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Disciplina: A História da Justiça no Brasil.
Módulo 01: A justiça no Brasil Colonial.
Afonso Henriques I foi o primeiro rei de Portugal e o fundador da monarquia portuguesa e a identidade nacional do país. Portugal foi pioneiro nas grandes navegações buscando novas rotas comerciais para as índias e expandindo seus domínios, pois o objetivo era encontrar especiarias, ouro, terras e converter povos ao cristianismo. Diante disso, exponha-se umz questionamento: Os portugueses descobriram ou invadiram o Brasil? Do ponto de vista Europeu “Descobriram” para os povos indígenas foi uma invasão. A teoria dos 3R aborda a atual situação a qual os indígenas viviam na época, ou seja, sem Rei, Religião e Regras. Quando Portugal chega no Brasil essa teoria foi sendo instaurada aos poucos ao longo do tempo. 
A chegada dos portugueses ao território que hoje é o Brasil ocorreu em 1500, com a expedição de Pedro Álvares Cabral. Nos primeiros anos após o descobrimento, Portugal demonstrou pouco interesse em colonizar efetivamente a nova terra, limitando-se à extração do pau-brasil por meio do escambo com os povos indígenas. No entanto, com o passar do tempo, o aumento das ameaças de invasões estrangeiras, especialmente por parte dos franceses, e o desejo de garantir a posse do território levaram a Coroa Portuguesa a mudar sua postura. Como Portugal enfrentava dificuldades econômicas e não dispunha de recursos suficientes para investir diretamente na colonização, o rei Dom João III decidiu, em 1534, criar o sistema de capitanias hereditárias. Esse sistema dividia o Brasil em grandes faixas de terra, entregues a particulares chamados donatários, que ficavam responsáveis por administrar, proteger e desenvolver suas capitanias. 
O donatário era a pessoa que recebia da Coroa Portuguesa o direito de administrar uma capitania hereditária no Brasil. Geralmente, era um nobre ou alguém de confiança do rei. Ele não era dono da terra no sentido moderno, mas tinha o direito de explorá-la, distribuí-la (por meio dos chamados sesmeiros), cobrar impostos e fundar vilas. Em troca, o donatário tinha a responsabilidade de defender a capitania, promover a colonização, incentivar a agricultura e garantir a presença portuguesa na região. Era uma forma de descentralizar a administração e colonização da colônia, transferindo essas tarefas para particulares com recursos próprios. A medida visava acelerar a ocupação e exploração da colônia com recursos privados, garantindo a soberania portuguesa sobre a região e promovendo o desenvolvimento econômico, especialmente por meio da agricultura e da produção de açúcar.
POR QUE O SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS DEU ERRADO? As capitanias hereditárias deram errado porque muitos donatários não tinham dinheiro nem apoio para desenvolver as terras. Havia dificuldade de comunicação, ataques de indígenas e falta de mão de obra. Além disso, o tamanho das capitanias e os problemas naturais atrapalhavam a administração. Por isso, a maioria delas fracassou, e a Coroa criou o Governo-Geral em 1549 para tentar organizar melhor a colônia.
Um governador geral não podia ficar deitado à toa, sua função era organizar e centralizar a administração do Brasil, representando o rei na colônia. Ele devia proteger o território, incentivar a produção, manter a ordem, cuidar da justiça e apoiar a Igreja. Assim, o governo-geral foi criado para corrigir os problemas das capitanias e fortalecer o controle da Coroa sobre o Brasil.
As capitanias hereditárias não foram extintas com a criação do Governo-Geral em 1549. Elas continuaram existindo, mas perderam parte da autonomia que tinham. O governador-geral passou a ser a maior autoridade na colônia, acima dos donatários, coordenando a administração e a defesa do território. Com o tempo, muitas capitanias fracassaram ou voltaram para o controle direto da Coroa, mas o sistema só foi oficialmente extinto no século XVIII.
MAS POR QUE O GOVERNO GERAL FALHOU? O Governo-Geral enfrentou dificuldades porque, mesmo centralizando a administração, tinha poucos recursos e tropas para proteger toda a colônia, que era enorme e difícil de controlar. Além disso, os governadores-gerais muitas vezes tinham problemas para lidar com os donatários das capitanias, que resistiam à autoridade central. Também havia conflitos com indígenas e invasões de outros países, como franceses e holandeses, que dificultavam a segurança e o desenvolvimento. Por isso, o Governo-Geral não resolveu todos os problemas do Brasil colonial, e a administração continuou enfrentando muitos desafios.
A colônia enfrentava sérios problemas administrativos e judiciais. A fragilidade das instituições, marcada por abusos de poder e incompetência contribuiu para um ambiente turbulento. A justiça era ineficiente e, muitas vezes ausente, principalmente nas áreas remostas, onde o braço da lei não alcançava. A colonização esparsa dificultava a formação de comunidades organizadas, o que enfraquecia a pressão social por moralidade e respeito ás leis. Nesse contexto, tornaram-se comuns os excessos, os atos licenciosos e a impunidade refletindo a desorganização e negligência do poder metropolitano sobre a colônia. 
A criação do Tribunal da Relação da Bahia foi uma das respostas a ineficiência e altos custos da Justiça colonial, que dependia de instâncias distantes. A colônia precisava de Justiça mais rápida. No início do Brasil Colônia, os casos mais sérios precisavam ser enviados para Portugal. Isso levava muito tempo, e as pessoas ficavam esperando meses ou anos. A Bahia, era o centro da Colônia, Salvador era a capital e o lugar mais importante do Brasil na época, por isso, fazia sentido instalar lá um Tribunal que ajudasse a resolver os conflitos locais. Com o crescimento do comércio e da cana- açúcar aumentaram também os problemas jurídicos, havia muitos crimes e conflitos. Com o Tribunal da Bahia, a coroa Portuguesa tinha mais controle sobre o que acontecia na Colônia, isso ajudava a organizar o governo e a justiça no Brasil. 
PRIMEIRA RELAÇÃO E SEGUDA RELAÇÃO (1652)
O primeiro Tribunal da Relação da Bahia era subordinado á Casa da Suplicação. O regime foi promulgado em 7 de março de 1609, determinada a composição da relação da seguinte maneira com um total de 10 Desembargadores:
· 1 Chanceler- Juiz da chancelaria
· 3 Desembargadores de agravos
· 1 Ouvidor Geral 
· 1 juiz dos Feitos da Coroa
· Fazenda e Fisco e Promotor da Justiça
· 1 Procurador dos Feitos da Coroa, Fazenda e Fisco
· Provedor dos defuntos e Resíduos 
· 2 Desembargadores extravagantes
A PRIMEIRA RELAÇÃO DA BAHIA DUROU DE 1609 A 1626
Ela foi encerrada por um alvará Real, depois de vários problemas incluindo a invasão holandesa em Salvador, em 1624. Os holandeses invadiram a colônia brasileira principalmente por motivos econômicos e estratégicos. Eles tinham grande interesse no comércio de açúcar, que era lucrativo na Europa e denominado pelos portugueses. Como funcionavam o Refino e a distribuição desse açúcar, queiram controlar diretamente a produção. Além disso, Portugal, estava sobre domínio da Coroa da Espanha (União Ibérica) logo, a Holanda era inimiga da Espanha, que queria se libertar dela, ao atacar o Brasil (Colonial Brasil), os holandeses estavam na prática atacando a Espanha. Para isso, criaram a Companhia das Índias Ocidentais que tinham como objetivo conquistar territórios e ampliar o comércio Holandês. Por isso que atacar a Bahia sendo a capital do Brasil e centro Político e econômico da Colônia, era um alvo estratégico, ou seja, tomar salvador significava enfraquecer o poder Português na América e ganhar espaço no mercado global.
Percebe-se que a invasão Holandesa causou grande desordem – Alguns magistrados foram presos e o chanceler Antão de Mesquista de Oliveira tentou liderar, mas foi afastado pelo Bispo Marcos Teixeira. O bsipo era contra a Relação e isso gerou disputas de poder. Essas inimizades enfraqueceram o tribunal, além a Câmara que representava os senhores de engenho também eram contra o Tribunal de Relações. A relação era vista como algomuito caro, incômoda e não era bem vista por causa dos gastos e da Burocracia que trazia. Diante disso, a Coroa decidiu acabar com as relações e voltou ao que era antes, o Governo Geral (ouvidor geral) retornou a ser a principal autoridade no Brasil. A relação foi Restaurada em 1652, isso aconteceu durante a Restauração da Independência do Brasil de Portugal, quando o país passou por mudanças políticas.
O QUE FOI O CONSELHO ULTRAMARINO? O conselho ultramarino foi um órgão (1652) administrativo criado por Portugal em 1642 durante o Reinado de D. João IV com o objetivo de CENTRALIZAR E COORDENAR A ADMINISTRAÇÃO DAS COLONIAS PORTUGUESAS. Sua função era a de governar e fiscalizar as colônias; nomear autoridades coloniais; controlar o comércio ultramarino e assuntos militares; elaborar leis e Regulamentos; Assessorar o Rei. Um ano após sua instauração, seus conselheiros receberam a petição para o reestabelecimento da RELAÇÃO DA BAHIA, curiosamente a Câmara de Salvador que em 1626, tivera um dos papéis principais na extinção da Relação, agora passou a ser uma das principais aceitadoras e agitadoras para o seu renascimento. 
Uma das mudanças no Regimento do Tribunal do Brasil de 1652 foi em relação ao número de desembargadores que de 10, em 1609, foi reduzido para 08, veja a seguir o regimento e alterações realizadas em 1652:
· 1 Chanceler- Juiz de chancelaria 
· 2 Desembargadores de agravos
· 1 Ouvidor- Geral dos Feitos e Causas Crimes, que também auditor da Guerra.
· 1 Ouvidor geral dos feitos e Causas dos Cíveis, que também atuava como auditor das causas cíveis entre os privilégios e soldados.
· 1 Juiz dos feitos da Coroa, Fazenda e Fisco
· 1 Procurador dos feitos da Fazenda Coroa e Fisco e promotor da Justiça
· 1 Provedor das Fazendas dos defuntos, Ausentes e Resíduos
Abaixo está a função de cada cargo do Tribunal da Relação do Brasil conforme o regimento de 1652, explicado de forma simples:
🔹 1. Chanceler – Juiz de Chancelaria
· Era o presidente do tribunal, responsável por supervisionar os trabalhos e dar o voto de desempate nos julgamentos. Também cuidava da autenticação de documentos oficiais e sentenças.
🔹 2. Desembargadores de Agravos (2 cargos)
· Julgavam os recursos de decisões vindas das instâncias inferiores. Eram como “juízes de segunda instância” e analisavam se houve erros nos julgamentos anteriores.
🔹 3. Ouvidor-Geral dos Feitos e Causas Crimes (também Auditor da Guerra)
· Julgava os crimes cometidos na colônia. Também era auditor da guerra, ou seja, cuidava da justiça militar e julgava crimes cometidos por soldados.
🔹 4. Ouvidor-Geral dos Feitos e Causas Cíveis
· Responsável pelos processos cíveis (como disputas de terras, dívidas, heranças). Também era auditor das causas cíveis militares, ou seja, julgava conflitos civis envolvendo soldados e pessoas com privilégios militares.
🔹 5. Juiz dos Feitos da Coroa, Fazenda e Fisco
· Julgava processos que envolviam os interesses do rei e do tesouro real, como cobrança de impostos, terras da Coroa e bens públicos.
🔹 6. Procurador dos Feitos da Fazenda da Coroa e Fisco (e Promotor da Justiça)
· Atuava como o advogado do rei e do Estado, defendendo os interesses da Coroa nos tribunais. Também era o promotor de justiça, acusando os réus em processos criminais.
🔹 7. Provedor das Fazendas dos Defuntos, Ausentes e Resíduos
· Administrava os bens de pessoas falecidas, desaparecidas ou sem herdeiros. Garantia que os bens fossem protegidos e, se necessário, repassados à Coroa.
Em adição ao desembargadores, o Tribunal da Relação da Bahia contava com outros oficiais: dois escrivães de agravos e apelações; um escrivão para a ouvidoria do crime; um escrivão para a ouvidoria do cível; um escrivão para servir no Juízo da Coroa, Fazenda, Fisco e Chancelaria; um meirinho das cadeias; e um guarda da Relação, cuja função consistia na distribuição dos feitos e no recebimento do dinheiro das condenações, devendo prestar contas anualmente para um desembargador designado pelo governador.
 
As incumbências do governador na Relação da Bahia estão definidas no título I do regimento de 1652. Já no parágrafo 1º do dispositivo, o governador deveria ir à Relação “às vezes que lhe parecer”, sem votar nem assinar sentenças, usando somente o regimento utilizado pelo regedor da Casa de Suplicação, podendo se valar das leis extravagantes onde pudessem ser aplicadas.
 
O restabelecimento não alterou significativamente o papel do governador-geral, que continuava a atuar como presidente do tribunal, e a dinâmica entre a Relação e os governadores permaneceu semelhante ao que era no início do século XVII: um exercício de controle entre as partes. Segundo Schwartz (1979), a Coroa queria uma administração colonial que funcionasse tranquilamente, mas sem relações muito próximas entre os diversos funcionários:
 TRIBUNAIS DA RELAÇÃO DO RIO DE JANEIRO E BAHIA
Na metade do século XVIII, a colonização do território brasileiro adquiriu novos contornos geográficos e econômicos, e a descoberta de ouro em Minas Gerais havia aumentado a relevância da Região. Por isso as vilas que se localizavam ao redor da zona de mineração passavam a requerer que a coroa estabelecesse um Tribunal de Relação no Rio de Janeiro, pois os Recursos enviados ao Tribunal da Relação da Bahia haviam crescido exponencialmente.
O Tribunal do Rio de Janeiro representou Reconhecimento da Importância política da cidade que culminaria em 1763 com sua elevação a Capital do vice- Reinado. Essa ascensão do Rio de Janeiro é esmiuçada por meio do conceito de CAPITALIDADE.
A capitalidade é uma condição que uma cidade adquire quando consegue exercer influência sobre um território e organizar sua administração de forma centralizada e eficaz. Para isso, é necessário que esse centro tenha capacidade de se comunicar com outras regiões, impor hierarquias e manter ligações políticas, econômicas e administrativas. Na segunda metade do século XVIII, o Rio de Janeiro atingiu esses critérios por estar estrategicamente localizado, próximo das regiões mineradoras e com um porto forte para o comércio. Isso permitiu que a cidade se tornasse o principal centro de poder do Brasil colonial, assumindo a capitalidade em 1763.
Claro! Aqui está a explicação em parágrafos simples e fáceis de entender:
Mesmo com o Rio de Janeiro se tornando capital do Brasil a partir de meados do século XVIII, isso não acabou com a importância da Bahia. A Bahia continuou sendo uma região muito influente e, por um tempo, compartilhou a capitalidade com o Rio, ou seja, as duas cidades tinham importância política e econômica ao mesmo tempo.
Um dos motivos para isso foi o crescimento da economia da Bahia, especialmente com as exportações, que aumentaram muito entre 1780 e 1860. Além disso, o governador da Bahia, d. Fernando José de Portugal e Castro, foi uma figura muito importante. Ele governou a capitania e depois se tornou vice-rei do Brasil, o que dava ainda mais poder e destaque à Bahia.
Na área da justiça, pode parecer que a criação do Tribunal da Relação do Rio de Janeiro tirou a importância do Tribunal da Bahia, mas não foi bem assim. De fato, a Bahia perdeu parte da sua jurisdição (área onde o tribunal tinha autoridade) e também teve uma redução no número de desembargadores, mas continuou sendo um centro importante da justiça na colônia. A Relação da Bahia manteve seu papel, mesmo com as mudanças.
Claro! Aqui está a explicação do trecho em parágrafos simples e bem organizados, para facilitar o entendimento:
Mesmo após a criação do Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, o Tribunal da Relação da Bahia continuou tendo grande importância. Enquanto o tribunal do Rio passou a julgar os casos das capitanias ao sul do Espírito Santo, a Relação da Bahia manteve sua jurisdição sobre o Norte e o Nordeste. Além disso, em 1753, recebeu também a responsabilidade de julgar os casos das ilhas de São Tomé e Príncipe, no Golfo da Guiné, o que ampliou ainda mais sua área de atuação.
Com relação ao número de desembargadores, o tribunal da Bahiasofreu alterações ao longo do tempo. No regimento original de 1609, havia dez desembargadores, mas em 1652 esse número caiu para oito. Em 1752, dois desembargadores da Bahia foram enviados para ajudar a instalar o novo tribunal do Rio de Janeiro, e outro ficou afastado por doença. Com isso, a Relação da Bahia ficou com apenas quatro desembargadores ativos, o que prejudicou o funcionamento da justiça. O vice-rei, conde de Athouguia, chegou a reclamar oficialmente dessa situação ao governo português.
Nos anos seguintes, a Coroa tratou de resolver o problema. Entre 1752 e 1755, novos magistrados foram nomeados e o número de desembargadores aumentou gradualmente. De acordo com os registros, o total passou de oito para onze ainda na segunda metade do século XVIII, fortalecendo novamente o tribunal.
Assim, a Coroa conseguiu preservar a importância da Relação da Bahia, tanto ampliando sua jurisdição com a inclusão de territórios africanos, quanto aumentando o número de juízes. É importante destacar que não existia hierarquia entre o tribunal do Rio de Janeiro e o da Bahia — os dois eram iguais em autoridade e ambos estavam subordinados à Casa da Suplicação, o tribunal mais alto do Império Português, localizado em Lisboa.
1. A estrutura Judiciaria Portuguesa
	A estrutura judiciaria primeiramente era constituída pelo rei Afonso Henriques, sua corte era ambulante e o rei levava consigo juízes que o auxiliavam na função judicante. Esses juízes recebiam o nome de OUVIDORES DO CÍVIL E OUVIDORES DO CRIME, passaram a compor o que se dominou A CASA DA JUSTIÇA DA CORTE. As matrizes normativas utilizadas pelos ouvidores eram: 
Lex Romana wisigothorum (Direito Comum dos povos germânicos): Incluía regras de propriedade, família sucessões, contratos.
Privilégios (Direito assegurado aos nobres pelos reis): A monarquia medieval trabalhava coma ideia de cessão para direitos, para ser nobre ou senhor de uma terra. Esses privilégios constituíam uma casta que tinha mais poder e direitos que os demais.
Forais ( Leis particulares, asseguradas pelo rei) : Direitos locais, mas que precisavam ser validados e autorizados por el Rei. Então, se a terra era cedida, isso tinha que ser cumprido; impostos eram previstos, precisavam ser executados em nome do rei.
Com a expansão do Reino de Portugal, impulsionada pela Reconquista, ou seja, pela retomada dos territórios da península ibérica que estavam sob domínio Romano- houve a necessidade de organizar e uniformizar as leis aplicadas em todo o território. (Afonsinas de 1480, Manoelinas de 1520 e Filipinas em 1603.)
ORDENAÇÕES E LEIS DO REINO DE PORTUGAL RECOMPILADAS
JUIZES DA TERRA ( JUIZES ORDINÁRIOS): Eleito localmente pela comunidade. Julgava questões comuns da população, mas sempre sob supervisão de ouvidores e corregedores. 
JUIZES DE FORA: Nomeado pelo rei para representar a coroa nas vilas maiores. Garantia que os interesses da Coroa fossem respeitos na vila. Julgava causas civis e criminais e fiscalizava as Câmaras Municipais 
GUARDIÕES DOS ÓRFÃOS: Ser guardião dos órfãos e heranças, solucionando as questões sucessórias a eles ligadas. 
PROVEDORES: Considerados acima dos juízes de órfãos para cuidar das instituições de caridade (Hospitais e irmandades) e legitimar testamentos)
CORREGEDORES: Nomeados pelo rei, com função investigatória e Recursal. Juízes enviados pelo Rei para fiscalizar a justiça e a administração local.
DESEMBARGADORES: Da alta magistratura de segunda instancia apreciavam as apelações e os recursos de suplicação. Recebiam tal nome por que desembargavam diretamente com o rei.
O DESEMBARGO DO PAÇO, foi o mais alto tribunal do Reino de Portugal durante o período da monarquia, ele surgiu na idade média mas se consolidou nos séculos XV e XVI. Foi Conselho Governamental, cuja principal função era a assessoria para assuntos da justiça e administração.
Em 1532 foi criada a mesa de Consciência de Ordens, um conselho para a resolução dos casos jurídicos e administrativos referentes as ordens militares e assuntos religiosos e da igreja.
SANTO OFÍCIO: Tribunal especial para assuntos de moralidade, heresia e perversão sexual. 
O que era a estrutura em Transposição? Era uma forma de Organização política e administrativa usada por Portugal durante o período colonial especialmente no brasil. Ela significa que as instituições, cargos e leis existentes em Portugal foram “ Transpostos” para a colônia, com poucas ou nenhuma adaptação á nova realidade. Diante disso, todas as instituições e leis foram copiadas para o Brasil, o mesmo modelo de justiça, cargos e administração foram copiados para o Brasil.
Dinâmica da Justiça colonial
O QUE FOI A CONJURAÇÃO BAHIANA? A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, foi um movimento revolucionário ocorrido em Salvador, Bahia, em 1798, durante o período colonial brasileiro. Esse evento é considerado um dos mais importantes movimentos sociais e políticos da história do Brasil colonial, pois teve caráter popular, republicano, abolicionista e igualitário.
📌 Contexto histórico
· Ocorre em uma época marcada pela influência de ideias iluministas e pelos impactos da Revolução Francesa (1789), Revolução Americana (1776) e Revolta de escravizados no Haiti (1791).
· A cidade de Salvador vivia uma forte crise econômica, com altos impostos, desemprego, desigualdade social e miséria generalizada, principalmente entre os pardos, negros livres, soldados e artesãos.
🎯 Objetivos da Conjuração
· Fim da escravidão;
· Independência da Bahia em relação a Portugal;
· Implantação de uma república;
· Igualdade entre brancos, negros, pardos e indígenas;
· Redução de impostos e melhor distribuição de renda.
👥 Participantes
· Eram principalmente homens pobres, pardos e negros, como soldados, alfaiates, artesãos e aprendizes.
· Alguns nomes notáveis:
· Luiz Gonzaga das Virgens
· João de Deus
· Lucas Dantas
· Manuel Faustino
· O grupo “Anônimos Republicanos” espalhou panfletos (pasquins) convocando a população para aderir à causa republicana e revolucionária.
🕵️‍♂️ Repressão e processo judicial
· A conspiração foi descoberta rapidamente pelas autoridades coloniais.
· O governador D. Fernando José de Portugal e Castro ordenou uma devassa (investigação).
· As investigações foram marcadas por interferência política, falta de provas concretas e forte repressão.
· Apesar da falta de provas sólidas, quatro líderes foram condenados à morte por crime de lesa-majestade e enforcados em praça pública em 8 de novembro de 1799.
⚖️ Lições sobre a Justiça colonial
· A Justiça colonial era formalmente estruturada, com direito à defesa, advogados e ritos processuais.
· Porém, ela era fortemente influenciada por interesses políticos e raciais, favorecendo os poderosos.
· Pardos e pobres foram punidos severamente, enquanto brancos de prestígio escaparam de qualquer punição.
· A Justiça funcionava como instrumento de controle social e político, mantendo a ordem colonial.
🏛️ Importância da Conjuração Baiana
· Foi o movimento mais radical do período colonial: propôs igualdade racial e fim da escravidão.
· Representa a luta popular por direitos, justiça e liberdade.
· É um marco da consciência política dos setores populares do Brasil colonial.
A JUSTIÇA COLONIAL EM AÇÃO
Durante o período colonial, o Brasil possuía uma estrutura de Justiça organizada e complexa, ao contrário do que muitos pensam. A ideia de que a colônia vivia sem leis ou sem tribunais é incorreta. A Justiça colonial funcionava como parte de um sistema burocrático oficial, com regras claras, cargos bem definidos e forte ligação com as autoridades portuguesas. Ela era formada por juízes, tribunais e leis que regulavam a vida das pessoas e o controle do território.
Esse sistema judiciário era reconhecido pela população como autoridade legítima. Mesmo que ainda não existisse um sentimento nacional brasileiro, havia um sentido de pertencimento ao Império Português por meio da Justiça. As pessoas sabiam quem eram os juízes, respeitavam suas decisões e compreendiam queexistia uma hierarquia legal.
Outro ponto importante era a continuidade das leis. As ordenações manuelinas e, depois, as filipinas — dois grandes conjuntos de leis portuguesas — continuaram sendo aplicadas no Brasil durante séculos. Isso ajudava a dar estabilidade e reforçava o papel das instituições legais, já que todos sabiam quais leis estavam em vigor e como elas funcionavam.
Porém, mesmo com toda essa estrutura, a Justiça colonial enfrentava limites e desafios. A centralização do poder e o controle por uma elite muitas vezes dificultavam uma atuação mais justa ou profunda, especialmente para os grupos mais pobres e marginalizados.
Para entender melhor como essa Justiça funcionava na prática, o estudo propõe analisar um caso real: a Conjuração Baiana (ou Revolta dos Alfaiates), que aconteceu em 1798. Por meio da investigação de documentos, depoimentos e decisões judiciais desse episódio, é possível observar como o sistema jurídico colonial atuava na repressão de ideias e movimentos considerados perigosos pelo governo, mostrando a dinâmica concreta da Justiça no Brasil colonial.
CONJURAÇÃO BAIANA
Claro! Aqui está a explicação em parágrafos curtos e simples, organizando as informações principais:
Em 1788, d. Fernando José de Portugal e Castro chegou à Bahia com a missão de reorganizar a administração da capitania, que antes havia sido sede do vice-reinado. Uma de suas primeiras ações foi tentar controlar melhor o exercício da advocacia. Ele pediu que o secretário de Estado, José Pires de Carvalho e Albuquerque, levantasse uma lista dos advogados oficialmente habilitados.
Dos 28 advogados que atuavam na Bahia, apenas 16 apresentaram documentos comprovando sua formação. Os outros exerciam a profissão por provisão, ou seja, sem documentação formal. Um exemplo é José Barbosa de Oliveira, que estudou em Coimbra, mas continuava atuando sem apresentar seus diplomas.
José Barbosa era filho de Antônio Barbosa de Oliveira, um homem influente e rico em Salvador, com fortes ligações com políticos locais. Seu pai fazia parte de um grupo próximo ao secretário José Pires de Carvalho e Albuquerque, e chegou a prestar depoimentos a seu favor em disputas políticas.
Esse grupo de aliados políticos incluía nomes importantes da administração da Bahia, e vários deles estavam envolvidos na Conjuração Baiana de 1798, seja como acusadores, defensores ou ocupantes de cargos públicos. Por essa ligação, José Barbosa foi nomeado advogado de defesa dos acusados de traição contra a Coroa.
A Conjuração Baiana foi descoberta em 12 de agosto de 1798, quando panfletos manuscritos foram espalhados por Salvador, chamando o povo para uma revolução republicana. As palavras “liberdade”, “república” e “revolução” alarmaram as autoridades, pois lembravam os ideais da Revolução Francesa e de outras revoltas que ameaçavam as monarquias da época.
O governador d. Fernando José de Portugal reagiu rapidamente e mandou abrir uma devassa, ou seja, uma investigação oficial para prender os responsáveis. O encarregado foi o desembargador Manoel Magalhães Pinto Avellar de Barbedo, que recebeu plenos poderes para conduzir o caso.
Embora o documento da devassa mencione o ano de 1799, os acontecimentos se deram mesmo em 1798, quando os panfletos revolucionários circularam. Esse erro mostra como os registros oficiais podiam conter falhas, mesmo em assuntos tão sérios.
Qual Era a questão?
A questão central da Conjuração Baiana de 1798 foi a tentativa de promover uma revolução republicana na Bahia, inspirada pelos ideais de liberdade, igualdade e fim da monarquia que circulavam após a Revolução Francesa e outras revoltas. O grupo conhecido como Anônimos Republicanos buscava mobilizar o povo para derrubar o domínio português e implantar uma república, o que foi visto como crime grave de lesa-majestade (conspiração contra a Coroa). A Justiça colonial, então, agiu para reprimir essa ameaça política e punir os envolvidos, evidenciando a politização da Justiça no controle dos movimentos revolucionários.
Quem era os 
O grupo chamado Anônimos Republicanos, que liderou a Conjuração Baiana, era formado principalmente por pessoas de classes populares e médias da Bahia, incluindo artesãos, soldados, pequenos comerciantes, alfaiates e alguns intelectuais. Eles defendiam ideias de liberdade, igualdade e o fim do domínio colonial português, inspirados pelas revoluções americana e francesa. Embora não houvesse uma liderança oficial clara, entre os membros mais conhecidos estavam pessoas ligadas ao movimento revolucionário e que buscavam mobilizar a população contra a monarquia.
Se quiser, posso te passar os nomes mais destacados desse grupo!
Investigação dos eventos
Claro! Aqui está a explicação ponto por ponto do trecho que você enviou, para facilitar o entendimento:
1. Início da investigação
· O secretário de Estado, José Pires de Carvalho e Albuquerque, suspeitou de Domingos da Silva Lisboa, um homem pardo, por causa de seu jeito considerado “atrevido” de falar.
· Ele sugeriu ao governador que comparasse a letra dos boletins revolucionários com petições escritas por Domingos.
2. Primeira análise
· O desembargador Avellar de Barbedo fez a comparação das letras no dia 21 de agosto de 1798.
· Concluiu que a letra dos boletins parecia ser de Domingos, embora estivesse um pouco disfarçada.
3. Novos panfletos aparecem
· Dias depois, dois boletins em forma de carta foram encontrados na Igreja do Carmo.
· Uma carta era para o prior dos carmelitas, e a outra, para o governador, convocando-o para liderar uma revolução republicana.
· Isso gerou dúvida sobre a culpa de Domingos, que já estava preso.
4. Nova investigação
· O governador mandou fazer um novo exame de letras.
· Dessa vez, encontraram petições escritas por Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga, outro homem pardo e soldado.
· Compararam sua letra com os boletins e viram que ela batia com a dos textos revolucionários.
5. Provas contra Luiz Gonzaga
· Luiz Gonzaga havia enviado uma carta pedindo para ser nomeado ajudante de um regimento de milícias formado por homens pardos.
· No pedido, ele defendia que pardos deveriam ser tratados com igualdade, como os brancos.
· As autoridades acharam que isso combinava com o conteúdo dos panfletos que também falavam em igualdade racial.
6. Resultado
· A Justiça passou a considerar Luiz Gonzaga o verdadeiro autor dos boletins.
· Mesmo assim, Domingos da Silva Lisboa só foi solto em novembro de 1798, e voltou a ser preso em fevereiro de 1799 por “outros motivos”.
· Isso mostra como a Justiça foi usada de forma política e autoritária, sem seguir critérios justos e claros.
PROCESSO
Claro! Aqui está uma explicação ponto a ponto do trecho que você compartilhou, para facilitar a compreensão dos principais acontecimentos relacionados à Conjuração Baiana de 1798 e o processo judicial:
🔹 1. Reunião no Dique do Desterro (25/08/1798)
· Uma reunião secreta foi denunciada, onde supostos envolvidos planejavam um levante para libertar Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga, já preso.
· Esse encontro ocorreu no Campo do Dique do Desterro (atual Dique do Tororó).
· Isso ampliou a investigação: agora, não era só descobrir os autores dos boletins, mas também os organizadores da futura revolução republicana.
🔹 2. Atuação do secretário José Pires de Carvalho e Albuquerque
· Teve papel decisivo nas duas devassas (investigações): uma sobre os panfletos e outra sobre o levante.
· Interferiu diretamente ao:
· Sugerir comparações de letra dos acusados com os panfletos.
· Entregar seus próprios escravizados e de aliados à Justiça para testemunharem contra os milicianos presos.
🔹 3. Influência das denúncias em Lisboa
· As denúncias sobre envolvimento de pessoas importantes da Bahia, como o padre Francisco Agostinho Gomes, chegaram à Corte portuguesa.
· Embora citado várias vezes, Gomes passou de suspeito a parceiro da Coroa.
🔹 4. Suspeitas sobre Francisco Agostinho Gomes
· Era um religioso influente e rico.
· Denunciado por:
· Simpatizar com ideias francesas.
· Dar jantares com carne emSextas-Feiras da Paixão, algo proibido pela Igreja.
· Essas denúncias causaram irritação em Lisboa, especialmente em d. Rodrigo de Souza Coutinho, que mandou abrir uma nova devassa.
🔹 5. Nova devassa contra o padre
· O desembargador Barbedo conduziu essa devassa em janeiro de 1799, ouvindo 23 testemunhas (22 brancos e 1 pardo).
· Muitas disseram que "ouviram dizer" que o padre deu os jantares — provas frágeis, mas suficientes para julgar os milicianos.
· No entanto, o padre foi inocentado, com base na alegação de que os fatos não foram comprovados.
🔹 6. Tratamento desigual dos réus
· Mesmo com provas frágeis, os milicianos pardos foram mantidos presos e investigados por mais de um ano.
· Já o padre, rico e influente, foi livrado rapidamente e até premiado com:
· Concessão de sesmarias.
· Monopólio na exploração de ferro e cobre.
🔹 7. Preconceito racial evidente
· O governador afirmou em carta que quase todos os envolvidos eram pardos.
· Sugeriu que pardos eram mais “astutos” e “vaidosos” que os pretos, justificando sua perseguição.
· Mostra como preconceito racial influenciou diretamente a Justiça colonial.
🔹 8. Abertura formal dos processos
· Apesar de toda a parcialidade, o processo foi formalizado.
· Em março de 1799, o advogado José Barbosa de Oliveira foi nomeado defensor dos réus, representando a Santa Casa da Misericórdia.
· Outros advogados também puderam atuar na defesa, mantendo a aparência de um rito judicial legítimo.
DEFESA
Aqui está um resumo ponto a ponto da defesa dos réus da Conjuração Baiana de 1798, feita por José Barbosa de Oliveira, com os principais argumentos utilizados por ele para tentar livrar os acusados da pena capital:
🔹 1. Direito à defesa
· Os réus tiveram cinco dias para apresentar defesa, mas o processo só começou efetivamente em 12 de junho de 1799, três meses após a nomeação do advogado.
· A defesa foi baseada nos princípios do direito natural, divino e positivo, defendendo que qualquer réu tem direito a uma defesa justa.
🔹 2. Gravidade do crime exige mais rigor
· Como o crime era lesa-majestade (traição contra a Coroa), José Barbosa argumenta que quanto mais grave o crime, mais rigorosas devem ser as provas e os procedimentos.
· Ele questiona a validade das provas usadas na devassa (investigação).
🔹 3. Falta de provas materiais (corpo de delito)
· Um dos pontos centrais foi a ausência do corpo de delito — ou seja, não havia prova concreta de que o crime ocorreu, como armas ou planos reais de ação.
· Sem isso, não se pode aplicar nenhuma pena, mesmo que haja suspeitas ou indícios.
🔹 4. Testemunhos frágeis e indiretos
· A defesa critica o uso de testemunhos imprecisos, baseados em boatos (“ouvi dizer”).
· Algumas testemunhas falavam de “risadas” ou “movimento estranho” perto do Dique, mas sem escutar palavras nem ver atos concretos.
🔹 5. Condição social dos réus
· Argumento final: os acusados eram de baixa condição social — alfaiates, pedreiros, soldados rasos, escravizados ou jovens — sem instrução ou influência para organizar uma república.
· Segundo ele, seria impossível que tivessem capacidade intelectual e estratégica para fundar um novo governo democrático.
🔹 6. Conclusão da defesa
· A defesa reafirma que:
· As provas são fracas ou inexistentes.
· As testemunhas são pouco confiáveis ou insuficientes.
· O processo foi marcado por fama e suposições, e não por fatos objetivos.
· A sentença capital (pena de morte) não deveria ser aplicada, nem mesmo a tortura, diante da fragilidade do processo.
REFLEXÃO
O conteúdo apresentado sobre a dinâmica da Justiça colonial é muito rico e revela aspectos fundamentais para compreender o funcionamento político e jurídico do Brasil no final do período colonial. Aqui estão as conclusões principais que podem ser destacadas:
🔎 1. A Justiça colonial era madura e institucionalmente reconhecida
Ao contrário da ideia de que a colônia vivia à margem de estruturas jurídicas organizadas, os documentos e casos analisados (como a Conjuração Baiana) mostram um sistema legal formal, com tribunais, devassas, juízes, advogados e ritos processuais bem definidos.
⚖️ 2. Existia espaço para defesa e contraditório
Os acusados tiveram acesso à defesa jurídica, com advogados argumentando com base no direito natural, na ausência de provas e nas formalidades legais. Isso demonstra que havia possibilidades reais de contestação judicial, mesmo que essas fossem muitas vezes limitadas por desigualdades sociais e raciais.
🏛️ 3. A interferência política era constante e estruturante
A Justiça não era neutra. As decisões eram fortemente influenciadas por interesses políticos, como ficou evidente na diferença de tratamento entre os réus pobres e pardos e figuras de prestígio como o padre Francisco Agostinho Gomes. Isso revela o papel da Justiça como instrumento de manutenção da ordem social e política.
📜 4. A Justiça servia como mecanismo de controle social
O processo contra os envolvidos na Conjuração Baiana mostra como o sistema legal era usado para reprimir movimentos de contestação à Coroa e preservar os interesses da elite branca e escravocrata. Mesmo sem provas sólidas, os réus foram perseguidos e condenados.
🌍 5. A maturidade institucional ajudou a transformar o Brasil em sede do Império
Quando a Corte portuguesa veio para o Brasil em 1808, o país já tinha uma estrutura administrativa, fiscal e judicial funcional. Isso explica por que o Brasil pôde ser transformado em sede do Império e por que cidades como Salvador e Rio de Janeiro tinham tanta importância: elas já eram centros de poder e organização.
✅ Conclusão final:
O estudo da Justiça colonial revela que, embora formalmente estruturada, ela funcionava dentro de uma lógica de desigualdade, onde o acesso à justiça variava conforme a posição social, cor da pele e influência política. Ainda assim, seu grau de institucionalização foi fundamental para sustentar a transição de colônia a sede do Império.
Considerações finais
A legislação colonial do Brasil é vasta e rica no que se refere à organização administrativa desse sistema político, até então inédito nas Américas. Estudar essa legislação é entender as peculiaridades do momento em que ela foi feita, os interesses envolvidos e a dinâmica do processo histórico. Ao mesmo tempo, a Justiça colonial do Brasil, ainda que fosse herdeira de tradições portuguesas, foi influenciada pelo contexto local, com suas dinâmicas singulares.
 
Podemos ver, na consolidação dos tribunais da Relação, seja o de Salvador ou do Rio de Janeiro, a constituição de uma aristocracia jurídica que acabava tendo funções sociais e políticas, mas, principalmente, era organizadora da transposição jurídica proposta por Portugal. A complexidade nos levou a esmiuçar uma atuação do Tribunal da Relação de Salvador, criando proximidade, leitura de documentação e uma vivência mais clara desses movimentos.
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