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19 - DA GESTÃO DE NEGÓCIOS

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DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
1. CONCEITO 
Dá-se a gestão de negócios quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono. 
Para Clóvis, gestão de negócio é a administração oficiosa de negócios alheios, feita sem procuração.
Na maioria das vezes se trata de um ato de altruísmo, em que o gestor intervém na órbita de interesses de outra pessoa com a intenção de evitar um prejuízo para esta, mesmo sem estar por ela autorizado, agindo de acordo com a vontade presumida do dono do negócio. 
Por exemplo: dá-se a gestão de negócios quando alguém, presenciando em prédio alheio estragos capazes de o destruir, ajusta em nome do proprietário ausente, mas sem sua autorização, um empreiteiro para o reparar. 
Outro exemplo pode ser visto quando alguém socorre pessoa desconhecida, vítima de um acidente, conduzindo-a ao hospital e tomando todas as providências para o seu atendimento, realizando inclusive o depósito exigido pelo hospital.
Com efeito, o art. 861 do Código Civil dispõe:
 “Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar”.
02 - PRESSUPOSTOS
A partir da análise do art. 861 pode-se se inferir que os pressupostos da gestão de negócios são:
2.1 - Tratar-se de “negócio alheio”. 
Esta expressão não tem o sentido técnico de negócio jurídico, mas de interesse de terceiro, em sentido amplo. 
Aplicam-se-lhe os preceitos ora em estudo ainda que o gestor trate do negócio alheio pensando que era dele próprio, ou mesmo supondo que era de uma pessoa, quando, na realidade, era de outra.
2.2 - Ausência de autorização do dono do negócio. 
O dispositivo supratranscrito refere-se a intervenção em negócio alheio “sem autorização do interessado”. 
O art. 864 do CC/2002 faz referência à comunicação do gestor ao dono do negócio. Este, portanto, não deve ter, até então, conhecimento do ocorrido, pois, caso o tenha e dê sua autorização, caracterizado estará o mandato tácito, admitido no art. 656, ou locação de serviços, conforme exista ou não representação. 
É a espontaneidade do gestor que caracteriza a relação jurídica. 
É uma atitude espontânea e improvisada, propondo-se o gestor a proceder como o faria o próprio dono do negócio, se estivesse presente.
2.3 - Atuação do gestor no interesse e vontade presumida do “dominus” (utiliter gestum). 
►O gestor procura fazer exatamente o que o dono do negócio desejaria, se estivesse presente. 
►Se o negócio não é bem gerido, pode aquele não ter os seus atos ratificados, ficando por eles pessoalmente responsável. 
►Se a gestão for iniciada “contra a vontade” do interessado, “responderá o gestor até pelos casos fortuitos”, não provando que teriam sobrevindo de qualquer modo, como dispõe o art. 862 do Código Civil. 
Considera-se que, neste caso, existe abuso do gestor e só o êxito do empreendimento o isentará de qualquer responsabilidade. Se, porém, fracassar, suportará os prejuízos, ainda que derivados de caso fortuito, salvo provando a escusa mencionada. 
Acrescenta o art. 863 que,
 “no caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença”.
Embora o art. 862 do Código Civil se refira a gestão iniciada contra a vontade “manifesta ou presumível” do interessado, na realidade se ela contrariar a vontade manifesta do dono já não haverá gestão, “porém ato ilícito, com aplicação dos preceitos a este atinentes”.
►Na gestão de negócios limitar-se a ação a atos de natureza patrimonial, ou seja, a negócios, como nos mostra a própria denominação do instituto, porque os outros exigem sempre a outorga de poderes. 
Assim sendo, ficam, pois, excluídos da gestão de negócios os assuntos de interesse público, tais como os relativos às qualidades de cidadão, eleitor, jurado etc., ou os concernentes ao estado civil ou aos interesses familiares, como os de pai, filho, cônjuge, divorciado etc., ou o matrimônio, o divórcio, a perfilhação etc. 
OBSERVAÇÃO: Mesmo os negócios patrimoniais, nem todos podem ser objeto da gestão de negócios, mas somente os que são suscetíveis de ser executados por meio de mandatário, desde que não exijam mandato expresso, como, por exemplo, doação, convenção antenupcial e repúdio de herança.
2.4 - Intervenção motivada por necessidade ou por utilidade, com a intenção de trazer proveito para o dono. 
Por exemplo: a atuação do despachante, que recolhe imposto para cliente de outro negócio, no último dia do prazo. 
Este último pressuposto constitui a razão de ser do referido instituto. 
A utilidade é elemento fundamental na gestão de negócios. 
Sendo proveitosa a administração, o dono do negócio ficará vinculado aos compromissos assumidos pelo gestor, ainda que tal fato o desagrade. 
A vinculação ocorrerá mesmo que a gestão se haja iniciado contra a sua vontade presumível e mesmo que tenha consistido em “operações arriscadas”, excedentes da mera administração. 
Com relação aos atos excedentes da mera administração, se o dono do negócio quiser aproveitar-se da gestão, “será obrigado a indenizar o gestor” por todas as despesas e prejuízos sofridos (CC, art. 868, parágrafo único).
Embora se assemelhe ao mandato tácito, a gestão de negócios deste se distingue pelos seguintes fatores:
a) pela inexistência de prévia avença, 
b) por ser sempre gratuita e
c) depender de ratificação (aprovação, pelo dono do negócio, do comportamento do gestor). 
OBSERVAÇÃO: Quando uma pessoa, com conhecimento e sem desaprovação do dono, assume a administração de negócio alheio, há mandato tácito (CC, art. 656), e não gestão de negócios.
3. OBRIGAÇÕES DO GESTOR DO NEGÓCIO
As obrigações do gestor do negócio são, em regra, as do mandatário, entretanto, destacam as seguintes:
3.1 - Comunicar a gestão ao dono do negócio, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo. 
Dispõe nesse sentido o art. 864 do Código Civil: 
“Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a gestão que assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo”. 
Cumpre ao gestor, portanto, aguardar a resposta antes de tomar qualquer outra providência. Só deverá agir, sem resposta, se a demora puder acarretar algum prejuízo para o negócio.
Recebendo a comunicação do gestor, o dono do negócio tomará uma das deliberações 
a) desaprovará a gestão, caso em que a situação se regerá pelo art. 874 do Código Civil; 
b) aprová-la-á expressa ou tacitamente, caso em que a gestão se converterá em mandato expresso ou tácito; 
c) aprová-la-á na parte já realizada, desaprovando-a, porém, para o futuro; 
d) constituirá procurador, que assumirá o negócio no pé em que se achar, extinguindo-se assim a gestão; 
e) assumirá pessoalmente o negócio, cessando igualmente a gestão, como no caso da letra anterior”.
Preceitua o art. 865 do Código Civil que, 
“enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo negócio, até o levar a cabo, esperando, se aquele falecer durante a gestão, as instruções dos herdeiros, sem se descuidar, entretanto, das medidas que o caso reclame ”. 
Podem suceder, todavia, fatos imprevistos que autorizem a dispensa do gestor por justa causa, tais como moléstia grave e acidente, por exemplo. 
A morte do dono do negócio, diferentemente do que sucede no caso do mandato, que é celebrado “intuitu personae”, não faz cessar a gestão, devendo o gestor prosseguir na execução das medidas cabíveis, enquanto aguarda instruções dos herdeiros.
3.2 - Envidar, nesse mister, a sua diligência habitual, ressarcindo ao dono todo o prejuízo decorrente de qualquer culpa na gestão. 
O art. 866 do Código Civil preceitua, com efeito, que 
“o gestor envidará toda sua diligência habitual na administração do negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de qualquer culpa nagestão ”. 
►Deve o gestor não se fazer substituir por outro e cuidar dos interesses do dono do negócio como trataria dos seus. 
3.3 - Não promover operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, “nem preterir interesses deste em proveito de interesses seus , sob pena de responder pelo caso fortuito (CC, art. 868). 
Calha assinalar que o rigor é demasiado, para quem procede oficiosamente. 
Contudo, o princípio é certo: não era obrigado a iniciar a gestão, mas, se intervém em negócio alheio, tem de agir com o máximo de diligência, para que não advenha prejuízo causado por sua intromissão”.
4. OBRIGAÇÕES DO DONO DO NEGÓCIO
As obrigações do dono do negócio consistem, basicamente, em:
4.1 - Indenizar o gestor das despesas necessárias e dos prejuízos que houver sofrido. 
►Nos termos do parágrafo único do art. 868 se o “dominus negotti” quiser aproveitar-se da gestão, será obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias e dos prejuízos que por motivo da gestão houver este sofrido. 
►Se, embora arriscadas, as operações trouxerem proveito ao titular do negócio, reembolsará este também as benfeitorias úteis feitas pelo gestor, como prevê o art. 869 do mesmo diploma, sob pena de locupletar-se à custa alheia.
4.2 - Cumprir as obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis, se o negócio for utilmente administrado (gestão útil), apreciando-se a utilidade não pelo resultado obtido, “mas segundo as circunstâncias da ocasião em que se fizerem” (CC, art. 869, § 1º). 
►Mesmo sem o desejar e desde que a gestão seja útil, fica o dono do negócio obrigado a honrar o contrato, celebrado em seu nome pelo gestor, ou a reembolsar as despesas por este efetuadas, ou a indenizar os prejuízos pelo mesmo experimentados por força da gestão, ou a remunerar o gestor por sua atividade, quando tal for o caso, pelos serviços que resultaram proveitosos.
 Esta constitui, sem dúvida, a principal obrigação do dono do negócio.
►Não fica ao alvedrio do titular do negócio declarar se a administração do gestor foi, ou não, útil e necessária, devendo tal aferição ser feita de acordo com os critérios legais. 
►A utilidade da gestão decorre de fatores vários, como sejam a vontade presumível do dono, o interesse deste, bem como as circunstâncias da ocasião em que se fizerem. 
OBSERVAÇÃO: Aquele que gerir utilmente negócio alheio tem ação de cobrança contra o dono, para reembolsar-se integralmente do que despendeu e se ressarcir dos prejuízos que experimentou.
Acrescenta o § 2º do aludido art. 869 do Código Civil que:
 “vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono do negócio, der a outra pessoa as contas da gestão”.
4.3 - cumprir as obrigações assumidas em seu nome e efetuar os aludidos pagamentos quando a gestão se proponha a acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do negócio, ou da coisa, 
►Em casos tais, a utilidade decorre do próprio fato (gestão necessária), como proclama o art. 870 do Código Civil. 
Em ambas as situações, embora o “dominus” fique vinculado e deva ressarcir o gestor, a indenização não pode exceder em importância às vantagens obtidas com a gestão.
4.4 - Reembolsar, quando obrigado legalmente a fornecer alimentos a alguém e estiver ausente, ao gestor que prestá-los, ainda que não tenha ratificado o ato, bem como as “despesas do enterro” feitas por terceiro (CC, arts. 871 e 872). 
►A obrigação de prestar alimentos decorre dos laços de parentesco, do casamento e da união estável. 
►Configura-se a hipótese em apreço quando, não fosse a intervenção do gestor, a obrigação alimentar não seria satisfeita. Assim, se os pais abandonam os filhos e desaparecem, e estes recebem de terceiro os meios de subsistência, ficam aqueles responsáveis perante o gestor pelo pagamento por este realizado.
►Igualmente podem ser cobradas, de quem “teria a obrigação de alimentar pessoa falecida”, as despesas do enterro desta, ainda mesmo que “não tenha deixado bens” (CC, art. 872).
 Acrescenta o parágrafo único que
 “cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se provando que o gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer”.
 OBRIGAÇÃO: Quem age com a intenção de fazer uma liberalidade plena ou movido pelo espírito de benemerência não pode depois reclamar reembolso do que despendeu, pois “a virtude não exige pagamento”
Finalmente, dispõe o art. 875 do Código Civil que:
, se os negócios de outrem forem conexos com os do gestor, de tal modo “que se não possam gerir separadamente”, o gestor será considerado “sócio” daquele na respectiva gerência; mas o beneficiado com a gestão “só é obrigado na razão das vantagens que lograr”.
5. A RATIFICAÇÃO DO DONO DO NEGÓCIO
Dispõe o art. 873 do Código Civil que:
 “a ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da gestão, e produz todos os efeitos do mandato”.
Ratificação é o ato pelo qual o dono do negócio, ciente da gestão, aprova o comportamento do gestor. 
A ratificação pode ser expressa ou tácita. É tácita quando, ciente da gestão e podendo desautorizá-la, o “dominus” silencia. Neste caso, a figura da gestão se transforma na de mandato tácito.
OBSERVAÇÃO: A afirmação de que a ratificação retroage ao dia do começo da gestão (“omnis ratihabitio prorsus retrotrahitur”) equivale a dizer que esta se extingue, transformando-se em mandato.

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