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AULA - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA
- Origem, Conceito e Finalidade
A ação direta de inconstitucionalidade interventiva foi originada da Constituição de 1934, com a designação de representação interventiva, confiada ao Procurador Geral da República e sujeita à competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de ofensa aos princípios consagrados no art. 7º, I, alíneas a a h daquela Constituição ( ditos princípios constitucionais sensíveis).
Apesar de ter sido suprimida pela Carta de 1937, foi restabelecida pela Constituição de 1946 e mantida nas Constituições que se seguiram. Hodiernamente, tem fundamento constitucional assentado no art. 36, inciso III, da Constituição de 1988, segundo o qual a decretação da intervenção federal dependerá, na hipótese do art. 34, VII, de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador- Geral da República. 
Nada obstante a denominação de representação, que vem desde a Constituição de 1934, não há dúvida de que se trata de verdadeira ação, concebida para instaurar a jurisdição constitucional concentrada do Supremo Tribunal Federal destinada à resolução de grave conflito federativo. Assim, embora corresponda a uma ação de controle concentrado de constitucionalidade, a ação direta de inconstitucionalidade interventiva não inaugura um mecanismo abstrato de fiscalização da constitucionalidade dos atos estaduais. Cuida-se de um controle concreto, embora não se reconduza a um controle incidental. 
Em suma, a Constituição Federal de 1988, no art. 34, inciso VII, autoriza a União, excepcionalmente, a intervir nos Estados- membros e no Distrito Federal, para assegurar a observância dos princípios constitucionais que elenca – que são doutrinariamente denominados, em face de sua extrema relevância, de princípios constitucionais sensíveis – quais sejam, a forma republicana, o sistema representativo e o regime democrático; a autonomia municipal; a prestação de contas da administração pública, direta e indireta; a aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais. 
Entretanto, para que a intervenção federal se efetive, é necessário, previamente, que a ação direta interventiva, proposta pelo Procurador – Geral da República, seja julgada procedente pelo Supremo Tribunal Federal. 
Não se tem aqui um processo objetivo, mas verdadeiro processo subjetivo, por envolver um litígio ou um conflito de intereses, entre as unidades políticas da federação. Não se visa declarar a inconstitucionalidade do ato inquinado violador dos chamados princípios constitucionais sensíveis. Uma vez julgada procedente a ação interventiva, nem por isso estará nulificado o ato estadual. 
Logo, a consequência da decisão não é a nulidade do ato inquinado, mas a decretação da intervenção federal do Estado. 
LEGITIMIDADE AD CAUSAM 
Desde a origem até a vigente Constituição, a legitimidade para a propositura da ação interventiva constitui monopólio do Procurador – Geral da República, que decide com larga discricionaridade acerca do ajuizamento da ação. 
A ação interventiva é proposta contra o Estado ou o Distrito Federal responsável pela violação a um dos princípios constitucionais sensíveis previstos no art. 34, VII da Constituição Federal, recaindo sobre ele a legitimidade passiva da ação. A representação judicial da unidade federada acionada será exercida pela respectiva Procuradoria – Geral, nos termos do art. 132 da CF. 
 COMPETÊNCIA 
Tratando-se de intervenção federal, ou seja, de intervenção da União no Estado ou no Distrito Federal, a competência para julgar a ação direta de inconstitucionalidade interventiva é exclusiva do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 36, III, da CF. 
Todavia, cuidando-se de intervenção do Estado em seus Municípios, a competência para julgar a ação direta interventiva, proposta pelo Procurador- Geral de Justiça do Estado contra o Município, para assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis indicados na Constituição do Estado, será exclusivamente do Tribunal de Justiça, nos termos do art. 35, IV da Constituição Federal. 
PARÂMETRO E OBJETO 
A ação direta interventiva é proposta em desfavor da unidade federada com o fim de assegurar a observância dos chamados princípios constitucionais sensíveis, violados em face da ação ou omissão daquelas entidades políticas. 
Assim, a ação interventiva tem por parâmetro os princípios constitucionais sensíveis. Tratando-se de ação direta destinada a viabizar a intervenção federal, esses princípios sensíveis estão previstos no art. 34, inciso VII da Constituição Federal ( a forma republicana, o sistema representativo e o regime democrático; a autonomia municipal; a prestação de contas da administração pública, direta e indireta; aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde). Cuidando-se de ação direta visando a intervenção do Estado em seus Municípios, os princípios sensíveis são aqueles indicados na respectiva Constituição Estadual. 
PROCEDIMENTO 
O procedimento da ação direta interventiva, quando se trata de intervenção federal, está disciplinado na Lei nº 4.337/64. A ela também se aplica o Regimento Interno do STF (arts. 350 a 354). 
Em conformidade com suas disposições, o Procurador- Geral da República poderá, de ofício ou mediante representação de qualquer interessado, promover a ação direta interventiva, no prazo de 30 dias, a contar do recebimento da representação. 
Proposta a ação no Supremo Tribunal Federal, o relator, que será sempre o Presidente do Tribunal, tomará as providências oficiais que lhe parecerem adequadas para remover, administrativamente, a causa do pedido ou mandará arquivar a ação, se for manifestamente infundada, cabendo do seu despacho agravo de instrumento. 
Após, o relator ouvirá, em 30 dias, os órgãos aos quais se imputa a ação ou omissão lesiva a princípio constitucional sensível e, findo esse termo, terá ele prazo igual para apresentar o relatório. 
Apresentado o relatório, do qual se remeterá cópia a todos os Ministros, o Presidente designará dia para que o Tribunal Pleno julgue a ação, cientes os interessados. Na sessão de julgamento findo o relatório, poderão usar da palavra, o Procurador –Geral da República, sustentando a arguição, e o Procurador dos órgãos estaduais interessados, defendendo o ato impugnado. 
Ainda prevê a Lei, em seu art. 5º, que havendo urgência em face de relevante interesse de ordem pública, o Ministro Relator, ao receber os autos, ou no curso do Processo, poderá requerer, com prévia ciência das partes, a imediata convocação do Tribunal, e este, sentindo-se esclarecido, poderá suprimir os prazos de apresentação de informações e do relatório, e proferir desde logo a decisão. 
Tratando-se de intervenção do Estado nos Municípios, o procedimento da ação direta de inconstitucionalidade interventiva está disciplinado na Lei nº 5.778/72 . 
DECISÃO E EFEITOS 
Julgada procedente a ação interventiva, o Presidente do Supremo Tribunal Federal imediatamente comunicará a decisão aos órgãos do Poder Público interessados e requisitará a intervenção ao Presidente da República. 
Ciente da decisão do Supremo Tribunal, o Presidente da República deverá, sob pena de crime de responsabilidade , decretar a intervenção federal no Estado ou no Distrito Federal, exatamente para assegurar a observância, por parte dessas unidades federadas, do princípio sensível afrontado. Todavia, prevê a Constituição que o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. ( parágrafo 3º do art. 36), não havendo, no caso, razão para a intervenção.

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