Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
(VFROD�GH� 1HJyFLRV 0RGHORV�GH�$GPLQLVWUDomR 3URI��'UD��&ULVWLDQH�$OSHUVWHGW Modelos de Administração Profª. Dra. Cristiane Alperstedt Conceitos Introdutórios Modelos de Administração2 Universidade Anhembi Morumbi Conceitos Introdutórios 1. Conceitos Introdutórios Administração pode ser entendida como o processo de trabalhar com pessoas e recursos visando a realização de objetivos organizacionais. Conceitos relacionados: • eficácia: atingir os objetivos • eficiência: atingir os objetivos com o melhor uso de recursos Organizações viabilizam produtos e serviços para consumo e fazem parte da estrutura social. Basta um olhar atento para identificar inúmeras organizações à nossa volta. O desempenho organizacional assume papel fundamental e serve de indicador para a alta hierarquia, clientes, empregados, fornecedores, acionistas e comunidade em geral. O desempenho depende de administradores. Afinal o que é “administração”? Para simplificar, é possível assumir que administrar é gerenciar eficientemente um conjunto de recursos orientado a algum fim cuja medida é o desempenho organizacional. Objetivo da unidade: Apresentar conceitos introdutórios de Administração Exemplo Implementar um projeto bem- sucedido (eficácia) com uma equipe menos despendiosa, com insumos menos custosos e em menor tempo, se comparado às demais propostas (eficiência). Exemplo Empresas de todos os portes, instituições de ensino, partidos políticos, academias de ginástica, escolas de samba etc. Modelos de Administração3 Universidade Anhembi Morumbi Organização é um sistema administrado, projetado e operado para atingir determinados objetivos. Sistema significa um conjunto de partes interdependentes que processa ou transforma insumos ou recursos gerando resultados que podem ser bens e serviços. Para refletir Pense no cenário nacional ou internacional e identifique alguns administradores de destaque. Pense em Steven Jobs, Samuel Klein, Luísa Trajano e outros. É importante não confundir um bom administrador com uma pessoa bem-sucedida. Segundo Bateman e Snell (2006), um indivíduo pode ser bem sucedido nos negócios, mas ser um administrador ruim. Um indivíduo bem-sucedido pode ter o mérito de ter empreendido alguma obra, mas também pode ter usufruído de outros fatores para a obtenção de um resultado positivo: momento, conjuntura estrutural e econômica, sorte, público ávido por um produto ou serviço. E bons administradores não estão representados apenas por destacados Chief Executive Officers – CEO de grandes empresas. Pense também em Joãozinho Trinta que contribuiu significativamente para os resultados da Beija-Flor obtidos seis vezes durante o período em que estava à frente da Escola. Pense em Clint Eastwood que conduz o set de filmagem com maestria: trabalha com a mesma equipe há anos e há um senso de comprometimento com os resultados desejados pelo diretor. Exemplo Um call center tem como insumos principais: recursos humanos que atuam no telemarketing, equipamentos especializados, e informações prestadas pela empresa contratante, essas informações são analisadas e organizadas e se transformam em scripts, gerando prestação de serviço aos usuários de uma linha do tipo 0800. Modelos de Administração4 Universidade Anhembi Morumbi O principal objetivo do Administrador é atingir alto desempenho no que concerne aos objetivos organizacionais. Os objetivos podem variar e, inclusive, serem combinados: • Fornecer bens e/ou serviços aos clientes; • Realizar lucros para os proprietários ou acionistas; • Prover nível satisfatório de renda a seus empregados; • Aumentar o nível de satisfação de todos os stakeholders (beneficiários) envolvidos: clientes, acionistas, sociedade, entre outros. As Funções da Administração resumem, de certa forma, as capacidades e habilidades esperadas dos administradores. • Planejar: especificar objetivos e decidir ações para alcançá-los. Quando foi fundada, a Gol Linhas Áereas estabeleceu como objetivo ser a companhia aérea que opera com tarifas mais baratas mantida a qualidade dos serviços. Esse objetivo serviu de base para desenvolver o planejamento para a empresa como um todo. O exercício de planejar também pode ser empreendido em um segmento, departamento, loja, unidade, equipe, indivíduo, entre outros, com diferentes perspectivas temporais (curso prazo, longo prazo). • Organizar: coordenar recursos humanos, financeiros, informacionais, físicos, logísticos, entre outros, para o alcance de metas e objetivos; Para conceber novos espetáculos a companhia canadense Cirque du Soleil busca atrair e selecionar pessoas, especificando resultados e responsabilidades, alocando recursos humanos e financeiros e criando condições de obtenção de resultados otimizados em sua sede em Montreal. Modelos de Administração5 Universidade Anhembi Morumbi • Dirigir ou liderar: dar direção, estimular, motivar e mobilizar pessoas para alcançarem melhor desempenho. O exercício da liderança ou direção pode ser percebido em vários níveis organizacionais. Nem todo chefe é líder. O exercício da liderança não é encontrado, necessariamente, no exercício de um cargo. Liderança não corresponde à autoridade burocrática. Liderança é um reconhecimento espontâneo de um conhecimento superior ou estilo gerencial admirável resultando em autoridade legitimada. Homem de fala mansa e discretíssimo, Nildemar Seches, presidente do conselho administrativo da Perdigão, antes de assumir o cargo em 2007 respondeu pela diretoria executiva da Perdigão por 12 anos, posição que assumiu em decorrência do processo de profissionalização que afastou a família fundadora da empresa em um momento complicado. Durante esse período a empresa obteve resultados extraordinários: crescimento médio anual de 24% em receitas e 13% em volumes, o número de funcionários saltou de 12 mil para 40 mil e o valor de mercado da empresa cresceu em média 28% ao ano. Secches não escondia seu interesse em ampliar a capacidade exportadora. Em 2009, a empresa, após um processo de fusão com a Sadia, torna- se a maior produtora e exportadora mundial de carnes processadas e terceira maior exportadora brasileira. • Controlar: monitorar o processo e fazer ajustes sempre que necessário. É necessário definir padrões de desempenho, fornecer feedback sobre o desempenho de pessoas e áreas ou unidades de negócio e executar ações rápidas para corrigir problemas sempre que os padrões de desempenho não forem atingidos. Orçamento, sistemas de informações, por exemplo, constituem ferramentas de controle. O mundo atual, extremamente dinâmico e cada vez mais competitivo, exige um monitoramento com um nível de constância e atenção ainda superiores. A compra de qualquer empresa por outra, ou por um grupo, é precedida, via de regra, de um rigoroso processo, intitulado no jargão corporativo por due dilligence, que possibilita uma avaliação integral e profunda Modelos de Administração6 Universidade Anhembi Morumbi pelo comprador das contas da empresa interessada na venda. O YouTube, quando foi comprado pela Google, em 2006, passou por um processo semelhante. Afinal, para ser um bom administrador é preciso desempenhar todas as funções? Sim, todas as funções são importantes e é importante cumpri-las adequadamente, por outro lado, o grau de habilidade de um gestor em cada uma das funções varia muito. Uma habilidade maior em uma função pode compensar uma habilidade menor em outra. Além disso, algumas funções são mais exigidas em níveis organizacionais específicos. É esperado de executivos de alto escalão, por exemplo, o amplo domínio da função planejamento e direção. São três os níveis decisórios emqualquer organização que podem ser representados em uma pirâmide organizacional, conforme figura a seguir. • Nível estratégico: envolve a alta hierarquia e questões de longo prazo, ênfase em sobrevivência e crescimento; • Nível tático: traduz os objetivos gerais dos administradores estratégicos em objetivos e/ou atividades mais específicas; • Nível operacional: supervisionam atividades operacionais, diretamente envolvidos com pessoal não administrativo. Pirâmide organizacional Modelos de Administração7 Universidade Anhembi Morumbi Esses níveis são muito claros em empresas de grande porte. Em pequenas e médias empresas os níveis frequentemente se sobrepõem e o mesmo administrador acumula funções e atua nos níveis estratégico, tático e operacional. Comumente, a primeira experiência profissional de um administrador é no nível operacional. O conceito de competência é considerado novo e ainda em processo de construção. Há interpretações ligeiramente diferentes entre estudiosos americanos e franceses e, em decorrência, conceitos e classificações com algumas distinções. De toda forma, competências gerenciais podem ser genericamente compostas, como é apresentado a seguir, e seu domínio é fundamental para o alcance do objetivo do administrador: • Conhecimentos: saber, dominar conhecimentos conceituais e técnicos. • Habilidades: saber fazer • Técnicas: aplicando esses conhecimentos conceituais e técnicos; • Humanas e interpessoais evidenciando isso no exercício de lidar e liderar pessoas; • Conceituais e decisórias: compreendendo a complexidade organizacional e decidindo acertadamente. • Atitudes: saber ser, modo como são vistos, interpretados e avaliados, situações, pessoas, propostas, objetivos e fatos. Está intrinsecamente ligado à postura do administrador no ambiente organizacional. Algumas destas competências já farão parte do perfil do indivíduo, outras podem ser incorporadas. Em síntese, é importante ter em mente que as competências gerenciais podem ser adquiridas ou aprimoradas por meio de experiência e estudo. Modelos de Administração8 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir Afinal, é mais adequada uma formação especialista ou generalista? A especialização permite um aprofundamento técnico, normalmente, desacompanhado de responsabilidade gerencial. À medida que se evolui na carreira, é natural que as responsabilidades gerenciais aumentem, pois você passará a liderar uma equipe e necessitará de uma visão mais clara da complexidade organizacional de modo a tomar decisões mais acertadas em situações relevantes. Você pode, por exemplo, dedicar-se mais a fundo a área de logística ou marketing e colocar-se no mercado de trabalho ou em uma empresa em uma destas áreas. Porém, à medida que você se destaca em seu trabalho, você pode assumir a chefia de uma equipe ou de uma unidade de negócio de uma dessas áreas e necessitará de competências gerenciais ampliadas. Por esse motivo é importante ter uma formação híbrida, ou seja, escolher alguma especialização e aprender conceitos administrativos, de modo a ter a profundidade e a amplitude necessárias que lhe garantam melhor desempenho. Todos os anos a Revista Exame Melhores e Maiores publica um volume em que apura os melhores resultados por setor. A publicação versa sobre os resultados obtidos no ano anterior e tem sido publicada sempre em meados do ano. No quadro a seguir são apresentadas as empresas que se destacaram, bem como os fatores que conduziram a esses resultados. A leitura anual da Revista é recomendável e permite a compreensão do contexto social, econômico, político e gerencial que permitiu e alavancou esses resultados. Modelos de Administração9 Universidade Anhembi Morumbi MELHORES E MAIORES DE 2008 Setor Atacado Autoindústria Bens de Capital Bens de Consumo Eletroeletrônico Energia Farmacêutico Indústria da Construção Indústria Digital Mineração Papel Quimica e Petroquímica Serviços Empresa BR Distribuidora Suspensys Atlas Schindler Natura Prysmian AES Tietê Roche Engevix UOL CBMM Santher Fosféril Visanet Por que ganhou? Depois de reformular sua estrutura, a empresa colecionou ótimos resultados em 2008, enquanto várias concorrentes passaram por apuros. Fornecedora de eixos e suspensões para as montadoras mantém uma das taxas mais altas de evolução de receita da autoindústria. Impulsionada pelo crescimento da construção civil, a Atlas lucrou quase 30% mais do que em 2007. Depois de uma grande reestruturação, a Natura cresceu e faturou mais de 2 bilhões de dólares em 2008. A produção em alta de petróleo e as vendas recordes de automóveis impulsionaram os lucros da Prysmian. A venda de energia a uma empresa coligada impulsiona os resultados da AES Tietê. A Roche muda o foco e prospera com a venda de medicamentos para o tratamento de doenças graves, como câncer e hepatite Os contratos com a Petrobras fizeram a receita da Engevix aumentar dez vezes nos últimos anos. Agora, a construtora quer outros clientes. O portal de notícias mais visitado do país busca transformar essa visibilidade em mais receita. A mineradora surfou como poucos a onda da globalização. Com a crise, a esperança é que os chineses a ajudem a retomar o brilho. Por quase dez anos, a empresa operou no vermelho ou com baixos lucros. Mas uma bem-sucedida reestruturação mudou sua história. A empresa superou os altos e baixos do agronegócio em 2008 e se preparou para dobrar a capacidade de produção. A líder no mercado de cartões fez o maior IPO da história da Bovespa e se prepara para o aumento da competição no setor. Modelos de Administração10 Universidade Anhembi Morumbi Fonte: http://portalexame.abril.com.br/economia/natura-empresa-ano-melhores-maiores-482408.html Setor Siderurgia e Metalurgia Telecomunicações Têxteis Transporte Varejo Empresa CSN Telefônica Beira Rio Localiza B2W Por que ganhou? Mesmo com a queda da demanda por aço, a CSN mantém os projetos para diversificar os negócios. Para vencer a concorrência, a Telefônica ampliou a oferta de serviços. Agora, terá de dar um salto para melhorar a qualidade. A Beira Rio desiste de concorrer com os chineses no exterior, investe no mercado interno e colhe resultados acima da média. A empresa mineira Localiza mantém a liderança e consegue um resultado acima da média. Com pouco mais de dois anos de vida, a B2W domina quase metade do comércio eletrônico e supera sua “empresa- mãe” Modelos de Administração11 Universidade Anhembi Morumbi Para exercitar e refletir... Hierarquizar os comportamentos de um administrador arrolados abaixo em grau de importância: atribuir “1” para comportamento mais importante, “2” para o segundo mais importante, e assim por diante, até “10”, que constituirá, na sua visão, o menos importante). É importante justificar suas escolhas. ( ) comunica e interpreta as políticas e estratégias e repassa a sua equipe ( ) toma decisões de maneira rápida e objetiva ( ) designa subordinados para tarefas que eles estão melhor preparados ( ) encoraja subordinados promovendo uma competição saudável entre eles ( ) busca meios para melhorar as habilidades e competências ( ) encoraja os colegas a apresentar ideias e planos ( ) assessora e implementa as políticas da empresa ( ) participa de atividades sociais ou comunitárias ( ) é asseado e tem boa aparência ( ) é honesto e ético nos assuntos relativos à propriedade da empresa Modelos de Administração12 Universidade Anhembi Morumbi Comentário do exercício: Você deve ter encontrado situações de empate ou mesmo dificuldade em hierarquizar algumas alternativas. O fato é que não importa a ordemhierárquica estabelecida, todos os comportamentos são desejáveis, o que pode variar são os objetivos situacionais da organização ou até mesmo o estágio de ciclo de vida organizacional e isso, naturalmente, apresentar implicações nos comportamentos mais desejados pelo administrador. Modelos de Administração2 Universidade Anhembi Morumbi Introdução à Administração Científica e à Teoria Clássica 1. Evolução do pensamento administrativo Embora todos os livros de história do pensamento administrativo ressaltem que a Administração tem início com a Administração Científica, ou seja, com os estudos de tempos e movimentos de Frederick Winston Taylor, a humanidade não se desenvolveu em um “vácuo administrativo”. Várias práticas e conceitos já haviam sido implementados por povos e civilizações antigas. Os exemplos abaixo evidenciam isso. • Suméria: 5000 a.C.: Região da antiga Mesopotâmia, território atualmente ocupado pelo Iraque e Kwait (Oriente Médio). Os sacerdotes exerciam a função de organização, administrando bens e valores: rebanhos, propriedades rurais e rendas, e posteriormente prestavam contas ao sumo sacerdote colocando em prática a função controle. • Egito: 2550 a.C.: A construção das pirâmides envolveu planejamento, organização, direção/liderança e controle. Objetivos da unidade: • Contextualizar os primórdios da Administração • Discutir os princípios da Administração Científica e da Abordagem Clássica • Traçar paralelos com a realidade organizacional atual Modelos de Administração3 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir Testando... Quais são os nomes das três pirâmides do Egito? ( ) Queóps ( ) Chichén-Itza ( ) Quéfren ( ) Miquerinos ( ) Pirâmides do Louvre Procure relacionar cada uma das funções da Administração com as diferentes atividades que envolveram a construção das pirâmides do Egito. Certamente foi necessário um planejamento prévio que definiu o tamanho e a localização das pirâmides, bem como o número de homens envolvidos na logística de construção. Também foi necessária uma organização de recursos, em especial dos homens envolvidos, implicando definição de equipes, hierarquia e expectativas de resultado, inclusive temporais. A direção também pode ser identificada na construção das pirâmides, pois foi necessário estimular a equipe e dirigi-los ao longo da execução da tarefa. Igualmente foi necessário controlar os resultados das equipes de modo que as diferentes tarefas estivessem alinhadas e que as entregas prometidas fossem de fato cumpridas. Ao refletir sobre essas questões, que podem ser projetadas em várias outras situações, como por exemplo, o sítio arqueológico de Carnac (4000 a.C.) na Bretanha (França), Muralha da China (205 a.C.), ou mais recentemente as estátuas Moais (1300 d.C.) na Ilha da Páscoa (Chile), entre outros exemplos, percebe-se que as funções se misturam e se sobrepõem muitas vezes e isso é inerente ao exercício da Administração. Por isso é importante perseguir constantemente uma clareza na definição da responsabilidade das funções administrativas. Modelos de Administração4 Universidade Anhembi Morumbi • Babilônia: 2000 a 1700 a.C.: no reinado de Hamurabi foi criado o código homônimo (Código de Hamurabi) cujo teor revela o desejo de colocar em prática as funções administrativas. O código, atualmente em exposição no Museu do Louvre em Paris, define uma série de questões, como, por exemplo, que a sociedade se divide hierarquicamente em três grupos: homens livres, subalternos e escravos e que os salários variam segundo a natureza do trabalho realizado. As funções “organização” e “controle” são claramente identificadas na leitura do código. • China: 1100 a.C : Constituição de Chou é um catálogo de todos os servidores civis do Imperador, desde o primeiro-ministro até os criados domésticos. Descreve poderes, atribuições e responsabilidades de cada um, evidenciando o conceito de organização e controle. • China: 500 a.C.: a A arte da guerra, de Sun Tzu, é considerado o mais antigo tratado militar do mundo e, ainda assim, apesar das mudanças tecnológicas, é bastante atual. A leitura da obra evidencia claramente as funções de planejamento, organização, direção e controle. • Grécia: 400 a.C.: desenvolveu o governo democrático definindo as regras e regulamentos que permitissem seu funcionamento. • Roma: 27 a.C. a 476 d.C. : a expansão do Império Romano foi possível em razão de uma estrutura governamental e militar de grandes proporções que funcionou durante muitos anos. O Imperador Diocleciano (284 d.C) dividiu o império em províncias agrupadas em dioceses, delegando autoridade para a administração civil, porém o controle militar permaneceu centralizado garantindo a manutenção de poder. Modelos de Administração5 Universidade Anhembi Morumbi Nos anos posteriores, várias outras contribuições foram responsáveis pelo fortalecimento das funções e perspectivas administrativa e organizacional. As organizações militares dos Impérios Romano, Grego e Macedônico retratadas em grandes produções cinematográficas, respectivamente, Gladiador, de Ridley Scott, A Odisséia, de Francis Ford Copolla, e Alexandre, de Oliver Stone, marcaram fortemente as funções de planejamento, organização, direção e controle. O mesmo se pode afirmar a respeito da Igreja Católica e sua estrutura hierárquica e capilar, sobretudo no mundo ocidental. Também o período medieval é célebre por evidenciar a organização inerente ao sistema feudal e o controle exercido pelos ofícios, espécie de sindicatos, que regulavam horas de trabalho, salários, número de aprendizes, territórios de vendas, entre outros. É neste período (séc. XV) que Nicolau Maquiavel escreve O Príncipe. A frase comumente atribuída à Maquiavel “Os fins justificam os meios” não é encontrada ipsis litteris em sua obra, entretanto, resume o que se depreende do livro. Maquiavel afirmou que os fins determinam os meios. Em outras palavras, descreveu com riqueza a função administrativa “planejamento”, ao esclarecer que é a partir de um objetivo que deverão ser traçados os planos para atingi-los. 2. O Surgimento da Administração Científica O contexto histórico da Revolução Industrial marca o surgimento da Administração Cientí- fica. A Revolução Industrial teve início na Grã-Bretanha, em 1760, e teve implicações muito fortes na economia e na sociedade ao longo dos anos que se seguiram. Alguns estudiosos dividem esse período em três grandes fases e assumem que a terceira fase ainda está em progresso: • 1ª fase (1760-1850) – A Inglaterra explora de maneira crescente a energia do carvão que, por sua vez, dá origem ao motor a vapor impulsionando a produção e exportação de produtos industrializados e a importação de matérias-primas; Máquina a vapor Modelos de Administração6 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir • 2ª fase (1850-1900) – Ocorre a difusão dos princípios da industrialização na Eu- ropa, Japão e Estados Unidos, com expansão do uso de energia elétrica, petróleo e a substituição do ferro pelo aço; • 3ª fase (1900 até os dias atuais) – Surgimento de grandes complexos industriais, multinacionais, automação da produção, robótica, tecnologia, biotecnologia, química fina, globalização e internacionalização dos mercados. Linha de produção da Ford A Revolução Industrial marcou a evolução da economia de base artesanal para a economia produtiva e mecanizada, modificou a rede de transportes e de comunicação com o surgimento da máquina a vapor, das locomotivas e do telégrafo. Na sequência, ganharam corpo as usinas siderúrgicas e a indústria automobilística. Segundo Ferreira et al (2002), as usinas siderúrgicas tornaram-se responsáveis pela contratação de cercade 9 mil empregados. Para se ter uma ideia do crescimento exponencial da indústria automobilística, a Ford, em sua planta em Highland Park (Illinois), contava com 13 mil empregados em 1914, 33 mil dois anos depois, e 42 mil em 1924. A planta da Ford em River Rouge (Michigan), no mesmo ano de 1924, contabilizava 70 mil empregados sendo considerada a maior fábrica do mundo. Para efeito de comparação com a operação atual da Ford no Brasil, as unidades de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e São Bernardo do Campo (SP) empregavam, no início de 2009, cerca de 10 mil empregados. Evidentemente, considerar, necessariamente, a evolução tecnológica e de automação, de toda forma, fornece uma ideia de porte daquelas plantas. Modelos de Administração7 Universidade Anhembi Morumbi Essa escala de operações exigiu desenvolvimento de métodos novos de Administração. Várias pessoas contribuíram nessa direção, com destaque para Frederick Winslow Taylor e Henry Ford. Taylor lançou, em 1911, a obra Princípios de Administração Científica. Era engenheiro e foi um dos primeiros a exercer o serviço de prestação de consultoria para empresas. Taylor trabalhou para uma empresa fabricante de bombas hidráulicas, sendo depois admitido na Midvale Steel, uma empresa siderúrgica. Trabalhou também em uma empresa de papel e em outra empresa siderúrgica, a Bethlehem Steel (MAXIMIANO, 2006). A experiência de Taylor lhe permitiu observar e desenvolver grande parte dos princípios de Administração Científica: • Racionalização do trabalho - Despender menos energia para obter o mesmo resultado do trabalho tornando-o mais eficiente. • Divisão do trabalho - Divisão de etapas e tarefas específicas da produção, contribuindo para a racionalização do trabalho e aumento da produtividade. Por exemplo, um único homem era capaz de produzir um sapato; ele modelava, cortava o couro, costurava e dava o acabamento no sapato. A especialização do trabalho permitiu que diferentes indivíduos se dedicassem a cada uma dessas atividades, considerando suas habilidades, aptidões e treinamento na função, resultando em eficiência da produção. • Tempos e movimentos - Provavelmente constituiu a primeira abordagem científica do trabalho. Taylor investigou as atividades dos operários, eliminando os movimentos inúteis e tornando mais Frederick Winslow Taylor Saiba mais Acesse: YouTube http://www.youtube. com/watch?v=F6sGwgkneuU YouTube para o filme Tempos Modernos: http://www.youtube. com/watch?v=8-UiCnxARJY YouTube apanhado das teorias taylorista e fordista e representação de Tempos Modernos http://www.youtube.com/ watch?v=XFXg7nEa7vQ Modelos de Administração8 Universidade Anhembi Morumbi simples e rápidas suas funções, definindo um tempo médio para a realização de cada tarefa com qualidade diminuiu o tempo de produção alcançando um resultado eficiente de maneira eficaz. • Enfoque mecanicista do ser humano - Ao serem fragmentadas as tarefas desempenhadas pelos indivíduos, o homem pode ser visto como parte integrante de uma engrenagem, não sendo considerada a sua condição humana. • Homo economicus - Esse conceito tem origem no fato de Taylor julgar que as recompensas e sanções financeiras eram as mais significativas para o trabalhador. • Abordagem fechada - A Administração Científica não faz referência ao ambiente da empresa. Em outras palavras, a organização é vista de forma fechada, desvinculada de seu mercado. • Superespecialização do empregado - O operário executa tarefas repetitivas e monótonas, conduzindo-o à alienação, retratado em Tempos Modernos (1936), de Charlie Chaplin. • Exploração dos empregados - A falta de consideração do aspecto humano dos operários, reforçada pela falta, na época, de legislação trabalhista digna, legitima a exploração da mão de obra em prol de interesses patronais. Charlie Chaplin em Tempos Modernos (1936) Henry Ford Modelos de Administração9 Universidade Anhembi Morumbi 3. Outros autores que contribuíram com a Administração Científica Taylor é considerado o “Pai da Administração Científica”, mas outras personalidades contribuíram muito para a consolidação da abordagem científica. Henry Ford foi uma dessas personalidades. Ford não era engenheiro, nem economista. Era um empresário com visão bem pragmática. Ford afirmava que o operário adaptava seus movimentos à velocidade da esteira rolante, adaptando-se à velocidade e, por conseguinte, a um nível de produção predeterminado. Ford se preocupava com a economia de material e tempo, perspectiva diferente de Taylor que se preocupava com a economia do trabalho humano. As principais contribuições de Ford para a Administração Científica foram os seguintes conceitos: • Integração vertical e horizontal - Conceitos adotados até hoje. Integração vertical significa produção integrada, envolvendo desde a matéria-prima até o produto final acabado. As esteiras rolantes constituem uma representação da operacionalização da integração vertical. A integração horizontal se materializa, por exemplo, na criação e estabelecimento de uma rede de distribuição de automóveis. • Padronização - Conceito operacionalizado por meio da linha de montagem, conceito diferente do praticado comumente. Os operários não se locomoviam até o produto em produção (carro), os produtos (carros) é que se moviam na linha de montagem até o posto de trabalho do operário. A introdução de maquinário ao longo da linha de montagem também colaborou com o coneito de padronização garantindo um maior nível de uniformidade nos produtos. • Redução de estoques e aceleração da produção - Com a introdução da linha de montagem, Ford conseguiu reduzir o ciclo de produção cerca de 10 vezes, o que, por sua vez, permitiu a redução de estoques e a necessidade de investimento imobilizado em produtos. Essas condições permitiram Modelos de Administração10 Universidade Anhembi Morumbi a prática de preços mais competitivos, tornando os carros acessíveis a um maior número de pessoas. • Produção em massa - Ou produção em série, tornada possível com a organização eficiente do trabalho que consistia na divisão do produto em partes, bem como na fragmentação do processo em etapas. • Elevação da produtividade - O aumento da intensidade de produção tornou possível obter economia máxima de material e de tempo. O automóvel era fabricado em 84 minutos e vendido antes do pagamento dos salários e dos insumos nele utilizadas. Para refletir Tornou-se histórica a frase de que o consumidor poderia pedir qualquer carro Ford, desde que fosse um Thunderbird preto (modelo T) conhecido como “Ford Bigode”. A frase refletia as características da linha de produção que não oferecia muita flexibilidade, não permitindo um número maior de opções aos consumidores. Muito tempo se passou e a linha de montagem das indústrias automobilísticas incorporou o conceito de flexibilidade que varia conforme a planta. A fábrica da GM em São Caetano do Sul é considerada uma das mais flexíveis do mundo, produzindo na mesma linha de montagem diferentes modelos de automóveis e uma cartela de cores ampliada. Por outro lado, o Tucson da Hyundai fabricado no Brasil desde 2005 e sucesso de vendas atribuído ao preço competitivo na categoria, conta com apenas duas opções de cores disponíveis: bege e preto. Modelos de Administração11 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir Mais recentemente, o mundo foi envolvido em uma grave crise financeira cuja origem reside na concessão indiscriminada de crédito imobiliário nos Estados Unidos que envolveu vários bancos em operações financeiras para refinanciamento do crédito culminando com o estouro da bolha. De maneira simplificada, o que aconteceu se assemelha ao conceito de correntede lucros ou pirâmide financeira. Essa crise comprometeu profundamente a indústria automobilística americana, cuja trajetória pode ser visualizada no link a seguir. http://veja.abril.com.br/cronologia/industria-automobilistica/index.swf Afinal, os conceitos de Ford eram diferentes dos conceitos de Taylor? Não. Os conceitos se integraram e embora Taylor seja considerado o principal representante da Administração Científica, Ford exerceu um papel preponderante em um conjunto de perspectivas gerenciais válidas até hoje. Analogamente pode-se afirmar que Taylor abriu um caminho e Ford o percorreu com maestria. Curiosidade Você sabia que Ford remunerava seu pessoal com elevado salários e se preocupava com problemas que eles, eventualmente, apresentavam? Por esse motivo é considerado como o precursor da Escola de Relações Humanas. O casal Frank e Lilian Gilbreth também contribuiu com a Administração Científica ao prover conceitos de redução do desperdício e sobre a fadiga do trabalho. Frank Gilbreth propôs a eliminação dos desperdícios como forma de aumentar a produtividade. Os desperdícios relacionam-se, sobretudo, ao estudo dos movimentos. Casal Frank e Lilian Gilbreth Modelos de Administração12 Universidade Anhembi Morumbi O trabalho de Gilbreth colaborou com o trabalho de Taylor que se dedicou, sobretudo, à questão dos tempos. Lilian Gilbreth, oriunda da área de Letras, voltou-se para a Psicologia desenvolvendo tese intitulada “The Psychology of Management”, contribuindo com os estudos do marido e dedicando-se à redução da fadiga desnecessária, caracterizando um dos primeiros estudos acerca da condição humana na indústria detalhado na obra Estudo da Fadiga, de 1916. Henry Gantt também contribuiu com a Administração Científica, sobretudo com a criação do Gráfico de Gantt que permite determinar com eficiência a operacionalização das atividades, tempo de execução, custos e metas. O gráfico permite controlar o desempenho em relação ao planejado, relacionando-o com o tempo e outros insumos previstos. Os pressupostos do gráfico evidenciam as principais preocupações de Gantt: planejamento, tempo, custo e controle. O gráfico de Gantt serviu de base para técnicas modernas de Planejamento e Controle de Produção – PCP. Curiosidade Você sabia que Elton Mayo desenvolveu essa perspectiva dando origem, posteriormente, à Escola de Relações Humanas? Exemplo: Para construir uma parede de tijolos os trabalhadores se abaixavam para apanhá-los. Ao propor a introdução de uma mesa para apoiar os tijolos mantendo- os da altura dos operários, a fadiga dos empregados diminuiu e a produtividade aumentou.. Modelos de Administração13 Universidade Anhembi Morumbi Exemplos de Gráficos de GanttCuriosidade Você sabia que... • Joseph Wharton era um dos grandes acionistas da Bethlehem Steel e foi ele quem contratou Taylor para trabalhar na empresa? E foi Wharton quem fundou em 1881 a primeira escola de Administração intitulada “Wharton School” pertencente à University of Pensylvania e até hoje uma das instituições com maior destaque no ensino de Administração? • Taylor era quaker, religião derivada do protestantismo que rejeita qualquer organização clerical e prega recolhimento, pureza moral , pacifismo, solidariedade e filantropia. - Os quakers emigraram da Inglaterra para os Estados Unidos, fixando-se, sobretudo, na Pensilvânia, cidade natal de Taylor. Modelos de Administração14 Universidade Anhembi Morumbi Para refletirCuriosidade Você sabia que... • Henry Gantt foi assistente de Taylor na Bethlehem Steel? • Taylor foi chamado a depor no Congresso para explicar porque um aumento de 300% na eficiência de um pedreiro correspondeu a aumento salarial de apenas 30%? • Taylor contra-argumentou que o dispêndio de energia do pedreiro passou a corresponder a 33% da energia despendida anteriormente. O veredicto proibiu o uso de cronômetros e incentivos financeiros. • Na década de 30 foi fundado em São Paulo o Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT motivado pelas ideias de Taylor? E o IDORT atua até hoje? Alguns aspectos da Administração Científica são passíveis de reflexão e crítica. Por exemplo, a mecanização proposta por Taylor não considerava o aspecto humano e desestimulava a iniciativa pessoal. Também o estudo dos tempos e movimentos levado à última instância conduz ao esgotamento físico do operário. Outro ponto crítico consiste na visão estreita de que aspectos relacionados à motivação circunscrevem-se a incentivos salariais. De toda forma, Taylor contribuiu enormemente para o desenvolvimento da ciência administrativa e a grande maioria dos seus conceitos ainda é válida atualmente. Depois da Administração Científica, outras abordagens e teorias se seguiram, agregando novas perspectivas aos estudos da Administração e garantindo seu desenvolvimento. Georges Seurat, pintor francês, é um dos fundadores do movimento neo-impressionista no final do século XIX. Outra pintora relevante desse movimento foi Camille Pissarro. Os neo-impressionistas compunham um grupo distinto dos impressionistas que evocam impressões da luz do sol, cores e sombras. Pierre August Renoir e Paul Cezanne são grandes expoentes do impressionismo. Os neo-impressionistas caracterizavam-se por serem menos preocupados em pintar espontaneamente e mais preocupados com a preparação e aspectos técnicos de formas e design. De alguma forma, a Revolução Industrial, e seus aspectos de repetição dos movimentos e mecanização da produção, influenciaram os neo-impressionistas. Georges Seurat foi pioneiro do pontilhismo, técnica de pintura a partir de diversos e repetidos pontos de tinta na tela. Para refletir O banho em Asière de Georges Seurat – 1885 Modelos de Administração15 Universidade Anhembi Morumbi 4. A Teoria Clássica Henri Fayol, engenheiro francês, lançou a obra Administration Industrielle et Générale em 1916 que serviu de base ao que intitulou-se Teoria Clássica da Administração. Taylor publicou, nos Estados Unidos, Princípios de Administração Científica, em 1911, tendo como foco de estudo e análise a produção. Faiol, na Europa, estava alinhado com o pensamento de Taylor, porém com foco na gestão, sobretudo, com a alta administração. Atualmente, com a globalização, as informações percorrem longas distâncias em segundos e um fato isolado imediatamente se torna de domínio mundial. Naquela época, porém, essa troca de informações não ocorria com facilidade. Ainda assim os europeus tiveram acesso aos princípios de Administração Científica, já os americanos apenas conheceram a obra de Fayol em 1949. Fayol definiu alguns princípios básicos que combinados aos conceitos de Administração Científica constituem as bases da Teoria Clássica: • Divisão do trabalho: especialização das funções ao longo de toda a estrutura organizacional, desde a alta hierarquia até os operários, favorecendo a eficiência e aumentando a produtividade; • Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de um superior de dar ordens e, conceitualmente, ser obedecido. Responsabilidade, por sua vez, é a contrapartida da autoridade; • Unidade de comando: um empregado deve receber ordens de apenas um superior; • Unidade de direção: definição de um plano único para um grupo de atividades com objetivos comuns; • Disciplina: normas de conduta e trabalho válidas para todos indistintamente; • Prevalência dos interesses gerais: em detrimento aos interesses individuais; • Remuneração: suficiente para garantir a satisfação dos funcionários; Henri Fayol Modelos de Administração16 Universidade Anhembi Morumbi • Centralização: atividades essenciais na organização devemser centralizadas; • Hierarquia: seguindo a cadeia de comando e respeitando a estrutura hierárquica estabelecida; • Ordem: uma posição para cada indivíduo e cada indivíduo em sua posição; • Equidade: a justiça deve prevalecer na organização garantindo direitos iguais; • Princípio da estabilidade dos funcionários: a rotatividade deve ser evitada uma vez que tem consequências negativas sobre o moral dos trabalhadores; • Princípio da iniciativa: capacidade de conceber um plano ou ideia e cumpri-la efetivamente; • Princípio do espírito de equipe: capacidade de trabalho conjunto, consciência de equipe e de classe. Fayol definiu como funções da Administração: • Planejar: estabelecer objetivos e a forma de alcançá-los; • Organizar: os recursos da empresa (humanos, financeiros e materiais) alocando-os da melhor forma • Coordenar: atitudes e esforços de toda a organização, incluindo departamento e pessoas; • Comandar: fazer com que os subordinados executem o que deve ser feito • Controlar definir padrões e medidas de desempenho de modo a corrigir eventuais desvios. Afinal, são cinco as funções da Administração? As cinco funções da Administração definidas por Fayol transformaram-se em quatro ao longo do tempo já que “comandar” e “coordenar” se fundiram, assumindo a função atualmente denominada “dirigir”, também denominada por alguns autores de “liderar”. Modelos de Administração17 Universidade Anhembi Morumbi Para exercitar e refletir... Complete os espaços com as interrogações utilizando as opções abaixo: • Frederick W. Taylor • Henri Fayol • Gerência Administrativa • Adoção de métodos racionais e padronizados - Máxima divisão de tarefas • Produção Modelos de Administração2 Universidade Anhembi Morumbi Escola de Relações Humanas e Teoria Comportamentalista 1. Contexto histórico em que emergiu a Escola de Relações Humanas O mundo vivenciava a crise econômica de 1929, chamado de “crash da Bolsa”, considerado um dos maiores choques que a economia mundial já atravessou. Naquele ano, o preço das ações vinha crescendo de maneira constante, cada vez mais pessoas, então, decidiram comprar ações, inclusive buscando empréstimos bancários negociados a taxas inferiores à valorização das ações. O lucro parecia garantido. A venda de ações explodiu, porém, além da constatada “bolha especulativa” outros índices como a produção industrial e fabril estavam em queda, bem como a produção de aço. No início de uma semana de outubro de 1929, os valores das ações começaram a evidenciar queda e um frenesi levou os investidores a venderem suas ações massiçamente; na quinta-feira, dia 24 de outubro, uma recuperação leve foi ensaiada, mas um outro baque se repetiu aprofundando a crise na terça-feira seguinte, dia 29 de outubro. As ações perderam o seu valor e, além dos cidadãos comuns, muitos investidores estavam quebrados. Objetivos da unidade: • Apresentar a abordagem da Escola de Relações Humanas • Apresentar a Teoria Comportamentalista como uma evolução da Escola de Relações Humanas • Traçar paralelos com a realidade organizacional atual Fila de pessoas para sacar suas economias no banco (1929) Modelos de Administração3 Universidade Anhembi Morumbi Como já foi destacado, a produção industrial e fabril entrou em curva de queda. Isso aconteceu porque, com o aumento da produtividade e eficiência, os estoques se elevaram, e com a manutenção dos salários, a demanda foi inferior à oferta. Isso conduziu à paralisação da produção, e, na sequência, em desemprego, o que prejudicou ainda mais o consumo. É neste período também que se verificam os primeiros movimentos sindicais e o desenvolvimento das Ciências Humanas, Psicologia e Sociologia. O surgimento da Escola de Relações Humanas foi consequência imediata das conclusões de Elton Mayo e consequência indireta do contexto da época. Teve como elemento motivador a necessidade de humanizar e democratizar a Administração, como alternativa às teorias científica e clássica. Elton Mayo, australiano emigrado para os Estados Unidos, professor de Harvard, considerado o “pai das relações humanas”, desenvolveu uma pesquisa relacionando produtividade e relações físicas do trabalho na planta da Western Electric em Hawthorne, um bairro de Chicago, entre os anos de 1927 e 1932, culminando com a publicação da obra The Human Problems of an Industrial Civilization, em 1933. A pesquisa foi composta por quatro fases: • 1ª fase – Luminosidade O objetivo era analisar o efeito da iluminação no rendimento dos operários. Foram selecionados dois grupos; um recebeu intensidade de luz variável e outro, intensidade constante. Ambos os grupos tiveram produtividade aumentada e se atribuiu esse resultado ao fato de estarem cientes de que estavam sendo observados. Elton Mayo Modelos de Administração4 Universidade Anhembi Morumbi • 2ª fase – Intervalos e horários flexíveis O objetivo era analisar o efeito de outras questões que influenciavam o trabalho dos operários a fim de evitar fadiga, acidentes de trabalho e turnover. Nas duas fases, ambos os grupos, experimental e de controle, tiveram produtividade aumentada e se atribuiu esse resultado ao fato de estarem cientes de que estavam sendo observados. Ao se sentirem relevantes para a empresa, os operários se dedicaram mais às suas tarefas. Essa constatação conduziu à primeira importante conclusão do estudo de Hawthorne: os fatores físicos influenciam menos a produtividade que os fatores emocionais. • 3ª fase – Entrevistas sobre atitudes e sentimentos Foi implantado um amplo programa de entrevistas que contabilizou, ao longo de três anos, cerca de 20 mil operários entrevistados. Esse programa de entrevistas revelou a existência dos grupos informais. Grupos informais são grupos que reúnem pessoas com interesses semelhantes e, muitas vezes, alheios à organização. O time de futebol de uma empresa constituído por membros de diferentes departamentos que joga após o expediente constitui um grupo informal. O pessoal de diferentes departamentos que almoça todos os dias junto. O grupo de mães operárias com filhos na creche, entre muitos outros exemplos. São variados os motivos que conduzem à formação de grupos informais. O que é importante é que, até os experimentos de Hawthorne, não tinha sido constatada a existência deles. • 4ª fase – Análise dos grupos informais e da organização formal Um grupo foi separado dos demais, mas manteve as mesmas características do trabalho regular. Os operários desse grupo apresentaram similaridade de sentimentos e Modelos de Administração5 Universidade Anhembi Morumbi desenvolveram solidariedade para com os seus membros. Foram desenvolvidas regras informais dentro da “micro-organização” formal, representada por aquele grupo de trabalho, de modo que a produção se estabilizasse em um nível aceitável para todo o grupo. As duas últimas fases evidenciaram a segunda importante conclusão do estudo de Hawthorne: a identificação dos grupos informais e sua importância no contexto organizacional, bem como sua convivência paralela à organização formal. O efeito positivo da Administração sobre o desempenho humano ficou conhecido como “efeito Hawthorne”. A ciência da importância do efeito Hawthorne despertou a consideração, na avaliação da produtividade, além de fatores materiais, também para fatores humanos. Os estudos de Hawthorne permitiram a Elton Mayo definir alguns pressupostos a respeito do aspecto humano no trabalho: • A integração social do grupo afeta a produtividade, quanto mais integrado o grupo, maior o nível de produtividade; • O comportamento social é relevante, pois os trabalhadores reagem aos estímulos na condição de membros de um grupo; • As pessoas são motivadas pela necessidadede reconhecimento e aprovação social dos grupos formais e informais, por essa razão recompensas e sanções sociais precisam existir e ser reconhecidas. Vem à tona o conceito de homem social, oposto ao conceito de homo economicus, cuja motivação era oriunda apenas de incentivos salariais; • Os grupos informais são distintos dos grupos formais e são relevantes. Não haviam sido considerados pela Administração Científica e Clássica. Planta de Hawthorne (Western Electric) em Chicago. Modelos de Administração6 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir Os estudos de Elton Mayo em Hawthorne conduziram à compreensão da importância: • das relações humanas, uma vez que cada indivíduo é uma personalidade diferenciada e visa a participar de grupos sociais de modo a ser compreendido, aceito etc; • do conteúdo do trabalho, já que este tem influência sobre o moral do empregado. Trabalhos simples e repetitivos são desgastantes e monótonos, reduzindo a eficiência e motivação do trabalhador; • da ênfase nos aspectos emocionais nos estudos de impacto na produtividade. No Brasil, neste mesmo período, Tarsila do Amaral, nascida em Capivari, Estado de São Paulo, integrante do movimento modernista e autora da famosa tela Abaporu, pinta o quadro Operários, em 1933, e dá início à pintura social no Brasil, após passar pelos períodos denominados “pau-brasil” e “antropofágico”. A obra retrata o início da industrialização no País, com operários de diferentes etnias e raças: brancos, negros, judeus, imigrantes japoneses e italianos, evidenciando o mosaico social que caracteriza nossa cultura e revelando a predominância de cores sombrias carregadas de significado. Outros autores contribuíram com a Escola de Relações Humanas e produziram as chamadas teorias transitivas porque conduziriam, mais tarde, à Teoria Comportamentalista ou Behaviorismo. Modelos de Administração7 Universidade Anhembi Morumbi Afinal, existe diferença entre as expressões: abordagem, escolas e teorias? Não. As expressões têm o mesmo significado e são intercambiáveis. Alguns estudiosos preferem uma expressão em detrimento à outra por julgarem que são mais ou menos relevantes, mas, em síntese, podem ser adotadas indistintamente. Os principais autores das teorias transitivas e suas contribuições são apresentados a seguir: • Kurt Lewin, psicólogo, publicou A Dynamic Theory of Personality, em 1935, obra que divulgou sua Teoria de Campo, expressa na equação cuja leitura do significado é: comportamento é função da interação entre a pessoa e o meio ambiente que a rodeia. A contribuição de Lewin destaca as forças e interações simbólicas que afetam a estrutura grupal e o comportamento individual. Os estudos de Lewin revelaram que, uma vez formados, os grupos controlam o comportamento de seus participantes que, por sua vez, tendem a resistir a mudanças e elegem líderes. • Mary Parker Follet tornou públicas suas ideias ao longo da década de 20. Pregava ideias de cooperação como motores da motivação e interação entre os empregados, acreditava que transformar cada empregado em empregador criaria responsabilidade coletiva e que a obtenção de lucros privados deveria ponderar os impactos ao bem- comum. Foi considerada uma mulher à frente do seu tempo já que antecipou ideias recentes de participação nos lucros e de responsabilidade social. • Chester Barnard publicou As funções do executivo, em 1938, e reforçou que as organizações informais são encontradas dentro de todas as organizações formais e que as empresas são instrumentos eficazes para o progresso social e mais eficientes que a Igreja e o Estado. Kurt Lewin Mary Parker Follet Chester Barnard Modelos de Administração8 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir • Herbert Simon publicou, em 1947, O comportamento administrativo, criando o conceito de homem administrativo que definiu um marco para o surgimento da Teoria Comportamental. A primeira contribuição importante da obra de Simon é que uma organização consiste em um sistema de decisões e os processos administrativos são processos decisórios. A segunda contribuição importante, que deu origem à Teoria da Decisão de Simon, é a compreensão de que a racionalidade é limitada, ou seja, é humanamente impossível arrolar todas as informações disponíveis no ambiente, processá-las adequadamente e tomar a decisão ótima. Em outras palavras, o comportamento administrativo é “satisfaciente”, consegue tomar decisões apenas satisfatórias considerando aquelas que conseguiu arrolar. O comportamento administrativo não é “otimizante”, não consegue tomar a melhor decisão dentre todas em razão da racionalidade limitada. Herbert Simon Alguns aspectos da Escola de Relações Humanas são passíveis de reflexão e crítica. Os estudos de Hawthorne não utilizaram procedimentos rigorosamente científicos: a pesquisa considerou apenas uma amostra, a fábrica da Western Electric, e não considerou as condições econômicas, sociais e políticas do entorno à fábrica. As conclusões de Elton Mayo também não consideraram o conflito de interesses entre empresa e trabalhadores. Alguns críticos afirmam que Mayo enfatizou exageradamente os grupos informais, mas a crítica mais relevante consiste no fato de não fornecer critérios efetivos de gestão, indicando o que deve ou não ser feito para obtenção de melhores resultados empresariais. Apesar das críticas, a Escola de Relações Humanas contribuiu para alterar as atitudes dos administradores em relação aos trabalhadores, deu origem aos estudos de comportamento organizacional que abarcaram investigações sobre o comportamento coletivo, como, por exemplo, questões de clima organizacional, e investigações sobre comportamentos individuais, como, por exemplo, fatores motivacionais. Modelos de Administração9 Universidade Anhembi Morumbi Você sabia que... • A planta da Western Electric em Hawthorne, Chicago não existe mais? • Herbert Simon ganhou o Nobel em Economia em 1978 por sua Teoria da Decisão? • Elton Mayo era formado em Filosofia e também em Medicina? Curiosidade Improvisation 28 (1912), Wassily Kandinsky Para refletir O movimento modernista abarca diferentes movimentos todos marcados por uma tendência de procurar respostas a questões fundamentais a respeito da experiência humana e a natureza da arte. O movimento expressionista, especificamente, é marcado por explorar emoções e estados mentais, tendo como características marcantes o uso de cores fortes, figuras distorcidas e abstrações explorando temas relativos à alienação. Pintor emblemático desse movimento, Wassily Kandinsky acreditava que a arte poderia expressar a verdade humana intrínseca e restaurar significado à vida das pessoas. Kandinsky era um crítico ferrenho da sociedade e desejava sua transformação baseada em princípios de honestidade e consideração ao próximo (Little, 2004). Sua obra Improvisation 28 retrata em seu lado esquerdo ondas, barcos e montanhas destruídos por tempestades e enchentes, enquanto, ao lado direito um casal abraçado, evoca a criação de uma nova sociedade baseada em princípios mais humanos. 2 - A Teoria Comportamental ou Escola Behaviorista Pode ser considerado um desdobramento da Escola de Relações Humanas que ganhou corpo na década de 30. Na figura abaixo é possível identificar, nas caixas azuis, as Escolas que já foram abordadas nesta disciplina: as abordagens clássicas, precursoras dos estudos em Administração, cujos representantes máximos eram Frederick W. Taylor e Henri Fayol; a Escola de Relações Humanas baseada nos estudos de Elton Mayo e a Teoria Comportamental sobre a qual nos debruçaremos agora. As escolas ou teorias presentes nas caixas amarelas serão objeto de estudo nas unidades posteriores. O objetivo desta figura é situar temporalmente as principais escolasou teorias administrativas. Modelos de Administração10 Universidade Anhembi Morumbi A ideia de que a satisfação do trabalhador gerava produtividade, como revelou a Escola de Relações Humanas, provocou alguns questionamentos, pois considerava-se tarefa difícil satisfazer os trabalhadores. Naturalmente que não existiu um “vácuo” entre as décadas de 30 e 60 no que compete à preocupação com aspectos humanos na organização. Como já se mencionou, as teorias transitivas preencheram esse espaço e contribuíram significativamente para o desenvolvimento desta perspectiva de análise. A Teoria Comportamentalista conferiu uma orientação mais psicológica para os estudos da Administração, especialmente no que compete ao ajustamento pessoal do trabalhador na organização, os efeitos dos relacionamentos intragrupais, as necessidades do trabalhador e, sobretudo, questões relacionadas à motivação e liderança. ‘Motivação’ é uma palavra oriunda do latim motivus, movere, que, em essência significa “mover”, assumindo o significado de um processo que explica, induz, incentiva, estimula ou provoca algum tipo de ação ou comportamento. Aplicada ao ambiente de trabalho considera-se que motivação se trata de um estado psicológico de disposição ou vontade de perseguir uma meta ou realizar uma tarefa. É natural concluir que desempenho organizacional é resultante da motivação para o trabalho, por isso compreender a motivação é essencial. A motivação pode ser: • Interna: inerente à cada pessoa já que cada pessoa é única e é motivada por estímulos diferentes; • Externa: criada por uma situação ou ambiente em que a pessoa se encontra. Modelos de Administração11 Universidade Anhembi Morumbi Considerando-se que toda e qualquer situação ou ambiente é percebido de maneira diferente por cada indivíduo, conclui-se que a motivação é multifacetada. Silva (2008) acrescenta que a motivação pode ser considerada: • Intrínseca: movida por recompensas psicológicas, como, por exemplo, o desejo de ser tratado de maneira diferenciada, ser reconhecido, sentir-se desafiado positivamente; • Extrínseca: movida por recompensas tangíveis, como, por exemplo, salário, benefício, promoção, ambiente e condições de trabalho. A motivação é responsável pelo desempenho, logo, o desempenho é fator crítico no contexto organizacional. Se ao longo do processo de perseguição de uma meta há um obstáculo importante qualquer, o indivíduo pode reagir de duas maneiras opostas: • Positivamente, evidenciando um comportamento construtivo, ao solucionar ou contribuir para solucionar o problema, ou substituir a meta original por outra cujo alcance é factível; • Negativamente, evidenciando uma frustração que pode assumir diferentes formas: agressão (ataque físico ou verbal), regressão (comportamento infantil) ou retraimento (desinteresse). Durante a década de 60, o tema motivação despertou interesse e levou à proposição de diferentes teorias da motivação por diferentes autores. Algumas teorias concentraram-se no que motiva e outras em como o comportamento pode ser motivado. Há quatro teorias sobre o que motiva que se destacam: 1. Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Abraham Maslow, que definiu o que se convencionou chamar de “pirâmide de necessidades” e que exprime que todo e qualquer indivíduo precisa sanar necessidades básicas previamente às necessidades de motivação, ordenadas hierarquicamente como representado na figura abaixo. Modelos de Administração12 Universidade Anhembi Morumbi Para Maslow, a motivação é interna e, satisfeita uma necessidade, esta deixa de ser motivadora, passando o indivíduo a se motivar estimulado pela satisfação de uma necessidade de categoria de superior. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hierarquia_das_necessidades_de_Maslow.svg em 19 de julho de 2009 e acréscimos da autora. Curiosidade Você sabia que a expressão “fatores de higiene” criada por Herzberg tem relação real com a higiene física? Basicamente é a ideia de que a higiene de um paciente é necessária para impedir a piora de seu estado de saúde, mas por si só não tem o poder de curá-lo. Modelos de Administração13 Universidade Anhembi Morumbi 2. Teoria ERG, de Clayton Alderfer, cuja sigla decorre das palavras em inglês: existence, relatedness, growth, e que consiste em uma variação simplificada da hierarquia das necessidades de Maslow, consistindo em apenas três níveis de necessidades a serem supridas: de existência (bem-estar fisiológico e material), de relacionamento (social e interpessoal), e de crescimento (atualização permanente e autoestima). 3. Teoria dos Dois Fatores, de Frederick Herzberg, composta pelos chamados fatores de higiene ou extrínsecos e fatores motivacionais ou intrínsecos. Os fatores de higiene estão relacionados com as condições físicas e do ambiente de trabalho, relações interpessoais, salário, políticas e práticas. São importantes para neutralizar a insatisfação, mas não são suficientes para motivar um indivíduo. Os fatores motivacionais estão relacionados com a realização pessoal, reconhecimento do trabalho, responsabilidade e progresso profissional. São fundamentais para a manutenção da satisfação e contribuem para um melhor desempenho no cargo. Afinal, salário não constitui um fator motivador? O salário pode, em um primeiro momento, constituir um fator motivador importante. Mas se outras necessidades não forem satisfeitas ao longo do tempo, o salário não será suficiente para manter um funcionário motivado. 4. Teoria da Realização ou das Necessidades Adquiridas, de David McClelland, sustenta que necessidades são aprendidas e socialmente adquiridas e que as pessoas têm necessidades distintas. Algumas têm necessidade de realização, outros de poder, outros de afiliação. A necessidade de realização pressupõe o desejo de realização pessoal, de sucesso em situações competitivas e de feedback sobre seu desempenho. A necessidade de poder é o desejo de influenciar ou controlar os outros, e a necessidade de afiliação visa o estabelecimento de relacionamentos pessoais próximos. Curiosidade Você sabia que McClelland é uma personalidade importante nos estudos de Administração e contribuiu significativamente nos estudos sobre empreendedorismo? O desenvolvimento do empreededorismo é representado por duas correntes principais: economistas e comportamentalistas. Na corrente dos economistas a maior personalidade é Joseph Schumpeter, que considera o empreendedorismo o fator responsável pela inovação e, por conseguinte, pelo desenvolvimento da sociedade. Na corrente comportamentalista, cujo maior representante é McClelland, o enfoque recai nas características do comportamento empreendedor que, justamente, são os primeiros a evidenciar necessidade de realização. Modelos de Administração14 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir No quadro abaixo é possível verificar as relações que podem ser estabelecidas entre as diferentes teorias motivacionais. QUADRO COMPARATIVO DAS TEORIAS DE MOTIVAÇÃO Quem nunca identificou pessoas com necessidade explícita de poder? Ou com necessidade de realização? Hugo Chávez pode ser considerado um exemplo claro de obstinação pelo poder. Ângelo Franzão é o vice-chairman da McCann Worldgroup e escolheu acumular a função de professor de graduação em uma universidade particular paulista motivado pelo desejo de compartilhar sua experiência profissional com os alunos, claramente em busca de realização. Você sabia que Skinner era psicólogo e baseou seus estudos em pesquisas realizadas com ratos e pombos? A “Caixa de Skinner” é uma experiência importante nos estudos da Psicologia e que foram projetados para os estudos do comportamento humano nas organizações. Nessa experiência Skinner condicionou o ato do ratode acionar uma alavanca, o acendimento de uma luz e o recebimento de alimento. Rapidamente, o rato compreendeu que ao acender a luz, ele deveria se dirigir à alavanca, pressionando-a, e, em seguida receberia o alimento. Curiosidade Modelos de Administração15 Universidade Anhembi Morumbi As teorias apresentadas concentram-se no que motiva e, como já foi destacado, outras teorias enfocam como o comportamento pode ser motivado. Duas teorias, denominadas teorias de processo, destacam-se nesse âmbito (CHIAVENATO, 2004; SILVA, 2008). 1. Teoria da Expectância de Victor Vroom, cuja ideia principal baseia-se em três conceitos: valência, expectativa e instrumentalidade. O primeiro exprime a força do desejo de um indivíduo para um resultado almejado, o segundo é a crença de que o esforço conduz ao desempenho desejado, e o terceiro refere-se à percepção de uma pessoa de estabelecer uma relação entre um alto desempenho e uma recompensa. 2. Teoria da Equidade de Stacy Adams baseia-se no fenômeno de posição social no ambiente organizacional, ou, em outras palavras, na comparação entre o tratamento que o indivíduo tem recebido e o tratamento recebido pelos outros. Há ainda uma teoria que não se encaixa nas categorias anteriores e que constitui uma terceira categoria. São as teorias de reforço cujo representante máximo é Skinner e o mote é que o conhecimento das consequencias de determinados atos conduz os indivíduos a se comportarem de maneiras predeterminadas. Skinner Modelos de Administração16 Universidade Anhembi Morumbi Liderança é considerada a habilidade da função administrativa “direção”. Constitui o processo de dirigir e influenciar as atividades de grupos para o alcance de certos objetivos. Liderança não se confunde com autoridade formal. A autoridade formal é decorrente do cargo, temporária na maioria dos casos, e limitada no espaço organizacional e/ou geográfico. Liderança fundamenta-se na crença dos seguidores ou liderados a respeito das qualidades do líder e dos seus interesses em segui-lo. O líder é frequentemente considerado um instrumento para resolver problemas em um grupo específico. O reconhecimento dessa liderança circunscreve-se ao grupo com o qual se relaciona e durará o mesmo tempo em que o líder for considerado útil ao grupo de seguidores. Alguns tipos de poder servem de base para o desenvolvimento da liderança: • Poder de recompensa, baseado na capacidade de oferecer algo de valor, compensatório; • Poder coercitivo, baseado na ameaça e capacidade de punir; • Poder de especialização, sustentado pela capacidade de influenciar decorrente do conhecimento específico; • Poder legítimo, fruto da capacidade de influenciar em virtude dos direitos do cargo ou função desempenhada. Se você se interessou pelo tema “poder”, sugiro que conheça a obra de John Kenneth Galbraith denominada Anatomia do poder. Anatomia do Poder John Kenneth Galbraith Modelos de Administração17 Universidade Anhembi Morumbi Nos estudos relacionados à liderança destacam-se as Teorias X e Y, de Douglas McGregor. • A “Teoria X” prega que os indivíduos são indolentes, evitam o trabalho, não têm ambição, têm pouca capacidade criativa para a solução de problemas, precisam ser controlados e preferem ser dirigidos. Tem características marcadamente autoritárias. A Teoria X é baseada nos princípios da Teoria Clássica e crê que as funções direção e controle têm que ser exercidas sobre o empregado. • A “Teoria Y”, ao contrário, prega que os indivíduos gostam de trabalhar desde que as condições sejam favoráveis, procuram assumir responsabilidades, têm capacidade criativa para solução de problemas e podem se autodirigir. Tem características fortemente participativas. A Teoria Y é o contraponto oferecido por McGregor à Teoria X. Considera que as pessoas têm uma necessidade psicológica de trabalhar e aspiram à realização profissional e à assunção de responsabilidades. Algumas empresas ainda se comportam com base na Teoria X. E muitas outras com base na Teoria Y. As práticas de estímulo à descentralização, administração participativa, autoavaliação de desempenho, e várias outras práticas modernas de gestão estão relacionadas com as bases da Teoria Y. Para refletir Modelos de Administração18 Universidade Anhembi Morumbi Rensis Likert é outra personalidade de destaque nos estudos sobre liderança. Likert, sociólogo, aplicou questionários intensivos a empregados interrogando-os a respeito do comportamento de seus supervisores. As respostas ajudaram-no a definir vários perfis ou estilos de liderança: a) Autoritário forte, cujas características são: as decisões são top-down e não envolvem participação, a empresa preocupa-se apenas com as tarefas que precisam ser cumpridas, e ameaças são recorrentes para obter a realização de uma tarefa ou conjunto de tarefas; b) Autoritário benevolente, semelhante ao anterior, porém vale-se de recursos de recompensa para obter a realização de uma tarefa ou conjunto de tarefas, a comunicação é mais fluente, mas restringe-se ao que os gerentes desejam ouvir; c) Sistema consultivo, os empregados são motivados por recompensas e com o envolvimento no processo decisório, os gerentes fazem uso das opiniões e ideias dos empregados, mas as decisões ainda são tomadas pela alta hierarquia, a comunicação é ainda mais fluente, mas incompleta; d) Sistema participativo, os gerentes têm completa confiança nos subordinados, motivação por recompensas econômicas, baseadas em objetivos definidos de maneira participativa, no qual todo o pessoal sente responsabilidade pelos objetivos organizacionais, bastante comunicação e trabalho cooperativo em equipe. Configura, praticamente, a “solução ótima”. Esses perfis ou estilos de liderança determinam fortemente os comportamentos nas organizações, que pode ser observado pela forma como as pessoas se comunicam verbal e oralmente, tomam decisões, definem metas, dirigem e controlam. Esses comportamentos determinam o clima organizacional que consiste em um tema que recebe tratamento aprofundado nas disciplinas da área de recursos humanos. Curiosidade Você sabia que Rensis Likert criou a escala Likert? Escala Likert é um instrumento de mensuração de atitudes sociais. Com certeza você já teve oportunidade de responder questionários estruturados com base na Escala Likert. São muito comuns e de simples tabulação e análise de dados. É fácil identificá-los, pois se valem de um conjunto de enunciados que indicam o grau de concordância ou discordância com uma afirmação. São apresentados de diferentes formas, mas sempre com o mesmo significado. Quando se deparar com questionários cujas alternativas arrolam como opções: “discordo totalmente, discordo, indiferente, concordo, concordo totalmente”, ou “-2, -1, 0, 1, 2”, ou “1, 2, 3, 4, 5”, você estará em posse de uma contribuição de Rensis Likert. Modelos de Administração19 Universidade Anhembi Morumbi Robert R. Blake e Jane S. Mouton, com base nos estudos de Likert desenvolveram o grid de liderança ou grid gerencial com duas variáveis básicas: comportamento relacionado às pessoas e comportamento relacionado à produção. O grid é composto por 81 células e são vários os possíveis estilos de gerenciamento. Blake e Mouton rotularam cinco possibilidades, quatro no extremo de cada quadrante e uma no centro. Na representação do grid gerencial na figura abaixo é possível depreender que um gerente 1.1 não está orientado para as pessoas ou para a produção realizando um “gerenciamento empobrecido”. Um gerente 1,9 é pouco preocupado com a produção e muito preocupado com o bem-estar dos seus subordinados recebendo a alcunha metafórica de “gerente de clube de campo” pelos autores. Um gerente 9,1 é justamente ooposto, muito preocupado com a produção e pouco preocupado com as pessoas, assumindo a postura de “gerente autoritário”. Um gerente 5,5 é um líder bem intencionado, mas que não age, sendo-lhe atribuído o “gerenciamento de meio de caminho”. Um gerente 9,9 combina a preocupação com as pessoas e com o desempenho, sendo associado com carreiras de sucesso, produtividade e lucratividade, e recebeu de Blake e Mouton a denominação de “gerente de equipe”. Fonte: http://www.irhgrid.com.br/pdf/Aep.pdf Modelos de Administração20 Universidade Anhembi Morumbi Além de Likert e Blake e Mouton, outros autores contribuíram para os estudos de liderança: Tannenbaum e Schmidt com o Continuum de Liderança, Fiedler com o Modelo Contingencial de Liderança, House e Mitchell com Modelo Caminho-Meta, Hersey e Blanchard com o Modelo de Liderança Situacional, entre outros. Afinal, se os conceitos de motivação e liderança são tão importantes para o desempenho organizacional porque não estudamos a fundo esses temas? Esses conceitos são abordados em profundidade em disciplinas da área de recursos humanos, quando recebem o enfoque especializado da psicologia organizacional. O que importa no âmbito desta disciplina é reconhecer que esses temas constituíram a essência da Teoria Comportamental, uma evolução da Escola de Relações Humanas. Para refletir Nos anos mais recentes as concepções sobre motivação com o conteúdo do cargo e satisfação com o ambiente de trabalho se ampliaram e atualmente fala-se em Qualidade de Vida no Trabalho que não substitui os anteriores, mas aumenta o espectro de análise, envolvendo questões relacionadas ao bem-estar biológico, psicológico e social, contemplando uma visão integrada do ser humano. São frequentes os estudos e a preocupação com temas como estresse, recolocação profissional dos profissionais demitidos ou que optaram por um programa de demissão voluntária, apoio psicológico a executivos expatriados, entre outros. Modelos de Administração21 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir Todos os anos a Revista As 150 Melhores Empresas para se Trabalhar, uma edição da Revista Você S.A., publica um volume em que aponta uma seleção das melhores empresas para se trabalhar. As inscrições são realizadas pelas próprias empresas que têm interesse em ser avaliadas e ocorre todos os anos em fevereiro. Questionários são preenchidos por funcionários selecionados aleatoriamente, é feita uma pré-classificação e as empresas classificadas recebem visita in loco. Os dados apurados são processados e, anualmente, em setembro são publicados. A pesquisa é realizada em parceria com a Fundação Instituto de Administração vinculada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Vale a pena conhecer os critérios que conduzem à seleção das melhores empresas para se trabalhar. Para saber mais, visite: http://vocesa.abril.com.br/ melhoresempresas/ Modelos de Administração22 Universidade Anhembi Morumbi Para refletir Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo foi o pioneiro idealizador da Semana de Arte Moderna em 1922, ganhando expressão e reconhecimento mundial. Defensor de uma arte figurativa que se opunha ao abstracionismo pintou em 1965, década áurea dos comportamentalistas, a obra com título sugestivo: Onde eu estaria feliz. Para refletir Onde eu estaria feliz (1965) Di Cavalcanti Já se discorreu sobre o setor de Telemarketing na unidade anterior e foi possível identificar princípios da Administração Científica e Clássica nas atividades desempenhadas por essa indústria. Considerando-se o conteúdo que acabamos de percorrer pergunta-se: quais princípios da Abordagem Comportamentalista é possível enxergar no setor de telemarketing? Se você considerou a necessidade de motivação e a relevância do exercício efetivo de liderança para manutenção e aumento da produtividade mesmo após o ápice de produtividade do funcionário alcançado, em média, após seis meses de atividade, pode constatar que os conceitos de relações humanas e comportamentalistas estão presentes e sua inclusão nas práticas administrativas é necessária. A Softway Telemarketing adotou a estratégia de oferecer, em parceria com uma instituição de ensino superior de São Paulo, um curso superior aos seus operadores justamente após completarem seis meses no exercício da função. A intenção da empresa era de motivá-los a partir do suprimento da necessidade de estima e realização. Modelos de Administração2 Universidade Anhembi Morumbi Abordagem Neoclássica e Administração por Objetivos 1. Abordagem Neoclássica Antes de avançar na compreensão da Abordagem Neoclássica, é preciso destacar que, é possível na condução da disciplina de Modelos de Gestão, abordar as Escolas, Teorias ou Abordagens adotando duas metodologias. Uma delas é a obediência rigorosa à linha do tempo, e a outra opção é criar algumas conexões diferenciadas que permitam o encadeamento das Escolas. Essa autora optou pela segunda metodologia. A figura ao lado ajuda a relembrar a ordem cronológica do surgimento das Escolas. Objetivos da unidade: • Compreender o significado da Abordagem Neoclássica • Compreender o propósito da Administração por Objetivos (APO) • Traçar paralelos com a realidade organizacional atual Modelos de Administração3 Universidade Anhembi Morumbi A Abordagem Neoclássica ganha contornos na década de 50, quando o crescimento de empresas conduziu ao surgimento de grandes conglomerados e passa-se a demandar mais da administração, suplantando as questões relacionadas à produtividade e ao chão de fábrica. É nesse contexto que emergem conceitos e técnicas para estruturar as empresas. Também é fruto do resgate das contribuições da Abordagem Clássica, adaptadas às condições da época, como reação à influência crescente das ciências do comportamento. A principal característica da abordagem neoclássica reside na ênfase nos aspectos práticos e instrumentais da Administração, e no detalhamento de como fazer e melhor praticar as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar. Alguns autores são considerados os precursores da Abordagem Neoclássica, isto é, suas contribuições são anteriores às contribuições mais relevantes: • Daniel McCallum, que desenhou o primeiro organograma em forma de árvore da Ferrovia Erie; • Harrington Emerson, que definiu princípios de linha e assessoria ilustrados na figura a seguir e implantados em ferrovias e siderúrgicas. A proposição de Emerson era que cada assunto importante deveria ser estudado profundamente por especialistas ou assessores e que os executivos de linha pudessem contar com o conhecimento e apoio dessa assessoria. Lembrando que assessoria planeja e orienta, mas não realiza o trabalho que é responsabilidade dos executivos de linha. Daniel McCallum Harrington Emerson Modelos de Administração4 Universidade Anhembi Morumbi Alguns empresários e executivos também contribuíram com suas práticas para a Escola Neoclássica: • Pierre du Pont, criou na DuPont e General Motors departamentos funcionais e implantou a estrutura organizacional hierárquica e centralizada em 1904, descentralizando-a em 1921, quando conferiu autonomia aos gerentes; • Alfred Sloan, originário de uma das empresas do conglomerado GM, recomendava a reformulação da estrutura organizacional baseada em critérios de profissionalização, sistematização e orientação aos objetivos e resultados da empresa. Pregava a autonomia da maioria das unidades de negócio e inovou criando divisões de carros, acessórios, peças, e outras. Exigia relatórios periódicos para avaliar se os objetivos propostos estavam sendo alcançados. Depois de DuPont e Sloan a estruturação das organizações consolidou-se como uma área bem definida de
Compartilhar