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Unidade I - Das Penas

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Direito Penal II
Professor Rafael De Luca
Unidade I - Das Penas
1. CONCEITO:
É a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de um ilícito penal e consiste na privação ou restrição de bens jurídicos determinada pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio social e a prevenção em relação à prática de novas infrações penais. 
■ Espécies de penas admitidas na Constituição Federal:
Estabelece o art. 5º, XLVI, da Constituição que a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: privação ou restrição de liberdade; perda de bens; multa; prestação social alternativa; suspensão ou interdição de direitos. 
■ Espécies de penas vedadas pela Constituição Federal:
Diz o art. 5º, XLVII, da CF, que não haverá penas: de morte, salvo em caso de guerra declarada; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; cruéis.
Os crimes para os quais é prevista pena de morte em caso de guerra declarada estão descritos nos arts. 355 e seguintes do Código Penal Militar e a forma de execução encontra-se no art. 707 do Código de Processo Penal Militar.
A vedação de pena de caráter perpétuo está materializada no art. 75, caput, do Código Penal, que estabelece que o cumprimento de penas privativas de liberdade não pode exceder 30 anos. 
O art. 31 da Lei das Execuções Penais (Lei n. 7.210/84) estabelece que é obrigatório o trabalho interno do condenado à pena privativa de liberdade, na medida de suas aptidões. Todavia, caso ele se recuse a trabalhar, não poderá ser forçado. Além disso, o texto constitucional proíbe que o juiz profira na sentença condenação específica de trabalhos forçados. 
É vedado também o banimento do brasileiro nato ou naturalizado do território nacional, como havia em legislações passadas. Por sua vez, a deportação, a expulsão e a extradição de estrangeiros são admissíveis, na medida em que possuem natureza administrativa, e não de sanção penal (Lei n. 6.815/80). 
Por fim, são proibidas as penas cruéis, como, por exemplo, a serem cumpridas em regime degradante ou desumano. 
2. FINALIDADES DA PENA:
Existem três teorias que procuram explicar as finalidades da pena: 
a) Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é punir o infrator pelo mal causado à vítima, aos seus familiares e à coletividade.
b) Teoria relativa ou da prevenção: a finalidade da pena é a de intimidar, evitar que delitos sejam cometidos. 
c) Teoria mista ou conciliatória: a pena tem duas finalidades, ou seja, punir e prevenir. 
3. FUNDAMENTOS DA PENA:
Refere-se o tema às consequências práticas da condenação, ao contrário das finalidades da pena, em que se analisam as próprias razões da existência do sistema penal.
a) Preventivo: a existência da norma penal incriminadora visa intimidar os cidadãos, no sentido de não cometerem ilícitos penais, pois, ao tomarem ciência de que determinado infrator foi condenado, tenderão a não realizar o mesmo tipo de conduta, pois a transgressão implicará na sanção. Esta é a chamada prevenção geral. 
Em termos específicos, a aplicação efetiva da pena ao criminoso no caso concreto, em tese, evita que ele cometa novos delitos enquanto cumpre sua pena, protegendo-se, destarte, a coletividade (prevenção especial). 
b) Retributivo: a pena funciona como castigo ao transgressor de forma proporcional ao mal que causou, dentro dos limites constitucionais. 
c) Reparatório: consiste em compensar a vítima ou seus parentes pelas consequências advindas da prática do ilícito penal. 
A obrigação de reparar o dano, efeito secundário da sentença condenatória (art. 91, I, do CP), é um dos aspectos desse item. 
Igualmente a Lei n. 9.714/98, ao criar a prestação pecuniária em favor da vítima, como uma das novas penas restritivas de direitos, deixou clara a natureza reparatória desta espécie de sanção. 
d) Readaptação: busca-se também com a aplicação da pena a reeducação, a reabilitação do criminoso ao convívio social, devendo ele receber estudo, orientação, possibilidade de trabalho, lazer, aprendizado de novas formas laborativas etc.
4. PRINCÍPIOS RELACIONADOS ÀS PENAS: 
a) Da legalidade e da anterioridade: 
Estampados expressamente no art. 5º, XXXIX da CF e no art. 1º do CP, que estabelecem que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. 
O princípio da legalidade, ou da reserva legal, é o que exige a tipificação das infrações penais em uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, de acordo com as formalidades constitucionais, e sancionada pelo Presidente da República. Um ilícito penal não pode ser criado por meio de decreto, resolução, medida provisória etc. 
Já o princípio da anterioridade exige que lei que incrimina certa conduta seja anterior ao fato delituoso que se pretende punir. Assim, é inaceitável que, após a prática de certo fato não considerado criminoso, aprove-se uma lei para punir o autor daquele fato pretérito. Igualmente não se pode aumentar a pena prevista para um delito e pretender que sua aplicação incida em relação a fatos já ocorridos.
b) Da humanização: 
São vedadas as penas cruéis, de morte, de trabalhos forçados, de banimento ou perpétuas (art. 5º, XLIX, da Constituição Federal). 
c) Da pessoalidade ou intranscendência:
A pena não pode passar da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da Constituição Federal). 
d) Da proporcionalidade:
Deve haver correspondência entre a gravidade do ilícito praticado e a sanção a ser aplicada. Este princípio deve também nortear o legislador no sentido de não aprovar leis penais extremamente rigorosas, no calor de certos episódios noticiados pela imprensa, provocando distorções entre a pena prevista em abstrato e a gravidade do delito. 
e) Da individualização da pena:
Nos termos do art. 5º, XLVI, da Constituição Federal, a lei deve regular a individualização da pena de acordo com a culpabilidade e os méritos pessoais do acusado.
f) Da inderrogabilidade:
O juiz não pode deixar de aplicar a pena ao réu considerado culpado, bem como de determinar seu cumprimento, salvo exceções expressamente previstas em lei, como, por exemplo, do perdão judicial em crimes como homicídio culposo, lesão corporal culposa etc. 
5. PENAS PRINCIPAIS:
a) Penas privativas de liberdade: reclusão e detenção para os crimes (art. 33 do CP). 
Para as contravenções penais, a espécie de pena privativa de liberdade prevista é a prisão simples (art. 6º da Lei das Contravenções Penais). 
b) Restritivas de direitos: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana (art. 43 do CP). 
c) Multa (art. 49 do CP).

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