Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
007 ALUNO: TEMA: PENA DE MORTE NA INDONÉSIA ATUALIDADES DATA: 11/05/15 TURMA: RODRIGO GULARTE, EXECUTADO NA INDONÉSIA, É ENTERRADO EM CURITIBA. Corpo do paranaense foi sepultado na tarde deste domingo (03/05). Centenas de pessoas acompanharam o cortejo do paranaense (Foto: Fernando Castro/G1) O corpo do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, executado na Indonésia, foi enterrado na tarde deste domingo (3) no Cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba. O caixão dele foi leva- do da capela onde estava sendo velado desde a manhã até o local do sepultamento. O cortejo saiu por volta das 15h, ao som de “My way”, músi- ca conhecida na voz de Frank Sinatra, tocada em um violino. Centenas de pessoas seguiram o carrinho que levou o caixão até o jazigo, em local com acesso restrito apenas a familiares e amigos. Gularte, que tinha 42 anos, foi executado na terça-feira (28) na prisão de Nusakambangan. Ele havia sido preso em 2004 no aeroporto de Jacarta com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe, e condenado à morte no ano seguinte. Parentes dizem que ele foi aliciado por traficantes internacio- nais devido ao seu estado mental. No local do sepultamento, nenhum familiar quis falar sobre o assunto. Um amigo da família, o advogado Cleverson Ma- rinho Teixeira classificou o caso como um “homicídio oficial”. “Não imaginava que isso se concluísse dessa forma, acho que o mundo já poderia ter chegado a um ponto de entender que violência gera violência, e que não deixa de ser um homicídio o que cometeram”, disse. Antes da execução, familiares e advogados tentaram conven- cer autoridades a rever sua pena e transferi-lo para um hos- pital após ele ter sido diagnosticado com esquizofrenia. Con- tudo, as autoridades da Indonésia decidiram pela execução. No velório, Teixeira informou que a família pretende seguir exigindo uma resposta oficial sobre o laudo, com auxílio do governo federal. Além do brasileiro, foram fuzilados dois australianos, quatro nigerianos e um indonésio. Todos cometeram crimes relacio- nados ao tráfico de drogas. Ainda na Indonésia, o corpo de Gularte foi levado para o Hos- pital Saint Carolus, na capital do país, para um funeral. Uma foto do brasileiro e uma cruz com seu nome e a data de seu nascimento e de sua morte estavam ao lado do caixão. “Daqui irei para o céu e ficarei na porta esperando por vo- cês”, declarou Gularte no encontro final, disse à BBC Brasil o encarregado de negócios do Brasil em Jacarta, Leonardo Car- valho Monteiro, maior autoridade brasileira na Indonésia. Os disparos da execução foram acompanhados à distância uma prima de Gularte - Angelita Muxfeldt. Ela foi a última fami- liar a ver Gularte. Já com a mãe, o último contato foi por telefone na segun- da-feira (26). Clarisse, de 70 anos, havia visitado o filho em fevereiro e retornou ao Brasil. Na ligação, de 20 minutos, ele conversou também com a irmã. Gularte foi o segundo brasileiro a ser executado na Indoné- sia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado, também condenado à morte por tráfico de drogas. PENA DE MORTE E A SOBERANIA DO ESTADO INDONÉSIO Nesta semana recebemos a notícia de que mais um brasileiro foi executado na Indonésia. O motivo? Tráfico de drogas. E en- tão o primeiro pensamento que se vem em mente é: O tráfico de drogas deve ser punido tão severamente com a vida? Inúmeros foram os pedidos realizados por nossas autorida- des para que a pena de morte fosse suspensa aos brasileiros condenados pela prática deste crime, porém não foi atendi- da. O pelotão de fuzilamento executou mais um brasileiro. A Indonésia possui leis que tratam de forma severa o tráfi- co de drogas, não admitindo tal prática. Sendo assim, quem se arrisca nesta “aventura”, sabe de suas consequências. Em nosso país, os traficantes de drogas são tratados como mons- tros e a mídia passou a mostrar uma imagem dos brasileiros executados de forma piedosa. Então eu pergunto, qual é a diferença entre eles? Antes de aprofundar o assunto, deve ser esclarecido que não sou a favor da pena de morte, porém, acredito em uma sobe- rania estatal que deve ser respeitada. Então, diante dos fatos devemos apontar um dos principais pontos que merecem relevância quanto ao assunto em deba- te que seria a soberania dos Estados. A Constituição da Republica Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a Soberania, conforme art. 1º, inci- so I. Então, se somos regidos por uma Constituição soberana e independente, sabemos que a recíproca deve existir de for- ma que sejam respeitadas as leis de outros países. Daí vem a expressão do latim “dura lex, sed lex”: A lei é dura, mas é a lei. Desta forma, as sanções aplicadas ao governo de Joko Wi- dodo para diminuir as relações entre os países deveria ser revista, pois punir um país por aplicar suas leis é deixar de lado a balança do direito e usar dois pesos e duas medidas. Deve ser mencionado que são grandes os atrativos financeiros para quem ousa adentrar ao país com aquele objetivo. Viver com luxo e poder em Bali é, sem dúvidas, um dos objetivos de quem se arrisca nesta aventura. Porém, assim como cada ação tem sua reação, as consequências de um negócio mal sucedido devem ser suportadas. E nesse caso, com a vida! Administrar o nosso próprio quintal e aplicar as leis em nosso território nacional é o dever das nossas autoridades. Aplicar a pena de morte, nos casos previstos em lei, é dever do país que não aboliu esta prática. Assim como a Indonésia, algu- mas regiões dos Estados Unidos da América ainda punem com a pena de morte. Em contrapartida ao tema, deve ser questionado se a sobera- nia de um país deve ser absoluta ao ponto de tirar a vida de uma pessoa e afrontar os Direitos Humanos. Neste sentido, os aspectos que são trazidos à baila são refe- rentes aos costumes e normas de cada região. O que pode ser inimaginável de acontecer em nosso país pode ser prática costumeira em outros. Para a nossa Constituição, a vida é o bem maior até que seja declarada guerra. E é exatamente isso o que a Indonésia de- clarou: Guerra ao tráfico de drogas! A PENA DE MORTE E O CASO DOS BRASILEIROS NA INDONÉSIA Por Carlos Nina – Redator chefe da Gazeta de São Paulo A pena de morte é um tema que sempre me despertou a atenção. Desde quando, dos onze aos doze anos, acompa- nhei pelo noticiário os últimos meses da luta de Caryl Whit- tier Chessman para anular a sentença de morte que lhe havia sido imposta por um júri de Los Ângeles, Estado da Califórnia. Caryl Chessman - que tinha uma vida marginal e passara a maior parte de seus 27 anos em reformatórios e nas já famo- sas prisões de Folson e San Quentin -, negou, até sua morte, as acusações de que seria o Bandido da Luz Vermelha. Assim era conhecido o bandido que roubava e estuprava nas coli- nas de Hollywood, refúgio preferido pelos enamorados, sem nunca ter sido flagrado. Preso, dispensou advogados, como permitia a lei california- na, e fez sua própria defesa. Na prisão iniciou estudos de di- reito e, mediante recursos diversos, protelou sua execução. No Corredor da Morte escreveu três livros autobiográficos – “2455-Cela da Morte”, “A lei quer que eu morra” e “A Face cruel da Justiça” – e um romance “O garoto era um assassino”. A resistência de Chessman e seus livros causaram grande re- percussão no mundo e ensejaram reflexão e debates sobre a pena de morte. As provas contra Caryl eram circunstanciais e nunca foram comprovadas objetivamente. Mas Chessman foi executado em câmara de gás há exatos 55 anos, no dia 02/05/1960. Desde então, inclusive com os livros de Chessman, comecei a pesquisar e estudar o assunto, tendo já publicado alguns textos sobre o tema. Muitos dos que se manifestam sobre a pena de morte trazem a carga da emotividade, da revolta, equerem com ela não uma punição, mas uma vingança. Essa motivação é essencialmente humana e compreensível, mas não se enquadra na função estatal. Decorridos 30 anos da morte de Chessman tive a oportuni- dade de ser convidado pelo Governo americano para conhe- cer a Administração da Justiça nos Estados Unidos. No início da visita, em Washington, no Departamento de Estado, pude escolher temas que gostaria de conhecer com mais atenção: acordos criminais, privatização das prisões e pena de morte. Já tinha uma posição contra a pena de morte e reconfortou- -me saber, nas visitas a universidades e instituições de estu- do e pesquisa judiciais em Washington, Nova York, Chicago (DePaul), Reno, São Francisco (Berkely), dentre outras, que vários estados já não tinham a pena de morte. Dos que ainda a tinham, a maioria já não a aplicava. Outros países no mundo a aplicam, de acordo com seu or- denamento jurídico. Não me lembro de ter visto os que hoje estão no Governo indignar-se contra a aplicação dessas pe- nas. Muito menos em regimes ditatoriais, como o cubano. Ressalvo que, no caso de Chessman, como vim a saber de- pois, Nelson Hungria, então presidente do Supremo Tribunal Federal, teria inclusive intercedido em favor de Caryl. O caso dos dois brasileiros que foram condenados à morte e executados na Indonésia ensejou mais um oportunismo in- ternacional dos beneficiários do maior esquema de corrup- ção já montado no País. Querem, agora, acabar com a pena de morte no mundo. Antes foi o Fome Zero. Pretendiam, de- magogicamente, acabar com a fome no mundo. Seria uma ideia e um projeto louváveis se não estivessem vi- ciados pela origem, não só pela corrupção escandalosa e ten- tacular que envolve a cúpula estatal, mas, também, pela falta de autoridade moral de quem não consegue acabar com a pena de morte de suas próprias prisões, onde nenhum dos executados sequer foi condenado à pena capital. O pior de tudo pareceu-me ter sido a bravata ridícula do go- verno, só compreensível exatamente pelo descrédito em que está mergulhado, criando incidentes diplomáticos como se tivesse algum poder tutelar sobre o ordenamento jurídico indonésio. Se o Governo tivesse alguma sensibilidade e inte- resse real em obter a indulgência do governo da Indonésia, deveria ter agido não com arrogância e prepotência, irmãs gêmeas do abuso e do autoritarismo, mas com humildade e respeito à soberania e à independência de um País que busca com a medida extrema combater um dos maiores inimigos da humanidade: o tráfico de drogas. É lícito aos familiares dos executados acreditar que seus pa- rentes foram injustiçados. Certamente, porém, aqueles que perderam ou estão ameaçados de perder seus filhos para o tráfico de drogas gostariam de que todos os traficantes de- sembarcassem em Jacarta. E você, qual pena considera justa para corruptos e traficantes que luxam às custas da miséria e da destruição que impõem às famílias e à sociedade? ANOTAÇÕES
Compartilhar