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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA PRODUÇÃO DE TILAPIA NILÓTICA (Oreochromis niloticus), LINHAGEM CHITRALADA EM TANQUES-REDE NA FAZENDA BR FISH, NO AÇUDE SÍTIOS NOVOS EM CAUCAIA-CE. THIAGO JOTA DE SOUZA Relatório de Estágio Supervisionado apresentado ao Departamento de Engenharia de Pesca do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências para a obtenção do título de Engenheiro de Pesca. FORTALEZA – CE 2008 COMISSÃO EXAMINADORA: _______________________________________________ Profa. Elenise Gonçalves de Oliveira, D.Sc. Orientador _______________________________________________ Prof. Marcelo Carneiro Freitas, M.Sc. _______________________________________________ Prof. Leilamara do Nascimento Andrade Orientador Técnico: _____________________________ Zootécnico Daniel Fuziki Umezu VISTO: _______________________________________________ Prof. Moisés Almeida de Oliveira, D.Sc. Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca _______________________________________________ Prof. Raimundo Nonato de Lima Conceição, D.Sc. Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca Dedicado aos meus pais Pedro e Vêlda que sempre me ajudaram nessa batalha vencida. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me mostrado o caminhos do bem. Aos meus pais, Vêlda e Pedro por essa etapa da minha vida fosse vencida. Ao Dr. Everardo e ao meu tio Fátimo Jota por ter proporcionado a realização do estágio. À minha orientadora Elenise portadora de grandes conhecimentos em aqüicultura. Aos meus orientadores técnicos Daniel Fuziki e Chico Antônio que foram bem receptivos e demonstravam grande conhecimento em piscicultura. Aos funcionários da BR fish Abraão, Lorim, Junior, Marcos, Aristeu, Franklin, Erivelton, Jeová, Marcos e a Dona Baquinha. Ao pessoal da sede. SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS................................................................................... v LISTA DE TABELAS................................................................................... viii RESUMO.................................................................................................... ix 1.INTRODUÇÃO......................................................................................... 1 2. PROCESSO PRODUTIVO..................................................................... 5 2.1. Caracterizações do local de realização do estágio............................. 5 2.2.Atividades desenvolvidas durante a realização do estágio.................. 7 2.3. Caracterização da unidade de produção de tilápia............................ 8 2.3.1. Caracterização dos tanques-rede berçários, de recria e crescimento................................................................................................ 8 2.4. Manejo adotado nas fases de berçário, recria e crescimento............. 12 2.4.1 Manejo na fase de berçários............................................................. 16 2.4.2 Manejo na fase de recria e crescimento........................................... 16 2.5. Rações e estratégias alimentares....................................................... 31 2.5.1 Tipo, ingredientes e níveis de garantia de nutrientes das rações.... 31 2.5.2 Estratégia alimentar.......................................................................... 2.5.3 Controle da Mortalidade e desempenho esperado........................... 23 xx 2.6. Despesca dos peixes para a comercialização ................................... 27 2.7. Construção e manutenção dos tanques-rede..................................... 31 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 34 4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA............................................................ 35 2.5.3 LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 Localização do município de Caucaia/CE.................... 6 Figura 2 Vista parcial dos tanques-rede da piscicultura Br fish instalados Açude Sítios Novos em Caucaia-ce................ 7 Figura 3 Vista parcial da barragem do açude Sítios Novos em Caucaia/CE, onde é possível perceber que não há tanques-rede nas suas imediações.................................. 7 Figura 4 Tanques-rede de produção de tilápia na Piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE.................... 9 Figura 5 Tanques-rede de produção de tilápia na Piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE.................... 10 Figura 6 Vista superior dos tanques-rede berçários na Piscicultura BR FISH no açude Sítios Novos em Caucaia/CE....................................................................... 10 Figura 7 Laboratório de incubação de ovos de tilápia, na Unidade de produção de alevinos da BR Fish, em São Gonçalo do Amarante/CE................................................................ 12 Figura 8 Caixa de transporte dos peixes utilizada pela piscicultura BR Fish durante procedimento de aclimatação dos peixes, mediante substituição da água de transporte pela água do açude.......................................................... 15 Figura 9 Contagem dos alevinos durante povomaneto dos tanques-rede berçários na piscicultura BR fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE................................. 13 Figura 10 Plataforma flutuante utilizado no manejo de seleção dos peixes na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. Em volta da caixa se pode observar os tanques-rede berçários e sobre a plataforma a caixa selecionadora.................................................................... 14 Figura 11 Despescas dos juvenis nos tanques-redes berçários e transferência com auxílio de puçá para a caixa selecionadora na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE...................................................... 15 Figura 12 Caixa utilizada na seleção de juvenis na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. A primeira grade o espaçamento entre os canos e de 18 mm e seleciona peixes de 50 g e a segunda grade o espaçamento entre os canos é de 15 mm e seleciona peixes de 30 g................................................................... 16 Figura 13 Caixa volumétrica utilizada na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE para contagem de peixes. Observar na lateral escala de 60 cm de coluna de água, onde mediante movimento ascendente, se determina o número de peixes nela colocado................... 17 Figura 14 Pesagem dos peixes em balança tipo dinamômetro, para determinação do peso médio após a seleção, na fazenda BR Fish, no açude Sítios Novos em Caucaia/CE........................................................................ 17 Figura 15 Tanque-rede parcialmente suspenso na garagem da plataforma de apoio, já com os peixes em procedimento de captura para posterior seleção de juvenis no final de recria na Fazenda BR Fish, em Sítios Novos em Caucaia/CE.......................................................................19 Figura 16 Caixa utilizada na seleção de peixes despescados na fase de crescimento, na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE.......................................... 20 Figura 17 Operários e estagiário realizando manejo de seleção dos peixes para venda ou reestocagem nos tanques-rede, na piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. .................................................................... 22 Figura 18 Pesagem dos peixes em balança tipo dinamômetro, para determinação do peso médio após a seleção, na piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos em Caucaia/CE........................................................................ 22 Figura 19 Rações empregadas na alimentação de tilápia criadas em tanques-rede, na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE........................ 23 Figura 20 Paletes de madeira mantendo uma distância mínima de 30,0 cm entre os paletes e as paredes, na piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE..... 24 Figura 21 Manejo de suspensão dos tanques-rede em plataforma flutuante em duplo U, durante operação de despesca dos peixes para comercialização junto ao mercado consumidor. Piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos Caucaia/CE...................... 28 Figura 22 Abastecimento da água do transfish para posterior estocagem e transporte de peixes vivos. Piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos - Caucaia/CE.......... 29 Figura 23 Estocagem dos peixes no transfish, para comercialização junto ao mercado consumidor. Piscicultura BR Fish, açude Sítios Novos - Caucaia/CE... 29 Figura 24 Abate de tilápia por hipotermia e acondicionamento em carroceria de camioneta para posterior transporte até o mercado consumidor...................................................... 30 Figura 25 Procedimento de construção de um tanque-rede na Piscicultura BR Fish, açude Sítios Novos Caucaia/CE... 32 Figura 26 Operação de limpeza e vistoria do tanque-rede na piscicultura BR fish, açude Sítios Novos Caucaia/CE... 33 LISTA DE TABELAS Página Tabela I – Níveis de garantia de nutrientes das rações utilizadas na alimentação de tilápia na piscicultura BR fish no açude Sítios Novos em Caucaia/ce......................... 22 Tabela II - Resumo geral da estratégia alimentar adotada para tilápia, criadas em tanques-rede, na piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos - Caucaia/CE.......................... 24 RESUMO O presente Estágio Supervisionado foi realizado na Piscicultura Br Fish, no município de Caucaia, Ceará, de fevereiro a abril de 2007 e de 14 dezembro de 2008 a 14 de janeiro de 2009. A realização do presente estágio objetivou i aprimorar os conhecimentos relativos à produção de tilápia (Oreochromis niloticus), linhagem tailandesa, criadas em tanques-rede. A piscicultura Br Fish está instalada no açude Sítios Novos, em Caucaia/CE, o qual engloba uma das bacias metropolitanas, distando 50 quilômetros da capital Fortaleza. A piscicultura divide o ciclo de produção da tilápia em três fases: fase de berçário, onde alevinos de 1 a 3 g, são estocado tanques-redes 8 m3, na densidade de 1.000 peixes/m3; fase de recria onde juvenis com peso médio entre 50 e 30g são estocados em tanques-rede de 6 m3, nas densidades de 750 e 583 e peixes /m3, respectivamente; e fase de crescimento, em que peixe de 150 e 180g, são estocados separadamente em tanques-rede de 6 m3, na densidade de 183 peixes/m3. Os peixes são alimentados com ração extrusada contendo 45, 40, 35 e 32% de PB, sendo estas fornecidas em 4 a 3 refeições/dia. A conversão alimentar fica na faixa de 1,8:1 e a sobrevivência para as três fases ficam em média na casa dos 75, 80 e 90%, respectivamente. Durante o estágio foi possível adquirir conhecimento de uma exploração intensiva de tilápia, constatar que a atividade é bastante promissora, representando um importante campo de atuação para o engenheiro de pesca. O estágio foi uma oportunidade para ampliar os conhecimentos teóricos e, sobretudo práticos, e certamente contribuírá de forma significativa para um melhor exercício profissional como Engenheiro de Pesca. PRODUÇÃO DE TILAPIA NILÓTICA (Oreochromis niloticus), LINHAGEM CHITRALADA EM TANQUES-REDE NA FAZENDA BR FISH, NO AÇUDE SÍTIOS NOVOS EM CAUCAIA-CE. Thiago Jota de Souza 1. INTRODUÇÃO A prática da aqüicultura é muito antiga, havendo registros de pinturas egípcias antigas com cenas de pesca e piscicultura. Os romanos também criavam organismos aquáticos em viveiros, assim como os chineses. A partir do século XV a atividade se desenvolveu na Europa, América do Norte e África e finalmente no Oriente médio e América Latina (TIAGO, 2002). A Aqüicultura no mundo vem crescendo significativamente e passou de uma produção de menos de 1 milhão de toneladas, na década de 50, para 51,7 milhões de toneladas em 2006 com um valor de U$$ 78,8 bilhões, representando um crescimento de 6,1% em quantidade e 11,0% em valor entre 2004 e 2006. Esse é o setor de produção de alimentos que vem apresentando crescimento mais acelerado, chegando a 6,9% ao ano no período de 1970 a 2006, sendo esperado para breve que a aqüicultura supere a produção de pescado de captura (FAO, 2009). A soma de pescado da aqüicultura e pesca tem garantido um suprimento de alimento que representa 18,5% da proteína de origem animal (FAO, 2009) e a China continua sendo líder neste segmento, com 51,5 milhões de toneladas de pescado (17,1 e 34,4 milhões de toneladas da pesca e aqüicultura, respectivamente), o que corresponde a 71% do volume de pescado produzido em todo o mundo (FAO, 2009). Segundo citações da FAO feitas por Boscardim (2008) a produção aqüícola e pesqueira brasileira alcançaram no ano de 2004, um volume de 1.015.916 toneladas. Desse total, a aqüicultura participou com 26,5% (269.697,50 toneladas), gerando US$ 965.627,60. Ainda conforme a autora, a produção aqüícola brasileira tem crescido acima da média mundial desde 1995 e, mesmo com um crescimento negativo da ordem de -1,4% entre 2003 e 2004, a aqüicultura brasileira cresceu em média 21,1% ao ano. A queda da produção da aqüicultura no período de 2003 a 2004 foi provocada pela redução na produção. A produção brasileira de pescado, embora esteja bem aquém da apresentada por outros países, apresenta grande perspectiva de crescimento, graças ao grande potencial existente para essa atividade. Esse potencial, conforme ressalta o Portal do Agronegócio (2009), se traduz em uma costa com 8.350 km de extensão; 5,3 milhões de hectares de águas represadas em reservatórios de hidrelétricas as quais somadas aos rios, lagoas e lagos representa, 12,3% da água doce do mundo; as fabricas de rações implantadas; empreendedores interessados; e diversidade de espécies encontradas no país. Some-se a isso o grande número de instituições publicas e privadas com grande capacidade para desenvolvimento de tecnologia e formação de mão- de-obra qualificada. Em 2004, a aqüicultura continental foi responsável por 67% (180.731 toneladas) da produção aqüícola nacional, fortemente ancorada no cultivo de tilápias, carpas e tambaquis que produziram juntos 140 mil toneladas (78% da produção continental e geração de US$ 647 milhões). Os 33% restantes (89 mil (toneladas) foram produzidos em águas marinhas ou estuarinas, basicamente com o cultivo do camarão marinho na região Nordeste,responsável por 85% do total produzido pela maricultura brasileira, com 76 mil toneladas e geração de US$ 318 milhões (BOSCARDIM, 2008). Para 2030 a previsão é que a produção atinja 21.347.000 milhões de toneladas de pescado. Contribui para esse crescimento a ampliação das áreas cultivadas e a adoção de tecnologias que favorecem a intensificação do cultivo (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2009). Dentre as tecnologias que mais tem contribuído com o aumento da produção aquícola continental esta os tanques-rede, que permite explorar grandes corpos de água, antes só empregado nas explorações mais extensivas ou para captura. Os tanques-rede são colocados em açudes, represas, canais, viveiros, lagoas, rios e outras coleções de água parada ou com pequena correnteza e com profundidade superior a 3,00 m. São evitadas áreas de navegação e aquelas batidas pelos ventos fortes, pois as ondas podem danificar as estruturas. Contudo é imprescindível que haja alguma movimentação da água, a fim de eliminar resíduos (tais restos de ração, fezes e metabólitos) de dentro dos tanques-rede (SILVA, 2007). Vários fatores interferem no sucesso do cultivo de peixes em tanques- rede, entre eles podem ser citados: qualidade da água, qualidade das rações, manejo, qualidade dos peixes estocados e densidade de estocagem, formado e dimensões dos tanques-rede (BEVERIDGE, 1996). As condições climáticas tem também interferido de forma positiva ou negativa no processo de produção. Para espécies tropicais, maiores produtividades e menor tempo de cultivo podem ser esperados em ambientes com temperaturas mais elevadas e estáveis. Por outro lado, grandes mortalidades já foram registradas nesses mesmos ambientes em períodos chuvosos. A criação de peixes tem crescido em países como China, Indonésia e Brasil e apresenta tendência de se tornar a mais importante técnica de criação países onde se pratica a aqüicultura, devido às vantagens técnicas e econômicas que apresenta sobre os sistemas convencionais (SIMÕES, 2006). No Brasil a expansão dos tanques-rede ocorreu a partir de meados da década de 90 do recente século passado, sendo as espécies nativas mais representativas da exploração na época. Posteriormente as tilápias passaram a ser exploradas nessa modalidade de produção intensiva e na atualidade a tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) é a principal espécie produzida em tanques-rede. A primeira espécie de tilápia introduzida no Brasil foi a Tilapia rendali, em 1952. Não atingindo resultados satisfatórios, na década 70 o DNOCS importou a tilápia nilótica (O. niloticus). Em 1996 e 2000 uma linhagem melhorada de tilápia nilótica foi importada da Tailândia e introduzida nos Estados do Paraná e Ceará, respectivamente. Essa linhagem é conhecida como Chitralada tailadensa e foi desenvolvida no Japão e melhorada no Palácio Real de Chitral na Tailândia (KUBITZA, 2000; ZIMMERMANN, 2000). Até a introdução da linhagem Chitralada os cultivos comerciais de tilápia no Nordeste eram praticamente inexpressivos. A partir daí, a tilapicultura cresceu em ritmo intenso, fazendo da região a maior produtora de tilápia do país. O clima favorável e a disponibilidade de açudes públicos gerenciados pelo Estado vêm favorecendo a rápida expansão dos cultivos em tanques-rede, impulsionado por um mercado regional receptivo aos produtos da tilápia (KUBITZA, 2007). As tilápias se caracterizam por apresentarem escamas grandes e com pouco brilho, e a sua coloração varia da prata-cinza a cinza escura. A espécie apresenta corpo algo arredondado, com estrias verticais na nadadeira caudal, focinho curto, olhos claros, boca frontal, nadadeiras peitorais transparentes, nadadeira caudal reta e perfil da cabeça ligeiramente convexo. A linhagem chitralada tem aspecto externo parecido com as que vieram da Costa do Marfim, no que se refere à coloração. No entanto, aquela apresenta formato do corpo ligeiramente arredondado, com reduzido tamanho da cabeça, o que lhe confere rendimento de carcaça superior (DOURADO, 1981; MARENGONI, 1999; LOPES, 1999; KUBITZA, ZIMMERMANN & FITZSIMMONS, 2004). Algumas vantagens contribuem para tornar as tilápias um dos principais grupos de peixes mundialmente cultivados. Entre essas podem se destacar o fato de apresentarem baixo nível trófico, aceitarem uma grande variedade de alimentos, tolerarem superpovoamento e baixos níveis de oxigênio dissolvido na água. As boas características sensoriais, tais como, ausência de espinhos intramusculares em forma de ‘’Y’’ (mioseptos), carne saborosa, baixo teor de gordura, aliado ao seu excelente rendimento no beneficiamento sob a forma de filé, justificam o crescimento dos sistemas de produção (DNOCS, 2005), principalmente em regime intensivo em tanques-rede. A piscicultura intensiva em tanques-rede, por incrementar consideravelmente a produção aqüícola, atrai novos investidores e torna-se uma boa alternativa para a geração de emprego e renda, diminuindo a pressão sobre os estoques pesqueiros naturais (pesca) e a utilização das várzeas para a construção de tanques escavados (SIMÕES, 2006). A região Nordeste tem se destacado nessa modalidade de cultivo e Estados como Bahia e Ceará estão entre os maiores produtores em todo o Brasil. No Ceará os principais pólos aquícolas estão localizados nos açudes Castanhão, em Jaguaribara; Pereira de Miranda, em Pentecoste; Aires de Sousa, em Sobral; Cedro em Quixadá; Quixeramobim em Quixeramobim; Pedras Brancas, em Pedra Branca; Amanarí, em Maranguape e Sítios Novos, em Caucaia. Nesses parques aquícolas a principal espécie produzida é a tilápia nilótica, linhagem Chitralada tailandesa, revertidas sexualmente para machos e o mercado de Fortaleza e região metropolitana é o principal destino da produção. As tilápias produzidas são comercializadas vivas ou abatidas e essa, por sua vez, com e sem vísceras e ou processada principalmente na forma de filé. O crescimento da aqüicultura no Brasil tem apresentado com grande potencial para absorver profissionais que atuam no segmento de aqüicultura. O mercado para esses profissionais abrange a unidades fabris de ração, seja para acompanhar os processos de produção, seja na área de vendas e até mesmo para assistência aos produtores; produção, processamento e comércio, mediante contratação de consultoria ou vínculo permanente. Embora a oferta de profissionais tenha aumentado, aqueles que possuem melhor qualificação e experiência de campo têm melhores chances de se colocar e permanecer no mercado, vindo a contribuir com o crescimento da atividade, a geração de renda e divisas para o país. Diante do exposto com a realização do presente estágio o objetivo foi aprimorar os conhecimentos relativos à produção de tilápia (Oreochromis niloticus), linhagem tailandesa, criadas em tanques-rede, mediante vivência prática na piscicultura BR FISH, instalada no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. 2. PROCESSO PRODUTIVO 2.1 Caracterização do local de realização do estágio O estágio foi realizado na piscicultura BR Fish tilápia, localizada em Sítios novos, município de Caucaia, distante 50 km da capital Fortaleza, Estado do Ceará (Figura 1), sendo realizado no período de fevereiro, março, abril de 2007 e 14 de dezembro a 14 de janeiro com carga horária de 128 horas. Figura 1. Localização do município de Caucaia/CE (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre). A piscicultura BR Fish está instalada no açude Sítios Novos (Figura 2) que é administrado pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (COGERH) e que apresenta capacidade volumétrica de 126.000.000 m3, cota de sangria de 45 m, bacia hidrográfica de 446 km2 e mantém uma vazão de água de 250 L/s. O açude Sítios Novos foi construído em 2001, estálocalizado nas bacias metropolitanas, e alimenta o canal do pecém e atendendo uma boa parte da demanda do complexo portuário do pecém. Segundo a COGERH o açude começou a sangrar no dia 07 de abril de 2009. A área escolhida para instalar a piscicultura BR Fish fica em um braço do açude e próximo a outras pisciculturas de criação de tilápia, nesse mesmo tipo de instalação. A área próxima a barragem do açude (Figura 3) é evitada pelos piscicultores, em função da grande profundidade do local e dificuldade de instalação e manejo. Figura 2. Vista parcial dos tanques-rede da piscicultura BR Fish instalada no açude Sítios Novos, no município de Caucaia/CE. Figura 3. Vista parcial da barragem do açude Sítios Novo em Caucaia/CE, onde é possível perceber que não há tanques-rede nas suas imediações. 2.2. Atividades desenvolvidas durante a realização do estágio Durante a realização do estágio foi acompanhado todo o processo de produção de tilápia em tanques-rede, processo este que foi composto por várias atividades relacionadas com manejo de peixamento nos tanques-rede; manejo alimentar; despesca para seleção, biometrias e comercialização; biometria e seleção mecânica e manual dos peixes por tamanho; determinação do desempenho dos peixes; e montagem e manutenção das instalações (tanques-rede). 2.3. Caracterização da unidade de produção de tilápia A unidade de produção de tilápias da piscicultura BR Fish, em Sítios Novos, conta com tanques-rede, depósito de 600m2 de área coberta, escritório e unidades de apoio ao manejo diário e despesca, composta de três plataformas móveis flutuantes. Até fevereiro de 2009 a piscicultura BR Fish possuía tanques-rede berçários, de recria e crescimento. Os tanques-rede berçarios apresentam dimensões de 4,0 x 2,0 x 1,20 m; e os tanques-rede utilizados para recria e crescimento apresentam dimensões de 3,0 x 2,0 x 1,20 m. A estrutura de suporte dos tanques-rede é construída com tubo galvanizado de ¾, já incluindo ‘’alças’’ para a fixação das bombonas de 50 L, em cada vértice superior do tanque-rede, que se destinam à flutuabilidade do tanque-rede (Figura 4). Os tanques-redes são dispostos linearmente em uma corda ou cabo de aço de 100m de extensão, formando os chamados long-lines. A piscicultura BR Fish trabalha com um long-line para os tanques-rede berçários, três long-lines para os tanques-rede da fase de recria e oito long-lines para os tanques-rede da fase de crescimento, distando 20 m um do outro e 3 m entre tanques-rede de um mesmo long-line. Figura 4. Tanques-rede de produção de tilápia na Piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. Tanques-rede berçários - os tanques-redes berçários (Figura 5 e 6) destinam-se a estocagem de tilápia nilótica a partir de 1,0 a 3,0g, até atingirem em média 30 a 50g de peso corporal. Esses tanques-rede são compostos de duas panagens, ficando uma dentro da outra. A estrutura interna é chamada de bolsão e tem por finalidade conter os peixes. O bolsão é confeccionado com tela de poliéster revestido de PVC, com malha de 5,0 mm e dimensões de 4,0 x 2,0 x 1,20 m (comprimento x largura x profundidade). Internamente na parte superior do bolsão é colocada uma tela plástica tipo sombrite com malha de 1 mm. Essa tela, com 4,0 x 2,0 x 0,65 m (comprimento x largura x altura), é disposta em toda a periferia do bolsão, para formar o comedouro, ficando esse cerca de 45 cm abaixo e 20 cm acima da superfície da água. A estrutura externa tem 4,0 x 2,0 x 1,20m e é chamada de tanque-rede. Esse tanque-rede é confeccionado em tela de arame revestido de zinco e PVC, com malha de 18 mm e tem por finalidade evitar a ação de predadores sobre os peixes estocados no bolsão. Todos os berçários apresentam cobertura tipo sombrite 25%, para evitar a ação de predadores e são dispostos linearmente no açude, fixado em uma corda ou cabo guia de nylon, com 20 mm de espessura. Figura 5. Vista parcial do long-line com tanques-rede berçário de produção de tilápia na Piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE Figura 6. Vista superior dos tanques-rede berçários na Piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. Tanques-rede de recria - Os tanques-rede utilizados na fase de recria destinam-se a estocagem de tilápia com 30 a 50 g, até atingirem peso médio de 150 a 180 g. Esses tanques-rede são confeccionados em tela de arame revestido de zinco e PVC, com malha de 18 mm. Internamente no tanque-rede é disposto um comedouro confeccionado em tela plástica tipo sombrite com malha de 1 mm, dimensões de 3,0 x 2,0 x 0,65 m (comprimento, largura e altura) e em formato de anel. Tanques-rede de crescimento - Os tanques-rede utilizados na fase de crescimento são do mesmo tipo e dimensões dos utilizados na fase de recria e o que difere é tela do comedouro plástica da Nortene, com malha de 5,0 mm. Esses tanques-rede se destinam à estocagem de tilápia de 150 a 180 g, até atingirem peso para consumo que é de 800 a 1.000 g. Os tanques-rede da piscicultura BR Fish acompanham o padrão de outras fazendas na região Nordeste, os quais se caracterizam por apresentarem estrutura de suporte ou armação construída em cano de PVC, de 25 ou 40 mm, alumínio, madeira ou ferro. A tela do sistema de contenção ou panagem, utiliza malhas de 5 mm para os tanques-rede berçário, e de 13 a 25 mm, para as fazes de recria e crescimento. O material utilizado para o confecção das telas pode ser o arame recoberto de zinco e PVC; fio de poliéster revestido de PVC e, para as fases de reversão sexual e alevinagem (berçário ou hapa), tela plástica tipo sombrite. O volume útil de cada tanque- rede varia de 1 m3 (nos de reversão sexual) a 40 m3 para as fases de recria e crescimento, sendo mais usado os de 4,8 m3 (2,00 x 2,00 x 1,20 m), com volume útil de 4,0 m3; 6 m3 (2,00 x 2,00 x 1,50 m), com volume útil de 5,2 m3; 9 m3 (3,00 x 2,00 x 1,50 m), com volume útil de 7,8 m3; ou 12 m3 (3,00 x 2,00 x 2,00 m), volume útil de 10,8 m3, estes últimos com menor freqüência (SILVA, 2007). 2.4. Manejo adotado nas fases de berçário, recria e crescimento 2.4.1 Manejo na fase de berçário Nos tanques-rede berçários, com dimensões de 8 m3 de volume útil, são estocados 1.000 alevinos/m3, com peso médio de 1,0 a 3,0g, em um total de 8.000 alevinos/tanque-rede. Os alevinos são produzidos em outra unidade da piscicultura BR Fish, que fica localizada em São Gonçalo do Amarante/CE e que se destina a reprodução, larvicultura e alevinagem de tilápia nilótica, linhagem chitralada. A reprodução das tilápias é feita em hapas, com coleta e incubação de ovos (Figura 7) e posterior reversão sexual das pós-larvas, com o hormônio 17α-metiltestosterona, para produção de populações masculinas. Figura 7. Laboratório de incubação de ovos de tilápia, na Unidade de produção de alevinos da BR Fish, em São Gonçalo do Amarante/CE. Os alevinos são transportados da piscicultura em São Gonçalo do Amarante para o açude Sítios Novo, em caixas para transporte de peixe vivo (transfish) (Figura 8). As caixas são fabricadas em fibra de vidro, apresenta registro, isolamento térmico, tampa superior - inferior dispositivo antivazamento, sistema de quebra ondas, ferragem em aço inox, mangueira micro perfurada a laser, regulador de pressão: fluxiômetro, manômetro e calha para descarga. Cada caixa com volume de 2.000 L transporta uma carga máxima de 1.000 kg de peixes. Um conjunto de duas caixas e 04 cilindros de oxigênio é acoplatado ao lastro de um caminhão. Ao chegar à piscicultura, ainda nas caixas, os alevinos passam por uma aclimatação, que consiste em substituir gradativamente a água de transporte dos peixes pela água do açude, de forma a estabilizar temperatura e parâmetrosquímicos da água. Após a aclimatação é feita a pesagem e contagem dos alevinos e posterior povoamento dos berçários (Figura 8). Figura 8. Caixa de transporte dos peixes utilizada pela fazenda BR Fish durante procedimento de aclimatação dos peixes, mediante substituição da água de transporte pela água do açude. Após a aclimatação são tomadas três amostras de peixes, cada uma com 500 peixes. Cada amostra é pesada em balde com água e o peso obtido é então divido pelo número de peixes, para obtenção do peso médio dos peixes daquela amostra. Em seguida o peso médio das três amostras é somado e dividido por três para obtenção do peso médio composto pelas três amostras e posterior determinação da biomassa inicial (Peso médio dos peixes x Número total de peixes estocado em cada tanque-rede). As demais peixes restantes são pesados em balde com água e de conformidade com esse peso é estimado o peso médio das três amostras o número de peixes é estimado. Figura 9. Contagem dos alevinos durante povoamento dos tanques-rede berçários na fazenda BR Fish, no açude Sítios Novos, em Caucaia/CE. Com a estocagem sendo feita com alevinos de 1,0 a 3,0 g de peso médio, cerca de 35 dias depois é feita uma despesca do tanque-rede e os peixes são submetidos a uma classificação por peso. Assim são separados grupos de peixes, agora chamados de juvenis, conforme a seguir: juvenis com 50 g que se destinam ao povoamento dos tanques-rede da fase de recria; juvenis com 30 g para comercialização junto a outros produtores ou, caso não encontre venda, para estocagem nos tanques de recria, da própria piscicultura; por fim são separados grupos de juvenis com peso igual ou inferior a 20g, os chamados refugos, sendo esses considerados impróprios para estocagem em tanques-rede de recria e são colocados em um tanque-rede não tendo uma destinação definida. A operação de seleção para separação dos peixes por tamanho e reestocagem em tanques-rede em densidades mais baixa, é chamada pelo pessoal de campo de repicagem. A seleção é feita mediante uso de duas grades de alumínio, instaladas em uma caixa de fibra de vidro, com dimensões de 2,90 x 0,6 x 0,7 m. A caixa apresenta em das extremidades um cano de uma polegada, posicionado na parte superior, para entrada de água, feita sob pressão com uma bomba. Na outra extremidade e em uma das laterais, a caixa tem três canos para saída de água. As grades são construídas com canos de alumínio que ficam encaixadas em uma armação retangular. Esses canos são posicionados verticalmente e giram em torno de seu próprio eixo. Em uma das grades os canos ficam 18 mm espaçados entre si e na outra 15 mm. O procedimento de classificação é feito em uma plataforma flutuante e móvel, de forma retangular, que é construída com madeira e ferro, apoiados sobre bombonas plásticas de 200 litros (Figura 10), coberta com lona na cor azul e ancorada com poitas de 1.500kg. Figura 10. Plataforma flutuante utilizado no manejo de seleção dos peixes na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. Em volta da plataforma podem ser observados os tanques-rede berçários e sobre a plataforma a caixa selecionadora*. No manejo de classificação toda a estrutura que compõe o berçário (tanque-rede e bolsão) é rebocada com auxílio de canoa até a plataforma de apoio, onde é estacionado nas lateriais. Para iniciar o manejo o bolsão é suspenso parcialmente reunindo os peixes em uma das extremidades. Em seguida os peixes são retirados com auxílio de puçá e transferidos para a caixa selecionadora, que nesse momento mantém fluxo contínuo de água, mediante bombeamento (Figura 11). * Figura 11. Despescas dos juvenis nos tanques-redes berçários e transferência com auxílio de puçá para a caixa selecionadora na piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. A seleção dos peixes (Figura 12) é feita fazendo uma correspondência entre o espaçamento dos canos da grade selecionadora e a largura dos peixes e está, por sua vez, com o peso dos peixes. Assim, os peixes de 50 g ficam retidos na grade, cujo espaçamento entre canos é de 18 mm e os peixes de 30 g ficam retidos na grade, cujo espaçamento entre canos é de 15 mm. Peixes que passam por essa última grade são peixes com menos de 30 g (em geral 20 a 15g) são considerados refugos. Figura 12. Caixa utilizada na seleção de juvenis de tilápia na piscicultura BR Fish. A primeira grade tem espaçamento de 18 mm e seleciona peixes de 50g) e a segunda 15 mm e seleciona peixes de 30 g. Após a separação por tamanho, cada grupo de peixes (50 e 30g) é conduzido para uma caixa volumétrica para a realização da contagem. A caixa volumétrica (Figura 13) tem uma capacidade de aproximadamente 90 L, e 2 a grade Peixe 30 g 1 a grade Peixe 50 g apresenta externamente uma escala de 60 cm de altura de coluna d’água, com divisões de 1 cm. Na contagem é colocado um volume conhecido de água na caixa e depois os peixes são acrescidos. Ao colocar os peixes na caixa a coluna de água se desloca no sentido ascendente, sendo o valor do deslocamento anotado. A contagem é feita fazendo uma relação entre o aumento na coluna d’água (cm) e o número de peixes nela colocado. Para peixes de 50g, cada 1,0 (um) cm de aumento na coluna de água na caixa equivale a 60 peixes; para peixes de 30g cada 1,0 (um) cm de aumento na coluna de água equivale a 80 peixes e para peixes de 15,0 a 20,0 g é equivalente a 120 peixes. Figura 13. Caixa volumétrica utilizada na fazenda BR Fish, açude Sítios Novos/Caucaia-CE, para contagem de peixes. Observar na lateral escala de 60 cm de coluna de água, onde mediante movimento ascendente, se determina o número de peixes nela colocado. Após o procedimento de contagem, são tomadas ao acaso, com auxílio de puçá, duas amostras de peixes, cada uma com 50 peixes, para determinação do peso médio. A pesagem é feita em balança tipo dinamômetro e com os peixes acondicionados em um puçá com alça (Figura 14). Após a pesagem os peixes seguem para estocagem nos tanques-rede de recria (peixes de 50g) ou para comercialização (peixes de 30g). Escala volumétrica divisões em cm Figura 14. Pesagem dos peixes em balança tipo dinamômetro, para determinação do peso médio após a seleção, na fazenda BR Fish, no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. Durante a realização do estágio foi observado que a uniformidade dos peixes depende do tempo em que eles permanecem nos long-lines. Quanto maior o tempo de permanência nos long-lines, maior será o número de peixes na faixa de 50g. 2.4.2 Manejo na fase de recria e de crescimento A fase de recria dura 45 dias para os juvenis estocados com peso médio de 50,0 g, e aproximadamente 60 dias para juvenis estocados com peso médio de 30,0 g. Findo cada período os peixes tem atingido peso médio entre 150 e 180g. Nessa fase, nos tanques-rede, com 6,0 m3, juvenis de 50g são estocados numa densidade de 583 peixe/m3, perfazendo um total de 3.500 juvenis por tanque-rede. Já os juvenis de 30g são estocados numa densidade de 750 peixes/m3, num total de 4.500 peixes por tanque-rede, sendo eles mantidos nessas instalações até serem comercializados, ou por 60 dias, se não aparecer comprador, quando então tem atingido peso médio indicado para iniciar a fase de crescimento. Quando termina a fase de recria, ou seja, quando o peixe tem atingido peso médio entre 150 a 180g, os tanques-rede de recria são despescados e os peixes submetidos a um manejo de contagem para a estocagem nos tanques- rede de crescimento. Para isso o tanque-rede é rebocado, com auxílio de canoa, até a plataforma de apoio, que tem forma de U. Na plataforma ele é estacionadona garagem e parcialmente suspenso. O mecanismo utilizado para isso é formado por duas cordas que passam por roldanas, e tem nas extremidades, ganchos para prender em dois vértices superiores do tanque- rede (ao lado dos flutuadores) e suspende-lo em um dos lados. Com o tanque- rede parcialmente suspenso, os peixes ficam reunidos na extremidade oposta que fica parcialmente submersa na água. Essa operação é feita por duas pessoas. Feito isso os peixes são retirados com auxílio de puçá (Figura 15), sendo então transferidos para a caixa selecionadora, que mantém um pequeno volume de água, mediante bombeamento (Figura 16). Figura 15. Tanque-rede parcialmente suspenso na garagem da plataforma de apoio, já com os peixes em procedimento de captura para posterior seleção de juvenis no final de recria na Fazenda BR Fish, em Sítios Novos em Caucaia/CE. A caixa é utilizada apenas para contagem dos peixes. Assim, nessa fase os peixes não são submetidos a manejo de seleção por tamanho. A caixa utilizada nesse manejo é instalada sobre uma base de madeira e esta, por sua vez, instalada sobre a plataforma flutuante em U. A caixa com dimensões de 2,40 x 0,8 m. tem fundo inclinado e extremidades rampadas para evitar escoriações nos peixes no momento da descarga. Uma das extremidades apresenta um cano de uma polegada para entrada de água. Nas laterais ficam quatro aberturas circulares, denominadas bocas, que funcionam para transferência dos peixes para os tanques-redes ou, quando necessário, para seleção dos peixes por tamanho. As bocas são conectadas aos tanques-rede, através de canos de PVC flexível, tipo mangote, com 5 m de extensão, sendo que duas delas apresentam 15 cm de diâmetro, e nela passam peixes com peso abaixo de 800g, e duas apresentam 20 cm de diâmetro e nelas passam peixes com peso entre 800 e 1.000g. Figura 16. Caixa utilizada na seleção de peixes despescados na fase de crescimento, na piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. R = rampa para descarga de peixes; E = cano de entrada de água; B20 e B15, bocas com 20 e 15 cm de diâmetro para saída de peixes com 800 a 1.000g e abaixo de 800g, respectivamente; C = cano tipo mangote que faz a conexão entre as bocas da caixa selecionadora e os tanques-rede, onde os peixes são então acondicionados. Terminado o manejo de contagem, por ocasião do encerramento da fase de recria, os peixes com peso entre 180 e 150g são estocados na densidade de 183 peixes/m3 perfazendo um total de 1.100 peixes por tanque-rede de 6 m3. A fase de crescimento dura em torno de 120 dias. Ao final desse período os peixes passam por um manejo de seleção por peso (Figura 17). No procedimento o objetivo é classificar os peixes em dois grupos de tamanho: peixes de 800 a 1.000 g, classificado como grande, que segue para a comercialização; e peixes abaixo de 800 g, classificado como refugo, sendo esses re-estocados em tanques-rede que irão retornar para os long-lines, onde permanecem no mesmo regime alimentar por mais 30 a 45 dias. Findo esse período os peixes passam por um novo manejo de classificação, e os maiores ou iguais a 800g são destinados a venda, e os menores, caso haja, são destinados ao abastecimento do refeitório da própria empresa. B15 R R B20 C Figura 17. Operários e estagiário realizando manejo de seleção dos peixes para venda ou reestocagem nos tanques-rede, na fazenda BR Fish, açude Sítios Novos/Caucaia-CE. Observar uso de equipamentos de proteção individual (capa, luvas, óculos e botas plásticas.) Após manejo de seleção nas fases de recria e crescimento, sempre é realizada uma amostragem dos peixes já estocados nos tanques-rede, para determinação do peso médio real. Assim, em cada tanque-rede são tomadas duas amostras, cada uma com 10 peixes, para pesagem em lote e determinação do peso médio real (Figura 18). Figura 18. Pesagem dos peixes em balança tipo dinamômetro, para determinação do peso médio após a seleção, na piscicultura BR Fish, açude Sítios Novos/Caucaia/CE Após a pesagem os peixes são devolvidos aos tanques-rede, seguindo o destino de acordo com o tamanho. O grupo de peixes com peso igual ou superior a 800g são estocados em tanques-rede, numa densidade de 150 peixes/m3, num total de 900 peixes por gaiola, sendo os tanques amarrados próximo a plataforma de despesca e mantidos nesse local, até o momento da comercialização. Durante a realização do estágio foi observado que 5 pessoas (4 classificando e uma entregando os peixes no puçá) gastam em média 15 minutos para selecionar 1100 peixes estocados em um tanque-rede. 2.5 Rações e estratégias alimentares 2.5.1. Tipo, ingredientes e níveis de garantia de nutrientes das rações Em todas as fases da criação de tilápia em tanques-rede na piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos, é fornecida ração comercial produzida na unidade fabril da empresa BR Fish, localizada em São Gonçalo do Amarante/CE. As rações chegam à piscicultura acondicionadas em sacos de ráfia, com capacidade para 25 kg (Figura 19). Na fazenda as rações são armazenadas em um galpão de alvenaria, piso de cimento grosso e cobertura com telha de amianto, Os sacos são empilhados sobre paletes de madeira (Figura 20), tomando o cuidado de manter uma distância mínima de 30,0 cm entre os paletes e as paredes, evitando assim umidade excessiva. As rações chegam semanalmente à piscicultura e são transportadas em caminhão aberto protegido com lona. Durante a realização do estágio não foi observado à execução de testes para acompanhar a qualidade física da ração, como testes de flutuabilidade, estabilidade e finos. Figura 19. Rações empregadas na alimentação de tilápia criadas em tanques- rede, na fazenda BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. As rações, de acordo com especificação em seus rótulos, são elaboradas com os seguintes ingredientes: farelo de soja, milho grão, farelo de trigo, farinha de carne, farinha de peixe, gordura de aves, calcáreo calcítico, premix vitamínico, mineral e aminoácido e vitamina C 35%-monofosfatada. Eventuais substitutivos desses ingredientes são: sorgo grão, quirera de arroz, fosfato bicálcico, cloreto de sódio (sal comum), óleo vegetal, L-Lisina, etoxiquim, farinha de vísceras, farinha de penas hidrolisadas e glúten de milho 21. Os níveis de garantia seguem conforme especificado na Tabela 1. Figura 20. Paletes de madeira mantendo uma distância mínima de 30,0 cm entre os paletes e as paredes, na piscicultura BR Fish no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. Tabela 1. Níveis de garantia de nutrientes das rações utilizadas na alimentação de tilápia na piscicultura BR fish, no açude Sítios Novos em Caucaia/CE. 2.5.2. Estratégia alimentar A programação alimentar segue a recomendação da empresa, conforme pode ser visto na Tabela 2. Na fase de berçário a ração é parcelada em 4 refeições diárias e administrada nos horários de 05h30min, 08h00min, 11h00min e 13h30min, em quantidades iguais por trato. Os alevinos de 1 a 3g são alimentados com ração com 45% PB; quando os alevinos atingem 5g a ração em pó passa a ser substituída gradativamente por ração extrusada com 40% de PB e 2,0 mm de diâmetro. A partir de 7 g, até 30 g de peso médio, passa a ser utilizada somente ração extrusada com 40% de PB e granulometria de 2,0 mm. A taxa alimentar é fornecida na base de 10,0 a 5,5% do peso vivo (p.v) por dia, de acordo com o tamanho dos peixes e é reajustada semanalmente. Nas fases de recria e crescimento a ração é parcelada em 3 refeições diárias (06h00min, 09h30mim e 13h30mim). Na fase de recria para peixes com pesomédio de 30 e 50 g até 180 g é fornecida ração extrusada com 35% de PB e granulometria de 3,0 a 4,0mm. Para peixes a partir dos 180 g, até Nutrientes TIPO DE RAÇÃO BR Fish 45 (%) 40 (%) 35 (%) 32 (%) Proteína Bruta (%) 45,00 40,00 35,00 32,00 Extrato Etéreo (mín.) 8,00 8,00 8,00 7,00 Matéria Fibrosa (Max) 5,00 5,00 5,00 6,00 Umidade (Max) 10,00 10,00 10,00 10,00 Matéria Mineral (máx.) Cálcio (máx.) Fósforo (mín.) 13,00 3,00 0,90 13,00 3,00 0,90 13,00 3,00 0,90 12,50 3,00 0,90 tamanho de venda para consumo (800 a 1000g) é administrada ração extrusada com 32% de PB e granulometria de 6,0 a 8,0 mm. A taxa alimentar é fornecida na base de 4,5 a 2,0% do peso vivo do peixe por dia, de acordo com o tamanho dos peixes e é reajustada semanalmente. A piscicultura possui um arraçoador para alimentar os peixes na fase de berçários e recria, e dois para a fase de crescimento. Tabela 2. Resumo geral da estratégia alimentar adotada para tilápia, criadas em tanques-rede, na piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos - Caucaia/CE e desempenho esperado. PARÂMETRO Peso peixes (g) Faixa de peso (g) Peso peixes (g) ref/dia % pv/dia Consumo (g/dia) CA período GDP g/dia/px Dias Dias acum 1 1 5 pó 6 10,0% 0,30 1,2 0,25 16 16 5 5 10 pó+2mm 5 8,0% 0,60 1,0 0,60 9 25 10 10 20 2mm 5 6,0% 0,90 0,8 1,13 9 34 20 20 60 2mm-4mm 4 5,5% 2,20 0,8 2,75 15 49 60 60 100 3-4mm 4 4,5% 3,60 1,0 3,60 12 61 100 100 200 3-4mm 4 4,0% 6,00 1,2 5,00 20 81 200 200 300 3-4mm 4 3,5% 8,75 1,2 7,29 14 95 300 300 400 6mm 3 3,3% 11,55 1,3 8,88 12 107 400 400 500 6mm 3 2,8% 12,60 1,4 9,00 12 119 500 500 600 6mm 3 2,6% 14,30 1,5 9,53 11 130 600 600 700 6mm 3 2,5% 16,25 1,5 10,83 10 140 700 700 800 6mm 3 2,2% 16,50 1,6 10,31 10 150 800 800 900 6mm 3 2,0% 17,00 1,6 10,63 10 160 900 900 1000 6mm 3 2,0% 19,00 1,8 10,56 10 170 1000 1000 1100 6mm 2 2,0% 21,00 1,9 11,05 10 180 1100 1100 1200 6mm 2 1,8% 20,70 2,0 10,35 10 190 1200 1200 1300 6mm 2 1,5% 18,75 2,1 8,93 12 202 1300 1300 1400 6mm 2 1,2% 16,20 2,1 7,71 13 215 1400 1400 1500 6mm 1 1,2% 17,40 2,2 7,91 13 228 2.5.3. Controle de mortalidade e desempenho dos peixes Diariamente, no horário da manhã, os tanques-redes são vistoriados e se detectado peixes mortos esses são retirados. A operação de retirada de peixes mortos, normalmente é executa por dois funcionários. Um suspende a malha do tanque-rede e a deixa apoiada sobre a canoa, e outro retira os peixes mortos ou que estão debilitados e anota o número em planilha especifica para cada tanque-rede. Os peixes retirados do tanque-rede são também pesados, sendo o peso descontado do total daquele tanque, para efeito de cálculo de biomassa e ajustes da ração. Ao final de cada fase a soma de peixes mortos é realizada para determinar a taxa de mortalidade. Após o manejo de classificação é comum a morte dos animais devido ao stress, principalmente, no período chuvoso, onde as alterações na qualidade da água contribuem para exacerbar o efeito do estresse. Em termos de desempenho é esperado ganhos de peso variando de 0,25g até 11,05g/peixe/dia, de acordo com a fase de desenvolvimento, e conversão alimentar de 1,8:1,0 para peixes iniciando com peso médio de 1,0 a 3,0g e terminando com peso médio de 800,0 a 1,0 kg. Na fase de berçário a taxa de sobrevivência média fica em torno de 75%, na fase de recria em torno de 80% e na fase de crescimento a sobrevivência gira em torno de 90%. Considerando a classificação dos peixes de acordo com a fase de desenvolvimento e faixa de peso, o rendimento obtido para a população estocada em cada tanque-rede é conforme se segue: a) Fase de berçário: 60% - 50g, 40% - 30 g e 20% - abaixo de 30 g (15 a 20g); b) Fase de recria: 100% entre 150 e 180g c) Fase de crescimento: 75% na faixa de 800 a 1000g e 15% abaixo de 800g. 2.6. Despesca dos peixes para a comercialização A piscicultura BR Fish comercializa peixes vivos e inteiro abatido. Os peixes vivos podem ser juvenis com 30 g de peso médio destinados a recria em outras fazendas, ou adultos com 800 a 1000g de peso médio destinado ao consumo. Em janeiro de 2009 o milheiro de juvenis era comercializado a um valor de R$ 270,00. Os peixes vivos e abatidos destinado ao consumo, em janeiro de 2009 eram comercializados a R$ 4,80/kg, livre de frete. O frete do peixe vivo custa em média R$ 110,00 a cada 100 km rodado. A comercialização em geral é feita com programação antecipada. Nessas condições os peixes que foram classificados por tamanho, conforme manejo descrito anteriormente, fica estocado nos tanques-rede próximos a plataforma de despesca e são submetidos a jejum de 24 horas. Isso vale tanto para peixes juvenis, quanto para adultos. No momento da expedição os peixes são contados fazendo uso de monoblocos e pesados em uma balança com capacidade máxima de 1,5 toneladas. Eventualmente, quando há uma grande procura por peixes para consumo, e não é possível fazer uma programação antecipada, os peixes que estão estocados nos tanques-rede de crescimento, são classificados no dia e colocados próximos a plataforma de despesca, para serem expedidos. A operação de despesca dos tanques-rede para a comercialização dos peixes é feita geralmente por volta da meia noite, em uma plataforma flutuante em duplo ‘’U’’, com dimensões de 34 x 1,80 m. As estruturas em U formam garagens para estacionamento dos tanques-rede, sendo que cada uma apresenta dimensões de 3,5 x 2,4 m (Figura 21). No manejo, após estacionar e suspender os tanques-rede na garagem, os peixes são capturados com auxílio de um puçá e colocados em monoblocos. Se forem comercializados vivos eles são então transferidos para caixas de transporte de peixes vivos - transfish (Figura 22). Para assegurar boas condições de transporte, a qualidade da água do transfish é averiguada e se houver necessidade é substituída parcial ou totalmente por água do açude. Para diminuir o estresse dos peixes durante o transporte é colocado na água do transfish cerca de 25 kg de gelo e 12,5 kg de sal. Em cada transfish com capacidade para 2.000L de água são colocados até 30.000 juvenis com peso médio de 30g, ou 900 adultos com peso médio de 900 a 1.000 g (Figura 23). Figura 21. Manejo de suspensão dos tanques-rede em plataforma flutuante em duplo U, durante operação de despesca dos peixes para comercialização junto ao mercado consumidor. Fazenda BR Fish, no açude Sítios Novos - Caucaia/CE. Figura 22. Abastecimento da água do transfish para posterior estocagem e transporte de peixes vivos. Piscicultura BR Fish, no açude Sítios Novos - Caucaia/CE. Figura 23. Estocagem dos peixes no transfish, para comercialização junto ao mercado consumidor. Fazenda BR Fish, açude Sítios Novos - Caucaia/CE. É sabido que durante o transporte os peixes são submetidos a condições de estresse, advindo daí um aumento na taxa de excreção, respiração, batimentos cardíacos, pressão sanguínea e perda de eletrólito. Para minimizar os danos provocados aos peixes, podem ser adotadas algumas medidas. Entre essas estão: submeter o peixe a jejum antes do transporte, para reduzir a taxa de excreção e, por conseguinte, a piora da qualidade da água de transporte; diminuir a temperatura da água de transporte, de forma a reduzir o metabolismo dos peixes; e adicionar sal a água. O sal tem por finalidade facilitar a manutenção do equilíbrio osmorregulatório e aumentar a produção de muco nas brânquias, que ajuda a reduzir as perdas de sais do sangue para a água; estimular um aumento na produção de muco sobre o corpo, o que ajuda a recobrir ferimentos decorrentes do manuseio. Isso reduz o risco de infecções secundárias por bactérias e fungos; favorecer um mecanismoativo de eliminação da amônia do sangue para a água, o que é muito importante no transporte de peixes em altas densidades de carga (URBINATI e CARNEIRO, 2004). Os peixes comercializados na forma abatido, após despesca, que segue o mesmo procedimento adotado para peixes vivos, são contados em monoblocos, pesados e transferidos para caixa de fibrocimento com capacidade de aproximadamente 500 L, contendo água e gelo, numa proporção de 100 kg de gelo 100 L de água. Nessa caixa os peixes ficam por cerca de 5 mim e depois são expedidos para transporte. Em situações como essa o próprio comprador é quem se encarrega de fazer o transporte, que pode ser feito com o peixe acondicionado em isopor ou diretamente na carroceria do veículo, protegida com lona plástica, e fazendo ou não uso de gelo (Figura 24). Figura 24. Abate de tilápia por hipotermia e acondicionamento em carroceria de camioneta para posterior transporte até o mercado consumidor. 2.7 Construção e manutenção dos tanques-rede Os tanques-redes utilizados na BR Fish, são construídos na própria piscicultura. A piscicultura adquire no mercado de Fortaleza a estrutura de suporte ou armação do tanque-rede, as bombonas plásticas de 50 L e a tela ou panagem. A tela utilizada é de arame com 2 mm de espessura, revestido de zinco e PVC e são adquiridas em rolos de 50 m com 3,0 m de largura. Para a montagem de um tanque-rede de 3,0 x 2,0 x 1,20m são utilizados 10 m de tela. Essa tela é então cortada em três pedaços: um de 4,40 x 3,0 m e dois de 2,0 x 1,20. As duas extremidades que apresentam 3,0 m de largura são presas ao suporte de ferro que serve armação para o tanque-rede. Feito isso, os dois pedaços de telas menores, que irão fazer o fechamento de duas outras laterais do tanque-rede, são emendados na tela maior. Após emendar as três telas o tanque-rede está pronto para receber os flutuadorees. O passo a passo da construção do tanque-rede pode ser visto na seqüência de imagens da (Figura 25). A manejo de manutenção dos tanques-rede ocorre após cada despesca, ou se for notado alguma avaria durante o cultivo. Após a despesca os tanques- rede são retirados do açude para higienização, vistoria e reparos. Para isso o tanque-rede é suspenso em um suporte de ferro e madeira e submetido à lavagem fazendo uso apenas da água do açude conduzida por mangueira de alta pressão. Na lavagem é retirado o material colmatado (impregnado ou aderido) nas telas do sistema de contenção dos peixes (panagem, rede) e dos comedouros (figura 26). No momento da limpeza, tanques-rede e comedouros são vistoriados. Aqueles tanques-rede que estão em bom estado voltarão para a água e os que apresentam avarias na armação ou tela são reparados ou descartados dependendo da gravidade. Os comedouros passam também por vistorias e, se necessários são reparados ou substituídos. Essa operação é realizada as margens do açude, sem nenhum cuidado especial com a água resultante da lavagem. 1 o - Tela de arame recoberta por zinco e PVC usada na confecção dos tanques-rede 2 o - Realização do corte da tela em três pedaços para confeccionar o tanque-rede. 3 o - A tela maior sendo presa a armação (a) de ferro que funciona como suporte para os tanques rede. A tela forma as duas laterias (b) e fundo do tanque-rede (c). 4 o – Telas menores sendo costuradas para fazer o fechamento lateral do tanque-rede. 5 o – Colocação das bombonas na armação de suporte para promover a flutuabilidade do tanque-rede. 6 o – Tanque-rede pronto para ser colocado no açude. c a b Figura 25. Procedimento de construção de um tanque-rede na Piscicultura BR Fish, açude Sítios Novos - Caucaia/CE. Figura 26. Operação de limpeza e vistoria do tanque-rede na piscicultura BR fish, açude Sítios Novos - Caucaia/CE. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Estágio Supervisionado na Piscicultura BR FISH localizado no município de Caucaia/CE (Sítios novos), permitiu o acompanhamento das etapas envolvidas no cultivo da tilápia nilótica Oreochromis niloticus, linhagem chitralada. A empresa divide o ciclo da tilápia em 3 etapas: berçários, recria e crescimento, onde através desta se obtém um melhor aproveitamento e a certeza da idade e tamanho dos animais, o que possibilita uma previsão de despesca. A produção, taxa de sobrevivência e conversão alimentar registradas, indica que a fazenda BR FISH apresenta boas práticas de manejo e a cada dia buscam um melhor aperfeiçoamento. Os clientes da fazenda adquirem peixes com peso médio entre 800 e 1000 g, caracterizando-se por clientes de grande porte, que comercializam esses animais principalmente nos mercados de Maracanaú e Fortaleza. Durante o estágio foi observado que é viável a realização do cultivo de tilápia do Nilo, em tanques-rede, aproveitando o grande potencial dos açudes, pois a tilápia apresenta alta resistência, fácil manejo, rusticidade, responde bem ao arraçoamento e se adapta bem ao clima do Estado do Ceará e ao período de chuvas. A realização do estágio é uma etapa importante na formação do Engenheiro de Pesca, dando oportunidade de ampliar os conhecimentos teóricos e práticos sobre os sistemas de produção, mostrando uma visão produtiva e econômica com sustentabilidade. 4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BEVERIDGE, M. C. M. Cage Aquaculture. Oxford: Fishing News Books. 1996, 346 pp. DOURADO, O.F. Principais peixes e crustáceos dos açudes controlados pelo DNOCS. Fortaleza: MINTER/DNOCS, 1981. 40 p. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO). The State of the world Fisheries and Aquaculture 2009. Rome: FAO, 2008, p17-153. Disponível em: <http://www.fao.org/fishery/sofia/en> LOPES, J.P.; SILVA, A.L.N; BARROS, I.V.T Tilápia: o vigor híbrido. Panorama da Aqüicultura, Rio de Janeiro, v. 9, n.52, p. 13-19, 1999. MARENGONI, N.G. Reversão sexual & cultivo de tilápia – módulo VI. Ln: CURSO DE FORMAÇÃO EM PISCICULTURA, 2., 1999, Presidente Prudente. Apostila... Presidente Prudente, 1999. 21 p. KUBITZA, F. Tilápia: Tecnologia e Planejamento na Produção Comercial. Jundiaí: F. Kubitza, 2000. 285 p. KUBITZA, F. Tilápia na bola de cristal. Panorama da Aqüicultura. Rio de Janeiro, v. 17, n. 99, p. 14 -21, jan/fev. 2007. PORTAL DO AGRONEGÓCIO. Pecuária/Aqüicultura. Notícia: O Brasil é o país que possui maior potencial de crescimento no setor de aqüicultura. LN comunicação. 07/04/2009. Disponível em: <http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=29146> Acesso: 24 abril 2009. SILVA, J.W.B. Tilápias: Técnicas de Cultivo- o Caso uma Comunidade Carente. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2007. p. 55 – 56. SIMÕES, A. C. Cultivo de tilápia em tanque-rede de pequeno volume é economicamente viável. Abril 2006. Disponível em: <http://www.pesca.sp.gov.br/destaque.php?id_destaque=109> Acesso em: 30 jan 2009. TIAGO, G. G. Aqüicultura, meio ambiente e legislação. São Paulo, Annablume, 162p. 2002. URBINATI, E. C.; CARNEIRO, P. C. F. Práticas de manejo e estresse dos peixes em piscicultura. In: CYRINO, J. E. P. et al Tópicos especiais de piscicultura de água doce tropical intensiva. São Paulo: TecArt, 2004. cap.6, p.171-194. ZIMMERMANN, S. Incubação artificial: técnica permite a produção de Tilápias do Nilo geneticamente superiores. Panorama da Aqüicultura, Rio de Janeiro, v. 9, n.54, p. 15-21, 1999. ZIMMERMANN, S.; FITZSIMMONS, K. Tilapicultura intensiva. In. CYRINO, J.E.P.; URBINATI E.C.; FRACALOSSI, D.M.;CASTAGNOLLI, N. Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical intensiva. São Paulo: TecArt, 2004. p. 239 – 266.
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