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Fernando Henrique de Freitas e Gontijo EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DE GOIÂNIA-GOIÁS. JOANA, brasileira solteira, diarista, inscrita no CPF nº 975.534.543-00 e RG nº 8538848 SSP/GO, residente e domiciliado na Rua Conde Monte Cristo, quadra 18, lote 4, Parque Real, Goiânia, CEP: 74980-000, por seu advogado que esta subscreve,(procuração em anexo, Doc. 01), com escritório na Rua 111, nº 106, setor sul, Goiânia-GO,vem respeitosamente à presença de V. Excelência, propor a presente AÇÃO CAUTELAR DE BUSCA E APREENSÃO DE MENOR C/C PEDIDO DE LIMINAR, em face de FLÁVIO, brasileiro, solteiro, motorista, inscrito no CPF nº 125.339.541-68 e RG nº 56465632 SSP/MG, residente e domiciliado na Rua 242, quadra 8, lote 24, Parque das Acácias, Belo Horizonte - MG, pelos fatos e fundamentos a seguir: DOS FATOS A Requerente teve um relacionamento esporádico com o Requerido, do qual nasceu Pedro, de quem detém a guarda judicial(DOC. 1). Durante cinco anos, o infante foi cuidado exclusivamente pela Requerente e sua avó materna, nunca tendo recebido visita ou auxílio financeiro do Requerido, mesmo tendo ele reconhecido a paternidade. Entretanto, no final do mês de fevereiro do corrente ano, a Requerente, a pedido do Requerido, levou o menor para a cidade de Belo Horizonte/MG para que conhecesse os avós paternos, sobretudo o avô, que se encontra acometido de neoplasia maligna. Chegando à casa do Requerido, a Requerente foi agredida fisicamente por ele e outros familiares, sendo expulsa do local sob ameaça de morte e obrigada a deixar seu filho Pedro com eles contra sua vontade. Em seguida, ainda sob coação física, foi forçada a ingressar em um ônibus e retornar Goiânia – Goiás. Desde aquela data o menor se encontra em outro Estado, na posse do Requerido e de seus familiares, a Requerida, que sempre cuidou de Pedro, esta impedida de reaver o menor sob constantes ameaças no que tange sua segurança e a segurança do menor. O Conselho Tutelar de Goiânia - Goiás já foi notificado (DOC. 2), mas, até o momento não conseguiu fazer contato com o Requerido. Insta salientar que o Requerido fez questão de reter todos os documentos do menor (certidão de nascimento e carteira de vacinação). Diante da situação apresentada, não resta duvidas do sofrimento e do direito almejado pela Requerente diante deste egrégio juízo. DO DIREITO 2.1- DA POSSIBILIDADE DA MEDIDA CAUTELAR A medida cautelar de busca e apreensão vem objetivamente definida pelo Código de Processo Civil, como se pode apreender: Art. 839. “O juiz pode decretar a busca e apreensão de pessoas ou de coisas." Ademais, a determinação do art. 840 do mesmo diploma legal resta sobejamente atendida, ensejando a total possibilidade de deferir-se a medida cautelar pretendida: Art. 840. “Na petição inicial exporá o requerente as razões justificativas da medida e da ciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado." Desta feita, conforme explanado anteriormente, a medida justifica-se pelo perigo iminente do Requerido, em lhe sendo desfavorável a decisão de guarda do menor, se esquivar do cumprimento da obrigação de entregá-lo a sua genitora, levando-o, furtivamente, para lugar desconhecido e fora do alcance da Requerente. Da mesma forma é sabido do direito pleiteado pela Requerente pelo egrégio Tribunal deste Estado: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO DE MENOR. RECURSO SECUNDUM EVENTUM LITIS. EXAME DO ACERTO OU DESACERTO DA DECISÃO SINGULAR RECORRIDA. ACERTO DA DECISÃO DE PISO. LEGALIDADE DA DECISÃO CENSURADA. 1 - O agravo de instrumento é um recurso secundum eventum litis, logo, deve o Tribunal limitar-se apenas ao exame do acerto ou desacerto da decisão singular atacada, no aspecto da legalidade, vez que ultrapassar seus limites, ou seja, perquirir sobre argumentações meritórias, seria antecipar ao julgamento do mérito da demanda, o que importaria na vedada supressão de instância. 2 - Restou evidenciado nos autos que a agravada demonstrou a presença dos requisitos autorizadores para a concessão da liminar de busca e apreensão concedida em primeiro grau, concernentes na guarda de fato e a recalcitrância do pai em lhe devolver a criança. 3 - Na esteira desse entendimento, não apresentando a decisão fustigada qualquer ilegalidade ou arbitrariedade, a pretensão do agravante não merece acolhimento, sendo imposta a manutenção do decisum recorrido. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 480226-13.2014.8.09.0000, Rel. DES. GERSON SANTANA CINTRA, 3A CAMARA CIVEL, julgado em 14/04/2015, DJe 1774 de 29/04/2015) Além disto, o lugar onde se encontra o menor está devidamente descrito nesta peça exordial. 2.2- DO "PERICULUM IN MORA" E DO "FUMUS BONI JURIS" Diante de todo o explanado, resta imperioso concluir-se pela extrema necessidade da medida cautelar, eis que patente a configuração do ´periculum in mora´ e do ´fumus boni juris´, nos termos do art. 801 do Código de Processo Civil, que se transcreve: Art. 801. “O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará: IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;" Ora, cumpre frisar, que o direito da Requerente de obter a guarda de seu filho, encontra-se ameaçado pela provável atitude de fuga do Requerido, visando esquivar-se da Justiça, levando o menor para outro lugar, sem o conhecimento da Requerente, que foi coagida pelo Requerente e seus familiares com ameaças e agressões físicas, a deixar o menor em sua guarda. Ademais, necessário anotar-se, que a atitude do Requerido tem gerado ao menor transtornos de ordem psíquica, mas, notadamente, prejuízos de ordem social e educacional, uma vez que a criança foi retirada do seu ambiente familiar, do convívio com a Requerente, parentes e amigos, e em maior gravidade, foi retirada da sua escola, correndo o risco de ser assaz prejudicada em seu rendimento, aprendizagem e consequente desenvolvimento escolar. Tal assertiva é irretorquível, uma vez que a criança foi agressivamente arrancada de seu meio, não havendo nenhum preparo que garantisse a amenização dos efeitos de uma mudança. Além disto, não se esperou, nem ao menos, o término do ano letivo, o que corrobora, maiormente, os prejuízos à ela impingidos. Assim, a medida cautelar revela-se de suma importância, no sentido de garantir a eficácia da sentença que vier a ser prolatada no processo principal, no qual se discutirá a guarda do menor. É fundado, pois, o receio da Requerente de que se esperar pela tutela definitiva, possa restar prejudicada a apreciação da ação principal, e outrossim, frustrada a sua execução. 2.3- DA POSSIBILIDADE E NECESSIDADE DA LIMINAR Cabe neste ponto atentar-se para o disposto no art. 804 do Código de Processo Civil, que ora se transcreve: Art. 804. “É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer." Desta feita, não é outra a conclusão, senão a de que o Requerido, uma vez citada, procurará meios de fugir com a criança, no intuito de se esquivar da Justiça. Afinal, não é esta a atitude que vem tendo até o presente momento, estando com o menor, diga-se, coercitivamente, em outro Estado? Assim, a citação do Requerido poderá tornar ineficaz a própria medida pretendida, restando plenamente cabível, e outrossim, necessária a concessão da liminar, determinando-se, desde já, a busca e apreensão do menor, colocando-o, destarte, sob a guarda da Requerente. DO PEDIDO Pelo exposto, REQUER: I - Seja concedida liminarmente, sem audiência da parte contrária, a busca e apreensão do menor, no endereço do Requerido, por estarem presentes os requisitos essenciais - ´periculum in mora´ e do ´fumus boni juris´, nostermos do art. 804 do Código de Processo Civil; II - Seja o menor entregue a Requerente, sob cuja guarda deverá permanecer, até que seja determinada a guarda definitiva no processo principal; III - Seja, ao final, julgada procedente a presente ação, convertendo-se em definitiva a liminar concedida, permanecendo o menor sob a guarda da Requerente, até que se determine a guarda definitiva no processo principal; IV - A citação do Requerido para, querendo, apresentar defesa, no prazo de 5 (cinco) dias, conforme disposição do art. 802 do Código de Processo Civil, sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos ora elencados, nos termos do art. 803 do mesmo diploma legal; V - A condenação do Requerido nas custas e honorários advocatícios ; VI - A intimação do Ministério Público para que intervenha no feito, nos termos do art. 82 do Código de Processo Civil. Pretende provar o alegado mediante prova documental, testemunhal, depoimento pessoal do Requerido, e demais meios de prova em Direito admitidos, consoante disposição do art. 332 do Código de Processo Civil. Dá-se a causa o valor de R$ 100,00 (cem reais), para meros efeitos fiscais. Termos que pede deferimento. Goiânia, 22 de maio de 2015 _____________________________________ Fernando Henrique de Freitas e Gontijo OAB/GO:337.413