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ECRO CIEG Pichon Rivieri

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Enrique Pichon-Rivière
Enrique Pichon-Rivière nasceu em Genebra em 25 de junho de 1907 e faleceu em Buenos Aires em 16 de julho de 1977. Quando tinha apenas 3 anos de idade, sua família mudou-se para a região do Nordeste da Argentina onde passou toda sua infância e adolescência. Com 18 anos foi para Rosário e posteriormente para Buenos Aires, onde estudou medicina e se especializou em Psiquiatria. Ainda estudante inquietou-se com a concepção dominante na abordagem dos pacientes, que considerou desintegradora; começou então a compreender a necessidade de desenvolver uma nova abordagem a partir de dois pontos de vista: físico e psíquico, unindo desta forma aquilo que na época (1930), se estudava desarticuladamente - o corpo e a mente. Pioneiro na prática psiquiátrica argentina, sua experiência de trabalho lhe permitiu saber que os loucos eram indivíduos sofredores, marginalizados pela sociedade e que era sempre possível ajudá-los a curar-se. Inicia seus trabalhos num asilo de oligofrênicos, onde a primeira tarefa que realiza é a formação de uma equipe de futebol. Através desse tipo de recreação busca a ressocialização. Com esta experiência ele se dá conta da importância do esporte e da equipe de futebol como uma terapia grupal dinâmica. Em 1936 começa a trabalhar no Hospital de Mercedes (atual Hospital Psiquiátrico José T. Borda), onde permanece por mais 15 anos. Forma grupos, primeiro só com enfermeiros, dando-lhes noções básicas de psiquiatria e enfermagem para neuro-psiquiatria (tentando organizar o caos reinante e mudar a péssima atenção que se dava aos internos) e depois com os próprios pacientes. Criou dessa forma uma técnica que mais tarde denominou de "Grupos Operativos". Em 1942 funda com outros colegas a Associação Psicanalítica Argentina (APA), na qual ministra uma série de cursos a partir dos quais a maioria dos psicólogos, psicanalistas passa a reconhecê-lo como um grande mestre. Em 1951 viaja para a Europa e conhece Melaine Klein com quem supervisiona alguns casos, já que ele havia tomado determinados aportes da Psicanálise. Nessa mesma viagem conhece Lacan que o convida à sua casa e coincidentemente se dá um encontro importante com André Breton. Funda em 1953 o Instituto Argentino de Estudos Sociais e como parte desta instituição a Escola de Psiquiatria Dinâmica cujo nome mudara mais tarde para a Escola de Psiquiatria Social. Aqui já se vislumbra a passagem da Psicanálise para a Psicologia Social com o aparecimento do termo "social". Esta Escola originalmente estava dirigida a médicos e psicólogos. Em 1956 organiza o que se chamou de "Experiência de Rosário", junto com cinco psicanalistas, dentre eles José Bleger. Viajam até Rosário 30 profissionais que organizam uma experiência comunitária de fim de semana. Esteve presente nesta experiência chamada de "laboratório social", cerca de mil pessoas. A partir daí conceitualiza-se o trabalho de grupos operativos e o modelo que mais adiante desenvolverá na escola: a aula teórica, seguida do trabalho de grupo operativo. Em 1967 muda o nome e a conceitualização geral da Escola de Psiquiatria Social que passará a chamar-se Escola de Psicologia Social. Ela será cursada em cinco anos e estará aberta a qualquer pessoa, sem exigência de nenhum tipo de requisito prévio, nem mesmo os estudos primários. Esta é a linha que se mantém até hoje e se chama: Primeira Escola de Psicologia Social fundada por Enrique Pichon-Rivière. Publica em 1970 junto com Ana Quiroga um conjunto de artigos (que anteriormente haviam sido publicadas na revista "Primeira Plana"), que reunidos dão origem ao primeiro livro Psicologia da Vida Cotidiana. Em 1971 edita sua primeira obra: Da Psicanálise á Psicologia Social em três volumes. São eles: O processo Grupal, A Psiquiatria _ Uma nova problemática e O Processo Criador. Adoece gravemente em 1974 e fica hospitalizado por vários meses. Mesmo assim continua trabalhando e assistindo as aulas da Escola. Em 1976 Zito Lima publica o livro: Conversação com Enrique Pichon-Rivière. Pichon-Rivière faleceu em 1977 poucas semanas depois de uma grande festa em homenagem aos seus 70 anos de idade.
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Artigo de Editorial do primeiro número da revista Temas de Psicologia Social, publicada em Novembro de 1977 na Argentina...
ENRIQUE PICHON-RIVIÈRE foi um mestre, um criador. Sua vida se construiu, até seu último dia, como um processo permanente de aprendizagem.
A tarefa criativa, a investigação sistemática, a fidelidade sem alternativas ao interjogo fundante de todo conhecimento científico entre experiência concreta e elaboração teórica, permitiram que fosse não só um lúcido e eficaz terapeuta. Essa capacidade criativa e essa lucidez fizeram de Pichon-Rivière o iniciador de uma corrente no campo da psicologia latino-americana.
A originalidade profunda do pensamento pichoniano consiste na abertura de uma problemática em psicologia, quer dizer, a proposta, a partir de novas premissas, a pergunta pelo sujeito e seu comportamento, pergunta essencial, fundante de toda reflexão psicológica.
Nasce assim uma concepção à que polemicamente denominamos psicologia social, histórica e concreta. Só a polêmica justifica esta adjetivação, já que desde nossa perspectiva, em psicologia só há um saber cientifico, objetivo; o saber que tome como ponto de partida “O homem em Situação”, a determinação social da natureza humana, e em conseqüência sua historicidade, abordando ao sujeito nas suas condições concretas de existência, na trama de relações que constituem sua cotidianidade. Hoje, em tanto reflexão psicológica é terreno no qual se enfrentam diferentes concepções do homem e o mundo, essa polemica resulta inadiável, já que é precisamente desde a concepção de homem e em conseqüência desde a definição de sujeito, que se organiza toda tarefa concreta no campo da psicologia. O pensamento de Enrique Pichon-Rivière seguiu uma trajetória, que ele caracterizou como uma passagem “da psicanálise à psicologia social”. Em cada momento de seu desenvolvimento buscou ou criou um âmbito institucional que enquadrará sua prática e veiculizará essa elaboração conceptual. Trabalha assim no Asilo de Torres, no Hospício das Mercês, funda a Associação Psicanalítica Argentina, a Associação de Psicoterapias de Grupos, A Escola de Psiquiatria Dinâmica e o Instituto Argentino de Investigações Sociais, que se fusionaram mais tarde na Escola de Psiquiatria Social, à que por sua vez de transformaria naquela instituição à que Pichon-Rivière dedica os últimos anos de sua vida e em cujo interior se desenvolve um dos períodos mais fecundos de sua obra, sem dúvida o momento de síntese e de novas aberturas: A Primeira Escola Privada de Psicologia Social.
O que é uma Escola? O termo não só faz referência a uma instituição formativa, à comunidade de aprendizagem que se estrutura sobre um trabalho compartilhado de informação e instrumentalização. Escola significa também uma linha de reflexão, um corpo teórico definido. Quer dizer um esquema Conceitual, referencial e operativo veiculado e retrabalhado nesse âmbito institucional; mas não só ali.
Tradução: Graciela Chatelain; Psicóloga Social formada na Primeira Escola Privada de Psicologia Social fundada pelo Dr. Enrique Pichon-Rivière.

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