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Ensaios de rotina em transformadores elétricos Edição 48, Janeiro de 2010 Por Densitel Transformadores As empresas que fornecem serviços de revitalização, conserto e repotencialização são muito questionadas quanto aos tipos de testes efetivos e necessários que atestam as condições elétricas em que se encontra o transformador após a execução desses serviços. Esclarecemos a seguir a relação dos testes recomendados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a certificação dos equipamentos: 1. Resistência elétrica dos enrolamentos Finalidade: verificar se não há irregularidades nos enrolamentos, contatos, soldas, etc. 2. Relação de tensões Finalidade: verificar se não há irregularidades nos enrolamentos quanto ao número de espiras. 3. Resistência de isolamento Finalidade: verificar a isolação entre enrolamentos e terra para atestar a secagem da parte ativa. 4. Polaridade Finalidade: verificar se o sentido dos enrolamentos está correto. 5. Deslocamento angular e sequência de fase Finalidade: verificar se a conexão dos enrolamentos está correta de acordo com o diagrama fasorial. 6. Perdas em vazio e corrente de excitação Finalidade: verificar perdas no ferro e corrente de magnetização do núcleo. 7. Perdas em carga e Impedância de curto circuito Finalidade: verificar pewrdas nos enrolamentos e o valor da impedância de curto circuito. 8. Tensão aplicada (75% para transformadores usados e reparados) Finalidade: verificar se as isolações entre enrolamentos e terra suportam as tensões especificadas de testes de acordo com o nível de isolamento dos enrolamentos. 9. Tensão induzida (75% para transformadores usados ou reparados) Finalidade: verificar as isolações entre espiras do próprio enrolamento. Valor teste = 2 x tensão nominal do enrolamento (durante 7.200 ciclos) 10. Determinação do fator de potência (FP) Finalidade: verificar a qualidade do processo de secagem da parte ativa. Não se trata de ensaio de rotina, mas em transformadores com tensão igual ou superior a 36,2 kV, é recomendado fazê-lo. Estes testes devem ser contemplados em quaisquer tipos de serviços em transformadores elétricos e exigi-los, além das análises completas do estado do óleo em suas diversas fases, não deverá comprometer nenhum valor orçamentário, pois se trata da verificação da qualidade destes serviços e comprovação normatizada de seu uso. Eficiência em transformadores Edição 37, Fevereiro de 2009 Por Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino Novas tecnologias aplicadas em procedimentos de manutenção para avaliação de transformadores de potência A manutenção preventiva de transformadores ou de qualquer equipamento elétrico pode ser considerada como um dos ramos da técnica que mais evolui nos dias de hoje, constituindo-se em uma poderosa ferramenta para garantir o funcionamento contínuo das instalações responsáveis pelo suprimento de energia elétrica. No caso da ocorrência de um defeito, que poderia ou não ser detectado por uma manutenção preventiva, ocorre um prejuízo financeiro de acordo com o volume de carga interrompida. Os prejuízos para as unidades fabris podem atingir elevados valores e, dependendo do caso, resultar em grande dano à imagem institucional das empresas. A avaliação dos custos envolvidos em qualquer tipo de interrupção de energia resulta na necessidade de implantação de programas de manutenção preventiva. Nesse caso, o objetivo principal é permitir a avaliação da instalação e dos seus equipamentos utilizando novas técnicas e ferramentas capazes de detectar uma possível falha o quanto antes. As equipes envolvidas com as atividades de comissionamento e manutenção têm sofrido crescente pressão para reduzir custos, mesmo sendo forçadas a manter antigas instalações em operação pelo maior tempo possível. Os equipamentos elétricos instalados em subestações podem ser solicitados a operar sob condições adversas, como: altas temperaturas, chuvas, poluição, sobrecarga e, dessa forma, mesmo tendo operação e manutenção de qualidade, não se pode descartar a possibilidade de falhas que, por sua vez, deixem indisponíveis as funções de transmissão e distribuição de energia elétrica. Entretanto, a checagem regular das condições de operação desses equipamentos torna-se cada vez mais importante. Torna-se imperativa a busca de procedimentos e ferramentas que possibilitem a obtenção de dados das instalações de forma rápida e precisa. Este trabalho aponta para as principais técnicas de avaliação e testes de transformadores utilizando varredura de frequências. Mostra os procedimentos e resultados práticos envolvendo testes de resposta em frequência (função de transferência, impedância terminal), bem como fator de dissipação, capacitância e reatância de dispersão utilizando equipamentos de última geração, de fácil aplicabilidade pelas equipes de manutenção para testes em laboratório, em oficinas ou em campo. DISPOSITIVOS DE TESTE Este trabalho mostra a realização de testes e ensaios em transformadores de potência, avaliando a condição de enrolamentos, circuito magnético e isolamento, coletando dados e informações para subsidiar uma tomada de decisão pela equipe de manutenção. Para isso, utilizamos dois avançados sistemas de teste disponíveis no mercado para as equipes de teste. Sistema de teste multifuncional para comissionamento de equipamentos de subestações – CPC100 e CPTD1 Neste trabalho, todos os testes foram executados com um novo sistema completo de teste. O dispositivo possui de um Processador Digital de Sinal (DSP) que gera sinais senoidais de até 12 kV numa faixa de frequência de 15 Hz a 400 Hz alimentados por um moderno amplificador de potência. Um transformador de saída combina a impedância interna do amplificador com a impedância do objeto sob teste. Por utilizar a frequência de teste diferente da frequência de linha e seus harmônicos, juntamente com medições usando técnicas de filtragem seletiva, o equipamento de teste pode ser operado em campo, inclusive em subestações com altos distúrbios eletromagnéticos. Equipamento de resposta em frequência FRAnalyzer Este equipamento mede a resposta em frequência e impedância terminal de transformadores em uma larga faixa de frequências, de 10 Hz a 20 MHz. Isto permite a detecção de defeitos tanto nos enrolamentos como no núcleo dos transformadores. É portátil e liga-se a um PC desktop ou notebook por meio de uma conexão USB (Universal Serial Bus) via cabo normal de 1,5 m ou por meio de conversor de fibra ótica com 15 m, eliminando assim qualquer perigo de indução neste. O equipamento FRAnalyzer é mostrado na Figura 2 sem seus conectores e cabos. Este sistema de teste inova em dois importantes aspectos: sua capacidade de eliminar indução nas conexões por causa de seu sistema de conexões e o procedimento de avaliação das representações gráficas. MEDIDAS DE IMPEDÂNCIA PELO MÉTODO FRSL Com a medição da reatância de dispersão, podemos obter informações sobre mudanças sofridas entre os canais de dispersões, devido às altas correntes de curto-circuito circulantes nos enrolamentos. As medições da reatância de dispersão são realizadas durante o teste de curto circuito. Durante este teste, a relutância encontrada pelo fluxo magnético é determinada pelas características do meio de condução do fluxo magnético, pelo chamado canal de fuga ou canal de dispersão. O canal de fuga ou de dispersão é o espaço confinado entre a superfície interior do enrolamento interior, a superfície exterior do enrolamentoexterior e o espaço entre o jugo inferior e superior. Quando ocorre uma distorção dos enrolamentos por conta de uma falha, as perdas aumentam devido às correntes induzidas. A relutância altera a trajetória do fluxo de dispersão. Isto resulta na mudança do valor de impedância de dispersão medida. Uma falha dessa natureza em um transformador é difícil de ser diagnosticado sem alguns ensaios específicos. Utilizando o método FRSL (Frequency Response of Stray Losses), além de ser um método de fácil aplicação, este ensaio serve como indicador confiável da distorção dos enrolamentos de transformadores e pode ser usado como complemento a outros ensaios específicos. Este método utiliza medidas com variação da frequência. Neste trabalho, foram realizados testes variando a frequência de 15 Hz a 400 Hz. Segundo a estrutura da disposição dos enrolamentos sem a transposição da fiação, ocorrerão perdas devido às correntes induzidas. Para minimizar essas perdas, os fios são transpostos de forma a compensá-las. Se esses condutores forem danificados ou sofrerem um curto-circuito, ocorrerá um aumento nas perdas do enrolamento. A Figura 3 ilustra o descrito. O diagrama de equivalente da função de transferência pode ser visto na Figura 4, em que Rac(f) é a parcela resistiva dependente da frequência. Procedimentos e configuração de testes Com uma excitação por fase, a impedância de dispersão de uma unidade trifásica pode ser medida por dois métodos: o método do equivalente trifásico e o método por fase. Neste trabalho, usaremos apenas o método por fase. Executa-se um teste por cada fase, conectando os terminais de teste do instrumento de medição aos terminais de linha ou ao neutro e linha dos enrolamentos em estrela ou a um par dos terminais de linha no enrolamento em delta. Os terminais do enrolamento oposto devem ser “curto-circuitados”. Os terminais de linha dos outros enrolamentos devem ser deixados flutuantes, conforme mostrado na Figura 6. Usando um sistema de teste multifuncional, a reatância de dispersão pode ser medida em uma faixa de frequência de 15 Hz a 400 Hz, empregando uma fonte de tensão de 130 Vac ou uma fonte de corrente de 6 Aac. As medidas das tensões e correntes nos enrolamentos são feitas no mesmo equipamento. Exemplo de obtenção dos resultados e análise em transformador de 100 MVA Com as medidas realizadas, de posse da tabela com as resistências segundo a variação de frequência, são montados os gráficos conforme o exemplo mostrado na Figura 5. A seguir é mostrado um exemplo de ensaio realizado em um transformador de força 230/69/13.8 kV, 100 MVA, em que foi comprovada a integridade do enrolamento de alta tensão pelo teste cujos resultados são mostrados na Figura 7. Pode-se observar que as medidas para as três fases têm o mesmo resultado. Exemplo de obtenção dos resultados e análise com falta na fase C A Figura 8 mostra um gráfico evidenciando a descoberta de um problema no enrolamento da fase C. Pode-se notar, para frequências maiores, o desvio na fase C em relação às fases A e B. Entretanto, se forem observados os valores em torno de 50 Hz e 60 Hz não existe nenhuma indicação de defeito ou qualquer anormalidade. No entanto, de acordo com o registrado no procedimento proposto e depois de inspecionar o defeito da fase C, tem-se a ocorrência de sobreaquecimento em dois locais em que a fiação é transposta e onde agora se vê um curto-circuito. A Figura 9 mostra o enrolamento medido. MEDIDA DE CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO COM VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA As medidas da Capacitância (C) e do Fator de Dissipação (FD) são um importante método de diagnóstico de isolamento. Esse processo foi publicado por Schering em 1919 e utilizado para esse propósito pela primeira vez em 1924. Em um diagrama simplificado do isolamento, Cp representa a capacitância e Rp, as perdas. O fator dissipação é definido como: O sistema de teste utilizado neste trabalho usa um método similar àquele da ponte Schering. A principal diferença deste sistema e os equipamentos similares no mercado é que não necessita de ajustes para medição da capacitância e do fator de dissipação; possui um capacitor de referência isolado a gás com perdas abaixo de 10-5. Para uso em laboratório, tais capacitores são regularmente utilizados para obter medições precisas, já que as condições climáticas são bem constantes. Não é o caso para medições em campo em que as temperaturas podem variar significativamente, causando dilatação e contração do eletrodo no capacitor de referência. O sistema de teste utilizado leva todos esses fatores em consideração e os compensa eletronicamente. Assim, é possível, pela primeira vez, realizar facilmente testes para fator de dissipação igual a 5 x 10-5 no campo. Medições e avaliação do fator de dissipação em enrolamentos de transformador Um transformador contém um complicado sistema de isolamento. Enrolamentos de alta e baixa tensão devem ser isolados do tanque e do núcleo, da mesma forma que esses elementos também o são. Todos esses gaps de isolamento devem ser checados regularmente. Normalmente em um transformador de potência de dois enrolamentos, as medidas de capacitância e do fator de dissipação são realizadas para todos os isolamentos: AT para BT, AT para massa, BT para massa. É muito mais complicado em um transformador de três enrolamentos e são necessários mais testes para medir todos os intervalos. O Fator de Dissipação (FD) é um indicador da qualidade do isolamento óleo-papel desses gaps. A degradação do óleo, a quantidade da água e a contaminação com carbono e outras partículas podem aumentar o FD. Para isolamento de óleo e papel em transformadores de potência novos e transformadores de boa qualidade, têm valores do FD abaixo de 0,5%. Este resultado é publicado pelas normas e por outras literaturas. A Tabela 1 mostra os valores registrados na IEEE Std. 62-1995. Entretanto, para a correta avaliação do estado de isolamento, existe a necessidade da comparação com valores do histórico do equipamento sob teste com a medida do FD feita em 60 Hz, além da referência de 0,5%. Devido ao fenômeno do efeito pelicular e do efeito da polarização do meio dielétrico diante da variação de freqüência, os resultados dos testes de fator de dissipação e capacitância geram gráficos mostrando valores de referência, uma "impressão digital" do transformador, importante para comparações futuras. Com a aplicação de variação de frequência, o fator de dissipação em um transformador com o isolamento em boas condições tende a aumentar, enquanto o valor de capacitância deve se manter constante. A Figura 10 mostra um transformador de 69 KV/20 MVA novo testado em fábrica. A Figura 11 traz o resultado do teste de fator de dissipação de AT para BT, variando a frequência. O valor do FD para 60 Hz gira em torno de 0,15%. A característica da curva FD nesta faixa de frequência mostra o aumento de FD com o aumento da frequência, como o esperado, e deve ser mantida como registro de resultado para diagnóstico futuro do isolamento e sua degradação. A seguir é mostrado o resultado da comparação entre as três fases com a medida de fator de potência em três reatores ASEA/BROWN BOVERI, tipo RM46, fabricação 2002, potência de 40,33 MVAr, tensão HV de 500 kV, e corrente HV de 127 A. A Figura 12 mostra um dos reatores e a Figura 13 exibe o resultado dos testes. Nota-se também que a tendência é o aumento do fator de potência com o aumento da frequência, comprovando o descrito anteriormente. Entretanto, registraram-sepicos negativos e positivos exatamente com a frequência de 60 Hz. Isto ocorreu devido à forte interferência eletromagnética na medida, pois a instalação dos reatores encontrasse ao lado de bay de 500 kV energizado. Deve-se registrar que, se as medidas fossem feitas apenas com 60 Hz, os resultados anotados certamente estariam errados, pois não levariam em consideração as condições reais do isolamento sob teste. MEDIDA DE RESPOSTA EM FREQUÊNCIA A análise da resposta em frequência é realizada pelo estudo da variação com a frequência do quociente entre dois fasores, em amplitude e fase. Na variação da amplitude e da fase com a frequência estará presente, a diferença de amplitude e o atraso de fase devido à configuração dos circuitos R-L-C que compõem a estrutura do elemento testado. Este método está baseado na suposição de que qualquer deformação mecânica pode ser associada a uma mudança das impedâncias do circuito equivalente e essas mudanças podem ser detectadas por uma função de transferência. Em essência, o método consiste na aplicação de um sinal senoidal de baixa tensão, por exemplo, 1 V, variando a frequência do sinal aplicado, de 10 Hz a 20 MHz. Em outro terminal, são medidos amplitude e ângulo do sinal da reposta correspondente ao sinal de aplicado. Tais resultados são apresentados em forma gráfica, segundo as medidas dos sinais de tensão e corrente de entrada e saída. As representações gráficas das funções amplitude e fase da resposta em frequência, em escala logarítmica, designam-se por diagramas de Bode de amplitude e de fase. Nos diagramas de Bode de amplitude, o eixo das frequências (horizontal) é representado em escala logarítmica, ao passo que, na escala vertical, representa-se a função 20log10 (amplitude), no lugar da amplitude apenas, cuja unidade se designa por decibel (dB). Tem-se como resultado, tanto para amplitude quanto para fase, a função transferência de tensão apresentando a relação entre o valor do sinal de tensão de saída e o sinal de tensão de entrada em função da frequência, ou seja, Uo/Ui (f). Outro importante resultado é a representação gráfica das impedâncias próprias, apresentando a relação entre o sinal de tensão de entrada e o sinal de corrente de entrada em função da frequência, obtendo-se a Função Impedância Ui/Ii (f) e a Função Admitância Ii/Ui (f). Ensaio de função de transferência Neste ensaio, o sinal é injetado na bobina de alta tensão, H1, sendo a medição feita na bobina de baixa tensão, x1, como indicado no esquemático da Figura 14, em que o cabo amarelo é a injeção de sinal, o vermelho de tomada de sinal de referência e o azul o de medição. Os terminais opostos das bobinas são aterrados. Assim, são levantados os gráficos de magnitude e defasagem da impedância do transformador em função da frequência. A função de transferência é utilizada para o cálculo da relação de transformação (K) por meio de: Ensaio de impedância terminal Para este ensaio não se utiliza o terceiro cabo, o de referência. A injeção de sinal é feita na bobina de alta tensão, H1, cabo amarelo. A medição é realizada na outra ponta da bobina de alta, H2, cabo azul, conforme a Figura 15. Identificação curto-circuito e mudança de posição de enrolamento Para este ensaio foi utilizado um transformador didático de distribuição monofásico de 7,97 kV para 240 V, de 10 kVA. A Figura 16 mostra as conexões realizadas no transformador sob teste. A Figura 17 exibe as assinaturas da função de transferência de H1 para X1. O traço em vermelho indica uma situação de enrolamento normal. São também indicadas três situações de defeito: com X1 em curto para massa, e uma simulação de mudança na posição do enrolamento inserindo capacitores entre X1 e a massa. Para uma capacitância de 1 ?F, tem-se um pico de desvio em 10 kHz e um afundamento em 125 kHz na função de transferência. Inserindo um capacitor de 3,3 ?F entre X1 e a massa, tem-se um pico de desvio em 5,5 kHz e um afundamento em 65 kHz na função de transferência. A interpretação das características do método da resposta em frequência pode ser subjetiva quando a comparação das assinaturas se dá somente pela forma gráfica. A utilização de uma ferramenta que fornece uma referência numérica ajuda a equipe de teste na tomada de decisão, eliminando erros na análise do resultado. Assim aumenta-se consideravelmente a confiabilidade do ensaio. Alguns algoritmos são capazes de reconhecer mudanças de assinaturas de resposta em freqüência, entretanto, elas apresentam diferentes sensibilidades para casos determinados. Uma possível solução seria a integração de vários algoritmos. Estudos ainda são realizados para validar algoritmos adequados. Identificação de defeito utilizando impedância terminal A seguir é apresentado um resultado de teste de impedância terminal em um autotransformador monofásico de 100 MVA – 500 kV/230 kV/13,8 kV. Neste teste é evidenciado o defeito nos enrolamentos de alta e média tensão (500 kV e 230 kV, respectivamente). São gerados vários gráficos para análise. Como exemplo é mostrado o teste antes e depois da ocorrência falha para comparação Parte Real da impedância dos enrolamentos X0X1 de 230KV e y1y2 de 13,8 kV. Nota-se claramente que a característica azul, antes da ocorrência, não se repete para o enrolamento X0X1. Na comparação para o enrolamento y1y2, pode-se notar que a característica em vermelho, ou seja, depois da ocorrência da falha, pouco difere da característica inicial. MARCELO EDUARDO DE CARVALHO PAULINO é gerente técnico da Adimarco Representações e Serviços LTDA. É instrutor certificado pela OMICRON Eletronics e instrutor convidado do curso de Especialização em Proteção de Sistemas Elétricos (CEPSE) e do curso de Especialização em Manutenção de Sistemas Elétricos (CEMSE), da Unifei-Itajubá. É coordenador do GT B5 32 – Functional Testing of IEC 61850 based Systems do CE B5 do Cigré-Brasil e secretário do CE Recomissionamento de instalação elétrica industrial Edição 95 - Dezembro de 2013 Artigo - Instalação Ex Por Gil Gonçalves de Lima e Alvaro Antpack* Principais problemas encontrados no sistema elétrico de uma plataforma marítima de produção de óleo e gás natural, as correções praticadas, as soluções implementadas e os ganhos obtidos com segurança e confiabilidade operacional A Plataforma Marítima de Produção de Óleo e Gás Natural (PMPOG) tem como finalidade principal a coleta do óleo exportado por outras cinco plataformas, utilizando um complexo composto por uma unidade flutuante de estocagem (FSO), dois conjuntos flutuantes de válvulas (monoboias), quilômetros de dutos e dezenas de válvulas submarinas. A PMPOG bombeia a produção destas cinco unidades para um FSO, que, por sua vez, pode realizar off load para um “navio aliviador” e para dois petroleiros de longo curso, simultaneamente, por meio das duas monoboias. A PMPOG transmite em 13,8 KV energia elétrica para o FSO, sendo capaz de suprir 30 MW por meio de quatro multicabos eletro-óticos submarinos. Os serviços tratados neste trabalho foram realizados nos seguintes equipamentos: · Painel de Distribuição de Cargas Normais em 13,8KV (PNCN); · Painel de Distribuição de Cargas Essenciais (PNCE); · Painel de Distribuição de Cargas Normais em 480 V (PNDCN); · UPS de Cargas Gerais e Baterias UPSCG / BTCG; · UPS de Iluminação de Emergência e Baterias (UPSIL / BTIL); · Iluminação de Emergência; · Gerador de Emergência. Painel de Distribuição de Cargas Normais (PNCN) Alimentado diretamente pela geração principal (três turbogeradores 13,8 KV / 31.250kVA) ou auxiliar (um gerador a diesel de 13,8 KV / 3.300 KVA). Projetado para corrente nominal (In) de 2.500 A, suporta corrente de curto-circuito (Icc) simétrico de 50 KA e assimétrico de 125 KA (pico). É composto por cinco barramentos (A, B, C, D e E), cinco disjuntores de interligação (TIE) e pode operar em regime permanente na configuração de anel fechado. Os disjuntores são a vácuo e estão distribuídos em 32, dos 40 cubículos que o painel possui (Figura 1). Tensão de controle e proteção em 120 VAC, proveniente dos painéis de distribuição dos UPSCG. Dotado de relés de proteção microprocessados, interligados em rede ProfiBus DP e relés de bloqueio (86) eletromecânicos. Problemas corrigidos: 1) Percursos das cordoalhas dos cabos de potência: As blindagens dos cabos passam pelo TC janela e são unidas por meio de cordoalhas que são aterradas. Para garantir o funcionamento adequado da função de proteção contra falhas à terra, é necessário que a cordoalha termine antes do TC para depois ser aterrada. Se ela passar por dentro do TC, deverá ser conduzida de volta, para depois ser aterrada. Dessa forma, caso haja circulação de corrente por ela, o fluxo que entra no TC anulará o que sai (ver Figura 2, copiada da IEEE 242). Houve correção no percurso das cordoalhas, que estavam atravessando o TC de proteção tipo janela, junto ao respectivo cabo de potência, antes de ser conectado à terra. A situação encontrada poderia gerar erro na atuação do relé de proteção 50 GS. Pois, em caso de falta à terra, a corrente que circula pela cordoalha entraria no cálculo do relé (Figura 3). Na situação atual, uma eventual circulação de corrente pela cordoalha não interferirá nos cálculos do relé. A cordoalha foi desconectada do ponto de aterramento original e foi realocada de forma a retornar por dentro do TC e conectada a outro ponto de aterramento. Dessa forma, a segurança e a confiabilidade das proteções contra faltas à terra foram restabelecidas. 2) Correção dos intertravamentos mecânicos: A situação encontrada em alguns cubículos possibilitava a inserção do disjuntor com a chave seccionadora de aterramento acionada e, até mesmo, aterrava a saída de um disjuntor que estivesse ligado. Em alguns cubículos, o defeito no intertravamento mecânico impedia a extração de disjuntores. Em outros, impedia a inserção. A Tabela 1 mostra os testes que foram realizados nos 32 disjuntores a vácuo do painel: Todas as não conformidades identificadas foram corrigidas. A situação atual permite que a operação elétrica da PMPOG realize todas as manobras pertinentes, com toda a segurança prevista no projeto do painel. 3) Correção da indicação de estado dos disjuntores na Estação Central de Operação e Supervisão (ECOS): A situação encontrada não permitia ao operador da sala de controle ter confiança nas indicações disponíveis na ECOS, pois alguns disjuntores não refletiam o estado em que se encontravam. Foram simuladas, nos disjuntores do PNCN, todas as condições previstas no projeto. Conforme o caso, a correção foi realizada no circuito de comando e micro switches do painel ou na configuração PLC – VXL. A situação atual permite que a operação realize manobras no sistema elétrico da frente do painel ou remotamente e com toda a segurança. Confira, na Tabela 2, os testes funcionais que foram realizados. Outros testes realizados nos disjuntores: Tempo de carregamento da mola (seg); Resistência Contato (μ?); Tempo de Abertura (ms); Tempo de Fechamento (ms); Resistência Isolação. (M?); Testes operacionais. 4) Adequação da seletividade lógica e proteção contra falhas na abertura de disjuntores (50 BF), conforme projeto: O PNCN é composto por três disjuntores de saída dos turbos geradores, um disjuntor de saída do gerador auxiliar, 23 disjuntores (feeders) de saída para as cargas e cinco disjuntores de interligação de barras (Ties). A filosofia de proteção foi concebida de forma que, ocorrendo curto-circuito em uma das cargas, a seguinte sequência lógica será desencadeada para isolar o defeito e/ou a barra defeituosa: A função 50 do circuito em falta e dos geradores serão sensibilizadas (pick up). A função 68, do relé do disjuntor da carga em falta, irá enviar sinal para bloqueio da atuação dos relés dos geradores. Se o disjuntor da carga em falta não “tripar”, a função 50BF irá comandar a atuação do rele de bloqueio (86) do gerador da barra faltosa, dos TIES e de todas as outras cargas desta barra. Com os disjuntores TIES abertos, a seletividade lógica é parcialmente ou totalmente desfeita. Na situação encontrada, apenas na barra “A” ocorria o efeito esperado. Nas demais barras, somente o trip do disjuntor do gerador ocorria. Os disjuntores ties e as demais cargas não recebiam sinal de trip. Dessa forma, o defeito não seria isolado do sistema. Foi realizado um trabalho em conjunto com o fabricante do painel para identificar quais ligações e/ou parametrizações do projeto não estavam sendo satisfeitas. Foi constatado que a programação do PLC concentrador não estava conforme a última revisão do projeto, de forma que a função 68 não bloqueava os incomers dos geradores de fora barra defeituosa nem tripa os disjuntores de interligação da barra (TIES) onde houvesse a carga defeituosa. Por exemplo, TG-A e TG-C alimentando todas as cargas do sistema e TG-C desligado. Havendo falta em uma das cargas da barra C, os incomers dos TG-A e B não sofrerão bloqueio via 68 do feeder da carga defeituosa. Dessa forma, os disjuntores dos TG poderão receber sinal de trip desnecessariamente, já que não “esperarão” o feeder da carga em falta isolar o defeito. Também não haverá trip nos dois disjuntores de interligação (TIES) da barra C, efeito desejado para isolar a barra C, caso o feeder da carga defeituosa não seja desligado dentro do intervalo de tempo previsto no projeto. A situação atual é de negociações com a assistência técnica do fabricante do painel. Assim que essas correções estiverem implementadas, o sistema elétrico terá a continuidade operacional e a segurança previstas no projeto do painel. 5) Adequação do monitoramento de arco voltaico, com a substituição das fibras acrílicas monofilares (cabos óticos) danificadas e preparação das fibras no extremo dos captores: Os PNCN / PNCE / PNDCN são dotados com sistema de monitoramento de arco voltaico. Em cada um dos cubículos do PNCN existem dois captores e nos dutos de barras deste painel um captor. Nos PNCE / PNDCN os captores estão instalados somente nos cubículos de entrada e nos TIES. O sistema é composto por captores de luz, misturadores óticos, monitores de arco Slaves e monitores de arco Masters. Ocorrendo detecção de luz (intensidade > 1.000 Lux) pelos captadores situados nos compartimentos monitorados, esta é transmitida por fibra ótica (comprimento máximo de 5 metros) até um misturador ótico, que pode unificar o sinal recebido de até três captores. Este sinal é transmitido (comprimento máximo de 50 metros) via fibra ótica ao monitor de arco. Os monitores possuem entradas e saídas óticas, indicação visível, sensor de sobrecorrente, saídas de alarme e uma lógica de operação configurável. Cada uma das cinco barras do PNCN possui dois monitores de arco slave e um master. O efeito esperado da detecção de arco por um dos captores é a abertura de todos os disjuntores da barra em que ocorreu o arco voltaico em até cinco milissegundos. Na situação encontrada, todos os condutores óticos, cujo percurso havia alguma curva, estavam danificados. As curvaturas possuíam raio inferior a 25 mm e, desta forma, atransmissão da luz era praticamente interrompida. Além disso, todas as fibras no extremo dos captores tinham corte reto (Figura 4). O resultado era que os captores só detectavam flashes muito próximos e frontais. As curvas foram refeitas de maneira mais suave, respeitando-se um raio mínimo de 25 mm e as fibras no extremo dos captores foram cortadas de forma cônica, fazendo um ângulo de aproximadamente 90º (45º em relação ao eixo do cabo) Após os serviços descritos, foram realizados testes com flash em todos os captores. Ficou comprovado que os captores estão com sensibilidade adequada, que a transmissão da luz até os devidos monitores de arco está correta e que o efeito esperado, desligamento de todos os disjuntores da barra defeituosa, está ocorrendo. A situação atual garante toda a segurança e continuidade operacional previstas no projeto do painel. 6) Correção na lógica do intertravamento de segurança da tensão de controle dos painéis: A tensão de 120 VAC utilizada para controle e proteção nos PNCN / PNCE / PNDCN é proveniente dos UPSCGs. Em cada um destes, existe uma lógica feita com relés, que recebe 120 VAC dos dois UPS e distribui para todos os consumidores do determinado painel CDC. Este circuito é denominado “Distribuição geral de tensão comando 120 VAC”. Possui duas entradas e um contator auxiliar fazendo a função de TIE. Normalmente, o UPS A alimenta os consumidores da barra A e o UPS B, da barra B. Intertravamentos elétricos impedem o paralelo (inclusive o momentâneo) entre as duas fontes de entrada, que são os próprios UPSs. Em caso de falta da fonte B (e vice-versa), o projeto permite que a fonte A venha suprir também os consumidores do lado B. Porém, neste caso, o lado que estava sendo alimentado pela fonte B ficará desligado durante o tempo que a lógica de reles levar para comandar o fechamento do contator TIE. Esse tempo é suficiente para causar o desligamento de todos os consumidores barra B. Quando a fonte B for normalizada, outro desligamento ocorrerá na barra B, enquanto a lógica de relés comanda a abertura do contator TIE para depois receber a energia da fonte B. Os principais consumidores são relés de proteção microprocessados, bobinas de fechamento e abertura de disjuntores, lâmpadas de sinalização do painel, etc. A situação encontrada permitia um “terceiro” desligamento. Quando a fonte faltosa era normalizada, antes do contator TIE abrir para permitir o recebimento desta, o lado da fonte saudável era desligado também.Dessa forma, todos os consumidores dos PNCN / PNCE / PNDCN eram desligados momentaneamente, o que levava a PMPOG à condição de shut down. Após negociações, o circuito da lógica de relés foi revisado pelo fabricante do painel e a equipe de bordo implementou as alterações necessárias para que não ocorresse o “terceiro” desligamento. A situação atual garante toda a segurança e continuidade operacional previstas no projeto do painel. Painel de Distribuição de Cargas Essenciais (PNCE) Painel essencial com três entradas: duas através dos TF A / B (13,8 kV/ 0,48 kV) e uma do gerador de emergência. Projetado para corrente nominal (In) de 3.000 A, suportar corrente de curto-circuito (Icc) simétrico de 65 KA e assimétrico 143 KA (pico). Principais cargas essenciais: um compressor de ar de instrumentos, três bombas de captação, três bombas de resfriamento, quatro UPS, três CCM auxiliares dos turbos geradores e dois CCM essenciais. Todas as cargas motóricas são acionadas via soft starters. Os disjuntores são a ar, tipo power break. A. Problemas corrigidos 1) Os mesmos do PNCN relativos ao monitoramento de arco voltaico, indicação de estado de disjuntores e tensão de controle e proteção. Os mesmos testes e inspeções foram realizados nos disjuntores power break: 2) Comando remoto (ECOS) para cargas motóricas essenciais: a situação encontrada não permitia que a sala de controle central (ECOS) visualizasse o estado, nem comandasse os disjuntores das sete cargas motóricas essenciais. Além disso, a atuação da função 27 (subtensão) gerava trip nos relés de bloqueio (86). Durante o retorno de shut down, além das operações pertinentes, o operador de facilidades elétricas tinha também de rearmar sete relés de bloqueio, religar sete disjuntores e comunicar à sala de controle que os equipamentos estavam prontos para a operação (a sala de controle não visualizava o estado dos disjuntores). Somente após todo esse procedimento o operador da sala de controle conseguia ligar remotamente as cargas motóricas essenciais. Pela tela (ECOS) de processo era possível partir somente os soft starters, que dependem de os respectivos disjuntores estarem ligados. Após reuniões com a participação de representantes do fabricante do painel e do suporte técnico da PMPOG, consolidou-se uma correção para o circuito de comando das cargas motóricas essenciais. A situação atual permite que todos os equipamentos essenciais necessários para a partida da planta de processo sejam ligados da sala controle, sem intervenção nenhuma do operador do campo. Dessa forma, o tempo de retorno do processo após shut down foi reduzido e a segurança operacional aumentada. 3) Correção da lógica de shut down, de maneira a possibilitar que a ventilação forçada do radiador do gerador de emergência, não fosse bloqueada durante a ocorrência de ESD-3T: a situação encontrada não permitia o arrefecimento no gerador de emergência durante ESD-3T, consequentemente, a proteção contra sobretemperatura parava a máquina poucos minutos depois desta assumir as cargas do PNCE. O motor elétrico do ventilador do radiador é uma das cargas do CCMCE – CCM de cargas essenciais. O CCMCE é uma das cargas do PNCE. Pela matriz de causa e efeito original, quando ocorria o evento ESD-3T, entre outras ações deflagradas, havia o desligamento e bloqueio do disjuntor 52.02 A-01 do PNCE, que é o alimentador do CCMCE. Ocorreram algumas reuniões com o suporte técnico da PMPOG e a matriz foi corrigida. A situação atual permite que o gerador de emergência opere normalmente durante o evento ESD-3T. Dessa forma, a segurança da unidade e o restabelecimento operacional do processo se dão dentro do tempo estimado pelo projeto. Painel de Distribuição de Cargas Normais (PNDCN) Painel de cargas normais com três entradas pelos transformadores de força (13,8 / 0,48 KV). Projetado para corrente nominal (In) de 2500 A, suportar corrente de curto-circuito (Icc) simétrico de 40 KA e assimétrico 100 KA (pico). Principais cargas: um compressor de ar de instrumentos, quatro aquecedores de gás combustível, sistema de ar condicionado (três URAS), cargas auxiliares dos três turbo geradores e quatro CCMs. A carga motórica (compressor de ar) é acionada via soft starter. Os disjuntores são a ar, tipo power break. Problemas corrigidos Os mesmos do PNCN relativos ao monitoramento de arco voltaico, indicação de estado de disjuntores e tensão de controle e proteção. Os mesmos do PNCE relativos ao comando remoto (ECOS) para carga motórica. Os mesmos testes e inspeções foram realizados nos disjuntores power break. Gerador de emergência Diesel gerador 480 V / 1810 KVA / 1200 rpm. Situação encontrada: o sincronismo com a geração principal ou auxiliar era sempre em modo de operação manual e muito instável. Este fato ficava evidenciado durante testes semanais e operações visando restabelecer o sistema após shutdown. Quando em paralelo, o motogerador tendia a assumir cargas muito rapidamente, não respeitando a taxa implementada anualmente pelo operador. Nessa condição, o operador era obrigado a intervir reduzindo a rotação do motor, antes que a máquina caíssepor atuação da proteção de sobrecarga. Nesse momento, o gerador tendia ceder carga, também muito rapidamente, possibilitando motorização da máquina. Todo o processo então se repetia de modo cíclico, situação que geralmente terminava com o operador decidindo interromper a manobra, abrindo o disjuntor do gerador antecipadamente ou com atuação do relé de proteção, evitando motorização ou sobrecarga. Realizou-se estudo da topologia do sistema de geração de emergência, após o que se concluiu necessária a intervenção do fabricante dos módulos de controle de velocidade. A bordo da PMPOG, foram realizados diversos testes, ajustes e criados procedimentos operacionais. A equipe de operação foi convidada a acompanhar os testes finais e a realizar um treinamento no local de trabalho, em que teve a oportunidade de executar os procedimentos recém-criados, de forma assistida pelos técnicos envolvidos e pelo prestador de serviços. Na situação atual, a equipe de operação tem confiança de realizar o sincronismo do gerador de emergência com os demais geradores, nos testes semanais e durante o retorno de shutdowns. Assim, está garantida toda a segurança operacional prevista no projeto do gerador de emergência da PMPOG. Iluminação de emergência Iluminação proveniente de baterias. Acionada automaticamente durante falha total da geração de energia elétrica. Requisitos do projeto para alguns ambientes da plataforma: “3.3.3.4 The emergency lighting system shall be designed in such way that when the normal and essential lighting fails, it shall supply the minimum lighting levels below indicated: - Emergency and Auxiliary generators area, areas where essential services are located: 15 LUX; - Panel Front (essential. switchboards, process & All generators (main, auxilary and emergency) control panels,only): 50 LUX”. Na situação encontrada, a PMPOG enfrentava condições de grave deficiência no nível de iluminamento nas salas de UPS, salas dos Diesel Geradores e sala de painéis essenciais. Apesar de os UPS de iluminação de emergência estarem operando normalmente, o nível de iluminamento desses ambientes ficava abaixo do recomendado pelas diretrizes de projeto da unidade e, em alguns casos, era nulo. Foi realizado um trabalho de realocação das luminárias dessas salas e de sua alimentação elétrica, trazendo a iluminação de emergência a níveis compatíveis com as diretrizes de projeto. Na situação atual, todos os ambientes citados possuem iluminação de emergência adequada, facilitando a circulação da equipe de emergência e de manutenção, garantindo a segurança prevista no projeto da PMPOG. UPSs e baterias Sistema composto por dois UPS de 100 KVA + duas baterias de 240 V / 2.250 A para “Cargas Gerais” e dois UPS de 50 KVA + duas baterias de 240 V / 2.250 A para iluminação de emergência. As salas dos UPSs e das baterias são climatizadas. A) UPS A situação encontrada nas entradas de ar para arrefecimento de todos os UPSs, depois de dois anos de operação, poderia comprometer a operação dos equipamentos. Ver Figura 6. Na situação atual, todas as chapas, que foram instaladas com a finalidade de evitar entrada de poeira durante a obra foram retiradas. O resfriamento do equipamento foi normalizado. B) Baterias Na situação encontrada, as baterias tinham uma maioria absoluta de elementos apresentando a densidade da solução de ácido sulfúrico acima de 1.240 g/dm³, valor considerado elevado para as características construtivas de baterias ventiladas OPzS (1.215 g/dm³ @ 25°C). Essa mesma situação foi identificada em baterias de fabricantes diferentes. Concluiu-se que à época do comissionamento da PMPOG seus elementos foram completados com eletrólito inadequado à aplicação, possivelmente, o mesmo destinado a baterias automotivas (1270 g/dm³ @ 25°C) ou em algum momento o nível do eletrólito foi completado com solução ácida e não água destilada, como deve ser efetuado. Realizou-se estudo do problema e identificou-se como será a correção da densidade do eletrólito de cada uma das baterias com desvio. Na situação atual, a execução do serviço de correção está em fase de planejamento em conjunto com especialistas que provêm suporte técnico à PMPOG. Gerenciamento de alarmes A partir de iniciativa do suporte técnico da PMPOG, foi estabelecida uma meta máxima para o número de alarmes por hora gerados nas Estações de Controle e Operação do Sistema (ECOS) para todas as plataformas da Unidade Operacional. Há estudo de ergonomia realizado no Reino Unido, que definiu que é necessário um tempo mínimo de dois minutos para que o operador receba um determinado alarme, entenda o que está acontecendo no processo e tome uma ação para contornar o problema e evitar o shutdown. Um alarme a cada dois minutos é equivalente a 30 alarmes por hora, e esta foi a meta estabelecida. Na situação encontrada, foi identificada na PMPOG uma média de 150 alarmes por hora, chegando a picos de até 400 alarmes por hora. Essa condição dificultava bastante a ação dos operadores, que tinham de decidir rapidamente quais eram os alarmes mais relevantes para então tomar as ações cabíveis. Além disso, a grande quantidade de alarmes espúrios ou desnecessários gerava um descrédito, podendo induzir a equipe de operação a erros. Foi realizado trabalho em que, a partir dos relatórios quinzenais emitidos pelo suporte técnico, eram identificados os alarmes gerados com maior frequência e suas causas analisadas. Foram tomadas ações conjuntas com o suporte técnico, por exemplo, a reclassificação de determinados alarmes como eventos de processo, ou tratamento de situações em que certos instrumentos entravam em falha, mas sua manutenção não era priorizada em favor de outros serviços. Na situação atual, a taxa de alarmes tem se mantido há doze meses dentro da meta de 30 alarmes por hora, e há nove meses abaixo de 20 alarmes por hora, com incremento da segurança operacional, da relevância dos alarmes gerados e do controle exercido pela equipe de operação da unidade. Conclusões Com a aplicação dos trabalhos citados, a segurança e a continuidade operacional da PMPOG foram incrementadas. Assim que os demais trabalhos, atualmente em planejamento, forem concluídos e postos em prática haverá novas melhorias. É gratificante acompanhar a evolução do desempenho do sistema elétrico, bem como saber que está cada vez mais seguro e robusto. A otimização na segurança e continuidade operacional é diretamente proporcional à redução de custos da unidade e aumento de tranquilidade para os mantenedores operadores. Referências bibliográficas Assumpção, Sérgio - Manual de operação de PMPOG; IEEE std 242-2001 Recommended Practice for Protection and Coordination of Industrial and Commercial Power Systems; Manual do fabricante do disjuntor; CT do suporte técnico de PMPOG 23-2011; Sistema monitor de arco interno – Manual descritivo de operação; Especificação técnica MPV-001_A; Comunicação Técnica EL-030-2010; Manuais dos fabricantes de baterias. *Gil Gonçalves de Lima é engenheiro eletricista e membro da Comissão de Estudos do COBEI / ABNT. Realiza estudos sobre baterias estacionárias. Álvaro Antpack é engenheiro eletricista e atua como engenheiro de manutenção na área offshore. ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________ Este trabalho foi originalmente apresentado durante o IV IEEE PCIC - Petroleum and Chemical Industry Technical Conference Brazil, em agosto de 2012, no Rio de Janeiro (RJ).
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