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TJDFT - PONTOS RESUMIDOS - PROVA ORAL

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DIREITO ADMINISTRATIVO
PONTO 18: A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: AUTARQUIA, FUNDAÇÃO, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, EMPRESA PÚBLICA, AGÊNCIAS E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (CONCEITO, CONTROLES, PRIVILÉGIOS, ATRIBUIÇÕES). TOMBAMENTO - REPRESSÃO AO ABUSO DO PODER ECONÔMICO: CONDUTAS DE FORMAÇÃO DE TRUSTES, CARTÉIS, MONOPÓLIOS, COLIGAÇÃO DE EMPRESAS E CAPITAIS. CONDUTAS ANTICONCORRENCIAIS NA LEI 8.884/94.
1. A administração indireta: autarquia, fundação, sociedade de economia mista, empresa pública, agências e organizações sociais (conceito, controles, privilégios, atribuições).
O Estado tanto pode desempenhar por si mesmo as atividades administrativas, como pode desempenhá-las por via de outros sujeitos.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, diz-se que a atividade administrativa é descentralizada quando é exercida por pessoa ou pessoas distintas do Estado. Portanto, a descentralização pressupõe a existência de, pelo menos, duas pessoas, entre as quais se dividem as competências. É o contrário da centralização, em que o Estado atua diretamente por meio dos seus órgãos, ou seja, das unidades que são meras divisões interiores de competência que, por isso, dele não se distinguem. Na descentralização, o Estado vai atuar apenas indiretamente, já que o faz por intermédio de outras pessoas.
A desconcentração administrativa nada mais é que a distribuição interna de competências e atribuições entre os vários órgãos (despersonalizados) de uma mesma Administração. As atribuições são outorgadas aos vários órgãos que compõem a hierarquia estatal, criando-se uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros.
Na descentralização administrativa, a execução dos serviços públicos pelo Estado é indireta e mediata; na desconcentração, a prestação dos mesmos será direta e imediata.
Administração pública direta e indireta
Em termos genéricos, denomina-se Administração Direta o conjunto de todos os órgãos integrantes das pessoas jurídicas políticas - União, Estados, Distrito Federal e Municípios, aos quais a lei confere o exercício de funções administrativas. Quando se opta pela execução indireta da atividade administrativa, transferindo-a a pessoas jurídicas distintas, seja com personalidade de direito público ou privado, fala-se em Administração Indireta.
No âmbito federal, o Decreto–lei 200/67, alterado pela Lei 7.596/87, dispõe que a administração federal compreende:
I – a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios;
II – a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) autarquias; b) empresas públicas; c) sociedades de economia mista; d) fundações públicas.
As agências reguladoras e as executivas também são integrantes da Administração Indireta. As primeiras, por serem nada mais que “autarquias sob regime especial”; as segundas, porque de acordo com a Lei 9.649/98, em seus artigos 51 e 52, elas serão as autarquias e fundações que, por preencherem determinados requisitos legais, receberão a qualificação de “agência executiva”.
Por outro lado, as organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público não são pessoas da Administração Indireta (bem como os serviços sociais autônomos e as fundações e entidades de apoio), pois são organizações particulares alheias à estrutura governamental, com as quais o poder público mantém parcerias, conforme entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello.
Autarquia
As autarquias são entes administrativos autônomos, com personalidade jurídica de direito público, criadas e extintas por lei (princípio do paralelismo), para exercício de serviço público específico (princípio da especialidade), com patrimônio próprio e atribuições típicas do Estado. 
Como detêm personalidade jurídica, atuam em nome próprio e contraem obrigações. Exercem funções administrativas, por vezes poderes administrativos, e podem arrecadar tributos (ex: INSS e contribuições previdenciárias).
Não possuem autonomia política, uma vez que somente os entes políticos - União, Estados, Distrito Federal e Município - a detém. Em contrapartida, as autarquias possuem autonomia administrativa ou auto-administração.
Os bens são considerados bens públicos com destinação especial, por isso, seu patrimônio é considerado público, sendo impenhorável e imprescritível. O seu orçamento é aprovado juntamente com o do ente criador.
Os atos dos seus dirigentes são considerados atos administrativos. A investidura dos seus dirigentes é fixada na lei de criação e, na sua falta, na forma disposta por seu estatuto ou regulamento. É possível que a escolha dependa da aprovação do Legislativo, mas a lei não pode atribuir a livre escolha ao Legislativo quando a autarquia mantém vínculo com o Executivo (Adin 1.281/PA).
Apenas por lei podem ser criados cargos e seus servidores somente por concurso público serão admitidos. A admissão sem concurso somente se admite em hipóteses excepcionais ou para provimento de cargos declarados em lei de livre provimento. O regime jurídico deve ser o estatutário – Regime Jurídico Unico (artigo 39, da CF – o STF suspendeu a eficácia da redação dada pela Emenda 19/98). Os litígios envolvendo servidores autárquicos sob o regime estatutário serão de competência da justiça comum.
Suas contratações dependem de prévio procedimento licitatório.
Quanto aos privilégios, a autarquia tem os mesmos da entidade que a instituiu. Dentre eles: imunidade tributária em relação a impostos sobre patrimônio, renda e serviços; as ações judiciais de seu interesse são processadas no juízo da entidade estatal a que se vinculam (Justiça Federal ou Vara de Fazenda Pública); detêm prazos processuais diferenciados; a concessão de liminares ou de antecipação de tutela em ações de seu interesse pode depender de justificação prévia; comporta suspensão de sentença; seus atos são dotados de presunção de legalidade, veracidade e podem reunir atributos da imperatividade e autoexecutoriedade; seus créditos admitem execução fiscal; suas dívidas estão sujeitas ao regime de precatórios; e as ações promovidas em defesa de seu patrimônio são imprescritíveis.
A prescrição quinquenal (05 anos) para ação contra a Fazenda Pública foi estendida às autarquias.
A responsabilidade (objetiva) pelos danos que causar a alguém é da autarquia, cabendo direito de regresso contra o servidor. A Administração Direta tem responsabilidade subsidiária (é a titular do serviço, cujo exercício é transferido à autarquia).
IMPORTANTE: As entidades que as criaram apenas exercerão controle legal, configurado pela supervisão ou tutela administrativa, não havendo subordinação hierárquica em relação à entidade criadora. O controle político se dá pela nomeação de seus dirigentes; o controle administrativo, pela supervisão ministerial, no âmbito federal; e o controle financeiro, pela prestação de contas ao Tribunal de Contas da União, na esfera federal.
As autarquias classificam-se em:
a) quanto à entidade criadora ou âmbito de atuação: federais, estaduais, distritais ou municipais;
b) quanto ao regime jurídico: comuns (analisadas anteriormente) e especiais (são as que desfrutam de maior autonomia administrativa ou menor subordinação à pessoa política a que estejam vinculadas, como o BACEN e as agências reguladoras);
c) quanto à atividade que desempenham: assistenciais ou de fomento (INCRA); previdenciárias (INSS); educacionais (Universidades Públicas); corporativas ou profissionais (CRM); administrativas (IBAMA); de controle ou regulação (agências reguladoras); associativas (Associações Públicas – Lei 11.107/06).
Quanto às autarquias corporativas, vale ressaltar:
- São entidades de fiscalização das profissões e prestam serviços públicos;
- Não integram a Administração Indireta, mas podem ser denominadas de autarquias corporativas, profissionais ou “entescom situação peculiar”. São tidos como entidades autárquicas em razão da atividade que exercem e porque a criação é decorrente de lei.
- O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do artigo 58 da Lei 9649/98, que impunha a essas entidades personalidade jurídica de direito privado. Por isso, tornaram a ser equiparadas a autarquias ou espécies de autarquias (corporativas profissionais).
- Exercem atividade pública, pois exercem poder de polícia, de tributação e disciplinar, estando, pois, sujeitas à fiscalização do Poder Público.
- Para o STF, a OAB deve ser tida como “serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidade jurídicas existentes no direito brasileiro”, e a ela não são aplicáveis o regime próprio das “autarquias especiais” ou típico para as “agências”, seja porque não integra a Administração Pública, seja porque detém autonomia e atua com independência. Difere das demais entidades de fiscalização porque suas atividades não são apenas corporativas, mas indispensáveis à administração da Justiça.
No que tange às Associações Públicas (Lei 11.107/05), convém destacar: 	
- A associação de entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para atuação cooperada e conjunta pode ensejar a constituição de associações públicas, espécie de pessoa jurídica de direito público, à semelhança das autarquias.
- As associações públicas destinam-se a viabilizar a constituição de consórcios públicos, os quais integram a Administração Indireta dos entes federados consorciados.
- São entidades da Administração em regime peculiar, já que são instituídas por mais de uma entidade estatal, sujeitando-se à administração própria e dotadas de personalidade jurídica distinta da atribuída aos entes consorciados.
- A formação do consórcio depende de adesão voluntária dos entes políticos, reclamando autorização legislativa específica (IMPORTANTE). Os consórcios públicos são instrumentos de gestão associativa de serviços públicos e a lei de regência passou a admitir a constituição de consórcios dotados de personalidade jurídica própria, seja de direito público – sob a forma de associação pública, seja de direito privado – quando atingidas as regras de direito civil.
Exemplo de autarquia federal: INSS.-
Exemplos de autarquias distritais (Decreto 21.170/00 – artigo 6°): Agência Reguladora de Serviços Públicos do Distrito Federal; Arquivo Público do Distrito Federal; Departamento de Estradas de Rodagem - DER; Departamento de Trânsito - DETRAN; Serviço de Ajardinamento e Limpeza Urbana do Distrito Federal – BELACAP.
Fundação Pública
Enquanto as sociedades e associações se caracterizam pela união de pessoas para a consecução de objetivos comuns, as fundações são coisas personificadas, são patrimônios dotados de personalidade jurídica que visam um fim público determinado.
O Decreto-lei 200/67 enquadrou esses entes como sendo pessoas jurídicas de direito privado. Mas, formaram-se duas correntes acerca do tema: a) de um lado, alguns defendem que todas as fundações instituídas pelo poder público têm natureza privada; b) de outro, alguns defendem a possibilidade de as mesmas serem pessoas jurídicas de direito público ou privado, a depender da lei instituidora.
Como anota Hely Lopes Meirelles, na vigência da Carta Magna anterior, o STF chegou a se posicionar no sentido de que as fundações instituídas pelo Poder Público seriam espécie do gênero autarquia, e, em consequência, a tais entes aplicavam-se todas as normas, direitos e restrições pertinentes às autarquias.
A doutrina majoritária reconhece ser possível a instituição de fundação de direito público e fundação de direito privado pelo Estado, ainda que a rigor deveriam ser sempre dotadas de personalidade jurídica de direito privado constituídas na forma da legislação civil. Há normas constitucionais que expressam a possibilidade de instituição (CF, artigo 37, XIX), mas obrigam a prévia autorização legislativa.
Quando atribuída personalidade jurídica de direito público, submetem-se a regime jurídico idêntico ao das autarquias, inclusive quanto à natureza pública dos bens. 
Sendo o regime jurídico de direito privado, como previsto no Código Civil, a instituição dependerá também do registro da escritura pública no Registro das Pessoas Jurídicas. Seu regime jurídico será híbrido, isto é, em parte (quanto à constituição e ao registro) recebem o influxo de normas de direito privado e noutra parte incidirão normas de direito público. As prerrogativas processuais atinentes aos prazos e ao reexame obrigatório não incidem sobre as fundações de direito privado (art. 475, I, do CPC). Seu patrimônio é constituído de bens privados, ainda que sujeitos à Administração Pública. Nas fundações de direito privado, só serão considerados atos administrativos aqueles praticados no exercício da fundação delegada do Poder Público.
Características comuns: a) tem por objeto o desempenho de atividade atribuída ao Estado no âmbito social, caracterizada como serviços públicos, como assistência social, assistência médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa e atividades culturais; b) possuem imunidade tributária em relação aos impostos sobre renda, patrimônio e serviços vinculados às suas atividades essenciais ou às delas decorrentes (art. 150, § 2°, da CF); c) seus agentes devem ser contratados após regular concurso público, sendo, em regra, regidos pelo regime estatutário nas fundações de direito público e pelo regime celetista nas fundações de direito privado; d) ambas estão sujeitas ao regime da Lei 8.666/93; e) estão sujeitas ao controle administrativo da Administração Direta, sendo que o controle político é realizado pela indicação dos dirigentes e o controle financeiro, pelo Tribunal de Contas; f) a possibilidade de fiscalização pelo Ministério Público (a quem compete fiscalizar as fundações privadas) é controvertida na doutrina, sendo que para alguns é cabível em relação às fundações governamentais de direito privado, pois o regime é híbrido; g) a responsabilidade pelos danos causados a terceiros é objetiva, sendo que a pessoa estatal instituidora tem responsabilidade subsidiária; h) quase sempre os tribunais não estabelecem distinção entre as fundações governamentais (se de direito público ou privado) para a fixação do foro competente para as ações de seu interesse (Justiça Federal ou Vara de Fazenda Pública).
- Exemplo de fundação federal: Fundação Nacional do Índio.
- Exemplos de fundações distritais (Decreto 21.170/00 – artigo 9°): Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso - FUNAP; Fundação de Apoio à Pesquisa - FAP; Fundação Hemocentro de Brasília; Fundação Pólo Ecológico de Brasília.
Empresa pública e sociedade de economia mista
Segundo Helly Lopes, “Empresas Públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, instituídas pelo Poder Público mediante autorização de lei específica, com capital exclusivamente público, para a prestação de serviço público ou a realização de atividade econômica de relevante interesse coletivo, nos moldes da iniciativa particular, podendo revestir qualquer forma e organização empresarial” (Direito Administrativo Brasileiro, 27ª ed, - 2002, Malheiros, p. 352/353). É organizada e controlada pelo Poder Público.
Conforme o mesmo autor supra, “As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado, com participação do poder Público e de particulares no seu capital e na sua administração, para a realização de atividade econômica ou serviço público outorgado pelo Estado.”
Como se tratam de entes afins (empresa pública e sociedade de economia mista), estas são as suas principais semelhanças: a) autorização de criação e extinção mediante lei; b) personalidade de direito privado; c) sujeição ao controle estatal; d) derrogação parcial do regime do direito privado por normas públicas; e) vinculação aos fins definidos na lei instituidora; f) sujeição do seu pessoal às normas trabalhistas e acidentárias, a eles incidindoimpedientes de acumulação de cargos; g) autonomia administrativa e financeira, sendo apenas supervisionadas pelo Ministério a que estão vinculadas; h) sujeição à licitação; i) sujeição a concurso público para contratação de pessoal; j) seus bens são considerados privados (art. 98, do CC), sendo que há decisões judiciais considerando que, tratando-se de prestadores de serviços públicos, os bens vinculados a atividade fim não se sujeitam a qualquer tipo de oneração; l) não se aplicam os privilégios processuais conferidos à Fazenda Pública.
Já as diferenças são as seguintes: a) enquanto o capital das empresas públicas é constituído por recursos integralmente provenientes de pessoas de Direito Público, nas sociedades de economia mista há conjugação de recursos particulares; b) a empresa pública pode adotar qualquer forma societária entre as admitidas em direito, já a sociedade de economia mista será obrigatoriamente sociedade anônima; c) no âmbito federal, somente as empresas públicas têm foro perante a Justiça Federal.
IMPORTANTE: No DF, todos os entes da Administração Indireta Distrital são julgados na Vara de Fazenda Pública. 
Podem ser classificadas como prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade econômica. A exploração de atividade econômica é excepcional e realizada em caráter suplementar, desde que necessária aos imperativos da segurança nacional e interesse coletivo. Quando atuam no exercício de atividade econômica, estão saindo do âmbito público e agindo no campo da atividade privada, por isso, não podem ter privilégios. Em qualquer caso, porém, atuarão em defesa do interesse público, achando-se submissos a um regime hídrido.
A responsabilidade civil objetiva somente é aplicável para as prestadoras de serviços públicos (art. 37, § 6°, da CF). Se o objeto da atividade for a exploração de atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva.
Quanto à falência, entendia-se que as empresas públicas estavam sujeitas à falência, ao passo que as sociedades economia mista, não. Entretanto, após o advento da EC 19/98 e da Lei 10.303/01, que teria revogado o art. 242, da Lei das S/A, parte da doutrina passou a considerar que tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista exploradores de atividade econômica, por estarem sujeitas ao regime próprio das empresas privadas, estariam sujeitas à falência, ante a revogação da norma que proibia a falência das sociedades de economia mista. Por outro lado, em se tratando de prestação de serviço público, como os bens estariam afetados à finalidade pública, estes seriam intangíveis, e, portanto, tais entes não se sujeitariam à falência. Atualmente, a Lei 11.101/05, em seu artigo 2°, exclui expressamente as empresas públicas e as sociedades de economia mista no regime falimentar.
Atenção para a situação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pois, em que pese tratar-se de empresa pública, o STF tem estendido à mesma a imunidade tributária por impostos sobre renda, bens e serviços vinculados a suas atividades essenciais.
Exemplos de empresas públicas federais: BNDES e CEF (atividade econômica); ECT, Embrapa, Infraero e Radiobrás (prestadoras de serviços públicos).
- Exemplos de empresas públicas distritais (Decreto 21.170/00 – artigo 11): Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central - CODEPLAN; Companhia de Saneamento do Distrito Federal - CAESB; Companhia do Metropolitano do Distrito Federal - METRÔ - DF; Companhia Imobiliária de Brasília - TERRACAP; Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil - NOVACAP; Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal - EMATER - DF.
- Exemplos de sociedade de economia mista distrital (Decreto 21.170/00 – artigo 13): Banco de Brasília S/A e Companhia Energética de Brasília - CEB.
AGÊNCIAS REGULADORAS E EXECUTIVAS. 
A doutrina conceitua as autarquias de regime especial como aquelas que receberam da lei instituidora privilégios específicos, a fim de aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns (que seguem o regime geral, previsto no DL 200/67). Para Carvalho Filho, as especificidades dessas autarquias decorrem da possibilidade de a lei particularizar o regime jurídico para a autarquia por ela instituída, de modo que considera que tal classificação não tenha utilidade prática.
As agências são um grupo especial de autarquias, inspiradas no modelo norte-americano, que se subdividem em:
a) agências reguladoras: com a função básica de controle e fiscalização de pessoas privadas incumbidas da prestação de serviços públicos, adequadas para o regime de desestatização, assim como função de intervenção estatal no domínio econômico, na sua área de atuação; e 
b) agências executivas, mais apropriadas para execução efetiva de certas atividades administrativas típicas de Estado.
AGÊNCIAS REGULADORAS
As denominadas “agências reguladoras” são autarquias instituídas sob regime especial. Exemplos: ANP, ANATEL, ANEEL, ANVISA, ANS, ANA, ANTT, ANTAQ. Tem por características:
a) exercem função regulatória sobre determinado setor da atividade econômica ou concernente a determinadas relações jurídicas decorrentes das atividades econômicas em geral; atuam na solução administrativa dos conflitos na sua área de atuação;
b) realizam também atividade de fomento (ex: ANCINE), de implementação de políticas nacionais (ex: ANA e ANTT) e de fiscalização (ANVISA);
b) contam com instrumentos, previstos em lei, que asseguram sua relativa independência perante o órgão instituidor;
c) possuem um amplo poder normativo (regulador) no que concerne às áreas de sua competência; 
d) seus servidores se submetem ao regime estatutário; e
d) submetem-se, como qualquer outra entidade integrante da Administração Pública, aos controles judicial e parlamentar.
Os mais importantes instrumentos assecuratórios da autonomia ampliada das agências reguladoras são:
a) a nomeação de seus dirigentes sujeita a aprovação prévia pelo Senado;
b) a nomeação de seus dirigentes para o exercício de mandatos fixos, de forma que somente perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar. Objetiva uma gestão mais técnica e livre de influências políticas;
c) inexistência, como regra geral, de revisão hierárquica de seus atos (recurso hierárquico impróprio); 
d) a autonomia financeira pode decorrer do recolhimento de taxas e de outras fontes de recursos. 
Di Pietro observa que a função normativa sempre foi exercida, com menor ou maior relevância, pelos diversos órgãos da estrutura da administração pública. Por tais premissas, o que diferencia o processo de agencificação, no particular, é a extensão às agências, obviamente por comando legal, da prerrogativa de dispor sobre concessão, permissão e autorização de serviços públicos, antes destinados exclusivamente à administração direta. Esse aspecto, somado à prerrogativa que detêm as agências, tal como as tradicionais autarquias de caráter regulamentar, de editar atos normativos afetos à regulamentação das atividades econômicas colocadas sob sua guarda, é suficiente a afiançar a classificação da agência como órgão gestor.
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios também podem criar suas próprias agências reguladoras, desde que detenham competência para a regularização do serviço ou atividade a ser por elas gerido.
Exemplos de agência reguladora federal: ANEEL, ANATEL, ANP, ANVISA, ANA, ANTT e ANTAQ.
- Exemplo de agência reguladora distrital: Agência Reguladora de Serviços Públicos do Distrito Federal e Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS
A Lei 9.649, de 27 de maio de 1998 autorizou o Poder Executivo a qualificar como agência executiva a autarquia ou fundação pública que houvesse celebrado contrato de gestão com o respectivo ministério supervisor, para o fim de otimizar recursos, reduzir custos e aperfeiçoar a prestaçãode serviços públicos. Ex.: INMETRO, ABIN.
- Requisitos:
a) ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos, já concluído ou em andamento; e
b) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor. O contrato de gestão deverá ser celebrado com periodicidade mínima de um ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.
Após a celebração do contrato, o reconhecimento como agência executiva é feito por decreto.
A Lei 8.666/93, em seu art. 24, parágrafo único, amplia os limites de valor de contratos para os quais é dispensável a licitação quando celebrados por agências executivas.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO.
A administração pública pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou a regime jurídico de direito público. A opção é feita de acordo com os critérios estabelecidos na Constituição, a exemplo do art. 173, e nas leis infraconstitucionais. Por exemplo, o art. 173, diz que as empresas estatais exploradoras de atividade econômica se submetem ao regime jurídico das empresas privadas. Já o art. 175, permite que o Poder Público preste seus serviços diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão. O que não pode é a Administração, sem autorização constitucional ou legal, optar, via ato administrativo, pelo regime que lhe parecer mais adequado. É importante mencionar, entretanto, que independentemente do regime adotado, nunca o serviço público será prestado em regime estritamente privado.
Nunca é demais lembrar a seguinte divisão, feita por Hely Lopes. Serviços públicos próprios do Estado, “são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc) e para a execução dos quais a Administração usa sua supremacia sobre os administrados. Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas, sem delegação a particulares” (Hely Lopes Meirelles - Direito Administrativo Brasileiro, 27ª ed., Malheiros, p. 318). Serviços impróprios do Estado, que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas, ou delega sua prestação.
O tópico presente está intimamente ligado com o tema “Reforma Administrativa”, promovida pelo governo passado. Como é sabido, saímos de um modelo altamente intervencionista para entrarmos em um modelo que mais se aproxima de uma intervenção mínima, daí as privatizações. Assim, foi nesse contexto que os pensadores da Reforma Administrativa passaram a falar em terceiro setor, ao lado do primeiro setor, que é o Estado, e do segundo setor, que é o mercado. Daí que se introduziu no ordenamento pátrio algumas figuras novas como os contratos de gestão, as organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público. “Trata-se de uma nova forma de parceria entre o setor público e a iniciativa privada, com a valorização do chamado terceiro setor, ou seja, serviços de interesse público, mas que não necessitam ser prestados pelos órgãos e entidades governamentais” (Hely Lopes, obra citada, p. 733).
Parece ser unânime a alegação de que um dos objetivos da Reforma Administrativa foi, justamente, fomentar, incentivar, a atividade dos entes de cooperação, como forma de enxugar a máquina pública. Ou seja, constatado que nem todos os serviços públicos devem ser prestados diretamente pelo Estado, passou-se à noção de fomentar a atuação de entidades privadas na seara dos serviços públicos, apenas com a regulamentação e supervisão do Poder Público.
Com isso, duas novas figuras surgiram, ou pelo menos ganharam nova roupagem. Ao lado dos já conhecidos Serviços Sociais Autônomos, tem-se hoje as organizações sociais e as organizações sociais da sociedade civil de interesse público. Tais entes estão ao lado do Estado, por isso geralmente são classificados como espécies do gênero entidades paraestatais, e não integram a administração direta nem a indireta. Na realidade tais entes se caracterizam por prestar atividade de interesse público, via iniciativa privada, sem fins lucrativos, e, via de regra, recebem ajuda do Estado para a consecução dos seus fins.
As chamadas organizações sociais são disciplinadas pela Lei n. 9.637/98. São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para o desempenho de serviços sociais não exclusivos do Estado, mediante o vínculo jurídico do “contrato de gestão”. Suas atividades são dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à cultura, à saúde e à proteção e preservação do meio ambiente. Deve possuir como órgão de deliberação superior um conselho de administração com a participação de representantes do Poder Público e da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral.
O contrato de gestão produz importantes efeitos jurídicos, admitindo a lei federal: recepção de recursos públicos; cessão especial de servidores, com ônus para o Poder Público; permissão de uso de bens públicos.
A qualificação como organização social depende de aprovação do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao objeto social.
 
Poderão ser desqualificadas por decisão exarada em processo administrativo a cargo da entidade concessora do título, na hipótese de descumprimento das disposições do contrato de gestão, importando na reversão dos bens permitidos e dos valores repassados. 
Já as chamadas organizações da sociedade civil de interesse público são disciplinadas pela Lei 9.790/99. Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, de acordo com essa lei: “tal qualificativo é atribuível, vinculadamente, a pessoas jurídicas de Direito Privado requerentes, para fins de habilitá-las a firmar termos de parceria com o Poder Público, com o qual se credenciam a receber recursos ou bens públicos empenhados neste vínculo cooperativo entre ambos...” (Curso de Direito Administrativo, 14ª ed., Malheiros, p. 217/218). Estas são as suas características: ausência de fins lucrativos; sejam propostas a determinadas atividades socialmente úteis, nos termos arrolados no art. 3º da citada lei, como a cultura, cidadania, direitos humanos; não estejam incluídas no rol das pessoas jurídicas impedidas, previsto no art. 2º da Lei (sociedades comerciais, sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria profissional, instituições religiosas, organizações partidárias, entidades de benefício mútuo, hospitalares, dedicadas ao ensino formal não gratuito, organizações sociais, cooperativas, fundações públicas, associações criadas por órgãos públicos, e as que tenha qualquer vínculo com o Sistema Financeiro Nacional); vínculo estabelecido por “termo de parceria”.
A qualificação é conferida pelo Ministério da Justiça e o termo de parceria é firmado com a Administração Direta (ministério ou secretaria da área em que atuar a entidade privada). Se a entidade deixar de atender os requisitos legais ou atuar de modo contrário ao previsto no termo de parceria, ficará sujeita à desqualificação, que tanto pode ser decidida em processo administrativo ou judicial. 
“Embora haja muitos pontos comuns entre essas entidades e as organizações sociais, é evidente que o objetivo visado pelo Governo é bem diverso nos dois casos: nas organizações sociais, o intuito evidente é o de que elas assumam determinadas atividades hoje desempenhadas, como serviços públicos, por entidades da Administração Pública, resultando na extinção destas últimas. Nas organizações da sociedade civil de caráter público, essa intenção não resulta, implícita ou explicitamente,da lei, pois a qualificação da entidade como tal não afeta em nada a existência ou as atribuições de entidades ou órgãos integrantes da Administração Pública.” (Maria Sylvia Di Pietro, Direito Administrativo, 13ª ed., E. Atlas, p. 415).
Celso Antônio cita mais duas diferenças: o poder público não participa dos quadros diretivos das organizações da sociedade civil de interesse público, como acontece com as organizações sociais; o objeto das organizações sociais da sociedade civil é muito mais amplo que o das organizações sociais, que está restrito às atividades de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
Ambas se submetem ao contrato do direito público, com a fiscalização do Tribunal de Contas.
2. Tombamento 
“É a intervenção ordinatória e concreta do Estado na propriedade privada, limitativa de exercício de direitos de utilização e disposição, gratuita, permanente e indelegável, destinada à preservação, sob regime especial, dos bens de valor cultural, histórico, arqueológico, artístico, turístico ou paisagístico” (Diogo de Figueiredo Moreira Neto). É forma de intervenção na propriedade pela qual o Poder Público procura proteger o patrimônio cultural brasileiro.
A proteção dos bens de interesse cultural se inicia pela Constituição, que prevê em seu artigo 216, § 1°, que “o poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”.
No campo infraconstitucional, o diploma regulador é o Decreto-lei 25, de 30/11/1937.
Tem por fundamento a necessidade de adequar o domínio privado às necessidades de interesse público, sendo fundado na necessidade de adequação da propriedade à correspondente função social, entendida aqui como a necessidade de proteção ao patrimônio cultural, histórico e artístico.
Pode incidir sobre bens móveis e imóveis, que traduzam aspectos de relevância para a noção de patrimônio cultural brasileiro. Por isso, Hely Lopes afirma que é equivocado o tombamento de florestas, reservas naturais e parques ecológicos. 
IMPORTANTE: Os bens públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios também podem ser objeto de tombamento, sendo que a União pode tombar (assim como desapropriar) bens federais, estaduais, distritais e municipais; e os estados, os bens estaduais e municipais.
Alguns defendem que tem natureza jurídica de servidão. No entanto, o tombamento não é direito real, como é a servidão, e não existe aqui as figuras do dominante e serviente. Outros defendem que é um bem de interesse público, mas essa ideia é vaga e não caracteriza o tipo de intervenção. Para outros, se trata de limitação administrativa, o que também não é adequado, pois tem caráter específico, ao passo que a limitação é geral.
Forçoso é reconhecer, portanto, que possui natureza jurídica de “instrumento especial de intervenção restritiva do Estado na propriedade privada”, com fisionomia própria. Constitui um ato administrativo, ainda que resulte de um procedimento. É vinculado, quanto ao pressuposto de defesa do patrimônio cultural; e discricionário, quanto à valoração da qualificação do bem (natureza histórica, artística, etc) e a necessidade de sua proteção.
O tombamento pode ser, quanto à manifestação de vontade:
a) de ofício, incidente sobre bens públicos;
b) voluntário, incidente sobre bens particulares com a anuência de seus proprietários, seja por pedido que eles mesmos formulam, seja pela concordância com a notificação;
c) compulsório, incidente sobre bens particulares e imposto coercitivamente, depois de regular procedimento administrativo.
Quanto à eficácia do ato, pode ser:
a) provisório, enquanto está em curso o processo administrativo instaurado pela notificação;
b) definitivo, quando, após concluído o processo, o Poder Público procede à inscrição do bem no Livro do Tombo.
O STJ já proferiu decisão considerando que o tombamento provisório não é fase procedimental, mas sim medida assecuratória de preservação do bem.
Parte da doutrina admite ainda a classificação do tombamento em individual, quando atinge um bem determinado; ou geral, quando alcança todos os bens de um bairro ou cidade.
 
Deriva da expressa manifestação da vontade do Poder Público, razão pela qual alguns doutrinadores defendem que não pode ser instituída por lei. O STF já teve a oportunidade de se manifestar, tendo a maioria votado no sentido de que o tombamento é da competência do Executivo, devendo ser materializado por ato administrativo. Por exceção, é possível que o instituto protetivo se origine da própria Constituição.
IMPORTANTE: Embora não seja comum, é possível que, depois do tombamento, o Poder Público, de ofício ou em razão de solicitação do proprietário ou outro interessado, julgue ter desaparecido o fundamento que deu suporte ao ato e, em consequência, cancele o ato de inscrição, o que pode ser denominado de destombamento.
É necessário, para a sua regularidade formal, o parecer do órgão técnico cultural; a notificação do proprietário; e a observância do devido processo legal, no qual se assegure ao proprietário do direito ao contraditório e ampla defesa. O Conselho Consultivo da pessoa incumbida do tombamento, após as manifestações dos técnicos e proprietários, poderá: anular o processo, se houver ilegalidade; rejeitar a proposta do órgão técnico; ou homologá-la, se necessário o tombamento, o qual se torna definitivo com a inscrição no respectivo Livro do Tombo. É cabível recurso impróprio ao Presidente da República.
Efeitos:
a) necessidade de registro no Ofício de Registro de Imóveis respectivo;
b) é vedada a destruição, demolição ou mutilação do bem;
c) a reparação, pintura e restauração do bem depende de prévia autorização do Poder Público;
d) compete ao proprietário o dever de conservar o bem e, se não dispuser de recursos, deve necessariamente comunicar o fato ao órgão que decretou o tombamento, o qual o fará a suas expensas;
e) a vizinhança da coisa tombada também está sujeita a restrições ao direito de propriedade, não podendo fazer construção que impeça ou reduza a visibilidade em relação ao prédio protegido, bem como nela colocar cartazes ou anúncios;
IMPORTANTE: f) não impede o proprietário de gravá-lo com penhor, hipoteca ou anticrese.
g) os entes públicos (U, E, DF e M) tem direito de preferência na aquisição do bem, sob pena de nulidade da alienação e de ficarem os entes públicos autorizados a sequestrar o bem e impor ao proprietário e ao adquirente multa de 20% do valor do contrato;
h) somente se o proprietário comprovar que o ato do tombamento lhe causou prejuízo, o que não é a regra, é que fará jus à indenização. O pedido indenizatório deve ser formulado no prazo de 05 anos, sob pena de prescrição.
É possível o controle administrativo e judicial do ato de tombamento.
3. Repressão ao abuso do poder econômico: condutas de formação de trustes, cartéis, monopólios, coligação de empresas e capitais.
O poder econômico é derivado do acúmulo de riquezas e, se a ordem econômica estiver em situação regular e sem frequentes crises que a assolam tal poder é positivo no sentido do aperfeiçoamento dos produtos e serviços, bem como das condições do mercado.
Quando o uso do poder transforma-se em abuso do poder econômico, gerando distorções prejudiciais aos setores mais desfavorecidos da coletividade, impõe-se o combate pelo Estado-Regulador interventivo.
Usualmente, o abuso do poder econômico é cometido pela iniciativa privada. No entanto, estudiosos têm sustentado, atualmente que o próprio Estado pode conduzir-se de forma abusiva no setor econômico, principalmente quando atua por intermédio das entidades paraestatais a ele vinculadas e por ele controladas.
A repressão ao abuso do poder econômico pode ser definidacomo o conjunto de estratégias adotadas pelo Estado que, mediante intervenção na ordem econômica, têm o objetivo de neutralizar os comportamentos causadores de distorção nas condições normais de mercado em decorrência do acúmulo de riquezas.
A vigente Constituição foi peremptória sobre a necessidade de reprimir o abuso econômico, dispondo que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros” (art. 173, § 4°, da CF).
A união entre agentes (concorrentes ou não) pode proporcionar um poder econômico tal que permita aos partícipes desfrutar de uma posição de indiferença e independência em relação aos outros agentes econômicos. Desde que foram introduzidas normas destinadas a tutelar a livre concorrência e reprimir o abuso do poder econômico no ordenamento jurídico brasileiro, foi determinada a ilicitude de acordos entre empresas que fossem nocivos, em seu objeto ou efeito, à concorrência, denominados colusão.
Tradicionalmente, os acordos restritivos da concorrência são divididos entre acordos verticais e horizontais, segundo os mercados relevantes em que atuam os partícipes.
Os acordos horizontais são aqueles celebrados entre agentes econômicos que atuam em um mesmo mercado relevante (geográfico e material) e estão, portanto, em direta relação de concorrência.
Já os acordos verticais disciplinam relações entre agentes econômicos que desenvolvem suas atividades em mercados relevantes diversos, muitas vezes complementares. Quando se fala de acordos verticais, em teoria da organização industrial e em antitruste, se pensa com uma imaginária linha vertical que nos conduz, através da extração da matéria-prima, das várias fases da produção e comercialização, até o consumidor final do produto. Assim, um acordo celebrado entre uma empresa fabricante do produto e outra distribuidora é um típico acordo vertical.
Essa distinção entre os tipos de acordos não se opera simplesmente para fins didáticos, pois que evidencia, desde logo, os diversos efeitos produzidos para a concorrência. Enquanto os acordos horizontais neutralizam a concorrência entre os agentes econômicos que atuam no mesmo mercado relevante (encontrando-se, portanto, em relação de competição), os acordos verticais podem produzir efeitos anticoncorrenciais em três diversas sortes de mercado relevante (do fornecimento de matéria-prima, da produção ou da distribuição).
Cartel
O cartel é a conjugação de interesses entre grandes empresas com o mesmo objetivo, ou seja, o de eliminar a concorrência e aumentar arbitrariamente seus lucros. Diante do poderio econômico desses grupos, o pequeno empresariado acaba por sucumbir e, por vezes, se deixar absorver pelo grupo dominante. (José dos Santos Carvalho Filho)
Os cartéis constituem forma de acordos horizontais entre agentes econômicos.
A concorrência, ainda que lícita, prejudica os concorrentes, pois faz com que o empresário acabe por auferir lucros menores, força o cuidado com a qualidade do produto e gera a necessidade de investimentos para que o agente econômico possa manter-se no mercado, competindo.
O processo de expansão da empresa torna-se mais penoso se em um mercado onde há efetiva concorrência pela disputa da clientela. Como dizia Ascarelli: “ A concorrência obriga os produtores a procurarem, constantemente, a melhoria de seus produtos e a diminuição do preço de custo”. É, portanto, “natural” que os agentes econômicos busquem a supremacia no mercado, para poder dominá-lo e desfrutar das vantagens proporcionadas por um monopólio, afastando a concorrência que tanto prejudica seus interesses.
O agente econômico buscará, então, de forma “natural”, a neutralização da concorrência, mediante a conquista de posição monopolística (com a consequente eliminação ou neutralização da força competitiva dos agentes econômicos que atuam no mesmo mercado relevante, isto é, obtenção de domínio do mercado, e/ou a realização de acordos (de forma a regular ou neutralizar mutuamente a força concorrencial de cada um dos partícipes, reproduzindo condições monopolísticas). Por essa razão, Tullio Ascarelli coloca como característica do cartel e do consórcio a regulamentação da recíproca concorrência entre os agentes econômicos.
EM SUMA: os empresários agrupados em cartel têm por finalidade obter condições mais vantajosas para os partícipes, seja na aquisição da matéria-prima, seja na conquista dos mercados consumidores, operando-se, desta forma, a eliminação do processo normal de concorrência”.
As justificativas que são tradicionalmente apresentadas para os cartéis destacam as vantagens advindas da neutralização da concorrência. Não é raro se ouvir que, principalmente em tempos de crise, os acordos entre concorrentes desempenham papel fundamental, sendo certo que seu desaparecimento causaria maiores prejuízos à economia que sua manutenção. Tanto é que um dos principais argumentos favoráveis aos cartéis é que eles visam a eliminar a concorrência ruinosa, predatória, destrutiva, que seria prejudicial não somente aos agentes econômicos, mas também para toda a coletividade. Da mesma forma, em uma economia ainda não consolidada, a união dos agentes econômicos poderia vir a ser a melhor alternativa para a competição em nível internacional.
Os cartéis de preços podem ser divididos em dois tipos de acordos, conforme a estrutura do mercado em que atuam os partícipes:
- acordos celebrados entre agentes econômicos que possuem poder econômico semelhante: em que não existe no mercado um agente econômico com poder suficiente para impor sua política de preços. Assim, acorda-se para eliminar os efeitos da concorrência sobre o preço de produtos ou serviços, de forma que as alterações já não decorrerão de modificações da oferta ou da procura.
- acordos de price leadership: em que há um agente econômico com poder suficiente para impor sua política de preços aos demais participantes do mercado. Os agentes econômicos seguem o preço praticado pela empresa que detém posição dominante no mercado. A questão do price leadership é, dentre aquelas referentes aos acordos destinados à uniformização dos preços, a que tem mais preocupado os teóricos, porque nem sempre a prática do price leadership configura ato colusivo e implica a responsabilização de todos os agentes econômicos que praticam preço (ou aumento de preço) uniforme. Ao contrário, pode-se estar diante de típico abuso de posição dominante, na medida em que um agente econômico, apto a atuar um comportamento indiferente e independente em relação a seus concorrentes, a estes impõem-se como líder na determinação dos preços a serem praticados. Mais uma vez, os concorrentes encontram-se em posição de sujeição.
Cartéis de exportação: é bastante comum (e inclusive incentivado por vários governos) que os exportadores situados em um mesmo mercado relevante geográfico unam-se de forma a enfrentar a concorrência internacional e maximizar os benefícios decorrentes da economia de escala. São os chamados “cartéis de exportação”. Os governos dos países de origem dos membros do cartel, justamente para propiciar o fortalecimento de suas exportações, costumam não aplicar a lei antitruste para coibir este tipo de ajuste.
Trazendo a tradicional definição de cartel para o contexto de legislação antitruste brasileira, é possível concluir que, se um acordo não restringe a livre concorrência ou não acarreta a incidência de qualquer inciso do artigo 20, da Lei 8.884/94, não se há de falar na existência de cartel, pois a associação não traz, em si, qualquer efeito anticompetitivo que interesse à proteção da ordem econômica. Logo, os cartéis são acordos entre agentes econômicos, que atuam no mesmo mercado relevante, destinados a regular ou neutralizar a concorrência entre eles e que tem seu objeto ou efeito tipificado no artigo 20 da Lei 8.884/94. É perfeitamente possível, pois, dentro do sistema estabelecido pela Lei 8.884/94, que se verifiquealgum acordo previsto no artigo 21 sem que haja infração a ordem econômica. Basta, para tanto, que não se dê a incidência de qualquer dos incisos do artigo 209 (limitar ou prejudicar a livre concorrência e a livre iniciativa, dominação de mercado relevante, aumento arbitrário dos lucros, exercer de forma abusiva podição dominante- + de 20% do mercado relevante), dominação. Da mesma forma, um ato não tipificado no artigo 21 poderá ser ilícito se tiver por objeto ou produzir efeito previsto no art. 20, como no caso de agentes econômicos que se unem em conluio, sob o manto da “associação de classe”, ou “associações buscando a qualidade do produto” para viabilizar, na verdade, uma prática anticompetitiva.
Concentração econômica: monopólios privados, oligopólios e trustes
A concentração econômica expressa o aumento de poder econômico de um ou mais agentes que atuam em um mercado relevante. Pode a concentração resultar de qualquer espécie de ato, de nada importando a forma ou categorização jurídica: basta que o ato integre poder econômico. Classifica-se a concentração econômica em horizontal, vertical e conglomerada.
A concentração econômica horizontal envolve agentes que atuam em um mesmo mercado relevante material e geográfico que, por isso, se encontram em relação direta de concorrência. De acordo com o anexo I, da Resolução n.º 18/99 do CADE, “ocorre uma relação horizontal quando duas ou mais empresas atuam num mesmo mercado relevante como vendedoras ou compradoras de produtos similares.”
Na concentração vertical, os agentes desenvolvem suas atividades em mercado relevante “a monte” ou “a valle”, ou seja, concatenados no processo de produção ou de distribuição do produto. Segundo o anexo I, da resolução citada, “ocorre quando uma empresa opera como vendedora no mercado de insumos da outra, mesmo não havendo uma relação comercial entre elas.”
A concentração conglomerada se passa no caso de operações entre empresas que atuam em mercados completamente apartados. Vê-se que consubstancia conceito residual, já que engloba a concentração que não é nem vertical, nem horizontal. A concentração conglomerada se subdivide em: a) de expansão de mercado, quando produzem o mesmo produto em distintos mercados relevantes geográficos; b) de expansão de produto, quando produzem bens complementares por natureza; c) puras, quando as empresas não guardam nenhuma relação de concorrência ou complementaridade.
Os monopólios privados, os oligopólios e os trustes são formas de concentração econômica.
Monopólio privado 
Em um monopólio puro, existiria uma única empresa em um determinado mercado relevante.
Os monopólios privados são vedados pela Constituição da República, uma vez que esta consagrou o sistema econômico da livre concorrência e da liberdade de iniciativa. As exceções referem-se apenas aos monopólios públicos expressamente enumerados, como a produção de petróleo e gás natural.
Registre-se que o monopólio estatal visa sempre a proteção do interesse público, haja vista que a exclusividade de atuação do Estado em determinado setor econômico tem caráter PROTETIVO, e não lucrativo, e por esse motivo tem abrigo constitucional. O monopólio é o fato econômico que retrata a reserva, a uma pessoa específica, da exploração de atividade econômica; enquanto o privilégio é a delegação a outra pessoa do direito de explorar a atividade.
O inverso do monopólio é o mercado monopsônio, no qual há um único comprador para o produto ou o serviço de vários fornecedores ou prestadores.
Oligopólio
O mercado oligopolístico se caracteriza por um reduzido número de agentes econômicos, eis que as condições de entrada e de expansão de empresas são limitadas. Põem-se barreiras à concorrência.
Classificam-se os oligopólios em:
a) oligopólio diferenciado, no qual os produtos das várias empresas são claramente distinguíveis e os compradores têm preferências definidas – normalmente mercados de produtos ao consumidor final.
b) oligopólio indiferenciado, no qual os compradores não manifestam preferências acentuadas por qualquer produto. É mais comum em mercados de produtos de uso industrial.
No sentido inverso dos oligopólios, encontram-se os mercados oligopsônicos, estrutura de mercado caracterizada por haver um número pequeno de compradores para o produto de vários vendedores.
Truste
O truste (do inglês trust) é a forma de abuso do poder econômico pela qual uma grande empresa domina o mercado e afasta seus concorrentes, ou os obriga a seguir a estratégia econômica que adota. É uma forma impositiva do grande sobre o pequeno. (José dos Santos Carvalho Filho)
No direito anglo-saxão, é utilizado como forma de associação de empresas para impedir a concorrência entre elas. Consiste na transferência do poder decorrente de ações a um terceiro, denominado trustee ou agente fiduciário, a quem cabe a direção de um conjunto de negócios.
Os acionistas, por sua vez, recebem os trust certificates, que os legitimam para receber dividendos. Não há negócio equivalente nos sistemas de civil law.
Ainda, no que tange à concentração econômica, vale ressaltar que as razões do ato de concentração são importantes para se compreender a conveniência da autorização ou tolerância da concentração.
São de diversas ordens os objetos ou efeitos da concentração: a) neutralização da concorrência, já que se atinge ou se reforça a posição monopolística; b) viabilização de economias de escala e o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis; c) aquisição de pessoal especializado, patentes e outros privilégios; d) preservação da continuação das atividades, na medida em que pode evitar a quebra ou o declínio das atividades do agente econômico adquirido; e) outros fatores, como ganhos ou economias tributários, opções de investimento de capital, diversificação para diminuição dos riscos empresariais.
Na avaliação do ato de concentração sobre o mercado é necessário analisar o impacto da operação de concentração sobre o mercado, para saber a diminuição do grau de concorrência. Para isso, primeiramente se delimita o mercado relevante. Depois, as porcentagens de mercado das empresas antes e depois da concentração e o grau de concentração do próprio mercado.
O benefício que pode advir da concentração econômica é o aumento da eficiência das empresas. Em um regime de concorrência-condição, como o brasileiro, a transação de concentração pode ser autorizada se atinge o que se chama de eficiências, previstas no art. 54, da Lei 8884/94, em rol exemplificativo. Tal dispositivo traz as seguintes condições: a) que o ato tenha por objetivo cumulada ou alternativamente, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade de bens ou serviço ou propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou econômico; b) que os benefícios decorrentes sejam distribuídos eqüitativamente entre os participantes da operação e os consumidores ou usuários finais; c) que não impliquem eliminação da concorrência de parte substancial de mercado relevante de bens e serviços; d) que sejam observados os limites necessários para atingir os objetivos visados.
A Lei 8.884/94 exemplifica formas de concentração econômica que podem limitar ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência, razão pela qual devem ser comunicados ao CADE. 
Os atos unilaterais, bilaterais ou plurilaterais, societários ou contratuais, que possam implicar lesão às estruturas do livre mercado, como a fusão, a incorporação, a constituição de sociedade controladora ou de agrupamento de sociedades, dependem da aprovação do CADE. O sujeito de direito ou as partes, antes de sua prática, ou nos quinze dias seguintes, devem submetê-lo à apreciação da autarquia. A aprovação é condição de eficácia do ato jurídico.
No caso dos atos de concentração constantes do § 3º, do artigo 54, deve haver prévia comunicação ao CADE se neles houver participação de empresa ou grupo de empresas resultante em vinte por cento de um mercado relevante, ou emque qualquer dos participantes tenha registrado faturamento bruto anual no último balanço equivalente a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais). A presunção – relativa- não é de ilegalidade, mas de lesividade à livre concorrência. Por se cuidar de presunção, pode haver grande centralização de poder econômico sem configuração de infração à ordem econômica, inclusive pelo que dispõe o artigo 20, § 1º.
4. Condutas anticoncorrenciais previstas na Lei 8.884/94.
Nos termos do artigo 173, §4º, da CF, “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”.
A Lei n.° 8.884, de 11/6/1994, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra ordem econômica, tendo em vista os princípios da liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. A lei se aplica às práticas cometidas no território nacional, ainda que em parte, ou às práticas que no território nacional produzam ou possam produzir efeitos.
A Lei Antitruste visa evitar alguns efeitos. Desta forma, as infrações à ordem econômica estão previstas no artigo 20, como sendo quaisquer atos que visem ou possam produzir os efeitos prescritos, ainda que não alcançados esses efeitos e independentemente de culpa. Os efeitos são: I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II - dominar mercado relevante de bens ou serviços; III - aumentar arbitrariamente os lucros; IV - exercer de forma abusiva posição dominante.
No artigo 21 da Lei, há lista de condutas que, se configurarem os efeitos previstos no artigo 20, caracterizarão infração à ordem econômica. Trata-se de rol exemplificativo, tendo em vista a previsão geral do artigo 20: I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços; II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; III - dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados ou semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de matérias-primas ou produtos intermediários; IV - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; V - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços; VI - impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição; VII - exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa; VIII - combinar previamente preços ou ajustar vantagens na concorrência pública ou administrativa; IX - utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros; X - regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição; XI - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes, preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros; XII - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços; XIII - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais; XIV - dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais; XV - destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los; XVI - açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia; XVII - abandonar, fazer abandonar ou destruir lavouras ou plantações, sem justa causa comprovada; XVIII - vender injustificadamente mercadoria abaixo do preço de custo; XIX - importar quaisquer bens abaixo do custo no país exportador, que não seja signatário dos códigos Antidumping e de subsídios do Gatt; XX - interromper ou reduzir em grande escala a produção, sem justa causa comprovada; XXI - cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada; XXII - reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção; XXIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; XXIV - impor preços excessivos, ou aumentar sem justa causa o preço de bem ou serviço.
Em relação ao domínio de mercados, o CADE já se manifestou no sentido de que: “O domínio de mercado deve ser entendido como um poder de agir. No aspecto ativo, esse poder confere à empresa dominante a capacidade de influir sobre as outras empresas do mercado; no aspecto passivo, a empresa dominante não se deixa influenciar pelo comportamento das demais participantes do mercado. Dominar é, pois, poder adotar um comportamento independente das concorrentes, tornando-se apta para controlar o preço, a produção ou a distribuição de bens ou serviços de uma parte significativa do mercado, excluindo, assim, a concorrência”.
A posição dominante é decorrência e, ao mesmo tempo, se identifica com o poder detido, pelo agente, no mercado, que lhe assegura a possibilidade de atuar um comportamento independente e indiferente em relação a outros agentes, impermeável às leis de mercado.
No Brasil, não se pune a posição dominante em si. Efetivamente, nos termos do art. 20, §1º, da Lei 8.884/94, a posição dominante resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito anticoncorrencial. Consagra-se assim, como não poderia deixar de ser, a vantagem competitiva (competitive advantage) do agente econômico: se há maior eficiência, nada se deve punir.
A posição dominante ocorre quando uma empresa ou grupo de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa, sendo tal posição presumida quando a empresa ou grupo de empresas controla 20% (vinte por cento) de mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia (artigo 20, §§ 2° e 3°, da Lei 8.884/94).
Registre-se que o mercado relevante é o mercado em que se realiza a concorrência, levando-se em consideração o critério do produto (quais produtos se substituem) e o critério geográfico (leva em conta a área de atuação dos concorrentes). O conceito de mercado relevante, considera a substitutibilidade do produto ou serviço, pela perspectiva do consumidor. Se a mercadoria ou o serviço pode ser perfeitamente substituído, de acordo com a avaliação do consumidor médio, por outros de igual qualidade, oferecidos na mesma localidade ou região, então teremos que o produto ou serviço em análise e seus eventuais substitutos ocupam um mesmo mercado relevante.
Quanto à imposição de preços abusivos, cabe ressaltar que a lei antitruste tratou de reprimir expressamente a sua prática, tendo inserido a conduta no rol exemplificativo do artigo 21, da Lei 8884/94. Para a sua configuração, não basta o ato econômico da excessividade do preço, sendo indispensável que a prática cause os efeitos do artigo 20, especialmente a obtençãode lucros abusivos.
Há dificuldade em se estabelecer quando o preço deixa de ser fixado por um agente no exercício normal de posição dominante para se caracterizar como abusivo. Contudo, a lei traz alguns dos critérios para a avaliação da excessividade ou abusividade do preço praticado, os quais estão previstos no parágrafo único do artigo 21: “Na caracterização da imposição de preços excessivos ou do aumento injustificado de preços, além de outras circunstâncias econômicas e mercadológicas relevantes, considerar-se-á: I - o preço do produto ou serviço, ou sua elevação, não justificados pelo comportamento do custo dos respectivos insumos, ou pela introdução de melhorias de qualidade; II - o preço de produto anteriormente produzido, quando se tratar de sucedâneo resultante de alterações não substanciais; III - o preço de produtos e serviços similares, ou sua evolução, em mercados competitivos comparáveis; IV - a existência de ajuste ou acordo, sob qualquer forma, que resulte em majoração do preço de bem ou serviço ou dos respectivos custos.”
A repressão ao preço excessivo se dá no plano do direito privado, pela possibilidade de o consumidor pleitear a repetição do excesso e do direito público, se caracterizada a infração da ordem econômica.
DIREITO CIVIL
PONTO 18 – PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓTIOS. DIREITO PESSOAL: CASAMENTO. DIVÓRCIO.
18.1 – PREFÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
A matéria está disciplinada nos artigos 955 a 965 do Código Civil.
 
O privilégio creditório pode ser definido como o direito, previsto em lei, que determinado credor possui de receber o seu crédito em primeiro lugar, sempre que vários credores pretenderem receber seus créditos ao mesmo tempo e o patrimônio do devedor comum não for suficiente ao pagamento integral de todos.
Quando as dívidas excederem à importância dos bens do devedor, procede-se à declaração de insolvência (CC, art. 955). Esta declaração é operada sempre por decisão judicial, sendo que o devedor perde a administração dos seus bens. (CPC, art. 752).
Qualquer dos credores poderá opor-se ao crédito do outro, sendo que a discussão pode versar sobre a preferência entre eles disputada, a nulidade, a simulação, a fraude ou a falsidade dos débitos e contratos (CC, art. 956).
Quando não houver crédito privilegiado, todos os credores concorrem em igualdade de condições, levando-se em conta a proporcionalidade de seus créditos (CC, art. 957). Créditos quirografários são os créditos comuns, sobre os quais não há preferência ou privilégios.
Os privilégios e os direitos reais são os títulos legais de preferência, sendo que o crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie; o crédito pessoal privilegiado, ao simples; e o privilégio especial, ao geral (CC, arts. 958 e 961). Referida ordem só tem aplicação aos privilégios de direito privado. Os de ato público, como os créditos trabalhistas e tributários, possuem ordem de preferência própria.
O art. 959 enumera as hipóteses em que, mesmo ocorrendo perda ou deterioração da coisa gravada, os privilégios continuam a existir, havendo sub-rogação real: a) o credor hipotecário ou privilegiado tem preferência no recebimento do seguro ou da indenização referente ao bem onerado; b) há também preferência sobre a indenização, no caso de desapropriação.
No caso de produto insuficiente para o pagamento integral de cada um dos créditos, desde que entre credores da mesma classe, com títulos iguais, far-se-á um rateio entre eles, na proporção do valor de cada crédito (CC, art. 962).
Os privilégios, especial ou geral, não atribuem ao credor o direito de sequela, mas apenas o de preferência, que só poderá ser exercido enquanto os bens permanecerem no patrimônio do devedor. Só serão atingidos pelo privilégio os bens não sujeitos a crédito real.
O art. 964 enumera os créditos que gozam de privilégio especial e, por isso, só compreendem os bens sujeitos ao pagamento do crédito que ele favorece; enquanto o art. 965 enumera os créditos que gozam de privilégio geral e, em razão disso, compreendem todos os bens não sujeitos a crédito real nem a privilégio especial.
O crédito por honorários de advogado é privilegiado, nos termos do artigo 24, do Estatuto da Advocacia. No entanto, a lei vigente não esclarece se o privilégio é geral ou especial; na lei anterior, o privilégio era especial.
Nos termos do artigo 707 do Código Civil, o crédito do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privilégio geral, no caso de falência ou insolvência do comitente.
18.2 – Direito Pessoal: Casamento
Casamento é o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade entre os cônjuges, e institui família (CC, art. 1511).
Requisitos: a diversidade de sexos (FICAR ATENTO A DECISAO DO STF- ADPF 132, julgada em 05/05/11- Reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar-interpretação conforme do art. 1723 do CC), a solenidade e o consentimento livremente manifestado pelos nubentes.
Teorias sobre a natureza jurídica do casamento:
a) Teoria contratualista: é contrato civil, resultante do acordo de vontades dos nubentes, como nos contratos em geral.
b) Teoria institucionalista: é uma instituição social, um estado (estatuto cogente preestabelecido) ao qual os nubentes aderem, sem que estes possam discutir o conteúdo de seus direitos e deveres, o modo de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugais etc.; os efeitos da instituição são automáticos, pois são de ordem pública.
c) Teoria eclética: é um ato complexo, sendo concomitantemente contrato (na formação) e instituição (no conteúdo).
Capacidade para o casamento: o artigo 1.517 do Código Civil determina que a idade núbil, ou seja, a idade mínima para casar, é de 16 anos tanto para os homens como para as mulheres. Até completarem 18 anos, os nubentes são relativamente incapazes e necessitam da autorização de seus pais ou representantes legais para o casamento. Havendo recusa de ambos os pais ou dos representantes legais ou divergência entre eles, a questão deverá ser submetida ao Poder Judiciário para apreciação da recusa. Prevê o artigo 1.520 duas hipóteses que possibilitam o casamento de quem não tenha completado a idade núbil, são elas: para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez (deve haver autorização judicial para suprimento de idade, além da adoção obrigatória do regime de separação de bens).
Alguns doutrinadores sustentam que, com o advento da Lei 11.106/05, que revogou o inciso VII do art. 107 do CP- extinção da punibilidade do acusado no caso de casamento com a vítima, - houve a revogação tácita do dispositivo do CC no que tange a essa parte. 
 Além disso, com advento da L. 12015/2009 (dos crimes contra a dignidade sexual), os crimes sexuais praticados contra menores de 18 anos passaram a ser de ação penal pública incondicionada. Não havendo possibilidade de renúncia do direito de queixa ou perdão do ofendido, institutos típicos dos crimes sujeitos à ação penal privada. 
Impedimentos: os impedimentos não se confundem com incapacidade. O incapaz não pode casar-se com nenhuma pessoa; o impedido não pode casar-se apenas com determinada pessoa. São os antigos impedimentos absolutamente dirimentes (exceto o impedimento relativo ao casamento do cônjuge adúltero com o seu cúmplice por tal condenado). São causas de nulidade do casamento e resultam de parentesco, de casamento anterior ou de crime. Serão detalhados a seguir, no tópico a respeito do casamento nulo.
Os antigos impedimentos relativamente dirimentes foram deslocados no CC/2002 para o capítulo “Da invalidade do casamento”. São causas de anulabilidade (invalidade relativa) do casamento e visam preservar a incolumidade do consentimento livre. Serão detalhados a seguir, no tópico acerca do casamento anulável.
Causas suspensivas: são os antigos impedimentos proibitivos ou meramente impedientes.São capazes de suspender a realização do casamento, que, se realizado, não se torna, contudo, nulo ou anulável, mas meramente irregular. Impõe-se ao cônjuge infrator, salvo se comprovada a inexistência de prejuízo a terceiros, a sanção de obrigatoriedade do regime de separação de bens. Visam evitar confusão de patrimônios ou de sangue ou ainda prejuízos a terceiros ou incapazes. Podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos irmãos, sejam consanguíneos ou afins. 
Ver art.1.523, do Código Civil!!!
Habilitação: é um procedimento que visa apurar a inexistência de impedimento matrimonial ou causas suspensivas. Pode ser subdividido em quatro fases: apresentação dos documentos, proclamas, apreciação de eventual oposição de impedimento ou causa suspensiva e certificação. É requerida ao Oficial do Registro Civil e, após audiência do Ministério Público, é homologada pelo juiz. A homologação judicial é inovação do CC/2002. O prazo decadencial para a realização do casamento é de 90 dias, após o qual deverá ser requerida nova habilitação.
Momento do casamento: o casamento é ato complexo e solene, razão pela qual não basta a manifestação de vontade dos noivos perante o juiz; é preciso que este os declare casados (CC, art. 1.514).
Celebração: É indispensável o cumprimento das formalidades previstas nos artigos 1.524 e 1.525 do Código Civil. O artigo 1.538 determina ainda a imediata suspensão da celebração se algum dos contraentes recusar a solene afirmação da sua vontade, declarar que esta não é livre ou manifestar-se arrependido.
Provas do casamento: O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro civil, que é prova direta específica. Justificada a falta ou a perda do registro civil, ajuíza-se ação declaratória de existência do casamento. No processo judicial, serão trazidas provas diretas supletórias (quaisquer outras espécies de prova): testemunhas do ato nupcial, passaporte, certidão dos proclamas etc. A posse do estado de casados é prova indireta e só se admite excepcionalmente: a) para comprovar casamento de pessoas falecidas ou que não possam manifestar vontade, em benefício da prole comum, na falta de provas diretas; b) para eliminar dúvidas entre provas diretas supletórias favoráveis e contrárias ao casamento. A doutrina entende como elementos identificadores da posse do estado de casados, o nomem, o tractus e a fama, ou seja, a utilização do sobrenome do outro cônjuge, o tratamento que despendiam entre si como marido e mulher, bem como a fama e notoriedade do casal perante a sociedade.
Outras inovações do CC/2002: a) gratuidade da celebração do casamento e, com relação à pessoa declarada pobre, também da habilitação, do registro e da primeira certidão; b) redução da capacidade do homem para casar para 16 anos (era de 18 anos); c) consolidação da igualdade dos cônjuges.
Espécies de casamento:
Casamento civil: é aquele realizado segundo o ordenamento jurídico brasileiro, após processo de habilitação, celebração perante autoridade competente e registro no Registro Civil das Pessoas Naturais.
Casamento religioso: o casamento puramente religioso é aquele realizado perante autoridade religiosa. A certidão emitida pela autoridade religiosa tem o condão apenas de comprovar a sua celebração, não sendo reconhecida pela ordem jurídica brasileira. O casamento religioso, entretanto, poderá ser levado a registro, a qualquer tempo, depois de realizado o processo de habilitação, passando a produzir efeitos civis que retroagem a data da celebração perante a autoridade religiosa.
Casamento religioso com efeitos civis: nesse casamento é realizado o prévio processo de habilitação, bastando que no prazo de 90 dias após a celebração religiosa seja levada a certidão ao registro civil. Caso isso não ocorra dentre desse prazo legal, o casamento poderá ser levado a registro a qualquer tempo, contudo, deverão os nubentes realizar novo procedimento de habilitação.
	Vale observar peculiar decisão do TJDFT acerca da matéria:
PROCESSO CIVIL E CIVIL. REGISTROS PÚBLICOS. TERMO DE CASAMENTO RELIGIOSO. REGISTRO PARA EFEITOS CIVIS. INDEFERIMENTO. PEDIDO EXTEMPORÂNEO. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. REQUERIMENTO NÃO FORMULADO NA ÉPOCA OPORTUNA EM RAZÃO DA ENFERMIDADE SÚBITA DO NUBENTE VARÃO E POSTERIOR FALECIMENTO. SUPERAÇÃO DO PRAZO DECADENCIAL.
I - O pedido de registro do termo de casamento religioso para efeitos civis não foi deduzido na época oportuna, em razão da enfermidade súbita e posterior falecimento do cônjuge varão. Assim sendo, diante das particularidades do caso concreto, é justificável a superação do prazo decadencial prazo previsto no art. 1.516, § 1°, do Código Civil/2002, para permitir o registro no Ofício competente, conforme a orientação emanada do egrégio Superior Tribunal de Justiça, máxime por se tratar de mero ato para formalizar o casamento já realizado.
II - A exegese sistemática da ordem jurídica vigente no País demonstra, o quantum satis, a plausibilidade da pretensão deduzida na inicial, até em homenagem ao relevante valor que o Direito Positivo atribui à vontade declarada da pessoa que em face da morte não pôde proceder aos atos tendentes a realização de seu intento.
III - Deu-se provimento. Unânime.(20050110036120APC, Relator JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, 1ª Turma Cível, julgado em 08/03/2007, DJ 03/07/2007 p. 148)
Casamento em caso de moléstia grave: no caso de um dos nubentes contrair moléstia grave e estando este impossibilitado de comparecer à sede do cartório, o casamento será celebrado onde ser encontrar o impedido perante duas testemunhas. Necessita para sua celebração que seja constatada a gravidade da doença, a dificuldade de locomoção e o caráter de urgência. Uma vez verificados tais requisitos, o juiz de paz ou seu substituto legal deverá comparecer ao local onde se encontra o enfermo para a realização do ato.
Casamento nuncupativo: também denominado in extremis ou in articulo mortis. É aquele realizado quando um dos nubentes está em iminente risco de morte, na presença de seis testemunhas que não tenham com os nubentes parentesco em linha reta ou colateral até o 2° grau, sendo dispensadas a habilitação prévia e a presença de autoridade celebrante. Em caso de falecimento do nubente enfermo, as testemunhas deverão comparecer em juízo, no prazo de 10 dias, para que seja tomada a declaração de que foram convocadas pelo enfermo, que este parecia estar em perigo de via, mas em seu juízo e que, na presença das testemunhas, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. Após a verificação da idoneidade dos cônjuges para o casamento, o juiz o declarará e, transitada em julgado a sentença, mandará registrá-la no livro de registro de casamentos. O registro retroagirá à data da celebração do casamento perante as seis testemunhas. Se o nubente enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial de registro ficam dispensadas as formalidades acima descritas. Registre-se que o nubente em iminente perigo de vida não pode ser representado no casamento nuncupativo.
Casamento por procuração: possibilita que os nubentes que não puderem comparecer perante a autoridade competente por motivo justificado façam-se representar por procurador com poderes especiais. O mandato tem que ser outorgado (e revogado) por instrumento público com poderes especiais e possui eficácia de 90 dias.
Casamento perante autoridade consular: ocorre quando o brasileiro residente no exterior deseja se casar perante a lei brasileira, razão pela qual deverá ser celebrado perante a autoridade consular. Para que produza efeitos no Brasil, este casamento deverá ser levado a registro no prazo de 180 dias após o retorno de qualquer dos nubentes ao País.
Casamento inexistente: o Código Civil de 2002, repetindo o Código Civil de 1916, não se referiu ao casamento inexistente, por ser considerado um “mero fato,

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