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DESCRIÇÃO A avaliação da inteligência em seus aspectos históricos e contemporâneos. PROPÓSITO Compreender como a avaliação da inteligência originou a avaliação psicológica em geral, como os testes de inteligência estão entre os mais precisos da Psicologia e de que maneira a compreensão da inteligência e das potencialidades do ser humano é essencial para os estudantes de Psicologia. PREPARAÇÃO Não existem pré-requisitos operacionais. Entretanto, deve-se deixar claro que materiais de avaliação psicológica são de uso exclusivo do psicólogo. Estudantes de Psicologia podem ter acesso a eles, desde que supervisionados por um profissional psicólogo. Caso seja possível, embora tenha custos elevados, recomenda-se o manuseio do material apresentado no módulo 3. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a história da avaliação psicológica da inteligência MÓDULO 2 Reconhecer os principais teóricos sobre inteligência, bem como suas respectivas teorias MÓDULO 3 Identificar os principais testes psicométricos utilizados na avaliação da inteligência INTRODUÇÃO A inteligência humana é um tópico especialmente importante para a Psicologia e o seu estudo originou a avaliação psicológica. Mais do que isso, a inteligência é uma síntese de todo o potencial humano. Pessoas mais inteligentes tendem a desfrutar de maior sucesso na vida, maiores salários, ocuparem posições de maior status na sociedade. Países com populações mais inteligentes também tendem a ser mais desenvolvidos social e economicamente. São tantas as vantagens proporcionadas pela inteligência que seria irracional ignorar o estudo desta área. Inicialmente, esse tema abordará os conceitos de inteligência, enfatizando sua história, incluindo teorias contemporâneas. Em seguida, apresentará as principais teorias e teóricos da inteligência. Por fim, serão discutidas as formas de avaliá-la, a partir da apresentação dos principais testes psicométricos, tanto históricos quanto atuais. MÓDULO 1 Descrever a história da avaliação psicológica da inteligência DEFINIÇÃO DA INTELIGÊNCIA A inteligência despertou inúmeras teorias na Psicologia. Muito se diz que as pessoas mais inteligentes se dedicaram ao estudo da inteligência, talvez numa tentativa de compreender a si próprios. Talvez isso seja verdade, o que podemos acreditar observando teóricos e colegas que se dedicaram a esse estudo. Nesse caso, contar com os pesquisadores mais capazes pode ser uma explicação para o fato de que a teorização da inteligência foi se desenvolvendo mais rapidamente do que outras teorizações da Psicologia. Talvez os primeiros estudos científicos da inteligência tenham sido feitos por meio da psicometria. Para essa perspectiva, o desempenho intelectual está relacionado a fatores gerais e/ou específicos. A psicometria (ROAZZI; SOUZA, 2002) entende que a inteligência é uma habilidade mental inata, fixa, abstrata e geral. Seu grau de intensidade (seja global ou de aspectos isolados) pode ser medido pelo desempenho em testes. PSICOMETRIA Ciência que mede funções mentais por meio de técnicas estatísticas e análise de múltiplos fatores. javascript:void(0) WUNDT Diversos manuais de Psicologia mencionam o nome de Wilhelm Wundt como o pioneiro da Psicologia moderna. De fato, a criação do primeiro laboratório de Psicologia em Leipzig é um marco importante para esta ciência. Entretanto, mais do que um psicólogo, devemos considerar que Wundt foi um filósofo cujo pensamento se centralizava na Psicologia. Wundt defendia que a Filosofia e a Psicologia eram áreas inseparáveis, inclusive se manifestando de forma contrária à precoce aplicação deste saber. Por fim, o autor defendia que a Psicologia deveria ser uma ciência em busca de leis gerais que estudassem as condutas psicológicas dos seres humanos. Foto: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público Wilhelm Wundt. WILHELM WUNDT “Wundt (1832-1920), professor alemão do século XIX, cuja vasta erudição é uma de suas características essenciais. Ele constrói seu pensamento a partir de conceitos e javascript:void(0) expressões da própria tradição filosófica alemã que lhe precedeu, as quais estão bem distantes do vocabulário psicológico da tradição norte-americana predominante no cenário contemporâneo” (ARAUJO, 2009, p. 219-2010). POR QUE ESTE ENTENDIMENTO INICIAL DE COMO SURGIU A PSICOLOGIA WUNDTIANA É TÃO IMPORTANTE? RESPOSTA Porque percebem-se conceitos opostos aos necessários para o desenvolvimento de uma avaliação psicológica tal qual conhecemos hoje. A avaliação psicológica (ARAUJO, 2009) é uma área aplicada da Psicologia e depende de uma Psicologia enquanto ciência experimental. Ela é ainda uma área focada em diferenças individuais, sendo uma subárea da Psicologia diferencial, o que é oposto à busca por leis universais que regem os seres humanos, tal qual encontrado em escolas como o behaviorismo e a psicanálise. GALTON Na década de 1880, Francis Galton teve uma importante contribuição no início da avaliação da inteligência. Sua contribuição científica, em certa parte, se assemelha à obra do seu primo, Charles Darwin. Galton criou o conceito de eugenia, cuja distorção foi a base para políticas nazistas. Eugenia significa apenas um processo espontâneo de seleção natural, no qual indivíduos inconscientemente selecionam parceiros com os genes mais aptos ao ambiente, fazendo com que os melhores genes prevalecessem. Ele jamais sugeriu a eliminação de indivíduos com genes considerados os piores por quaisquer critérios. javascript:void(0) Foto: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público Francis Galton. GALTON “Francis Galton (1822-1911) viveu na Inglaterra durante o período vitoriano e deixou contribuições para diversas áreas da ciência que incluem, dentre outras, a antropometria, a Psicologia e a hereditariedade. Destacou-se por propor a utilização de ferramentas estatísticas (regressão e correlação) para o estudo da hereditariedade e pela aplicação de métodos estatísticos ao estudo da evolução.” (POLIZELLO, 2011, p. 2). No entanto, a parte importante dos estudos de Galton, na temática da inteligência, se refere a seus estudos antropométricos. Ele acreditava que a inteligência estava relacionada aos cinco sentidos. Uma vez que todas as informações que absorvemos do mundo vem através deles, pessoas que possuem esses sentidos de maneira mais aguçada, em tese, seriam mais inteligentes. Uma atenção especial foi dada à discriminação tátil e sonora. Embora errada, esta teoria é bastante lógica. Galton (PASQUALI, 2020) ainda teve um trabalho importante na criação e simplificação de métodos estatísticos, o que foi levado adiante pelo seu discípulo Karl Pearson. CATTELL Orientando por Wundt, na década de 1890, teve destaque o trabalho de James McKeen Cattell (1860-1944), psicólogo americano que desenvolveu uso de métodos experimentais objetivos, testes mentais e aplicação nas áreas de educação, negócios e publicidade. Enquanto Wundt acreditava em uma Psicologia de leis universais, Cattell buscava examinar diferenças individuais. Nessa busca, ele criou os testes de inteligência tal qual conhecemos hoje, que foram aplicados em estudantes universitários dos Estados Unidos. Cattell foi o primeiro autor a utilizar o termo teste mental. Mesmo que sua conceituação estivesse correta, o grande problema desses testes estava no fato de que eles eram psicometricamente ruins. Foto: Bain News Service/Wikimedia Commons/Domínio Público James McKeen Cattell. Ele salientou (PASQUALI, 2020) os testes baseados nos cinco sentidos, como os de Galton, que não se referiam à inteligência e não se correlacionavam com o desempenho acadêmico. No entanto, o teste mental de Cattell também não se correlacionava com o desempenho acadêmico. BINET Avançando mais uma década, e atravessando o Oceano Atlântico em direção à França, temos o trabalho de Alfred Binet (1857-1911). Atuando na psicologia experimental, Binet fez contribuições fundamentais para amedição da inteligência. Ele criticava os testes de inteligência da época e acreditava que as medidas sensoriais não se referiam a processos mentais, enquanto os testes mentais não estavam avaliando processos importantes da inteligência. Binet e Simon, em 1905 desenvolveram um teste que media uma ampla gama de processos mentais tais como raciocínio, julgamento e compreensão. Foto: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público Alfred Binet. O fato do teste de Binet estar medindo processos cognitivos e não sensoriais, além de ser muito bom do ponto de vista psicométrico, contribuiu para o seu enorme sucesso. O teste, de fato, se correlaciona (PASQUALI, 2020) ao desempenho acadêmico. Mesmo sendo um teste tão antigo, ele é utilizado atualmente. Binet beneficiou-se também do surgimento do conceito de quoeficiente de inteligência (QI), trazido por William Stern (1871-1938). Influenciado pelo trabalho de Binet e seus estudos de inteligência em crianças, Stern desenvolveu a ideia de expressar os resultados dos testes de inteligência na forma de um único número, o quociente de inteligência (QI). O quociente de inteligência (QI) é dado pela fórmula: QI = 100 X (IM/IC), NA QUAL IM = IDADE MENTAL E IC = IDADE CRONOLÓGICA (PASQUALI, 2020) ATENÇÃO O conceito de QI da época, portanto, considera se uma criança está mais avançada ou mais atrasada em seu desenvolvimento intelectual. Essa fórmula diverge do conceito moderno, no qual consideramos que um QI médio é igual 100 e cada desvio padrão acima da média soma 15 pontos, enquanto cada desvio padrão abaixo da média subtrai os mesmos 15 pontos. O conceito de QI, entretanto, serviu como uma luva para a correção do teste de Binet. SPEARMAN Ainda entre 1900 e 1910, na Inglaterra, teve destaque o trabalho de Charles Spearman. Ele também foi discípulo de Wundt e contribuiu para o desenvolvimento de métodos estatísticos para análise de testes, especialmente de inteligência. Destaca-se sua conceituação da Inteligência em um fator único ou geral (g). Essa ideia significa que, por mais diversificada que seja a inteligência, ela converge para o mesmo fator geral (g). CHARLES SPEARMAN Charles Edward Spearman (1863-1945), psicólogo britânico que teorizou que um fator geral de inteligência, (g), está presente em vários graus em diferentes habilidades humanas. Autor do artigo clássico, Inteligência Geral, Objetivamente Determinada e Medida (1904), onde faz correlações entre habilidades mentais. javascript:void(0) javascript:void(0) FATOR ÚNICO OU GERAL (G)] A teoria do fator (g) de Spearman será mais detalhada no decorrer do tema. EXEMPLO Uma pessoa com grande habilidade matemática também tende a possuir grande habilidade linguística, e vice-versa. Embora, à primeira vista, possa parecer estranho, essa ideia foi apoiada por modelos matemáticos desenvolvidos pelo próprio Spearman. O conceito de fator geral também é sustentado (PASQUALI, 2020) pelo atual conhecimento sobre inteligência. TESTAGEM NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Por maiores que sejam os estragos causados por guerras, esses eventos trazem grande desenvolvimento tecnológico para a sociedade e a criação de novas tecnologias pode ser crucial para que um país se saia vencedor no conflito. A avaliação da inteligência era uma das grandes novidades tecnológicas da época da Primeira Guerra Mundial. O conflito apenas acelerou o desenvolvimento destas técnicas. Os Estados Unidos entraram tardiamente nesta guerra e depararam-se com o problema de um grande contingente de recrutas para serem selecionados e alocados nas mais diferentes funções. Uma das soluções para isso estava na avaliação da inteligência. Para isso, foram criados dois tipos de testes: Army Alphait Com ele, a inteligência de milhares de recrutas poderia ser estimada de maneira rápida e barata. E, assim, surgiu a primeira testagem de inteligência em massa da história. Army Beta Ainda durante a guerra, percebeu-se que havia um enorme contingente de recrutas de língua estrangeira e analfabetos (mesmo em países desenvolvidos o analfabetismo era comum naquela época). Para eles, foi dada esta opção de teste, que avaliava a inteligência da mesma maneira, porém com figuras ao invés de palavras, inclusive nas suas instruções. A testagem militar foi um sucesso. O grupo de psicólogos que organizou esse programa (FERREIRA; SANTOS, 2010) era composto pelos melhores psicometristas dos Estados Unidos na época, liderados por Robert M. Yerkes. No período de paz que se seguiu, os meios civis interessaram-se por replicar e aprimorar essa testagem. ROBERT M. YERKES Robert Mearns Yerkes (1876-1956), psicólogo americano e um dos principais desenvolvedores de comparativos (animais). Autor de The Dancing Mouse (1907), utilizando camundongos e ratos como sujeitos de laboratório padrão em testes psicológicos. TERMAN Lewis Madison Terman, professor da universidade de Stanford e um dos psicólogos da equipe de Yerkes, fez uma revisão do teste de Binet-Simon, que foi rebatizado de Stanford- Binet. Ele foi, sem dúvidas, um dos maiores cientistas da Psicologia entre as décadas de 1920 e 1940, tanto pela sua aplicação dos testes de inteligência para uma finalidade prática, como pelo seu famoso estudo longitudinal. javascript:void(0) javascript:void(0) Foto: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público Lewis Madison Terman LEWIS MADISON TERMAN Lewis Madison Terman, (1877-1956), psicólogo americano que desenvolveu o teste de inteligência individual Stanford-Binet. Também contribuiu para o desenvolvimento do primeiro teste de inteligência de grupo em massa, durante a Primeira Guerra. Autor de um estudo longitudinal sobre superdotados, termo cunhado por ele para designar crianças cujo QI é mais alto do que a média. Nesse estudo, que seria avançado até mesmo para os dias atuais, Terman procurou, por toda a Califórnia, no ano de 1921, crianças superdotadas com QI superiores a 130. Sua amostra foi composta por 1528 crianças, na sua maioria entre 8 e 12 anos de idade. A criança com maior QI foi uma menina com escore de 201. A média de QI da amostra foram impressionantes 151 pontos. Terman não estava preocupado com nenhuma representatividade amostral. Ele apenas queria contar com muitas pessoas bastante inteligentes. Na sua maioria, essas crianças eram brancas e de classe alta e foram acompanhadas durante toda a sua vida para realização deste estudo (que foi continuado mesmo depois da morte de Terman). Em 1996, foi aplicado o último questionário nos sobreviventes daquela amostra. Um dos grandes achados do estudo foi a constância do QI. Este estudo evidenciou que QI permanece estável durante toda a vida, ainda que com variações desprezíveis, que podem ser atribuídas a erro de medida dos testes. Assim, praticamente todas as crianças da amostra continuaram com os seus elevados escores de QI. Aproximadamente 70% dos homens e 67% das mulheres conseguiram graduar-se na faculdade, numa época em que a média da Califórnia era de apenas 8% das pessoas graduadas. Quatorze por cento dos homens e quatro por cento das mulheres obtiveram o grau de Ph.D. em alguma área na amostra de Terman. Entretanto, 15% dos participantes desta amostra receberam um salário inferior à média norte- americana. Alguns desses sujeitos tiveram passagens pela prisão ou tornaram-se paciente psiquiátricos, alcoólatras ou homossexuais (repare que a homossexualidade é descrita como se fosse um traço indesejável). As principais conclusões desse estudo (HASTORF, 1997) definiram que a inteligência, isoladamente, não é o único preditor do sucesso na vida, embora tenha uma parcela bastante importante. Fatores como a personalidade e a felicidade também ajudam crianças superdotadas a terem seu potencial reconhecido pela sociedade. THURSTONE Na década de 1930, as ideias de Spearman foram questionadas por Louis Leon Thurstone (1887-1955), psicólogo americano pioneiro no desenvolvimento da psicometria. Para Thurstone,um conjunto de habilidades explicaria o desempenho intelectual das pessoas. O fator geral (g) seria apenas uma conjectura matemática que explica a inteligência de maneira pobre e nem sempre observável. A partir dessa concepção, e utilizando a técnica estatística criada por ele próprio, análise fatorial múltipla, Thurstone desenvolveu uma teoria de inteligência com sete fatores independentes. Estes fatores são descritos a seguir (ALMEIDA, 2002): • Espacial (S): Capacidade de visualização de objetos num espaço bi ou tridimensional. De uma maneira geral são itens figurativos. • Velocidade perceptiva (P): Capacidade de, rapidamente e com acuidade, visualizar pequenas diferenças ou semelhanças entre um grupo de figuras. • Numérico (N): Capacidade de lidar com números e efetuar rapidamente operações aritméticas simples. • Compreensão verbal (V): Capacidade de compreensão de ideias expressas através de palavras. • Fluência verbal (W): Capacidade de produzir rapidamente palavras a partir de instruções apresentadas. • Memória (M): Capacidade de evocar estímulos como, por exemplo, pares de palavras ou frases, anteriormente apresentados. • Raciocínio (R): Capacidade de resolver problemas, apreendendo e aplicando princípios, leis ou transformações. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A importância do trabalho de Thurstone (PASQUALI, 2020) está justamente na idealização e demonstração empírica de que a inteligência possui diversas facetas, além da criação de modelos estatísticos para operacionalizar esta tarefa. Como se não bastasse, Thurstone ainda foi o criador da Psychometric Society e da revista Psychometrika, duas grandes referências da área da psicometria que existem até hoje. TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM A partir da década de 1950, os modelos clássicos de análise de dados (teoria clássica dos testes - TCT) começaram a ser questionados por algumas de suas limitações. Nessa época, os próprios testes de inteligência estavam sendo questionados, principalmente devido à demonstração de que eles eram dependentes da cultura em que eram aplicados. Assim, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) surgiu (PASQUALI, 2020) como uma nova maneira de fazer análises estatísticas dos testes de inteligência, sendo posteriormente aplicada a outras áreas. Basicamente, a TRI é (PASQUALI, 2007) um modelo matemático que visa explicar a probabilidade de acerto dos respondentes para cada item. Esse acerto é provocado pelo nível de aptidão dos sujeitos (sujeitos com maior aptidão ou mais inteligentes têm maior probabilidade de acertar os itens) e por 3 parâmetros dos itens: DISCRIMINAÇÃO O quanto aquele item consegue separar sujeitos de elevada e de baixa aptidão. DIFICULDADE O quanto aquele item é acertado ou errado pela maioria das pessoas. ACERTO AO ACASO Vulgarmente conhecido como chute, o quanto aquele item pode ser acertado por pessoas sem nenhuma aptidão. VOCÊ SABIA A TRI foi um modelo matemático revolucionário para época em que foi criado. Entretanto, o seu uso apenas começou a ser feito a partir da década de 1980, pois os modelos eram extremamente complexos, dependendo de uma robusta tecnologia computacional para as análises. No Brasil, ele é utilizado na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que, embora não seja um teste de inteligência, também está medindo aptidão. TEORIA CHC Para concluir nossa história da avaliação da inteligência, é importante mostrarmos o que há de mais atual em termos teóricos. Atualmente, talvez o modelo mais aceito pela comunidade científica (MCGREW, 1997) seja a teoria Cattell-Horn-Carroll (CHC), cujas ideias foram javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) compiladas pelo próprio Kevin McGrew. Como pode ser observado a partir do nome da teoria, ela foi feita com um autor complementando a ideia do outro. Quando Cattell se perguntou se a inteligência é uma única entidade ou se existem várias inteligências, percebeu necessidade de conciliar as ideias de Spearman e Thurstone. Para este autor, existe um fator geral da inteligência, mas subordinado a ele havia outros dois fatores gerais, denominados inteligência fluida (Gf) e inteligência cristalizada (Gc). Inteligência fluida Agrega os componentes não verbais. Ela se trata das operações cognitivas que realizamos diante de uma tarefa que não conhecemos, sendo pouco dependente da cultura. Inteligência cristalizada É a capacidade para resolução de problemas complexos do nosso dia a dia. Essa forma de inteligência está mais associada à linguagem e à cultura, podendo ser desenvolvida também a partir das experiências educacionais. Posteriormente, o trabalho de HORN (1985) acrescentou mais oito capacidades cognitivas ao modelo Gf-Gc. Essas capacidades são: • Processamento visual (Gv – habilidade para sintetizar estímulos visuais) • Memória de curto prazo (Gsm – apreensão e uso das informações em um curto período) • Armazenamento e recuperação de longo prazo (Glr – fazer aumento e recuperação das informações) • Velocidade de processamento (Gs – realização rápida de tarefas cognitivas simples) • Rapidez para a decisão correta (CDS – velocidade para realização de tarefas de compreensão e raciocínio) • Processamento auditivo (Ga – compreensão e síntese dos estímulos auditivos, bem como discriminação de sons) • Conhecimento quantitativo (Gq – compreensão de conceitos e relações quantitativas e manipulação de símbolos numéricos) • Leitura e escrita (Grw – habilidades básicas de leitura e escrita) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Cabe reforçar que Horn manteve os fatores das inteligências fluida e cristalizada em seu modelo. Carroll (1993) refinou o trabalho dos seus dois antecessores com dados empíricos. O autor se utilizou de 460 estudos com testes de capacidades cognitivas. Muitos estudos clássicos estavam no enorme banco de dados de Carroll. Com este ponto de partida, foram feitas análises fatoriais de todos os itens de todos os testes. Esses itens se agruparam em diversos fatores de primeira ordem. A segunda análise fatorial não utilizou os itens, mas os fatores de primeira ordem, resultando em oito fatores de segunda ordem. Por fim, uma análise fatorial dos fatores de segunda ordem resultou na extração de um único fator geral (g) de terceira ordem. A teoria dos três estratos de Carroll se encontra no quadro a seguir: TEORIA DOS TRÊS ESTRATOS DE CARROL (1994) Estrato I (Fatores de 1ª Ordem) Estrato II (Fatores de 2ª Ordem) Estrato III (Fatores de 3ª Ordem) • Raciocínioindutivo • Raciocínio quantitativo • (...) Inteligência fluida • Compreensão verbal • Desenvolvimento da linguagem • (...) Inteligência cristalizada Estrato I (Fatores de 1ª Ordem) Estrato II (Fatores de 2ª Ordem) Estrato III (Fatores de 3ª Ordem) g (Inteligência geral) • Memória associativa • Memória visual • (...) Memória e aprendizagem • Relações espaciais • Percepção de formas • (...) Percepção visual • Discriminação de sons • Discriminação musical • (...) Percepção auditiva • Originalidade • Fluência verbal • (...) Capacidade de evocação • Aptidão numérica • Velocidade perceptiva • (...) Velocidade cognitiva • Tempode reação • Velocidade de processamento semântico • (...) Velocidade de decisão Fonte: ALMEIDA (2002) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal As diferenças entre os modelos de Carroll e Cattell-Horn (SCHELINI, 2006), além da presença das camadas do modelo de Carroll, estão no fato de que Carroll removeu os fatores gerais de conhecimento quantitativo e de leitura e escrita, ficando subordinados respectivamente à inteligência cristalizada e à inteligência fluida. Carroll ainda unificou as memórias e armazenamentos de curto e de longo prazo em um único fator geral (capacidade de evocação). A compilação desses métodos, entretanto, que ganhou maior relevância na Psicologia.Diferentes modelos de configuração da estrutura da inteligência (MCGREW, 1997) foram testados, visando integrar os estudos de Carroll com os de Cattell-Horn. Os dados utilizados foram 37 medidas da Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson Revisada (que veremos a seguir), aplicada em 1291 sujeitos. Os estudos concluíram que a estrutura de dez fatores gerais propostas por Cattell-Horn encontrou melhor ajuste. Entretanto, os fatores específicos de primeira ordem propostas por Carroll continuaram no modelo, subordinados ou fatores Gerais de Cattell-Horn; bem como o fato de que os fatores gerais estão subordinados há um grande fator de terceira ordem. Imagem: Shutterstock.com HISTÓRIA DA INTELIGÊNCIA Vamos, agora, aprofundar o próprio conceito de inteligência, através de seu desenvolvimento histórico. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (FONTE: FEPESE - 2019 - PREFEITURA DE FRAIBURGO - SC – PSICÓLOGO / ADAPTADO). ANALISE AS AFIRMATIVAS ABAIXO A RESPEITO DOS TESTES DE INTELIGÊNCIA. I - OS PRIMEIROS FORAM CRIADOS POR ALFRED BINET, NA FRANÇA. II - OS RESULTADOS DE GRANDE PARTE DOS TESTES DE INTELIGÊNCIA SÃO APRESENTADOS SOB FORMA DE QUOCIENTE INTELECTUAL (QI). III - OS RESULTADOS PODEM SER OBTIDOS RELACIONANDO A IDADE DO INDIVÍDUO COM O SEU DESEMPENHO NO TESTE, VERIFICANDO-SE SE ELE ESTÁ NO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL CONSIDERADO NORMAL E PADRONIZADO PARA A SUA IDADE. IV - UM DOS PROBLEMAS RELACIONADOS AOS TESTES DE INTELIGÊNCIA É QUE O SEU USO É FREQUENTE EM GUERRAS. SOBRA AS AFIRMATIVAS ACIMA É CORRETO AFIRMAR: A) É verdadeira a afirmativa I. B) São verdadeiras as afirmativas I e III. C) São verdadeiras as afirmativas II e IV. D) São verdadeiras as afirmativas II, III e IV. E) São verdadeiras as afirmativas I, II, III. 2. (FONTE: CFP - ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA). DE ACORDO COM AS CONSTATAÇÕES DE FAIAD, PASQUALI E OLIVEIRA (2019) SOBRE O HISTÓRICO E OS FUTUROS DESAFIOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Com a chegada do século XX, Locke reaparece nos Estados Unidos e Rousseau, na Europa, mostrando duas grandes vertentes (mecanicista e organicista) da avaliação psicológica. No Brasil, são as vertentes organicistas de Freud e Piaget que predominam, sendo o maior desafio a dificuldade de aferir importantes pressupostos estatísticos por meio dessas duas vertentes. B) O primeiro laboratório de avaliação psicológica foi fundado pelo fisiólogo alemão Wundt, em 1879, em Leipzig, na Alemanha. Wertheimer foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos Estados Unidos. Em seguida, surgiu Titchener, que se dedicava aos estudos dos processos da percepção. No Brasil, a avaliação psicológica foi reconhecida como função do psicólogo por meio da Lei n.ᵒ 4.119, quando o curso de formação profissional em psicologia foi oficializado no Ministério da Educação (MEC). Atualmente, o maior desafio da avaliação é a falta de referências para avaliar populações com deficiências. C) O primórdio da avaliação psicológica está nos estudos do temperamento do romano Galeno, que embasou, por décadas, a proposta de classificação da personalidade. No Brasil, o marco foi a criação do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI). O futuro da avaliação está na busca das causas do comportamento no funcionamento neurológico. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo processo psíquico e contribui com conhecimento básico a respeito do funcionamento das funções psíquicas, como, por exemplo, pensamento, memória e percepção. D) A testagem psicológica teve seus avanços iniciais marcados pelos estudos de Galton, Cattell, Binet e Spearman. Novos avanços foram impulsionados com a necessidade de seleção de recrutas do exército durante a Primeira Guerra Mundial e com o desenvolvimento da técnica estatística Análise Fatorial. Outros marcos importantes foram o desenvolvimento da Teoria de Resposta ao Item e a elaboração de documentos normativos, Standards, para melhoria da avaliação psicológica no mundo. E) Somente com o desenvolvimento da computação, a área de avaliação psicológica teve o reconhecimento de sua relação indissociável entre o estabelecimento da Psicologia como ciência e profissão. Atualmente, há meios para avaliar muitos construtos psicológicos, envolvendo comportamentos, afetos, processos cognitivos, sintomas, valores e atitudes, entre outros aspectos da vida íntima das pessoas. Atualmente, o único desafio para a área é a restrição de conteúdos e de cargas horárias de avaliação psicológica nos cursos de graduação. GABARITO 1. (Fonte: FEPESE - 2019 - Prefeitura de Fraiburgo - SC – Psicólogo / Adaptado). Analise as afirmativas abaixo a respeito dos testes de inteligência. I - Os primeiros foram criados por Alfred Binet, na França. II - Os resultados de grande parte dos testes de inteligência são apresentados sob forma de Quociente Intelectual (QI). III - Os resultados podem ser obtidos relacionando a idade do indivíduo com o seu desempenho no teste, verificando-se se ele está no nível de desenvolvimento intelectual considerado normal e padronizado para a sua idade. IV - Um dos problemas relacionados aos testes de inteligência é que o seu uso é frequente em guerras. Sobra as afirmativas acima é correto afirmar: A alternativa "E " está correta. I. Binet é reconhecido como o criador dos primeiros testes de inteligência, mesmo que os trabalhos de Cattell fossem anteriores ao dele. Binet criou os primeiros testes válidos e precisos de inteligência, com possibilidades práticas de utilização. II. O QI é a forma de apresentar os resultados desses testes, sendo utilizado desde os primórdios da avaliação psicológica até hoje. III. Mesmo que a fórmula inicial desenvolvida por Stern (que envolve uma proporção entre idade mental e cronológica) para calcular o QI não seja mais a principal maneira de fazer essa avaliação, ela ainda pode ser utilizada. IV. Embora os testes de inteligência tenham disso desenvolvidos e aplicados durante a Primeira e a Segunda Guerra, não é correto dizer que sejam frequentemente utilizados em guerras. 2. (Fonte: CFP - Especialista em Psicologia - Avaliação Psicológica). De acordo com as constatações de Faiad, Pasquali e Oliveira (2019) sobre o histórico e os futuros desafios da avaliação psicológica, assinale a alternativa correta: A alternativa "D " está correta. A) Errada: Apresenta nomes não diretamente relacionados à área da avaliação psicológica. B) Errada: Existem desafios maiores para a avaliação psicológica no Brasil do que a avaliação de populações específicas. C) Errada: Galeno foi um médico do império romano que de fato está ligado aos primórdios das teorias de personalidade, mas a avaliação psicológica é um fenômeno bem mais recente. Com relação ao SATEPSI, surgiu em 2003, não podendo ser relacionado ao início da avaliação psicológica no Brasil. D) Certa. E) Errada: A avaliação psicológica se estabeleceu antes do surgimento e massificação dos computadores. Embora “a restrição de conteúdos e de cargas horárias de avaliação psicológica nos cursos de graduação” seja um importante desafio para a área, não se trata do único. MÓDULO 2 Reconhecer os principais teóricos sobre inteligência, bem como suas respectivas teorias AS TRÊS DIMENSÕES DA INTELIGÊNCIA DE GUILFORD Uma teoria fundamental no campo da Inteligência afirma (GUILFORD, 1977) que a inteligência é um conjunto de habilidades, e não um fator único. Esse modelo é bastante complexo, pois contém 120 fatores, o que pode desencorajar a sua compreensão. No entanto, devemos considerar que essas dimensões são frutos do que é descrito em apenas três facetas. Essas facetas envolvem informações do Conteúdo, que se refere a entrada das informações; dos Processos ou Operações, que são elementos cognitivos; e do Produto, que são o resultado comportamental das operações mentais realizadas. Mesmosendo um modelo da década de 1950, a teoria descreve o processamento humano de maneira semelhante ao processamento de um computador, que possui uma entrada (input), um processamento, e uma saída (output). Assim ele se apresenta: CONTEÚDO Figural: esta é a informação visual que capturamos, ou seja, as imagens. Simbólico: também é informação visual, mas, neste caso, são elementos usados como sinais de uma linguagem para representar um conceito ou ideia e que não fazem sentido por si mesmos. Semântica: conteúdos mentais ligados ao significado dos símbolos. Comportamental: todos esses dados provenientes da conexão com o ambiente ou com outras pessoas. Inclui gestos, desejos, intenções ou atitudes. PROCESSOS Cognição: consciência ou entendimento da informação. Baseia-se na capacidade de extrair o significado das informações coletadas. Memória: baseia-se na retenção de informações para operar em algum momento com ela. Produção convergente: criação de alternativas possíveis com base nas informações obtidas anteriormente. Envolve a aglutinação de informações anteriores para selecionar a resposta apropriada. Produção divergente: é um ato de criação de alternativas diferentes daquelas que são habituais e contidas no relatório, que se baseia na geração de uma nova resposta a partir dos dados obtidos. Avaliação: fazer comparações entre os diferentes conteúdos que permitem estabelecer relacionamentos. PRODUTOS Unidades: respostas simples e básicas. Uma palavra, ideia ou ação elementar. Classes: conceituações ou organizações de unidades similares em algum sentido. Relacionamentos: esta é a ideia de uma conexão entre as diferentes informações tratadas. Por exemplo, um raio está ligado ao trovão. Sistemas: organizações de informações diversas que interagem entre si. Transformações: qualquer modificação realizada em relação às informações coletadas. Implicações: estabelecimento de conexões entre informações sugeridas por um elemento específico sem que essa conexão apareça especificamente como informação. Relações de causalidade ou covariação são estabelecidas entre elementos. Tal modelo pode ser resumido na figura a seguir. As três dimensões (conteúdo, processos e produtos) são representadas nos eixos de um paralelepípedo. Cada pequeno cubo dentro desse paralelepípedo representa uma combinação de conteúdo, processo e produto, compondo uma das 120 dimensões da Inteligência: Imagem: URQUIJO, 1996. Modelo de inteligência de Guilford. O FATOR GERAL DE SPEARMAN Charles Spearman, reconhecido como o idealizador da análise fatorial, desencadeou nos anos de 1920 e 1930 todo um trabalho de fundamentação teórica e empírica da perspectiva psicométrica, também conhecida como teoria do fator geral, teoria dos dois fatores ou bifatorial. Segundo esta teoria, a inteligência pode ser compreendida tanto em função de um único fator geral, que está subjacente ao desempenho em todos os testes de habilidades mentais, como em função de um conjunto de fatores específicos, cada um dos quais estaria envolvido no desempenho em apenas um único tipo de teste de habilidade mental (por exemplo: raciocínio numérico). Segundo Spearman (SILVA, 2014), toda atividade intelectual é composta por dois fatores, um fator geral (g), comum a toda atividade mental, e um fator específico (s), característico desta atividade individualizada. Os fatores específicos são de interesse apenas casual devido às suas limitações e pouca aplicabilidade, mas o fator geral constitui-se num componente genuíno para se entender a inteligência. Aplicados dois ou mais testes cognitivos, os resultados dos sujeitos em cada teste estariam determinados por dois tipos de fatores: Fator (s) É a própria especificidade do teste. Fator (g) É o grau pelo qual o teste mede (g). Portanto, qualquer teste mede (g), mesmo que em graus diferentes. Assim, se reconhece o carácter absoluto e permanente do fator (g), em contraste com a relatividade dos fatores específicos. Spearman acreditava que o (g) fosse devido à “energia mental” de natureza simultaneamente fisiológica e psicológica, ou algumas vezes denominada por ele de energia nervosa ou cortical. A TEORIA TRIÁRQUICA DE STERNBERG Robert Sternberg possui vasto conhecimento em diversas áreas, incluindo teorias sobre amor (STERNBERG, 1986), e ainda é um dos pioneiros na Psicologia cognitiva. O maior reconhecimento do autor, no entanto, está no campo da inteligência. A Teoria da Inteligência de Sternberg trouxe uma grande inovação para o campo. Isso ocorreu porque se trata de uma teoria que não pode ser avaliada pelos testes psicológicos. Na verdade, essa teoria é uma crítica à compreensão da inteligência como vinha sendo feita até o momento. Sternberg apresentou domínios que não podiam ser avaliados pelos testes. A referida teoria é conhecida como teoria triárquica ou triádica da inteligência. ROBERT STERNBERG Professor de Desenvolvimento Humano na Faculdade de Ecologia Humana da Universidade Cornell e Professor Honorário de Psicologia na Universidade de Heidelberg, Alemanha. Sternberg foi reitor, vice-presidente sênior, professor regente de psicologia e javascript:void(0) educação e presidente de liderança ética da George Kaiser Family Foundation, na Oklahoma State University. Fonte: robertjsternberg.com As três inteligências (STERNBERG, 1985) são: Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA ANALÍTICA Essa forma de inteligência se concentra na proficiência acadêmica. O talento analítico é influente em ser capaz de separar problemas e ver soluções nem sempre vistas. Infelizmente, os indivíduos apenas com esse tipo não são tão hábeis em criar suas próprias ideias exclusivas. Essa forma de superdotação é o tipo que é testado com mais frequência. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA CRIATIVA Essa forma de inteligência se concentra na capacidade de ser intelectualmente flexível e inovador. Ela trata principalmente de quão bem uma tarefa é executada em relação a quão familiar ela é. Pessoas com elevada inteligência criativa são capazes de resolver problemas diante de uma situação nova, ou jamais experienciada anteriormente. Pessoas que são hábeis em gerenciar uma situação nova podem assumir a tarefa e encontrar novas maneiras de resolvê-la, de maneira que as demais pessoas não conseguiriam. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA PRÁTICA Trata-se da atividade mental envolvida na obtenção de adequação ao contexto. A partir da inteligência prática, os indivíduos criam um ajuste ideal entre eles e seu ambiente. Esse tipo de inteligência também pode ser chamado de "malandragem". Essa inteligência pode ser facilmente observada em indivíduos que se saem bem nas suas atividades cotidianas, mas não nas acadêmicas. Por exemplo, podemos ter um excelente mecânico de automóveis que não tenha feito qualquer curso de mecânica. Um indivíduo não se restringe a ter excelência em apenas uma dessas três inteligências. Muitas pessoas podem possuir uma boa integração de todas elas. Talvez pelo fato de que a teoria seja uma crítica à visão convencional de inteligência, ela também possui limitações e recebe crítica de alguns pesquisadores. A principal crítica (GOTTFREDSON, 2003) está no fato da pouca demonstração empírica, ou da inviabilidade de se fazer essa demonstração. Outra crítica é a de que a inteligência prática é mais uma forma de comportamento do que uma nova inteligência. GARDNER E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS A teoria das inteligências múltiplas desenvolveu-se a partir dos estudos do psicólogo norte- americano Howard Gardner. Ela se baseia nos achados da neuroanatomia relativos à localização cerebral das funções psíquicas. Como cada parte do cérebro desempenha uma função diferente, Gardner propôs que pessoas que tivessem desenvolvida aquela parte do cérebro teriam uma inteligência relacionada a esta parte. As inteligências descritas por Gardner (GARDNER, 1994; SOUZA, 2015) são as seguintes: HOWARD GARDNER Howard Gardner,psicólogo do desenvolvimento conhecido pela teoria das inteligências múltiplas. Na obra Estruturas da Mente apresentou sua teoria e os principais tipos de inteligência, que tiveram grande impacto no campo da educação, inspirando professores e educadores a explorar novas formas de ensino voltadas a diferentes inteligências. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA A inteligência linguística se refere à capacidade de comunicação seja ela oral, escrita, gestual etc. Quem domina melhor essa capacidade de comunicação possui uma inteligência linguística superior. Algumas profissões enfatizam esse tipo de inteligência como, por exemplo, os políticos, escritores, poetas, jornalistas… Esta inteligência está localizada basicamente nas áreas de Broca e de Wernicke no cérebro. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA Este tipo de inteligência está ligado à capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos. A velocidade para resolver estes problemas é o indicador que determina quanta inteligência lógico-matemática a pessoa tem. O famoso teste de quociente de inteligência (QI) é baseado neste tipo de inteligência e, em menor proporção, na inteligência linguística. Cientistas, economistas, acadêmicos, engenheiros e matemáticos muitas vezes se destacam neste tipo de inteligência. Com relação à localização, pode ser atribuída à parte pré- frontal do cérebro. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA ESPACIAL A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas está relacionada à inteligência espacial. Pessoas que se destacam nessa inteligência, geralmente têm habilidades que lhes permitem criar imagens mentais, desenhar e identificar detalhes, além de um sentimento pessoal de estética. Com essa inteligência desenvolvida, encontramos pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos, e outras profissões que exigem criatividade, além de jogadores de xadrez. Essa inteligência se encontra no lobo parietal. ÁREAS DE BROCA E DE WERNICKE A maior contribuição de Paul Broca (1824 – 1880) à neurologia foi a identificação, no cérebro, do centro do uso da palavra (que passou a se chamar área de Broca). Mais tarde, outro neurologista alemão (Karl Wernicke) comprovou que lesões fora da área de Broca resultavam, da mesma forma, em dificuldades na fala. Essa nova área ficou conhecida como área de Wernicke. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA MUSICAL Indivíduos com maior inteligência musical são aqueles capazes de tocar instrumentos, discriminar sons, ler e compor peças musicais com facilidade. Algumas áreas do cérebro, como o lobo temporal, vinculado à audição, executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da música. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA CORPORAL E SINESTÉSICA Essa inteligência envolve as capacidades motoras e corporais. A capacidade de usar ferramentas é considerada uma manifestação da inteligência sinestésica corporal, que é extremamente importante para o desenvolvimento da humanidade. Algumas profissões que exigem habilidades corporais sinestésicas são: dançarinos, atores, atletas, cirurgiões e artistas plásticos. O correlato neurológico desta inteligência está no giro pré-central do cérebro (córtex motor). Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL A inteligência intrapessoal é a capacidade de compreender e controlar as próprias emoções interiores. As pessoas que se destacam neste tipo de inteligência são capazes de acessar seus sentimentos e refletir sobre eles. Essa inteligência também lhes possibilita aprofundar a visão e compreender as razões sobre o porquê de uma pessoa ser do jeito que é. Ela é fundamental no ambiente de psicoterapia, tanto para o psicólogo quanto para o paciente. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL É uma inteligência que nos possibilita interpretar palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos em cada discurso. A inteligência interpessoal aprimora a nossa capacidade de empatia. É basicamente a capacidade de se relacionar com os outros. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com grandes grupos. Professores, psicólogos, terapeutas, advogados e educadores são profissões que se utilizam da inteligência interpessoal. Imagem: Shutterstock.com INTELIGÊNCIA NATURALÍSTICA Esta inteligência foi adicionada mais tarde ao estudo original de Inteligências múltiplas. Gardner achou necessário incluir nesta categoria porque é uma das inteligências essenciais para a sobrevivência do ser humano e de outras espécies. A inteligência naturalística é a capacidade de detectar, diferenciar e categorizar as questões relacionadas com a natureza, como espécies animais e vegetais ou fenômenos relacionados ao clima, geografia ou fenômenos naturais. Existem diversas críticas à teoria das inteligências múltiplas de Gardner, tal como ampliar demais o conceito de inteligência. Assim, dentro desta teoria, quaisquer características humanas seriam inteligências. As habilidades corporais-cinestésicas, por exemplo, embora tenham um componente cognitivo, dependem em grande parte do resto do corpo humano para o seu perfeito funcionamento. A inteligência naturalística é mais uma questão de opinião política do que propriamente uma inteligência. Mesmo que todas as habilidades sejam importantes, nem todas são necessariamente inteligências. GOLEMAN E A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Paralelamente à teoria das inteligências múltiplas, a inteligência emocional vem ganhando especial destaque e difusão internacional. Embora o conceito tenha obtido destaque popular na obra de Daniel Goleman, alguns estudiosos afirmam que o conceito de inteligência emocional é, na verdade, similar à inteligência social (inteligências Inter e intrapessoal), introduzida por GARDNER (1994). Entretanto, a inteligência emocional atingiu um corpo teórico próprio, sendo atualmente considerada uma subárea relevante dentro do estudo da inteligência e da própria Psicologia. DANIEL GOLEMAN Psicólogo, escritor e jornalista norte-americano, autor da obra Inteligência Emocional, PhD pela Universidade de Harvard e cofundador do Collaborative for Academic Social e Aprendizagem Emocional na Universidade de Illinois, em Chicago. O início do estudo das emoções, ou pelo menos o primeiro grande avanço na área, deu-se com Charles Darwin. Embora o cientista tenha tido grande destaque com a teoria evolutiva, descrita na obra A origem das espécies seu livro menos conhecido, A expressão das emoções no homem e nos animais (DARWIN, 2009), também trouxe grandes polêmicas e mudanças para a sociedade da época. A ideia apresentada era de que os seres humanos não são seres privilegiados: animais também possuem emoções. Mais do que isso, a expressão dessas emoções se dá de maneira muito semelhante. Esse foi um dos primeiros livros da história publicados com imagens, mostrando essa semelhança na expressão das emoções entre humanos e animais. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com A visão das emoções como uma capacidade, porém, se deu mais recentemente, apenas na década de 1990. Ela foi definida como uma subforma da Inteligência Social, descrita por Thorndicke em 1936. O lançamento do livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman (1995) popularizou muito a ideia desse tipo de inteligência. A partir desse livro, a área virou conteúdo de outros livros de autoajuda, cursos de coach e avaliação desta característica em seleções de emprego. Entretanto, os conceitos trazidos por Goleman descrevem a inteligência emocional como algo no domínio da personalidade ou de formas de comportamento. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com THORNDICKE Edward Lee Thorndike (1874-1949), psicólogo americano cujo trabalho sobre o comportamento animal e o processo de aprendizagem levou à teoria do conexionismo, que afirma que as respostas comportamentais a estímulos específicos sãoestabelecidas por meio de um processo de tentativa e erro que afeta as conexões neurais entre os estímulos e as respostas mais satisfatórias. A discussão sobre a Inteligência Emocional ser uma inteligência ou algum domínio da personalidade e/ou forma de comportamento é muito importante para a área. Se não atendermos a três critérios rigorosos (MAYER; CARUSO; SALOVEY, 1999), não estaríamos estudando inteligência emocional, mas somente emoções. Os critérios são: Imagem: Shutterstock.com CONCEITUAL A inteligência emocional deve refletir uma performance mental e não de formas de comportamento. Imagem: Shutterstock.com CORRELACIONAL A Inteligência Emocional deve apresentar maior correlação com testes de inteligência tradicionais do que com testes de personalidade. Imagem: Shutterstock.com DESENVOLVIMENTAL A inteligência emocional deve aumentar ao longo do tempo, sendo que crianças mais velhas devem ter uma média maior de inteligência emocional. Uma avaliação da inteligência emocional (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009) deve priorizar questões com certo e errado ao invés de escalas de autorrelato. A inteligência emocional é um bom preditor de desempenho no trabalho, quando avaliada por variáveis de desempenho. Estudos (COBÊRO; PRIMI; MUNIZ, 2006) vem demonstrando que a inteligência emocional é, de fato, um subtipo de inteligência, e não uma faceta da personalidade. OS TEÓRICOS DA INTELIGÊNCIA As principais Teorias da Inteligência receberão um destaque especial em nosso próximo vídeo! VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (PUC-PR - 2012 - FEAES - PR - PSICÓLOGO CLÍNICO). A INTELIGÊNCIA DIZ RESPEITO A UM CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS COGNITIVAS E HABILIDADES QUE NÃO PODEM SER DIRETAMENTE OBSERVADAS. TEORIAS SOBRE INTELIGÊNCIA MODIFICARAM-SE AO LONGO DO TEMPO. E MESMO HOJE VARIAM GRANDEMENTE. TRÊS DELAS COMPÕEM AS CHAMADAS TEORIAS CONTEMPORÂNEAS, A SABER: A) Teoria triárquica, teoria das inteligências múltiplas e teoria da inteligência emocional. B) Teoria triárquica, teoria de Stanford-Binet e teoria das inteligências múltiplas. C) Teoria de inteligência de Wechsler, teoria de Stanford-Binet e teoria das inteligências múltiplas. D) Teoria de inteligência de Wechsler, teoria triárquica e teoria das inteligências múltiplas. E) Teoria de inteligência de Stanford-Binet; teoria de Inteligência de Wechsler e teoria do QI. 2. (INEP - 2012 - ENADE – PSICOLOGIA). CONSIDERANDO AS ASSOCIAÇÕES DAS TEORIAS DA INTELIGÊNCIA COM SEUS AUTORES, AVALIE AS AFIRMAÇÕES ABAIXO. I. NO MODELO DE GUILFORD, A INTELIGÊNCIA É REPRESENTADA POR TRÊS DIMENSÕES: OPERAÇÕES, CONTEÚDOS E PRODUTOS. II. NA TEORIA DE SPEARMAN, AFIRMA-SE QUE O FATOR (G) É O FATOR GERAL QUE PERMEIA O DESEMPENHO EM TODOS OS TESTES DE CAPACIDADE MENTAL. III. NA TEORIA TRIÁRQUICA, STERNBERG CONSIDERA QUE A INTELIGÊNCIA POSSUI TRÊS ASPECTOS: ANALÍTICO, CRIATIVO E PRÁTICO. IV. O MODELO DE GARDNER APRESENTA SETE FATORES REFERENTES A CAPACIDADES MENTAIS PRIMÁRIAS: COMPREENSÃO VERBAL, FLUÊNCIA VERBAL, RACIOCÍNIO INDUTIVO, VISUALIZAÇÃO ESPACIAL, NÚMEROS, MEMÓRIA, VELOCIDADE PERCEPTUAL. V. A TEORIA DE CATTELL PROPÕE O MODELO DE INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: LINGUÍSTICA, LÓGICO-MATEMÁTICA, ESPACIAL, MUSICAL, CORPORAL CINESTÉSICA, INTERPESSOAL, INTRAPESSOAL, NATURALISTA. ESTÃO CORRETAS APENAS AS ASSOCIAÇÕES FEITAS EM: A) I e V B) I, II e III C) I, III e IV D) II, IV e V E) II, III, IV e V GABARITO 1. (PUC-PR - 2012 - FEAES - PR - Psicólogo Clínico). A inteligência diz respeito a um conjunto de características cognitivas e habilidades que não podem ser diretamente observadas. Teorias sobre inteligência modificaram-se ao longo do tempo. e mesmo hoje variam grandemente. Três delas compõem as chamadas teorias contemporâneas, a saber: A alternativa "A " está correta. Wechsler e Stanford-Binet são escalas, não teorias da Psicologia. Além disso, não podem ser tratadas como contemporâneas, uma vez que a escala de Binet e Simon (que embasou a Stanford-Binet) é da década de 1910 e as escalas Wechsler são da década de 1940. 2. (INEP - 2012 - ENADE – Psicologia). Considerando as associações das teorias da inteligência com seus autores, avalie as afirmações abaixo. I. No modelo de Guilford, a inteligência é representada por três dimensões: operações, conteúdos e produtos. II. Na teoria de Spearman, afirma-se que o fator (g) é o fator geral que permeia o desempenho em todos os testes de capacidade mental. III. Na teoria triárquica, Sternberg considera que a inteligência possui três aspectos: analítico, criativo e prático. IV. O modelo de Gardner apresenta sete fatores referentes a capacidades mentais primárias: compreensão verbal, fluência verbal, raciocínio indutivo, visualização espacial, números, memória, velocidade perceptual. V. A teoria de Cattell propõe o modelo de inteligências múltiplas: linguística, lógico- matemática, espacial, musical, corporal cinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista. Estão corretas apenas as associações feitas em: A alternativa "B " está correta. As três primeiras afirmativas estão corretas. Na afirmativa IV, atribui-se a Gardner o modelo de inteligência de Thurstone. Na afirmativa V, atribui-se a Cattell o modelo de inteligência de Gardner. MÓDULO 3 Identificar os testes na avaliação da inteligência INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA Antes de iniciar a temática central deste módulo, é preciso destacar que, de acordo com o código de ética profissional do psicólogo (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005), a avaliação psicológica é uma atividade privativa do psicólogo. Portanto, as descrições de teste psicológicos somente devem ser lidas por psicólogos ou estudantes da área. Este módulo não pode ser acessado por estudantes de outra área, bem como parentes e amigos. O compartilhamento de informações sobre os testes constitui uma falta ética grave. A ciência para se construir um teste psicológico é cara, demorada e dispendiosa. Todo esse esforço é inútil se o teste for compartilhado. A manutenção do sigilo dos testes psicológicos é algo que fortalece a profissão de psicólogo. Para haver condições de uso, um teste psicológico deve demostrar evidências empíricas de bom funcionamento. Tais evidências são compiladas em um manual e analisadas pela comissão consultiva em Avaliação Psicológica, que recorre a pareceristas ad hoc para avaliar os testes. Somente poderão ser utilizados testes psicológicos que constem como favoráveis em uma lista organizada pelo Sistema Avaliação de Testes Psicológicos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2020). A única exceção a esta regra é o uso para a finalidade de pesquisa, que não depende de reconhecimento do SATEPSI. ATENÇÃO Essas diretrizes foram previstas na resolução 002/2003 (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003) e corroboradas pela resolução 009/2018 (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2018). Diferentemente de testes de personalidade e de outras facetas psicológicas, testes de inteligência são compostos por itens cuja reposta pode ser certa (geralmente codificada com 1) ou errada (geralmente codificada com 0). Mesmo assim, eles podem ser construídos de diferentes maneiras. Este módulo apresentará conteúdo básico sobre os diferentes testes de inteligência e suas características. STANFORD-BINET A escala Stanford-Binet é provavelmente o teste mais antigo ainda em uso na Psicologia. Embora possa parecer que seja uma limitação, isso faz com que grandes possibilidades de pesquisa sejam feitas a partir dessa antiguidade. O uso da escala Stanford-Binet permite a comparação de dados coletados hoje com dados coletados há mais de um século. Resumindo, a escala teve a sua primeira versão feita por Binet e Simon (1905), na França. Terman adaptou a escala em Stanford, sendo o autor da primeira edição da escala com a utilização do nome Stanford-Binet em 1916. A partir daí, tivemos a segunda edição em 1937, a terceira em 1973, a quarta em 1986, e a quinta e mais atual ediçãoem 2003. SAIBA MAIS A versão atual (chamada de SB5 ou SB:V) possui diversas diferenças com relação à primeira. A principal delas foi a tentativa de adequar a escala ao modelo CHC. Abrangência de idade também é uma das grandes potencialidades da SB5. Ela possui normas para avaliar sujeitos entre 2 e 85 anos. A amostra do estudo de levantamento de evidências de validade foi composta por 4.800 sujeitos norte-americanos. A versão atual da escala (JANZEN; OBRZUT; MARUSIAK, 2004) utiliza a fórmula moderna do QI (na qual a média é 100 e cada desvio padrão soma ou subtrai 15 pontos). Ela ainda possui uma versão verbal e uma não verbal, ambas com os mesmos fatores (raciocínio fluido, conhecimento, raciocínio quantitativo, raciocínio visiospacial, e Memória de trabalho). A escala foi feita para ser utilizada no contexto da testagem adaptativa por computador. No entanto, mesmo com dados robustos de validade e precisão, não são conhecidos estudos brasileiros com a escala. Portanto, ela não pode ser utilizada no Brasil, exceto para pesquisas. Imagem: Shutterstock.com ARMY ALPHA E ARMY BETA Assim como escala Stanford-Binet, os testes Army Alpha e Army Beta também possuem grande importância histórica. Apesar de não serem utilizados atualmente, ambos os testes foram precursores de itens e formatos de testes atuais, sendo aplicados em mais de 1 milhão e 500 mil pessoas durante a Primeira Guerra Mundial. A testagem foi considerada muito bem- sucedida e adaptações foram desenvolvidas e utilizadas no meio civil, tanto em escolas como em organizações. O Army Alpha era composto por 212 itens verdadeiro-falso e de múltipla escolha, divididos em oito subescalas: SUBESCALAS DO TESTE ARMY ALFA (a) Instruções orais, que avaliavam a capacidade de seguir instruções simples. (b) Problemas aritméticos. (c) Problemas de julgamento prático. (d) Itens sinônimos-antônimos. (e) Sentenças desordenadas, que exigiam que os sujeitos reorganizassem os fragmentos em sequências completas. (f) Conclusão de série de números, que exigia que os examinandos inferissem e completassem padrões em séries de números. (g) Analogias. (h) Informação, um subteste de conhecimentos gerais. Os objetivos mais básicos do Army Alpha eram determinar se os recrutas sabiam ler inglês e ajudar a designar novos soldados para tarefas e treinamento que fossem consistentes com suas habilidades. Várias das escalas e formatos de teste desenvolvidos por Yerkes e seus colegas para o Army Alpha são precursores de testes ainda em uso atualmente. Muitos recrutados não puderam responder a testes escritos, por isso o Army Beta foi desenvolvido para avaliar as habilidades de candidatos de baixa alfabetização ou sem domínio do idioma inglês. As instruções para o teste Beta foram dadas em pantomima, ou seja, usando figuras e outro material simbólico para ajudar a orientar os exames para as tarefas que compunham este teste. O Army Beta incluía sete subescalas: SUBESCALAS DO TESTE ARMY BETA (a) Labirinto, que exigia olhar para um labirinto gráfico e identificar o caminho a ser seguido. (b) Análise de cubos, que exigia a contagem de cubos na imagem. (c) Série X-O, que exigia a leitura da série de símbolos para identificar padrões. (d) Símbolo de dígito, que exigia dígitos e símbolos correspondentes. (e) Verificação numérica, que exigia a leitura e correspondência de símbolos gráficos em formas numéricas. (f) Conclusão da imagem, que exigia que os examinandos identificassem as características necessárias para concluir uma imagem parcial. (g) Construção geométrica, que exigia que os examinandos manipulassem formas para completar um padrão geométrico. COLÚMBIA A Escala de Maturidade Mental Colúmbia está na terceira edição (CMMS – 3), sendo um teste psicológico que visa avaliar a capacidade de raciocínio geral de crianças de três a dez anos de idade. A vantagem está na atratividade da escala, sendo composta por cartões coloridos em tamanho grande. Assim, o Colúmbia não necessita de respostas escritas, orais e pouco depende da motricidade dos participantes. Pode ser administrado com facilidade em crianças com diferenças culturais, cognitivas ou físicas. ATENÇÃO O desempenho do teste não está atrelado ao desenvolvimento da linguagem. Pode ainda ser utilizada em avaliações clínicas e escolares ou em outros contextos nos quais se faça necessária a avaliação da capacidade de raciocínio geral. O teste Colúmbia (FERNANDES; PULLIN, 1981) é prático, de fácil aplicação, correção e interpretação. Ele avalia a capacidade de discernir as relações entre diversos símbolos. MATRIZES PROGRESSIVAS DE RAVEN As matrizes progressivas de Raven são testes de habilidade não verbal usados para avaliar o raciocínio abstrato. Foram desenvolvidas originalmente por John C. Raven em 1936. O teste é progressivo, pois as perguntas ficam mais difíceis à medida que avança. A tarefa é determinar o elemento que falta em um padrão que geralmente é apresentado na forma de uma matriz, daí o nome de matrizes de Raven. Dado que o teste é não verbal, é considerado um formato que também reduz o viés cultural. Alguns pesquisadores afirmam erroneamente que este teste está medindo o fator (g) da inteligência de Spearman. Entretanto, o fator (g) deve ser extraído de múltiplos fatores, e todos os itens do Raven são muito parecidos um com o outro. Trata-se de um teste muito popular para estimar a inteligência fluida em grup JOHN C. RAVEN javascript:void(0) John Carlyle Raven (1902-1970), psicólogo inglês conhecido por suas contribuições à psicometria. As primeiras versões das Matrizes de Raven foram publicadas em 1938 e mais tarde chamadas de Matrizes Progressivas Coloridas e Matrizes Progressivas. SAIBA MAIS O teste possui diversas versões. As matrizes progressivas de Raven (FLORES-MENDOZA et al, 2014) foram publicadas em 1938. Todas as perguntas eram padrões pretos com um fundo branco. Havia 60 questões dispostas em cinco conjuntos, dentro de cada conjunto os itens foram apresentados em dificuldade crescente (progressiva). As Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (BANDEIRA et al, 2004) foram projetadas para pessoas com baixa capacidade geral devido à idade (idosos, jovens) ou deficiências mentais. Elas contêm os dois primeiros conjuntos das matrizes padrão com um conjunto adicional de 12 itens inseridos entre os dois. As perguntas, no entanto, foram apresentadas principalmente em um fundo colorido, para torná-las visualmente estimulantes. Para adultos, o teste provavelmente será considerado fácil demais. A forma avançada das matrizes (ROSSETI et al, 2009) possui 48 itens, apresentada como um conjunto de 12 (conjunto I), e outro de 36 (conjunto II). Os itens são apresentados em preto sobre fundo branco semelhante à versão padrão e se tornam cada vez mais difíceis ao longo do teste. Esses itens são adequados para adultos e adolescentes com inteligência acima da média. ESCALAS WECHSLER As escalas de inteligência Wechsler são procedimentos padronizados administrados individualmente, usados para a avaliação da capacidade intelectual ao longo da vida. O teste é muito parecido com uma caixa de brinquedos, sua aplicação é bastante lúdica. Dependendo das características do avaliado e do número de subtestes usados, o procedimento pode levar de 1 a 2 horas para ser administrado. A pontuação de certos componentes dos testes requer julgamento e treinamento significativo. SAIBA MAIS Existem algumas versões diferentes das escalas Wechsler para acomodar indivíduos de diferentes idades, sendo as principais a Escala de Inteligência de Adultos Wechsler (WAIS) — idade entre 16 e 90 anos — e a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC) — para crianças de 6 a 17 anos. Cada uma dessas escalas foi revisada periodicamente, portanto existem várias edições de cada uma delas. As atuais edições são o WAIS-IV (no Brasil é o WAIS-III) e o WISC-IV. Além disso, existe uma versão abreviada do WAIS e do WISC, a EscalaAbreviada de Inteligência Wechsler (WASI), que pode ser usada como uma avaliação mais curta da capacidade intelectual. Todas as versões descritas estão aprovadas pelo SATEPSI. Cada escala Wechsler (GOLDSTEIN; MAZEFSKY, 2013) consiste em conjuntos de subtestes para avaliar diferentes aspectos da inteligência, e as pontuações do índice são calculadas a partir dos subtestes individuais. As pontuações são codificadas com uma média de 100 pontos, sendo 15 o desvio padrão, em intervalo de 40–160. Algumas faixas qualitativas (termos descritivos) são fornecidas para o índice e pontuações de QI, variando de “retardo mental moderado” (40–54) a “muito superior” (130). Os subtestes estão em uma métrica de pontuação em escala, com 10 como a média, 3 como o desvio padrão, em um intervalo de 1–19. Há um conjunto básico de subtestes em cada escala e um número variável de subtestes opcionais. As versões mais atuais da escala Wechsler fazem parte de uma mudança para torná-las cada vez mais compatíveis com a teoria CHC. A seguir, abordaremos as duas edições dos testes utilizando a escala Wechsler aplicados no Brasil: WAIS III É composto por 14 subescalas: Completar Ffiguras, Vocabulário, Códigos, Semelhanças, Cubos, Aritmética, Raciocínio matricial, Dígitos, Informação, Arranjo de figuras, Compreensão, Procurar símbolos, Sequência de números e letras, e Armar objetos. (VALENTINI et al, 2015) WAIS IV É composto por 15 subtestes, sendo 10 principais e 5 suplementares, e dispõe de quatro índices, a saber: Índice de Compreensão Verbal, Índice de Organização Perceptual, Índice de Memória Operacional e Índice de Velocidade de Processamento, além do QI Total. Está composto por 15 subtestes, divididos entre Índices Fatoriais e Quociente de Inteligência Geral. Os subtestes do WISC-IV são: Informação, Semelhanças, Aritmética, Vocabulário, Compreensão, Dígitos, Completar Figuras, Código, Cubos, Procurar Símbolos, conceitos figurativos, sequência de números e letras, raciocínio matricial, raciocínio com palavras e cancelamento (DIAS-VIANA; GOMES, 2019; MACEDO; MOTA; METTRAU, 2017). O WASI, como mencionado, (YATES t al, 2006) é uma versão abreviada, que fornece informações sobre os QIs total, de execução e verbal a partir de quatro subtestes (Vocabulário, Cubos, Semelhanças e Raciocínio matricial). Existe ainda a opção de avaliar a inteligência com apenas dois subtestes (Vocabulário e Raciocínio matricial). Ele pode ser utilizado para indivíduos entre 6 e 89 anos de idade. Resumindo, as escalas Wechsler são instrumentos confiáveis e tradicionais para avaliação da inteligência. Seu aspecto é lúdico e seu uso recomendável principalmente na versão infantil (WISC). Os aspectos contrários à sua utilização estão na necessidade de treinamento do aplicador, no tempo de aplicação e nos custos dessas escalas. VOCÊ SABIA A inteligência aumenta de geração para geração, sendo este fenômeno conhecido como Efeito Flynn. Ao analisar os manuais americanos para testes de QI, os quais colocavam lado a lado os testes antigos e os novos, o psicólogo James Flynn, em 1982, percebeu que ao fazer o teste antigo, os participantes conseguiram uma pontuação maior do que a obtida ao fazer o teste novo. Fonte: BBC News Brasil SON-R O SON-R 2½-7 é um teste não verbal de inteligência, composto por quatro subtestes: Mosaicos, Categorias, Situações e Padrões. Eles devem ser administrados nesta ordem: os subtestes Categorias e Situações compõem a Escala de Raciocínio, enquanto os subtestes Mosaicos e Padrões compõe a Escala de Execução. Ele possui esse nome porque sua faixa etária vai dos dois anos e meio aos 7 anos de idade. Confira: CATEGORIAS SITUAÇÕES MOSAICOS PADRÕES CATEGORIAS Possui 15 itens. Nos primeiros sete, quatro ou seis cartões precisam ser postos na categoria correta. Os itens seguintes são de múltipla escolha, nos quais a criança deve escolher, dentre cinco objetos, os dois que são adequados à categoria em análise. SITUAÇÕES Possui 14 itens. Na primeira parte, são apresentadas metades de quatro figuras. Depois de ter recebido os cartões com as metades faltantes, a criança precisa colocar a metade certa, completando corretamente o desenho. A segunda parte traz itens que consistem no desenho de uma situação em que uma ou duas peças estão faltando. MOSAICOS É composto por 15 itens. A criança deve copiar padrões de mosaicos com quadrados vermelhos, amarelos e vermelhos/amarelos. PADRÕES Possui 16 itens. Pede-se que a criança que copie uma forma, que lhe é apresentada, utilizando um lápis. Alguns exemplos de itens dos quatro subtestes podem ser encontrados no Manual and Research Report do SONR 2½-7, disponível virtualmente. Mesmo que existam, no resto do mundo, versões do SON para outras faixas etárias, optou-se por descrever apenas o SONR 2½-7, pois é o único que se encontra aprovado pelo SATEPSI e disponível para a utilização dos psicólogos brasileiros (LAROS; JESUS; KARINO, 2013). BPR Teste desenvolvido paralelamente em Portugal e no Brasil. A Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5) encontra-se subdividida de acordo com o nível de dificuldade dos itens nos cinco testes. Ela possui uma versão A, que se destina a alunos da 6ª, 7ª e 8ª série do ensino fundamental, e uma versão B, para alunos da 1ª, 2ª e 3ª série do ensino médio. A BPR-5 (ALMEIDA et al, 2010) é um instrumento para auxiliar os profissionais no psicodiagnóstico, seleção profissional, orientação profissional, avaliação escolar entre outras áreas nas quais se faz necessária a utilização deste instrumento para verificar o funcionamento cognitivo geral. As aptidões avaliadas são: RACIOCÍNIO ABSTRATO (RA) RACIOCÍNIO VERBAL (RV) RACIOCÍNIO ESPACIAL (RE) RACIOCÍNIO NUMÉRICO (RN) RACIOCÍNIO MECÂNICO (RM) RACIOCÍNIO ABSTRATO (RA) Avalia a capacidade de estabelecer relações abstratas em situações novas para as quais se possui pouco ou nenhum conhecimento previamente aprendido. Está associado à inteligência fluida (Gf). Nesta prova, a novidade das tarefas decorre das figuras geométricas diferentes de item para item ao longo do teste. RACIOCÍNIO VERBAL (RV) Avalia a extensão do vocabulário e a capacidade de estabelecer relações abstratas entre conceitos verbais. Assim, mesmo que o RV possua alguma associação com a inteligência fluida, é uma prova de inteligência cristalizada (Gc), pois demanda a utilização de conceitos anteriormente aprendidos. RACIOCÍNIO ESPACIAL (RE) Avalia a capacidade de visualização, isto é, de formar representações mentais visuais e manipulá-las, transformando-as em novas representações. Além de estar relacionada à capacidade de processamento visual (Gv), possui componentes da inteligência fluida. RACIOCÍNIO NUMÉRICO (RN) Avalia a capacidade de raciocinar indutiva e dedutivamente com símbolos numéricos em problemas quantitativos. Também avalia o conhecimento de operações aritméticas básicas. Além da inteligência fluida (Gf), este teste avalia o conhecimento quantitativo do aluno (Gq). RACIOCÍNIO MECÂNICO (RM) Avalia conhecimentos práticos de mecânica e física, adquiridos em experiências cotidianas e práticas. Este teste também avalia a inteligência cristalizada (Gc). No entanto, o processamento visual (Gv) e a inteligência fluida (Gf) também fazem parte do RM. Como pôde ser observado, a BPR-5 avalia a inteligência em diversos aspectos. Mesmo que não o faça de maneira completa, a BPR-5 compreende a inteligência à luz do modelo CHC. WOODCOCK-JOHNSON Atualmente, a Bateria Woodcock-Johnson-III (WJ-III) é considerada a que melhor atende ao modelo CHC, sendo, portanto, a mais completa para explicar o funcionamento intelectual. A Bateria WJ-III possui duas formas: a primeira direcionada à avaliação das habilidades cognitivas (forma padrão) e a segunda à avaliação do rendimento acadêmico. As pesquisas realizadas com ambas as formas da WJ-III sugerem sua validade de construto. Na verdade, as maiores evidências da solidez da Teoria CHC usaram o WJ-III como instrumentode pesquisa. Imagem: Shutterstock.com Outro excelente dado são as evidências de sua validade preditiva. Respondentes com elevados escores na WJ-III tendem a ter maior rendimento em leitura e escrita e em matemática. Tais estudos confirmam a importância da Bateria WJ-III para o conhecimento do funcionamento cognitivo. Embora já tenha sido estudada no Brasil, a maioria das pesquisas (WECHSLER; VENDRAMINI; SCHELINI, 2007) foi realizada quase que somente em amostras norte-americanas. O teste ainda não foi avaliado pelo SATEPSI para uso no Brasil. Nesse tema, foi apresentado apenas um resumo de alguns considerados como os principais, mas é sempre bom lembrar que existe uma gama extensa de outros testes de inteligência. Essa lista conteve testes atuais e clássicos com importante papel histórico. Ao escolher um teste para aplicação, é crucial a consulta à lista do SATEPSI. Tal lista, além de mostrar se o teste é recomendado ou não pelo Conselho Federal de Psicologia, pode dar sugestões de instrumentos à sua avaliação. Os testes de inteligência originaram a avaliação psicológica como área. Eles estão entre os mais variados e precisos da psicologia. Mesmo assim, o trabalho a ser feito na área ainda é grande e são necessários mais testes para avaliar as diferentes teorias da inteligência no Brasil. Destaca-se, ainda, a importância do modelo CHC. Os testes modernos estão procurando adequar-se a ele, de maneira a ampliar as facetas avaliadas na inteligência. FORMAÇÃO DA IMAGEM LATENTE Especialista falará sobre os principais instrumentos de avaliação da inteligência, destacando características relevantes dos principais testes. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (CETREDE - 2019 - PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE - CE – PSICÓLOGO). SOBRE AS ESCALAS WECHSLER QUE PERMITEM AVALIAR A INTELIGÊNCIA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) A escala infantil (Wisc) já está na sua quarta edição e é composta por 15 subtestes que formam 4 índices. B) A escala de adulto com validação para uso no Brasil atualmente é a Wais. C) A escala WASI avalia bebês, crianças e adultos em contextos ambulatórias. D) A escala Wisc pode ser aplicada em crianças a partir de 4 anos pois possui tabelas para esta população. E) Já estão disponíveis 4 escalas no Brasil: Wisc, Wais, Wasi e Wm. 2. (FUMARC - 2017 - PREFEITURA DE SANTA LUZIA - MG – PSICÓLOGO). QUAL DOS TESTES RELACIONADOS ABAIXO É UTILIZADO, ESPECIFICAMENTE, PARA PREVER A CAPACIDADE DE EXATIDÃO E CLAREZA DE RACIOCÍNIO LÓGICO E DE INTELIGÊNCIA DE UM CANDIDATO A UMA VAGA DE TRABALHO? A) Teste das matrizes progressivas de Raven. B) Teste de apercepção temática. C) Teste de aptidão psicomotora. D) Teste de interesse vocacional. E) Teste pirâmides de Pfister. GABARITO 1. (CETREDE - 2019 - Prefeitura de São Gonçalo do Amarante - CE – Psicólogo). Sobre as escalas Wechsler que permitem avaliar a inteligência, assinale a alternativa CORRETA: A alternativa "A " está correta. Letra B incorreta, Já existe a terceira edição no Brasil, o WAIS III; letra C incorreta, a WASI é a versão resumida das escalas Wechsler; letra D incorreta, O WISC pode ser aplicado em crianças a partir de 6 anos de idade; letra E incorreta, a escala WM não está disponível no Brasil. 2. (FUMARC - 2017 - Prefeitura de Santa Luzia - MG – Psicólogo). Qual dos testes relacionados abaixo é utilizado, especificamente, para prever a capacidade de exatidão e clareza de raciocínio lógico e de inteligência de um candidato a uma vaga de trabalho? A alternativa "A " está correta. O único teste de inteligência desta lista são as matrizes progressivas de Raven. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, aprendemos sobre a inteligência e maneiras de avaliá-las. Passamos pela história da avaliação psicológica e chegamos na ciência moderna da inteligência. A teoria Cattell-Horn- Carroll (CHC) é um modelo que, mesmo pouco conhecido entre muitos psicólogos, embasa a maioria dos testes psicológicos e tem sido respeitada entre os pesquisadores que se dedicam à área. Entretanto, mesmo conceitos mais populares, como as inteligências múltiplas de Gardner e a inteligência emocional de Goleman são importantes contribuições, que nos fazem repensar o que é inteligência. No que tange à utilização dos testes de inteligência, aprendemos que o CFP regulamenta a utilização destes instrumentos, visto que são de uso exclusivo da Psicologia. Alguns dos testes de inteligência utilizados atualmente tem como base instrumentos desenvolvidos no início do século XX, como a escala Stanford-Binet e os testes Army Alpha e Beta. Verificamos também que os testes podem se caracterizar em versões verbais ou não verbais, medir diferentes fatores, além de ter como população alvo, crianças, jovens e/ou adultos. A escolha por qual teste utilizar, dependerá do objetivo ao qual se aplica. A inteligência como área de estudo apresenta muitas curiosidades, o que a torna fascinante. Mesmo nos levando aos primórdios da Psicologia, ainda há muita coisa a ser explorada e descoberta sobre a inteligência humana. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. S. As aptidões na definição e avaliação da inteligência: o concurso da análise fatorial. Paidéia (Ribeirão Preto). v 12. p. 5-17, 2002. Consultado em meio eletrônico em 24 fev. 2021. ALMEIDA, L. S. et al. Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5): estudo exploratório em alunos universitários. Avaliação Psicológica. v 9. p. 155-162, 2010. Consultado em meio eletrônico em 24 fev. 2021. ARAUJO, S. F. Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt. 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