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Apostila de Histologia

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TECIDOS EPITELIAIS 
Este texto tem como objetivo fundamental descrever a histofisiologia 
dos tecidos epiteliais, dando ênfase principalmente aos epitélios de 
revestimento em geral. 
 
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS 
 O tecido epitelial tem como característica fundamental a existência de pouca matriz 
extracelular (conjunto de substâncias e estruturas que se localizam externamente à célula), 
possuir células justapostas e principalmente apresentar forte coesão entre as células. 
 
FUNÇÕES 
As funções principais dos tecidos epiteliais são: 
1. Revestimento (Ex.: epitélios da pele e das mucosas); 
2. Proteção: conseqüência da função anterior; 
3. Reabsorção de nutrientes (Ex.: epitélios das mucosas do intestino, do estômago etc.); 
4. Secreção de substâncias (Ex.: epitélio da traquéia, com a presença de células especializadas 
em secreção de muco, chamadas "caliciformes"); 
5. Recepção de estímulos nervosos (Ex.: epitélio da língua, com células especialização na 
sensação do gosto; epitélio da cavidade nasal, com células especializadas na sensação do olfato 
etc.). 
 
 
Epitélio de revestimento (mucosa da cavidade bucal, 
HE, 40X). 
 
 
Epitélio de reabsorção (estômago, HE, 400X) 
 
 
 
Epitélio de secreção (traquéia, HE, 400X) 
 
 
 
Epitélio de captação de estímulos (língua, HE, 
400X) 
 
Junções Celulares 
 Grande capacidade de coesão entre as células devido a junções celulares que mantém 
adesão intercelular e controla a passagem de moléculas do meio exterior para o interior da 
célula. 
Junções de Adesão 
- zônulas de adesão: formada por 
filamentos de actina que permitem a 
aderência entre as células. 
- desmossomos (mácula de adesão): 
formada por placas de ancoragem e 
filamentos de queratina que promovem 
adesão firme entre as células 
- hemidesmossomos: estrutura de meio 
desmossomos que prendem a célula 
epitelial à membrana basal. 
 
1. Junções Impermeáveis 
- zônulas de oclusão: impede a 
passagem de moléculas entre as células 
epiteliais 
 
2. Junções de Comunicação 
- junções comunicantes (junções gap): 
formadas por conexinas, proteínas que 
permite o intercambio de moléculas 
 
Estruturas Importantes 
 Glicocálice: delgada camada glicoprotéica que reveste as células epiteliais. Participa de 
diversos processos como, por exemplo, a endocitose. 
 Lâmina Basal: superfície de contato das células epiteliais com o tecido conjuntivo. 
Formada quimicamente por colágeno do tipo IV. 
 Membrana Basal: composto de lâmina basal e fibras reticulares do tecido conjuntivo. 
 Fibrilas de Ancoragem: são estruturas que fixa a lâmina basal ao tecido conjuntivo. 
CLASSIFICAÇÃO 
Para qualquer tecido, existe uma classificação funcional (baseada no funcionamento do tecido) 
e uma classificação morfológica (feita de acordo com a forma das células). 
 
1. Classificação funcional 
 A classificação funcional dos tecidos epiteliais segue, em regras gerais, as funções dos 
mesmos anteriormente descritas. Assim, os epitélios são divididos em: 
1. Epitélios de revestimento 
 Em geral são formados por células poliédricas, justapostas, exibindo pouca 
substância intercelular. Por ter função de revestimento, as células se aderem fortemente, 
formando camadas que revestem as cavidades e superfícies do corpo (pele, cavidade bucal, 
cavidade nasal, tubo digestivo etc.) 
 
Epitélio de revestimento 
(pele grossa, HE, 40X) 
 
2. Epitélios glandulares 
 São os tecidos epiteliais destinados, além do revestimento, à secreção de substâncias. 
Esses tecidos adquirem as mais variadas formas e disposições. 
 
Epitélio glandular 
(glândulas salivares, HE, 400X) 
 
3. Neuroepitélios 
 Os neuroepitélios compreendem os tecidos epiteliais especializados, além do 
revestimento, na recepção de estímulos nervosos. Em geral, possuem em sua estrutura 
células responsáveis pelo revestimento propriamente dito mescladas por células 
especializadas na captação de estímulos. 
 
Neuroepitélios 
(língua, HE, 400X) 
2. Classificação morfológica 
2.1 Quanto à forma das células 
 Em geral, na histologia as células são classificadas segundo seu contorno e a 
semelhança que esse possui em relação às formas geométricas. As formas geométricas nas 
quais os histologistas se inspiram para descrever os tecidos fazem parte do conjunto dos 
poliédros, ou seja, formas geométricas tridimensionais que apresentam dois ou mais 
ângulos. As descrições também envolvem as formas arredondadas (elipses e esferas). 
 
 As células epiteliais podem ser: 
a) colunares: podem ser altas ou baixas; as baixas são também chamadas de pavimentosas 
(c); 
b) cuboidais ou cúbicas: possuem o núcleo esférico; 
d) cilíndricas: um exemplo seriam as células do epitélio da traquéia; 
e) prismáticas ou piramidais: possuem o núcleo elíptico. 
 
As células do epitélio (E) da traquéia são cilíndricas 
(HE, 400X). 
 
As células do rim são cuboidais (setas) 
(HE, 400X) 
 
As células do epitélio do estômago são piramidais 
(HE, 400X) 
 
As células da mucosa bucal são pavimentosas (HE, 
400X) 
Existem epitélios denominados de transição, ou seja, em que as células mudam de forma de 
acordo com a função que o tecido epitelial está exercendo. É o caso, por exemplo, do 
epitélio da bexiga. Quando esta está cheia de urina, há uma distenção geral do órgão, 
inclusive do seu epitélio, levando à transformação de suas células globosas em colunares. 
Essa transformação leva ao aumento do volume celular, o qual é necessário diante do 
aumento do volume do órgão como um todo. 
 
As células do epitélio da bexiga são de transição (HE, 400X). 
 
2. Classificação morfológica 
2.2 Quanto à quantidade de camadas de células 
 Se os tecidos epiteliais apresentarem mais de uma camada (ou também 
denominado "estrato"), são chamados de estratificados. A pele e as mucosas em 
geral são formadas por epitélios estratificados. É importante acrescentar que a 
detecção de várias camadas no epitélio é feita pela análise da forma e disposição dos 
núcleos celulares. 
 
A presença dos núcleos de células epiteliais dispostos um acima do outro indica a existência de 
camadas 
(estômago, HE, 100X). 
 Se porém apresentarem uma única camada ou estrato, são denominados de 
simples. O epitélio que reveste a luz dos vasos sangüíneos, por exemplo, é simples. 
 
Figura ao lado: Artéria (A) e veias (V) de pequeno calibre são forradas por um epitélio simples 
(Artéria, HE, 400X). 
 Existem epitélios que aparentam ser formados mais de uma camada. 
Contudo, ao se fazer um exame mais detalhado da lâmina (utilizando principalmente 
microscopia eletrônica), nota-se que as células se dispõem em uma única camada. 
A sensação de se tratar de mais de uma camada é devido à disposição irregular dos 
núcleos celulares. Esses epitélios recebem o nome de pseudoestratificados. Um 
exemplo clássico é o epitélio da traquéia. 
 
O epitélio da traquéia é pseudoestratificado (HE, 400X) 
 
 
2.3 Quanto à forma das células da última camada 
 Essa classificação somente é aplicada aos epitélios estratificados. 
 Nestes, é importante a análise da forma das células da última camada (ou 
seja, da camada mais superficial), para melhor distinção de sua função. 
 Em geral, essas células são, em sua maioria, pavimentosas ou cuboidais. 
 
As células da camada mais superficial do epitélio da mucosa bucal são pavimentosas (HE, 
400X). 
 
2.4 Quanto à presença de queratina na camada mais superficial 
 Essa classificação também é aplicada somente aos epitélios estratificados. 
 A queratina é uma proteína produzida pelosqueratinócitos, as células que 
compõem os epitélios da pele e de algumas mucosas, principalmente a mucosa bucal. 
 Portanto, nesses órgão o epitélio é, em sua maioria, queratinizado, já que suas 
células produzem essa proteína. Contudo, existem epitélios na boca que não são 
queratinizados totalmente (são denominados de paraqueratinizados, ou seja, 
possuem uma queratinização imatura e incompleta). 
 
Epitélio da pele grossa, com camada de queratina bem evidente (CQ). As demais camadas do 
epitélio encontram-se logo abaixo (CE) (HE, 40X). 
 
 Os epitélios estratificados podem ser não queratinizados, como é o caso do 
epitélio que compõe a parede do estômago. 
Figura: O epitélio do estômago não possui queratina (HE, 100X). 
 
2.5 Quanto à existência de especializações de membrana nas células das camadas 
mais superficiais 
 Essa classificação se aplica tanto para os epitélios estratificados quanto para 
os simples. 
 As células mais superficiais podem apresentar algumas especializações que, 
em geral, estão ligadas à condução de partículas ou ao aumento da superfície de 
contato. 
 
Epitélio ciliado da traquéia (HE, 400X). 
 
Essas especializações são: 
a) cílios: são estruturas móveis e alongadas, que se movimentam continuadamente; 
são especializadas na condução de partículas; as células da traquéia, por exemplo, 
possuem cílios; 
b) estereocílios: ao contrário dos cílios, são estruturas imóveis, formadas por um 
longo prolongamento citoplasmático; um exemplo seriam as células do epidídimo 
(órgão do aparelho reprodutor masculino); 
c) microvilos: constituem projeções digiformes (com formato de dedos) existentes na 
superfície de algumas células especializadas na absorção, como as células epiteliais 
do intestino; essas projeções aumentam a superfície de contato com os nutrientes, 
havendo maior absorção. 
Uma outra especialização de membrana seria o flagelo, longa projeção móvel 
destinada ao deslocamento de partículas e de células. No corpo humano, somente os 
espermatozóides o possuem, os quais não constituem tecidos propriamente ditos. 
 
TERMINOLOGIA GERAL 
 A descrição de um tecido epitelial envolve a análise de todo os critérios 
morfológicos anteriormente descritos. De posse deles, deve-se seguir a metodologia 
a seguir expressa: 
1. Verificar a quantidade de camadas (simples, estratificado, pseudoestratificado). 
2. Verificar a forma das células da última camada ou da camada única. 
3. Verificar a presença ou a ausência de queratina. 
4. Verificar a presença ou a ausência de especializações de membrana. 
 
EPITÉLIO ESTRATIFICADO PAVIMENTOSO ESTRATIFICADO 
 
EPITÉLIO PSEUDOESTRATIFICADO CILÍNDRICO CILIADO 
 No caso da ausência de queratina ou de especializações, simplesmente omite-
se esse critério na nomenclatura final. 
 
epitélio da veia (V): EPITÉLIO SIMPLES PAVIMENTOSO 
 
TERMINOLOGIA DAS CAMADAS EPITELIAIS 
 Os epitélios destinados ao revestimento e à proteção estão constantemente 
sendo renovados, havendo uma troca intensiva de suas células. 
 Os epitélios estratificados queratinizados, por sua vez, exercem sua função 
de proteção por intermédio da camada de queratina, a qual constitui um 
verdadeiro isolante contra as agressões físico-químicas do meio exterior. 
 Devido a essa constante renovação e à necessidade de formação da 
camada de queratina (quando esta está presente, é formada pela morte das células 
epiteliais), as camadas dos epitélios estratificados assumem diferentes formas e, 
com isso, diferentes terminologias. 
 
1. Camada basal: é a camada mais profunda, ou seja, a que está em íntimo 
contato com o tecido conjuntivo, o que sustenta e nutre o epitélio. Nela estão 
localizadas as células genitoras das demais camadas, havendo um alto índice 
mitótico nessa região. 
2. Camada espinhosa: vem imediatamente após a camada basal. Contém células 
advindas dessa camada, as quais estão agora sofrendo processos de degeneração 
(caminhando para a morte). Possui esse nome por apresentar, nos cortes 
histológicos, as junções intercelulares bem evidentes, com aspectos de "espinhos". 
3. Camada granulosa: vem imediatamente depois da granulosa e localiza-se 
abaixo da camada de queratina. Nessa camada, as células já se encontram mortas 
e exibem grânulos em seu interior. 
4. Camada de queratina ou córnea: quando presente, é originada do citoesqueleto 
dos queratinócitos mortos na camada granulosa. 
 
RELAÇÃO DO TECIDO EPITELIAL COM O TECIDO CONJUNTIVO 
 Em geral, os epitélios são sustentados por um tecido conjuntivo, o qual será 
estudado em outro capítulo. 
 O tecido conjuntivo confere ao epitélio a nutrição necessária, pois o tecido 
epitelial é desprovido de vascularização (é avascular). 
 Como a nutrição (oxigênio, vitaminas, nutrientes etc.) vem da vascularização, 
o epitélio recebe esses nutrientes por difusão advinda do tecido conjuntivo. 
 
TC - tecido conjuntivo da pele; CE - camada epitelial (HE, 40X). 
 
 Entre o epitélio e o tecido conjuntivo existe um sistema de ancoragem 
próprio para manter unidos esses dois tecidos. Esse sistema envolve a lâmina basal 
e, em alguns tecidos, a membrana basal. 
 
 A lâmina basal é formada por proteínas com características de adesão, 
como a laminina e os proteoglicanos. Essa camada protéica funciona como uma 
verdadeira cola unindo a camada basal do epitélio com os elementos do tecido 
conjuntivo. 
Vale dizer que a visualização dessa estrutura é mais indicada nos microscópios 
eletrônicos, dado o seu pequeno tamanho. 
 Em alguns epitélios, a lâmina basal pode estar unida a fibras reticulares, 
formando então a chamada membrana basal. A membrana basal, assim, 
composta pela lâmina basal e por fibras reticulares, une-se às fibras colágenas 
que compõem o tecido conjuntivo 
 
TECIDOS GLANDULARES 
 
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 O tecido glandular é formado por um epitélio especializado em secreções, na 
condução desses produtos (compondo a porção parenquimatosa ou funcional da 
glândula) e por um tecido conjuntivo que sustenta esse epitélio (denominado de 
estroma ou parte de sustentação da glândula). 
 
Glândula salivar em que se nota o epitélio de secreção (s) e o epitélio de condução (c) 
sustentados por um estroma (e) (HE, 400X). 
 
2. TIPOS DE SECREÇÃO 
 As secreções produzidas pelos epitélios glandulares podem ser formadas 
predominantemente por proteínas, por lipídios ou por carboidratos juntamente 
com proteínas. 
 Existem glândulas ainda que secretam uma mistura desses componentes, 
como é o caso da glândula mamária. 
 
Tireóide, um exemplo de glândula com 
secreção predominantemente protéica, no 
caso o hormônio tireoidiano (HE, 100X). 
 
 
Glândula sudorípara, um exemplo de glândula 
com secreção predominantemente lipídica (HE, 
400X). 
 
 
Glândula submandibular, um exemplo de glândula com secreção predominantemente protéica 
juntamente com carbohidratos 
(HE, 400X) 
 
 As secreções produzidas pelos epitélios glandulares ficam temporariamente 
arquivadas no citoplasma das células sob a forma de vesículas. No momento da 
secreção, essas vesículas se fundem à membrana plasmática, liberando o produto 
para o meio extracelular. 
 As células dos epitélios glandulares são, em geral, polarizadas, isto é, 
apresentam duas extremidades bastantes nítidas: um pólo basal, próximo à região de 
contato com a lâmina basal, e um pólo apical, que se encontra em direção oposta ao 
basal. Em geral, nas glândulas a secreção é feita pelo pólo apical. 
 
 
A liberação do produto de secreção, o qual é armazenado temporariamente em vesículas 
(bolinhasamarelas no desenho) dentro do citoplasma celular, é feita mediante estímulo de 
terminações nervosas próximas às células glandulares. Quando isso ocorre, as vesículas se 
fundem à membrana plasmática, rompem-se e liberam o produto de secreção para o meio 
extracelular (esse processo é denominado de pinocitose). Geralmente essa liberação é feita no 
pólo apical da célula, porção do citoplasma distante do pólo basal, o que fica apoiado na 
lâmina basal. 
 
3. CLASSIFICAÇÃO 
Os epitélios glandulares podem ser classificados de acordo com: 
a) o número de células que os compõe; 
b) o destino da secreção produzida; 
c) a maneira como ocorre essa secreção; 
d) a morfologia da porção funcional ou parenquimatosa da glândula. 
 
3.1 De acordo com o número de células 
 As glândulas, quando formadas por uma única célula, são ditas unicelulares. 
Um exemplo clássico de uma glândula unicelular são as células caliciformes, 
encontradas, por exemplo, na traquéia e na mucosa intestinal. 
 
Célula caliciforme da traquéia (seta), um exemplo de glândula unicelular (HE, 400X). 
 
 A maioria das glândulas do corpo humano são pluricelulares, isto é, são 
formadas por mais de uma célula, as quais se arranjam de diferentes maneiras. 
 
 
Glândulas presentes no esôfago, formadas por várias células (pluricelulares) (HE, 400X). 
 
3.2 De acordo com o destino da secreção 
 Se a secreção ultrapassar o tecido epitelial e atingir o interior de cavidades ou 
mesmo o meio exterior ao corpo, diz-se que a glândula que a produziu é exócrina. 
Exemplos são o produto de secreção da célula caliciforme da traquéia (que penetra 
nas vias aéreas) ou a saliva, secreção produzida pelas glândulas salivares localizadas 
na cavidade bucal. 
 
As glândulas sebáceas (GS) (localizadas na pele) também são um exemplo de glândula 
exócrina, pois seu produto de secreção atinge o meio externo ao corpo. 
 
 Para atingir cavidades ou o meio extracorpóreo, a secreção é conduzida por um 
sistema de ductos. Nesses casos, a glândula possui uma porção secretora (na qual 
se forma a secreção) e uma porção condutora (formada pelos ductos). 
 
Porção condutora (c), formada por ductos, e secretora (formada por túbulos) da glândula 
salivar (HE, 400X). 
 
 Além das glândulas exócrinas, existem também as glândulas endócrinas, cuja 
secreção é lançada para o meio extracelular e cai diretamente na corrente 
sangüínea, sem a presença de ductos. 
 
A tireóide é um exemplo de glândula endócrina: seu produto de secreção (CG), denominado 
colóide, cai diretamente na corrente sangüínea. EG = epitélio da glândula (HE, 400X). 
 
3.3 De acordo com a saída da secreção 
 As glândulas nas quais há somente liberação do produto de secreção são 
denominadas merócrinas. 
 Aquelas em que, no momento da secreção, há liberação da unidade celular 
como um todo (esta leva consigo o produto de secreção) são chamadas de 
holócrinas. 
 Por fim, as glândulas em que ocorre liberação do produto de secreção 
juntamente com parte do citoplasma celular são denominadas de apócrinas. 
 
 
A glândula salivar é um exemplo de glândula merócrina (HE, 400X). 
 
A glândula sebácea (GS) é um exemplo de 
glândula holócrina (HE, 400X). 
 
 
As glândulas sudoríparas são um exemplo de 
glândulas apócrinas (HE, 400X). 
 
3.4 De acordo com a morfologia da porção parenquimatosa 
 A porção parenquimatosa da glândula, isto é, aquela que forma a secreção e 
a conduz, pode apresentar diferentes formas. As formas da porção secretora podem 
ser: 
a) cordonal: comum nas glândulas 
endócrinas. Nesse formato, as células se 
dispõem como cordões entremeados 
por capilares. Ex.: glândula adrenal, 
hipófise etc. 
 
b) vesicular: também comum nas 
glândulas endócrinas. Formam-se 
vesículas e, no meio delas, existe um 
espaço no qual é secretado o produto 
glandular. 
c) acinosa: comum nas glândulas 
exócrinas. As células possuem formato 
piramidal e seu produto de secreção é 
lançado no centro do ácino. Desse centro, 
a secreção imediatamente cai em um 
ducto e é conduzida. 
 
d) tubulosa: as células são mais globosas 
e se arranjam formando túbulos 
(pequenos tubos), em cujo centro é 
secretado o produto glandular. Nesse 
centro, tal qual acontece na acinosa, 
também existe um ducto adjacente para 
recolher e conduzir a secreção. A 
glândula tubulosa também é do tipo 
exócrina. 
 
 Quando as porções secretoras se subdividem, as glândulas são denominadas de 
ramificadas. 
 Podem existir associações entre as formas, como é o caso das glândulas 
tubuloacinosas. 
 As formas da porção condutoras (dos ductos) dizem respeito à subdivisão ou 
não dos ductos. As glândulas cujos ductos não se subdividem são denominadas de 
simples. Já as que se subdividem recebem o nome de ramificadas. 
 
A glândula salivar é ramificada, isto é, seus ductos se subdividem em várias porções, 
determinando calibres variados. 
 
 
 
TECIDO CONJUNTIVO 
 
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 O tecido conjuntivo, em geral, possui as seguintes características: 
1) riqueza de material intercelular (fibras, material amorfo, plasma intersticial); 
2) riqueza de tipos celulares distintos (fibroblastos, células de origem sangüínea); 
3) presença de vasos sangüíneos (com algumas exceções para alguns tipos de tecido 
conjuntivo, como por exemplo, o tecido cartilaginoso); 
4) presença de outros tecidos, como glândulas, nervos periféricos e tecido adiposo. 
 
Tecido conjuntivo em que se nota grande quantidade de material intercelular composto por fibras e as 
células representantes do tecido conjuntivo: os fibroblastos (HE, 200X) 
 
2. CLASSIFICAÇÃO 
 Em geral, todos os tecidos derivados do folheto embrionário mesodérmico são 
denominados de conjuntivos. 
 Esses tecidos incluem, principalmente, os tecidos conjuntivos propriamente ditos, 
que dão suporte e preenchimento a outros tecidos; o tecido adiposo; o tecido 
cartilaginoso; e o tecido ósseo. 
 Esse capítulo discutirá somente o tecido conjuntivo propriamente dito, sendo os 
demais tecidos abordados em capítulos específicos. 
MATRIZ EXTRACELULAR (MEC) 
 Quando os protozoários começaram a se tornar metazoários, algum material precisava 
unir as células e servir de arcabouço. Este material é a matriz extracelular, composta 
principalmente de colágeno. 
 Sem o colágeno, o corpo humano ficaria reduzido a um amontoado de células. A 
esponja natural (a maioria usada atualmente é sintética) usada para o banho é composta de 
colágeno. 
 
A matriz extracelular pode ser definida como uma rede complexa de fibras colágenas e 
elásticas, embebidas em substância amorfa de constituição viscoelástica formada de 
proteoglicanos e glicoproteínas. 
 As diferenças morfológicas e mecano-fisiológicas dos diferentes tecidos conjuntivos 
dependem das variações em concentração, estado de agregação e ordenação molecular de 
seus constituintes, isto é, fibras, proteoglicanos e glicoproteínas. 
 
3. FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO 
 As fibras do tecido conjuntivo em geral compreendem dois grandes grupos: 
1) do sistema colágeno: incluem fibras colágenas e fibras reticulares, ambas produzidas 
pelo fibroblasto, a célula representante do tecido conjuntivo. 
2) do sistema elástico: incluem somente as fibras elásticas. Estas são produzidas tanto 
pelos fibroblastos quanto pelas células representantes do tecido cartilaginoso, 
denominadas condrócitos, e pelas células musculares lisas. 
Uma fibra pode ser definida como um conjunto de proteínas polimerizadas que formam 
estruturas alongadas 
 
3.1 Fibras colágenas 
 As fibras colágenassão formadas por glicoproteínas e estão organizadas em 
feixes. A olho nu, as fibras colágenas possuem cor branca e, microscopicamente, coram-se 
fortemente pela eosina, sendo, portanto, eosinofílicas (ou acidofílicas). 
 
 As fibras colágenas organizam-se em feixes, como dissemos anteriormente. Um feixe 
é um conjunto de fibras, e um conjunto de fibras é composto por um conjunto de 
fibrilas. As fibrilas são compostas pelo tropocolágeno, o qual, quando organizado, forma 
uma molécula de colágeno. 
 
 Para formar a fibrila, o tropocolágeno organiza-se em três fitas, que se enrolam 
helicoidalmente. Essas fitas constituem duas cadeias alfa e uma cadeia beta, as quais 
encontram-se unidas por pontes de hidrogênio e de enxofre. 
FIGURA: Grande quantidade de 
fibras colágenas dispostas em vários 
sentidos. Os pontos azuis são núcleos 
de fibroblastos. Veja também um 
grande vaso sangüíneo presente (HE, 
100X). 
 
 
 
 Existem vários tipos de colágeno (já foram descritos cerca de 14 tipos), sendo os mais 
importantes os seguintes: 
1) tipo I - compõe 90% de todos os colágenos, sendo muito resistente. Forma o tecido 
conjuntivo propriamente dito, os tendões, os ligamentos, as cápsulas articulares, etc. 
2) tipo II - forma as cartilagens hialina e elástica. 
3) tipo III - forma as fibras reticulares. 
4) tipo IV - forma a lâmina basal (que promove ancoragem entre o tecido epitelial e o 
conjuntivo propriamente dito). 
5) tipo V - associa-se ao tipo I para formar as fibrilas. 
6) tipo IX - também compõe as cartilagens hialina e elástica. 
 
 
 Tendão (HE, 100X) Esquema da membrana basal 
 
3.2 Fibras reticulares 
 As fibras reticulares são bastante delicadas e originam uma rede cuja função é 
constituir um arcabouço de sustentação a outros tecidos, principalmente a órgãos 
hematopoiéticos (por exemplo, linfonodos e baço). 
 As fibras reticulares são também encontradas no fígado e nos rins, formando redes 
também nesses órgãos. 
 Não são visíveis em HE (hematoxilina-eosina), sendo necessárias colorações 
especiais para seu estudo. 
 
3.3 Fibras elásticas 
 As fibras elásticas são mais delgadas do que as colágenas e possuem, como 
componente principal, uma proteína denominada elastina. Essa proteína confere 
elasticidade a essas fibras. 
 Estas são pouco visíveis quando coradas em hematoxilina e eosina, sendo também 
necessárias, tal qual acontece com a fibra reticular, colorações especiais para visualização. 
As fibras elásticas são vistas, por exemplo, na parede de vasos sangüíneos de médio e 
grosso calibre. 
 
 Proteoglicanos - Os proteoglicanos formam a substância amorfa do tecido 
conjuntivo, servindo como material de preenchimento e de cimentação das fibrilas de 
colágeno. 
São assim chamados porque são formados de um núcleo protéico e glicosaminoglicanos. 
 
4.1 Fibroblasto 
 O fibroblasto é uma célula derivada diretamente do mesênquima e produtora 
essencialmente do procolágeno, uma molécula precurssora do colágeno. 
 Essa célula possui formato fusiforme (forma de fuso, com as extremidades 
alongadas e terminando em zero) e núcleo ovóide, por vezes amplo e volumoso. 
Seu citoplasma pode ser também bastante amplo. 
 O fibroblasto se transforma em fibrócito quando fica aprisionado por entre as 
fibras colágenas. Nesse caso, adquire formato extremamente alongado e fino. 
 
Fibroblastos (HE, 400X) 
4.2. Células inflamatórias 
a) mastócito: é uma célula de defesa especializada na secreção da histamina, um 
componente químico da inflamação. 
 Está presente em praticamente todos os fenômenos de defesa locais, sendo 
portanto facilmente encontrado nos tecidos conjuntivos propriamente ditos. É comum 
também nos processos que envolvem alergia. 
 Possuem grânulos em seu citoplasma, ricos em histamina. 
Os mastócitos, com sua secreção de histamina, provocam o aumento da permeabilidade da 
microcirculação sangüínea local, facilitando com que outras células de defesa saiam do 
sangue e penetrem no tecido conjuntivo 
 
Os mastócitos têm importância fundamental na defesa do nosso organismo. Eles estão 
estrategicamente localizados nas vizinhanças de vasos sangüíneos do tecido conjuntivo, onde combatem 
antígenos que porventura penetrem na circulação através de líquido tecidual ou de descontinuidades 
epiteliais. Os mastócitos funcionam como "sentinelas", uma vez que possuem alta sensibilidade, com IgE 
específicos de antígenos que já apareceram no corpo. Quando estes antígenos reaparecem, e são percebidos 
através de seu IgE específico, provocam a liberação de mediadores químicos situados em vesículas dentro 
dos mastócitos. Esta é a base da reação inflamatória. 
 
Notar: fibras colágenas em azul e fibras musculares lisas em amarelo. Os 
mastócitos são observados como células repletas de grânulos arroxeados 
 
b) macrófagos: também são células de defesa especializadas na fagocitose de corpos 
estranhos. 
 O Sistema Mononuclear Fagocitário (S.M.F) é formado pelos macrófagos que 
colonizam os vários órgãos e tecidos, como baço e fígado. 
 São originados do monócito, uma célula sangüínea. Atuam intensivamente nos 
processos imunológicos, apresentando antígenos para outras células de defesa e ou 
fagocitando-os. 
 É o monócito que migrou para os tecidos, ficando mais ativado. Torna-se maior, 
citoplasma mais abundante, com mais mitocôndrias, lisossomos, maior capacidade de 
fagocitose e núcleo arredondado ou oval. 
 O macrófago tem papel central nas reações imunológicas, sendo a célula 
processadora e apresentadora de antígeno aos linfócitos. 
 Quando ativado o macrófago sofre modificações ficando maior, com mais 
mitocôndrias, lisossomos e maior capacidade de fagocitose. 
 
 
A) MONÓCITO: Leucócito do sangue, com núcleo riniforme. Constituem 4-6% dos 
leucócitos circulantes, e permanecem no sangue em média 32 horas. 
B) CÉLULA DE KUPFER: Macrófago que recobre os sinusóides hepáticos. 
C) CÉLULA EPITELIÓIDE: Macrófago modificado, presente em granulomas. 
D) CÉLULA GIGANTE MULTINUCLEADA: Resultante da fusão de macrófagos em 
algumas inflamações, como paracoccidioidomicose e nas respostas a corpos estranhos. 
Quando vários macrófagos se juntam para fagocitar o agente agressor em um processo 
inflamatório, transformam-se em uma célula gigante, com vários núcleos e citoplasma 
bastante amplo. Esse procedimento é bastante comum nas inflamações crônicas, em que 
o agente agressor persiste no tecido. 
 
FIGURA: Um exemplo em destaque de célula gigante com vários núcleos (dita multinucleada), 
formada a partir da reunião de vários macrófagos. 
 
 
E) ADIPÓCITOS 
 São células responsáveis pelo armazenamento de gorduras neutras. 
o Reserva alimentar 
o Preenchimento de espaços vagos 
o Isolante térmico 
Possui dois subtipos: 
1. Unilocular 
Apresenta 1 gota de gordura no citoplasma – gordura amarela. 
2. Multilocular 
Apresenta várias gotículas – gordura parda. 
 Também são derivados dos macrófagos o osteoclasto e seus similares, 
dentinoclasto e cementoclasto. 
 
 
c) linfócitos: são células também apresentadoras de antígenos e caracterizam as 
inflamações crônicas. 
 Há cerca de 2 x 1012 linfócitos no corpo humano, massa celular semelhante a do 
fígado. 
 São formados na medula óssea, sofrendo maturação no timo ou na própria 
medula óssea. Nas aves o linfócito B sofre maturação na Bursa de Fabricius. 
 O núcleo é volumoso, ocupando quase toda a célula, que fica com escasso 
citoplasma e poucas organelas. 
 Estão presentes no sangue, linfa e órgãos linfóides. Os linfócitosconstituem 25-
30% dos leucócitos do sangue e 99% da linfa. 
 No sangue 60-70% são do tipo T. Os linfócitos têm vida longa (100-200 dias) e 
alguns duram 10-20 anos. 
 De acordo com a sua maturação são classificados em virgem, efetor e memória. 
Os virgens são oriundos dos órgãos linfóides primários (timo e medula óssea). Os 
linfócitos recirculam nestes tecidos, passam do sangue para os órgãos linfóides e linfa. 
Os órgãos linfóides guardam as portas de entrada do corpo: amígdala - boca, adenóide - 
nariz, linfonodos axilares - braço, linfonodos inguinais - pernas, placas de Peyer - 
intestinos, baço - sangue. 
 
A) CD - Cluster de diferenciação - São proteínas da superfície dos linfócitos que 
permitem classificá-los. São expressas de acordo com a diferenciação dos linfócitos. Ex.: 
CD-4, CD-8. 
 
B) LINFÓCITOS B: 
 Quando estimulados se proliferam e se diferenciam em linfócitos B memória e 
plasmócitos. São responsáveis pela produção de anticorpos ,tendo também anticorpos na 
superfície da membrana celular. 
 
C) LINFÓCITOS T: 
 Os linfócitos T são divididos em T auxiliares (T4) e T citotóxicos (T8). Os LT4 são 
reguladores e os LT8 efetores, matando principalmente células infectadas com vírus. Os 
LT auxiliares estão divididos em Thelper 1(Th1) e Thelper 2 (Th 2). 
 
D) LINFÓCITOS NK (“NATURAL KILLER”): são linfócitos citotóxicos não 
identificados como B ou T. Atuam de maneira inespecífica, não se sabendo como 
reconhecem a célula alvo. As células citotóxicas provocam poros na célula alvo, através de 
proteínas chamadas perfurinas. 
 
 
 
d) neutrófilos: ao contrário dos linfócitos, os neutrófilos caracterizam as inflamações 
agudas. São células que realizam a fagocitose dos antígenos. 
 Os neutrófilos constituem 50-70% dos leucócitos circulantes. Permanecem na 
circulação por alguns dias. 
 Os PMN têm cerca de 12 µm de diâmetro, núcleo lobulado (2-5 lóbulos) e grânulos 
citoplasmáticos. 
 Constituem-se na 1ª linha de defesa do organismo, tendo intensa atividade 
fagocitária. Quando migram, fagocitam ou morrem, liberam enzimas lisossomiais 
potentes que causam destruição das bactérias e dos componentes teciduais. 
 
A) ABSCESSO: 
 Abscesso é o acúmulo localizado de grande quantidade de neutrófilos num órgão 
ou tecido, com destruição das estruturas normais, e formação de líquido viscoso 
chamado pus. O abscesso geralmente é causado por bactérias piogênicas, mas substâncias 
químicas também o provocam, como os óleos de terebentina e de croton. 
 A medida que aumenta a quantidade de pus, o organismo tenta eliminar, como ocorre 
freqüentemente na pele e boca. O DNA oriundo principalmente dos neutrófilos aumenta a 
viscosidade do pus, dificultando a drenagem. Em abscessos causados por bactérias, o uso 
indevido de antibióticos pode retardar a drenagem, e favorecer o estabelecimento de uma 
massa necrótica, difícil de ser reabsorvida. 
 
B) FAGOCITOSE: 
 A fagocitose é o englobamento de partículas de 0,1 m ou mais, pelos 
macrófagos e neutrófilos. A fagocitose é facilitada pela IgG e IgM e C3b do 
complemento, chamadas de opsoninas. Estas moléculas se fixam a receptores da 
membrana dos neutrófilos e macrófagos. 
 
 
 
e) eosinófilos: também são relacionadas a processos alérgicos, sendo mais difícil sua 
visualização nos tecidos conjuntivos. 
 Erlich em 1879 descreveu o eosinófilo como um leucócito com afinidade peculiar a 
eosina. 
 Constituem 1-2% dos leucócitos circulantes. Participam de reações alérgicas e 
infecções por parasitas. 
 São encontrados em grande número sob epitélios que têm grande população 
bacteriana, como nasal, intestinal e vaginal. 
 O EØ permanece no sangue de 3-8 horas, migrando para os tecidos onde deve 
permanecer alguns dias. A proporção de EØ sangue/tecido é estimada em 1:300. 
 O EØ do homem tem núcleo bilobado, enquanto que o do rato é circular. Os 
grânulos citoplasmáticos são elipsóides e eosinófilos, com material cristalóide na 
região central. 
 
 
f) plasmócitos: são células produtoras de anticorpos, as proteínas que realizam defesa 
local neutralizando os antígenos. 
 O plasmócito produz anticorpos. É facilmente reconhecido nas áreas de inflamação 
pelo núcleo excêntrico, com cromatina condensada na parede nuclear em forma de 
roda de carroça. O citoplasma é abundante, rico em RER e o Golgi é proeminente, 
aparecendo como espaço claro junto ao núcleo. Representa o estágio final de 
diferenciação do LB. 
 
Fisiologia dos Macrófagos/Linfócitos/Plasmócitos 
 Quando o macrófago fagocita uma substância estranha ao organismo, produz 
interleucina, que promove a proliferação de linfócitos T4 e T5. 
 Estes, por sua vez, liberam um outro tipo de interleucina que induz o linfócito B a 
se transformar em plasmócito, que produzirá anticorpos. 
 Esse mecanismo é chamado de Imunidade Humoral. 
 Os linfócitos T produzem também uma substância chamada interferon, uma 
proteína produzida pelas células quando estas são agredidas por vírus. O interferon age de 
modo a impedir a multiplicação do vírus dentro da célula. Além disso, também diminui a 
reprodução celular, sendo utilizado no tratamento do câncer. 
 Os plasmócitos também podem atacar uma célula estranha diretamente, 
membrana contra membrana, utilizando uma proteína chamada perfurina, que destrói vírus, 
bactérias, células cancerosas e células de órgãos transplantados. Este tipo defesa chama-se 
Imunidade Celular. 
 
Linfonodo, H&E 
Notar: no seio peritrabecular células como plasmócito (à esquerda) e 
macrófago (com material englobado em amarelo). 
 
 
 
FIGURA: Vários plasmócitos reunidos no 
tecido conjuntivo. No centro, nota-se um 
acúmulo de anticorpos (denominas 
imunoglobulinas), os quais também estão 
espalhados pelo conjuntivo (setas). 
 
 
5. TIPOS DE TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO 
 O tecido conjuntivo pode ser dos seguintes tipos: 
1) Denso: possui grande quantidade de fibras colágenas. 
2) Frouxo: possui pouca quantidade de fibras colágenas. 
3) Mucoso: possui grande quantidade de líquido tissular por entre as fibras 
colágenas. 
 
 
 
 
 
 
FIGURAS: Da esquerda para a direita, de cima 
para baixo: tecido conjuntivo denso (tendão), 
diferenças entre tecido conjuntivo denso e frouxo 
(pele grossa) e tecido conjuntivo mucoso (cordão 
umbilical). 
 
TECIDO CONJUNTIVO FROUXO COMUM 
 A denominação frouxo deve-se, pois é um tecido mole, flexível e algo elástico, e 
comum, pois está amplamente distribuído em todas as partes do corpo humano. 
 É formado por células e matriz extra-celular, apresenta também pequenos vasos 
e nervos. 
 Sua distribuição preza pelo confinamento e manutenção completa das células 
dos demais tecidos. 
 Por não ser capaz de suportar grandes pressões, comumente está sustentado 
por outros tipos de TC (mais densos). 
 
 
TECIDO CONJUNTIVO DENSO 
 O tecido conjuntivo denso é rico em fibras colágenas. É dividido em tecido 
conjuntivo denso modelado e não modelado. 
 
A) Tecido conjuntivo denso modelado 
 No tecido conjuntivo modelado, os feixes de fibras colágenas estão arranjados 
numa direção definida, o que confere ao tecido bastante resistência em trações numa 
única direção. O exemplo clássico de tecido conjuntivo denso modelado é o que ocorre 
nos tendões. 
 
 
B) Tecido conjuntivo denso não-modelado 
 No tecido conjuntivo denso não modelado os feixes de fibras colágenas não estão 
orientados em uma direção definida, o que confere ao tecido bastante resistência a 
trações feitas em todas as direções. O tecido conjuntivo denso não modelado éencontrado na derme. 
 
 
 
 
Tecido conjuntivo denso modelado (tendão, à esquerda) e tecido conjuntivo denso não modelado 
(pele grossa, à direita) (HE, 100X) 
 
 
C) Tecido conjuntivo adiposo 
 Mais comum o tipo unilocular, sua concentração depende de hábitos de vida, 
sexo e idade. 
 Ligado as funções de proteção mecânica, térmica e preenchimento de espaços 
entre estruturas internas. 
 
D) Tecido conjuntivo elástico 
 Apresenta grande quantidade de fibras elásticas. Aparece em estruturas como o 
ligamento amarelo da coluna vertebral. 
 
E) Tecido conjuntivo reticular 
 Ligado à resistência contra pressão e estiramento. Órgãos hemocitopoiéticos. 
 
F) Tecido conjuntivo mucoso 
 Grande quantidade de SFA e células. Cordão umbilical (geleia de Whatrton). 
 
 
 
 
TECIDO ADIPOSO 
Características gerais 
 O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo formado por células globosas 
que contém gotículas de lipídios em seu citoplasma. 
 Devido a essas gotículas, o núcleo dessas células é pequeno e deslocado para a 
periferia da célula. 
 Nos corte histológicos, devido ao processamento a que é submetido o tecido 
(havendo desidratação e dissolução das gorduras), vemos somente a imagem negativa 
da gordura, ou seja, a área que ela ocupava. Por isso o citoplasma das células do tecido 
adiposo (adipócitos) não está corado, somente o seu núcleo. 
 
Funções 
 O tecido adiposo possui as seguintes funções: 
1) constituir um depósito de energia, armazenada sob a forma de gorduras; 
2) constituir uma barreira contra agressões mecânicas; 
3) modelar superfícies; 
4) servir como preenchimento para alguns órgãos; 
5) dar sustentação para alguns órgãos; 
6) realizar a termorregulação, armazenando calor. 
 
FIGURA: O tecido adiposo dá sustentação, por exemplo, para a glândula tireóide (TG) (HE, 25X) 
 
Classificação 
1. Tecido adiposo amarelo ou unilocular 
 Nesse tecido adiposo, os adipócitos possuem somente uma gotícula de lipídeo, a 
qual ocupa o citoplasma por inteiro. 
 Compõe a maioria dos tecidos adipócitos no homem. Forma o panículo adiposo, a 
camada de gordura que se localiza abaixo da pele por todo nosso corpo. 
 
 
2. Tecido adiposo multilocular 
 Os adipócitos exibem várias gotículas de lipídios no interior do citoplasma. 
 Esse tipo de tecido adiposo é raro no homem adulto, sendo observado 
principalmente nos recém-nascidos. Com o tempo, o tecido adiposo passa de 
multilocular para unilocular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TECIDO ÓSSEO 
O objetivo desse capítulo é apresentar as principais características do 
tecido ósseo, ressaltando o dinamismo funcional do mesmo, bem 
como os diferentes processos de ossificação. 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS E FUNÇÕES 
 O tecido ósseo é um tecido conjuntivo especializado cuja matriz extracelular é 
calcificada (mineralizada). Por essa razão, possui as seguintes funções: 
1) compor o esqueleto; 
2) dar suporte aos tecidos moles, principalmente ao tecido muscular; 
3) proteger a medula óssea, a qual origina as células do sangue; 
4) ser a principal fonte de cálcio e fosfato do corpo humano. 
 
O tecido ósseo envolve a medula óssea, protegendo contra possíveis agressões, principalmente 
mecânicas (HE, 100X) 
 
Componentes do tecido 
 A célula produtora da matriz óssea (composta principalmente por colágeno tipo I) 
é denominada de osteoblasto. 
 O osteoblasto, ao secretá-la, fica aprisionado nessa matriz e passa a ser denominado 
de osteócito. 
 O lugar que o osteócito ocupa é denominado de osteoplasto ou lacuna. 
Existe ainda o osteoclasto, uma célula especializada na dissolução da matriz óssea. 
 
 O tecido ósseo ainda é circundado externamente por um tecido conjuntivo 
denominado de periósteo. 
 O periósteo é responsável por parte da nutrição do osso e também por fornecer 
osteoblastos para o tecido (fibroblastos do periósteo transformam-se em osteoblastos). 
 Internamente, há também um outro tecido conjuntivo (bem fino, como se fosse uma 
membrana) intensamente vascularizado e que também fornece osteoblastos para o 
osso. Esse tecido é denominado de endósteo. 
 
FIGURA: Existem dois tipos de tecido ósseo: longo e chato. Ao redor desses ossos, há uma estrutura 
compacta que reveste uma esponjosa. O periósteo (fio azul) recobre externamente o osso compacto e 
o endósteo (fio amarelo), internamente, envolvendo inclusive o osso esponjoso. 
 
 Os métodos para visualização dos componentes do tecido ósseo incluem a 
descalcificação do mesmo, para visualização das estruturas fibrosas e celulares, e o 
desgaste, para visualização das estruturas minerais. 
 No osso desgastado, visualiza-se a unidade mínima do tecido ósseo denominada 
sistema de Havers. No osso descalcificado, essa estrutura é mais difícil de ser 
visualizada. 
 O sistema de Havers é composto pelo canal de Havers, pelas lacunas ocupadas 
pelos osteócitos e pelas lamelas (porções de tecido ósseo depositadas concentricamente ao 
canal de Havers). 
 No canal de Havers passam vasos sangüíneos que nutrem o tecido ósseo e 
principalmente estabelecem as trocas iônicas com ele. 
 
 
 Ás vezes, um canal de Havers pode estar ligado a outro(s) por intermédio do canal 
de Volkmann, por onde também circulam vasos sangüíneos. 
 O sistema de Havers é visualizado somente no osso maduro, ou seja, aquele já bem 
estruturado e calcificado. 
 
 
FIGURA: Canal de Volkmann (CV) em detalhe, unindo dois canais de Havers. Na figura anterior, o 
canal de Volkmann está unindo três canais de Havers (Osso desgastado, 400X). 
 O tecido ósseo maduro é aquele que possui uma matriz bem calcificada, poucos 
osteócitos e exibe o sistema de Havers. O osso imaturo, por sua vez, não está com a 
matriz bem calcificada, ainda exibe muitos osteócitos e não apresenta ainda o sistema 
de Havers. 
 
METABOLISMO DE CÁLCIO 
 Dissemos anteriormente que a principal fonte de cálcio do organismo é o 
esqueleto, ou seja, o tecido ósseo. 
 Esse tecido recebe cálcio do sangue e se calcifica, mas, ao mesmo tempo, devolve 
esse íon quando necessário, mantendo estáveis os níveis de cálcio no sangue 
(calcemia). 
 Quando o osteoblasto deposita a matriz óssea, esta contém elementos propícios a 
reagir com o cálcio, mantendo-o conjugado quimicamente. Por outro lado, sendo 
necessária a devolução do cálcio para o sangue, entra em ação o osteoclasto, que 
dissolve a matriz óssea, liberando os íons cálcio e fosfato para a corrente sangüínea. 
 O osteoclasto libera enzimas que tornam ácido o meio, o que facilita o 
desprendimento do cálcio da matriz óssea. Em outras palavras, o osteoblasto realiza a 
aposição óssea e o osteoclasto, a absorção óssea. 
 Um estímulo constante à aposição óssea é a ação dos músculos sobre o esqueleto. A 
tração exercida pelas fibras musculares no tecido ósseo constitui um estímulo ao 
osteoblasto à deposição de matriz óssea. 
 
Controle da mobilização de cálcio 
 Todo o mecanismo de mobilização de cálcio do osso para o sangue e vice-versa é 
bastante complexo e depende de uma série de fatores. Alguns deles são: 
1) Difusão simples: o cálcio é um íon que se difunde facilmente pelos dois tecidos em 
questão (sangue e osso), devido a propriedades químicas inerentes a ele; por isso, está 
ligado a reações de aposição e absorção extremamente dinâmicas, sendo propício para tal. 
2) Ação hormonal: vários hormônios controlam essa mobilização, alguns favorecendo 
a aposição, outros, a absorção. Por exemplo, o paratormônio (produzido pelas 
glândulasparatireóides) promove o aumento da quantidade de osteoclastos, 
favorecendo a absorção óssea. Um hormônio antagonista, a calcitonina (produzido pelas 
glândulas tireóides) inibe essa absorção. Hormônios de crescimento e sexuais também 
atuam na mobilização do cálcio, a maioria deles favorecendo a aposição. 
3) Ação de vitaminas e nutrientes: o leite é a principal fonte de cálcio extracorpórea; 
a vitamina D, por sua vez, facilita do trânsito do cálcio por entre as células, sendo 
importantíssima para o equilíbrio do tecido ósseo. 
 São inúmeras as patologias envolvendo a mobilização de cálcio. Por exemplo, o 
raquitismo constitui um quadro patológico em que o indivíduo apresenta um esqueleto 
malformado devido à carência de vitamina D. A osteoporose, por sua vez, observada 
principalmente nos idosos e nas mulheres em menopausa, é oriunda da ausência de 
hormônios e da ação dos músculos sobre os ossos. 
 
OSSIFICAÇÃO 
 Dissemos no capítulo sobre cartilagem que o embrião é composto, inicialmente, por 
um esqueleto de tecido cartilaginoso que posteriomente se calcifica originando os ossos 
(ossificação). Essa ossificação pode ser de dois tipos: 
1) Ossificação intramembranosa 
 A ossificação intramembranosa ocorre em um molde de tecido conjuntivo (bem 
fino, do tipo membrana), ou seja, o cálcio se deposita sobre um tecido conjuntivo 
propriamente dito e os fibroblastos se diferenciam nas células ósseas. 
 Esse tipo de ossificação é observado principalmente nos ossos do crânio (frontais, 
parietais e occipitais), mas também nos processo iniciais de ossificação dos ossos longos. 
 
2) Ossificação endocondral 
 Essa ossificação utiliza um molde de tecido cartilaginoso (principalmente do tipo 
hialino), sendo responsável pela calcificação dos ossos longos e curtos. 
 Contudo, ela depende de uma ossificação intramembranosa prévia. Por exemplo, 
nos ossos longos ocorre inicialmente uma ossificação intramembranosa na região do 
osso compacto, originando um cilindro de osso. No centro desse cilindro, ocorre a 
ossificação endocondral, iniciando na epífise. 
 
 
Articulação do joelho do rato, em que se observam dois ossos longos (1 e 2). Na porção externa, 
principalmente da diáfise desses ossos, já ocorreu uma ossificação intramembranosa; na epífise está 
ocorrendo a ossificação endocondral (Imagem negativa do HE, 10X). 
 
Na ossificação endocondral, o condrócito sofre processos sucessivos de degeneração, 
os quais originam zonas diferentes no tecido: 
a) zona de repouso (Z1): os condrócitos estão normais; 
b) zona seriada (Z2): os condrócitos ficam achatados e se arranjam em fileiras; 
c) zona hipertrófica (Z3): os condrócitos estão em franca degeneração, exibindo acúmulo 
intracelular de glicogênio, o que faz com que fiquem volumosos; 
d) zona calcificada (Z4): os condrócitos já estão mortos e, sobre essa matriz, já há o 
depósito de cálcio; 
e) zona ossificada (Z5, figura abaixo): reconhecem-se as estruturas do tecido ósseo 
(osteócitos, osteoblastos, osteoclastos etc.). 
 
 
 
 
 
TECIDO CARTILAGINOSO 
Neste capítulo, será descrito o tecido cartilaginoso, focalizando 
principalmente seus tipos e funções. 
1. FUNÇÕES 
 Dentre outras funções, o tecido cartilaginoso deve: 
1) Fornecer suporte aos tecidos moles, principalmente tecidos de preenchimento. 
2) Revestir externamente as superfícies articulares, promovendo um "coxim" 
durante os movimentos articulatórios. 
3) Fornecer sua base cartilaginosa para calcificação, contribuindo para o 
crescimento dos ossos longos (ossificação). 
 Essas funções dependem da consistência da matriz da cartilagem, a qual 
varia segundo a localização anatômica. 
 Assim, existem matrizes cartilaginosas formadas por colágeno, 
proteoglicanas e condronectina (a proteína que distingue a cartilagem dos demais 
tecidos) e por colágeno, proteoglicanas, condronectina e elastina. Essa última 
proteína torna a matriz mais elástica. A quantidade desses elementos faz a distinção 
dos diferentes tipos de cartilagem. 
 
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 O tecido cartilaginoso é um tipo de tecido conjuntivo cuja matriz extracelular 
possui consistência rígida. Conforme as descrições acima, dependendo dessa 
consistência o tecido cartilaginoso assume uma função especial. 
 Uma delas é fornecer sua base cartilaginosa para a ossificação de ossos 
longos. Portanto, o tecido cartilaginoso não está ossificado, mas é passível de 
ossificação. 
 
 É um tecido sem vasos sangüíneos, nervos e vasos linfáticos. O suprimento 
sangüíneo e nutricional advém do pericôndrio, o tecido conjuntivo denso que 
reveste a cartilagem. 
 65 
 
FIGURA: Pericôndrio (P) e sua relação 
com a cartilagem (C) (HE, 100X). 
 
 Suas células principais são denominadas de condroblastos e condrócitos. Os 
condroblastos secretam a matriz cartilaginosa e ficam aprisionados nela, sendo 
denominados de condrócitos. Ao mesmo tempo, cria-se uma lacuna nessa matriz 
ocupada pelo condrócito que é denominada de condroplasto. 
 
É importante lembrar que, mesmo aprisionado e com sua função diminuída, o 
condrócito continua produzindo matriz de cartilagem, principalmente a proteína 
condronectina. 
 
2. FORMAS DE CRESCIMENTO 
 A manutenção do crescimento da cartilagem pode ser feita por intermédio de 
dois mecanismos: 
 66 
1) Crescimento intersticial: os condrócitos já existentes se dividem mitoticamente, 
mantendo a produção da matriz cartilaginosa e a quantidade de células nesse tecido. 
 
FIGURA: Os condrócitos se multiplicam contribuindo para o crescimento e a manutenção da 
cartilagem. Formam, com isso, pequenos grupos (HE, 400X) 
 
 
2) Crescimento aposicional: fibroblastos presentes no pericôndrio podem 
eventualmente se transformar em condroblastos e, estes, por sua vez, em condrócitos, 
contribuindo para o crescimento da cartilagem. 
 
FIGURA: Fibroblastos do pericôndrio (P) podem se transformar em condroblastos (setas) (HE, 
100X) 
 
3. TIPOS DE CARTILAGEM 
 
 67 
A) Cartilagem hialina 
 É a cartilagem mais comum, encontrada em vários órgãos e sistemas do 
corpo humano. Sua matriz é composta principalmente por colágeno do tipo II. 
 Forma o esqueleto do embrião, o qual, no futuro, sofre ossificação desde o 
nascimento até a adolescência. 
 É encontrada nas vias aéreas (fossas nasais, traquéia, brônquios), na 
extremidade ventral das costelas e nas superfícies articulares dos ossos longos. 
É passível de degeneração (queda metabólica celular com conseqüência acúmulos de 
substâncias no interior da célula) e de ossificação. 
Cartilagem hialina da traquéia (HE, 40X) 
 68 
 Nessa cartilagem, observam-se claramente condrócitos, condroblastos, 
condroplastos e pericôndrio. 
 Além disso, nota-se que os condrócitos estão organizados em grupos 
contendo dois a oito condrócitos. Esses grupos são denominados de grupos 
isógenos. 
 Ao redor desses grupos, observa-se que a matriz cartilaginosa é bastante 
basofílica (roxa); essa região é denominada de matriz territorial. 
 Ao redor da matriz territorial, a cartilagem torna-se mais eosinofilíca (rósea), 
sendo denominada essa região de matriz interterritorial. 
 
Grupo isógeno (no círculo) rodeado pela matriz territorial (MT) e esta, pela matriz 
interterritorial (MI) (HE, 400X) 
 
 Essas diferenças de coloração das matrizes cartilaginosas é devido 
principalmente à quantidade de glicosaminoglicanas. 
 Existe mais dessa proteína nas regiões próximas aos condrócitos, pois estes a 
produzem; portanto, a matriz territorial é mais rica em glicosaminoglicanas, uma 
proteína ácida que se coramais por um corante básico (roxo). 
 Por outro lado, quanto mais distante dos condrócitos, há uma dissolução da 
concentração dessa proteína. Assim, a matriz interterritorial apresenta menos 
quantidade de glicosaminoglicanas e sua coloração expressa mais o corante 
básico (rosa). 
 69 
 
A cartilagem hialina é o principal tipo de cartilagem que sofre ossificação. Para isso, 
seus condrócitos entram em processo de degeneração (acumulam glicogênio em seu 
interior) e depois morrem. A matriz de cartilagem contendo condrócitos mortos fica, 
então, propicia à deposição de cálcio, havendo assim a ossificação. Nesse processo, os 
condrócitos passam a adquirir diferentes formas, as quais serão estudadas com mais 
detalhes no capítulo sobre tecido ósseo. 
 70 
 
Cartilagem hialina ossificada, em que os condrócitos passam por transformações devido a 
processos de degeneração até morrerem. A figura à direita é um detalhe do quadrado 
assinalado na figura da esquerda, em que se notam condrócitos com acúmulo de glicogênio em 
seu interior (HE, 40X e 400X). 
 
B) Cartilagem elástica 
 A cartilagem elástica também é encontrada comumente no corpo humano, porém 
em menor quantidade do que a hialina. 
 Possui uma matriz formada por colágeno do tipo II e elastina. 
 É encontrada no pavilhão auditivo, na tuba auditiva externa, na epiglote e na 
laringe. 
 Ao contrário da hialina, a cartilagem elástica está menos sujeita a processos de 
degeneração e dificilmente se calcifica. 
FIGURA: Cartilagem elástica da orelha (HE, 40X) 
 
 
 Tal qual a cartilagem hialina, a elástica também exibe condrócitos, porém 
estes não se arranjam em grupos isógenos. Além dessa diferença, na cartilagem 
 71 
elástica é mais difícil a visualização dos condroblastos, mas eles existem e estão 
também próximos ao pericôndrio. 
 Com relação a este, observa-se sua presença envolvendo toda a cartilagem e 
fornecendo fibras elásticas à matriz da cartilagem elástica. 
 
FIGURA: Corte histológico de cartilagem elástica corada por azul de alcian, um corante para 
visualização de fibras elásticas. Praticamente toda a matriz cartilaginosa contém essas fibras, 
que partem do pericôndrio (Orelha, 100X) 
 
C) Cartilagem fibrosa 
 A cartilagem fibrosa é a menos comum, encontrada nos discos intervertebrais, 
na sínfise pubiana e no ponto onde os tendões e ligamentos se inserem no osso. 
 São locais, portanto, que constantemente recebem forças de tração e tensão, 
necessitando de um tecido elástico, mas ao mesmo tempo resistente. 
 Esse tipo de cartilagem constitui uma transição entre um tecido conjuntivo 
propriamente dito e uma cartilagem hialina, não havendo, em muitos casos, limites 
precisos entre ambos ao exame do tecido. 
 É formada por colágeno do tipo I (o colágeno mais resistente que possuímos) e 
não possui pericôndrio. 
 
 
 
 
 72 
TECIDO MUSCULAR 
O objetivo desse capítulo é apresentar as peculiaridades do tecido 
muscular, enfatizando sua classificação e sua morfologia 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS E FUNÇÕES 
 O tecido muscular é originado do mesoderma, de onde deriva uma célula com capacidade 
de contração denominada de mioblasto. 
 Essa célula possui em seu citoplasma proteínas contráteis que promovem a alteração do 
volume celular, realizando a principal função do tecido muscular que é promover a 
contração. 
 Devido a essas características particulares, a membrana plasmática do mioblasto recebe o 
nome de sarcolema; seu citoplasma, de sarcoplasma; e seu retículo endoplasmático, de retículo 
sarcoplasmático. Quando está formando o tecido muscular, essa célula recebe o nome de fibra 
muscular. 
 
FIGURA: Mioblasto, cujo formato é alongado e fusiforme (com suas extremidades terminando em zero). No 
citoplasma dessa célula existem proteínas contráteis que promovem a modificação do volume celular pela 
contração citoplasmática 
 
Estrutura de sustentação do tecido muscular 
 O tecido muscular é composto por fibras musculares, que se organizam em feixes 
musculares. Por sua vez, esses feixes, em conjunto, compõem o chamado músculo. 
 Essa organização é feita às custas da sustentação de um tecido conjuntivo, que recebe 
nomenclatura apropriada segundo sua localização no músculo: o endomísio é o tecido 
conjuntivo que reveste as fibras musculares; o perímisio, por sua vez, é o tecido conjuntivo que 
reveste os feixes musculares; por fim, o epimísio é o tecido conjuntivo que reveste o conjunto 
de feixes (ou então o próprio músculo). 
 73 
 
 
Tecido de sustentação do músculo: endomísio (ao redor das fibras; no desenho, em cor branca); perimísio 
(compondo o feixe muscular); epimísio (compondo o conjunto de feixes). 
 
Estrutura da miofibrila 
 A fibra muscular (ou mioblasto) é composta por fibrilas contráteis em seu citoplasma 
denominadas de miofibrilas. 
 As miofibrilas, quando examinadas em microscopia de luz polarizada, exibem áreas 
escuras e claras que receberam o nome de bandas. 
 São assim reconhecidas duas bandas: a banda A, uma faixa larga escura, alternada por 
uma faixa mais fina clara, denominada de banda I; no centro da banda I existe uma linha 
escura que recebeu o nome de linha Z. O espaço entre duas linhas Z é denominado de 
sarcômero, o qual consiste em uma unidade funcional mínima da célula muscular onde 
acontecem os fenômenos de contração. 
 
 
FIGURA: Estrutura microscópica de uma miofibrila 
As miofibrilas possuem quatro proteínas contráteis: actina, miosina, tropomiosina e 
troponina. No sarcômero, a actina encontra-se alternada com a miosina, estando ambas 
parcialmente sobrepostas. Quando há contração muscular, ocorre uma maior sobreposição de 
 74 
ambas as proteínas, sem haver redução do comprimento das mesmas. 
 
 
 
FIGURA: Esquema de relações existentes entre a actina e a miosina no sarcômero, quando o músculo está 
em repouso e quando está contraído. 
 
Princípios básicos da contração muscular 
 O princípio básico da contração muscular consiste em que a actina deslize sobre a 
miosina, de tal forma que ambas as proteínas interajam ao máximo e se sobreponham 
totalmente. 
 Para isso, é necessário que a miosina se ligue à actina; porém esta, quando o músculo está 
em repouso, encontra-se combinada com a complexo tropomiosina-troponina. 
 Quando ocorre a liberação de Ca2+, o complexo tropomiosina-troponina interage com 
esse íon, o que promove a liberação da actina. A actina, então, desliza sobre a miosina, 
alterando o volume final da miofibrilina e, conseqüentemente, da fibra muscular. 
 Durante esse deslizamento, ocorre a transformação da molécula de ATP em ADP, 
havendo a liberação de energia. Para que ocorra a contração, é necessário um estímulo elétrico, 
que chega até a fibra muscular por intermédio de nervos presentes no perimísio. Esse local de 
inervação é denominado de placa motora. Por intermédio do estímulo elétrico, a célula 
muscular libera o cálcio, necessário para a contração. 
 75 
 
FIGURA: Mecanismo de contração muscular. A miosina não consegue deslizar sobre a actina pois existe o 
complexo tropomiosina-troponina. Este, quando reage com o cálcio, transforma-se espacialmente, liberando 
a actina para reagir com a miosina. Há, então, deslizamento desta sobre a actina, ocorrendo então a 
contração muscular. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
O tecido muscular pode ser classificado, primeiramente, quanto à existência ou não de estrias 
transversais (as miofibrilas vistas em microscopia óptica de luz podem adquirir aspecto de estrias 
transversais). Quando existem essas estrias, o músculo é dito estriado; quando estas não são 
visíveis,o músculo é dito liso. Um outro critério de classificação separa os músculos estriados 
em esquelético e cardíaco. 
 
Músculo estriado esquelético 
 Esse músculo localiza-se próximo ao tecido ósseo, sendo responsável pela sustentação 
deste e pelas contrações ditas motoras ou voluntárias, ou seja, que acontecem segundo a nossa 
vontade. 
 As fibras desse músculo exibem núcleos achatados e localizados na periferia do 
citoplasma. 
 Em cortes longitudinais, é possível visualizar também as estrias transversais com 
nitidez. 
 A contração desse músculo é rápida e eficiente para o controle dos movimentos 
esqueléticos. 
 76 
 
FIGURA: Músculo estriado esquelético, com estrias transversais (riscos mais escuros por todo campo 
histológico) bem evidentes (HE, 400X) 
Músculo estriado cardíaco 
 O músculo estriado cardíaco compõem todo o coração, sendo responsável por contrações 
rápidas e rítmicas, porém, involuntárias, ou seja, que independem da nossa vontade. 
 Nesse músculo ainda são encontradas estruturas denominadas discos intercalares. Estas 
constituem junções especiais entre as células musculares do coração (denominadas de 
cardiomiócitos), que facilitam a transmissão do impulso elétrico pelas células. Os núcleos dos 
cardiomiócitos são alongados e se encontram no centro do citoplasma. 
 
FIGURA: Músculo estriado cardíaco, evidenciando discos intercalares e núcleo localizado no centro da 
fibra (HE, 400X) 
Músculo liso 
 O músculo liso está presente em órgãos que necessitam de contração para funcionar, 
 77 
como por exemplo todos os órgãos do tubo digestivo, o útero etc. 
 Promovem contrações lentas e involuntárias, que independem da nossa vontade. 
 Não apresentam estrias transversais visíveis e possuem células com núcleo arredondado e 
presente no centro da fibra. 
 
FIGURA: Músculo liso de intestino grosso, em que se observa ausência de estrias e núcleo arredondado 
presente no centro da fibra (HE, 400X) 
 
O processo de regeneração de um tecido muscular é bastante dificultoso. Uma fibra 
muscular se regenera, em geral, por hipertrofia, ou seja, aumenta o seu volume, sem contudo 
se multiplicar (quando um tecido se regenera por multiplicação celular diz-se que há 
hiperplasia). Existem, contudo, algumas células próximas à fibra muscular que se 
multiplicam para substituir a fibra. O tecido cardíaco possui regeneração baixa ou 
inexistente; o estriado, regeneração moderada; e o liso, alta capacidade de regeneração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 78 
 
TECIDO NERVOSO 
O objetivo desse capítulo é apresentar os tipos de tecido nervoso, 
enfatizando principalmente seus elementos celulares e suas funções. 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS E FUNÇÕES 
 O sistema nervoso humano é dividido em sistema nervoso central 
(SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). 
 O SNC compreende o encéfalo (cérebro, cerebelo e meninges) e a 
medula espinhal. Já o SNP compreende os nervos e os gânglios. 
 Basicamente dois conjuntos celulares podem ser observados no sistema 
nervoso: os neurônios e as células da neuroglia. Por intermédio dessas células, 
o tecido nervoso é capaz detectar e transmitir impulsos nervosos, bem como 
controlar praticamente todas as funções do organismo. 
 
FIGURA: Corte histológico evidenciando um neurônio (N) e as células da neuroglia 
(cabeça de seta) 
 
Estrutura do neurônio 
 79 
 O neurônio é uma célula que, uma vez estimulada, promove a 
modificação de seu potencial elétrico de membrana, o qual se propaga 
como se fosse uma fiação elétrica. 
 Essa célula pode ser dividida em duas partes fundamentais: corpo 
celular e axônio. 
 O corpo celular (também denominado de pericário) é o centro 
regulador da célula, e nele está contido o núcleo. Do corpo celular partem 
também prolongamentos (dendritos) que podem se comunicar com os 
prolongamentos de outros neurônios, formando um verdadeiro circuito 
elétrico. 
 Já o axônio consiste em um prolongamento único e comprido que 
também parte do corpo celular, tendo como função principal conduzir o 
impulso elétrico originado no corpo celular. Ao final do axônio, existe o 
telodendro, que pode se apresentar extremamente ramificado. 
 
FIGURA: Esquema geral de um neurônio, com seus constituintes fundamentais. 
 80 
 Entre o corpo celular e o axônio existe uma estrutura denominada 
cone de implantação, que possui uma função especial no processo de 
condução do impulso nervoso. 
 Este é recebido pelos dendritos, amplificado no corpo celular e gerado 
com maior potência no cone de implantação, o qual transfere o impulso 
para o axônio havendo pouco retorno para o corpo celular. Do axônio, o 
impulso é transmitido pelo telodendro até outro neurônio. Dessa maneira, os 
neurônios apresentam-se conectados uns aos outros pelos dendritos e pelo 
telodendro, formando uma verdadeira rede nervosa. 
 
FIGURA: Cone de implantação, que promove a amplificação do impulso nervoso (E) em 
sentido do telodendro, havendo pouco retorno do mesmo para o corpo celular 
 
Classificação dos neurônios 
 Os neurônios podem ser classificados segundo sua morfologia em: 
1. bipolares - com somente um dendrito e um axônio; 
2. multipolares - com vários dendritos e um axônio; 
3. pseudo-unipolares - com prolongamento único próximo ao corpo 
celular, que origina ao mesmo tempo dendritos e axônio. 
 
 81 
 
FIGURA: Tipos de neurônios quanto à morfologia 
 
 Os neurônios podem ainda ser divididos, conforme sua fisiologia, em: 
1. motores - controlam órgãos ditos efetores, ou seja, que necessitam de 
estímulo elétrico para funcionar (por exemplos, glândulas e fibras 
musculares); 
2. sensoriais - recebem estímulos do meio ambiente e do organismo; 
3. interneurônios - fazem somente a conexão entre dois neurônios. 
 
Sinapses 
 A sinapse é a região de contato (seja ele físico ou químico) entre dois ou 
mais neurônios, destinada a propagar, por intermédio de uma rede de 
neurônios, o estímulo nervoso. 
 Essa região de contato pode ser entre o dendrito e o axônio 
(axodendrítica), entre o axônio e corpo celular (axossomática), entre 
dendritos (dendrodendrítica) e entre axônios (axoaxônica). Um mesmo 
axônio pode estabelecer várias sinapses ao mesmo tempo durante seu curso. 
 
 82 
 
 
FIGURA: Tipos de ligações sinápticas: A - axossomática; B - dendrodendríticas; C - 
axodendríticas. 
 
 Na região de contato entre as duas células existe um espaço bem 
pequeno denominado fenda sináptica. Nesse espaço, a membrana da qual 
parte o estímulo é denominada de região pré-sináptica, e a região para onde 
o estímulo caminha é denominada de pós-sináptica. 
 Na região pré-sináptica, são liberados neurotransmissores diante do 
estímulo elétrico. Esses neurotransmissores constituem substâncias 
químicas que estimulam a membrana da região pós-sináptica, a qual 
despolariza. 
 Dessa maneira, por intermédio dessa despolarização da membrana 
pós-sináptica a partir de neurotransmissores o impulso elétrico é 
propagado. 
 As sinapses podem conduzir o estímulo nervoso, como descrito aqui. 
Nesse caso são denominadas de excitatórias. Podem também inibir o 
impulso elétrico, sendo então denominadas de inibitórias. Nesse caso, os 
neurotransmissores, ao invés de despolarizarem a membrana pós-
sináptica, impedem essa despolarização. 
 83 
 
Células da neuroglia 
 As células da neuroglia constituem um conjunto de células que exercem, 
dentre outras funções, regular a composição química do meio no qual está 
inserido o neurônio, orientar o crescimento deste durante a vida 
embrionária, bemcomo sustentar essa célula. Fazem parte 
fundamentalmente somente do sistema nervoso central. No sistema nervoso 
periférico as células da neuroglia não estão presentes. 
 As células da neuroglia se dividem: astrócitos, oligodendrócitos, 
microglia e células ependimárias. 
 A distinção entre esses tipos celulares é bastante difícil em HE. Os 
astrócitos são responsáveis por controlar o meio no qual está inserido o 
neurônio, bem como formam uma barreira ao redor de todo o sistema nervoso 
central e dos capilares aí presentes, impedindo a entrada de elementos 
nocivos. Essa barreira é denominada de barreira hematoencefálica. Podem ser 
reconhecidos dois tipos de astrócitos: fibrosos e protoplasmáticos. 
 Os oligodendrócitos são células localizadas ao redor dos neurônios, 
sendo denominadas de células satélites. Envolvem também os axônios dos 
neurônios, formando a bainha de mielina no sistema nervoso central. 
 Já a microglia compreende um grupo de células cuja função é a 
fagocitose, portanto fazem a defesa do local. E por fim as células 
ependimárias são células epiteliais que revestem as cavidades do sistema 
nervoso central, estando em contato com o líquido cefalorraquidiano. 
 84 
 
FIGURA: Núcleos das células da neuroglia (setas) ao redor de neurônios. A distinção 
entre as células da neuroglia é bastante difícil em coloração por HE. 
 
Fibras nervosas 
 Uma fibra nervosa é constituída por um axônio e sua bainha 
envoltória. Podem atingir até 1 metro de comprimento. 
 No sistema nervoso central, um grupo de fibras é denominado de tratos 
ou feixes. Já no sistema nervoso periférico, de nervos. 
 A bainha envoltória da fibra nervosa é formada por intermédio do 
enrolamento de uma célula satélite no axônio. A célula que faz isso no SNC é 
o oligodendrócito, enquanto no SNP, é uma célula denominda de célula de 
Schwann. 
 
FIGURA: Esquema de enrolamento de uma célula satélite no axônio de um neurônio, 
formando sua bainha envoltória. A: a célula deu somente uma volta no axônio; B: a 
célula deu várias voltas no axônio. 
 
 Quando a célula satélite dá somente uma volta no axônio, diz-se que a 
fibra é amielinizada. 
 Quando ela dá várias voltas, diz-se que a fibra é mielinizada, e as voltas 
 85 
do citoplasma celular ao redor do axônio é denominada de bainha de 
mielina, rica em lipídeos devido à constituição das células satélites. 
 Nas fibras mielinizadas, o impulso elétrico caminha mais 
rapidamente, pois a bainha de mielina é descontínua, sendo o impulso 
elétrico saltatório por entre os espaços de mielina. Assim, em um intervalo de 
tempo, o impulso elétrico percorre maior área do que nas fibras amielinizadas. 
 
FIGURA: Transmissão de impulso elétrico em fibras mielinizadas. O impulso elétrico 
salta por entre a bainha de mielina, caminhando pelos intervalos desta em curto espaço 
de tempo. 
 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) 
 O SNC compreende o encéfalo (cérebro, cerebelo e meninges) e a 
medula espinhal. 
 No cérebro, cerebelo e medula espinhal ocorre uma separação dos 
corpos celulares dos neurônios de seus axônios, originando-se então duas 
substâncias: a cinzenta, formada pelos corpos neuronais, e a branca, formada 
pelos axônios e suas bainhas envoltórias. 
 
FIGURA: Corte histológico 
evidenciando a substância branca 
(SB) e a substância cinzenta (SC) 
da medula espinhal. Notar que os 
corpos celulares dos neurônios 
(setas) localizam-se na substância 
cinzenta. 
 
 86 
 A substância cinzenta contém, assim, grande quantidade de corpos 
celulares de neurônios e de células da neuroglia, principalmente astrócitos 
protoplasmáticos, oligodendrócitos e células da microglia. 
 Já a substância branca contém grande quantidade de axônios com 
bainha de mielina, bem como astrócitos fibrosos e células da microglia. 
 São cinzentas ou brancas porque macroscopicamente possuem essas 
cores. A cor branca é dada principalmente pela grande quantidade de 
mielina, a qual é formada por lipídeos; a cinzenta, devido à grande 
quantidade de corpos celulares presentes. 
 
FIGURA: Segmento de cérebro em que se observa, macroscopicamente, a substância 
cinzenta, localizada mais perifericamente, e a substância branca, mais interna. 
 
 No cérebro e no cerebelo, a substância cinzenta localiza-se mais 
externamente. Já a branca, mais internamente. 
 No cerebelo, ainda, notam-se algumas camadas de células que 
originam a substância cinzenta: camada molecular (composta por células da 
neuroglia e grande quantidade de fibras nervosas amielínicas), camada de 
células de Purkinje (neurônios gigantes dispostos em uma única fileira) e 
camada granulosa (com grande quantidade de células da neuroglia). 
 87 
 
 
 
 Já a medula espinhal possui a substância branca nas camadas mais 
externas, e a substância cinzenta, mais internamente. Esta origina o 
formato de "H", característico desse órgão. 
 
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP) 
 O sistema nervoso periférico é dividido em nervos e gânglios. Os 
nervos constituem feixes de fibras nervosas. 
 Em geral, são formados por fibras mielínicas, sendo raros os nervos 
amielinizados. 
 O tecido de sustentação do nervo é composto por tecido conjuntivo, 
sendo dividido em: endoneuro - reveste a fibra nervosa; perineuro - reveste 
o feixe de fibras; epineuro - reveste o conjunto de feixes nervosos. 
FIGURA: Camadas de células 
no cerebelo: Z1 - camada 
molecular; Z2 - camada 
granulosa; CP - células de 
Purkinje. Todas essas 
camadas formam a substância 
cinzenta do cerebelo. 
 88 
 
 Os nervos podem ser aferentes (levam informações do corpo para o 
SNC) ou eferentes (levam informações do SNC para o restante do 
corpo). 
 Os nervos aferentes são ditos sensitivos, pois levam informações 
somente relacionadas à sensibilidade. Já os eferentes são motores, pois 
comandam o funcionamento de vários órgãos. A maioria dos nervos é 
tanto sensitivo quanto motor, sendo portanto mistos. 
 Os gânglios constituem acúmulos de neurônios fora do SNC. São 
órgãos esféricos, protegidos por uma cápsula de tecido conjuntivo, que 
podem estar localizados nas paredes dos órgãos, comunicando-se 
diretamente com nervos ou acompanhando a medula espinhal em seu 
trajeto. Possuem numerosas células satélites e fibras nervosas. 
 
 
FIGURA: Tecido de sustentação 
do nervo: EP - epineuro; FN - 
fibras nervosas (o endoneuro não 
é visível em HE); PN - perineuro.

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