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Apostila completa Direito Previdenciário

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A seguridade social
Evolução histórica da seguridade social
A evolução socioeconômica faz com que as desigualdades se acentuem entre os membros da mesma comunidade e da comunidade internacional. A pobreza não é um problema apenas individual, mas, sim, social. 
A concentração da maior parte da renda nas mãos de poucos leva à miséria da maioria, que ressente da falta dos bens necessários para sobreviver com dignidade.
No entanto, o homem sempre se preocupou em garantir seu sustento e o de sua família em situações de carência econômica, enfermidades, diminuição da capacidade de trabalho, redução ou perda de renda. 
Dessas situações o homem não consegue sair apenas com o seu esforço individual, necessitando do amparo do Estado para prevenir e remediar suas necessidades.
Todos esses fatores levaram à busca de instrumentos de proteção contra as necessidades sociais, com reflexos na ordem jurídica. 
Dividimos a evolução história da proteção social em três etapas: assistência pública, seguro social e seguridade social. 
A assistência pública
A primeira etapa da proteção social foi a da assistência pública, fundada na caridade, no mais das vezes, conduzida pela Igreja e, mais tarde, por instituições públicas.
O indivíduo em situação de necessidade – em casos de desemprego, doença e invalidez – socorria-se da caridade dos demais membros da comunidade. 
Nessa fase, não havia direito subjetivo do necessitado à proteção social, mas mera expectativa de direito, uma vez que o auxílio da comunidade ficava condicionado à existência de recursos destinados à caridade. 
A desvinculação entre o auxílio ao necessitado e a caridade começou na Inglaterra, em 1601, quando Isabel I editou o Act of Relief od the Poor – Lei dos Pobres. A lei reconheceu que cabia ao Estado amparar os comprovadamente necessitados.
Surgiu, assim, a assistência pública ou assistência social.
Cabia à Igreja a administração de um fundo, formado com a arrecadação de uma taxa obrigatória. “(...) o Poder Público tornava cogente o binômio igualdade-solidariedade”. 
A preocupação com o bem-estar de seus membros levou algumas categorias profissionais a constituírem caixas de auxílio, com caráter mutualista, que davam direito a prestações em caso de doença ou morte. Havia uma semelhança com os seguros de vida, feita principalmente por armadores de navios. 
A assistência pública, no Brasil, foi prevista pela Constituição de 1824, cujo art. 179, § 31, garantia os socorros públicos. 
As desigualdades sociais marcantes, denunciadas pela Revolução Francesa, levaram à criação de outros mecanismos de proteção social contra os abusos e injustiças decorrentes do liberalismo. 
O seguro social
Já não bastava a caridade para o socorro dos necessitados em razão de desemprego, doenças, orfandade, mutilações etc. Era necessário criar outros mecanismos de proteção, que não se baseassem na generosidade, e que não submetessem o indivíduo a comprovações vexatórias de suas necessidades. 
“Dito de outra forma: amadurece historicamente a ideia de que se deve ter um direito à proteção, que as prestações previstas são ‘juridicamente exigíveis’, direito que deriva da contraprestação prévia em forma de quotas pagas pelo beneficiário ou por um terceiro por conta daquele”.
Surgiram as empresas seguradoras, com fins lucrativos e administração baseada em critérios econômicos, com saneamento financeiro.
O seguro do Direito Civil forneceu as bases para a criação de um novo instrumento garantidor de proteção em situações de necessidade.
A primeira forma de seguro surgiu no século XII: o seguro marítimo, reivindicação dos comerciantes italianos. Não eram, ainda, as bases técnicas e jurídicas do seguro contratual. 
O desenvolvimento do instituto do seguro fez surgir novas formas: seguro de vida, seguros contra invalidez, danos, doenças, acidentes etc. 
O seguro decorria do contrato, e era de natureza facultativa, isto é, dependia da manifestação da vontade do interessado.
Mas a proteção securitária era privilégio de uma minoria que podia pagar o prêmio, deixando fora da proteção a grande massa assalariada. 
Era necessário, então, criar um seguro de natureza obrigatória, que protegesse os economicamente mais frágeis, aos quais os Estado deveria prestar assistência. 
“Diante das exigências das condições objetivas e da já difundida sensibilidade antes as ‘injustiças’ sociais, cada vez mais presentes na vida moderna, as soluções da beneficência, da assistência pública, do socorro mútuo, do seguro voluntário, inclusive da vida, resultavam absolutamente inadequadas. Era necessário dar um novo passo adiante e este se deu com o reconhecimento de uma dupla necessidade: de um lado, tornar obrigatórias, para todos os que pertencia, a importantes categorias de trabalhadores, formas de seguro frente aos principais riscos a que se encontram sujeitos – questão que, necessariamente, devia ser de competência do Estado -; de outro lado, ajudar os trabalhadores a suportar o custo desses seguros –e, também aqui, o Estado devia adotar alguma medida, chamando a contribuir a categoria dos empregadores”. 
O final do século XIX marcou o surgimento de um novo tipo de seguro, cuja garantia de efetividade dependia da distribuição dos riscos por grupos numerosos de segurados. Para isso, era necessário que as entidades seguradoras assumissem a cobertura dos riscos, sem, contudo, selecioná-los. 
Nasceu o seguro social, na Prússia, em 1883, com a Lei do Seguro Doença, que criou o Seguro de Enfermidade, resultado da proposta de Bismarck para o programa social. A Lei do Seguro Doença é tida como o primeiro plano de Previdência Social que se tem notícia.
A partir de Bismarck e, principalmente, da Segunda Guerra Mundial, ganhou força a ideia de que o seguro social deveria ser obrigatório e não mais restrito aos trabalhadores da indústria, ao mesmo tempo em que a cobertura foi estendida a riscos como doença, acidente, invalidez, velhice, desemprego, orfandade e viuvez. 
Ao se tornar obrigatório, o seguro social passou a conferir direito subjetivo ao trabalhador.
O seguro social era organizado e administrado pelo Estado. O custeio era dos empregadores, dos empregados e do próprio Estado. 
Já não se cuidava da configuração civilista do seguro. O Estado liberal precisava de mecanismos que garantissem a redução das desigualdades sociais, e não apenas dos conflitos e prejuízos. 
O Estado liberal produzia cada vez mais e em maior quantidade. O seguro social atuava, então, como instrumento de redistribuição de renda, que permitia o consumo.
A solidariedade ganhou contornos jurídicos, tornando-se o elemento fundamental do conceito de proteção social, que, cada vez mais, foi se afastando dos elementos conceituais do seguro civilista.
A par da questão econômica caminhava, ainda, a luta pela garantia dos direitos sociais. 
O seguro social, na concepção bismarckiana, estendeu-se pela Europa até meados do século XX.
Os sistema de seguro social não resistiram às consequências da Primeira Guerra Mundial em razão da cobertura para o grande número de órfãos, viúvas e fétidos que resultaram do combate, além da inflação galopante da época, problemas sentidos principalmente na Alemanha e na Áustria.
A questão social teve, então, que ser equacionada. Em 1919, no Tratado de Versalhes, surgiu o primeiro compromisso de implantação de um regime universal de justiça social.
Foi, então, fundado o Bureau International Du Travail (BIT) – Repartição Internacional do Trabalho – que realizou a 1º Conferência Internacional do Trabalho, à qual se atribui o desenvolvimento da previdência social e sua implantação em todas as nações do mundo civilizado. Dessa conferência resultou a primeira Recomendação para o seguro-desemprego. A 3º Conferência (1921) recomendou a extensão do seguro social aos trabalhadores da agricultura. A 10º Conferência (1927) estendeu as demais Convenções e Recomendações sobre o seguro-doença aos trabalhadores da indústria,do comércio e da agricultura. 
Outra Conferências foram feitas, sendo que a 17º (1933) estendeu as Recomendações anteriores aos seguros por velhice, invalidez e morte. A 18º Conferência (1934) regulou o seguro contra o desemprego. 
O BIT teve papel importante na expansão da previdência social pelo mundo. 
O seguro social é espécie do gênero seguro, que, embora com características próprias, ainda tinha muito do seguro privado. 
Assim como no seguro privado, o seguro social seleciona os riscos que terão cobertura pelo fundo. A álea (incerteza da ocorrência do sinistro) e a formação de um fundo comum, administrado de forma a garantir econômica e financeiramente o pagamento das indenizações, são características do seguro social e do seguro privado. 
Porém, a amplitude e a natureza obrigatória do seguro social o diferenciam do seguro privado, de natureza eminentemente facultativa.
A seguridade social
A Segunda Guerra Mundial causou grandes transformações no conceito de proteção social.
Territórios devastados, trabalhadores mutilados, desempregados, órfãos e viúvas, tudo isso mostrou ser necessário o esforço internacional de captação de recursos para a reconstrução nacional, o socorro aos feridos, desabrigados e desamparados e, ainda, para fomentar o desenvolvimento; acontecimentos totalmente diversos dos que levaram ao surgimento do seguro social.
O seguro social nasceu da necessidade de amparar o trabalhador; protegê-lo contra os riscos do trabalho.
Era, então, necessário um sistema de proteção social que alcançasse todas as pessoas e as amparasse em todas as situações de necessidade, em qualquer momento de suas vidas. 
Em 1940, na Alemanha, Hitler determinou à Frente de Trabalho a elaboração de um programa que criasse pensões por velhice e invalidez para todos os alemães em atividade. O programa deveria estar fundado na solidariedade, com apoio militar, custeado pelos impostos, com natureza de serviço público, e não mais de seguro social. A queda do nacional-socialismo impediu a implantação do plano.
Em junho de 1941, o governo inglês, empenhado na reconstrução do país, formou uma Comissão Interministerial para o estudo dos planos de seguro social e serviços afins, então existentes, e nomeou para presidi-la Sir William Beveridge. A Comissão foi incumbida de, após estudos, fazer uma proposta para a melhoria do setor.
O resultado dos trabalhos da Comissão – o Plano Beveridge – foi apresentado ao Parlamento em 1942. O Plano analisou o seguro social e os serviços conexos da Inglaterra pós-Segunda Guerra Mundial, análise que abrangeu as necessidades protegidas, os fundos e as provisões. 
Beveridge concluiu que o seguro social já não atendia às necessidades sociais, porque era limitado apenas aos trabalhadores vinculados por contrato de trabalho, com certa remuneração quando em serviços não manuais. Ficavam sem cobertura os trabalhadores “por contra própria”, isto é, sem vínculo de emprego, que constituíam a parcela da massa pobre da população, justamente a que mais precisava da proteção do Estado.
Entendeu Beveridge, ainda, que o seguro social não levava em conta as responsabilidades com a família para os trabalhadores não manuais, e concedia benefícios diferentes em situações em que eram os mesmos gastos necessários das pessoas doentes e das desempregadas. Quanto às contribuições, Beveridge entendeu que as distinções também não tinham lógica dentro do sistema. 
Beveridge percebeu que a principal conclusão de seu trabalho foi a de “que a abolição da miséria requer uma dupla redistribuição das rendas, pelo seguro social e pelas necessidades da família”. 
Beveridge destacou o papel do Estado, por meio de políticas públicas que garantissem a proteção social em situações de necessidade. Influenciou muito a legislação social que se seguiu na Europa e na América, influência que atualmente ainda se faz presente nos sistemas de seguridade social. 
Em 1944, foi realizada a Conferência da OIT, em Filadélfia, resultado a Declaração de Filadélfia, que adotou orientação para unificação dos sistemas de seguro social, estendendo-se a proteção a todos os trabalhadores e suas famílias, abrangendo rurais e autônomos. 
A Declaração de Filadélfia deu um passo importante na internacionalização da seguridade social, porque ficou expresso que o êxito do sistema dependeria da cooperação internacional.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) prevê o direito à segurança, consagrando o reconhecimento da necessidade de existência de um sistema de seguridade social.
Posteriormente, a 35º Conferência Internacional do Trabalho, da OIT, em 1952, aprovou a Convenção n. 102, à qual denominou “Norma Mínima em Matéria de Seguridade Social”. 
Mas nem todas as Nações tinham condições econômicas de implantar a proteção mínima estabelecida pela Convenção n. 102. Entretanto, o padrão mínimo ficou garantido ao menos a uma parcela da população dos países signatários. 
O dinamismo social trouxe a tecnologia e a globalização, e os mínimos sociais acompanharam as modificações. 
Outros tratados internacionais foram celebrados, de modo que a passagem do seguro social para a seguridade social decorreu da intenção de libertar o indivíduo de todas as suas necessidades para fins de desfrutar de uma existência digna. 
Do risco social à necessidade social
No seguro social, só tinham proteção aqueles que contribuíssem para o custeio. Era adequada, então, a noção de risco social. A relação jurídica do seguro, social ou privado, tem como objeto o risco, isto é, a possibilidade de ocorrência futura de um acontecimento que acarrete dano para o segurado. 
No seguro privado, o contrato estabelece os riscos cobertos, conforme escolha dos contratantes.
No seguro social, entretanto, os riscos são previstos em lei, ou seja, são o objeto da relação jurídica de proteção social. “A relação jurídica preexiste ao acontecimento danoso, e nela são previstas situações causadoras de dano, que podem ocorrer no futuro, e que serão objeto de indenização pela parte seguradora. O interesse na asseguração de um bem reside na possibilidade da ocorrência da contingência danosa”.
A seguridade social, entretanto, não está fincada na noção de risco, mas, sim, na de necessidade social, porque os benefícios não têm natureza de indenização; podem ser voluntários, não são necessariamente proporcionais à cotização, e destinam-se a prover os mínimos vitais.
A relação jurídica de seguridade social só se forma após a ocorrência da contingência, isto é, da situação de fato, para reparar as consequências – a necessidade – dele decorrentes.
Os valores dos benefícios de seguridade social destinam-se a garantir os mínimos vitais, isto é, o necessário à sobrevivência com dignidade, o que se distancia da indenização própria do seguro. Os benefícios, na seguridade social, não têm caráter indenizatório.
Além do mais, na seguridade social, a contingência pode não gerar danos. Costumamos dar como exemplo, no Brasil, o salário-maternidade. O nascimento do filho gera o direito ao salário-maternidade porque, ao dar à luz, a mulher deixa de trabalhar e, por isso, não recebe remuneração; é gerada, então, a consequência-necessidade que dá direito ao benefício, para suprir a ausência de remuneração. “Há contingências desejadas, que não causam dano, mas geram necessidade”.
A necessidade se qualifica como social, isto é, que tem importância para a sociedade, para que todos os seus integrantes tenham os mínimos vitais à sobrevivência com dignidade.
A seguridade social na Constituição Federal de 1988 – Normas gerais
CF 1891 – primeira a conter a expressão aposentadoria, no momento em que tratou da aposentadoria por invalidez dos funcionários públicos. 
No período de vigência da Constituição de 1891, foi promulgada a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682/23): primeira norma a instituir no Brasil a previdência social, com a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões, de nível nacional, para os ferroviários.A Lei previa benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária, pensão por morte e assistência médica. Posteriormente, a Constituição foi emendada em 3 de setembro de 1926, para fins de autorizar o Congresso Nacional a disciplinar o trabalho e a “legislar sobre licença, aposentadoria e reformas, não se podendo conceder, nem alterar, por leis especiais”. À época, o conceito de previdência social se restringia às aposentadorias. Aos poucos as Caixas de Aposentadorias e Pensões foram estendidas a outras categorias de servidores públicos. Tais organizações, que eram estruturadas por Empresa, a partir de 1930, passaram a ser estruturadas por categorias profissionais. São dessa época o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM, em 1933), o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciário (IAPC, em 1934) e o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB, em 1934).
Conceito
O art. 6º da CF enumera os direitos sociais que, disciplinados pela Ordem Social, destinam-se à redução das desigualdades sociais e regionais. Dentre eles está a seguridade social, composta prelo direito à saúde, pela assistência social e pela previdência social. 
É do art. 194 da CF o conceito: “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. 
A solidariedade é o fundamento da seguridade social.
Pela definição constitucional, a seguridade social compreende o direito à saúde, à assistência social e a previdência social, cada qual com disciplina constitucional e infraconstitucional específica. Trata-se de normas de proteção social, destinadas a prover o necessário para a sobrevivência com dignidade, que se concretizam quando o indivíduo, acometido de doença, invalidez, desemprego, ou outra causa, não tem condições de prover seu sustento ou de sua família. 
É com a proteção dada por uns dos institutos componentes da seguridade social que se garantem os mínimos necessários à sobrevivência com dignidade, à efetivação do bem-estar, à redução das desigualdades, que conduzem à justiça social. 
As mutações sociais e econômicas decorrentes do avanço tecnológico conduzem a novas situações causadoras de necessidades, fazendo com que a proteção social tenha que se adequar aos novos tempos. O art. 194, parágrafo único, da CF, permite que se expanda a proteção e, consequentemente, também o seu funcionamento.
Deseja a Constituição que todos estejam protegidos, de alguma forma, dentro da seguridade social. E a proteção adequada se fixa em razão do custeio e da necessidade.
Assim, se o necessitado for segurado da previdência social, a proteção social será dada pela concessão do benefício previdenciário correspondente à contingência-necessidade que o atingiu. 
Caso o necessitado não seja segurado de nenhum dos regimes previdenciários disponíveis, e preencha os requisitos legais, terá direito à assistência social.
Todos, ricos ou pobres, segurados da previdência ou não, têm o mesmo direito à saúde (art. 196).
Portanto, todos os que vivem no território nacional, de alguma forma, estão ao abrigo do “grande guarda-chuva da seguridade social”, pois a seguridade social é direito social, cujo atributo principal é a universalidade, impondo que todos tenham direito a alguma forma de proteção, independentemente de sua condição socioeconômica. 
A seguridade social garante os mínimos necessários à sobrevivência. É instrumento de bem-estar e de justiça social, e redutor das desigualdades sociais, que se manifestam quando, por alguma razão, faltam ingressos financeiros no orçamento do indivíduo e de sua família.
O direito subjetivo às prestações de seguridade social depende do preenchimento de requisitos específicos.
Para ter direito subjetivo à proteção da previdência social, é necessário ser segurado, isto é, contribuir para o custeio do sistema porque, nessa parte, a seguridade social é semelhante ao antigo seguro social.
O direito subjetivo à saúde é de todos, independe de contribuição para o custeio.
O direito subjetivo às prestações de assistência social, dado a quem dela necessitar, na forma da lei, também independe de contribuição para o custeio.
Prestações de seguridade social é o gênero do qual benefícios e serviços são espécies. Os benefícios são as prestações pagas em dinheiro. 
A relação jurídica de seguridade social
Estando a seguridade social assentada no tripé Previdência Social, Assistência Social e direto à saúde, engloba três tipos diferentes de relações jurídicas: relação jurídica de previdência social, relação jurídica de assistência social e relação jurídica de assistência à saúde. 
São sujeitos da relação jurídica de seguridade social:
Sujeito ativo: quem dela necessitar;
Sujeito passivo: os poderes públicos (União, Estado e Municípios) e a sociedade. 
Quanto ao objeto da relação jurídica de seguridade social, há alguns pontos a fixar. 
((Objeto = contingência-necessidade)).
Muito antes da moderna concepção de seguro social, a proteção social se fazia pela caridade, sem direito subjetivo, e, posteriormente, pelo seguro social, com proteção apenas para aqueles que o contratassem. Era, assim, proteção securitária fundada no conceito de risco, típico do Direito Civil, isto é, evento futuro e incerto, cuja ocorrência gera dano para a vítima. Configurado o sinistro (risco acontecido), o dano decorrente é coberto pela indenização; nesse caso, só existe direito à cobertura se o segurado tiver pago o prêmio. O risco e a extensão da indenização são livremente escolhidos pelas partes, e a relação jurídica nasce da celebração do contrato. 
O seguro social também se fundava no risco e o trabalhador interessado na cobertura pagava sua contribuição. Porém, os riscos não eram livremente escolhidos pelas partes, mas, sim, fixados em lei. 
Para a seguridade social, entretanto, a noção civilista de risco não se mostra adequada à definição do objeto da relação jurídica. 
Primeiro, porque a noção de risco está diretamente ligada a dano, prejuízo recomposto com a indenização. 
Ocorre que nem sempre a proteção da seguridade se destina a reparar danos. Eis um exemplo: a invalidez, que causa incapacidade para o trabalho, é, evidentemente, dano que tem cobertura previdenciária ou assistencial, conforme hipótese. Porém, a maternidade também tem cobertura pela seguridade social, porque a segurada mãe fica impossibilidade de trabalhar e prover seu sustento e de sua família por um período; entretanto, não se pode conceituar a maternidade como dano. 
Segundo, porque o seguro, para pagar a indenização decorrente do sinistro, exige pagamento do prêmio. Mas não é o que ocorre na seguridade social, porque nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de proteção social; se pode contribuir é segurado da previdência social; se não pode contribuir tem direito à assistência social, preenchidos os requisitos legais; porém, todos têm direito à assistência à saúde, independentemente de contribuição para o custeio. 
Como definir, então, o objeto da relação jurídica da seguridade social? Do tripé que compõe a seguridade, apenas, a relação jurídica previdenciária se aproxima da noção civilista de seguro, porque sempre dependerá do pagamento de contribuições do segurado. Porém, não há contrato, mas, sim, situações cuja cobertura sempre é definida, taxativamente, pela Constituição e pela legislação infraconstitucional. 
Então, o objeto da relação jurídica de seguridade social não é o risco, mas, sim, a contingência que gera a consequência-necessidade, objeto da proteção. O que importa é a consequência que o fato produz: a relação jurídica de seguridade social nasce após a ocorrência da contingência, para, então, reparar a consequência-necessidade decorrente. 
As contingências estão enumeradas na CF: são as prestações de seguridade social. 
Fixamos, desde já, que prestações é o gênero, do qualsão espécies os benefícios e os serviços. 
23/08/2014
Princípios constitucionais específicos do sistema de seguridade social: 
a) Solidariedade (art. 195, caput, da CF): participação obrigatória de todos os membros da sociedade, de forma direta, mediante contribuições sociais, e indireta, através dos tributos. Existe a solidariedade entre gerações: o indivíduo contribui para a geração que hoje necessita de proteção, para receber o benefício amanhã, quando será amparado pela geração futura.
A Previdência Social adota o regime de repartição simples, em que há alto grau de solidariedade entre os participantes (segurados). Os trabalhadores em atividade financiam os inativos, que, no futuro, quando na inatividade, também serão financiados pelos trabalhadores em atividade.
A Previdência Privada adota regime diferenciado do adotado pela Previdência Social. Referimo-nos ao regime de capitalização, em que a solidariedade entre os participantes é mínima. O participante desta previdência verte seu dinheiro para um fundo próprio, que será formado para a manutenção de sua aposentadoria especificamente.
b) O princípio da anterioridade e as contribuições sociais: As contribuições da seguridade social não estão sujeitas ao princípio da anterioridade da lei tributária (art. 150, inc. III, alínea b, da CF/1988), mas sim à anterioridade nonagesimal.
Com efeito, o § 6.° do art. 195 da Constituição estabelece, in verbis:
§ 6.° As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 90 (noventa) dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b”.
Esse lapso temporal, que alguns denominam anterioridade nonagesimal, é de certo modo incompatível com o que já se afirmou aqui a respeito da necessidade absoluta de planejamento e da estruturação em etapas do orçamento da seguridade social.
Princípios seguridade social
- Princípio da solidariedade social
- Princípio do não retrocesso social
- Princípio da dignidade da pessoa humana
Quem tem condições para manter a seguridade social deve colaborar e deve manter.
O sistema de seguridade social é calculado nessa lógica, no ambiente da seguridade social quem deve contribuir com mais, contribui com mais.
Tem benefícios de pessoas que nunca contribui.
Temos hoje no Brasil quase 10 milhões de pessoas recebendo salário mínimo que nunca contribuiu.
Princípio da lógica do não retrocesso social
Quando a constituição estabelece uma série de benefícios e prestações a lógica é que não voltemos para trás que não evite esses benefícios.
Esse princípio de não voltar para trás não garante uma permanência perpetua, ou seja, não é porque temos o princípio do não retrocesso social que não possa modificar os critérios de conceder uma pensão por morte, uma aposentadoria, eu tenho que garantir o direito adquirido.
O supremo chegou a enfrentar essa lógica do não retrocesso social quando ele analisou a emenda 20/98 que estabelece: antes se uma pessoa fosse presa e trabalhasse os dependentes teria direito ao auxílio reclusão, a emenda 20 estabeleceu que só os dependentes que ganhar até 1.100,0 mais ou menos é que terão direito ao auxílio reclusão.
O supremo diz que não tem nenhum problema em assegurar o auxílio as pessoas de baixa renda. 
Princípio da dignidade da pessoa humana: o homem não pode ser vista como um meio, mas sempre como um fim. O ordenamento jurídico deve buscar satisfazer as necessidades primárias, básicas do homem em um ambiente, ou seja, você tem direitos sociais, individuais, coletivos.
Você tem toda essa gama de direitos fundamentais prevista na CF. 
Os direitos sociais são essenciais para que uma pessoa tenha uma vida digna.
A dignidade humana implica no direito da parte voltar inclusive contra o próprio Estado, ou seja, o Estado deve interferir na sua vida somente naquilo que ele deve fazer.
Esses três princípios são princípios gerais da seguridade social, eles podem ser utilizados como vetor importantíssimos das normas do direito previdenciário. 
Esses princípios sempre serão usados direta ou indiretamente. 
- irredutibilidade do valor dos benefícios
- diversidade da base de financiamento
- gestão democrática e quadripartite 
Princípio setoriais: específicos da previdência social e da seguridade social.
Art. 194 CF – a constituição fala de objetivo da seguridade social, mas a doutrina diz que são princípios objetivos. Ao mesmo tempo que é algo a ser.. ele tem uma lógica principiológica. 
Doutrina: o parágrafo único do art. 194 da CF dispõe que a seguridade social será organizada, nos termos da lei, com base nos objetivos que relaciona. Todavia, pela natureza de suas disposições, tais objetivos se revelam como autênticos princípios setoriais, isto é, aplicáveis apenas à seguridade social: caracterizam-se pela generalidade e veiculam os valores que devem ser protegidos. São fundamentos da ordem jurídica que orientam os métodos de interpretação das normas e, na omissão, são autênticas fontes do direito. 
Universalidade da cobertura e do atendimento: todos os que vivem no território nacional têm direito ao mínimo indispensável à sobrevivência com dignidade, não podendo haver excluídos da proteção social. 
O princípio tem dois aspectos: universalidade da cobertura e universalidade do atendimento. 
- Universalidade de cobertura: todas as principais contingências sociais que possam existir devem estar cobertas pelo sistema de seguridade social, necessariamente um sistema de seguridade social efetivo deve abranger as principais contingênciais sociais existentes.
No Brasil: art. 202 CF – esse rol de contingenciais é um rol não taxativo, esse é o mínimo das contingências sociais que devemos cobrir no Brasil. 
Essas são as contingenciais mínimas que a seguridade brasileira deve ter.
Essa é a universalidade de cobertura é o mínimo das contingenciais que deverão ser cobertas.
Uma vez que eu estabeleci quais são as contingenciais que eu vou cobrir eu tenho que cobrir todas elas, tem que ser universal, todos que tiverem direito tem que receber o benefício, eu não posso fazer uma distinção. 
Todos de forma universal, todos os que cumpram os requisitos legais, tem direito ao atendimento. 
Esse sistema é repetido na lógica do SUS, as ações da saúde são universais e igualitárias. 
Doutrina: cobertura é termo próprio dos seguros sociais que se liga ao objeto da relação jurídica, às situações de necessidade, fazendo com que a proteção social se aperfeiçoe em todas as suas etapas: de prevenção, de proteção propriamente dita e de recuperação. 
“Assim como a subjetiva faz referência ao campo da aplicação pessoal, em virtude deste princípio e como aplicação ao campo material, a seguridade social deve cobrir todos os riscos ou contingências sociais possíveis: doença, invalidez, velhice, morte etc. Em um sistema completo, este aspecto é fundamental porque permitiria que a seguridade social cumprisse seus fins. Porém, esse princípio não significa que toda pessoa tem direito a reclamar prestações por qualquer estado de necessidade, mas sim, que poderá gozar desse direito quando cumprir certos requisitos previstos pelo ordenamento jurídico e em determinada circunstância. Esse princípio se reflete no aforismo que diz ‘a seguridade social ampara o homem desde seu nascimento e até depois de sua morte’, convertendo esta ciência numa garantia que tem a pessoa para conseguir o desenvolvimento total de sua personalidade. 
- Universalidade de atendimento 
Temos o princípio da universalidade de atendimento para a população urbana e rural.
A chamada lei orgânica da previdência social de 1960, tivemos outras leis específicas, essa lei orgânica chamou a consolidação da lei de previdência social (CLPS- 1984) essa lei era apenas para trabalhador urbano, o trabalhador rural ou ele era registrado em carteira ou não tinha direito a nada, veio uma legislação conhecidacomo FUNRURAL e estabeleceu algumas proteções previdenciárias específicas para o trabalhador rural. 
O trabalhador rural tinha apenas direito a aposentadoria por invalidez e por idade.
Acontece que o trabalhador rural quando ia receber uma das aposentadorias recebia no valor de 50% do salário mínimo. 
No art. 201 todos esses direitos não era extensíveis ao trabalhador rural. 
Com a CF de 88 isso acabou e num pulo só todos que ganhavam meio salário mínimo passaram a ganhar um unificando o sistema. 
A lei 8213/91 unifica realmente a previdência do trabalhador urbano e rural.
Isso não quer dizer que eu não preciso ter um benefício específico para o trabalhador rural, por exemplo, a aposentadoria por idade para o homem é de 65 e mulher 60, rural é 60 para homem e 55 para mulher, é um critério diferenciado em que a própria constituição tem expressa.
É possível estabelecermos alguma diferença para diferenciar o trabalhador rural do urbano, porém, é a própria constituição que fala, não pode uma lei diferenciar. 
Qualquer benefício extra que seja criado para o trabalhador urbano tem que ser extensível para o trabalhador rural.
Esse princípio vem do fato histórico de que a previdência brasileira era diferente para o trabalhador urbano e rural, agora ele está unificado por isso falamos de uniformidade e equivalência, equivalência não é igualdade, não precisa ser igual, mas tem que ser equivalente.
Se você é mãe e está registrada com 2.000,00 em carteira e engravida, você pode ter direito ao salário maternidade, provavelmente vai ganhar perto de 2 mil.
Se você é mãe, trabalha no sítio da família e fica grávida, você vai receber um salário mínimo porque não tem contribuição.
Essas diferenças na hora de calcular os benefícios podem existir, o que não pode é o benefício não ser equivalente. 
Doutrina: a universalidade do atendimento refere-se aos sujeitos de direito à proteção social: todos os que vivem no território nacional têm direito subjetivo a alguma das formas de proteção do tripé da seguridade social. 
A seguridade social, diferentemente do seguro social, deixa de fornecer proteção apenas para algumas categorias de pessoas para amparar a comunidade. 
“Desse ponto de vista, o princípio indica que deve-se proteger todas as pessoas, que toda a comunidade deve estar amparada pelo sistema. Toda pessoa, sem discriminação por causa de sua nacionalidade, idade, raça, tipo de atividade que exerce, renda, tem direito à cobertura de suas contingências. É denominado de universalidade porque a disciplina se expande ou estende a cobertura das diferentes contingências à maior quantidade de pessoas possível. A seguridade vai desbordando da restrição classista, já que a necessidade da cobertura das contingências não se admite como privativa de certas categorias sociais, mas sim, como um direito que deve ser estendido aos assalariados e, finalmente, ao conjunto da população, sem nenhum tipo de exclusão. 
Universalidade ( cobertura ( objeto ( prevenção, proteção e recuperação.
Universalidade ( atendimento ( sujeitos ( todos os que vivem no território nacional. 
- Uni formalidade e equivalência dos benefícios para população urbana e rural
Doutrina: os trabalhadores rurais sempre foram discriminados no Brasil se comparados os direitos destes aos reconhecidos aos trabalhadores urbanos. Em termos de seguridade social, a social não era diferente. A CF de 1988 reafirmou o princípio da isonomia, consagrado no caput de seu artigo 5º, no inc. II. do parágrafo único, do art. 194, garantindo uniformidade e equivalência de tratamento, entre urbanos e rurais, em termos de seguridade social. 
A uniformidade significa que o plano de proteção social será o mesmo para trabalhadores urbanos e rurais. 
Pela equivalência, o valor das prestações pagas a urbanos e rurais deve ser proporcionalmente igual. Os benefícios devem ser os mesmos (uniformidade), mas o valor da renda mensal é equivalente, não igual. É que o cálculo do valor dos benefícios se relaciona diretamente com o custeio da seguridade. E, como veremos oportunamente, urbanos e rurais têm formas diferencias de contribuição para o custeio. 
- Seletividade na prestação de benefícios e serviços
Seletividade é escolher, selecionar. 
A lei 8213/91 escolher quais os benefícios eu vou conceder para os assegurado eu vou selecionar quais são os mais importantes.
Apenas os benefícios e serviços mais importantes é que vão ser concedidos. 
Na prática tem pouca aplicação, a lei 8213 não criou nenhum benefício diferente dos que estão previstos na CF.
- Distributividade na prestação de benefícios e serviços
Foi concebida para ser um programa que vai distribuir renda para os brasileiros, apesar da lógica ser contra todo o resto do mundo.
Eu vou distribuir, ou seja, quando eu for estabelecer os critérios de concessão dos benefícios que eu selecionei eu vou levar em conta quais são os mais importantes para distribuir rendas. 
O mais importante é a aposentadoria. 
A lógica da distributividade é você privilegiar os benefícios que tenham um impacto social mais importante. 
Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (doutrina): trata-se de princípio constitucional cuja aplicação ocorre no momento da elaboração da lei e que se desdobra em duas fases: seleção de contingências e distribuição de proteção social.
O sistema de proteção social tem por objetivo a justiça social, a redução das desigualdades sociais (e não a sua eliminação). É necessário garantir os mínimos vitais à sobrevivência com dignidade. 
Para tanto, o legislador deve buscar na realidade social e selecionar as contingências geradoras das necessidades que a seguridade deve cobrir. Nesse proceder, deve considerar a prestação que garanta maior proteção social, maior bem-estar. 
Entretanto, a escolha deve recair sobre as prestações que, por sua natureza, tenham maior potencial para reduzir a desigualdade, concretizando a justiça social. A distributividade propicia que se escolha o universo dos que mais necessitam proteção. 
Voltando para o art. 194 nós temos outros princípios: 
- irredutibilidade do valor dos benefícios
A CF estabelece o princípio da irredutibilidade ao valor dos benefícios, mas a CF não vincula os benefícios no número de salários mínimos contribuídos, ou seja, não há vinculação com o número de salários mínimos. 
Na prática o salário mínimo sobe mais do que a aposentadoria, todo ano tem reajuste para o aposentado, mas o salário mínimo sobe mais, no prazo de 5/10 anos ele não vai ganhar o número do salário que estava ganhando, ele perdeu o valor de compra.
Quando a CF estabelece esse princípio ela não obriga a manter o número de salários mínimos de que a pessoa aposentou.
Quando a constituição garante a irredutibilidade, ela garante uma irredutibilidade nominal, isso é decisão do Supremo e não real. 
A irredutibilidade do valor dos benefícios é nominal e não real.
Quando veio a CF de 88 os advogados entraram com ações para manter o mesmo número de salários mínimos, ou seja, manter a vinculação, isso chegou no Supremo e o Supremo disse que não garante a irredutibilidade real e sim a nominal. Ou seja, tem que ter reajuste todos os anos, mas tem que ser de forma da lei, não está escrito em lugar nenhum que precisa ser o mesmo que o salário mínimo.
Hoje os benefícios são reajustados ao INPC. Esse índice não reflete ao salário mínimo, o SM é ganho real, no mínimo o INPC e mais o real. 
O poder de compra de quem aposenta cai. 
Esse princípio implica na manutenção do poder de compra do benefício recebido, mas essa manutenção é nominal. 
Doutrina: os benefícios – prestações pecuniárias – não podem ter o valor inicial reduzido. Ao longo de sua existência, o benefício deve suprir os mínimos necessários à sobrevivência com dignidade, e, para tanto, não pode sofrer redução no seu valor mensal. 
A inflação tem marcado a economia nacional e, principalmente na décadade 1980, marcou, sobremaneira, salários e benefícios previdenciários. 
Era tão grave essa situação que a CF de 1988 previu, no art. 58 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, uma revisão geral para todos os benefícios de prestação continuada em manutenção, isto é, já concedidos em 05.10.1988, na tentativa de resgatar seu valor originário. Para tanto, determinou que todos esses benefícios fossem recalculados, de forma que passassem a equivaler ao mesmo número de salários mínimos que tinham na data da concessão, até a implantação do novo plano de custeio e benefícios, o que ocorreu com a vigência da Lei n. 8.213/91. 
O problema, entretanto, não é exclusivo da previdência do Brasil. 
“A atualização do montante das prestações traduz o princípio do ajustamento periódico, que pode apresentar ou não certa regularidade, do seu valor nominal, a fim de evitar a degradação do seu poder de compra, ou seja, a redução efetiva do seu valor real. De fato, uma vez fixado no ato de atribuição das prestações, o respectivo montante permanece fixo, estabilizado, pode mesmo dizer-se verdadeiramente congelado, se não for objeto de modificação. De certo modo, intervém aqui a aplicação analógica do princípio civilístico da restitutio in statu quo ante. Por isso mesmo se fala em reposição do valor das prestações”. 
O art. 201, § 4º da CF, reafirma o princípio da irredutibilidade, ao garantir o reajustamento dos benefícios, para preservar-lhes o valor real, conforme critério estabelecidos em lei. 
- princípio da equidade no custeio
Equidade é a ideia de mitigar a lei em busca de uma justiça, é uma ideia de você fazer que aqueles que tenham mais condições financiem os direitos de quem não tem condições.
Ao tributar para financiar a seguridade social, as empresas de ramo de atividades mais rentosas paguem mais, por exemplo. 
A equidade nada mais é que a concreção do custeio. 
A pessoa que tem empresa, escritórios grandes, ele cria uma sociedade e muda o regime de tributação, ele vai tributar com o lucro do escritório e não mais dele (pessoa física) em média ele vai pagar em torno de 16,5% de imposto de renda e ai ele vai pagar os 11% em cima do pro-labore dele. 
Se você se enquadrar no simples a tributação será de 4% ao mês ao 17%, escritórios pagaram menos. 
Doutrina: ao nosso ver, a equidade na forma de participação no custeio não corresponde, exatamente, ao princípio da capacidade contributiva. 
O conceito de “equidade” está ligado à ideia de “justiça”, mas não à justiça em relação às possibilidades de contribuir, e sim à capacidade de gerar contingências que terão cobertura pela seguridade social. 
Então, a equidade na participação no custeio deve considerar, em primeiro lugar, a atividade exercida pelo sujeito passivo e, em segundo lugar, sua capacidade econômico-financeira. Quanto maior a possibilidade de a atividade exercida gerar contingências com cobertura, maior deverá ser a contribuição. 
Gestão democrática e quadripartite
Todos os órgãos colegiados da seguridade social devem ter necessariamente representantes dos trabalhadores, empregadores, aposentados, governos. 
Antes da emenda 20 não tinha representação dos aposentados, sendo tripartite. 
Doutrina: a gestão da seguridade social é quadripartite, com a participação de representantes dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Poder Público nos órgãos colegiados (art. 194, parágrafo único, VII). 
A participação desses representantes se dá em órgãos colegiados de deliberação, como o Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de Previdência Social. 
Esses Conselhos têm suas atribuições restritas ao campo da formulação de políticas públicas de seguridade e controle das ações de execução. 
A descentralização significa que a seguridade social tem um corpo distinto da estrutura institucional do Estado. No campo previdenciário, essa característica sobressai com a existência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal encarregada da execução da legislação previdenciária. 
Diversidade da base de financiamento
Temos as mais diversas maneiras para cobrar as contribuições sociais, essa diversidade de contribuições é prevista na própria CF, não só é prevista como é estimulada, por isso que pagamos folhas de salários, CONFINS, contribuição social sobre o lucro, é por isso que os times de futebol sã obrigados a pagar uma parte da bilheteria, uma parte da mega-sena vai para a previdência social. 
Doutrina: o financiamento da seguridade social é de responsabilidade de toda a comunidade, na forma do art. 195 CF. 
Trata-se de aplicação do princípio da solidariedade, que impõe a todos os segmentos sociais – Poder Público, empresas e trabalhadores – a contribuição na medida de suas possibilidades. A proteção social é encargo de todos porque a desigualdade social incomoda a sociedade como um todo. 
Os aportes ao orçamento da seguridade social são feitos por meio de recursos orçamentários da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, além de contribuições pagas pelo empregador, pela empresa ou entidade a ela equiparada (art. 195, I), pelo trabalhador (art. 195, II), pelas contribuições incidentes sobre as receitas dos concursos de prognósticos (art. 195, III) e pelas contribuições pagas pelo importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV). 
As bases de cálculos das contribuições da empresa e da entidade a ela equiparada são diversas e estão previstas no inc. I, a, b e c, do art. 195. 
Outras fontes de custeio podem ser instituídas para garantir a expressão da seguridade social. Para tanto, deve ser observado o disposto no § 4º do art. 195, que remete ao art. 154, I, de modo que novas fontes de custeio só podem ser criadas por meio de lei complementar, desde que não cumulativas e que não tenham fato gerador ou base de cálculo próprias ou já descriminados na CF. 
 Estes são chamados princípios setoriais. 
Além disso podemos citar, por exemplo, chamado princípio do equilíbrio atuarial. 
Quando eu for criar um benefício novo ou se for eu for ampliar eu tenho que ter um equilíbrio atuarial, eu tenho que ter dinheiro, da onde vem dinheiro para ampliar esse benefício? Não adianta criar um benefício e não ter dinheiro. 
Ou aumentar os tributos ou cortar as despesas. 
Art. 201 em diante. 
A regra da contrapartida (doutrina): embora não prevista expressamente como um princípio, não há como deixar de mencionar a regra da contrapartida, trazida pelo § 5º do art. 195: “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. 
A seguridade social só pode ser efetivada com o equilíbrio de suas contas, com a sustentação econômica e financeira do sistema. Por isso, opera com conceitos atuariais. 
A CF quer o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, de forma que a criação, instituição, majoração ou extensão de benefícios e serviços devem estar calcadas em verbas já previstas no orçamento. 
Na área da previdência social, há disposição específica no caput do art. 201 da CF: a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. 
Regra da contrapartida (art. 195, § 5.°, da CF): há necessidade de que primeiro exista a fonte de custeio para depois ser criado o benefício. Neste passo, a criação, majoração ou extensão de benefício está condicionada à existência da correspondente fonte, que concorra para o custeio total. Com isso, quer o constituinte proteger o equilíbrio financeiro do sistema, elemento sem o qual não será possível o cumprimento das finalidades da seguridade social. Torna-se necessária ampla avaliação técnica e atuarial do sistema. A regra da contrapartida é componente fixo a ser considerado, assim no plano plurianual,como no orçamento da seguridade social. Nenhum seguro – e a seguridade é expressão maior do seguro – pode existir sem previsão. A necessidade de planejamento é absoluta. O § 5.° do art. 195 da CF também significa outro comando em favor da integração dos diversos programas de seguridade. Isso porque, o orçamento da seguridade social há de ser elaborado de forma integrada pelos setores da saúde, da previdência e da assistência (§ 2.° do art. 195, da CF/1988). Posta a fonte de custeio, já está criado o benefício; sem a respectiva fonte de custeio, não há que se falar em benefício. Esclareçamos que: “O sistema estatal de proteção está associado a certa noção elementar de contabilidade: a noção de caixa. Para a caixa (...) trabalhadores, empresas e a sociedade em geral vertem contribuições. E da caixa serão debitadas as prestações (benefícios e serviços). É senso comum que nenhuma caixa terá equilíbrio quando os saques se tornam maiores do que os ingressos. A regra da contrapartida é o comando constitucional que torna compulsório esse equilíbrio entre entradas e saídas da caixa”. Como se depreende, a partir do momento em que está constituído o benefício em consonância com a regra da contrapartida, o esquema de proteção deve ser acionado por quem quer que dela necessite. Só assim serão atingidos os fins últimos da seguridade social. Dessa forma, configurada a situação de necessidade, devem existir bases de financiamento suficientes para a sustentação financeira do plano de proteção até então vigente. Contudo, a Previdência Social impõe certo período de carência para que alguém possa usufruir determinados benefícios e serviços. A carência (número mínimo de contribuições indispensáveis para a obtenção do benefício) é o suporte financeiro prévio para a formação do caixa previdenciário.
O art. 195, em seus diversos incisos, prevê as bases de financiamento que, em conformidade com a regra da contrapartida, podem ser criadas pelo legislador. No entanto, considerando que essas bases poderiam revelar-se insuficientes para a manutenção e expansão da seguridade social, o constituinte permitiu que outras fontes, no futuro, e com observância da regra da contrapartida, fossem constituídas. É o que se depreende do art. 195, § 4.°, do mesmo diploma legal: “§ 4.° A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I”. Esclareça-se que o art. 154, inc. I, da Carta Constitucional de 1988 refere-se à competência residual da União.
- Orçamento da administração direta e indireta 
O professor entende que não é um princípio.
A CF criou um subgrupo específico de que o governo, a sociedade possa ver quantos estamos gastando em seguridade social. 
- Orçamento de investimento das empresas estatais
- Orçamento da seguridade social 
Artigo 201, § 1º - uniformidade. Existe a possibilidade de critérios diferentes de aposentadoria, veremos mais a frente. 
§ 2º: este parágrafo acaba sendo uma concretização constitucional do princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios. 
Não pode ter aposentadoria menor que um salário mínimo no Brasil
§ 3º: garante que quando você se aposenta a aposentadoria venha com um valor parecido do valor que estava ganhando na ativa. Temos que corrigir o valor. 
§ 4º: concreção do princípio da irredutibilidade: precisa ter reajuste todo o ano, mas quem diz quanto vai ter de reajuste é a lei.
§ 5º: 
Além desses princípios, nós temos mais princípios relacionados a interpretação judicial no momento de se analisar o benefício previdenciário. Parte da doutrina acha que não são nem 
princípios e sim critério de interpretação, parte fala de princípio. Esses são os dois principais:
Princípo do “tempos regit actum”: princípio geral do direito.
X chega e fala que Y morreu há 10 anos e que ela achava que não tinha direito a pensão por morte por isso que não pediu antes, agora ela diz que quer a pensão morte. 
Você tem que pegar a lei de 10 anos atrás para ver se ela tinha direito ou não. 
Tem 5 anos de prescrição, ela poderá cobrar apenas os 5 últimos anos. 
Não prescreve o fundo de direito, prescreve apenas as parcelas devidas que passarem os últimos 5 anos. 
Se a lei atual for mais benéfica eu não posso aplicar a lei mais benéfica – entendimento do supremo, o professor discorda. 
O direito da pessoa não prescreve, o direito ao benefício ou não é imprescritível o que prescreve é somente as parcelas devidas. 
A mulher rural não tinha direito de aposentadoria antes de 92. Se ela entrar hoje com uma ação eu vou dar a partir da citação, porque ninguém sabia se ela queria entrar ou não.
Se ela entra com um pedido no INSS em 2012 e ele não concede, eu dou a partir de 2012 porque tenho um marco temporal. 
Princípio da continuidade do trabalho (rural)
Alguns falam que são do trabalho todo e outros apenas do rural.
Quando você vai provar o seu tempo de serviço tem que prova de que você trabalhou, a prova usual e exigida é a contribuição você tem que provar contribuiu. 
É um método ou um critério de interpretação do qual o juiz se vale para suprir essas lacunas de tempo de serviço. Vale tanto para o rural quanto para o urbano.
Com o rural há uma maior tolerância. 
O urbano só aposenta com a contribuição. Eu posso até suprir uma omissão, mas ele precisa ter uma prova material, um recibo de pagamento, um cheque, se não provar, acaba não contando o tempo.
No urbano a partir de 99 tem que provar a contribuição, só o rural tem um “chorinho” de provar o tempo de serviço. 
O empregador não pagou a contribuição previdencial do empregado, eu não posso prejudicar o empregado, mas você precisa provar o vínculo de emprego. 
A carteira de trabalho e a previdência social faz presunção relativa em favor do empregado. O INSS tem o ônus de provar se é falso. 
Financiamento da seguridade social
As contribuições sociais podem ser classificadas em:
- contribuições a RPPS: aquelas voltadas ao custeio dos regimes próprios de previdência social, quais as recolhidas pelos servidores e entes públicos (art. 149, § 1º, e art. 40, caput, CR/88);
- as contribuições previdenciárias: aquelas que se destinam apenas à previdência (regime geral) e não à assistência e à saúde, vedando a Constituição seu uso para outro fim qualquer (art. 167, XI);
- as contribuições não previdenciárias: aquelas que se destinam ao financiamento global da seguridade, precipuamente à assistência social e à saúde, embora possam ser direcionadas inclusive ao pagamento de benefícios do regime geral (não de RPPS), se insuficientes as contribuições previdenciárias.
São previdenciárias as contribuições cobradas dos segurados, dada a natureza contributiva da previdência social, assim como das empresas que utilizam mão-de-obra de segurados. Em regra, essas contribuições incidem sobre a remuneração recebida, da parte do segurado, e sobre a folha de pagamento, da parte da empresa. Em alguns casos podem incidir, excepcionalmente, em substituição à remuneração e à folha de pagamento, sobre a receita, como é o caso dos produtores rurais e das agroindústrias.
De sua parte, dentre as contribuições previdenciárias podem ser destacadas as acidentárias, caracterizando-se estas pela destinação a fundo específico (Seguro de Acidente de Trabalho – SAT) voltado ao pagamento de benefícios acidentários, ou seja, aqueles devidos em função de acidente de trabalho e doença profissional, e à aposentadoria especial, devida em função da exposição a fatores de risco profissional. As contribuições previdenciárias acidentárias são pagas pelas empresas e entes equiparados, conforme o risco da atividade desenvolvida, e não pelos trabalhadores.
Destaque-se ainda que a Constituição prevê que outras fontes podem ser utilizadas para incidência de contribuições sociais (art. 195, § 4º), desde que sejam instituídas por lei complementar, não cumulativas e não tenham fato gerador ou base de cálculo daquelas jáprevistas na própria Carta Magna (art. 154, I).
Portanto, o financiamento da seguridade social de forma direta pela sociedade se dá por contribuições sociais, espécie tributária que se caracteriza pela destinação específica a esse fim. De forma indireta, por outros recursos orçamentários (oriundos de impostos). Ainda, por outras fontes previstas na legislação.
Contribuições sociais para financiamento da seguridade social
As contribuições sociais têm fundamento constitucional no art. 195, que prevê seu pagamento pelos empregadores, pelos trabalhadores e pelos importadores, além da incidência sobre concursos de prognósticos. No campo infraconstitucional são reguladas principalmente pela Lei n. 8.212/91, mas também por inúmeras outras leis.
O recolhimento pelos empregadores (patronal) incide em regra sobre a folha de pagamento, aí incluídos tanto os salários, qual a retribuição pelo trabalho com vínculo empregatício, quanto quaisquer outros rendimentos pagos em função de uma prestação de serviço, mesmo sem vínculo empregatício, sendo devidas em regra sobre a totalidade dos rendimentos pagos. Contribuem ainda sobre seu faturamento e sobre o lucro.
As entidades beneficentes de assistência social que se enquadrem nos requisitos legais (Lei n. 8.742, de 7.12.93; Lei n. 12.101, de 27.11.2009) são imunes às contribuições patronais (art. 195, § 7º), devendo recolher apenas aquelas devidas pelos trabalhadores a seu serviço que tenham descontado como substitutas tributárias.
O recolhimento pelos trabalhadores, em regra, se dá sobre o valor de retribuição que receber pela prestação de serviço no período contributivo, ou seja, pelos rendimentos do trabalho, estando limitadas a um teto. O pequeno produtor rural, denominado segurado especial, em regra, contribui sobre sua receita em substituição a essa base (rendimentos do trabalho).
- Contribuições dos empregadores, empresas e equiparados (patronal)
A redação original do inciso I do art. 195 da Constituição previa a incidência de contribuições “dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro”, o que gerou inúmeras discussões sobre a amplitude que se deveria dar para esses termos, visto que “empregador” é um termo específico relativo àquele que mantém uma relação de emprego com um empregado, ou seja, regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, assim como “salário” é a contraprestação pelo trabalho sob esse regime, e “faturamento” engloba apenas o resultado das vendas de mercadorias e serviços.
Para afastar quaisquer discussões, a Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.98, veio a ampliar o conteúdo do mencionado inciso I, de modo que hoje as contribuições são devidas pelo “empregador”, “empresa” e “entidade a ela equiparada na forma da lei”. Assim, mesmo que não sejam empregadoras, ou seja, não tenham trabalhadores regidos pela CLT ou utilizem mão de obra remunerada, todas as empresas devem as contribuições; ainda, mesmo que não seja tecnicamente uma empresa, também devem as contribuições, podendo assim ser citadas, por exemplo, associações, sindicatos, condomínios, missões diplomáticas e consulares, igrejas etc.
Igualmente, a redação atual prevê a incidência não apenas sobre os “salários”, estritamente considerados, mas também sobre “demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício” (letra a), e não apenas sobre “faturamento”, mas toda e qualquer “receita” (letra b).
1.1 – Contribuição sobre folha de salários e demais rendimentos...
Art. 195, inc. I, a, da Constituição
Arts. 22 a 22-B e 24 a 25-A da Lei n. 8.212/91 (LCPS)
Arts. 201 a 203 e 211 do Decreto n. 3.048/99 (RPS)
Lei n. 10.256, de 9.7.2001
Lei n. 10.666, de 8.5.2005
Trata-se de contribuição estritamente previdenciária (art. 167, XI), destinando-se, portanto, ao Fundo da Previdência Social – FPS, e incide sobre quaisquer rendimentos do trabalho, ou seja, quaisquer valores que correspondam a retribuição pelo trabalho prestado aos sujeitos passivos (salários, pro labore, gorjetas, abonos etc.), excetuadas apenas aquelas verbas de natureza indenizatória ou não correspondente a contraprestação do serviço expressamente previstas na LCPS (art. 28, § 9º).
Em regra, as contribuições patronais não se limitam a teto, incidindo, pois, sobre a totalidade dos rendimentos pagos, ainda que os trabalhadores tenham sua própria contribuição limitada.
Assim se configuram essas contribuições:
I - 20% sobre a totalidade dos rendimentos pagos a empregados e avulsos.
De acordo com o § 1º do art. 22 da LCPS, as instituições financeiras pagam adicional de 2,5% em relação aos rendimentos pagos a empregados, avulsos e contribuintes individuais, ou seja, contribuem com 22,5% sobre a totalidade dos rendimentos pagos a esses trabalhadores.
II - adicional de 1 a 3% sobre a base anterior para o Seguro de Acidente do Trabalho – SAT, destinado à cobertura dos benefícios acidentários, quais o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, o auxílio-acidente e a pensão por morte, quando decorrentes de acidente do trabalho ou doença profissional, e à aposentadoria especial, devida pelo exercício de atividades profissionais potencialmente prejudiciais à saúde do trabalhador.
Essa contribuição incide conforme o grau de risco (leve, médio e grave) da atividade preponderante, devendo ser considerada por estabelecimento da empresa. Cabe redução de até 50% e aumento de até 100%, conforme o estabelecimento esteja abaixo ou acima da média das empresas do segmento econômico (art. 10 da Lei n. 10.666, de 8.5.2005), aferido pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP (art. 202-A, RPS).
Se o estabelecimento da empresa tiver empregados e avulsos sujeitos a condições especiais de trabalho, ou seja, potencialmente prejudiciais à saúde, sujeita-se a acréscimo de 12, 9 ou 6%, calculado somente sobre os rendimentos pagos aos trabalhadores assim expostos, conforme essas atividades levem ao pagamento de benefício em 15, 20 ou 25 anos de trabalho, respectivamente (art. 57, § 6º, da Lei n. 8.213/91 - PBPS).
III - 20% sobre a totalidade dos rendimentos pagos a contribuintes individuais (administradores não empregados, autônomos, profissionais liberais, diaristas etc.).
Como já destacado, a alíquota para as instituições financeiras sobre essa base é de 22,5%.
Não incide contribuição para o SAT sobre essa base.
IV - 15% sobre o valor pago a cooperativas de trabalho e de produção.
Em regra não incide contribuição para o SAT sobre essa base.
Porém, havendo trabalhadores sujeitos a condições especiais de trabalho, em se tratando de cooperativas de trabalho incidirá contribuição para o SAT de 9, 7 ou 5% para atividades especiais que levem ao pagamento de benefícios em 15, 20 ou 25 anos. Em se tratando de cooperativa de produção, as alíquotas serão de 12, 9 ou 6%, respectivamente.
Essa contribuição – e, consequentemente, o adicional para o SAT –, todavia, foi declarada inconstitucional pelo e. Supremo Tribunal Federal (RE n. 595.838, Pleno, rel. Min. Dias Toffoli, j. 23.4.2014, publicação pendente).
V - 12% do salário de contribuição do empregado ocupado em residência em atividade sem fim lucrativo, devida pelo empregador doméstico, não havendo previsão de contribuição para o SAT, embora o empregado doméstico atualmente esteja coberto pelos benefícios acidentários (EC n. 72, de 2.4.2013). Diferentemente da contribuição devida pelo serviço prestado pelos demais empregados, que incide sobre a totalidade da remuneração, a do empregado doméstico incide sobre o “salário de contribuição”, tratado à frente, o que implica em limitação ao teto.
VI - 2% sobre o valor da venda de suas mercadorias, em substituição às contribuições sobre a folha de pagamento de empregados e avulsos, devida pelos empregadores rurais pessoa físicas, os segurados especiais e os consórcios simplificados desses produtores, mais adicional de 0,1% para SAT.
Essa contribuição deve serretida na fonte pela pessoa jurídica que adquirir seus insumos para beneficiamento ou revenda, descontando do valor pago ao produtor (art. 30, III e IV).
Em se tratando de empregador rural pessoa jurídica e agroindústria vegetal (exceto de reflorestamento), a alíquota será de 2,5% sobre o faturamento e 0,1% para o SAT (Lei n. 10.256, de 9.7.2001).
Em situação peculiar se encontram os pequenos produtores rurais pessoas físicas, inclusive pescadores e extrativistas.
Até o advento dos atuais Plano de Custeio e de Benefícios da Previdência Social, instituídos através das Leis nº 8.212 e 8.213, de 24.7.91, o trabalhador rural era regido pelo então sistema do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural – Prorural, instituído pela Lei Complementar nº 11, de 25.5.71, mantido pelo Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – Funrural. Pelo Prorural, os beneficiários eram os empregados rurais e os pequenos produtores e os únicos benefícios de natureza previdenciária eram aposentadoria por idade e invalidez, equivalentes a 50% do salário mínimo, pensão, equivalente a 30% do salário mínimo, e auxílio-funeral (art. 2°). Assim mesmo, no caso de aposentadoria, era devida a um único beneficiário, o chefe da família (art. 4°, parágrafo único), ainda que todos fossem empregados, ficando os demais desamparados, a não ser pela previsão de pensão por morte daquele.
O financiamento do Prorural provinha de contribuição sobre o resultado da venda da produção agrícola, indistintamente se de pequenos ou grandes produtores, equivalente a 2% do valor da comercialização.
A nova Constituição unificou os regimes previdenciários dos urbanos e dos rurais, passando estes à qualidade de contribuintes obrigatórios e a ter direito a todos os benefícios; unificou também o regime de contribuições, seja dos empregadores, seja dos trabalhadores. Assim, os trabalhadores passaram a contribuir como segurados obrigatórios (art. 12, 20 e 21 da LCPS) e os empregadores conforme o regime das empresas urbanas (art. 22 e 23, na redação original). Porém, o segurado especial continuou contribuindo sobre a produção na forma mencionada (art. 25), por força do § 8° do art. 195 da Constituição.
A partir do advento da Lei n. 8.540, de 22.12.92, dando nova redação ao art. 25 da Lei n. 8.212, as pessoas físicas empregadoras rurais passaram também a contribuir sob o mesmo regime dos segurados especiais, ou seja, sobre o resultado da comercialização da produção. Pela Lei n. 10.256 foi previsto o consórcio de pessoas físicas.
Qualificam-se como segurados especiais o pequeno produtor rural não empregador, seja proprietário, meeiro, arrendatário ou porcenteiro, os pescadores artesanais e os extrativistas, que exerçam sua atividade individualmente ou em regime de economia familiar em pequena propriedade, bem assim seus dependentes (art. 12, inc. VII).
Regime de economia familiar configura-se como “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes” (§ 1º). No caso de produtores rurais e extrativistas, qualifica-se como pequeno produtor aquele cujo imóvel que tenha tamanho inferior a 4 módulos fiscais (88 hectares em Presidente Prudente).
Podem ter auxílio “eventual” de terceiros, inclusive empregados, desde que não sejam permanentes, estando limitados a 2 meses ao ano de empregados temporários e 120 pessoas/dia em média de diaristas (art. 11, § 7º, LBPS).
A peculiaridade dos segurados especiais em relação aos “empregadores rurais” é que, sem comprovar contribuição individual, têm direito a alguns benefícios de valor mínimo, conforme art. 39, inciso I e parágrafo único, da LBPS (aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão, pensão e salário-maternidade), não tendo direito a aposentadoria por tempo de contribuição. Ou seja, não precisam contribuir individualmente para que todos os membros da família, que efetivamente ajudem na produção, sejam segurados da Previdência.
Porém, podem facultativamente inscrever-se no Instituto (art. 12, § 3°) e recolher como contribuintes individuais (art. 25, § 1°), quando então o cálculo dos benefícios será feito com base nas suas contribuições (art. 39, II) e passará a ter direito a todos os benefícios, indistintamente, inclusive aposentadoria por tempo de contribuição, não prevista no inciso I do art. 39 (Súmula 272, STJ: “O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço se recolher contribuições facultativas”).
Em relação aos segurados especiais, portanto, a contribuição sobre a produção se caracteriza tanto como patronal quanto de trabalhadores, porquanto substitui o recolhimento sobre a folha de pagamento dos empregados temporários e diaristas que vier a contratar (patronal), ao mesmo tempo em que se destina à garantia de direito a benefícios dos membros do grupo familiar (trabalhadores).
Diferentemente, os empregadores rurais são contribuintes individuais obrigatórios, de modo que só terão direito aos benefícios previdenciários, como trabalhadores, se efetivamente recolherem como tais. Sua contribuição sobre a produção se caracteriza somente como patronal.
VII - 5% da bilheteria e demais receitas (patrocínios, licenciamento de marca, transmissão de espetáculo etc.) em substituição às contribuições sobre a folha de pagamento de empregados e avulsos e SAT, devida pelos clubes de futebol.
Observe-se que as hipóteses substitutivas não afastam a contribuição sobre remunerações pagas a contribuintes individuais e cooperativas de trabalho e de produção, nem englobam as contribuições retidas dos trabalhadores ou de outra pessoa jurídica como responsáveis tributários.
1.2 – Contribuição sobre receita e faturamento
Art. 195, inc. I, b, da Constituição
Art. 23, inc. I, da Lei n. 8.212/91 (LCPS)
Art. 204, inc. I, do Decreto n. 3.048/99 (RPS)
Lei Complementar n. 70, de 30.12.91
Lei n. 9.718, de 27.11.98
Lei n. 10.833, de 29.12.2003
Lei Complementar n. 7, de 7.9.70
Lei n. 9.715, de 25.11.98
Lei n. 10.637, de 30.12.2002
Não se trata de contribuições estritamente previdenciárias, pois não se destinam ao FPS, mas precipuamente à saúde e à assistência social, sem prejuízo de cobrir insuficiência das contribuições previdenciárias.
Até março/92 a contribuição sobre o faturamento correspondia à então estabelecida pelo Decreto-lei n. 1.940, de 25.2.82, conhecida por Finsocial (art. 23, inc. I, LCPS), recepcionada que foi pelo art. 56 do ADCT/88, vindo a ser substituída pela contribuição instituída pela Lei Complementar n. 70, de 30.12.91, conhecida como Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins.
Inicialmente estabelecida de forma cumulativa, ou seja, incidindo sobre todas as operações de faturamento da cadeia produtiva e distribuidora até chegar ao consumidor, a Emenda Constitucional n. 42, de 19.12.2003, veio a prever a instituição da não cumulatividade, pela qual, ainda que incidindo sobre todas as operações, é dado ao contribuinte compensar o valor pago nas operações de aquisição do insumo/mercadoria quando vier a proceder à venda, resultando em recolhimento efetivo apenas sobre o valor agregado nessa etapa. Assim, a não cumulatividade da Cofins foi instituída pela Lei n. 10.833, de 29.12.2003, que ampliou em seu art. 1º o conceito de faturamento previsto no art. 2º da LC n. 70/91, aumentou a alíquota e estipulou inúmeros setores da economia aos quais é inaplicável (art. 10), de modo que hoje coexistem os dois regimes.
Pelo regime cumulativo, a Cofins incide em regra a 3% sobre o valor do faturamento (art. 8º da Lei n. 9.718, de 27.11.98), conceituado no art. 2º da LC n. 70/91 como “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviçode qualquer natureza”. Há variadas exceções nas leis de regência tanto de alíquota quanto de base de cálculo, inclusive isenções, conforme o ramo de atividade e produtos comercializados.
Pelo regime não cumulativo, incide em regra a 7,6% sobre a receita bruta amplamente considerada, conceituada como “o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Igualmente, há exceções nas leis de regência.
As entidades sem fins lucrativo, previstas no art. 13 da MP nº 2.158-35, de 24.8.2001, (associações, sindicatos, condomínios etc.) contribuem com 1% sobre a folha de salários.
A par da Cofins, devem também ser consideradas como contribuições sociais a Contribuição para o Programa de Integração Social – Pis, instituída pela LC n. 7, de 7.9.70, e a Contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Pasep, criado pela Lei Complementar n. 8, de 3.12.1970.
O Pis foi concebido inicialmente como uma forma de promover a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas, mediante a constituição de um fundo com contas individuais que podiam ser sacadas em hipóteses expressamente previstas, além de anualmente pagar os rendimentos dessas contas e um abono anual para os trabalhadores de baixa renda. O Pasep seguiu o Pis, estendendo aos servidores públicos o regime do Pis, mediante contribuições dos entes públicos.
Com o advento da atual Constituição, seu art. 239 alterou o perfil dos Fundos Pis-Pasep, passando a destiná-los especialmente ao pagamento do seguro-desemprego e o abono anual, sem possibilidade de saque do saldo pelo trabalhador. Destina-se também, em parte (pelo menos 40%), a programas de fomento do BNDES, mas como tal se trata de aplicação dos recursos, de modo que seu resultado se volta também aos fins mencionados.
Embora o seguro-desemprego não esteja regulamentado pela Lei n. 8.213/91, mas pela Lei n. 7.998, de 11.1.90, e seja administrado pelo Ministério do Trabalho e não pelo INSS, estando, portanto, desvinculado do Plano de Benefícios da Previdência Social, o “desemprego involuntário” é fator de risco expressamente englobado constitucionalmente na seguridade social (art. 201, inciso III), de modo que a contribuição a ele destinada deve ser considerada como social. Destina-se em parte a previdência, pela cobertura do desemprego, e em parte a assistência, pelo pagamento do abono ao trabalhador de renda média anual inferior a dois salários mínimos, conhecido popularmente como 14º salário, 
Assim como a Cofins, em relação ao Pis coexistem os sistemas cumulativo e não cumulativo, criado este pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002.
Tida como uma forma mais racional de tributação, por gerar contribuição apenas sobre o valor agregado em cada fase da cadeia produtiva, e almejada há muito pelas empresas, a não cumulatividade do Pis e da Cofins acabou por não representar alento na carga tributária para a maioria dos setores. Ao contrário, passou em alguns casos a representar até mesmo maior carga tributária, sem esquecer do maior custo operacional de apuração, dada a complexidade do sistema, a exigir de muitas empresas incremento no pessoal relacionado à contabilidade.
Pelo regime cumulativo, o Pis incide em regra a 0,65% sobre o valor do faturamento (art. 8º da Lei n. 9.715, de 25.11.98).
Pelo regime não cumulativo, incide em regra a 1,65% sobre o faturamento.
Os entes equiparados a empresa que não têm faturamento (associações, sindicatos, condomínios etc.) contribuem com 1% sobre a folha de salários, o que é conhecido como Pis-Fopa.
Assim como em relação à Cofins, há inúmeras regras próprias de regência do Pis, que não podem ser desconsideradas pelo intérprete que queira se aprofundar no assunto ou buscar o correto enquadramento de determinada atividade, sendo exemplos a alíquota e base diferenciada para instituições financeiras e para fabricantes de cigarros, o sistema de substituição tributária de refinarias, distribuidoras e postos de combustíveis, o regime da Zona Franca de Manaus etc.
1.3 – Contribuição sobre o lucro
Art. 195, inc. I, c, da Constituição
Art. 23, inc. II, da Lei n. 8.212/91 (LCPS)
Art. 204, inc. II, do Decreto n. 3.048/99 (RPS)
Lei n. 7.689, de 15.12.88
Logo que promulgada a Constituição, a Lei n. 7.689, de 15.12.88, instituiu a Contribuição Social sobre o Lucro – CSL, que atualmente incide, para as empresas em geral, à alíquota de 9% e de 15% para instituições financeiras (Lei n. 11.727, de 23.6.2008).
Em termos de apuração da base de cálculo, em regra a CSL segue as normas relativas ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ. Assim, empresas que apuram o IRPJ em regimes especiais também terão regime especial para apuração da CSL. É o caso das empresas sujeitas a lucro presumido ou a lucro arbitrado, que são formas de apuração menos complexas do que a do chamado “lucro real” e aplicáveis a micro, pequenas e médias empresas, cuja base de incidência não é o lucro líquido apurado, mas percentual da receita bruta, qual 12% para lucro presumido e 32% para lucro arbitrado, permanecendo a mesma alíquota de 9%.
1.4 – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples
Art. 179 da Constituição
Lei n. 9.317, de 5.12.96
Lei Complementar n. 123, de 14.12.2006
Lei n. 10.034, de 24.10.2000
É de se registrar, porquanto atinge número considerável de pessoas jurídicas, que as formas de recolhimento antes tratadas sofrem drástica alteração em se tratando de microempresas e empresas de pequeno porte, porquanto abrangidas por sistema especial de apuração de seus tributos instituído pela Lei n. 9.317, de 5.12.96, e atualmente regulado pela Lei Complementar n. 123, de 14.12.2006, conhecido como Simples Nacional.
Por esse sistema, as empresas recolhem por alíquota única, aplicada sobre a receita bruta, diversos tributos federais e estaduais aos quais estão sujeitas, entre eles as contribuições sociais, inclusive previdenciárias patronais (art. 13). Excluem-se as contribuições previdenciárias retidas dos segurados (§ 1º, IX).
As alíquotas são estabelecidas conforme o ramo de atividade e montante da receita bruta das pessoas jurídicas, na forma dos anexos da Lei Complementar, variando de 4 a 22,9% dessa base.
2 – Contribuição dos trabalhadores
A Constituição prevê contribuição da parte do “trabalhador e demais segurados da previdência”, na redação dada ao inciso II do art. 195 pela EC n. 20/98. Igualmente, a alteração da redação veio a dar maior amplitude a essas contribuições, antes previstas apenas em relação aos “trabalhadores” na redação original desse dispositivo.
A alteração, no contexto da EC n. 20/98, que veio a instituir o conceito de tempo de contribuição e não mais de serviço para todos os efeitos previdenciários, destaca o caráter contributivo da previdência. Excluiu-se expressamente o pagamento sobre benefícios do regime geral da previdência, com remissão específica ao art. 201, no que se diferencia da opção constitucional de tributação dos benefícios pagos pelos Regimes Próprios de Previdência aos servidores públicos (art. 4º da EC n. 41, de 19.12.2003). Desse modo, aposentados e pensionistas do regime geral não são contribuintes.
Os contribuintes abrangidos pelo dispositivo são os chamados segurados obrigatórios, elencados no art. 12 da LCPS, e, como tais, também contribuintes obrigatórios, bem assim os segurados facultativos (art. 14). O traço marcante para classificar o trabalhador como segurado/contribuinte obrigatório é o trabalho remunerado, qualquer que seja a forma ou relação jurídica estabelecida para o trabalho e qualquer que seja a forma de remuneração ou retribuição por esse trabalho. Assim, o trabalho voluntariamente gratuito não leva à obrigatoriedade de filiação à Previdência.
As classes dos segurados obrigatórios são os empregados e a eles equiparados, os empregados domésticos, os contribuintes individuais, os avulsos e os segurados

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