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Aula 04 - Territorialização em saúde

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Territorialização em Saúde 
Territorialização em Saúde 
Prof.ª Alane Costa Cuiabá-MT 
Os Territórios do Programa Saúde da Família 
O Programa Saúde da Família (PSF) foi proposto em 1994 como uma estratégia de 
reorientação do modelo assistencial, baseada no trabalho de equipes multiprofissionais em 
Unidades Básicas de Saúde (UBS). Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de 
uma população adscrita, localizada em uma área delimitada, através de ações de promoção de 
saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes. A 
territorialização é um dos pressupostos básicos do trabalho do PSF. Essa tarefa adquire, no 
entanto, ao menos três sentidos diferentes e complementares: de demarcação de limites das 
áreas de atuação dos serviços; de reconhecimento do ambiente, população e dinâmica social 
existente nessas áreas; e de estabelecimento de relações horizontais com outros serviços 
adjacentes e verticais com centros de referência. 
Um dos termos largamente empregados para descrever a relação serviço-território-
população é a adscrição, que diz respeito ao território sob responsabilidade da equipe de 
saúde da família. Esta relação é explicitada em documentos que tratam da organização do 
programa, segundo os quais cada equipe teria a responsabilidade pela cobertura de uma área 
geográfica que contenha um número de famílias que possam ser acompanhadas pela equipe. 
No que se refere à organização da atenção básica, fica evidente a intenção de demarcar 
territórios para regular e estabelecer normas para a atuação das equipes de saúde, traduzidas 
em expressões como espaço territorial, área de abrangência de unidade, adscrição de clientela 
e referência e contra-referência. 
No caso da Estratégia de Saúde da Família (ESF), são definidos recortes territoriais, que 
correspondem à área de atuação das equipes, segundo agregados de famílias a serem 
atendidas (no máximo 1.000 famílias ou 4.500 pessoas), que podem compreender um bairro, 
parte dele, ou vários bairros, nas áreas urbanas ou em várias localidades, incluindo população 
esparsa em áreas rurais. 
No PSF, o menor nível de atenção é a família. Os níveis maiores correspondem à 
microárea, área, segmento e município. A microárea é formada por um conjunto de famílias 
que congrega aproximadamente 450 a 750 habitantes, constituindo a unidade operacional do 
agente de saúde. A área no PSF é formada pelo conjunto de microáreas, nem sempre 
contíguas, onde atua uma equipe de saúde da família, e residem em torno de 2.400 a 4.500 
pessoas. Em alguns documentos do PSF, define-se a área de atuação de uma equipe 
segundo o número de famílias entre 600 e 1.000 famílias. A última unidade é chamada 
segmento territorial considerado um conjunto de áreas contíguas que pode corresponder à 
delimitação de um Distrito Sanitário, ou a uma Zona de informação do IBGE, ou a outro nível 
de agregação importante para o planejamento e a avaliação em saúde. 
Como o programa focaliza o atendimento na saúde das famílias, está implícito um 
conjunto de ações intradomiciliares. Mas também é preconizada a atuação de vigilância em 
saúde sobre os ambientes comunitários, de reprodução social, pois estes determinam os 
problemas e as necessidades sociais de saúde. A unidade espacial, que é a base territorial do 
sistema de saúde, é este território, que corresponde à área de abrangência de cada unidade 
básica de saúde. 
Neste processo de delimitação de áreas, são identificados os seguintes territórios: 
 
Territorialização em Saúde 
• TERRITÓRIO-DISTRITO – delimitação político-administrativa usada para organização 
do sistema de atenção; 
• TERRITÓRIO-ÁREA – delimitação da área de abrangência de uma unidade de saúde, a 
área de atuação de equipes de saúde; 
• TERRITÓRIO-MICROÁREA – área de atuação do agente comunitário de saúde (ACS), 
delimitada com a lógica da homogeneidade socioeconômica-sanitária; 
• TERRITÓRIO-MORADIA – lugar de residência da família. 
A „territorialização‟, segundo estes princípios, é vista como uma etapa da implantação do 
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e do PSF. As equipes devem definir a 
priori a população a ser atendida, o que é colocado, inclusive, como requisito para o 
financiamento do programa pelo Ministério da Saúde. Este processo implica o cadastramento e 
adscrição de uma população a ser atendida por cada agente e Equipe de Saúde da Família 
(ESF). Alguns requisitos importantes para a delimitação das áreas e microáreas do PSF são: 
• A área deve conter um valor máximo de população de modo a permitir um atendimento às 
suas demandas de saúde (um agente de saúde deve ser responsável por no máximo 150 
famílias ou 750 pessoas); 
• A área deve conter uma população mais ou menos homogênea do ponto de vista 
socioeconômico e epidemiológico, caracterizando „áreas homogêneas de risco‟; 
• A área deve conter uma unidade básica de saúde (UBS) que será a sede da ESF e local de 
atendimento da população adscrita; 
• Os limites da área devem considerar barreiras físicas e vias de acesso e transporte da 
população às unidades de saúde. 
Este conjunto de requisitos torna a tarefa de definição das áreas um processo intrincado 
de administração de interesses por vezes contraditórios. Segundo estes requisitos, a área 
deve ser delimitada segundo critérios populacionais, político-comunitários, fisiográficos, 
epidemiológicos e de organização dos serviços, que são de difícil convergência. 
Como podemos observar no Quadro 1, cada um desses territórios constitui um objeto de 
ação diferenciado e se sustenta em campos de conhecimento distintos. A lógica de existência 
destes recortes diz respeito ao próprio objetivo de atuação: as práticas de saúde. 
Quadro 1 – O território das práticas de vigilância em saúde no PSF 
 
Território Lógica de existência Extensão territorial Objeto de ação Delimitação 
Territorial/Fronteiras 
Distrito 
Sanitário 
- Caráter político-
administrativo-assistencial 
- Município; subprefeituras; 
regiões administrativas; 
bairros; consórcio de 
municípios 
- Técnico-administrativo 
assistencial 
- Físico-Jurídicas 
Área - Abrangência geográfica de 
Unidades de Saúde 
- Caráter administrativo-
assistencial 
- Entorno delimitado pelos 
fluxos de trabalhadores da 
saúde e da população, e pelas 
barreiras físicas 
- Organização básica da 
prática de assistência à 
demanda 
- Físico-Jurídicas 
Microárea - Homogeneidade 
socioeconômica-ambiental e 
sanitária-cultural 
- Caráter socioeconômico-
cultural-ambiental 
- Áreas com relativa 
homogeneidade de condições 
de vida e situação de saúde 
- Contexto de 
vulnerabilidade em saúde 
para a intervenção da 
Vigilância em Saúde 
- Condições de vida e 
situação de saúde 
Moradia - Família nuclear ou extensiva - Domicílio 
- Habitação 
- Condomínios 
- Vigilância em Saúde: 
hábitos sanitários e 
cidadania 
- Físico-Jurídicas 
 
Territorialização em Saúde 
A organização do sistema de saúde por meio de distritos sanitários tem como propósito 
organizar, no sentido político e técnico, a assistência em saúde em uma determinada extensão 
territorial. Esta extensão pode corresponder a um município como um todo ou a um conjunto 
de subprefeituras, regiões administrativas, bairros ou de um consórcio de municípios definidos 
de acordo com determinados limites físicos reconhecidos por intermédio de normas e leis. 
A área de abrangência de uma unidade de saúde e sua delimitação territorial define-se 
também através do critério técnico-administrativo, pois visa à organização da assistência em 
um determinado serviço de saúde com seus limites demarcados pela sua população adscrita, 
bem como pela extensão territorial de atuação da sua equipe de saúde. Geralmente, 
compreende um bairro ou uma parte dele, ou ainda um conjunto de bairros e localidades de 
um município. 
Dentre os territórios definidos pelo PSF, a chamada microárea de risco constitui-se, sem 
nenhuma dúvida, a mais polêmica e de difícil definição quantoà sua delimitação territorial. 
Área prioritária para as ações do PSF tem como definição de sua extensão de intervenção as 
especificidades sócio-ambientais, econômicas e culturais, que delimitam desigualdades 
territoriais. O PSF deve procurar atuar em territórios onde as condições de urbanização são 
piores do ponto de vista ambiental e de infra-estruturas de saneamento, redes de transporte, 
serviços públicos e de renda definidos através, portanto, das suas condições de vida e 
situação de saúde. São áreas „segregadas espacialmente‟ que circunscrevem uma área de 
atuação para a equipe de saúde, por se tratarem de contextos de vulnerabilidade para a 
saúde. 
O que caracteriza a existência do território da moradia é o próprio espaço da habitação, 
tendo como extensão territorial a delimitação do domicílio – casas (seus limites de terreno), 
apartamentos em condomínios residenciais, conjuntos habitacionais etc. Campo de atuação 
por excelência do PSF, os territórios da moradia delimitam problemas relacionados aos 
hábitos, comportamentos sanitários e posse de recursos individuais e de equipamentos 
domiciliares, como serviços de saneamento, eletrodomésticos etc. A análise da posse desses 
recursos e a forma precária ou não de utilização no contexto domiciliar irão definir os contextos 
de vulnerabilidade para a saúde dos moradores do domicílio. 
Fonte: MONKEN, M.; BARCELLOS, C. O Território na Promoção e Vigilância em Saúde. In: FONSECA, A. F.; CORBO, A. M. D‟A. (Org.). O 
território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007. p. 177-224. 
Territorialização: base para a organização e 
planejamento em saúde 
“Para reconhecer seu território de responsabilidade para além da paisagem, não basta à 
equipe da unidade de saúde o olhar desarmado, que não ultrapassa a superfície dos 
fenômenos. Recomenda-se a aproximação com o olhar do antropólogo, que procura 
ativamente estranhar o que lhe é familiar e familiarizar-se com o que lhe é estranho” (CHIESA; 
KON, 2007). 
Territorialização e Planejamento 
 Produto e meio para a descentralização das ações de saúde – aproximar e adequar 
ações e recursos das necessidades e do perfil epidemiológico das diferentes regiões. 
 A definição e análise do território constitui-se a base para o trabalho das equipes de 
saúde da família que devem: cadastrar as pessoas dentro das famílias e mapear riscos, 
indicadores de saúde, morbidade e mortalidade e potencialidades dentro dos territórios 
nos quais atuam. 
 Apreender as potencialidades presentes e o perfil das necessidades a serem trabalhadas 
para a transformação da realidade de saúde local. 
Territorialização em Saúde 
Duas vertentes: 
o Base territorial que visa o reconhecimento do território como área física, 
considerando suas barreiras geográficas, os dificultadores e facilitadores para o 
acesso aos serviços de saúde; 
o Base humana onde as relações, as formas de produção são determinantes do 
perfil desse território. 
Responsabiliza-se dessa forma pelos resultados na produção em saúde. 
Objetivos da Territorialização em Saúde 
 Delimitar um território de abrangência; 
 Definir a população favorecida e apropriar-se juntamente com ela do perfil da área e da 
comunidade; 
 Reconhecer dentro da área de abrangência barreiras e acessibilidade; 
 Conhecer condições de infra-estrutura e recursos sociais; 
 Levantar problemas e necessidades, definindo um diagnóstico da comunidade 
(contínuo); 
 Identificar o perfil demográfico, epidemiológico, socioeconômico e ambiental; 
 Identificar e assessorar-se em lideranças formais e informais; 
 Potencializar os resultados e os recursos presentes nesse território. 
Operacionalização da Territorialização 
As várias dimensões da realidade de um espaço/território muitas vezes possibilitam o 
estabelecimento de correlações entre determinantes e seus efeitos. Deve-se dessa forma 
captar o movimento do território. Deve-se captá-lo não como uma fotografia, mas como um 
filme. 
O reconhecimento do território com seu perfil poderá evitar transtornos futuros e facilitar a 
aplicação de estratégias de atenção e cobertura. 
Primeiro passo: o reconhecimento do território através de visita. Deve ser previamente 
sistematizada de modo que permita a identificação de barreiras geográficas, áreas de risco, 
equipamentos sociais públicos ou privados, organizações não governamentais, empresas, 
espaços de lazer, etc. 
Segundo passo: relacionar o número de equipes ou profissionais de saúde, definir, 
conforme perfil de práticas e oferta de serviço, a capacidade de atendimento da unidade, 
sendo essa ação a base para a definição do território de abrangência, do número de domicílios 
cadastrados ou de usuários a serem atendidos no serviço. 
Cadastramento seguindo a lógica circular, tendo por base os critérios censitários prévios. 
A unidade deve constituir-se o centro desse território. Evitar conflitos futuros e facilitar ações 
extra muros. Considerar aspectos como divisa com outros bairros ou município, habitantes por 
gênero ou ciclo de vida, atividades econômicas, pavimentação, ladeiras, córregos etc. 
Estar atento a progressão demográfica. O território está em movimento. Deve-se 
destacar áreas desocupadas. Consultar moradores e órgãos públicos sobre projetos e 
ocupações. Evitar incapacidade de atendimento futuro. 
Considerar áreas de influências e futuras pactuações com unidades próximas. Respeitar 
a Universalidade. 
Delimitar a área em um mapa base que poderá ser obtido por meio de um guia de ruas. 
Territorialização em Saúde 
Cada cópia do mapa deve constituir uma base para a demarcação como: delimitação do 
território, área de abrangência e influência, área e/ou microáreas de risco, equipamentos 
sociais públicos e privados. 
Envolvimento da equipe e comunidade. 
É a base de informações para a construção do perfil epidemiológico. 
Diagnóstico da comunidade 
O diagnóstico epidemiológico deve considerar o perfil de morbidade – incidência e 
prevalência das doenças, fatores de risco relacionados, incapacidades e internações. 
O perfil socioeconômico deve contemplar as condições de moradia, hábitos, costumes, 
estilos de vida, atividades econômicas, renda, escolaridade, crenças religiosas, meios de 
comunicação e transporte, lazer, participação em grupos, etc. 
Perfil sanitário e do meio ambiente: o saneamento básico, água, esgoto, destino do lixo, 
presença de águas contaminadas, esgotos a céu aberto, foco de vetores, poluição do ar, 
radioatividade, agrotóxicos, radiação eletromagnética. 
As necessidades serão definidas no decorrer do trabalho e a partir do envolvimento com 
a comunidade através do cadastro e visitas. 
Identificação do perfil dos equipamentos instalados 
Escolas, igrejas, associações, unidades com programa de entrega e doação de leite, 
ONG´s, etc. 
Conhecer quais subvenções existem. 
Quais serviços oferecidos. 
Limites de abrangência e critérios de atendimento, documentos necessários. 
Identificar quais habilidades necessárias para atuar nas empresas; onde os trabalhadores 
são capacitados. 
Ações de saúde desenvolvidas pelas empresas. 
Encaminhar usuários. 
Auxiliar os equipamentos em suas necessidades e demandas de saúde. 
Conclusões 
É responsabilidade de todos os técnicos e comunidade local manter o cadastro do 
território atualizado. 
Como produto desse processo, obter-se-á o estabelecimento de uma rede social 
solidária, que resultará em melhoria da condição de saúde da comunidade, dos trabalhadores 
inseridos nesse espaço e a ampliação de projetos sociais envolvendo diferentes sujeitos da 
comunidade na busca de recursos. 
Fonte: PSF – Territorialização. Territorialização: base para a organização e planejamento em saúde. Disponível em: 
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA59cAJ/psf-territorializacao#>. Acesso em: 01 maio 2012.

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