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Abdome Agudo Hérnias Abdominais Ana Maria Faria Esteves Anna Karolinne Nascimento Ecimar Gonçalves da Silva Júnior Greice Elen de Mello Garcia Hermany Aguiar Carvalho Laís Carvalho de Freitas Rafael Sanches Moreno Gomes Thiago Jefferson Coelho Borges Carvalho Yuri Matheus Becker Bauer Abdome Agudo “Aquele que requer uma decisão aguda.” Abdome Agudo: Definição Manifestação súbita, espontânea, não relacionada com trauma, localizada em região abdominal, caracterizada por dor, havendo com frequência a necessidade de uma intervenção operatória de urgência. Tipos Causas maiscomuns Inflamatório apendiciteaguda, pancreatite aguda, doença inflamatória pélvica,colecistiteaguda ediverticulitedesigmóide Obstrutivo intestino delgado (bridas/aderências,hérnia da parede abdominal, hérnia interna);intestino grosso (fecaloma, neoplasia) Perfurativo úlcera perfurada,doençainflamatória intestinal, corpo estranho Vascular infarto intestinal, aneurisma de aorta abdominal Hemorrágico gravideztubárearota, rotura espontânea de baço, cisto de ovário hemorrágico, rotura de tumor hepático Abdome Agudo: Dor Devido à complexa rede sensorial visceral e parietal dupla que inerva a área abdominal, a dor não é localizada com tanta exatidão quanto nos membros. Dor visceral: Distensão, inflamação ou isquemia Estímulo dos neurônios dos receptores Envolvimento direto dos nervos sensoriais Dor localizada: Irritação direta do peritôneo visceral ou parietal Pus, bile, urina ou secreção gastrintestinal Tipos Dor Intervalo início - PS Inflamatório Insidiosa Progressiva Geralmente longo Obstrutivo Cólica Variável Perfurativo Súbita Difusão precoce Geralmentecurto Hemorrágico Súbita e fraca Difusa Curto Vascular Súbita Progressiva Curto Abdome Agudo: Dor Peritoneal: Decorrente do peritôneo parietal pela inflamação visceral, com irritação do peritôneo visceral ou parietal Presença de defesa muscular Sinais de irritação peritoneal ao exame físico Abdome Agudo: Dor Pode ser referida ou se deslocar para sítios diferentes dos órgãos primariamente afetados, indicando sensações cutâneas, percebidas em um local diferente daquele do estímulo primário. Localização da dor orientação para diagnóstico. Descrições típicas ocorrem em 2/3 dos casos. Pacientes com abdômen agudo: Apreensivos e amedrontados Todas as faixas etárias, Ambos os sexos Todos os grupos sócio-econômicos. Abdome Agudo Inflamatório: Definição Dor abdominal decorrente da inflamação aguda ou crônica do peritônio. Causas primárias: agentes químicos, físicos e bacterianos. Causas secundárias: inflamação previa de vísceras abdominais (apendicite, pancreatite, colecistites, enterites) Abdome Agudo Inflamatório: Etiopatogenia Causado principalmente por bactérias aeróbicas e anaeróbicas. Esôfago e estomago: gram-positivas e cândida. Vesícula: enterococos, gram-negativas , anaeróbicas, Clostridium perfringes. Intestino delgado: enterobactérias Apêndice: gram-negativas, E.coli e anaeróbios Colón e reto: anaeróbios e enterobactérias Ginecologia: anaeróbios Abdome Agudo Inflamatório: Etiopatogenia Apendicite, colecistite, pancreatite, diverticulite, doença inflamatória pélvica. A apendicite aguda merece destaque por ser a mais comum e caracterizar melhor o abdome agudo inflamatório. Abdome Agudo Inflamatório: Clínica da Dor Modo de aparecimento: normalmente progressiva. Dores abdominais fortes em pacientes previamente bem sugerem intervenção cirúrgica. Localização inicial, mudança de local e irradiação: a dor visceral tem estabelecimento progressivo. Abdome Agudo Inflamatório: Clínica da Dor Área A: epigástrio e imediações apendicite na fase inicial, colecistites, pancreatites, gastrite agudas, hepatites agudas. Área B: mesogástrio e adjacências infecções intestinais, apendicite na fase inicial, pancreatite aguda. Área C: hipogástrio e zonas limítrofes diverticulites, apendicite, salpingite, cistites. Abdome Agudo Inflamatório: Clínica da Dor Intensidade e tipo: intensa afecções inflamatórias. Em “facada” ou “pontada” sugere processo inflamatório do peritônio. Fatores de melhora e piora: relacionadas a posição do paciente. Ex.: peritonites movem-se o mínimo possível. Em retroperitonites paciente se coloca em cócoras. Sinais e sintomas associados: febre baixa e constante é a mais comum. Febre alta maior que 39°C, ou oscilante, com calafrios, desorientação, letargia extrema, sugere choque séptico eminente. Abdome Agudo Inflamatório: Quadro Clínico Dor branda e contínua centralizada em área bem definida; Febre; Taquicardia, taquipneia, sudorese e choque Podem acompanhar: anorexia, náusea e vômito, constipação ou diarreia. Abdome Agudo Inflamatório: Diagnóstico Clínico História e exame clínico 89% de diagnóstico dos casos. História pregressa: medicamentosa, familiar, cirúrgica e ginecológica(doença inflamatória pélvica). Sintomas: dor abdominal (características), vômitos, constipação, anorexia, urinários. Abdome Agudo Inflamatório: Diagnóstico Clínico Exame físico Inspeção: abdome em tábua, sinal de Cullen, Grey-Turner. Palpação: pesquisa-se os seguintes sinais semiológicos: Blumberg, Rowsing, Murphy, Lapinsky (psoas), obturador, Lenander. Porém, o mais importante é o Sinal de defesa abdominal. Percussão: hipersensibilidade à percussão é semelhante a hipersensibilidade provocada pelo rechaço irritação peritoneal. Ausculta: redução ou abolição dos ruídos intestinais. Abdome Agudo Inflamatório: Sinais Semiológicos Sinal de Cullen: equimoses na região periumbilical devido à hemorragia retroperitoneal, sugere pancreatite aguda. Sinal de Grey-Turner: são equimoses nos flancos, pode estar associado ao sinal de Cullen, e sugere pancreatite aguda. Abdome Agudo Inflamatório: Sinais Semiológicos Sinal de Blumberg: dor ou piora da dor à descompressão súbita do ponto de McBurney. Sugere apendicite aguda com inflamação do peritônio. Sinal de Rowsing: palpação profunda do colón descendente, levando ar para o colón ascendente até o apêndice. Se doer, é positivo e sugere apendicite aguda. Abdome Agudo Inflamatório: Sinais Semiológicos Sinal do obturador: rotação externa da coxa fletida de tal maneira que ponha em ação o músculo obturador interno irritado pelo apêndice inflamado. Sinal de Lenander: diferença de temperatura axilar e retal em torno de 1 °C, salvo em casos de febre elevada. Abdome Agudo Inflamatório: Sinais Semiológicos Sinal de Defesa Abdominal: coloca-se ambas as mãos sobre o abdome e deprime-se gentilmente os dedos. É positivo quando ocorre contratura involuntária dos músculos da parede anterior do abdome. Se o espasmo é voluntário, ele para durante inspiração profunda. Se é verdadeiramente involuntário, o musculo permanece tenso e rígido (abdome em tábua) durante toda a respiração sugere peritonite. Abdome Agudo Inflamatório: Exames Laboratoriais Exame de sangue: leucocitose e neutrofilia. Hematócrito aumentado. Exame de urina: piúria, cistite, pielite e nefrite. Exames de imagem: ultrassonografia, tomografia, videolaparoscopia, ressonância nuclear magnética.. Abdome Agudo Inflamatório: Exames Radiológicos TC de Abdome Esquema Comparativo Abdome Agudo Obstrutivo: Características Colecistite aguda Lítiase vesicular ou Coledocolitíase biliar Dor no hipocôndrio direito e epigástrio depois das refeições Náuseas e vômito Abdome Agudo Obstrutivo: Características Colangite Obstrução das vias biliares não tratada Infecção secundária Dor no hipocôndrio direito, febre, náuseas vômitos, icterícia por acumulo de bilirrubina direta. Se não tratada pode evoluir para sepse Abdome Agudo Obstrutivo: Características Apendicite Obstrução do apêndice Náuseas, vômitos, febre baixa e dor Peri umbilical Sinal de Blumberg (dor a descompressão brusca no ponto de McBurney) Abdome Agudo Obstrutivo: Características Obstrução intestinal Dor difusa tipo cólica, náuseas vômitos parada de eliminação de flatus e fezes Abdome distendido progressivamente Aderência intestinal (bridas): 75 % Volvo, Hérnias, Fecaloma, Intussucepção. Abdome Agudo Obstrutivo: Imagens Abdome Agudo Obstrutivo: Imagens Obstrução por bridas Intussepção intestinal Abdome Agudo Perfurativo: Manifestações Clínicas Dor aguda, intensa em punhalada. A localização inicial relaciona-se com a posição da víscera acometida, sendo mais forte no ponto correspondente a essa posição para depois generalizar-se. A irradiação é variável. Estado de choque neurogênico (sudorese, palidez, ansiedade), estado de choque septicêmico Abdome Agudo Perfurativo: Exame Físico Inspeção Ausculta: Ruídos hidroaéreos diminuídos ou ausentes Palpação: Hiperestesia cutânea localizada ou generalizada Contratura muscular – abdome em tábua Descompressão abdominal positiva Percussão: Dolorosa em todo o abdome; Pesquisa de macicez móvel e sinal de piparote; Sinal de Jobert. Abdome Agudo Perfurativo: Etiologia Úlcera péptica perfurada Perfuração uterina Perfuração de bexiga e ureter Abdome Agudo Perfurativo: Úlcera Péptica Perfurada 5 a 8% de todos os casos cirúrgicos Mais frequente entre 30 e 50 anos A perfuração da úlcera duodenal é mais frequente que a da úlcera gástrica, na proporção de 8:1 nos homens e de 2:1 nas mulheres É mais comum à noite, como também após refeições volumosas, vômitos e tosse. Abdome Agudo Perfurativo: UPP – Manifestações Clínicas Primeira fase: fase de prostração ou choque neurogênico – dura de poucos minutos até duas horas. Dor intensa, aguda, persistente Sinal de Kehr Face pálida com sudorese, extremidades úmidas, cobertas com suor Temperatura Pulso Náuseas e vômitos. Abdome Agudo Perfurativo: UPP – Manifestações Clínicas Segunda fase: fase de reação ou de peritonite química – começa de duas a seis horas após a perfuração. Fase ilusória Exame físico: Inspeção Ausculta Palpação – Blumberg Positivo Percussão Sinal de Jobert Toque retal – Sinal de Kullen Kampf. Abdome Agudo Perfurativo: UPP – Manifestações Clínicas Terceira fase: fase de peritonite franca ou peritonite séptica – começa cerca de doze horas após a perfuração. Acentuado agravamento do caso toxemia: vômitos frequentes, soluços, oligúria, face de sofrimento, pulso de pequena amplitude, temperatura moderadamente elevada Sequestro de grande quantidade de líquidos na cavidade abdominal e para o interior das alças Acentuam-se a desidratação e as alterações eletrolíticas e hipotensão Abdome distendido, contratura diminuída Respiração rápida e trabalhosa Abdome Agudo Vascular: Definição Síndrome causada por déficits circulatórios, lesões vasculares, obstruções circulatórias que acabam por gerar infartos isquêmicos. Abdome Agudo Vascular: Etiopatogenia Cabe a divisão entre as causas oclusivas e não-oclusivas: Das oclusivas podemos citar como mais frequentes: Embolia (origem cardíaca, aórtica, tumoral ou por cristais de colesterol) Trombose aguda (secundária geralmente à aterosclerose prévia) dos principais ramos arteriais viscerais. Entre as não-oclusivas: Secundárias à diminuição importante do débito cardíaco, que pode ou não ser acompanhada do espasmo dos vasos. Abdome Agudo Vascular: Doença Isquêmica Intestinal De maneira geral, a doença isquêmica intestinal, resultado de uma embolia ou trombose mesentérica, pode ser classificada como: Isquemia mesentérica aguda; Isquemia mesentérica crônica e Colite isquêmica ou isquemia colônica. Abdome Agudo Vascular: Diagnóstico Clínico Dor abdominal súbita, intensa e em cólica; Vômitos e náuseas; Vômitos fecalóides. Ausculta: Presença de sopros arteriais. Sons abdominais diminuídos ou aumentados. Abdome Agudo Hemorrágico: Etiologia e Etiopatogenia Dor súbita decorrente da ruptura de vísceras abdominais. Associado ao trauma, pós-operatório e complicações pós-procedimentos Causas: Gravidez ectópica rota Ruptura espontânea de vísceras maciças (baço, fígado) Ruptura espontânea de aneurisma de aorta abdominal Cisto ovariano hemorrágico Necrose tumoral Endometriose Pós-operatório Abdome Agudo Hemorrágico: Diagnóstico Clínico Rápido comprometimento hemodinâmico Palidez intensa Hipovolemia Choque Taquicardia Aneurisma de aorta abdominal: Aterosclerose, infecção e arterites Maioria abaixo das artérias renais 50% dos aneurismas > 6cm rompem em 1 ano Dor intensa em flancos ou dorso Dor abdominal difusa, intensa Hipotensão Massa abdominal pulsátil Abdome Agudo Hemorrágico: Diagnóstico Clínico Abdome flácido, doloroso difusamente com dor à descompressão positiva. Retroperitôneo Hematoma contém hemorragia algumas horas Associação entre achados clínicos (hipovolemia) Ultrassonografia Laparotomia Hérnias Abdominais Hérnias Abdominais: Definição Forma-se pela protrusão do conteúdo abdominal através dos orifícios naturais ou adquiridos no arcabouço do músculo aponeurótico da parede abdominal. Tipos: inguinal, femoral, epigástrica, umbilical e incisional. Interna X Externa Hérnias Abdominais: Etiopatogenia Fatores predisponentes Congênitos: persistência do conduto peritônio-vaginal doenças genéticas (Marfan, Ehlers-Danlos e Hurler-Hunter) Anatômicos: morfologia do orifício miopectíneo largura do canal femoral falha do mecanismo de oclusão do anel inguinal profundo, em resposta a aumento de pressão abdominal postura bípede Adquiridos: lipomas do cordão inguinal fibras colagenosas oxitalânicas (idosos) inscisões cirúrgicas Hérnias Abdominais: Etiopatogenia Fatores desencadeantes: Aumento da pressão abdominal: ativo e intermitente (DPOC, obstipação, HPB e atividade física intensa) passivo e contínuo (ascite, obesidade, tumores abdominais e gestação) Hérnias incisionais: Técnica da síntese da parede abdominal fios inadequados pontos isquemiantes ruptura dos fios de sutura infecção da ferida cirúrgica e desnutrição Hérnias Abdominais: Classificação Hérnia inguinal: Indireta: Originam do anel inguinal profundo, lateralmente aos vasos epigástricos Persistência do cônduto peritôneo-vaginal Frequentes em crianças e homens Direta: Medialmente aos vasos epigástricos Fraqueza adquirida da fáscia transversalis Frequentes em adultos “maduros” Podem ser bilaterais Hérnias Abdominais: Classificação Hérnia femoral: Abaixo do ligamento inguinal, medialmente aos vasos femorais na raiz da coxa. Frequência maior: mulheres e do lado direito. Anatomia pélvica: bacia mais larga. Chance de encarceramento > que inguinais. Hérnia epigástrica: Menos frequente Linha alba supra-umbilical Transposição da gordura pré-peritoneal pelos orifícios de passagem de vasos sanguíneos ou falhas na aponeurose Hérnias Abdominais: Classificação Hérnia Umbilical: Congênita ou adquirida Pólo superior, inferior ou difusamente à cicatriz umbilical 4-5 anos para cirurgia Adultos: obesos, urêmicos e cirróticos Hérnia Incisional: Laparotomias medianas Protusão abrange parcial ou totalmente a cicatriz cirúrgica Perda de domicílio das alças intestinais Diástase: não traz repercurssões clínicas Hérnias Abdominais: Classificação Hérnias Abdominais: Classificação Hérnias Abdominais: Diagnóstico Clínico Histórica clínica Abaulamento acentuado com manobras de esforço Crescimento lento, gradual, constante Incômodo ou dor local Exame em pé e em decúbito Manobras de inspeção estática e dinâmica Palpação Ultrassom Hérnias sem abaulamento perceptível TC Volume e conteúdo de hérnias incisionais Hérnias Abdominais: Diagnóstico Diferencial Hidrocele Adenomegalia inguinal Cistos de cordão inguinal Tumores e lipomas de região inguinal Hérnias Abdominais: Complicações Encarceramento Anel herniário impede que o conteúdo volte para a cavidade abdominal Dificuldade de retorno venoso e edema Redução do fluxo arterial Isquemia hérnia estrangulada Perfuração de vísceras Lesões tróficas e úlceras Hérnias incisionais Hérnias habitadas Difícil redução do conteúdo do saco Aderências entre saco herniário e conteúdo Referências Bibliográficas PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda., 2011. BENSEÑOR, Isabela M.; ATTA, José Antonio; MARTINS, Milton de Arruda. Semiologia Clínica. São Paulo: Sarvier, 2002. UTIYAMA, Edivandro M. Propedêutica Cirúrgica. 2ª ed. Barueri, SP: Malone, 2007. Feres O, Parra RS. Abdômen agudo. Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (4): 430-6 Martin RF, Rossi RL. The acute abdome. An overview and algorithms. Surg Clin North 1. Am 1997; 77(6): 1227-43. Langell JT Gastrointestinal perforation and the acute abdomen. Med Clin North Am 2. 2008; 92: 599-625.
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