneira, 1999.

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