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Neosporose em Bovinos e Cães

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Resumo de Parasitologia Veterinária - Neospora 
Francimery Fachini 
 
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Neospora 
Neospora caninum – neosporose - doença parasitária de grande importância 
econômica, tem distribuição mundial e é uma das maiores causas de aborto em 
bovinos! 
Os mais acometidos são os bovinos e os cães, podendo ocorrer ocasionalmente em 
ovinos, equinos, gatos. 
A principal via de transmissão é a transplacentária em bovinos. Não há relatos de 
ocorrência em humanos. Em algumas regiões do Brasil, mais de 42,5% dos abortos 
são atribuídos a neosporose. 
Taquizoítos: 
Forma intracelular de multiplicação rápida. 3 a 7 micra. Forma de lua crescente, 
globosos. Infecta macrófagos, leucócitos polimorfonucleados, neuroniso, fibroblastos... 
Bradizoítos: 
Forma intracelular de multiplicação lenta que se encista. De 6 a 8 micra. 
Semelhantes aos taquizoítos, são delgados com núcleo terminal ou sub-terminal. 
Cistos: 
Até 107 micra,contem centenas de bradizoítos. Forma de resistência no organismo, 
redondos ou ovais, envoltos por membrana lisa, sem septos. 
Encontrados principalmente no sistema nervoso central e também observados no 
tecido muscular. 
Oocistos: 
10 a 11 micra, esporulam no ambiente em 24 a 72 horas. Ainda não se sabe por 
quanto tempo sobrevive no ambiente. Contem 2 esporocistos e 4 esporozoítos em 
cada esporocisto. 
Muito semelhantes aos oocistos do Toxoplasma gondii e de outro protozoário de cães e 
gatos. 
 
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Ciclo biológico: 
Ciclo de vida heteróxeno facultativo. 
HI: bovinos, ovinos, caprinos, equinos, gatos. Reprodução assexuada. 
HD: cães e coiotes. Reprodução assexuada e sexuada. Após a sexuada, eliminação 
dos oocistos no ambiente. 
A reprod. Sexual do ciclo intestinal de Neospora caninum, ainda não esta totalmente 
descrita. Se assemelha ao Toxoplasma gondii em gatos. 
Transmissão horizontal e vertical, sendo a vertical de maior importância para os 
bovinos. 
 
 
Transmissão: 
Vertical – via transplacentária: 
É a principal forma de disseminação do Neospora caninum nos bovinos, mantendo a 
infecção por varias gerações. Ocorre também em ovinos, caprinos, felinos, macacos e 
cães. 
Muito eficiente, mais de 90% dos bezerros que nascem de vacas infectadas 
apresentam o parasita. 
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Vacas mais jovens tem maior índice de transmissão vertical. Não há evidências de 
transmissão venéria ou por transferência de embriões. 
A trasmissão lactogênica é possível, porem sem importância epidemiológica. 
Bovino/Bovino – somente há transmissão vertical e não horizontal. 
Vacas são assintomáticas e podem transmitir o agente por sucessivas gestações – 
imunidade suficiente para previnir re-infecções ou mesmo a reatividade da doença. 
Reativação – no meio da gestação, quando há diminuição da eficiência da resposta 
imune na vaca. 
 
Patogenia: 
Aborto: idade do feto quando é infectado, magnitude da infecção, virulência da cepa. 
Transmissão vertical em Neospora caninum ≠ Toxoplasma gondii. A infecção não 
precisa ocorrer durante a prenhez para acometer o feto. Matrizes podem apresentar 
abortos em várias gestações. 
 
Transmissão horizontal 
Herbívoros – ingestão de água ou alimentos contaminados com oocistos liberados 
pelos cães. 
Cães – ingestão de alimento contaminado de origem bovina, como feto, membranas 
fetais e fluidos. Também podem se contaminar com a ingestão de oocistos. 
Cães de propriedade rural tem maior incidência. 
O convívio de cães e bovinos favorece o soropositivo em ambas as espécies. 
Cães podem eliminar oocistos por mais de uma ocasião, diferente do Toxoplasma 
gondii em felinos. 
 
Em rebanhos bovinos, a neosporose ocorre de duas formas: 
Surtos epidêmicos: alto percentual do rebanho em curto espaço de tempo, advindos 
provavelmente da ingestão de alimento ou água contaminada com oocistos de cães 
infectados. 
Após o surto: animais cronicamente infectados – aborto endêmico. 
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Forma endêmica: consequência da transmissão vertical – taxas anuais de abortos 
elevadas, superiores a 5%, que ocorrem a qualquer época do ano. Geralmente 
ocorrem em rebanhos cronicamente infectados, pois há reativação da doença durante 
a prenhez. 
 
Patogenia: 
Em bovinos – mais comum em gado leiteiro que tem convívio com cães. Nos adultos, o 
aborto é o único sinal clínico. O feto pode morrer no útero, nascer morto, nascer vivo 
com sintomas, nascer clinicamente normal porém cronicamente infectado. 
Em bezerros - sintomas: acometimento neurológico – ataxia, reflexos diminuídos, 
exoftalmia, aparência de olhos assimétricos. 
Em cães – cadelas infectadas subclinicamente podem transmitir por via vertical aos 
seus fetos. Os sintomas clínicos em filhotes infectados congenitamente podem ser 
paralisia ascendente, hiperextensao rígida ou flácida, dificuldade para deglutição, 
incontinência urinaria e fecal, falha cardíaca. 
Podem sobreviver durante meses com paralisia progressiva, meningoencefalite, 
insuficiência cardíaca, complicações pulmonares. Muitas vezes precisam ser 
sacrificados. 
Cães adultos sintomatologia variada, quadro neuromuscular, dermatite 
piogranulomatosa, miocardite fatal e pneumonia. 
 
Caes 
Necropsia - lesõess inespecíficas, áreas de necrose do SNC, granulomas em vísceras, 
estrias esbranquiçadas nos músculos e megaesôfago. Pode haver hepatomegalia e 
lesões musculares (atrofia e fibrose). 
Gatos 
• Também apresentam neosporose, sintomas e lesões são semelhantes a 
Toxoplasmose. Necessário fazer diagnóstico diferencial por sorologia e testes 
imunohistoquímicos. Importante: gatos não eliminam oocistos de Neospora. 
 
Diagnóstico: 
Pesquisa do agente – o encontro de oocistos não é suficiente para dar o diagnóstico - > 
semelhança com o Hammondia. 
PCR; cultivo do agente em cultura de células; métodos imuno-histoquímicos; bioensaio 
em gerbil. 
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Exame sorológico: sorologia positiva em feto ou vaca só indica exposição, é necessário 
exame histológico do feto. 
 
Exame histológico: 
Feto: cérebro, coração, fígado, medula espinhal e músculos esqueléticos, além de 
fluídos corporais. Devido a autólise, há dificuldade em se observar cistos em cortes 
histológicos de cérebro e medeula, são corados com HE. Confirmação do diagnóstico – 
a imuno-histoquímica revela a presença de taquizoítos ou cistos de Neospora caninum 
nos cortes de tecidos. 
Bovinos: antes de se fechar um diagnóstico, observa-se a faixa gestacional que 
ocorreu o aborto, se há presença de lesões microscópicas nos fetos e se há parasitas 
detectados pela técnica de imuno-histoquímica, evidência sorológica da infecção e a 
ausência de outras possíveis causas do aborto. 
 
Tratamento: 
Bovinos: não há tratamento eficaz. Vacas soropositivas irão transmitir a doença; 
Cães infectados congenitamente: associação de remédios que surtem efeito quando 
realizados antes do aparecimento de paralisia ou encefalite. 
Não há tratamento que previna transmissão congênita. 
Vacina. 
 
Controle 
Medidas sobre o HD (cães): evitar alimentá-los com carnes cruas; enterrar ou cremas 
fetos abortados e natimortos. 
Medidas sobre o HI (herbívoros): evitar ingestão de oocistos (proteger os alimentos); 
matriz infectada deve ser eliminada. Vacina Bovilis Neoguard contém taquizoítos 
inativados de N. caninum; a vacina diminui o índice de aborto, porém não é muito 
eficaz. 
 
 
 
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Francimery Fachini 
 
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Principais diferenças entre Toxoplasmose e Neosporose 
HD: toxoplasmose – felídeos, gato X neosporose – cão, coiote 
HI: toxoplasmose – mais comum em ovinos, humanos e raro em bovinos X Neosporose 
– comumente observado em bovinos, não constatado em humanos. 
Transmissão vertical: Neosporose – infecção não precisa ocorrer durante a prenhez 
para acometer o feto e as matrizes podem apresentar abortos em várias gestações. 
Eliminação de oocistos: toxoplasmose – geralmente quantidades em milhões em uma 
única vez X Neosporose – eliminação intermitente

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