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S.P 1.1 – Câncer de Colo de Útero TBL Ciclo celular Pode-se definir o ciclo celular como o processo pelo qual a célula cresce, duplica seu material genético e se divide em duas células idênticas. A priori o ciclo celular é dividido em duas fases: - Interfase - Fase M (divisão) Interfase: É o período mais longo do ciclo celular e é caracterizado pelo: - ⭡ atividade metabólica - ⭡ crescimento celular • Fase G1 - Período de crescimento celular e preparação para duplicação do DNA. - No início a um aumento de ciclina D (start) e na transição de G1 para S ciclina E. • Fase S – Ocorre duplicação do material genético, criando duas cópias idênticas de cada cromossomo. - Aumento intercelular da ciclina A • Fase G2 - A célula continua crescendo e se preparando para a divisão celular - Momento de interação entre CDK-ciclina B, que são utilizados como fatores de promoção e maturação, se comportando dessa forma como um regulador de passagem para o estagio G2 para mitose. • Ponto de checagem do fuso - na transição de metáfase para anáfase - CDK’s (quinases) são dependentes das ciclinas para serem ativadas. Pontos de Checagem (Mediado por ciclinas) ⭢ G1 para S (Tem como maior intuito a checagem de danos ao DNA; Tamanho da célula; Reservas energéticas/nutricionais) * Mediada pela pRb (quando a célula precisa crescer tal proteína é fosforilada). ⭢ G2 para fase M (Avaliação da qualidade da replicação do material genético que ocorreu na fase S) Fase M (Mitose) A fase M é a fase de divisão celular propriamente dita. Ela se divide em várias subfases: • Prófase: A cromatina se condensa em cromossomos, o envoltório nuclear se desfaz e o fuso mitótico começa a se formar. • Prometáfase: Os cromossomos se ligam às fibras do fuso mitótico. • Metáfase: Os cromossomos se alinham na placa equatorial da célula. • Anáfase: As cromátides-irmãs se separam e migram para polos opostos da célula. • Telófase: Os cromossomos se descondensam, o envoltório nuclear se reorganiza e ocorre a citocinese (divisão do citoplasma Fatores inibitórios de proliferação O que é neoplasia? De acordo com o médico patologista Rupert Wills, pode-se definir que “ neoplasia é uma massa anormal de tecido cujo crescimento excede e não está coordenado ao crescimento dos tecidos normais e que persiste mesmo cessada a causa que provocou”. - Distúrbio da proliferação celular em um clone, desencadeado por mutações adquiridas. Podendo ser benigna ou maligna. - A diferenciação entre neoplasia benigna e neoplasia maligna é realizada traves das seguintes características: 1. Diferenciação e Anaplasia (falta de diferenciação) A diferenciação refere-se ao Grau em que as células neoplásicas se assemelham às células normais de origem em termos de morfologia e função. Em contrapartida, a anaplasia refere-se a falta de diferenciação, característica marcante das neoplasias malignas. Características anaplasias: • Pleomorfismo: Variação no tamanho e forma das células e núcleos. • Hipercromasia: Núcleos escuros devido ao aumento do conteúdo de DNA. Mitose Atípica: Presença de figuras mitóticas anormais. 2. Invasão local Refere-se ao processo pelo qual células tumorais malignas penetram se infiltram nos tecidos adjacentes, destruindo a arquitetura normal do tecido. 3. Capacidade de metástase Trata-se da capacidade de disseminação de um tumor para locais anatomicamente distantes do tumor primário. Exclusiva de neoplasias malignas; neoplasias benignas não metastatizam. Semeadura nas Cavidades Corporais • Disseminação Linfática • Disseminação Hematogênica Como ocorre a Carcinogênese? A carcinogênese é o processo biológico pelo qual células normais passam para se transformarem em células cancerosas. Tais alterações decorrem de alterações (mutações, translocações, deleções e alterações epigenéticas (interferências em estruturas relacionadas com o material genético)) que interferem no material genético. Etapas 1. Iniciação Trata-se da fase na qual ocorre mudanças irreversíveis no DNA celular. Tal processo, pode ser desencadeado pelos seguintes agentes carcinogênicos: - Hereditários / Familiares - Físicos (Radiação e traumas recorrentes) - Químicos (Tabaco, asbesto, álcool) - Infecciosos (Vírus e Bactérias) * Nessa fase as células apresentam alterações genéticas que podem vir a se tornar câncer porém ainda não se dividem descontroladamente. 2. Promoção Momento no qual as células começam a se proliferar de maneira descontrolada. Tal proliferação ocorre devido a fatores hormonais e de crescimento (proteína ou moléculas sinalizadoras). 3. Progressão A progressão é a fase final da carcinogênese, onde as células cancerosas se tornam mais agressivas, acumulando mutações que permitem invasão de tecidos, resistência a apoptose, angiogênese e metástase. Conceitos importantes Protooncogenese: Gene que codifica proteínas que estimulam proliferação e diferenciação em células normais Oncogene: Protoncogene alterado devido ao acúmulo de mutações genéticas. - Atuam como promotores de crescimento e aceleradores do ciclo celular Gene Supressor de Tumor/Anti-oncogenes: Bloqueia a proliferação celular, ocasionando a apoptose (ex: p53 e Rb) - Atuam como um freio no ciclo celular. TUTORIA HPV – Vírus do Papiloma Humano Principais características do Vírus - Possui genoma de fita dupla - Não envelopado - Tropismo pelo epitélio Tipos de vírus Epitélio Queratinizado (pele) ⭢1, 2, 3, 4 (associados a presença de verrugas comum) ⭢ 41 (associado ao carcinoma de células escamosas) Epitélio não queratinizado (mucosa) ⭢ 6,11 (Associado a verrugas genitais (baixo risco)) ⭢ 16, 18 (Associado a câncer de colo de útero, pênis e de orofaringe (alto risco)) * HPV de abaixo risco está associado a lesões benignas enquanto o HPV de alto risco está altamente relacionado a lesões malignas. Transmissão A contaminação pelo vírus ocorre através do contato direto com a pele ou a mucosa infectada, durante qualquer contato sexual (genital-genital, oral-genital e manual-genital). Mecanismo de infecção por HPV O HPV infecta o epitélio através de microlesões, entrando nas camadas basais. O vírus se liga a receptores celulares e é internalizado. No núcleo, seu DNA se replica e, nas camadas superiores do epitélio, produz proteínas virais como E6 e E7, que inativam os genes supressores de tumor p53 e pRb (Proteína do Retinoblastoma). Isso permite o crescimento celular descontrolado. O vírus se replica, monta novas partículas virais e é liberado pelas células mortas. Se o sistema imunológico não eliminar o vírus, a infecção pode persistir e levar a lesões pré-cancerosas ou câncer. Vacina Atualmente no Brasil existem os 3 tipos de vacina abaixo: 1. Vacina Bivalente (Cervarix): Protege contra o HPV-16 e o HPV-18 prevenindo neoplasias malignas. 2. Vacina Quadrivalente (Gardasil): Protege contra o HPV-6, HPV-11,HPV-16 e o HPV-18 prevenindo verrugas genitais e neoplasias malignas . 3. Vacina Nonavalente (Gardasil 9): Protege contra o HPV-6, HPV-11,HPV-16 e o HPV-18, HPV-31, HPV-45, HPV-52, HPV-58, oferecendo proteção adicional contra outros tipos de agentes oncogênicos. - A vacina disponibilizada pelo SUS é quadrivalente, e atualmente é ministrada em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos em única dose. Câncer de colo de útero Pode-se definir o câncer de colo uterino, como uma neoplasia maligna associada ao vírus HPV. Colo uterino - Histologia • Ectocérvice (região externa): Revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado, semelhante à vagina, atua como barreira protetora. • Endocérvice (região interna): Revestida por epitélio colunar glandular,responsável pela produção de muco cervical * Célula basais ⭢Células superficiais (atividade celular) • Junção Escamocolunar (JEC): Área de transição entre o epitélio escamoso da ectocérvice e o epitélio colunar da endocérvice, cuja posição varia ao longo da vida. * Após a menarca, o estímulo hormonal faz o epitélio endocervical proliferar-se e se projetar para região externa do colo do útero ocasionando o que é conhecido como eversão. • Zona de Transformação: Área ao redor da JEC, onde ocorre a metaplasia escamosa e que é o principal local de risco para lesões causadas pelo HPV e transformação maligna. * A metaplasia escamosa ocorre como uma resposta adaptativa do corpo a mudanças do ambiente cervical, uma vez que durante a adolescência o JEC se desloca para fora do colo uterino, expondo o epitélio colunar da endocervice ao ambiente ácido e irritante da vagina Fisiopatologia A fisiopatologia do câncer de colo de útero envolve a infecção persistente por HPV de alto risco (como os tipos 16 e 18) na zona de transformação da junção escamocolunar (JEC). O vírus infecta células basais do epitélio cervical, integrando seu DNA ao genoma da célula hospedeira. As proteínas virais E6 e E7 inativam as proteínas supressoras de tumor p53 e pRb, permitindo a proliferação celular descontrolada. Isso leva a lesões pré-cancerosas (como HSIL), que, se não tratadas, podem progredir para carcinoma invasivo. Estadiamento - ASC-US: Células escamosas atípicas de significado indeterminado - LSIL: Lesão de baixo grau, que apresenta as alterações citopatológicas do HPV. - ASH-H: Células escamosas atípicas, não podendo excluir lesão de alto grau. - HSIL: Lesão de alto grau. - Carcinoma Fatores de Risco: - Infecção por HPV de alto risco (principal fator). - Imunossupressão (ex.: HIV). - Tabagismo. - Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. - História de DSTs. - Uso prolongado de anticoncepcionais orais. Tratamento: - Cirurgia: Conização ou histerectomia - Radioterapia: Isolada ou combinada com cirurgia. - Quimioterapia: Para estágios avançados ou metástases. Prevenção: - Vacinação contra HPV. - Exames de rastreamento (Papanicolau e teste de HPV). * População-alvo: Mulheres de 25 a 64 anos ou a partir de 21 anos que tenham iniciado a vida sexual. * Frequência: Realizar o exame a cada 3 anos após dois resultados negativos consecutivos. • Mulheres de 30 a 64 anos podem fazer a cada 5 anos se associado ao teste de HPV negativo. - Uso de preservativos. - Não fumar. Irrigação uterina Drenagem uterina Cistos de Naboth Os cistos de Naboth são formações benignas que ocorrem no colo do útero devido à obstrução das glândulas mucosas cervicais. Essa obstrução pode ser causada por inflamações (cervicite), traumas ou cicatrizações, levando ao acúmulo de muco. Os cistos são geralmente pequenos, assintomáticos e não requerem tratamento, a menos que causem desconforto.