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42 VICTOR C. SPEIRS ticas.Líquidoouardecrescematransmissibilidade sonoraemumgraumaiordoqueo tecidoconsolida- do (p.ex.,abscesso)devidoà maiorsimilaridadedo tecidoconsolidadoaostecidosdaparedetorácica.Os sonsrespiratóriossãomenosaudíveisemcavalosobe- sosou grandes.A intensidadedossonsnormaisau- mentaà medidaquea turbulênciacrescecomo aumentodavelocidadedofluxodearoudecréscimo nodiâmetrodaviaaérea.Nãoéfácildescreverossons respiratórios.Noentanto,umsistemadetrabalhoútil éapresentadoaseguir. Sons Pulmonares Normais Essessãosonsdelicados,farfalhantes,freqüente- mentedenominadosvesicularesoubroncovesicula- resqueseouvemnoscampospulmonaresdepotrose cavalosmagrosenaregiãodohilopulmonarnamaio- riadoscavalos.Essessonstornam-semaisaltosquan- doosmovimentosrespiratóriosaumentame quando a transmissãoé aumentadanaconsolidaçãopulmo- nar.Osomédiminuídopelareduçãodosmovimentos respiratórioseporlesõesqueocupamespaço(líquido ouar)nascavidadespleurais. SonsPulmonaresAnormais Incluídosnessegrupoestãoo aumentodossons respiratórios,sonscrepitantes,sibilose ruídosdero- çar.Crepitaçõessãosonsagudosdeestalidosproduzi- dosquandohá súbitaequalizaçãonaspressõesdas diferentespartesdospulmões.Sibilassãosonsdedu- raçãomaioredecarátermaismusical,produzidospela vibraçãodematerialespessonasviasaéreasouvibra- çãodasprópriasviasaéreas.Sibilosorigináriosdelo- caisdiferentestendema apresentartonsdiferentes- portanto,qualquervariaçãonotomdeveseranotada. Devidoàtendênciadasviasaéreasintratorácicasem colapsarnaexpiraçãoeabrir-senainspiração,sibilos expiratóriosoriginam-se,provavelmente,nasviasaé- reasintratorácicas.Asituaçãoreversaaplica-seàsvias aéreasextratorácicas.Ruídosderoçarsãosonspro- duzidosquandoalubrificaçãonormalentreassuper- fíciespleuraisepericárdicaéreduzidapelaassociação à pleuriteoupericarditerespectivamente.Geralmen- te,ruídosderoçarpleuraissãocoordenadoscomos movimentosrespiratórios,eruídosderoçarpericárdi- cos,comosmovimentoscardíacos.Quandoo líquido seacumulana cavidadeou aderências,restringeos movimentosentrecamadasadjacenteseo somdesa- parece. AusênciadosSonsRespiratórios Issoocorrequandonãoháarpassandopelasvias aéreas,quandolesõesqueocupamespaço,comohér- nia diafragmática,interferemcoma transmissãodo somequandoofluxodearémuitolento,comoocor- redurantemovimentosrespiratóriosdebaixaampli- tudeassociadosàdordepleuriteoufraturadecostela. Sons Variados Devidoà formadecúpuladodiafragma,grande partedasvíscerasabdominaisestálocalizadasobas costelas,eaauscultação,muitasvezes,detectarásons intestinais,especialmenteapósa alimentação.É im- portantediferenciaralgunssonsdosqueocorremcom a hérniadiafragmática.É possível,muitasvezes,ou- vir-sesonsquetenhamsidotransmitidosdosistema respiratóriosuperior,seelesforemparticularmente altos.Ossonsgeradospelosmovimentosdofonendos- cópiosobrea pelee pêlosinterferecomossonsdos movimentosrespiratórios. Métodos para Estimular os Movimentos Respiratórios Apesardetodooesforçoparaeliminarsonsestra- nhose dousodebomequipamento,a avaliaçãode doençaintratorácicapelainterpretaçãodossonsdos movimentosrespiratórioséimpossívelseossonsgera- dosnãosãosuficientementealtosparaseremdetecta- dos.Háváriasmaneirasdeestimularosmovimentos respiratórios,demodoqueumaauscultaçãomaiscom- pletapodeserrealizada:.Respiraçãorepetidado ar expirado.Issoé facilmen- terealizadocobrindo-seasnarinascomumsaco plástico,comoumaluvadeexamereta!..Adiçãodedióxidodecarbonoaoarinspirado. Tambémé facilmenterealizadocolocando-seum sacoplásticosobreasnarinase adicionandodióxido decarbonoporumtubo..Estimulantesrespiratórios.A administraçãointrave- nosadeestimulantesrespiratórioscausaráum rápidoaumentonafreqüênciaeamplitudedos movimentosrespiratórios.Hidrocloretode Doxa- MÉTODOS PARA ESTIMULAR OS MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS .Respirarrepetidamentedentro deumsaco plástico.Adiçãodedióxidodecarbonoaoar inspirado.Estimulantesrespiratórioscomohidrocloretode Doxapram("Dopram"),hidrocloretode Lobelina ("Lobelina") . Obstruçãomanualdas narinas EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 43 pram(0,5-1,OmgjkgIV)ehidrocloretodeLobelina (0,2mgjkgIV)sãousadoscomessepropósitoe produzemhiperventilaçãoqueduraporuma dois minutos. . Obstruçãodasnarinas.A obstruçãomanualdas narinasé umamaneirasimplesdeaumentaros movimentosrespiratórios.Nãoé suficientesimples- mentecobrirasnarinas,ambasasnarinasdevem serbemapertadas.O clínicoficaempé,emfrente aocavalo,e usaa mãoesquerdaparaa narina direitae a mãodireitaparaa narinaesquerda. Deve-setomarcuidado,porquealgunscavalosse ressentemdesseprocedimento,e todososcavalos tornam-seagitadosnatentativaderespirar. Percussãodo Tórax Apercussãotorácicaé uma técnicadeexameba- seadana interpretaçãodossonse dasvibraçõespro- duzidasquandosegolpeiaagudamenteaparedetorá- cica.Énecessáriopráticaparadesenvolverahabilidade necessáriapararealizaro processoe interpretá-Iosi- multaneamente.?Apercussãodiretaconsisteemgol- peardiretamenteumacostelacomodedo,geralmente o médio,oucomum martelo(plexor).Apercussão indiretaéfeitanumobjetoachatado,oplexímetroque écolocadocontraaparedetorácicaeentãogolpeado comumsegundoinstrumento,o plexor.Acombina- çãoplexor-plexímetrofreqüentementeconsistenodedo enamão,emboraexistaumconjuntoespecialdeins- trumentos(Figura3-3).Oplexímetroécolocadono espaçointercostal. Emambasastécnicas,oplexorégolpeadofirme- mentecontrao plexímetronumasériedegolpesse- cos.Apercussãodevecobrirsistematicamenteaparede torácica,geralmentenumsentidodorsoventral,edois a quatrogolpesdevemserdadosantesdemover-seo plexímetroparaopróximolocalaserpercutido.Aper- cussãoproduzumarespostadefreqüênciaaudívele tátil,cujapropagaçãoetransmissãodependemdafor- çado golpe,dadensidadedomeioe donúmerode interfacesteciduais.O graudepropagaçãoéconheci- docomoressonância,sendoquearegasessãomais ressonantesquetecidossólidos.Oobjetivodapercus- sãoéidentificarquaisquersonsanormaiseentãoin- terpretarainformaçãoafimdeauxiliarodiagnóstico. Paraserútil,umapercussãorequerprática,eahabi- lidadeé melhordesenvolvidaquandoseusatodae qualqueroportunidadeparacompararosresultados dapercussãocomosachadosradiográficos,ultra-so- nográficose denecropsia.Osachadosdepercussão podemserdescritoscomosesegue. .Ressonante.A percussãosobreo tecidopulmonar normalexpandidoproduzumsomressonanteque temalturamoderadae é facilmenteaudível. . FIGURA3-3 Plexore plexímetroparaa realizaçãodapercussãotorácica. . Hiper-ressonante.Em animaisjovens,com pouca gorduraou músculo,e durantea inspiração profunda,umarespostahiper-ressonante,queé normal,podeserproduzida.Ocasionalmente,uma respostasemelhanteé encontradaquandoocorre umvolumedearmaiorqueo normal(p.ex., enfisemapulmonar).. Timpânico.Quandoháarsobpressãoaumentada notórax(pneumotóraxdetensão),umsom timpânicoé produzido.Éclaroe agudo,com carátersemelhantea somdetambor..Maciço(dull).À medidaqueo conteúdodear decresce,e o conteúdodetecidoe líquidoaumenta (consolidaçãopulmonar,abscessos),a percussão produzumsomdealtitudebaixasemumaqualida- devibrantebemdefinida.Umanotaabafadaé normalsobreo coração.. Surdo (flat).Quandonãohámaisar presente,como nasefusõespleurais,osomémuitoabafadoe surdo. Atécnicaélimitadapelacapacidadedoclínico,pela subjetividadeda técnica,pelaespessuradostecidosda paredetorácica, pelo barulho ambiental e também porque,emrazãodesonsúteispenetraremapenasal- gunscentímetros,lesõesdemenosdealgunscentíme- trosnão podemserdetectadas.É útil comparar-seum lado do tórax com o outro.Apesardessaslimitações, lesõesgrandes,como abscessos,neoplasias,consoli- daçãopulmonar,enfisemae pneumotórax,e interfa- ceshorizontaisentrelíquido e ar,sãodetectadascom 44 VICTORC. SPEIRS relativafacilidade.Oslimitesdasáreaspulmonaresde percussãosãomostradosna Figura 3-4. Exame Endoscópico das Vias Aéreas A endoscopiaé uma técnicaregularmenteusada para avaliarascondiçõesdasviasaéreas.Oprincipal desenvolvimentonos últimos20 anosfoi amudança deum instrumentorígidocomafontedeluz na extre- midadedistal e transmissãode imagem baseadana reflexãovia prismaspara os sistemasde fibra óptica flexívele vídeos(ApêndiceA). Procedimento Emboranemtodososcavalosnecessitemdegran- decontenção,ovalordosinstrumentos,principalmente do videoendoscópio,demandacuidadosrazoáveis.Al- ternativamente,num ambientedemuito movimento, ondeo clínico semoverapidamenteentrecavalosbem manejados,comoocorreemestabelecimentosdetrei- namento,apenasuma contençãomínima é possível e,emgeral,necessária.Para uma ótimasegurançado paciente,do pessoale do equipamento,o cavalodeve ser colocado em troncos e, se necessário,sedado.A maioria doscavalospodeserexaminadasemuso de Tuberosidade coxal / ~ Tuberosil isquiática ~~ '~---~\ Olécrano 182costela LimitesdasÁreasPulmonaresdePercussão.Limitecranial- musculaturadapaleta.Limitedorsal- musculaturadodorso.Limitecaudoventral - 179espaçointercostaladjacenteà musculaturado dorso - 169espaçointercostalaoníveldabordaventraldatuberosidadecoxaI - 14Qespaço intercostalao nívelda tuberosidadeisquiática - 119espaçointercostalaoníveldaarticulaçãoescapuloumeral(pontadapaleta) t FIGURA 3-4 Limitesaproximadosdasáreaspulmonaresdepercussão. EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 45 Materiais para Endoscopia . ... cachimbo;no entanto,o examepodeserfeitomais rapidamentee commenosmovimentaçãoporparte docavaloquandoocachimboéusado.Oefeitodacon- tençãoquímicaepelocachimbona interpretaçãoda delicadafunçãolaríngeaé mencionadonaseçãoso- brea laringe.Ocasionalmenteé necessáriaanestesia geral,devidoaotemperamentodoanimalou àscir- cunstânciassobasquaiso exameé iniciado.Noen- tanto,o decúbitoproduzingurgitamentovascularda nasofaringequepodeinterferircoma interpretação. Pelomenosduaspessoassãonecessáriasparacondu- ziroexame:umapessoaparasegurarocavalo,oca- chimboe o endoscópio,umavezqueeletenhasido inserido,eumaoutrapessoaparainseriro endoscó- pioe conduziro exame.Preferencialmente,deverá haverumaterceirapessoa,responsávelporinserire seguraro endoscópio.A Figura3-5mostraa realiza- çãodoexameendoscópicodosistemarespiratório. CâmarasNasais Um endoscópiocomum diâmetroexternode llmm éadequadoparaumcavaloadultobemdesen- volvido,masparapôneisepotrosénecessárioumdiâ- metromenor,de8mm.Oendoscópiodeveserinserido rápidae gentilmenteno meatoventralenquantoa narinaé mantidaaberta.Issoé necessárioporqueo cavaloemgeralseressentedapassagemdoendoscó- pioatravésdamaiorpartedaporçãorostral.Devidoà rápidainserçãodoendoscópio,oexamecompletodessa regiãoéimpossívelnessemomentoedeveserfeitoao removero endoscópio,oquepodeserfeitolentamen- te.Oexamecompletopodenecessitarqueo endoscó- piosejaretiradoeintroduzidováriasvezes.Apesardisso, recomenda-seque,apósa inserçãoinicialrápida,se- jamexaminados,durantea introdução,omeatoven- tral,aconchaventraleoaspectoventraldoseptonasal. Asestruturasdorsaisdevemserexaminadasdurantea retirada.O clínicodeveconhecera anatomianormal daregiãoesercapazdeidentificarasconchasventral edorsal,o septonasal,osmeatosdorsal,medial,ven- tralecomum,oscornetosinternosdolabirintodoet- móideeo localondeoexsudatoquevemdaabertura t FIGURA 3-5 Endoscopiadosistemarespiratóriosuperior,comendoscópioflexível,ca- chimboetroncodecontenção. nasomaxilarpodeservisto.8Algumasdessasestrutu- rassãomostradasnaFigura3-6.Semprequesesus- peitadelesõesnasfossasnasais,deve-seconduziro examenasduasfossasnasais.Quandosevaiexami- narasregiõesmaisdistaisdosistemarespiratório,é usualexaminar-seapenasa fossanasalporondeo endoscópioépassado.Esseprocedimentoapresentao riscodequeumalesãonão-suspeitadanafossanasal não-examinadapassarádespercebida,e,porisso,oclí- nicodeveestarcientedequeestáassumindoumrisco calculado.O objetivodeexaminarasfossasnasaisé detectarlesõescomoinfecções,neoplasia,corposes- tranhosetraumatismos(Figura3-7). t FIGURA 3-6 Endoscopiadasfossasnasais.Observeograndeebulbosocometointer- no,localizadonaporçãodorsocaudaldacavidadenasal.Eleé cercado pelaconchadorsale peloseptonasal. 46 VICTORC. SPEIRS t FIGURA 3-7 Hematomaetmoidalno aspectodorsalda fossanasalcaudal. SeiosParanasais o exameendoscópicodosseiosparanasaispodeser realizadocomfins diagnósticose terapêuticos.Em geralo procedimentopodeserfeitocomo cavalose- dadoemestação,masa anestesiageralpodeserne- cessáriaparacavalosdifíceisdemanejar. Procedimento. Oprocedimentoéfeitocomo cavalosobcontençãofísicaequímicaadequadas.Dá- sepreferênciaaumartroscópiorígido.Nessecaso,um pinodeSteinnmann,ou brocadeossodediâmetro apropriado,é usadoparafazeruma aberturanos seios.Seumendoscópioflexíveléusado,asaberturas Material para Endosê()pia dos Sei()sParanasals . EndoscÓpio Artroscópio(p.ex.,. flexívele fontede FibraÓpticaflexívelc fontedeluz . Instrumentoparaabriro.s~io Brocadeosso,pinode$teinmannou trépano . Líquidopo!iônicopara administração . Anestes:ialocal- hidroclotetode hidrocloretodemepivacaípaa2% . Contençãoquímica(verCapitulo1,Contel1ç~o QuímicadoCavaloAdulto) e paraosseiosprecisamsermaioresesãofeitasgeral- mentecomumtrépano.Aslocalizaçõesdasaberturas sãosemelhantesàsdatrepanaçãorotineiradosseios (Figura3-8).9Astécnicas,tantoparaasaberturaspe- quenascomoparaasmaiores,sãosemelhantesecon- sistemnainfiltraçãodeanestésicolocal,naincisãoda peleenaproduçãodeumburaconoossocomopino, brocaoutrépano.Quandoseusaotrépano,geralmente seincide,refleteou ressectao periósteo.O exameé feitoenquantoselavamosseioscomo líquidopoliô- nico. Resultados. Emalgunscasosclínicos,osseios estãorepletosdeexsudatoqueprecisaserretiradopor lavagemantesquesejapossívelrealizaroexame.Além disso,apresençadelesõesqueocupamespaço,como neoplasiasoumucosamacroscopicamenteespessada, . podelimitarum examecompleto.A anatomianor- malémostradanaFigura3-9.Causasdedoençasdos seiosinclueminfecção(sinusiteprimária,sinusite dentária), neoplasiasedistúrbiosdodesenvolvimento (cistosparanasais). Faringe Paraarealizaçãodoexamedafaringe,énecessá- rio umcompletoconhecimentodaanatomiae fisio- t FIGURA 3-8 Locaisdetrepanaçãodosseiosparanasais.A. Seiofrontoconchal.B.Seio maxilocaudal.C.Seiomaxilorostral. EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 47 Trajetodo Dueto Nasolaerimal SeioFrontal Massa Etmoidal Abertura Frontomaxilar SeioConehonasal(. . . .) SeioMaxiloeaudal Seio Maxilorostral CristaFaeial ForâmenInfra-orbital . FIGURA3-9 Anatomiadosseiosparanasais.(De:HaynesPF:Surgeryof lheequinerespiratorytract.In JenningsPB(ed).ThePracticeof LargeAnimalSurgery,vol1.Philadelphia,Saunders,1984,p40.Reproduzidacompermissão.) logiadaregião.10Afaringeédivididapelopalatomole empartesdorsaleventral.Rostralmente,aspartesdor- sale ventralsãoconhecidas,respectivamente,como nasofaringee orofaringe,e,caudalmente,comola- ringofaringedorsaleventral.Oendoscópioéprimeiro introduzidonanasofaringedesdeondeopalatomole évisívelventralmente.Progride,então,emdireçãoros- traiedorsolateral,respectivamente,paraorecessodor- salda faringee aberturasparaos tubosauditivos (Figura3-10).Alaringeégeralmentevisívelaofundo e é examinadamovendo-seo endoscópioprofunda- mentena faringe(Figura3-11).O observadordeve estarfamiliarizadocoma estruturadopalatomolee commaneirapelaquala laringerostral(epiglotee processoscorniculadosdacartilagemaritenóide)in- sere-seatravésda aberturaintrafaríngeano palato mole(Figura3-12).11 O examedaorofaringee laringofaringeventralé maisdifícil,maspodeserconseguidoavançando-se maiso endoscópioparaa nasofaringee,então,do- brando-oventralmentedemaneiraqueaextremida- dedistalpasseatravésdo óstiointrafaríngeo.Esse procedimentopodeserrealizadoemumanimalcons- ciente,masé maisseguroquandorealizadocomo cavalosobanestesiageral.Essasestruturaspodemtam- bémserexaminadaspassando-seumendoscópiopela boca,oque,emborasejamelhorrealizadosobaneste- siageral,podetambémserfeitoemumcavalocons- cientesobboacontençãoe amordaçado.É claroque issopõeoinstrumentosobriscodedanificação.Algu- maproteçãoaoendoscópiopodeserconseguida,se eleéinseridonumtubo,comoumtuboendotraqueal ou cânulametálica.O endoscópiopodetambémser inseridoatravésdeincisõesdelaringotomiaou tra- queotomia,sendoa visualizaçãofeitanumsentido caudorrostral.Taisincisõesnãosãogeralmentefeitas comessepropósito,maspodemserusadasseestãopre- sentes. Osobjetivosdeexaminaressapartedosistemares- piratórioconsistememavaliaraslesõesvisíveise a competênciafuncionaldeestruturascomoo palato moleea laringe.Oscavalosgeralmentedeglutemdu- ranteoexame,eoexaminadordeveestarfamiliariza- do como aspectoendoscópicoda regiãofaríngea duranteamanobra.Quando,duranteadeglutição,a pontadoendoscópioestánaporçãorostraldanasofa- ringe,asseguintesalteraçõesserãoobservadas: 48 VICTOR C. SPEIRS . FIGURA3-10 Visãoendoscópicadanasofaringemostrandoasaberturasfaríngeaspara ostubosauditivosesquerdoe direitoe o recessodorsaldafarínge,na linhamédiadorsal. . Movimentorostraldo palatomolee constriçãoda nasofaringecomperdaimediatadavisãoda laringe,nasofaringecaudale laringofaringedorsal. Essesmovimentossãoseguidosimediatamentepor deslocamentomedialdasabasdascartilagensdas entradasdostubosauditivosqueseencontramna linhamédia..Reaparecimentodeestruturaspoucovisíveisem suasposiçõesnormaise abduçãocompletade ambasascartilagensaritenóides.A posiçãodo palatomolerelativaà epiglotee aosprocessos corniculadosdascartilagensaritenóidestem particularimportâncianodiagnósticodedesloca- mentosdo palatomolee maufuncionamentodos mecanismosdedeglutição.A capacidadeda laringe emabduzircompletamente,apósdeglutição,é importanteaoavaliar-sea funçãolaríngea. . FIGURA 3-11 Endoscopiadalaringofaringedorsal,vistadesdeanasofaringerostral.A laringeévistaaofundo . FIGURA 3-12 Fenestraçãoelíptícano palatomole,o óstioíntrafaríngeo,peloquala laringe(epigloteeprocessoscorniculadosdascartilagensaritenóides)está normalmenteinserida(observequea herníplegialaríngeaestátambém presente). Condiçõesqueafetamafaringeincluemhiperpla- sialinfóidedafaringe,deslocamentodorsaldopalato mole,infecçõesbacterianas,fúngicasevirais,paresia ouparalisiaedesenvolvimentodecondiçõescomocis- tosefendaspalatinas.Algumasdessassãomostradas naFigura3-13. Divertícu/osdo TuboAuditivo Paraexaminar-seosdivertículosdotuboauditivo (DTAs),tambémchamadosdebolsasguturais,o en- doscópiodeveserprimeiramenteinseridoatravésdas aberturasdanasofaringequeestãolocalizadasnas paredesdorsolateraisdafaringe,rostrale dorsalao recessofaríngeo.12Cadaaberturaéemformadefenda ecobertamedialmenteporumaabatriangulardecar- tilagem.Essasabassão,demodousual,intimamente apostasàsparedesfaríngeaslaterais(excetodurantea deglutição),euminstrumentoretoerombonãopode geralmenteserinseridoporbaixodelas.Há várias maneirasdeter-seacessoaosDTAs,mastodoselesre- queremprática. ENDOSCÓPIO FLEXÍVEL. A inserçãodeumen- doscópioflexívelnosDTAsé maisfacilmenteconse- guidacomauxíliodeumapinçaflexíveldebiópsia passadaporumacânuladebiópsia.Oendoscópio,com a pinçadebiópsiano lugar,masnãoprotruindoda extremidadedistal,é inseridonanarinaipsolaterale conduzidoatéanasofaringe,numnívelimediatamen- terostralàaberturadotuboauditivo.Apinçaéentão estendidadoendoscópioporcercade2cme dirigida porsoba abadacartilagemà medidaqueseavança lentamenteoendoscópio(Figura3-14).Apósumain- troduçãobem-sucedida,o endoscópioé dirigidopor EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 49 baixodaasadacartilagemparaoDTA.Essamanobra necessitaalgumamanipulaçãoe destreza,o quese adquirecoma prática.A abadacartilagemé mais facilmenteelevadase,durantea inserção,o endoscó- pioé rotadodemaneiraquea tentadebiópsiaque estánocanallocalizadoexcentricamenteseposiciona medialmente(p.ex.,maispertodaabadecartilagem doquedaparededafaringe).Emboraosdivertículos direitoeesquerdopossamserexaminadossemarein- serçãodoendoscópionafossanasalcontralateral,isso nemsempreépossívelegeralmenteéumpoucomais difícil.Poressarazão,é recomendadoquecadaDTA A c sejaexaminadocomo endoscópionafossanasalip- solateral. A abadecartilagempodetambémserelevadacom umcateterrígido,comapontadobrada,queépassa- doparacima,pelamesmafossanasalqueoendoscó- pio.Ainserçãodocateterérealizadacomvisualização diretaatravésdoendoscópio.Umavezqueaabaéele- vada,oendoscópiopode seravançadoparao DTA,tam- bémsobvisualizaçãodireta. ENDOSCÓPIO RÍGIDO. Antesdoadventodoen- doscópioflexível,oexamedosDTAserafeitocomen- B . FIGURA 3-13 Fotografiasendoscópicasdealgumasanormalidadesdafaringe.A. Deslocamentodorsaldopalatomole.Observequea epiglotenão podeservista.Observetambémasúlcerasnobordorostraldoóstio.B.Hiperplasialinfóidedafaringe.Observeaextensaproliferaçãode nódulosnodorsoenasparedesdafaringe.Normalmentea laringeestariavisível,mas,nessecaso,a respostainflamatóriaeatumefação associadasãotãomarcantesqueapenasaepiglotepodeservista.C.CistosubepiglóticoUmcistoestálocalizadoabaixodaepiglote.O ápicedaepiglotepodeservistorepousandosobreasuperfíciedorsolateraldocisto.Umahemiplegialaringeaesquerdacoexistentepode tambémserobservada. 50 VICTOR C. SPEIRS t FIGURA 3-14 Inserçãodeumendoscópioflexivelnotuboauditivo.A pinça flexíveldebiópsiafoipassadaporbaixodaabacartilaginosa quecobreaaberturadotuboauditivo,dessaformaelevando- o epermitindoa inserçãodoendoscópio. doscópiorígido,oquerequerumatécnicadeinserção totalmentediferente.Comoendoscópiorígido,émais importanteter-seumacontençãoexcelente,porque qualquermovimentosúbitoporpartedocavalopode resultaremdanoaoinstrumentoounamaisprofusa epistaxe.Paracontenção,énecessárioumcachimbo defocinhoe,ocasionalmente,tambéma contenção química.Parafacilitara inserçãoabaixoda abade cartilagem,o endoscópiodevepossuirumapontaem ângulo.Oinstrumento,comsuapontaemângulodi- recionadaparabaixo,épassadocuidadosamente,em direçãoacima,pelomeatoventral,enquantomantém- secontatofirmeesuavecomo assoalhodafossana- sal.Quandoatingeoníveldaporçãocaudaldopalato duro,percebidocomoumapequenaelevaçãono as- soalhodaporçãocaudaldafossanasal,o endoscópio érotadoem90°paradirecionarsuapontalateralmen- te.Coma pontamantidacontraa paredelateralda faringe,oendoscópioélentamenteavançado,permi- tindoqueapontadeslizeporbaixodaabacartilagi- nosaeentãoparao DTA.Comexperiência,o clínico podedetectarquandoo instrumentotocaa aba.Seo instrumentonãoentrano DTA,passacaudalmentee tocaaporçãocaudaldafaringe,o quedáumasensa- çãosemelhanteaotoquedeumaesponja.A técnica nãoéfácilerequerprática.Seoclínicoéafortunadoo suficienteparaterdoisendoscópios,osegundoendos- cópio,passadonafossanasaloposta,podeserusado paravisualizara inserçãodoprimeiro.Essesmétodos tambémseaplicamparaocavaloanestesiado. Comqualquerdessastécnicas,é importanteavan- çaroendoscópiomuitocuidadosamenteparanãoda- nificarqualquerestruturadentrodoDTA,especial- mentequandoexisteapossibilidadedemicose. t FIGURA 3-15 Fotografiaendoscópicado interiordodivertículodotuboauditivonor- mal. O aspectoendoscópicodoDTAédemonstradona Figura3-15.Algumascondiçõesfreqüentementediag- nosticadasincluemempiema(àsvezescomacumu- laçãodeexsudatoespessoconhecidocomocondrói- de),micose(comou semsangramentodeum vaso associado)e timpanismo.Algumasdessascondições sãomostradasnaFigura3-16.Seo DTAestácheiode sangueouexsudato,o endoscópioficarásubmersoe seráimpossívelvisualizarqualquercoisa. Laringe A laringeé examinadaavançando-semaiso en- doscópioparao interiordanasofaringe.Oexamina- dordeveentendera anatomianormaldalaringeede suascartilagensconstituintese sercapazdedetectar anormalidadesestáticasefuncionais.13Aavaliaçãoda capacidadedascartilagensaritenóidesemabduziré particularmenteimportante,devidoàgrandeincidên- ciadehemiplegiadelaringeedacondiçãoconhecida comoparesialaríngeaoularingeassincrônica.Cava- lossubmetidosàendoscopiaestãogeralmenteemre- pousoe,portanto,respirandomuitotranqüilamente, o que,namaioriadasvezes,tornaimpossívelaavali- açãodasfunçõesabdutorase adutoras.Algumastéc- nicassimpleseconfiáveisparainduziroaumentoda atividadelaríngeanocavaloparadosãodadasa se- guir. INDUÇÃO DA DEGLUTIÇÃO. Em cavalosnor- mais,a deglutiçãoé seguidaimediatamenteporab- duçãobilateralcompleta.Seháalgumdefeitoabdutor, elegeralmentepodeserdetectadonessemomento.A EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 51 deglutiçãoé induzidamaisfacilmenteintroduzindo- sealgunsmilímetrosdeáguapelocanaldelavagem doendoscópio.Outrométodoconsisteemtocarbreve- menteaepiglotecomapontadoendoscópiooucom umapinçadebiópsiaprotruindodoendoscópio. OCLUSÃONASAL. Aoclusãodeambasasnarinas duranteo exameinduztantoaduçãocomoabdução parcial.No entanto,o pacientepoderessentir-sedo procedimentorespondendoviolentamente. TESTE DA PALMADA. Umtestedapalmadaem umcavalocomreflexosespinhaisnormaisquenão sofradehemiplegialaríngeaestimularáaaduçãoari- A c tenóide.O testeconsisteemaplicar,comamãoaber- ta,umarápidaefirmepalmadaimediatamenteatrás dacemelhadocavalo.Umarespostanormalconsiste emaduçãomomentâneadacartilagemaritenóidecon- tralateral.Infelizmente,o testeé limitado,porquea respostaé fracaou ausenteemcavalosnervososou tensos. RESPIRAÇÃO REPETIDA DO AR EXPIRA- DO. A freqüênciadosmovimentosrespiratóriose laríngeosaumentaquandosecolocaumsacoplástico sobreo focinho eboca (verMétodosparaEstimularos MovimentosRespiratórios).Um endoscópiointrodu- zidoporumburaconosacopermitiráaobservaçãode B t FIGURA 3-16 Fotografiasendoscópicasdealgunsexemplosdeanomaliasnodivertículodotuboauditivo.A.(ondróides.Observea presençade condróidesarredondados,formadosporexsudatoespesso.B. Micose.Observea mucosahemorrágicae o exsudatonecrótico.C. Timpanismo.O divertículodotuboauditivoestádistendidoporaremanifesta-secomoumatumefaçãotimpánicanaregiãoparotí- dea. 52 VICTORC. SPEIRS atividadelaríngeaaumentadaàmedidaqueo cavalo reageà respiraçãoforçadadequantidadescrescentes dedióxidodecarbono. ESTIMULAÇÃO QUÍMICA. Aestimulaçãoquími- cadarespiraçãoéummétodoútildeestimulaçãodos movimentoslaríngeos(verMétodosparaEstimularos MovimentosRespiratórios). EXAME APÓS EXERCÍCIO. Porumcurtoperío- dodetempoapósoexercício,oscavaloscontinuama respirarprofundae rapidamente.Essaatividade,no entanto,diminuiempoucosminutos.Seoexercícioé mantidoatéqueocavaloestejarespirandoaumafre- qüênciade100rpm,haverátemposuficienteparacon- duzirumaendoscopia,casoela sejafeitaimedia- tamente. VIDEOENDOSCOPIA DURANTE EXERCÍCIO. Eminstalaçõescomequipamentosapropriados,ago- raépossívelavaliarafunçãorespiratóriasuperiorem cavalosenquantoelessemovimentamemumaestei- ra rolantedealtavelocidade.Issotemespecialvalor paradetectarocolapsodinâmicodaaritenóideeava- liardistúrbiossutiseédescritoemAvaliaçãodoSiste- maRespiratórioSuperiorDuranteExercício. Comoamaioriadoscavalosestáemrepouso,pelo menosparaoprimeiroexame,torna-senecessárioum sistemadegradaçãodafunçãolaríngeaemcavalos emrepousoquepossaser,casonecessário,extrapola- doparao cavaloemexercício.Umdessessistemasé descritonoquadro.14A avaliaçãodasimetriae abdu- çãodaaritenóidenalaringeemrepousoésubjetivae podevariarcomsedação,aplicaçãodocachimbo,vi- sualizaçãopelanarinaopostaeentreosexames.POf= tanto,nointeressedaregularidade,o examedeveser feitosemsedaçãoecomo endoscópiosempreintro- duzidonamesmafossanasal.Ocasionalmentesetor- nanecessáriocomparara imagemdalaringecoma dasfossasnasaisesquerdaedireita.Comofoimencio- nado,freqüentementeénecessárioousodocachimbo edeveserlembradoquetantoocachimbocomoase- daçãotendema reduzirosmovimentoslaríngeosea extensãodosmovimentosassincrônicos. AFigura3-17demonstraa laringenormalealgu- masanormalidades. TraquéiaeBrônquios Atraquéiaeosbrônquiosprincipaispodemserexa- minadosquandoocavaloestácontidonotronco.15Um cachimboparao focinhoé útil paraa contençãoe, ocasionalmente,a contençãoquímicatambémé ne- cessária.O usodeumadrogacomohidrocloretode xilazinaé igualmenteútil, porquereduza tosse.A maioriadoscavalospermitequeoendoscópioflexível sejapassadoparaaporçãoproximaldatraquéiasem evidênciasdedesconforto.Oexamedosbrônquiosne- cessitadeendoscópiocomumcomprimentomínimo de150cm.Empotrosecavalospequenos,umendos- cópiomaiscurtopodeserapropriado.Àmedidaqueo endoscópioéavançadoparaasporçõesdistaisdatra- quéiaeparaseupontodebifurcaçãoembrônquios principaisdireitoeesquerdo,oreflexodetosseégeral- menteinduzido.A tosseé minimizadaaspergindo-se algunsmililitrosdeanestésicolocalpelocanalde biópsiadoendoscópioà medidaqueeleavançavia aéreaabaixo.O examedevesersistemático,e cada brônquioprincipaldeveserexaminado.Endoscópios comdiâmetrosdecercade12mmpassamfacilmente pelosbrônquiosprincipaisetambémpelosbrônquios menoressegmentados.Aviaaéreanormalémostrada naFigura3-18. Coleta e Avaliação das Secreções das Vias Aéreas Inferiores A capacidadediagnósticadedoençasdasviasaé- reasinferioresé freqüentementeincrementadapela SISTEMA DE GRADAÇÃO PARA A FUNÇÃO LARÍNGEA .Grau 1.Abduçãoe aduçãosincrônicascomple- tasdascartilagensaritenóidesdireitae esquerda.Ocorreabduçãocompletadurante exercício..Grau 2. Movimentosassincrônicos(hesitação, adejo[vibração],fraquezaabdutora)da cartila- gemaritenóideesquerdadurantequalquerfase da respiração.Abduçãocompletada cartilagem aritenóideesquerdapodeserprovocadapor oclusãonasalou pordeglutição.Abdução completaocorreduranteexercício..Grau 3. Movimentosassincrônicos(hesitação, adejo[vibração],fraquezaabdutora)dacartila- gemaritenóideesquerdadurantequalquerfase darespiração.A abduçãocompletanãopode serprovocadae ocorreduranteo exercíciona maioriadoscavalos,masalgunsentramem colapsodinãmicodacartilagemaritenóide. Exceçõesnãopodemserprevistascombasena interpretaçãodoexameemrepouso..Grau 4. Acentuadaassimetriada laringeem repousosemmovimentosignificativodurante qualquerfasedarespiração.Todososcavalos entramemcolapsodinâmicodaaritenóide.14 EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 53 t FIGURA 3-17 Fotografiasendoscópicasdalaringe.A. Adução.Osprocessoscorniculadosesquerdoedireitoestãocompletamenteabduzidoseemoposiçãoumao outronalinhamédia.B. Assincronia.Observequeo processocorniculadoesquerdonãoestátãoabduzidoquandoo doladodireitoC.Abdução completa.EsseéomesmocavalomostradonafotoB,apósestímulodadeglutição.D.Hemiplegíadalaringe.Oprocessocorniculadoesquerdoeacorda vocalestãoposicionadosquasenalinharnédiae demonstrama ausênciadeabdução.E.Condrite.Observea distorçãodoprocessocorniculado esquerdoeatumefaçãodasuperfíciemedialdacartilagemaritenóide. 54 VICTOR C. SPEIRS . FIGURA 3-18 Fotografiaendoscópicadabifurcaçãonormaldatraquéia.Obser- veosbrônquiosprincipaisesquerdoedireito,separadospelacari- na.O brônquiomenordoloboacessóriopodetambémservisto localizadoventromedialmente,logodentrodobrônquioprincipal direito. avaliaçãocitológicaemicrobiológicadassecreçõesres- piratórias.Como propósitodessaavaliação,uma amostradesecreçãoécolhidadatraquéiaedasvias aéreasinferiores. Líquidos Traqueais Assecreçõesna traquéiapodemsercoletadassob visualizaçãodireta,pormeiodeumendoscópiointro- duzidopelasnarinasnatraquéia,ou àscegas,inse- rindo-seumcateterpercutaneamente.Em qualquer umdoscasos,é possívelcolher-seumaamostrapor aspiraçãosimplesouporaspiraçãoapósinjetar-seuma soluçãodelavagem.Independentementedequalmé- todosejapreferidopeloexaminador,énecessárioob- ter-seumaamostradevolumesuficienteparaaanálise. MÉTODOS DE COLETADE LÍQUIDOS DASVIAS AÉREAS INFERIORES .Lavageme aspiraçãotranstraquealpercutãnea (LTP).Aspiraçãotranstraquealpercutânea(ATP).Lavageme aspiraçãotranstraquealendoscópica (LTE).Aspiraçãotranstraquealendoscópica(ATE).Lavagembroncoalveolar(LBA) LAVAGEM E ASPIRAÇÃO TRANSTRAQUEAL PERCUTÂNEA. Lavageme aspiraçãotranstra- quealpercutânea(LTP)refere-seàcoleçãodelíquido da árvoretraqueobrônquicausando-seumatécnica percutâneaparainjetarlíquidodelavagemeapósco- letá-loporaspiração.A aspiraçãotranstraquealper- cutânea(ATP)refere-seaomesmométodo,realizado seminjetarlíquidodelavagem.Oprincípioédemons- tradonaFigura3-19. Procedimento. Umaáreadeaproximadamen-te5 x 5cm,centradasobreo terçomédiodatraquéia, é tricotomizadae preparadacirurgicamente.16Sob contençãoadequada,5m.edesoluçãoanestésicalocal sãoinjetadossubcutaneamenteeentreumpardeanéis traqueaisadjacentes.Umapequenaincisãocortanteé feitanapele,ea agulhaeo trocartesãoinseridosen- treosanéistraqueaisedirecionadostraquéiaabaixo. Deve-setercuidadoparaevitaro traumatismodapa- redeopostadatraquéia,e o chanfrodaagulhadeve posicionar-separabaixodaviaaérea,minimizando aschancesdecortar-seocateteracidentalmente. Quandoseusaumsistemadefabricaçãocaseira,o cateteré inseridopelaagulhaou trocarte.Aousar-se umsistemacomercial,ocateterésimplesmenteavan- çadoatravésdaagulha.Emtodososcasos,ocateteré avançadoatéimediatamenteapósaentradatorácica. É importanteevitar-searetiradadocatetercomaagu- lha in situ,porqueo bordocortantedaagulhapode facilmentecortaro cateter,deixandoumpedaçono interiordatraquéia.ParaarealizaçãodaLTP,asolu- çãosalinaestérilé rapidamenteinjetadae imediata- menteaspirada.QuandoseusaumsistemaIntracath, o mandrildeveserremovidoantesdeinjetar-seo lí- quido.Àsvezes,o procedimentorequerváriasrepeti- çõesantesqueumvolumesatisfatóriodeaspiradoseja obtido.NaATP,assecreçõessãosimplesmenteaspira- dasseminjetar-sepreviamenteo líquidodelavagem; noentanto,issosófuncionaquandoexisteumvolu- mecopiosodesecreção.É comumrecuperar-seuma quantidademenordelíquidoquea injetada.Repeti- çõesfreqüentessãoassociadasàtosse,oquepodedes- locaro tuboproximalmenteparaa faringe,embora issosejamenosprovávelseforusadoumtuboespesso. Finalmente,ocateteréremovidoe,emboraa incisão possasersuturadaeumabandagempossaseraplica- daaopescoço,nenhumdessesprocedimentoséneces- sário. Asamostrasdevemsersubmetidasà avaliaçãoci- tológicaebacteriológica,comoédescritonoApêndice C. Complicações. Oprocedimentoérelativamen- teinócuo,mashácomplicaçõespotenciais: .Vazamentodeardatraquéiaé comume podeser visto,raramente,comoenfisemasubcutâneoóbvio ou, maiscomumente,nasradiografias,como EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 55 Lavagem/aspiração transtraqueal percutãnea t FIGURA 3-19 Coletapercutâneadassecreçõesdasviasaéreasinferiores.Observequeumcateterfoiinseridopercuta- neamenteno interiorda traquéia. enfisemamediastínico.Geralmentenãotem importânciaclínica.Suaincidênciapodeser reduzida,aplicando-sepressãoao localdepunção, poralgunsminutosapóso procedimento..Condritepodeocorreremconseqüênciaaodanona cartilagem.Isso,no entanto,é raroe facilmente evitávelpelousocuidadosodatécnica.. Infecçãosubcutâneanãoé umacontecimentoraro. Emborasejadepoucosignificado,poderesultarem abscessoslocaisou estender-sepescoçoabaixo, criandoumamediastiniteséptica,potencialmente muitograve..Perdadeumasecçãodocateter.Temsidodemons- tradoque,seo cateteré inadvertidamentecortado e umpedaçoficanaviaaérea,eleseráexpelido pelatosseempoucosminutos.1?Apesardo quanto issopossasertranqüilizador,é preferívelevitaressa complicação,cuidandoparaqueo cateternunca sejaretiradodaagulha,enquantoelaestivernavia aérea. Resultados Citológicos. Líquidostraqueo- bronquiaisdecavalosnormaiscontêmprincipalmen- tecélulasepiteliaiscilíndricasciliadas,macrófagos, pequenoslinfócitose neutrófilos.18Algunsdadosda avaliaçãocitológicadoslíquidostraqueaisobtidospor LTPdecavalosnormaissãoapresentadosnaTabela3- 2.2.19.20 Osdadossãoapresentadossobformadeporcenta- gem,porqueo usodo métododelavagemintroduz umfatordiluentedesconhecido.Emgeral,poucomuco estápresente,e ascélulaspredominantessãomacró- fagosalveolaresdopulmãoecélulasepiteliais.Algu- mavariaçãoéprovavelmenterelacionadaàstécnicas decoletae interpretaçãoe tambémà dificuldadeem selecionarcavalossadioscomosquaissepossames- tabelecervaloresdereferência.Adificuldadeemesta- belecervaloresdereferênciatemsidodemonstrada.20 O tipocelularpredominantevariacomo tipode doençapresente.Asseguintescategoriasamplassão reconhecidas. 56 VICTOR C. SPEIRS Materiais para Lavageme Aspiração Transtraqueal Percutânea' . Soluçãoanestésicalocal(hidrocloretode lidocaínaa2%,hidrocloretodemepivacaínaa 2%) . lâminadebisturi(#22) . Instrumentosdecoleta Sistemadisponívelcomercialmenteconsistin- doemumcateter"atravésdaagulha" calibre16com56cmdecomprimento Sistema"defabricaçãocaseira"usandouma cânulacalibre16ou14comtubode polietileno(PE240)eagulhaacoplada Trocarte(5-6cm,calibre.8-10)etuboPE240, oucateterdetamanhosemelhanteusado paraexamedotratourináriodecães . Seringa(50mf)comsoluçãosalinaestéril . Gaze,esponjae luvasestéreis . Tubosparaascoletas .Aumentonaproporçãode neutrófilos,associadoà inflamação(doençarespiratóriacrônica,pneumo- nia,pleuropneumonia).Aumentono númerodehemossiderófagos, associadoà hemorragiapulmonarinduzidapor \ exercício.Aumentononúmerodeeosinófilos,associadocom doençaalérgica Num estudoanterior,com usodeATP,tambémfoi demonstradoo predomíniode células epiteliaisem secreçõesnormaise a tendênciapara númeroscres- centesde neutrófilos e linfócitos em cavalos com doençarespiratóriacrônicae de eosinófilosem ani- mais comdoençasalérgicas,21 No entanto,osachadoscitológicosnemsemprees- tão de acordocom a avaliaçãohistológicadospul- mões. Resultados Bacteriológicos. As viasaéreas superioresnãosãoestéreis,esuaflorapodevariarcom o meioambiente,sendomaior a probabilidadedeiso- lamento de bactériase fungos respectivamente,em hospitaise estábulos.Segue-seum exemplodosresul- tadosda culturadematerialobtidodecavalossaudá- veis.22 . De cavalosde corridaestabulados(N = 50) Bactériasaeróbicasde reconhecidapatogenicida- de(8%) Bactériastransitórias(24%) Negativos(74%).De cavalosde corridaa campo (N = 36) Bactériasaeróbicasde reconhecidapatogenicida- de(8%) Bactériastransitórias(64%) Negativos(28%) Em 12casos,quandoculturasanaeróbicasforam realizadas,nãohouveculturapositiva.Nãoforamrea- lizadasculturasparafungos,mas,emambososgru- pos,observou-secrescimentofúngicoem16%daspla- casdeágar-sangue.Domesmomodo,Nocardiaspp. foiobservadaem4%doscavalosestabuladoseem19% doscavalosemcampolivre. Osignificadodoisolamentodemicrorganismosé, portanto,àsvezesdifícildejulgar.Noentanto,asbac- tériasquecausamdoençaprovavelmenteestãopre- sentesem grandesnúmeros,têma patogenicidade reconhecidaepodemserencontradasintracelularmen- teassociadasaevidênciascitológicasdeinflamação. LAVAGEM E ASPIRAÇÃO TRANSTRAQUEAL ENDOSCÓPICA. Comessesmétodos,o acessoàs secreçõesdasviasaéreaséobtidocomumendoscópio flexívelpassadoatéatraquéia,pelanarina(Figura3- 20A).Assecreçõessãocolhidassobvisualizaçãoen- doscópicadiretacomlíquidode lavagem(lavagem endoscópicatranstraqueal[LTE]) ou semlíquido (ATE). , Técnica. Apósocavalotersidoadequadamente contido,o endoscópio,comum cateterno canalde biópsia,épassadoatravésdafossanasale,então,tra- quéiaabaixo,atéumaposiçãoimediatamenteproxi- malàentradatorácica.NaLTE,30mJ!desoluçãosalina estériltamponadasãoinjetadosatravésdocateter.A soluçãotendeaacumular-senaregiãodaentradado tórax.Oendoscópioéentãoavançado,sobvisualiza- çãodireta,atéquesuapontaestejapertodolíquido, queéentãoaspirado,usando-seocatetereaseringa. NaATE,assecreçõesdasviasaéreassãoaspiradassob visualizaçãodireta,semadiluiçãopelolíquido(solu- çãofisiológica)delavagem.Oprocedimentopodeser estendido,passando-seocateteratéumbrônquio.A maiorquantidadepossíveldelíquidoé colhidapara avaliaçãodacontagemcelulartotalediferencialepara avaliaçãobacteriológica. Resultados Citológicos. Algunsvaloresde referênciaparasecreçõestraqueaissãoapresentados naTabela3-3.2,23.24Comoeradeseesperar,asrespos- tascitológicasàdoença,nassecreçõesobtidasendos- copicamente,sãosemelhantesàsdescritashá pouco paraatécnicapercutânea.Novamente,háumaumen- tonaproporçãodeneutrófilos,associadoà pneumo- nia e doençarespiratóriacrônica,um aumentode / . TABELA 3-2 ALGUNSVALORESDEREFERÊNCIAPARAO CONTEÚDOCELULARDOLíQUIDOTRAQUEOBRÔNQUICOOBTIDODEEQÜINOSPORASPIRAÇÃOCOMLAVAGEMTRANSTRAQUEALPERCUTÃNEA:CONTAGENS CELULARESTOTAL(X105jCÉLULASjmR)EDIFERENCIAL(%I 1DP) Células Alveolares ReferênciasPlasmócitos 2,2 103,4 10,7 2 19 20 m X » :;:;: m n.- z' n O Om m I:) c' z O V1 VI ..... Númerode Totalde Células Células Cavalos Células Escamosas Epiteliais Macrófagos Linfócitos Neutrófilos Eosinófilos Mastócitos 15 4,9 O 19,8 65,0 7,4 6,4 1,2 0,2 I 2,7 I6,1 t 13,7 103,8 I5,5 t 1,4 I 0,4 92 2,3 13,0 34,0 4,9 39,0 3,5 1,6 1:2,6 I 18,0 I3,1 t 21,0 1:2,0 I1,9 66 30,4 44,1 5,4 17,8 0,7 I 24,4 I 23,2 I4,1 1:21,8 1:2,2 58 VICTOR C. SPEIRS A. Lavagem/aspiraçãotranstraqueal endoscópica B. Lavagembroncoalveolar t FIGURA 3-20 Coletatranstraquealendoscópicadassecreçõesdo sistemarespiratórioinferior.Observequeo cateterestánointeriordeumendoscópioquefoi passadopelafossanasale daíparaa traquéia.A. Aspiraçãoou lavagemtranstraquealendoscópica.Observequea pontado endoscópionãofoi completamenteintroduzida.B.Lavagembroncoalveolar.Observequeo endoscópiofoi introduzidoatéencaixar-senumaviaaéreadista!. eosinófilos,emassociaçãoavenDespulmonares,eum aumentononúmerodeneutrófilosdegenerados,quan- dohá infecçãopresente. Resultados Bacteriológicos. Asprincipais vantagensdessemétodosãoquesecreções,mesmo quandoescassas,podemsercoletadassobvisualiza- çãodireta.Ê tambémfácilerápidoderealizareevita traumatismosnatraquéia.Aprincipaldesvantagemé que,semprecauçõesespeciais,geralmenteocorrecon- taminaçãodaamostracommicrorganismosdosiste- marespiratóriosuperior. o significadodapresençademicrorganismosnem sempreéfácildeestabelecer.Emumestudoemcava- losnonnais,30%dasamostrasproduzirammicrorga- nismosconsideradoscomopatógenospotenciais.25Em outroestudo,houveumaboacorrelaçãoentreaATPe atécnicadeumswabúnicoprotegido(pinceldecate- terúnico)nacapacidadedessastécnicasemisolartan- tobactériasanaeróbicasquantobactériastransitórias efungosemcavaloscomousempneumonia.26 Paracontornaroproblemadecontaminaçãocom microrganismosdasviasaéreassuperiores,vários t TABELA 3-3 ALGUNSVALORESDEREFERÊNCIAPARAOCONTEÚDOCELULARDOLíQUIDOTRAQUEOBRÔNQUICOOBTIDOPORASPIRAÇÃOCOMLAVAGEMTRANSTRAQUEALENDOSCÓPICA:CONTAGENSCELULARESTOTAL (X10SjCÉLULASjl)EDIFERENCIAL(%I 1DP) Células Alveolares Referências 10,7 23 24 m X :&> ~ m Í\ r z' Í\ O O m m D c' z O V> VI \D Númerode Totalde Células Células Cavalos Células Escamosas Epiteliais Macrófagos Linfócitos Neutrófilos Eosinófilos Mastócitos Plasmócitos 4 5,8 0,3 49,1 43,0 2,2 4,6 0,7 0,1 I 5,6 IO,6 I11,5 I 10,7 I2,8 I 4,9 IOA I 0,2 10 34,0 24,0 8,2 32,0 <1,0 - 2,2 t6,6 I 4,0 Il,9 I8,9 nA 20 26,0 53,0 8,0 9,0 2,0 3,0 I ,25,0 I 20,0 I6,0 I12,0 I 4,0 (Monócitos)
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