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Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 1 3.4- Tipos de recalques Algumas obras de engenharia exigem avaliação precisa dos recalques (edifícios, por exemplo); outras obras (aterros, por exemplo), basta avaliação da ordem de grandeza do recalque. Os recalques do solo tendem a ser não uniformes. Conseqüência: recalque diferencial entre pilares adjacentes. Os recalques diferenciais têm um papel fundamental no desenvolvimento de danos arquitetônicos e estruturais. Por isso, é necessário verificar quais são os recalques admissíveis para as estruturas. Eles são fixados em função da distorção angular. A distorção angular (ou recalque diferencial específico – NBR 6122) é a relação entre o recalque diferencial e a distância entre dois pilares (ou apoios) adjacentes. - L F dif = distorção angular. O recalque diferencial é a diferença entre os recalques totais de dois pilares (ou apoios) adjacentes. O recalque total em cada apoio (sapata) pode ser obtido pelo cálculo das seguintes parcelas: recalque total (): sai . - recalque imediato - i : - ocorre logo após a aplicação da carga ou num tempo muito curto - importante em solos finos (siltes e argilas) parcialmente saturados e solos granulares (elevada permeabilidade) - calculado pela teoria da elasticidade - recalque por adensamento - a : - resultante da dissipação do excesso de poropressão, é função do tempo - importante para solos finos saturados s/m10k 7 - calculado pela teoria do adensamento de Terzaghi - recalque secundário - s : - resulta da deformação viscosa ou fluência do solo - importante em solos orgânicos, avaliação complexa e controversa 3.5- Métodos teóricos e empíricos para estimativa dos recalques 3.5.1- cálculo dos recalques imediatos pela teoria da elasticidade - sapata de largura B, carregada com uma carga distribuída q - apoiada meio elástico-linear, semi-infinito homogêneo, isotrópico A Q q , A = área da sapata = B.L - a integral das deformações verticais abaixo da fundação é o recalque: Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 2 Zdz z H zi 0 onde: z depende do ponto e do estado de tensões H = extensão do bulbo de tensões - a lei de Hooke permite escrever: yxzz 1 onde: , : propriedades elásticas do material (módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson) yxz ,, : incrementos de tensão no ponto considerado provenientes da aplicação da carga q, calculados com base na teoria da elasticidade - caso de uma placa circular rasa de raio R, resolvido por Boussinesq: qR i onde: flexívelsapata1 2 rígidasapata12 2 2 para camada de espessura infinita 3.5.1.1- cálculo dos recalques imediatos pela teoria da elasticidade para solos argilosos - para casos gerais a fórmula anterior pode ser escrita como wi Bq ).1.(. 2 onde: E = módulo de elasticidade ou deformabilidade do solo = coeficiente de Poisson q= tensão que a sapata aplica no solo B= menor dimensão da sapata Iw= fator de influência depende: forma e rigidez da sapata; embutimento da sapata e profundidade da camada firme Tabela do fator de influência Iw (para camada de espessura infinita e desprezando influência da profundidade/embutimento) – Velloso e Lopes, 1996 Forma Fundação flexível Rígida Centro canto Médio Iw Circular 1 0,64 0,85 0,79 Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,99 Retangular (L/B) 1,5 1,36 0,67 1,15 2 1,52 0,76 1,30 5 2,1 1,05 1,83 10 2,53 1,26 2,25 100 4,0 2 3,70 - Hipóteses: camada argilosa semi-infinita, homogênea, com módulo de elasticidade constante com a profundidade - para camadas de espessura finita, os valores serão menores, portanto o uso simplificado da tabela anterior está a favor da segurança Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 3 Procedimento Alternativo: considerando sapata com embutimento e camada finita, problema resolvido por Janbu et al. (1956) -hipóteses adicionais: recalque médio de sapatas flexíveis apoiadas em solos com coeficiente de Poisson = 0,5 Bq i 10 Figura: Valores dos fatores que levam em conta o embutimento da sapata e a presença de base rígida. Simons & Menzies, 1977, p. 47 Observação: Para o caso de solos argilosos não homogêneos, isto é, com parâmetros geotécnicos que variam com a profundidade (diferentes camadas com E diferentes), pode-se usar o artifício de substituir o sistema de camadas por uma camada hipotética apoiada numa base rígida. 3.5.1.2- cálculo dos recalques imediatos pela teoria da elasticidade para solos arenosos Para estimativa do recalque imediato, as soluções baseadas na teoria da elasticidade são aplicáveis a solos com módulo de deformabilidade (E) constante com a profundidade, caso de solos argilosos homogêneos, principalmente argilas pré- adensadas. Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 4 Para solos arenosos homogêneos, verifica-se que o módulo de deformabilidade aumenta com a profundidade. Entretanto, é possível de utilizar a formulação anterior, substituindo o valor do E por um valor médio da camada. Outra questão se refere ao valor do coeficiente de Poisson: argilas = 0,5 e areias = 0,3. Por causa disso, é necessário multiplicar por um fator de correção igual a valor 1,21 Bq i 1021,1 3.5.1.3- determinação das propriedades “elásticas” dos solos As soluções apresentadas supõem que o solo é um material que segue a teoria da elasticidade, o que não corresponde a realidade. O solo não é um material elástico e linear; o solo não é um material não linear e elástico; o solo para baixas tensões se aproxima de um material linear não elástico. Por esse motivo, costuma-se chamar de módulo de deformabilidade (E) e não módulo de elasticidade. Veja figura seguinte. Figura: Comportamento tensão x deformação do solo. Cintra et al. 2003, p.31 Determinação dos valores dos parâmetros de eformabilidade (E, ) dos solos: Podem ser avaliados por ensaios de laboratório ou de campo (in situ). Ensaios de laboratório: adensamento, triaxial convencional. Ensaios de campo: ensaio de placa, pressiométrico, dilatométrico Podem ser avaliados por correlações com ensaios SPT, CPT (usar com reservas). Veja tabelas e correlações seguintes. Propriedades “elásticas” ou parâmetros de deformabilidade (E, ) dos solos: Módulo de deformabilidade ( ) Coeficiente de Poisson ( ) Tipo de solo MPa Tipo de solo Argila muito mole 2 a 15 Argila saturada 0,40 a 0,50 Argila mole 5 a 25 Argila não saturada 0,1 a 0,3 Argila média 15 a 50 Argila arenosa 0,2 a 0,3 Argila dura 50 a 100 Areia compacta 0,2 a 0,4 Argila arenosa 25 a 250 Solos arenosos 0,15 a 0,25 Areia siltosa 7 a 21 rocha 0,1 a 0,4 Areia fofa 10 a 24 Areiacompacta 48 a 81 Areia e cascalho compactos 96 a192 Fonte:modificado de Araújo, 1999 ( apud Bowles, 1977 p. 86 e 90) Avaliação de do solo por correlações (Bowles, 1977 p. ) Tipo de solo SPT - kPa CPT Areia 15N500 cq4a2 Areia argilosa 15N320 cq6a3 Areia siltosa 6N300 cq2a1 Argila mole - cq8a6 Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 5 - Avaliação do módulo de deformabilidade do solo (E) proposto por Schmertmann (1970) – apud Cintra et al. 2003 p. 45 - trabalhou com solos de Gainsville (Flórida, EUA) - cqE 2 ou SPTNKE 2 onde: qc = resistência de ponta do ensaio CPT ou CPTU NSPT = número de golpes nos 30 cm finais do ensaio SPT K = função do tipo de solo, veja tabela seguinte Tipo de solo K (kPa) Siltes e siltes arenosos 200 Areias finas a médias e areias pouco siltosas 350 Areias grossas e areias pouco pedregulhosas 500 Pedregulhos arenosos e pedregulhos 600 - Avaliação do módulo de deformabilidade do solo (E) proposto por Teixeira e Godoy (1996) – apud Cintra et al. 2003 p. 64-65 cqE ou SPTNKE solo K (MPa) Areia com pedregulhos - 1,1 Areia 3 0,9 Areia siltosa - 0,7 Areia argilosa - 0,55 Silte arenoso - 0,45 silte 5 0,35 Argila arenosa - 0,3 Silte argiloso - 0,25 Argila siltosa - 0,20 argila 7 - - Avaliação do coeficiente de Poisson () proposto por Teixeira e Godoy (1996) – apud Cintra et al. 2003 p. 66 solo Areia pouco compacta 0,2 Areia compacta 0,4 Silte 0,3 a 0,5 Argila saturada 0,4 a 0,5 Argila não saturada 0,1 a 0,3 3.5.2- cálculo dos recalques por adensamento - calculado com base na teoria do adensamento de Terzaghi solos normalmente adensados - camada de argila saturada normalmente adensada de espessura Hi sujeita a uma tensão vertical efetiva inicial ' i e índice de vazios ie - o recalque por adensamento a pode ser calculado pela equação Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 6 ' '' log 1 i i i ci a e CH cC = índice de compressão: inclinação da reta de compressão virgem, no ensaio de adensamento (ensaio oedométrico) ei = índice de vazios inicial Hi = espessura da camada de solo ’i = tensão efetiva inicial no centro da camada de argila ' = acréscimo de tensão efetiva vertical no centro da camada de argila observação: verificar se o bulbo de tensões atinge toda a camada de argila solos pré-adensados - quando a tensão efetiva final (após o carregamento ou sobrecarga) ultrapassa a tensão de pré-adensamento (’a), o recalque é calculado em duas parcelas ' ,, , , loglog 1 a i i a a CcCr ei Hi onde: Cr = índice de recompressão, estimado em 10 a 20% de Cc - quando a tensão efetiva final (após o carregamento ou sobrecarga) não ultrapassa a tensão de pré-adensamento (’a): , , log 1 i f a Cr ei Hi - cálculo do recalque por adensamento das fundações: necessita da determinação dos acréscimo de tensão (’) induzidos pelo carregamento (sobrecarga) - distribuição de tensões no interior do solo: determinada pelos métodos discutidos em mecânica dos solos - uso de correlações empíricas para estimativa dos parâmetros de cálculo do recalque por adensamento - avaliação do índice de compressão Cc - Proposta de Terzaghi: )10LL(009,0Cc - propostas para solos brasileiros: (citado por Hachich, 1996) - argilas de Santos (Mello e Teixeira, 1960): )10(01,0 LLCc - argilas de Recife (Coutinho, 1988): )10(015,0 LLCc - argilas terciárias de São Paulo (Mello e Teixeira, 1960, Pinto e Massad, 1972, Pena, 1982): )6(004,0 LLCc - avaliação da tensão de pré-adensamento - argilas terciárias de São Paulo, dados estatísticos das obras do metrô, Hachich, 1996: 17,003,0, SPTa N (MPa) - uso dos resultados do ensaio CPTU - avaliar possibilidade de considerar argila normalmente adensada (situação a favor da segurança) Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 7 - avaliação do índice de vazios: usar correlações entre índices físicos 1 d se w d 1 w s e w Sr Dica: adotar peso específico dos sólidos, peso específico saturado (ver correlação), grau de saturação 100%, isolar w na 3ª eq, substituir na 2ª eq, e depois substituir d na 1ª equação 3.5.3- outros métodos para previsão dos recalques em solos granulares - solos granulares tendem a apresentar recalques diferenciais mais elevados em comparação com os solos argilosos - recalque diferencial para sapatas em solos granulares: da ordem de 2/3 do recalque total máximo previsto - recalque diferencial em argilas: 1/3 do recalque total máximo - avaliação dos recalques em solos granulares: usar ensaios "in situ", melhor procedimento 3.5.3.1- cálculo dos recalques pelo Método de Schmertmann (1970) - Para um material (solo) homogêneo, isotrópico, semi-espaço infinito, elástico linear, submetido a carregamento uniforme q =Q/A na superfície do terreno, placa rígida, tem-se que o valor da deformação vertical pode ser calculada como: H zi dz 0 H = profundidade de bulbo de tensões Pela teoria da elasticidade, zyxzz q 11 z = coeficiente de influência para tensões Portanto, dz qH z i 0 - distribuição z com a profundidade, estudada pelo Método dos elementos Finitos por Schmertmann: tem forma complexa - solução aproximada: zona do terreno da fundação entre 0,4 B e 0,6 B é mais acentuada na contribuição para o recalque, ou seja, apresenta maiores deformações verticais - Schmertmann propõe o emprego de uma distribuição aproximada de z com a profundidade em forma triangular - caso de meio homogêneo e linear elástico, placa rígida: Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 8 B zz B i Bq dz q dz q 2 0 2 0 6,0 - para o caso de meios (solos) estratificados, sapatas rígidas com embutimento, Schmertmann propôs o uso da seguinte equação: n i z i Z qCC 1 21 1C = fator de embutimento 5,0 q 5,01C ' 0 1 ' 0 = tensão efetiva de peso próprio ao nível da fundação (cota de apoio) q = acréscimo de tensões ao nível da fundação devido à sobrecarga, considerando alívio promovido pela escavação. Observações: - em radier esse alívio pode ser considerado, mas em sapatas isoladas que necessitam de reaterro, podemos desprezaro alívio. Essa consideração está a favor da segurança (reduz menos o recalque) - o embutimento diminui o recalque, mas essa redução é inexistente quando sapata está na superfície e é no máximo igual a 50% 2C = fator de deformação com o tempo 1,0 t log2,01C2 t = tempo (anos) para o qual o recalque será calculado - esse fator pode ser comparado a compressão secundária que acontece em argilas orgânicas, ou seja, deformação por “fluência” Recomendações: utilizar E médio de cada camada; utilizar Iz médio de cada camada (semelhança de triângulos), bulbo 2B 3.5.3.2- cálculo dos recalques pelo Método de Schmertmann (1978) Em 1978 Schmertmann propôs modificações no valor do Iz. Nesse caso, o valor do Iz depende do tipo de sapata. Assim, para sapatas corridas, Iz vale 0,1 na cota z=0 e o valor máximo de Iz ocorre na profundidade z=B. Para sapatas quadradas, Iz vale 0,2 na cota z=0 e o valor máximo de Iz ocorre na profundidade z=B/2 Para sapatas intermediárias (1<L/B<10) Schmertmann recomenda fazer interpolação entre os dois casos (quadrada e corrida). Além disso, o valor máximo de Iz segue a seguinte equação: ,max 1,05,0 vz z q I Onde: q = acréscimo de tensões ao nível da fundação devido à sobrecarga, considerando alívio promovido pela escavação. ' vz = tensão efetiva de peso próprio ao nível do ponto de Izmax, ou seja, z=B para sapatas corridas e z=B/2 para sapatas quadradas Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 9 Figura: Variação de Iz com o tipo de sapata (fonte: Cintra et al. 2003 p.;49) 3.5.3.3- cálculo dos recalques através de correlações (uso questionável) a -Correlações com o SPT 1. Fórmula de Burland (1975) 7,0 4,1 B N 75,1 q = recalque (mm) B = largura da fundação (m) q =.carga transmitida pela fundação (kPa) N = média representativa do SPT 2. Fórmula de Décourt (1992) N Bq 27 7,0 = recalque de sapata (cm) B = largura da fundação (m) q = carga transmitida pela fundação (MPa) N = índice de resistência do ensaio SPT (adotar valor médio) b- Correlação com o ensaio CPT De Beer e Martins (1957) ' 0 '' 0ln C H ' 0 = tensão efetiva de peso próprio no ponto considerado ' = acréscimo de tensão no ponto médio da camada em estudo, H = espessura da camada em estudo ' 0 cq9,1C cq = resistência a penetração do cone, ensaio CPT Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 10 3.5.4- recalques admissíveis - recalque admissível: valor que estrutura pode tolerar sem sofrer danos - danos podem ser estruturais (ELU), arquitetônicos e de funcionamento (ELS) - recalques admissíveis dependem de vários fatores: tipo, altura e rigidez da estrutura, velocidade e distribuição dos recalques - necessidade: fixação dos limites toleráveis de recalque - devido a dificuldades de previsão dos recalques diferenciais: usual estabelecimento recalques admissíveis em função dos recalques totais máximos previstos - Skempton e MacDonald (1955) sugerem para os recalques totais máximos, baseado em 98 casos reais: fundação isolada: em argila - 65 mm areia - 40 mm radier: em argila - 65 a 100 mm areia - 40 a 65 mm - Bjerrum (1963) relaciona recalques admissíveis com a distorção angular máxima recomendada para a estrutura (veja tabela e figuras) Valor limite para ocorrência de: dif/L = Problemas com máquinas sensíveis a recalques 1/750 Problemas para estrutura aporticadas com diagonais 1/600 Limite para prédios onde não se permitem fissuras 1/500 Aparecimento de pequenas fissuras em painéis de paredes Problemas com pontes rolantes 1/300 Desaprumo de um prédio alto pode se tornar perceptível 1/250 Fissuras consideráveis em painéis de paredes de tijolos Limite seguro para paredes flexíveis de tijolo, com h/L <1/4 Início de danos estruturais em edifícios comuns 1/150 Relação entre recalque total máximo, recalque diferencial máximo e distorção angular máxima em areias, segundo Bjerrum (1963) Fonte: Simons & Menzies (1977) p.135 Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 11 Relação entre recalque máximo, recalque diferencial máximo e distorção angular máxima de argilas, segundo Bjerrun (1963)- Fonte: Simons & Menzies (1977) p.134 Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 12 VEJA A SEGUIR EXEMPLO INTERESSANTE DE PROBLEMAS COM RECALQUES -----Mensagem original----- De: Ubirajara Carmargos [mailto:uac.bh@terra.com.br] Enviada em: quinta-feira, 15 de maio de 2003 08:12 Para: comunidadeTQS@yahoogrupos.com.br Assunto: Re: [comunidadeTQS] Sondagens de terreno Caros colegas : Gostaria de relatar sucintamente um "caso real" (Belo Horizonte) onde a falta de estudos geotécnicos mínimos (Sondagem à percussão) nos mostra a possibilidade de insucesso na nossa engenharia de estruturas. 1. Prédio construído em concreto armado e alvenarias constituído por pilotis (garagem) e 3 pavimentos de apartamentos. 2. Por razões "econômincas" o construtor utilizou a "Sondagem" do prédio vizinho. 3. A infraestrutura foi projetada com tubulões à céu aberto com bases alargadas. 4. Logo após o início de sua utilização, as alvenarias apresentaram fissuras e trincas inclinadas, quando o construtor as tra tou como de "acomodação estrutural", justificando-as pelos "balanços", projetados para possibilitar o acesso às vagas de garagem. Estas patologias se manifestaram sistematicamente durante 7 anos e foram "tratadas" pelo construtor sempre da mesma forma (bandagens, costuras, telas, etc.). 5. Após o término deste período chuvoso (novembro 2002/março 2003), foi observado pelos moradores, em alguns pilares, o aparecimento de fissuras horizontais na ligação entre pilares e vigas do teto da garagem, fissuras inclinadas nos mesmos pilares e abatimento acentuado na pavimentação da garagem, até então dito pelo construtor como normal (acomodação do piso da garagem). 6. A partir de vistoria efetuada no local, foi verificada a incidência de recalque em quase todos os pilares (3 centímetros em média). 7. Para elaborar o projeto de reforço das fundações o engenheiro Consultor de Fundações solicitou a execução de pelo menos 3 furos de Sondagem. 8. Além do reforço das fundações, o prédio deverá ter todas as paredes com trincas e fissuras reformadas, tudo custeado pelo construtor. Acho que o prejuízo será muitas vezes maior que o custos da Sondagem que foi economizada. Em anexo, algumas fotos. Ubirajara Camargos Fundações – capítulo 3: Fundações superficiais – recalque dos solos ___________________________________________________________________________________________ 13
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