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Governo do Estado do Rio Grande do Norte UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Pro - Reitoria de Ensino de Graduação - PROEG Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró – FACEM Departamento de Ciências Contábeis - DCC CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA Prof. Msc Jorge Eduardo de Medeiros Lopes Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 2 Mensagem Inicial O contexto econômico atual caracteriza-se por uma transformação contínua no meio empresarial. As organizações tomaram proporções globais, a utilização dos sistemas de informação transformou-se no principal instrumento de gestão das empresas; haja vista que a descentralização das operações empresariais foi ganhando, gradativamente, destaque no ambiente corporativo; o empresário passou da condição de administrador-centralizador para parte integrante de uma equipe multidisciplinar que é responsável pelo desenvolvimento das organizações; na sociedade brasileira, a utilização do mercado de capitais como financiador de recursos passou a ter um papel preponderante junto às companhias como alternativas de crescimento e geração de riqueza. E qual o papel da contabilidade no contexto supracitado? Qual a importância que o profissional de contabilidade tem na geração de riqueza de uma empresa, uma região e até de um país? Esses questionamentos podem ser facilmente respondidos quando aprendemos que o contador é o profissional responsável por coletar dados e transforma-los em informações úteis e relevantes para os gestores tomarem as decisões corretas e pertinentes aos objetivos de cada organização. É importante ressaltar que o contador também não se limita apenas a emitir relatórios técnicos, conhecidos como demonstrações contábeis, para atender às determinações do governo ou fornecê-los aos administradores sem ter qualquer influência no processo de decisão das empresas. O papel do contador é de extrema relevância no crescimento das organizações e por conseqüência, no crescimento de um país ou região; pois, aliado a outras variáveis, são com as informações geradas e as recomendações do profissional de contabilidade que os usuários das informações contábeis norteiam-se no caminho correto para conseguirem seus mais diversos objetivos, dentre eles destaca-se a geração de riqueza. Também é salutar destacar que o profissional de contabilidade aqui enaltecido é aquele pró- ativo, aquele capaz de entender a multidisciplinaridade que é o ambiente corporativo, é o profissional com conhecimentos abrangentes às outras áreas, tais como: Economia, Direito e Administração. Nesse contexto, este trabalho tem o objetivo de explicar, de forma sucinta e prática, as principais operações comerciais nos seus aspectos teóricos e contábeis, desde a constituição até a elaboração das demonstrações contábeis obrigatórias pela legislação vigente. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 3 SUMÁRIO I UNIDADE – AS SOCIEDADES BRASILEIRAS ........................................................................................... 04 1.1 As sociedades e suas formas jurídicas ........................................................................................................... 05 1.2 Constituição das empresas comerciais: Aspectos contábeis e jurídicos ..................................................... 1.3 Patrimônio das empresas: investimentos e fontes de financiamento .............................................................. 1.4 Aspectos Financeiros e Aspectos Econômicos: Composição do Patrimônio Líquido .............................. 1.5 Plano de Contas ............................................................................................................................................ II UNIDADE – OPERAÇÕES COMERCIAIS .............................................................................................. 2.1 – Operações com Mercadorias .................................................................................................... III UNIDADE – FOLHA DE PAGAMENTO ................................................................................. 3.1 – Aspectos Trabalhistas e Previdenciários........................................................................................................... 3.2 – Contabilização de Folha de Pagamento ..................................................................................................... IV UNIDADE – OPERAÇÕES FINANCEIRAS ............................................................................ 4.1 – Fluxo de Caixa ............................................................................................................................................ 4.2 - Aplicações Financeiras .................................................................................................................................. 4.3 - Financiamentos .................................................................................................................................. V UNIDADE - ATIVO PERMANENTE ........................................................................................................... 5.1 – Investimentos ............................................................................................................................................ 5.2 – Imobilizado ............................................................................................................................................. 5.4 – Intangíveis ............................................................................................................................................ VI UNIDADE – PROVISÕES DO ATIVO E PASSIVO ................................................................. 6.1 – Provisões do Ativo ...................................................................................................................................... 6.2 - Provisões do Passivo ...................................................................................................................................... VII UNIDADE – RESULTADO DO EXERCÍCIO ....................................................................... 7.1 – Receitas e Despesas ............................................................................................................... 7.2 – Encerramento do Exercício: apuração do Resultado .............................................................. VIII UNIDADE – ASPECTOS FISCAIS ....................................................................................... 8.1 – Imposto de Renda Pessoa Jurídica ....................................................................................... 8.2 – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ............................................................................ REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 4 I UNIDADE AS SOCIEDADES BRASILEIRAS � As sociedades e suas formas jurídicas; � Constituição das empresas comerciais: Aspectos contábeis e jurídicos � Patrimônio das empresas: investimentos e as fontes de financiamentos � Aspectos Financeiros e AspectosEconômicos: Composição do Patrimônio Líquido � Plano de Contas Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 5 1.1 – AS SOCIEDADES COMERCIAIS E SUAS FORMAS JURÍDICAS As pessoas jurídicas de direito privado, constituídas exclusivamente com recursos de particulares podem assumir três formas diferentes: · Fundação – objeto fim não econômico (filantropia, cultural, proteção ao meio ambiente...); · Associação – não visa ao lucro (de bairros, de moradores...); · Sociedade – cultiva fins lucrativos (civil e empresárias). Sociedade: “É o acordo consensual em que duas ou mais pessoas se obrigam a conjugarem esforços para consecução de um fim comum” (IUDÍCIBUS. 2004, p. 30). Elementos Essenciais da Sociedade – (art. 981 NCC): 1) A reunião de recursos, sob a forma de capital ou de trabalho, com cada sócio colaborando na sua formação; 2) Exercício em comum de atividade produtiva; 3) A partilha ou divisão dos resultados econômicos da exploração da empresa; Classificação das sociedades: Antes do Novo Código Civil (31/12/2002) Atividades Sociedades Civis Prestadores de serviços Sociedades Comerciais Atos de comércio e as sociedades anônimas Após o Novo Código Civil (01/01/2003) Atividades Sociedades Empresárias Própria de empresário Sociedades Simples Intelectuais, científica, literária, artística e cooperativas Conceitos importantes: � Empresário: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou de serviços” (Art. 966, Lei 10.406/02) “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artista, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa” (Lei 10.406/02; Art.966, § único) Para fins de reconhecimento, é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis (Juntas Comerciais) antes do início das atividades. � Sociedade Empresária: “Considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro” (Art.982) Obs: As Sociedades Anônimas serão sempre consideradas sociedades empresárias. � Sociedades Simples: sociedades que desenvolvem atividades intelectuais, e natureza científica, literária ou artística, cooperativas. Em tais sociedades, mesmo que utilizem o auxílio de empregados, sempre terão o caráter pessoal dos seus sócios fundadores, os quais utilizarão de suas formações para desenvolverem as atividades da sociedade. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 6 Dentro do contexto dos dispositivos do Novo Código Civil (Lei 10.406/02), o registro das sociedades empresárias dar-se-á nas Juntas Comerciais dos entes federativos, enquanto o registro das sociedades simples dar-se-á no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Pode-se perceber as diferenças entre as sociedades simples e empresárias na tabela a seguir: Principais diferenças entre as sociedades simples e empresárias Elemento Sociedades Empresárias Sociedades Simples Registro da sociedade Junta Comercial Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas Estrutura e funcionalidade Coordenação de Fatores de Produção: Capital e Trabalho. Os próprios sócios executam a atividade-fim da empresa Tipos de Atividade Não intelectual Intelectual; técnico; cultural ou artístico e cooperativa 1.1.1 – Formas Jurídicas das Sociedades Brasileiras a) Sociedade Irregular ou de Fato: São constituídas verbalmente ou por contrato não- registrado na Junta Comercial ou no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas; b) Sociedade em Conta de Participação: Neste tipo de sociedade, a atividade constitutiva do objeto social é exercida apenas por sócio (sócio ostensivo), em seu nome individual e sob responsabilidade ilimitada. O Sócio participante ter direito e obrigações apenas entre os sócios. Este tipo de sociedade não se reveste de personalidade jurídica; c) Sociedade em Nome Coletivo: Esta sociedade tem como característica a responsabilidade solidária e ilimitada de cada sócio. Sua designação evidenciada por firma ou denominação social. Como características de designação, têm-se o nome de todos os sócios ou o nome de um dos sócios e a sigla “& Cia”. Geralmente tem sua origem na relação familiar. d) Sociedade em Comandita Simples: Aqui, destacam-se dois tipos de sócios: os comanditados (que ocupam cargos de gerência) e os comanditários (que apenas aplicam o capital, não ocupando os cargos de gerência). Quanto à responsabilidade dos sócios, fica assim distribuída: os comanditados são responsáveis solidária e ilimitadamente, enquanto os comanditados dão responsáveis limitadamente às suas partes no capital social. Quanto à sua designação, esta é feita por razão social, utilizando-se da forma citada no item anterior quanto às características da designação. e) Sociedade em Comandita por Ações: Tem as mesmas características da sociedade em comandita simples, entretanto tem seu capital dividido em ações. f) Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada - Ltda: As sociedades brasileiras são, em sua grande maioria, constituídas sob a forma de “Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada”. Tal fato se deve pelas peculiaridades que caracterizam este tipo de sociedade. A Sociedades Ltda’s possuem uma categoria de sócio chamada de sócio-quotista, e sua responsabilidade é limitada à sua participação no capital social da empresa. *Obs* Em caso de falência os sócios respondem solidariamente pela parte não integralizada. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 7 O capital social é dividido em partes iguais; os sócios que exercem funções executivas são chamados de sócios-gerentes e tal competência deve ser discriminada no contrato social. A designação é feita por razão social ou denominação social, com o nome de todos os sócios e a expressão “Ltda” ou de apenas alguns sócios e a expressão “& Cia Ltda”. g) Sociedades Anônimas ou Sociedades por Ações. Caracterizadas por serem, geralmente, sociedades de capital, as “S.A.” tem como características serem sempre sociedades empresárias; serem designadas por denominação social, sendo acompanhada pela expressão Companhia (no início) ou S.A ( no início ou no fim da denominação). Diferentemente das demais sociedades, que possuem seus atos constitutivos evidenciados num contrato social, o documento que rege os direitos e obrigações das sociedades anônimas é chamado de estatuto social; apesar de possuir diferenças de denominação, os respectivos documentos possuem a mesma função, ou seja, descrevem os direitos e obrigações da sociedade, bem como são registrados na junta comercial ( no caso de sociedades simples, o contrato social é registrado no cartório de registros civis.) Existem algumas regras para que uma sociedade anônima tenha seu ato constitutivo registrado no órgão competente ( Junta Comercial): I - Subscrição, de pelo menos duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II – Realização em dinheiro de, pelo menos 10% do capital social em dinheiro; III- Depósito da parte realizada em dinheiro em uma instituição financeira credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. As sociedades anônimas possuem duas formas de subscrição: pública, quando o sócio fundador colocar parte do capital em negociação no mercado de ações. Neste caso, a proposta de emissão de ações no mercado de valores mobiliários será apreciada pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM; particular, quando suas ações não são negociadas no mercado deações. 1.1.1 CONCEITOS IMPORTANTES: Firma: É uma espécie de designação da sociedade empresarial, ou seja, é o “nome completo” da sociedade para o público em geral. A firma também é chamada de razão social e caracteriza-se pela assinatura com o aproveitamento do nome de um ou mais sócios na denominação da empresa. Ex: José da Silva e Cia Ltda Denominação Social: Consiste no emprego de uma ou mais palavras indicadoras da espécie de negócio ou atividade que caracteriza a sociedade. Ex: Açougue Paulista Ltda, Petróleo Brasileiro S.A Nome Fantasia: Nome pelo qual a sociedade é conhecida no mercado. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 8 Sociedade de Pessoas: Sociedade na qual existe um estreito relacionamento pessoal, isto é, há uma grande relação da figura da pessoa do sócio nas atividades da pessoa jurídica. Sociedade de Capital: Sociedade na qual não existe uma relação subjetiva da imagem da pessoa do sócio, não é necessário nenhum relacionamento pessoal entre os sócios ou acionistas e a imagem da empresa junto ao público em geral. 1.2 CONSTITUIÇÃO DAS EMPRESAS COMERCIAIS: ASPECTOS CONTÁBEIS E JURÍDICOS O registro dos atos constitutivos de uma sociedade no órgão competente é o primeiro passo para que ela tenha uma personalidade jurídica reconhecida publicamente. O contrato social (ou estatuto social para as sociedades anônimas) é o primeiro documento que deve ser elaborado pelo profissional de contabilidade, juntamente com os sócios-fundadores de uma sociedade. No respectivo documento, são detalhados os direitos e obrigações da sociedade para com os sócios e dos sócios para com a sociedade (Ver anexo I) Depois de registrado o contrato social na junta comercial ou no cartório de registros civis, o contador deve obter o registro nos órgãos governamentais (Receita Federal, Secretaria da Fazenda Estadual e Municipal). Etapas de Constituição Órgão Documento 1a Etapa Junta Comercial (Cartório) Contrato (Estatuto) Social 2a Etapa Receita Federal CNPJ 3a Etapa Secretaria de Finanças Municipal Alvará e inscrição municipal 4a Etapa Secretaria de Tributação Estadual Inscrição Estadual 5 a Etapa Instituto de Seguridade Social Matrícula no INSS 1.2.1 – CONTABILIZAÇÃO DOS FATOS RELACIONADOS À CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES A contabilização dos fatos administrativos relacionados à constituição da empresa é feita da seguinte forma: a) Subscrição de Capital: quando os sócios assumem o compromisso de entregarem bens de valor monetário à sociedade. Para registrar essa operação, é realizado o seguinte lançamento contábil: D Capital a Integralizar C Capital Subscrito b) Integralização de Capital: Operação pela qual os sócio realizam o capital subscrito, ou seja, os sócios cumprem a promessa ( entrega dos bens subscritos) feita no momento da subscrição do capital social. D Caixa C Capital a Integralizar Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 9 *Obs* Neste exemplo foi utilizado a conta “caixa” para demonstrar uma integralização de capital em dinheiro; entretanto, a integralização de capital pode ser feita em bens móveis e imóveis. Neste caso, a conta “debitada” será a representativa do bem integralizado. 1.2.1.1 – GASTOS PRÉ- OPERACIONAIS É importante destacar que quando uma empresa inicia suas atividades, ela passa a ter alguns gastos que são necessários ao efetivo funcionamento da empresa, tais como: gastos com o contador para elaboração do contrato social e registros nos órgãos competentes, telefone, viagens, propaganda, material de consumo, etc. Nesse contexto, em obediência ao princípio da competência, tais gastos devem ser registrados no ativo diferido, mais precisamente na conta “gastos pré-organizacionais” e amortizados gradativamente ao longo de, no mínimo 5 anos, e, no máximo, 10 anos, conforme a realização das receitas. A contabilização dos gastos pré-operacionais e da respectiva amortização é feita da seguinte forma: D Gastos Pré-Organizacionais C Caixa / Duplicatas a pagar 1.3 -PATRIMÔNIO DAS EMPRESAS: INVESTIMENTOS E AS FONTES DE FINANCIAMENTOS O patrimônio das entidades - conforme estabelece a Resolução 774, de 16/12/1994 - é formado por bens, direitos e obrigações para com terceiros - e consiste no objeto de estudo da contabilidade. O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência; assim, a contabilidade, tendo como objeto o patrimônio das entidades, independente delas terem ou não fins lucrativos, estuda-o sob o ângulo qualitativo e quantitativo. A Contabilidade busca, primordialmente, entender as mutações sofridas pelo patrimônio, tendo como objetivo mensurar o patrimônio de forma correta e tempestiva, fornecendo informações úteis e relevantes no processo de tomadas de decisões nas organizações. Nesse contexto, as variações patrimoniais das empresas podem ser observadas sob dois ângulos: D Despesa c/ Amortização C Amortização Acumulada PATRIMÔNIO ORIGENS DE RECURSOS APLICAÇÕES DE RECURSOS Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 10 a) ORIGENS DE RECURSOS (PASSIVO): As origens de recursos representam as fontes de financiamento (recursos) das organizações, estão divididas e capital próprio (patrimônio líquido) e de terceiros (passivo exigível); b) APLICAÇÕES DE RECURSOS (ATIVO): As aplicações de recursos representam as destinações dos recursos dentro das entidades. São representados pelos bens e direitos da organização. Aqueles, por sua vez, subdividem-se em: bens numerários (caixa, banco conta movimento, aplicações de liquidez imediata, numerários em trânsito), bens de venda (mercadorias, matérias-primas, produtos em fabricação, produtos prontos), bens de uso (imóveis, terrenos, moveis e utensílios, veículos, marcas e patentes, etc.) e bens de renda (imóveis para aluguel, terrenos arrendados, obras de arte, etc.). Os direitos, utilizando o sentido estrito da palavra, pode-se, facilmente, entendê-los com sendo os haveres (créditos) de uma empresa contra terceiros (duplicatas a receber, adiantamentos a fornecedores, dividendos a receber, impostos a recuperar, empréstimos concedidos, etc) 1.4 ASPECTOS FINANCEIROS E ASPECTOS ECONÔMICOS: COMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO O patrimônio líquido de uma entidade é definido como sendo a diferença entre seus bens/direitos (ativo) e suas obrigações exigíveis (passivo exigível). Este simples equação reflete o resultado da riqueza própria da organização, ou seja, a riqueza gerada pelos sócios e/ou acionistas e a riqueza gerada pelos próprios resultados da empresa (lucros e/ou prejuízos) Algumas outras denominações são utilizadas como sinônimas de patrimônio líquido: “situação líquida”, “capital próprio”, “recursos próprios” e “passivo não exigível”. 1.4.1 A Composição do Patrimônio Líquido Segundo a Lei 6.404/76, em seu artigo 182, o patrimônio líquido é composto pelo capital social subscrito e a parcela ainda não realizada (capital a integralizar); pelas reservas de capital (ágio na emissão de ações, o produto da alienação das partes beneficiárias e bônus de subscrição, prêmio recebido na emissão de debêntures, além da correção monetária do capital, prêmios recebidos na emissão de debêntures e reserva de doações e subvenções para investimentos); a reserva de reavaliação; as reservas de lucros (reserva legal, estatutária, contingências, orçamentária, lucros a realizar e reserva especial); ações em tesouraria e Lucros e/ou Prejuízos Acumulados. A Lei 6.404/76 foi considerada um marco na história contábil brasileira, pois foi uma Lei que trouxe várias inovações quando de sua publicação. Ao longo de 32 (trinta e dois) anos, a respectiva lei foi alterada 6 (seis) vezes: Lei 7.730/89; Lei 8.021/1990; Lei 9.249/1995;Lei 9.457/1997; Lei 10.303/2001 e Lei 11.638/2007. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 11 É importante destacar que todas as leis trouxeram inovações para suas épocas, mais, sem dúvidas, as duas últimas modificaram sobremaneira a legislação contábil brasileira. Como destaque da Lei 10.303/2001, está as disposições pertinentes à constituição de reservas de lucros, à obrigatoriedade de distribuição de dividendos, à a conta Lucros e/ou Prejuízos Acumulados. Por sua vez, a Lei 11. 638/2007 – reconhecendo a importância do mercado de renda variável e percebendo a necessidade de regulamentar procedimentos que atendam o processo de harmonização das práticas contábeis brasileiras às internacionais - trouxe uma série de modificações no que se refere aos critérios de mensuração e a apresentação das demonstrações contábeis. No contexto do patrimônio líquido, a referida Lei trouxe as seguintes mudanças: a) Divide o patrimônio líquido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados (Art. 1°, que alterou o Art. 178 da Lei 6.404/76); b) Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo (§ 5o do art. 177, inciso I do caput do art. 183 e § 3o do art. 226 desta Lei) e do passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado ( Art. 1°, que alterou o § 3° do Art 182 da Lei das S.A) c) Retirou o “Prêmio recebido na emissão de debêntures” e as “Doações e Subvenções para Investimentos” das Reservas de Capital; d) Substituiu as “Reservas de Reavaliação” pela conta “Ajustes de Avaliação Patrimonial”; e) Criou a Reserva de Incentivos Fiscais para absolver as doações e subvenções para investimentos. 1.5 PLANO DE CONTAS Segundo Iudícibus (2000, p67), o plano de contas corresponde ao “conjunto de contas, previamente estabelecido para orientar a execução da contabilidade de uma empresa” O plano de contas deve ser estruturado observando-se as peculiaridades das organizações, ou seja, o plano de contas deve ser criado, obedecendo as diretrizes contábeis, aliado às necessidades das empresas. Isto quer dizer que um plano de uma empresa comercial poder ser diferente de um plano de uma empresa de serviços ou de uma indústria, entretanto, na sua essência, estes terão suas contas classificadas em ativo circulante, passivo circulante, etc. A seguir, tem-se um modelo básico de um plano de contas de uma empresa tipicamente comercial: PLANO DE CONTAS PARA EMPRESAS COMERCIAIS BALANÇO PATRIMONIAL Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 12 10000 - ATIVO 11000 - ATIVO CIRCULANTE 11100 - Disponível 11101 - Caixa 11102 - Bancos 11200/400 - Realizável a Curto Prazo 11200- Créditos 11201- Clientes 11202- Duplicatas Descontadas (-) 11203-Provisão para créditos duvidosos (-) 11204- Adiantamentos a Fornecedores 11205- Impostos Recuperáveis 11207- Dividendos a receber 11300 - Estoques 11301- Mercadorias 11361- Materiais de Expediente 11371- Estoque em poder de terceiros 11399- Provisão para ajustes ao preço de mercado (-) 11600- Despesas Diferidas para o Exercício Seguinte 11601- Rendimentos antecipados ao pessoal 11602- Serviços de manutenção a apropriar 11603- Seguros a apropriar 11604- Tributos a apropriar 11605- Despesas diversas a apropriar 11606- Perdas diversas a apropriar 11607- Juros pagos a apropriar 12000 - ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 12001- Clientes 12002- Empréstimos a coligadas e controladas 12003- Empréstimos a empregados 12004- Empréstimos a sócios 12008- Outros créditos, valores e bens 12009- Provisão para créditos duvidosos ( - ) 13000/15000 - ATIVO NÃO CIRCULANTE 13100- INVESTIMENTOS 13102- Participações em controladas 13103- Participações em coligadas 13111- Participações em outras empresas 13141- Aplicações em outros títulos mobiliários 13199- Provisão para perdas prováveis ( - ) 13200 - IMOBILIZADO 13210- Bens e Direitos em Formação 13211- Construções em andamento 13212- Instalações em construção 13213- Direitos em formação 13230- Bens Sujeitos a Depreciação 13231- Prédios – Administração Geral 13232- Prédios – Setor de Produção 13235- Veículos 14307- Instalações diversas 14399- Depreciação Acumulada ( - ) 13240 - Bens e Direitos Sujeitos a Amortização Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 13 13241- Benfeitorias em Imóveis de Terceiros 13242 – Amortização Acumulada ( - ) 13400 – INTANGÍVEL 13401- Patentes 13403 - Marcas 13404- Licenças 13405- Outros direitos 13406- Amortização Acumulada ( - ) 20000 - PASSIVO 21000- PASSIVO CIRCULANTE 21001- Fornecedores 21002- Obrigações previdenciárias 21003- Obrigações tributárias 21004- Obrigações com pessoal 21005- Adiantamentos de Clientes 21012- Empréstimos a pagar 21014- Títulos a pagar 21031- Dividendos a pagar 21033- Participações de empregados 21034- Participação de administradores 21051- Provisão para Imposto de renda 21053- Provisão para férias 21054- Provisão para 13o. salário 21099- Outras obrigações a pagar 22000 - PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 22012- Bancos com financiamentos 22013- Credores em moedas estrangeiras 22014- Títulos a pagar 24000 - PATRIMÔNIO LÍQUIDO 24100- Capital Social 24101- Capital social 24102- Capital a realizar ( - ) . 24200- Reservas de Capital 24206- Ágio na Emissão de Ações 24300 – Ajustes de Valores Patrimoniais 24301- Ajustes a Valor de Mercado Ativo 24302- Ajustes a Valor de Mercado Passivo (-) 24400 - Reservas de Lucros 24402- Reserva Legal 24403- Reserva para Contingências 24404- Reserva Orçamentária 24405- Reserva de lucros a realizar 24500 - Ações em Tesouraria 24600 – Prejuízos Acumulados 24601- Prejuízos Acumulados CONTAS DE RESULTADOS 30000 – RECEITAS 31000 - RECEITA BRUTA Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 14 31100 – Receita de Venda de Mercadorias 31102 - Receita de Vendas dentro de Estado 31103 – Receita de Vendas Fora do Estado 31110 – Deduções da Receita Bruta (-) 31111 - ICMS sobre Vendas 31112 – COFINS sobre Vendas 31113 – PIS sobre Vendas 31114 – Descontos Incondicionais e Abatimentos 32000 – OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS E NÃO OPERACIONAIS 32100 – Receitas Operacionais 32101 – Aluguéis Ativos 32102 - Receita de Dividendos 32103 – Receita de Equivalência Patrimonial 32200 – Receitas Não Operacionais 32201 – Receitas de Alienação de Bens do Ativo Permanente 32202 – Reversão de Provisões 40000 – CUSTOS E DESPESAS 41000 - CUSTOS 41100 - Custo das Mercadorias Vendidas (- 41101 – Custo das Mercadorias Vendidas dentro do Estado 41102 – Custo das Mercadorias Vendidas Fora do Estado OBSERVAÇÃO: PARA EMPRESAS QUE UTILIZAM INVENTÁRIO PERMANENTE 41100 - Custo das Mercadorias Vendidas (-) 41101 – Estoque Inicial 41102 – Compras 41103 – Estoque Final ( - ) OBSERVAÇÃO: PARA EMPRESAS QUE UTILIZAM INVENTÁRIO PERIÓDICO 42000 - DESPESAS 42100 - Despesas Operacionais 42101- Despesas de Vendas 31202- Despesas de Administrativas 31203- Despesas de Financeiras 31205- Receitas Financeiras ( - ) 43000– OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS E NÃO OPERACIONAIS 43100 - Outras Despesas Operacionais 43111- Despesas de Equivalência Patrimonial 43200 – Despesas Não Operacionais 43211- Despesas de Alienação de Bens do Ativo Permanente 43212 – Provisão para Perdas Prováveis na Realização de Investimentos Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 15 Ajustes nas contas de ativos e passivos decorrentes a ajustes ao valor de mercado Prejuízos Acumulados e Ações em Tesouraria Prejuízos não absolvidos pelas reservas e ações adquiridas pela própria empresa Intangíveis Bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia Ajustes de Valores Patrimoniais Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 16 II UNIDADE OPERAÇÕES COM MERCADORIAS � Conceitos Importantes � Custo de aquisição das Mercadorias � Custo das Mercadorias Vendidas � Controle de Estoques (Inventário Periódico e Permanente) � Apuração e Recolhimento de Tributos Comerciais Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 17 2.1 CONCEITOS IMPORTANTES As operações de compra e venda de mercadorias caracterizam as empresas comerciais. Em tais operações, existem várias denominações que o contador precisa entender perfeitamente para utilizá-las no seu cotidiano. O domínio dos conceitos das variáveis apresentadas nas operações comerciais pode ser facilmente interpretado observando a essência das operações, as quais serão destacadas a seguir: a) Compra: Ato pelo qual uma empresa comercial adquire a propriedade sobre mercadorias para revenda; b) Venda : Ato pelo qual uma empresa comercial revende as mercadorias adquiridas dos fornecedores; c) Devolução: Ato pelo qual as mercadorias compradas ou vendidas são devolvidas. Vários fatores motivam uma devolução: mercadoria em desacordo com o pedido, mercadoria extraviada, demora na entrega, etc. Há dois tratamentos contábeis para as devoluções: os descontos concedidos incondicionalmente (ocorrem no ato da compra) são considerados contas redutoras das receitas para quem vende e redução do custo da compra para que adquire a mercadoria, já os descontos concedidos condicionalmente serão considerados despesas financeiras para quem os concede e receita financeira para que os obtenham; d) Nota Fiscal: Documento pelo qual comprova a transação comercial - a venda de mercadorias, de produtos ou prestação de serviços. Sempre que existir circulação (vendas, devoluções, transferências, etc.) de mercadorias, deve-se emitir nota fiscal. Existem dois tipos de nota fiscal: NF modelo “1” (quando a venda ocorre entre empresas) e a nota fiscal modelo 2 ( quando é vendida diretamente ao consumidor final. A NF modelo 2 pode ser substituída pelo cupom fiscal; e) Fatura: É um documento comercial que comprova a venda a prazo. Numa fatura, podem-se incluir várias notas fiscais. Sua finalidade é relacionar a relação de notas fiscais constantes em aberto para o vendedor; f) Duplicata: é um título de crédito, também usado nas vendas a prazo. Possui este nome por conter os mesmos dados da fatura. g) Aceite de Duplicata: É o ato pelo qual o cliente assina a duplicata, reconhecendo assim, a autenticidade da dívida; 2.2 CUSTO DE AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS O custo de aquisição de mercadorias pode variar significativamente de acordo com as seguintes variáveis: Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 18 Aumentam o custo de aquisição Reduzem o custo de aquisição Frete sobre compras Descontos Incondicionais Tributos não recuperáveis (exemplo: IPI e II) Tributos Recuperáveis (ICMS, PIS*, COFINS*) Tarifas Alfandegárias Abatimentos Seguros Devoluções *OBS* O PIS e a COFINS possuem características próprias, isto é, tanto podem ser tributos recuperáveis, como não recuperáveis; tal situação vai depender do regime de tributação que a empresa está submetida. Se o regime de tributação for “Lucro Presumido”, tais tributos não serão recuperáveis, pois serão calculados sobre a receita; se o regime de tributação for o “Lucro Real”, os tributos supracitados serão recuperáveis, já que poderão ser compensados quando da realização das receitas com mercadorias. Maiores detalhes na unidade VII. 2.2.1 – Lançamento Contábeis das Operações de Aquisição e Venda de Mercadorias As operações comerciais devem ser registradas tempestivamente, de acordo com a ordem cronológica das operações. Os lançamentos contábeis realizados quando da aquisição de mercadorias são discriminados a seguir: a) Aquisição de Mercadorias: D – Mercadorias (AC) C – Caixa e/ou Fornecedores *obs* as variáveis que aumentam o custo de aquisição da mercadoria devem compor o valor da conta “Mercadorias” ou “Compras” b) Impostos recuperáveis: D – ICMS a Recuperar (AC) C – Caixa e/ou Fornecedores c) Devoluções e Abatimentos D – Caixa e/ou Fornecedores C – Mercadorias 2.3 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS Pode ser apurado de duas formas: apuração extra-contábil (CMV = EI + CL – EF) e apuração contábil, a qual é realizada conforme efetua a escrituração contábil pertinente: 2.3.1 Lançamentos Contábeis referentes ao Custo das Mercadorias Vendidas - CMV O lançamento do CMV ocorre de duas formas: quando o controle de estoque é feito de forma permanente, o registro do CMV é realizado concomitantemente com o lançamento das receitas de venda de mercadorias, conforme segue: a) Venda de Mercadorias: D – Caixa e/ou Dupl. A Receber. C – Receita de Vendas D – Compras (C.R) C – Caixa e/ou Fornecedores D – Caixa e/ou Fornecedores C – Compras Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 19 b) Custo das Mercadorias Vendidas D – CMV. C – Mercadorias c) Impostos Incidentes sobre Vendas D – ICMS s/ Vendas C – ICMS a Recolher D – PIS s/ Vendas C – PIS a Recolher D – COFINS s/ Vendas C – COFINS a Recolher Quando o controle de estoque é realizado periodicamente (mensalmente, trimestralmente, anualmente), quando da realização da receita nada é registrado a título de CMV. Tal fato é realizado quando da apuração do estoque, conforme veremos a diante. 2.4 CONTROLE DE ESTOQUES Um bom controle de estoques em uma empresa comercial é de vital importância para o sucesso de qualquer organização, haja vista que estes representam um grande volume de recursos aplicados dentro da empresa e que a sua gestão eficiente (controle de seus custos) pode trazer resultados positivos; entretanto, uma má gestão de estoques, pode levar qualquer empresa à falência. O controle de estoques pode ser realizado de duas formas 2.4.1 Inventário Periódico Característico de micro e pequenas empresas que possuem pequenos volumes de estoques. O controle contábil é realizado em um período determinado (mensalmente, trimestralmente, anualmente, etc.). Sua sistemática de apuração do custo das mercadorias vendidas no período consiste na utilização da fórmula: CMV = EI + C-EF, não sendo possível o controle desse custo, concomitantemente, quando da realização das vendas. Na prática, é necessária a realização de um inventário (contagem) de todos os itens do estoque pelo menos uma vez ao ano, para que a contabilidade registre os valores correspondentes aos estoques finais e apure o custo das mercadorias vendidas pela fórmula supracitada. 2.4.1.1 Lançamentos Contábeis do CMV no Inventário Periódico Como o CMV é apurado utilizando-se da fórmula (CMV=EI + C – EF), seu reflexo nas demonstrações contábeisse dá como resultado dos seguintes lançamentos: a) Primeiramente, devemos observar a estrutura do plano de contas para empresas que utilizam o inventário periódico ( ver plano de contas de custos e despesas na página 14: Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 20 41100 - Custo das Mercadorias Vendidas (-) 41101 – Estoque Inicial 41102 – Compras 41103 – Estoque Final ( - ) b) Observadas as contas a serem utilizadas, vamos utilizar o seguinte exemplo: Estoque Inicial em 01/01/2007: R$ 5.000,00 (50 unidades) Compras Líquidas no ano de 2007: R$ 60.000,00 (500 unidades) Estoque Final em 31/12/2007: R$ 25.000,00 (250 unidades) Ao longo do exercício social, as compras eram realizadas e contabilizadas como destacado na página 18; então, quando da apuração do custo, os lançamentos de compras estarão todos realizados. O Saldo do estoque inicial deverá ser igual ao estoque final do exercício anterior, ou seja, o saldo da conta “mercadorias” do “ativo circulante” no balanço de 31/12/2006 deverá ser igual a R$ 5.000,00 Assim, procederemos ao primeiro lançamento de transferência de saldos: “zerar” a conta “mercadorias” a qual ainda evidencia o saldo do estoque do ano anterior. D – Estoque Inicial (CR) C – Mercadorias( AC) 5.000,00 *OBS* O valor desse lançamento deverá ser igual a saldo da conta mercadorias em 31/12/2006 Apurado o estoque final de mercadorias (Inventário físico realizado na data de apuração dos estoques) obtém-se o valor de estoque final e a respectiva quantidade física do estoque. Obtido o referido valor, procede-se o seguinte lançamento: D – Mercadorias (AC) C – Estoque Final (CR) 25.000,00 Assim, a conta ”mercadorias” do balanço patrimonial representará os estoques físicos que a empresa possui. Como conseqüência dos respectivos lançamentos, a conta de resultado ( conta sintética) CMV representará exatamente o custo das vendas do período. Nesse contexto, o contador deve considerar os lançamentos dos impostos incidentes sobre compras e vendas para a apuração do custo real das mercadorias vendidas. 2.4.2 Inventário Permanente O inventário permanente caracteriza-se pelo controle contábil constante nas operações com as mercadorias das empresas, ou seja, a cada venda, o seu custo é conhecido. Este processo de controle é utilizado por grandes empresas ou por empresas que, mesmo sem ter uma estrutura física grande, possui um grande volume de estoques. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 21 Apesar de ser utilizado por grandes empresas, este procedimento é recomendado para todas as organizações, pois o controle permanente de estoques facilita o processo de gestão, isto é, as informações tempestivas do lucro dos estoques possibilitam que decisões propiciam um ambiente confiável para tomada de decisões eficientes. 2.4.2.1 – Critérios de Avaliação de Estoques Os critérios de avaliação dos estoques correspondem ao processo de apuração do custo das mercadorias, isto é, são os critérios considerados quando do cálculo dos custos dos estoques. Seus reflexos são refletidos diretamente no lucro líquido das empresas. Atualmente, são considerados quatro critérios, a saber: a) Primeiro que entra é o Primeiro que Sai – PEPS: Consiste em considerar o CMV como o correspondente às mercadorias adquiridas mais antigas, sendo o estoque final representado pelas mercadorias mais recentes. Exemplo: � Estoque Inicial: R$ 0,00; � Em 02/02, foram adquiridas 100 unidades de mercadorias, ao preço unitário de R$ 50,00; sendo 17% de ICMS; � Em 03/02, foram adquiridas 100 unidades de mercadorias, ao preço unitário de R$ 60,00; sendo 17% de ICMS; � Em 04/02, foram vendidas 150 unidades das respectivas mercadorias, ao preço de R$ 100,00 � Qual é o CMV ? O Lucro Bruto? E o estoque final de mercadorias? DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL Quant. V.Und. Total Quant. V.Und. Total Quant. V.Und. Total 02/02 100 41,50 4150 - - - 100 41,50 4150 03/02 100 49,80 4980 - - - 100 100 41,50 49,80 4150 4980 04/02 - - - 100 50 41,50 49,80 4150 2490 50 49,80 2490 Totais 200 9130 150 6640 50 49,80 2490 Compras Líquidas CMV Estoque Final b) Último que Entra, Primeiro que Sai – UEPS: Consiste em considerar o CMV como o correspondente às mercadorias adquiridas mais recentes, sendo o estoque final representado pelas mercadorias mais antigas, conforme podemos perceber no exemplo a seguir (utilizando-se os mesmos Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 22 dados da alínea “a”). Essa modalidade de avaliação não é aceita pela Legislação do Imposto de Renda, pois há uma redução no lucro e, conseqüentemente, no IR calculado. DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL Quant. V.Und. Total Quant. V.Und. Total Quant. V.Und. Total 02/02 100 41,50 4150 - - - 100 41,50 4150 03/02 100 49,80 4980 - - - 100 100 41,50 49,80 4150 4980 04/02 - - - 100 50 49,80 41,50 4980 2075 50 41,50 2075 Totais 200 9130 150 7055 50 41,50 2075 Compras Líquidas CMV Estoque Final c) Preço Médio – PM: O método de avaliação de estoques pelo preço médio consiste em calcular como custo das mercadorias a média do custo das aquisições. DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL Quant. V.Und. Total Quant. V.Und. Total Quant. V.Und. Total 02/02 100 41,50 4150 - - - 100 41,50 4150 03/02 100 49,80 4980 - - - 200 45,65 9130 04/02 - - - 150 45,65 6847,50 50 45,65 2282,50 Totais 200 9130 150 6847,50 50 41,50 2282,50 Compras Líquidas CMV Estoque Final *OBS* É importante destacar que em uma economia inflacionária, o critério PEPS proporciona um maior lucro bruto, pois resulta em um menor CMV. 2.4.2.2 Lançamentos Contábeis para Empresas que utilizam Inventário Permanente Os lançamentos contábeis de vendas de mercadorias, CMV e impostos sobre vendas estão detalhados nas páginas 18 e 19. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 23 2.5 APURAÇÃO E RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS COMERCIAIS As empresas brasileiras estão sujeitas a uma elevada carga de tributos. Nesse tópico vamos conhecer os procedimentos de contabilização dos impostos incidentes nas operações de compra e venda de mercadorias. 2.5.1 – Imposto sobre Circulação de Mercarias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS O ICMS é um imposto não-cumulativo, ou seja, o valor pago na aquisição pode ser compensado quando da realização da venda. É um imposto “por dentro”, ou seja, sua base de cálculo já está incluída no preço da mercadoria. Suas alíquotas variam de estado para estado, de produto para produto. Assim, os lançamentos contábeis referentes ao ICMS registrado na compra e na venda devem ser contabilizados conforme discriminado nas páginas 18 e 19; entretanto, ao final do mês que ocorreu as compras e as vendas, deve ser apurado o saldo do imposto a pagar ou a recuperar para o próximo mês, tal fato é contabilizado conforme segue: D - ICMS a Recolher ( PC) C – ICMS a Recuperar ( AC) O valor do lançamento corresponde a menor valor entre os saldos das contas do ICMS a recuperar e a recolher. O saldo remanescente, quando representado no passivo “ ICMS a Recolher” deve ser pago na data estabelecida pelo Fisco. O lançamento de recolhimento é procedido da seguinte forma: D - ICMS a Recolher (PC) C – Caixa e/ou Banco Quando o saldo remanescente fica no ativo “ ICMS a Recuperar”, nada de recolhimento deve ser feito. A empresa terá um direito de compensar este saldo com o saldo final do próximo mês. 2.5.2 – Programa de Integração Social – PIS e Contribuiçãopara Financiamento da Seguridade Social - COFINS O PIS e a COFINS são tributos de competência da UNIÃO, podem ser calculados de duas formas, dependendo do regime de tributação da empresa: a) Empresas sujeitas ao regime de tributação do “Lucro Presumido”: Nesse caso, o PIS torna- se uma contribuição cumulativa, isto é, não pode ser compensada quando da realização de um venda. Nesse regime o PIS é calculado utilizando a alíquota de 0,65% sobre as receitas e a COFINS à alíquota de 3%. Os lançamentos do PIS e da COFINS sobre venda são destacados na página 19; b) Empresas sujeitas ao regime de tributação do “Lucro Real”: Nesse regime o PIS torna-se não cumulativo. A empresa utiliza a mesma sistemática do ICMS, isto é, pode compensar o tributo quando da realização das vendas. Para esse regime de tributação, o Fisco estabelece uma alíquota de 1,65% para o PIS e 7,60% para a COFINS. É importante destacar que, nesse caso, o custo de aquisição deve não deve considerar o valor do PIS e da COFINS e o ICMS. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 24 III UNIDADE FOLHA DE PAGAMENTO � Aspectos Trabalhistas e Previdenciários; � Contabilização de Folha de Pagamento Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 25 3.1 ASPECTOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS O controle das relações trabalhistas e previdenciárias de uma empresa são de obrigatoriedade do profissional de contabilidade. Uma boa assessoria neste campo de atuação pode trazer vários benefícios aos empresários; como exemplo, destaca-se a possibilidade de redução de despesas com pessoal, gerando assim, uma eficiência na produtividade da empresa. Nesse contexto destaca-se a elaboração e o controle da folha de pagamento dos funcionários. Tal documento compõe-se de uma relação de proventos e descontos, os quais devem ser minuciosamente detalhados e controlados pelo profissional de contabilidade (aqui também chamado de Chefe de Setor Pessoal). 3.1.1 – Encargos Trabalhistas – Parte do Empregador Além do salário do empregado, o empregador está sujeito a várias despesas adicionais, conforme determina a legislação trabalhista e previdenciária em vigor. Veja alguns exemplos: a) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS: O FGTS é um direito constitucional do trabalhador. Seu valor é calculado à alíquota de 8% sobre os proventos do empregado. Neste caso não leva em consideração alguns proventos, tais como: auxílio-doença e salário-família (pagos pelo INSS), diárias, etc. O FGTS incide também sobre férias e 13° salário. b) INSS – parte do empregador: A contribuição patronal a título de INSS varia de empresa para empresa, dependendo do seu porte, fator de risco, objeto social, etc. Varia entre 20% e 30% dos proventos da folha de pagamento. O INSS incide também sobre férias e 13° salário; c) Férias: As férias dos empregados também é um direito constitucional. O empregado tem direito ao período de férias (que geralmente é de 30 dias, mas pode diminuir em virtude de eventuais faltas do empregado no período aquisitivo) após 12 meses de trabalhado (período aquisitivo), ou seja, a cada mês trabalhado, o empregado tem direito a 1/12 avos de férias. Seu valor corresponde à média dos rendimentos do empregado nos doze últimos meses, adicionado de 1/3 (33,33%) sobre esse valor. d) 13° Salário: Também é um direito constitucional do trabalhador. Tal como as férias, a cada mês trabalhado o empregado adquire o direito a 1/12 avos de 13° salário. Seu valor corresponde ao salário integral que o empregado recebe no mês do pagamento do 13°. Dever ser pago em duas parcelas, sendo que a primeira deve ser paga até 30 de novembro. e) Aviso Prévio: O Aviso prévio é o procedimento através do qual o empregador avisa, antecipadamente, ao seu empregado a intenção de dispensá-lo. Geralmente o tempo de antecedência é de 30 dias. Caso esse procedimento não seja respeitado, o empregado faz jus ao direito de receber ummês a mais na sua rescisão contratual a título de aviso prévio (neste caso, o aviso prévio é chamado de indenizado); Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 26 f) Adicionais de Insalubridade e Periculosidade: Correspondem a remunerações adicionais pagas pelas empresas em virtude dos fatores de riscos que elas possuem. O adicional de insalubridade é pago em razão do ambiente insalubre que o empregado está sujeito; seu cálculo varia em razão do grau da insalubridade (baixo, médio ou alto), correspondendo a 10%, 20% ou 40% sobre o salário mínimo. Já a periculosidade, como o próprio nome já diz, corresponde ao adicional pago pelas empresas que possuem atividades consideradas (por Lei) como perigosas (por exemplo: eletricistas). Sua alíquota corresponde a 30% sobre o salário-base do empregado; g) Adicional Noturno: É um direito constitucional do empregado. A hora noturna deve ser menor que a hora diurna, pois o trabalho noturno é mais desgastante físico e mentalmente para o empregado. O horário noturno é estabelecido por Lei (CLT) e corresponde ao período compreendido entre as 22:00hs da noite às 04:00hs da manhã do dia seguinte. Sua remuneração equivale a 20% da hora normal de trabalho; h) Horas-Extras: As horas-extras correspondem a valores adicionais que são pagos quando o trabalhador excede à jornada de trabalho. A porcentagem do adicional pode variar de região para região, de categoria para categoria, dependendo das disposições contidas nas convenções coletivas de trabalho; mas, geralmente, são calculadas utilizando os valores de 50% (para dias normais) e 100% (para domingos e feriados). É importante ressaltar que a legislação estabelece uma jornada máxima de 10 horas por dia, ou seja, até duas horas-extras diariamente. 3.1.2 – Proventos pagos pela empresa, mas que são encargos do Governo Uma folha de pagamento também compõe-se de proventos que são pagos pela empresa, mas não são encargos dela, ou seja, a empresa paga um provento ao funcionário que, por Lei, é encargo do governo. Nesse caso, a empresa obtém um direito de descontar os valores recolhidos nas contribuições que são pagas mensalmente ao governo. Vejamos os exemplos: a) Salário-Família: Benefício concedido pelo INSS aos empregados e trabalhadores avulsos que possuam filhos menos de 14 anos (incompletos) de idade e que possuam renda mensal até R$ 710,08. O procedimento de pagamento ocorre por meio da empresas; estas funcionam como meros agentes intermediários. Como a obrigação do pagamento é do INSS, a empresa desconta o valor pago à título de salário-família do total a recolher a título de INSS do mês; b) Salário – Maternidade: Benefício também concedido pelo INSS às empregadas gestantes. A empregada passa a ter direito ao salário-maternidade a partir do momento que se ausenta das atividades laborais. O tempo de concessão do benefício é de 120 dias a partir do primeiro dia do afastamento. O procedimento de pagamento ocorre da mesma forma que o salário-família. 3.1.3 Descontos Existentes em Folha de Pagamento Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 27 Na elaboração de uma folha de pagamento, o profissional responsável deve observar os descontos aos quais os empregados estão sujeitos. Esses descontos, na sua maioria, geram obrigações adicionais às empresas, pois elas devem repassar os valores descontados às pessoas de direito. Vejamos os principais exemplos de descontos: a) INSS – Parte do Empregado: A contribuição previdenciária mensal a ser recolhida ao INSS é composta pela parte do empregador e também pelo empregado. A parte que cabe ao empregado também é estabelecida pelo governo através de portarias emitidas pelo INSS (ver tabela na página 29). Dessa forma, o empregador tem a obrigação de descontaro valor determinado pelo órgão previdenciário dos proventos auferidos pelo empregado, sob pena de arcar com valor não recolhido; b) Pensão Alimentícia: Valor correspondente à determinação judicial em favor ex- conjugues ou filhos de empregados separados. Tal valor deve ser descontado do empregado(a) e repassado em favor do beneficiário estabelecido pelo poder judiciário; c) Adiantamento a Empregados: Correspondem a valores pagos antecipadamente pelas empresas que, ao final do mês, deverão ser descontados pelo empregador a fim de quitar a dívida contraída pelo empregado; Também existem outros descontos, tais como: vale-farmácia, vale-feira, vale-gás, etc. Todos eles seguem a mesma sistemática operacional dos demais descontos, ou seja, a empresa retém do funcionário o valor devido e repassa ao detentor do direito. 3.3 Lançamentos Contábeis de Folha de Pagamento O profissional responsável pela contabilidade de uma empresa deve ter bastante atenção à escrituração dos fatos contábeis relacionados à folha de pagamento, pois, dentre os vários mecanismos de fiscalização, os órgãos governamentais utilizam as informações contábeis para cruzar dados do contribuinte e verificar a exatidão das informações prestadas ao Fisco. A escrituração contábil deve ser dividida em quatro partes: os proventos, os descontos, os encargos sociais e as provisões: 3.3.1 Contabilização de Proventos Para facilitar o processo operacional da contabilização, os proventos, cujo encargo é da empresa ( Salários, horas-extras, adicional noturno, insalubridade e periculosidade), devem ser somados e registrados na conta “Salários”, conta de resultado, localizada na DRE. Sua contrapartida deve ser a conta “salários a pagar”, localizada no passivo circulante. D - Salários (CR) C – Salários a Pagar (PC) Os proventos pagos pela empresa, mas que são de responsabilidade do INSS (salário- família e salário-maternidade), devem ser registrados na conta “salário-família” ou “salário- Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 28 maternidade”, localizadas no “ativo circulante (direitos de curto prazo), as quais vão representar um direito de a empresa compensar os respectivos valores quando da apuração do valor a recolher as contribuições previdenciárias do mês de referência. Sua contrapartida deve ser a conta “salários a pagar”, pois os valores vão ser repassados juntamente com os proventos do mês. D – Salário - Família (AC) C – Salário a Pagar (PC) 3.3.2 Contabilização dos Descontos Os descontos devem ser registrados debitando-se a conta “salário a pagar” , tendo como contrapartida a obrigação gerada do desconto. Por exemplo: D – Salário a Pagar (PC) C – INSS a Recolher (PC) D – Salário a Pagar (PC) C – Adiantamento a Funcionários (AC) **OBS** Cabe salientar que a conta “Adiantamento a Funcionários” deve ser “debitada” quando acontecer o pagamento do adiantamento, sendo registrada o direito da empresa no ativo circulante. O procedimento descrito acima corresponde à utilização do direito de descontar o valor correspondente adiantado anteriormente ao funcionário 3.3.3 Contabilização dos Encargos Sociais A contabilização dos encargos sociais deve ser efetuada da seguinte maneira: D – INSS – Parte Patronal (CR) C – INSS a Recolher (PC) 3.3.4 Provisões de Férias e 13° Salário e seus Encargos Sociais Em obediência ao princípio da competência, ao passo que decorre os meses no ano, e, conseqüentemente, os empregados vão fazendo jus ao direito de férias e 13° salário à base de1/12 avos por cada mês (às férias, acrescenta-se 1/3 sobre seu valor), a contador deve registrar as chamadas PROVISÃO PARA FÉRIAS E PROVISÃO PARA 13° SALÁRIO. As provisões são registros contábeis que se caracterizam pela obrigação gerada, entretanto, ainda não se tem conhecimento do seu valor exato. Podem estar localizadas no Ativo (Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa, Provisão para Ajuste ao Valor Mercado e Provisão para Perdas Permanentes) e no Passivo (Provisão D – Salário - Maternidade (AC) C – Salários a Pagar (PC) D – Salário a Pagar (PC) C – Pensão Alimentícia a Pagar (PC) D – FGTS (CR) C – FGTS a Recolher (PC) Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 29 para férias, 13° salário, Imposto de Renda, Contribuição Social sobre Lucro Líquido e provisão para contingências). Em se tratando de provisões localizada no passivo, as provisões devem ser registras como reconhecimento de obrigações geradas pela empresa. No momento que se possa determinar o valor da obrigação ( por exemplo: elaboração da folha do 13° salário) os saldos devem ser transferidos para as contas representativas das respectivas obrigações. Por exemplo: contabilização de provisão para férias e 13° salário quando do fato gerador D – Férias (CR) C – Provisão de Férias (PC) O valor da provisão de férias consiste em 1/12 avos sobre a remuneração bruta paga pela empresa, desconsiderando-se as parcelas de proventos cujo encargo seja do INSS, tais como salário-família e salário-maternidade. Sobre o valor obtido, acrescenta-se 1/3, pois este adicional é um direito constitucional. Em relação à provisão de 13° Salário, seu valor corresponde a 1/12 avos sobre a remuneração bruta, também desconsiderando as parcelas que não são de responsabilidade da empresa. Sobre as provisões, também devem-se registrar os encargos correspondentes. Tais registros são realizados da seguinte maneira: D – INSS (CR) C – Provisão de INSS (PC) Os valores dos lançamentos supracitados consistem na aplicação das alíquotas vigentes sobre os valores das provisões calculadas acima. Quando chegar o momento da elaboração da folha de férias e de 13° salário, devem-se transferir os saldos das provisões para as respectivas contas de obrigações: D – Provisão de Férias (PC) C – Férias a Pagar (PC) D – Provisão de INSS (PC) C – INSS Recolher (PC) Caso haja divergência entre os valores provisionados e os devidos, devem-se fazer os respectivos ajustes: D – Férias (CR) C – Férias a Pagar (PC) D – 13° Salário (CR) C – Provisão de 13° Salário (PC) D – FGTS (CR) C – Provisão de FGTS (PC) D – Provisão de 13° Salário (PC) C – 13° Salário a Pagar (PC) D – Provisão de FGTS (PC) C – FGTS a Recolher (PC) D – 13° Salário (CR) C – 13° Salário a Pagar (PC) Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 30 IV UNIDADE OPERAÇÕES FINANCEIRAS 4.1 – Fluxo de Caixa 4.2 – Aplicações Financeiras; 4.3 - Financiamentos. Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 31 4.1 FLUXO DE CAIXA As operações financeiras de uma companhia requerem atenção redobrada dos gestores. O fluxo de caixa controlado e equilibrado é o objetivo permanente dos administradores financeiros. AS informações geradas pela contabilidade trazem um embasamento sólido para tomada de decisões corretas. Nesse contexto, a contabilidade elabora uma demonstração chamada de “fluxo de caixa”, que não era obrigatória até 2007, mas, com a Lei 11.638/2007, passou a ser para as sociedades anônimas já partir do exercício de 2008. Em relação aos registros das operações financeiras (aqui chamada de financeira toda e qualquer operação de entrada e saída de recursos numerários), podem-se destacar: a) Transações que aumentam o “caixa”: Integralização de capital, empréstimos em instituições financeiras, alienação de bens do ativo permanente, recebimento de vendas (a prazo e à vista), recebimento de dividendos, etc.; b) Transações que diminuem o “caixa”: Pagamento de fornecedores, pagamento de empréstimos, juros,despesas, aquisições de bens do ativo permanente, pagamento de dividendos, etc.; c) Transações que não afetam o “caixa”: Registros de depreciação, amortização e exaustão, provisões para devedores duvidosos, variações na conta “investimentos” decorrentes da aplicação do método de equivalência patrimonial, etc. Para a correta contabilização das transações destacadas acima, deve-se, sobretudo, entender a essência de cada operação, pois, dessa forma, as contas “a débito” e “a crédito” serão utilizadas de forma correta. Outro fatos de extrema importância é o conhecimento por parte do contador das operações da empresa; dessa forma, cada fato a ser contabilizado será de total conhecimento do profissional responsável. 4.2 APLICAÇÕES FINANCEIRAS É comum entre as empresas haver excesso de caixa. Tal quantia, geralmente é investida em aplicações financeiras, as quais remuneram o capital aplicado através de juros. Esses juros serão considerados receitas para a empresa que investiu a importância em dinheiro e deverão ser reconhecidos, à medida que vão sendo auferidos, pela contabilidade. Existem várias modalidades de aplicações financeiras: Aplicações em renda fixa Investimentos no Exterior Aplicações em renda variável Aplicações pré-fixadas Poupança Aplicações pós-fixadas Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 32 4.2.1 Lançamentos Contábeis em Operações de Aplicação Financeiras Primeiramente, deve-se verificar qual a data de resgate das aplicações. Se a data for até o término do exercício seguinte, a aplicação deve ser registrada no ATIVO CIRCULANTE; caso o resgate seja efetuado após o término do exercício seguinte, deve-se registrar a aplicação no ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO. Quanto à escrituração, deve-se observar a entrada e a saída dos recursos, bem como o reconhecimento das receitas de juros. A denominação da conta “Aplicações Financeiras” varia conforme o tipo de aplicação utilizada. Para as aplicações: Para os resgates; D – Aplicações Financeiras (AC ou ARLP) C – Caixa e/ou Banco c/Movimento (AC) Para o reconhecimento dos juros (Receita Financeira) D – Banco conta movimento (AC) C – Juros Ativos (CR) Em atendimento ao princípio da competência, quando as aplicações forem pré-fixadas, ou que possam determinar as porcentagens de rendimento no momento dos resgates, devem-se registrar os ganhos proporcionalmente a cada mês. Vejamos o exemplo a seguir: Aplicação de R$ 10.000,00 Juros de 10% a.m; Tempo de aplicação: 3 meses Com os dados acima, sabe-se que, ao final da aplicação, haverá um rendimento de R$ 3.000,00. Mas, esses juros foram sendo auferidos mês a mês. É exatamente o reconhecimento mês a mês que a contabilidade deve reconhecer através do seguinte lançamento: 1° mês...........R$ 1.000,00 2° Mês.........R$ 1.000,00 3° Mês .........R$ 1.000,00 D – Aplicação Financeira (AC ou ARLP) C – Juros Ativos (CR) 4.3 FINANCIAMENTOS As empresas recorrerem a empréstimos bancários e financiamentos por várias razões: ampliar instalações físicas, repor estoques, melhorar o capital de giro, etc. Quando um financiamento é contraído para expansão da empresa, é visto com bons olhos pelo mercado; entretanto, quando uma empresa necessita de empréstimos para dar suporte ao capital de giros ou repor estoques, significa que as obrigações estão maiores que os recebimentos de recursos. Tal fato deve ser observado pelo profissional de contabilidade a fim de assessorar o gestor da melhor D – Banco c/Movimento (AC) C – Aplicações Financeiras (AC) Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 33 forma possível, orientando-o onde estão os maiores problemas e as possíveis soluções. Neste caso, uma demonstração que é bastante utilizada é a Demonstração de Fluxo de Caixa. 4.3.1 Contabilização de Operações de Empréstimos e Financiamentos Quando da escrituração de empréstimos e financiamentos, tal como nas aplicações, o contador deve observar os prazos de pagamento das respectivas operações, a fim de classificá-las no passivo circulante ou passivo exigível a longo prazo. Os lançamentos são realizados da seguinte forma: Recebimento dos Recursos Pagamento dos Recursos Pagamento de Juros D – Banco c/Movimento D - Empréstimos a Pagar D – Juros Passivos (CR) C – Empréstimos a Pagar C – Banco c/Movimento C – Banco c/Movimento Para as grandes empresas, é muito comum a captação de recursos através de financiamentos externos. Neste caso, deve-se observar as variações da moeda entre momento do recebimento, o momento dos pagamentos e o momento da elaboração do balanço patrimonial. As variações são registradas como despesas financeiras (quando houver valorização da moeda) ou receitas financeiras (quando houver desvalorização da moeda). Os lançamentos contábeis pertinentes são: Valorização da Moeda Desvalorização da Moeda D – Variações Monetárias Passivas (CR) D - Financiamentos a Pagar C – Financiamento a Pagar C – Variações Monetárias Ativas (CR) Nas operações de empréstimos e financiamentos também é necessário se observar o princípio da competência em relação ao fato gerador dos juros passivos. Aqui, os juros pagos antecipadamente deverão ser registrados no grupo “despesas antecipadas”, localizado no “ativo circulante” ou “realizável a longo prazo”, conforme o exemplo a seguir: Empréstimo de R$ 10.000,00 ( prazo de pagamento 3 meses) Juros pré-fixados de R$ 10% a..m. Tarifa de adesão: R$ 500,00 Valor líquido: R$ 9.500,00 a) Lançamento 1: R$ 9.500,00 b) Lançamento 2: R$ 500,00 c) Lançamento 3: R$ 3000,00 D – Juros Passivos a Apropriar (AC) C – Empréstimos a pagar D – Tarifas Bancárias (CR) C – Empréstimos a Pagar D – Banco c/Movimento C – Empréstimo a Pagar Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 34 d) Apropriação dos juros: R$ 1.000,00 D – Juros Passivos (CR) C – Juros Passivos a Apropriar (AC) Este lançamento deve-se repetir ao fim de cada mês, pois – com ele – a empresa apropria as despesas financeiras conforme a taxa de juros aplicada. Caso não haja a aplicação de juros pré-fixados, o seu reconhecimento ocorrerá ao fim de cada mês, diretamente na conta de resultado. D – Juros Passivos (CR) C – Empréstimos a pagar (PC) Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 35 V UNIDADE ATIVO PERMANENTE 5.1 – Investimentos 5.2 – Imobilizado 5.3 – Diferido 5.4 - Intangíveis Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 36 ATIVO PERMANENTE O ativo permanente corresponde aos bens e direitos que sejam destinados aos investimentos de caráter permanente, à manutenção do objeto social da companhia e as despesas que contribuirão para a formação de resultados de mais de um exercício social. O ativo permanente, segundo a Lei 6.404/76, em seu artigo 178, § 1°, alínea “c”, já atualizada pela Lei 11.638/07, é dividido “em investimentos, imobilizado, diferido e intangível”. 5.1 Ativo Permanente - Investimentos O Inciso III, do Art. 179, da Lei 6.404/76 estabelece que o Grupo “Investimentos” compreende: “as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa”; É importante ressaltar que os investimentos de caráter permanente são aqueles que não há a intenção de venda, cujo prazo de permanência de tal investimento na empresa ultrapasse um exercíciosocial. Geralmente são representados por: a) Participação em outras empresas b) Imóveis para Aluguel c) Obras de arte d) Terrenos não utilizados As participações permanentes em outras empresas ocorrem quando uma organização adquire ações (para sociedades anônimas) ou quotas de capital (para sociedades limitadas) com a intenção de mantê-las por um longo período, seja com o objetivo de estender a atividade da empresa ou para aumentar seus lucros em decorrência de sinergias entre empresas de um mesmo grupo. As participações societárias são divididas em: coligadas; controladas; subsidiária integral e não controlada nem coligada. a) Coligadas: Empresa que detém uma participação maior ou igual a 10% do capital social (ou capital votante) de outra companhia, sem controlá-la; b) Controladas: Sociedade na qual a investidora, direta ou indiretamente, seja titular de direitos de sócios que lhe assegurem, de modo permanente a preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger ou destituir a maioria dos administradores. Para uma empresa possuir poder de preponderância nas deliberações sociais, ela deve possuir mais de 50% do seu capital votante; c) Subsidiária Integral: Uma empresa é considerada subsidiária integral quando sua empresa controladora possui 100% de seu capital social. A subsidiária integral também é uma empresa controlada; Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 37 d) Participação societária não classificada como controlada ou coligada: Ocorre quando a participação de uma companhia em outra é inferior a 10% do capital votante. Os imóveis de propriedade da empresa (prédios, por exemplo) que estão alugados, isto é, não estão sendo utilizados na manutenção da atividade da companhia, devem ser classificado como ”investimentos”, haja vista estes bens terem passados da condição de “bens de uso” para “bens de renda”. O mesmo raciocínio vale para a aquisição de obras de arte, pois estas se valorizam com o passar do tempo, gerando - quando de sua alienação - um ganho de capital. 5.1.1 Lançamentos Contábeis aplicados ao Ativo Permanente – Investimentos Os lançamentos contábeis mais comuns utilizados para o grupo “investimentos” são: a) Aquisição de participação societária (Por exemplo, 15% do capital social da empresa ABC) D – Participação em Coligadas (API) C – Caixa e/ou Bancos Neste caso, o valor contabilizado deve ser o valor do custo de aquisição, levando em consideração a porcentagem sobre o capital social da empresa investida. Atualmente, existem dois critérios de avaliação de investimentos: método de custo e o método de equivalência patrimonial. O método de custo é utilizado para investimentos em participações societárias de caráter temporário (ativo circulante ou realizável a longo prazo) ou para investimentos permanente que forem enquadrados como “não controladas nem coligadas” ou coligadas na qual possuam uma participação entre 10% e 20% e não exerçam influência na administração. Tal método, como o próprio nome diz, leva em consideração apenas seu custo de aquisição, sendo que os dividendos decorrentes das participações são lançados como “outras receitas operacionais (receita de dividendos)”. Caso haja perdas consideradas irreversíveis (por exemplo, falência da empresa investida) nesses investimentos, deve-se fazer uma “PROVISÃO PARA PERDAS NA REALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS”, sendo esta uma conta redutora da conta participações permanentes. D – Perdas em Inv.Permanentes (CR) C – Prov. Perdas Real.Invest (-AP) Já o método de equivalência patrimonial é um método de avaliação de investimentos, no qual as empresas reconhecem os resultados de seus investimentos em coligadas e controladas no momento em que tais resultados são gerados nas empresas investidas e não somente no momento em que são distribuídos os seus dividendos, como ocorre no método de custo. A cada alteração no patrimônio líquido da companhia investida, a investidora deverá ajustar sua participação na conta “investimentos”. Tais ajustes ocorrem da seguinte maneira: Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 38 Aquisição Lucro na Empresa investida Distribuição de dividendos na empresa investida D – Participações Permanentes D – Participações Permanentes D – Caixa e/ou Bancos C – Caixa e/ou Bancos C – Receita de Equivalência Patrimonial (CR) C – Participações Permanentes Prejuízos na Empresa Investida Ágio na Aquisição de Investimentos Deságio na Aquisição de Investimentos D – Despesas c/ Equivalência Patrimonial D – Ágio em Participações Permanentes (API) D – Participações Permanentes C – Participações Permanentes C – Caixa e/ou Bancos C – (-) Deságio a Amortizar *OBS* CONCEITOS IMPORTANTES: � ÁGIO: Valor pago a maior na aquisição de um investimento. Também é classificado no Ativo “Permanente” “Investimentos”. Deve ser amortizado conforme a tabela a seguir: JUSTIFICATIVA DO ÁGIO CRITÉRIOS DE AMORTIZAÇÃO Ativos da investida com valor de mercado superior ao valor contábil Amortização proporcional à realização do respectivo ativo Expectativa de resultado positivo futuro Amortização pelo prazo e na extensão das projeções de resultados, não podendo exceder 10 anos Fundamentação econômica não identificada Reconhecimento imediato como perda no resultado do exercício � DESÁGIO: Valor pago a menor na aquisição do investimento. É classificado como conta retificadora do “Ativo Permanente” “Investimentos”: JUSTIFICATIVA DO DESÁGIO CRITÉRIOS DE AMORTIZAÇÃO Ativos da investida com valor de mercado inferior ao valor contábil Amortização proporcional à realização do respectivo ativo Expectativa de resultado negativo futuro Amortização pelo prazo e na extensão das projeções de resultados Fundamentação econômica não identificada Amortização somente quando da baixa por alienação ou perecimento. � RECEITA DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: Correspondem às receitas decorrentes dos acréscimos no patrimônio líquido (lucros) nas empresas investidas; � DESPESA DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: Correspondem às despesas decorrentes das reduções no patrimônio líquido (prejuízos) nas empresas investidas; Prof. Msc. Jorge Eduardo de Medeiros Lopes 39 b) Variação na Porcentagem de Participação Societária Os investimentos societários não só se alteram em decorrência das variações no patrimônio líquido das empresas investidas. Existem situações em que a empresa investidora aumenta ou diminui sua participação no capital social da investida, independentemente das variações nos resultados da empresa investida. Nesse caso, as alterações não correspondem a receitas ou despesas operacionais relacionadas à equivalência patrimonial. Tais variações são classificadas com GANHO DE CAPITAL (quando há aumento da participação da empresa investidora e uma correspondente diminuição da participação dos demais sócios e/ou acionistas da empresa investida) ou uma PERDA DE CAPITAL (quando há uma redução da participação da empresa investidora e um correspondente aumento da participação dos demais sócios/acionistas da empresa investida). Os ganhos e perdas de capitais relacionados às variações de participação em empresas investidas são registrados no resultado não operacional da empresa investiora. Ganhos de Capital Perdas de Capital D – Investimentos D – Perdas de Capital C – Ganhos de Capital ( Rec.Não Oper.) C - Investimentos c) Investimentos permanentes, exceto participações societárias. Tais investimentos caracterizam-se por serem bens corpóreos que não estão sendo utilizados na manutenção das atividades da companhia - ou que não foram adquiridos com essa finalidade. Por exemplo: imóveis alugados, obras de arte, etc. Imóveis Alugados Aquisição de Obras de Arte
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