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Os objectivos do tratamento da Gota incluem o tratamento as crises agudas de inflamação articular, a prevenção novas crises, a redução da uricemia e a diminuição progressiva da quantidade total de uratos no organismo, melhorando assim as lesões resultantes da sua deposição nos tecidos. Para o sucesso terapêutico em qualquer doença é primordial a educação do doente: a Gota é uma doença debilitante que pode originar dor crónica, invalidez, ou insuficiência renal crónica, mas é uma doença de fácil controlo, desde que se mantenham hábitos de vida saudáveis e o cumprimento da terapêutica. O doente deve ser informado acerca das características e prognóstico da doença e de que deve evitar factores precipitantes das crises, nomeadamente esforços físicos ou intelectuais intensos, actos cirúrgicos, infecções e abusos alimentares ou alcoólicos. A dieta deve ter restrição de purinas (porco, caça, vísceras de animais, charcutaria, conservas de peixe, mariscos, café, chá, chocolate e álcool). No entanto, a dieta restritiva tem um papel secundário se o doente não for obeso e se vai iniciar terapêutica. Nos doentes obesos, é preferível uma dieta hipocalórica, hipolipídica e hipoproteica, para controlo não só da uricemia mas também do peso e co-patologias metabólicas. Deve ser iniciado um programa de exercício físico, para controlo do peso e melhoria da força muscular (fisioterapia nos doentes mais debilitados). A menos que haja contraindicação, é benéfica a ingestão abundante de água (2-3 l/dia). Tratamento das Crises Agudas Após o diagnóstico de uma crise aguda de Gota, o tratamento deve começar pelas medidas gerais anti-álgicas: repouso do membro e aplicação de gelo localmente (apesar de teoricamente aumentar a cristalização de uratos, a aplicação de gelo com protecção da pele, durante 20 minutos, três vezes por dia, por reduzir significativamente a inflamação e duração da crise. O tratamento farmacológico das crises agudas pode ser feito com colchicina ou com anti-inflamatórios, ambos com eficácia demonstrada na redução das crises. Os hipouricemiantes não devem ser iniciados na crise aguda, uma vez que a variação da uricemia pode prolongar a cristalização e reagravar a crise. a. Colchicina: 0,5 mg uma a três vezes por dia. É a terapêutica clássica da gota, sendo mais eficaz quanto mais precocemente se iniciar a terapêutica.no Brasil, na crise aguda da gota recomenda-se o uso de 1,5a 2 mg/dia devido aos efeitos colaterais e a toxicidade. Apresenta, contudo, efeitos adversos frequentes, dose-dependentes, como vómitos, diarreia, dor abdominal e mais raramente hepatite, supressão medular, neuropatia e insuficiência cardíaca. Alguns autores advogam o uso de doses superiores. Por exemplo, Ahern num ensaio controlado por placebo com 43 doentes, utilizou a dose inicial de 1g, seguida de 0,5 mg 2/2 h até reduzir a dor, ou até surgir toxicidade; a colchicina foi mais eficaz (melhoria em dois terços dos doentes às 48 horas) que o placebo (melhoria em um terço dos doentes apenas), porém, mais de 80% dos doentes tratados com colchicina apresentaram efeitos adversos gastrointestinais. Por terem surgido casos de morte associados à administração endovenosa de colchicina, devepreferir-se apenas a via oral. Nos insuficientes renais com taxa de filtração glomerular (TFG) inferior a 50 ml/min, deve reduzir-se a dose a metade; se inferior a 10 ml/min, a colchicina não deve ser administrada. b. Anti-inflamatórios não esteróides (AINE): são a terapêutica de primeira linha para a maioria dos doentes, desde que não haja contraindicação; devem ser iniciados precocemente, sendo que o factor mais influente na eficácia é a rapidez de início da administração e não qual o AINE escolhido. Vários esquemas terapêuticos têm sido propostos, sendo aceite que se deve iniciar com a dose terapêutica máxima, até à resolução da crise, seguida de redução rápida da dose em 2-3 dias1. Existem na literatura alguns ensaios comparativos entre dois AINE, demonstrando a sua equivalência na eficácia. Não se conhecem ensaios clínicos aleatorizados e controlados comparando os AINE com a colchicina. c. Inibidores selectivos da Ciclo-oxigenase 2 (COXIBE’s): eficazes como alternativa aos AINE, usados geralmente nos doentes com intolerância gástrica aos AINE p. ex tilatil 20 mg/12/12h. Um estudo demonstrou que o etoricoxibe é tão eficaz como a indometacina no tratamento das crises agudas d. Corticóides locais: a corticoterapia intra-articularindometacina no tratamento das crises agudas8. d. Corticóides locais: a corticoterapia intra-articular pode ser utilizada e é bastante eficaz, desde que, antes da infiltração, se exclua a possibilidade de artrite séptica. A eficácia é maior no caso de haver apenas uma ou duas articulações envolvidas. Deve ser usada em doentes com baixa resposta ou intolerância aos AINE ou à colchicina. e. Corticóides por via sistémica, corticotropina (ACTH): nos doentes com contra-indicação para o uso de AINE e Colchicina, como a insuficiência renal grave ou a hemorragia digestiva, pode ser necessário o uso de corticoterapia oral ou parentérica: Prednisona: 30 mg/dia durante três dias, com desmame em duas semanas1; Acetonido de triamcinolona: 60 mg intramuscular em toma única9; Metil-prednisolona endovenosa8}; ACTH: 40 UI intramuscular/intravenoso/ subcutâneo 8/8h, com redução em 1 a 2 semanas conforme a clínica10; obs-A colchicina tem dois usos na gota. No primeiro, em altas doses é um tratamento eficaz na artrite gotosa aguda. No segundo, em baixas doses é freqüentemente usada na profilaxia contra as crises recorrentes de gota (N Engl J Med. 1996;334:445). Para a profi laxia contra a gota: • Administrada na dose oral diária de 0,6 mg (1 vez/ dia).* • Alguns pacientes podem necessitar de 1,2 a 1,8 mg/ dia (1 a 1,5 mg no Brasil) em doses fracionadas para prevenir a artrite gotosa recorrente. • A dose diária não deve ultrapassar 0,6 mg em pacientes com disfunção renal. Para o tratamento da gota aguda: • Geralmente administrada por via oral, de início na dose de 1 g, seguida por 0,5 a 0,6 mg VO a cada 1 a 2 h até que o paciente melhore ou surja desconforto abdominal ou diarréia ou se alcance a dose total de 8 mg. • Pode ser administrada por via IV se a administração oral não for possível, mas a via IV requer precauções especiais • A dose IV inicial habitual é de 2 mg diluída em 25 a 50 ml de solução salina normal e administrada durante 20 min com cateter que funcione bem (para evitar extravasamento). Doses subseqüentes de 0,5 a 0,6 mg a cada 6 h podem ser administradas até que o paciente melhore ou a dose cumulativa de 4 mg seja alcançada. • Em razão do risco de toxicidade, a colchicina IV deve ser evitada no paciente que esteja usando colchicina oral. • A colchicina nunca deve ser administrada por vias SC ou IM, pois pode induzir grave irritação local. P/mais detalhes uso:!!! A administração intravenosa de colchicina deve ser evitada ou feita com extremo cuidado, pois pode resultar em insufi ciência fatal da medula óssea ou de múltiplos órgãos, especialmente quando as doses recomendadas são ultrapassadas ou o paciente tem disfunção renal e/ ou hepática. • A dose oral diária de colchicina não deve ultrapassar 0,6 mg em pacientes com mais de 60 anos de idade e/ou com creatinina sérica elevada. A neuromiopatia induzida pela colchicina ocorre mais freqüentemente em pacientes com disfunção renal. A colchicina VO em geral deve ser evitada em pacientes com necessidade de hemodiálise. • As mulheres em idade fértil devem evitar o uso de colchicina, a menos que estejam usando um método anticoncepcional efi caz. A colchicina é teratogênica em animais e pode não ser segura durante a gravidez em humanos. COMPLICACOES • A colchicina VO causa mais comumente desconforto abdominal, náuseas e diarréia. Caso ocorram esses efeitos colaterais, o fármaco deve ser interrompido; após a resolução dos sintomas GI, sua administraçãopode ser cuidadosamente reiniciada com doses menores. As manifestações GI em geral não se desenvolvem após a dose IV recomendada de colchicina. • A neuromiopatia pode complicar o uso diário de colchicina a longo prazo. A apresentação clínica é semelhante à da polimiosite com fraqueza muscular proximal e elevações das enzimas creatinoquinase (CK). A neuromiopatia requer a interrupção do tratamento com colchicina. • A colchicina administrada por via IV, especialmente em doses acima das recomendadas, pode causar pancitopenia. ASPECTOS IMPORTANTES • A colchicina em baixa dose diária reduz eficazmente os episódios recorrentes de gota. • Os altos riscos da injeção IV de colchicina limitam sua utilidade. * N.R.T.: no Brasil, os comprimidos são de 0,5 mg e 1 g. ** N.R.T.: no Brasil, na crise aguda da gota recomenda-se o uso de 1,5 a 2 mg/dia devido aos efeitos colaterais e a toxicidade. Tratamento hipouricemiante A instituição de fármacos hipouricemiantes deve ser feita nos casos de Gota tofácea, Nefropatia úrica, hiperuricemia com duas ou mais crises agudas de gota, manutenção das queixas apesar de terapêutica anti-inflamatória, sinais radiológicos de lesão articular, doentes transplantados renais em tratamento com inibidores da calcineurina (ciclosporina, tacrolimus), doentes com uricosúria superior a 1100 mg/24h (pelo risco de nefropatia úrica aguda) e, profilacticamente, antes de iniciar quimioterapia nos doentes hemato-oncológicos. A redução da quantidade totalde uratos deve ser atingida lenta e progressivamente. É fundamental assegurar a profilaxia de novas crises agudas de gota durante o tratamento, pois os hipouricemiantes não previnem e podem até desencadear crises agudas, ao alterar o equilíbrio de uratos entre o sangue e o líquido sinovial. Como medida profiláctica está recomendado o uso de colchicina, na dose de 0,5 a 1 mg/dia, ou AINE.(associado) Deve manter-se durante vários meses, até se atingir e manter o controlo dos níveis de ácido úrico. Agentes hipouricemiantes a. Alopurinol "Zyloric": é um análogo das purinas, inibidor da xantina-oxidase, conhecido há mais de 50 anos. É útil principalmente quando os doentes são hiperprodutores e hiperexcretores de ácido úrico, sobretudo se têm litíase renal. A dose inicial deve ser de 50 a 100 mg/dia, aumentando progressivamente até 300 mg/dia, se necessário. Nos casos refractários, o alopurinol tem sido usado com segurança até 800 mg/dia. Deve controlar-se periodicamente a uricemia e reduzir então até à dose mínima eficaz para manutenção, sem suspender o fármaco por completo, para evitar a recidiva. Existem alguns efeitos adversos frequentes (> 1%): exantema, náuseas, diarreia, aumento das transaminases e fosfatase alcalina séricas; os efeitos adversos menos frequentes (< 1%) incluem cefaleias, vómitos, hepatite tóxica, insuficiência renal aguda, agranulocitose, neuropatia periférica e reacções cutâneas como o Síndrome de Stevens-Johnson ou o Síndrome de Lyell, potencialmente graves. A fim de os minimizar, deve evitar-se o uso de alopurinol nos insuficientes renais e idosos. Se não for possível, deve reduzir-se a dose para 100 a 200 mg/dia sempre que TFG < 30 ml/min e, se for menor que 10 ml/min, não ultrapassar os 100 mg/dia. Interacções medicamentosas: o alopurinol aumenta a toxicidade da azatioprina e da 6-mercaptopurina (a dose destas deve ser reduzida a 25- 30% da dose inicial quando se inicia a terapêutica com alopurinol1) e prolonga a semi-vida da varfarina e teofilina. Quando o tratamento com alopurinol é imperativo mas surgem reacções de hipersensibilidade, desde que não sejam reacções graves, pode tentar-se a dessensibilização POSOLOGIA • Como as mudanças agudas nos níveis séricos de urato podem causar a gota, o alopurinol é geralmente iniciado na dose de 100 mg VO por dia e aumentado em 100 mg semanalmente até que o nível sérico de ácido úrico caia abaixo de 6 mg/dl ou até que a dose máxima diária recomendada (800 mg) seja alcançada. • A colchicina (0,5 mg/dia VO) é freqüentemente administrada durante os primeiros 6 meses de tratamento com alopurinol para reduzir a probabilidade de uma crise de gota quando ocorre a queda dos níveis de urato. . • A dose habitual de manutenção do alopurinol na maioria dos pacientes com função renal normal é de 300 mg/dia, administrada como dose única diária. • Na ausência de efeitos colaterais, o alopurinol deve continuar sendo administrado indefi nidamente. O uso intermitente do alopurinol é uma causa importante da falha de tratamento. • Doses > 300 mg devem ser administradas em doses fracionadas. • Como o alopurinol é excretado principalmente por via renal, a dose deve ser reduzida em pacientes com insufi ciência renal. As doses de manutenção recomendadas de alopurinol são de 200 mg/dia com uma depuração de creatinina de 10 a 20 ml/min e não mais que 100 mg/dia para a depuração de creatinina < 10 ml/ min. Na realidade, alguns clínicos recomendam a redução da dose de alopurinol para 100 mg a cada 3 dias quando a depuração de creatinina é de 0 ml/min. INICIO DA TERAPIA • Hemograma completo com contagem de plaquetas, eletrólitos séricos e creatinina, provas de função hepática e ácido úrico sérico devem ser solicitados. MONITORACAO DA TERAPIA • O hemograma completo, as provas de função hepática e renal devem ser monitorados periodicamente, em especial durante os primeiros meses de tratamento. • O nível sérico de ácido úrico deve ser verifi cado periodicamente durante os primeiros meses de terapia, para se determinar a dose de alopurinol necessária para reduzir o nível sérico de ácido úrico para menos de 6 mg/dl. PRECAUCOES ESPECIAIS Gerais • O alopurinol é contra-indicado para pessoas que já tenham tido alguma reação grave de hipersensibilidade. • A hipersensibilidade ao alopurinol pode causar reações cutâneas potencialmente ou até mesmo fatais (incluindo necrólise epidérmica tóxica, vasculite com dermatite descamativa e esfoliativa acompanhada por falência de múltiplos órgãos). A hipersensibilidade ao alopurinol também pode causar reações hepáticas graves, tais como elevações dos resultados das provas de função hepática acompanhadas por febre, eosinofi lia e exantema. O alopurinol deve ser interrompido imediatamente caso se suspeite de uma reação de hipersensibilidade. Interacoes medicamentosas • O uso simultâneo de alopurinol e azatioprina ou mercaptopurina deve ser evitado ou abordado com bastante cautela. O alopurinol inibe o catabolismo da azatioprina e da mercaptopurina pela xantina oxidase e assim aumenta o efeito delas na supressão da medula óssea. Se o uso de alopurinol e azatioprina não puder ser evitado, então a dose usual de azatioprina deve ser reduzida 75% e os parâmetros do hemograma completo devem ser monitorados rigorosamente. • Por um mecanismo desconhecido, o alopurinol pode aumentar o risco de citopenia causada pela ciclofosfamida - O alopurinol é efi caz na prevenção da recorrência da gota, inibindo a produção de ácido úrico. • Em razão das (raras) reações de hipersensibilidade fatais, o alopurinol deve ser usado com cautela em pacientes com gota e não deve ser usado para tratar a hiperuricemia assintomática. Na dose de 300 mg/dia, ele controla adequadamente o urato sérico na maioria dos pacientes com função renal normal. Caso o paciente já venha tomando colchicina profi lática (que é recomendada), então o alopurinol pode ser iniciado na dose de 300 mg/dia. De outra forma, recomenda- se que os pacientes iniciem com 100 mg/dia durante 1 semana e aumente progressivamente a dose, até que o menor nível do medicamento que mantenha o nível sérico de urato na faixa desejada seja alcançado. A maioria dos pacientes alcançará o nível sérico de urato desejado de 5 mg/dl ou menos quando estiver usando 300 a 400 mg/dia de alopurinol. A dose máxima recomendada é de 800 mg. O alopurinol deve ser usado com cautela quando o paciente também estiver ingerindoazatioprina ou 6-mercaptopurina. O alopurinol reduz o catabolismo desses medicamentos, o que aumenta de forma signifi cativa suas dosagens efetivas. Os efeitos colaterais e a toxicidade do alopurinol incluem a febre, cefaléias, diarréia, dispepsia, pleurite, exantemas cutâneos, hepatite granulomatosa e necrólise epidérmica tóxica. A síndrome da hipersensibilidade ao alopurinol é rara, porém grave, com uma taxa de mortalidade de 20 a 30%. As reações de hipersensibilidade ao alopurinol são mais comuns nos pacientes mais velhos com diminuição da função renal que estejam usando diuréticos. O desenvolvimento de um exantema nos pacientes que estejam tomando alopurinol é uma indicação para interromper a administração do medicamento. Após a remissão do exantema, o alopurinol pode ser cuidadosamente reinstituído, caso o exantema não tenha sido avaliado como grave. Nos casos das reações mais graves, a hipersensibilidade pode ser superada pelos protocolos de dessensibilização*. b. Uricosúricos: úteis nos doentes hipoexcretores, inibindo a reabsorção de ácido úrico no túbulo contornado proximal do rim. A uricosúria aumenta significativamente, pelo que surge o risco de cristalização nas vias urinárias e litíase renal. Para minimizar este risco, a dose de uricosúrico deve ser aumentada gradualmente ao longo de 2-6 semanas, a ingestão de água deve ser sempre superior a 2L/dia, preferencialmente alcalinizada com bicarbonato de sódio1,12 e deve evitar-se o uricosúrico sempre que exista nefrolitíaseou insuficiência renal com TFG < 30ml/min. Os uricosúricos actualmente utilizados são o Probenecid -Narcaricina (500 a 2000 mg/dia divididos em doses), a Sulfimpirazona (100 a 600 mg/ dia) e a Benzebromarona (20-150mg/dia). DETALHES prescrição: uma boa função renal para serem efi cazes. A probenecida é iniciada na dosagem de 500 mg 2 vezes/dia, aumentada progressivamente até uma dose máxima de 1 g 2 vezes/dia ou até que a meta do nível de urato seja alcançada. Os efeitos colaterais mais comuns desse medicamento são exantema cutâneo e desconforto gastrintestinal. A sulfimpirazona é outro medicamento uricosúrico disponível nos EUA cuja dosagem é lentamente aumentada de 100 mg para aproximadamente 800 mg/dia, fracionados em duas ou três doses até que o nível sérico de urato desejado seja alcançado. A benzbromarona, um medicamento disponível na Europa e BRASIL, é mais potente e pode ser efi caz no contexto da insufi ciência renal moderada. Infelizmente, o tratamento da gota é complicado pela difi culdade de as pessoas lembrarem de tomar três medicamentos diferentes em três esquemas terapêuticos também diferentes. Freqüentemente, elas fi cam confusas acerca do medicamento a ser tomado em quais situações. Uma analogia foi desenvolvida e pode ajudar os pacientes a entenderem e lembrarem melhor como tomar seus medicamentos (ver Gota é como fósforo). PARA PACIENTES DIGA A GOTA É como FOSFORO..... O parágrafo a seguir é uma analogia que pode ser usada para explicar a gota para os pacientes. A gota é causada pelo ácido úrico. Todo mundo tem ácido úrico no sangue, porém algumas pessoas apresentam uma quantidade muita elevada e algumas delas desenvolvem gota. Dentre aqueles que apresentam a gota, o ácido úrico se acumula em torno das articulações e atua como um fósforo. Quando você apresenta uma crise de gota, um dos fósforos acende e incendeia a articulação. Quando isso acontece, você deve tomar sua indometacina (ou o antiinfl amatório não-esteróide de escolha). É importante tomá-la corretamente. Caso contrário, mais fósforos se acenderão e a crise piorará. Tomar a indometacina não cura a gota, porque ela apenas apaga o fogo. Os fósforos ainda estão lá e podem pegar fogo novamente. Um medicamento redutor de urato removerá os fósforos. Caso não haja fósforo algum, você não terá gota. Porém, enquanto o medicamento redutor de urato estiver agindo, poderá vir a ter gota. Portanto, você deve tomar colchicina, uma cápsula 2 vezes/dia. A colchicina é muito boa para prevenir as crises de gota. Você deve pensar na colchicina como alguma coisa que torna os fósforos úmidos e mais difíceis de acender. (De Wortmann, RL. Eff ective management of gout Complicações a gota grave e sem tratamentoresulta em depósitos tofáceos visíveis e palpáveis, alémde artropatia destrutiva. Entretanto, essas complicações são preveníveis com o diagnóstico correto e o tratamento adequado. A nefrolitíase se desenvolve em 10 a 25% dos pacientes com gota em algum momento durante a evolução da doença. Em 40% desses pacientes, o primeiro episódio de cólica renal precede a primeira crise da artrite aguda gotosa. A maioria desses cálculos é composta de ácido úrico; entretanto, os cálculos contendo cálcio são 10 vezes mais comuns nos pacientes com gota que na população geral. A incidência de nefrolitíase se correlaciona com o nível sérico de urato, porém de forma ainda mais intensa com a quantidade de ácido úrico excretada na urina. A probabilidade do desenvolvimento de um cálculo alcança 50%, tanto com um nível sérico de urato > 13 mg/dl como com uma excreção de ácido úrico na urina de 24 h superior a 1.100 mg. No passado, a insufi ciência renal progressiva era comum na população de portadores de gota, com até25% dos pacientes morrendo de doença renal. Atualmente, essa freqüência é muito menor. A hipertensão, o diabetes, a exposição crônica ao chumbo e a aterosclerose crônica são os fatores contribuintes mais comuns para essa complicação. Na verdade, caso a pressão sanguínea seja rigorosamente controlada, é muito incomum que se desenvolva insufi ciência renal em um paciente com gota. A nefropatia crônica por urato tem sido descrita e é uma condição distinta, causada pelo depósito de cristais de urato monossódico nas pirâmides e no parênquima renais. Embora se acredite que a hiperuricemia crônica seja a causa dessa nefropatia por urato, essa forma de doença renal nunca é observada na ausência de artrite gotosa. Além disso, com o tratamento adequado, a nefropatia por urato pode serfacilmente prevenida. A hiperuricemia e a gota são freqüentemente acompanhadas por obesidade, alcoolismo, intolerância à glicose relacionada com resistência à insulina e por hiperlipidemia. Além disso, um percentual muito elevado de pacientes portadores de gota tem hipertensão. Essas condições associadas devem ser tratadas de forma agressiva. Crise gotosa aguda da primeira articulação Alterações radiográfi cas da gota.
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