Buscar

suicidio infanticidio e aborto

Prévia do material em texto

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO - art. 122 CP:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
- O suicídio é a deliberada destruição consciente e voluntária da própria vida.
- O crime do art. 122 também é chamado “participação em suicídio”. O legislador, com o tipo em deslinde, resolveu repelir a conduta daquele que se conduz no sentido de contribuir (moral ou fisicamente) para que outrem se suicide. Racionalmente analisando, sabe-se que não há como punir o suicida, considerando que o mesmo já tirou sua própria vida. Aliás, mesmo que apenas tente o suicídio, não há lesividade que justifique a punição do agente, considerando que em tais condições direciona sua conduta contra sua própria vida. Diferente é o caso daquele que contribui para o suicídio, seja por instigar, induzir ou auxiliar o suicida, o qual na maioria das vezes está abalado psicologicamente. Contra este emerge como legítima a repressão estatal.
- A objetividade jurídica do tipo penal é a proteção do direito à vida, ou seja, o bem jurídico tutelado é a vida humana extra-uterina.
- Objeto material: É a pessoa que se suicida ou tenta suicidar-se.
- O sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o suicida. Por esse motivo classifica-se de crime comum.
- Importante: o direito penal não pune a tentativa de suicídio por questão de política criminal. Assim, em regra não se pune a autolesão. 
- O sujeito passivo: a vítima pode ser qualquer pessoa também, desde que capaz de ser induzida, instigada ou auxiliada a suicidar-se. Aquele que não tem capacidade de autodeteminar-se não será vítima desse crime e sim de homicídio. Ex. Um adulto fala para uma criança de 10 anos pular de um cobertura e ela pula e morre, será homicídio e não o tipo penal desse artigo.
- O elemento subjetivo (a vontade que está dentro da cabeça do agente) nesse crime é a de induzir, instigar ou auxiliar no suicídio.  Deve ser uma vontade séria, sem nenhum tipo de tom de brincadeira. Só admite a forma dolosa, inclusive, dolo eventual. 
- As condutas previstas são:
- Induzir ao suicídio: é dar a idéia, criar na cabeça do suicida a idéia de tirar sua própria vida. A vítima sequer pensava nisso. 
- Instigar ao suicídio: é reforçar uma idéia de autodestruição que o suicida já tinha em mente.
- Auxiliar ao suicídio (colaborar materialmente): esse auxílio deve ser secundário, se a participação for direta, será homicídio (Ex: chutar o banquinho de quem está querendo se enforcar); É na prática fornecer meios ao suicida, p.ex. emprestar uma arma de fogo.
- Mirabete: “Necessária é a prova de que realmente houve uma relação de causalidade entre a conduta do agente e o suicídio, o que não ocorre, por exemplo, quando a instigação em nada acresceu da vontade do suicida, ou quando alguém, por exemplo, fornece um revólver e a vítima se elimina por enforcamento”.
- Esse crime se classifica como crime material, ou seja, aquele que tem resultado naturalístico (com modificação do mundo exterior).
- Se a vítima é forçada mediante violência ou grave ameaça a se matar, responderá por homicídio o autor da violência ou grave ameaça.
- Qualificação doutrinária: O art. 122 do CP tipifica um crime: comum (pode ser cometido por qualquer pessoa), simples (não resulta da fusão de dois ou mais tipos penais, mas sim apresenta tipo penal único), material (exige resultado naturalístico para consumação), doloso (não existe a forma culposa), instantâneo (a consumação não se protrai no tempo), comissivo (praticado, em regra, via ação, mas admite como exceção a forma omissiva no seu aspecto impróprio), de dano (pressupõe efetiva lesão ao bem jurídico protegido), unissubjetivo (é possível que apenas uma pessoa seja seu sujeito ativo), de forma livre (pode ser cometido por qualquer meio que atinja o resultado) e plurissubsistente (normalmente praticado através de mais de um ato).
- A consumação do crime do art. 122 se dá quando a morte do suicida acontece ou da tentativa de suicídio resulta na vítima lesão de natureza grave.  
- A lei exclui o crime quando a vítima não tenta se matar ou quando da sua tentativa resulta lesão corporal leve. Ou seja, caso a vítima sofra em razão da tentativa de suicídio apenas lesões de natureza leve, não há crime para quem induziu, instigou ou auxiliou o suicida. A conduta é atípica. 
- A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.
- Trata-se de crime de ação múltipla, em que a prática de mais de uma conduta em relação a mesma vítima configura uma só infração penal, devendo isso ser levado em consideração na aplicação da pena.
 OBS: - livros e músicas não geram a incriminação;
		- deve haver nexo de causalidade entre a conduta do agente e a da vítima;
		- deve haver seriedade na conduta do agente (admite-se apenas a forma dolosa);
		- roleta russa: todos os sobreviventes respondem pelo art. 122;
		- pacto de morte: o sobrevivente responde pelo art. 122;
		- não há crime de constrangimento ilegal na coação exercida para impedir suicídio
		 (art. 146, § 3º, inciso II);
		- pode haver a participação no crime do art. 122.
- Forma Majorada:
- Parágrafo único - A pena é duplicada: (Aumento de pena)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
- No parágrafo único são previstas causas especiais de aumento. Devem, portanto, ser consideradas somente na terceira fase da dosimetria da pena.
I - quando o crime for praticado por motivo egoístico (o agente visa auferir uma vantagem econômica ou não) ex: quando o agente instiga o suicida/vítima a praticar o suicídio para ficar com sua herança. 
II - a pena será duplicada quando a vítima é menor de 14 anos ou tem por qualquer forma sua capacidade reduzida (ex: embriagues, depressão...). Greco: “Quando a lei penal fala em vítima menor, está se referindo, portanto, àquela menor de 18 anos, data em que se inicia a maturidade penal, e maior de 14 (quatorze) anos. Caso a vítima não tenha, ainda, completado 14 (quatorze) anos, haverá uma presunção no sentido da sua incapacidade de discernimento, o que conduzirá ao reconhecimento do homicídio, afastando-se, portanto, o delito do art. 122 do Código Penal”. Já uma pessoa “dopada” ou semi-imputável, perde parte do senso de responsabilidade e pode ser mais facilmente influenciada a praticar o suicídio.
- Luis Regis Prado: ‘suicídio conjunto’. Noutro dizer, à particular situação na qual duas pessoas combinam se matar (suicídio a dois ou pacto de morte). Caso ambas colaborem para o evento morte (abrindo a torneira de gás, vedando as aberturas de portas e janelas) e sobrevivam, caracterizado estará o homicídio tentado; se apenas uma delas sobrevive, responderá por homicídio consumado. Se avençam, por exemplo, um deles atirar no outro e, em seguida, matar-se, e assim o fazem, se sobrevive aquele que atirou, responderá pelo delito de homicídio consumado; todavia, se sobrevive o outro, incorre nas penas do delito de instigação ao suicídio.
- Ação penal: No crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio a ação penal é pública incondicionada. O Tribunal do Júri é competente para o processamento e julgamento da ação, considerando tratar-se de crime doloso contra a vida.
��
INFANTICÍDIO- art. 123:
- Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
- Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
- Apesar de possuir o mesmo núcleo do tipo do crime de homicídio (matar), é crime autônomo. Justifica-se a pena mais branda em razão da condição diferenciada em que se encontra a agente.
- Nucci: “É uma hipótese de homicídio privilegiado em que, por circunstâncias particulares e especiais, houve por bem o legisladorconferir tratamento mais brando à autora do delito, diminuindo a faixa de fixação da pena (mínimo e máximo)”. 
- A objetividade jurídica do tipo penal é a proteção do direito à vida do nascente ou neonato (recém-nascido), ou seja, o bem jurídico tutelado é a vida humana extra-uterina a pouco saída do ventre materno. 
- Objeto material: É a criança que sofre a agressão.
- O sujeito ativo, ou seja, aquele que pode praticar o delito, nesse caso somente poderá ser a mãe do nascente ou recém-nascido. Por esse motivo classifica-se de crime próprio. Há, todavia, a possibilidade de terceiro, que aja em concurso com a mãe, responder pelo delito em tela.
- Capez: três possibilidades quanto ao concurso de pessoas no crime de infanticídio: 1ª) mãe que mata o próprio filho, contando com a participação de terceiro; 2ª) terceiro que mata o recém-nascido, contando com a participação da mãe; 3ª) mãe e terceiro que atuam em co-autoria matando a vítima; concluindo que em ambos os casos, tanto a mãe quanto o terceiro concorrente devem responder pelo crime em deslinde. Tal solução jurídica decorre do fato de que, segundo a teoria monista ou unitária, adotada como regra pelo CP, no concurso de pessoas os agentes devem responder pelo mesmo crime.
- O sujeito passivo, ou seja, a vítima é o nascente ou neonato.
OBS: Inaplicabilidade das agravantes genéricas do art. 61, II, ‘e’ e ‘h’, do CP (por serem elementos integrantes do tipo).
- O elemento subjetivo (a vontade que está dentro da cabeça do agente) nesse crime é a de matar o próprio filho, sob influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto. Só há o dolo. Não existe previsão legal de modalidade culposa.
- Elementos normativos (que estão descritos no tipo penal):
- Parto: inicia-se com a contração do útero e o deslocamento do feto, terminado com a expulsão da placenta (divergência doutrinária). A diferença em questão é relevante, pois antes do “início do parto” o crime cometido contra a criança ainda no ventre da mãe é tido como de aborto, enquanto que depois o crime passa a ser de homicídio ou de infanticídio, dependendo do caso concreto. 
- Estado puerperal: também chamado de puerpério. Para Damásio de Jesus “é o conjunto das perturbações psicológicas e físicas sofridas pela mulher em face do fenômeno parto”. Nesse caso é um estado de semi-imputabilidade, onde a mãe perder parcialmente sua capacidade de autodeterminação. Se ficar demonstrado pela perícia que ela não tinha qualquer capacidade de entendimento, será considerada inimputável.
- Importante: a perturbação psíquica decorrente do estado puerperal deve ser provada mediante exame psiquiátrico, mas se restar dúvidas no caso concreto, presume-se que ela ocorreu (in dúbio pro reo). 
- Logo após o parto: não há fixação precisa para essa expressão. A jurisprudência admite que enquanto durar o estado puerperal de cada mulher, será “logo após o parto”. Obs: lapso temporal princípio da razoabilidade (discussão doutrinária).
- Classificação doutrinária: É um crime próprio (somente pode ser praticado pela própria mãe da vítima, sob a influência do estado puerperal; sendo, contudo, segundo já se demonstrou, admissível o concurso de outras pessoas); doloso; comissivo (admitindo, contudo, a forma omissiva imprópria dada a condição de garante da mãe – art. 13, parágrafo 2º, do CP); de dano (exige lesão ao bem jurídico protegido para sua consumação); instantâneo (sua consumação não se protrai no tempo); material (exige resultado naturalístico para sua consumação); unissubjetivo (pode ser cometido por uma só pessoa); plurissubsistente (vários atos integram a conduta); de forma livre (pode ser cometido de qualquer forma idônea a produzir o resultado); e não transeunte (deixa vestígios).
- Consumação: com a morte do nascente ou recém-nascido. Para tanto, é imprescindível a prova de que a vítima estava viva antes da ação da mãe.
- Admite-se a tentativa, desde que o resultado morte não ocorra por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
- A ação penal é de iniciativa pública incondicionada e a competência para julgar este crime também é do Tribunal do Júri.
Texto�
O infanticídio é praticado desde a Antigüidade, como por exemplo, a seleção de recém-nascidos do sexo feminino, oriundo do sexismo patriarcal, comum no mundo árabe pré-maometano, sendo uma das primeiras referências históricas o relato bíblico no livro Gênesis a respeito do sacrifício de Isaac, filho de Abraão. 
O Código Penal Brasileiro de 1890 definia o crime de infanticídio da seguinte forma: "Matar recém-nascido, isto é, infante, nos sete primeiros dias de seu nascimento, quer empregando meios diretos e ativos, quer recusando à vítima os cuidados necessários à manutenção da vida e a impedir a sua morte". O Parágrafo Único cominava pena mais branda "se o crime for perpetrado pela mãe, para ocultar a desonra própria”. O Código Penal de 1940 adotou critério diverso, ao estabelecer em seu artigo 123: "Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante ou logo após o parto".
O nosso legislador, antes apoiado em um sistema psicológico (honoris causa), optou pelo sistema biopsíquico ou fisiopsicológico, fundado no estado puerperal. Essa mudança no conceito de infanticídio, contextualizada no Código Penal de 1940, transferiu à perícia médico-legal a responsabilidade pela comprovação material desse delito. A discussão da doutrina médica tradicional, apesar de não consensual, gira em torno da existência ou não do chamado “estado puerperal”. 
O estado puerperal seria uma perturbação de fundo fisiológico com reflexos psíquicos, capazes de obscurecer a consciência e levar a mãe a matar o próprio filho. Trata-se de crime em que a mulher não age como autora consciente do assassinato de seu filho. Do ponto de vista sociológico, percebe-se, um ato extremo que revela em seu silêncio uma história de sofrimentos, de medo ou de despreparo da futura mãe.
Mendlowicz (1999) em sua publicação intitulada “Neonaticide in the city of Rio de Janeiro: forensic and psycholegal perspectives”, avalia 53 casos de infanticídio no Rio de Janeiro, observando que 88,2% das mulheres eram solteiras, usualmente mantinham a gravidez em segredo (94,1%) e tiveram parto não assistido (100%), além de maior necessidade de atendimento psiquiátrico. Spinelli em uma investigação sistemática de 16 casos de infanticídio nos Estados Unidos da América observou que todas as mulheres apresentavam negação da gestação e parto não assistido e em segredo. 
Os psiquiatras não aceitam a existência desse estado e argumentam que ele é ausente nas maternidades e só identificado em partos clandestinos, como recurso de defesa, mas que, no entanto, há diferença entre psicose puerperal e estado puerperal�. Assim, a psicose puerperal surge logo após o parto causando nas doentes confusões, desorientações, falsos reconhecimentos e delírios oníricos. O diagnóstico de tal psicose é fácil e a duração da doença é curta. Se a mãe mata sob a influência dessa psicose e não sob a influência do estado puerperal, é uma doente mental e deve ser enquadrada no art. 26 do Código Penal (inimputáveis).
��
ABORTO - arts. 124 a 128:
 
- O aborto tem varias espécies podendo ser natural, acidental, criminoso e legal. O natural e o acidental são impuníveis, ou seja, não constituem crime. O primeiro ocorre espontaneamente e o segundo ocorre em conseqüências de traumatismos, como uma queda grave da gestante. O aborto criminoso está previsto nos arts. 124 a 127; o legal ou permitido está previsto no art. 128. 
- Conceito: aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção da gravidez pela morte do feto ou embrião, junto com os anexos ovulares. Na definição proposta por Mirabete: “Aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção. É a morte do ovo, embrião ou feto, não implicando necessariamente sua expulsão. O produto da concepção pode ser dissolvido, reabsorvido pelo organismo da mulher ou até mumificado, ou pode a gestante morrer antes da sua expulsão.Não deixara de haver, no caso, o aborto”.
“Os processos utilizados podem ser químicos, orgânicos, físicos ou psíquicos. São substancias que provocam a intoxicação do organismo da gestante e o conseqüente aborto o fósforo, o chumbo, o mercúrio, o arsênico (químicos), e a quinina, a estricnina, o ópio a beladona etc. (orgânicos). Os meios físicos são os mecânicos (traumatismo do ovo com punção, dilatação do colo do útero, curetagem do útero, microcesária), térmicos (bolsas de água quente, escalda-pés etc.) ou elétricos (choque elétrico por maquina estática). Os meios psíquicos ou morais são que agem sobre o psiquismo da mulher (sugestões, susto, terror, choque moral etc.)”.
- Momento em que a gravidez se inicia: (início da vida / discussão):
		- com a fecundação;
		- com a nidação.
		- métodos preventivos permitidos na nossa legislação / exercício regular de direito art. 25, CP. 
- A tipificação do crime de aborto, em nosso CP, distingue as seguintes subespécies de aborto criminoso:
a) auto-aborto ou aborto provocado com o consentimento da gestante (art. 124);
b) aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art. 125);
c) aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (art. 126).
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento:
- Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
- Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
- No tipo em evidência a conduta incriminada é a da gestante que “provoca” aborto em si mesma, ou “consente” que terceiro o faça. Na segunda hipótese, o terceiro responderá pelas penas do art. 126 do CP, pois a conduta típica descrita no artigo 124 não abarca a conduta deste, apenas da gestante (que, no caso, apenas consente).
- A objetividade jurídica do tipo penal é a proteção do direito à vida do feto, ou seja, o bem jurídico tutelado é a vida humana intra-uterina. O aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção.
- Objeto material: O ser humano em formação no útero materno.
- O sujeito ativo, aquele que pode praticar o delito, nesse caso é a gestante. Por esse motivo classifica-se de crime próprio. O art. 124 é dividido em duas figuras típicas, que são: a) provocar aborto em si mesma; b) consentir que outrem lho provoque (o terceiro responde pelo art. 126).
- Consentir, a gestante, que terceiro nela provoque aborto: Nesta hipótese a grávida apenas consente voluntariamente que outrem nela provoque o aborto. O núcleo do tipo dessa segunda figura é simplesmente “consentir”, que significa admitir, deixar fazer, tolerar etc. Aqui se exige uma conduta de terceira pessoa que provoca o aborto, a qual responderá pelo crime previsto no artigo 126 do CP.
- Importante: O terceiro que pratica o aborto com o consentimento da gestante responde pelo art. 126 CP. Trata-se de exceção à teoria monista ou unitária (adotada como regra pela nossa legislação penal – art. 29, caput, do CP).
- O sujeito passivo, ou seja, a vítima é o feto, em qualquer fase de desenvolvimento intra-uterino. E o sujeito passivo secundário é o Estado que tem o dever de proteger o direito à vida. 
- O elemento subjetivo (a vontade que está dentro da cabeça do agente) nesse crime é a de matar o feto, interrompendo a gravidez. Pode ser dolo direto (com intenção de matar) ou dolo eventual (quando a gestante assume o risco do aborto).
- Pode ser cometido por omissão, ex: grávida de alto risco que deixa de tomar os medicamentos prescritos pelo médico
- Importante: deve ser provado o estado fisiológico de gravidez através de perícia para provar que o aborto existiu. Também é importante ressaltar que não se admite o aborto culposo.
 - Esse crime se classifica como crime material, ou seja, aquele que tem resultado naturalístico (com modificação do mundo exterior). 
- A consumação ocorre com a morte do feto, seja dentro do ventre, seja pela sua expulsão pré-matura. Admite-se a tentativa, quando a morte não ocorre por circunstâncias alheias a vontade da gestante.
OBS: Feto expulso que sobrevive: tentativa de aborto.
- A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri. A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.
- Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante:
- Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
- Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
- Este tipo ocorre quando o aborto é praticado mediante força ou violência, ameaça e fraude. A discordância da grávida não precisa ser manifestada de forma expressa, bastando que haja o desconhecimento por parte dela das manobras abortivas que eventualmente estejam sendo executadas. Exemplo: homem que, sem o conhecimento de sua namorada, coloca remédio em sua bebida para que a mesma aborte.
- Podem ocorrer duas hipóteses: a vítima não consente efetivamente; o seu consentimento é inválido (art. 126, Parágrafo Único).
- A objetividade jurídica do tipo penal é a proteção do direito à vida do feto, ou seja, o bem jurídico tutelado é a vida humana intra-uterina.
- Objeto material: O ser humano em formação no útero materno e a gestante. 
- O sujeito ativo: é o terceiro que pratica a manobra abortiva, podendo ser qualquer pessoa. Por esse motivo classifica-se de crime comum.
- O sujeito passivo: nesse caso é tanto o feto como a gestante. 
- O elemento subjetivo (a vontade que está dentro da cabeça do agente) nesse crime é a de matar o feto, interrompendo a gravidez. Pode ser dolo direto (com intenção de matar) ou dolo eventual (quando o agente assume o risco do aborto).
- Pode ser utilizado qualquer meio capaz de interromper a gravidez, seja mecânico, orgânico, tóxico etc.
- Importante: deve ser provado o estado fisiológico de gravidez através de perícia para provar que o aborto existiu.
 - Esse crime se classifica como crime material, ou seja, aquele que tem resultado naturalístico (com modificação do mundo exterior). 
- A consumação ocorre com a morte do feto, seja dentro do ventre, seja pela sua expulsão pré-matura. Admite-se a tentativa, quando a morte não ocorre por circunstâncias alheias a vontade do agente.
- A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.
- Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
- O art. 126 tipifica o crime de aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante.  A gestante responde pelo tipo previsto no art. 124 e o terceiro por esse tipo penal.
- A objetividade jurídica do tipo penal é a proteção do direito à vida do feto, ou seja, o bem jurídico tutelado é a vida humana intra-uterina.
- O sujeito ativo, nesse caso é a qualquer pessoa. É o terceiro que pratica a manobra abortiva. Por esse motivo classifica-se de crime comum.
- O sujeito passivo, ou seja, a vítima é o feto, em qualquer fase de desenvolvimento intra-uterino. E o sujeito passivo secundário é o Estado que tem o dever de proteger o direito à vida. 
- É necessário que a anuência da gestante perdure até a consumação do aborto, caso contrário, o executor responderá pelo art. 125. A concordância deve ser livre e espontânea. 
- O elemento subjetivo (a vontade que está dentro da cabeça do agente) nesse crime é a de matar o feto, interrompendo a gravidez. Pode ser dolo direto (com intenção de matar) ou dolo eventual (quando o agente assume o risco do aborto).
- Pode ser utilizado qualquer meio capaz de interromper a gravidez, seja mecânico, orgânico, tóxico etc.
- Importante: deve ser provado o estado fisiológico de gravidez através de perícia para provar que o aborto existiu.
- Esse crime se classifica como crime material, ou seja, aquele que tem resultado naturalístico (com modificação do mundo exterior). A consumação ocorre com a morte do feto,seja dentro do ventre, seja pela sua expulsão pré-matura. Admite-se a tentativa, quando a morte não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente.
- A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.
- No parágrafo único o legislador define os parâmetros de validade do consentimento da gestante, deixando claro que menores de 14 anos não tem capacidade para consentir no aborto, bem como gestante alienada ou débil mental. Também não será válido qualquer forma de consentimento viciado.
- Majorantes especiais no crime de aborto: 
- Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
OBS: Apesar do CP referir que o art. 127 espelha forma qualificada de aborto, na realidade esse dispositivo estabelece causas especiais de aumento de pena, a serem consideradas na terceira fase da dosimetria da pena.  
- Somente se aplicam ao terceiro: Ex: a gestante consentiu validamente, e morreu, o terceiro responde na pena do art. 126 duplicada; se a gestante não consentiu ou tinha consentimento viciado, o terceiro responde na pena do art. 125 duplicada.
- O resultado tem natureza preterdolosa. Pune-se o primeiro delito a titulo de dolo (aborto); o resultado, que pode ser morte ou lesão grave, a título de culpa, art. 19, CP.
- Se, em conseqüência dos meios utilizados para a provocação do aborto, a gestante sofre lesão corporal leve, o sujeito responderá apenas pelo aborto, não se aplicando o aumento do art. 127. A lesão corporal leve decorre do resultado natural da pratica abortiva e o Código Penal só pune a lesão corporal grave e desnecessária.
- ABORTO LEGAL:
- Permite o Código Penal as seguintes espécies de aborto, apesar de provocado voluntariamente:
- Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
- Os dois incisos do art. 128 contêm causas de exclusão da antijuricidade. Note-se que o Código Penal diz “não se pune o aborto”. Fato imponível em matéria penal é fato lícito.
- O art. 128 define as hipóteses de aborto legal, ou seja, aquele que poderá ser praticado por médico, auxiliado por sua equipe médica. 
- Aborto necessário ou terapêutico (art. 128, I): O aborto necessário, previsto no inciso I, é aquele que a gestante corre risco de morte atual ou risco de morte no prosseguimento da gestação, não necessitando de ordem judicial, mas o médico deverá relatar o ocorrido e enviar ao CFM. 
- Enquadra-se a hipótese em estado de necessidade, o que afasta a antijuridicidade da conduta, considerando que no confronto de bens jurídicos (vida da mãe em face da vida intra-uterina do filho), opta o legislador por preservar a vida da grávida.
- É de se observar que o aborto necessário só é permitido quando não há outro jeito de salvar a vida da gestante. Sendo assim, ocorre o delito quando provocado a fim de preservar a saúde.
- Discussão: Prado (2008): “Se o aborto for praticado por pessoa não habilitada legalmente, a exclusão da ilicitude também ocorre com lastro no estado de necessidade justificante (arts. 23, I e 24, CP), mas é preciso a existência de perigo atual para a vida da gestante”.
- Importante: é admissível que pessoa interessada proponha habeas corpus para impedir o aborto legal. 
- Aborto sentimental, humanitário ou ético (art. 128, II): Já o aborto sentimental ou humanitário, previsto no inciso II, também não precisa de autorização judicial, bastando apenas que a gestante comprove ao médico que a gravidez é proveniente de estupro (inquérito policial, processo criminal, exame de corpo e delito etc.). Inexistindo esses meios, o próprio médico deve procurar certificar-se da ocorrência do delito sexual. 
- O consentimento válido e prévio da gestante, se incapaz de seu representante legal,  são fundamentais para a prática da conduta.
- Quanto à discussão se o aborto sentimental pode ser realizado por pessoa que não seja formada em medicina (considerando que o caput do art. 128 exige que o procedimento seja realizado por médico), há controvérsia na doutrina. A posição majoritária é que somente médico poderá interromper a gravidez nessa situação. Greco, todavia, em posição dissonante, admite a aplicação de analogia in bonam partem nesse particular, considerando alguns aspectos concretos.
- A maioria dos doutrinadores entende essa exceção permissiva do art. 128, II como uma excludente de antijuridicidade para o médico que irá realizar o aborto na vítima que foi estuprada. Há quem considere tratar-se de uma "hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, não se podendo exigir da gestante que sofreu a violência sexual a manutenção da sua gravidez, razão pela qual, optando-se pelo aborto, o fato será típico e ilícito, mas deixará de ser culpável". 
- Quando a mulher intenta engravidar embriagando a sua vítima ou aproveitando-se da inexperiência de um menor de 14 (catorze) anos - o famoso "golpe da barriga" - se configurará o estupro de vulnerável. A gravidez nesses casos é inaceitável moralmente, não cabendo ao Direito Penal intervir ao ponto de interromper a gestação pelo fato da mãe ter cometido um ilícito penalmente relevante para alcançá-la, mesmo que ela tenha o intuito de obter vantagens econômicas futuras destinadas ao filho como: pensão alimentícia ou herança.
- Admite-se por analogia “bonam partem” (em favor da gestante e do médico) que o aborto possa ser realizado quando a gestante foi vítima de atentado violento ao pudor (quando não ocorre a introdução do pênis na vagina, mas outros atos capazes de gerarem a gravidez). 
- ANENCEFALIA:
Anencefalia é uma má formação do cérebro durante a formação embrionária, que acontece entre o 16° e o 26° dia de gestação, caracterizada pela ausência total do encéfalo e da caixa craniana do feto.
Em 100% dos casos, o diagnóstico é dado por meio de ultrassonografia, não havendo margem de erro. 
Não há tratamento possível para a anencefalia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda tentar a ressuscitação da criança em casos de parada cardiorrespiratória. No entanto, a conduta médica ainda é variável no Brasil, podendo haver o uso de suporte ventilatório para o bebê conseguir respirar enquanto estiver vivo.
Os casos de anencefalia são mais comuns na primavera, mas as causas desse fenômeno ainda são desconhecidas. Em metade dos casos, a anencefalia acontece porque a mãe sofre uma deficiência de ácido fólico durante a gestão. Fatores genéticos também podem predispor o aparecimento desse tipo de anormalidade. 
A prevenção da anencefalia se dá pela suplementação com ácido fólico três meses antes de a mulher engravidar e nos primeiros três meses de gestação. O suplemento é ingerido em forma de pílulas e complexos vitamínicos específicos para gestantes. A quantidade indicada pela Organização Mundial da Saúde e defendida pelos médicos é de 0,4 miligrama por dia de ácido fólico para a prevenção de ocorrência dos defeitos do tubo neural. 
O prognóstico de um bebê com anencefalia é de algumas horas ou dias, não havendo condição de sobrevida. 
A gestante de um bebê anencéfalo pode sofrer um acúmulo de líquido amniótico dentro do útero, fazendo com que ele não se contraia corretamente e venha a causar hemorragias durante o pós-parto. Em função da má formação craniana, esses fetos assumem posições anômalas durante o parto, podendo dificultar o processo.
Texto:�
Aborto: ou abortamento, é a interrupção da gravidez com a morte do embrião ou do feto. As mais remotas notícias sobre métodos abortivos datam do Séc. XXVIII, AC., na China. Não era o aborto incriminado no antigo Direito Romano, pois o feto era considerado parteda mulher ou de suas vísceras. Os primeiros oposicionistas do aborto pretendiam defender não só o nascituro, mas também a gestante e a própria sociedade e seu direito de ter novos cidadãos. 
Os gregos e romanos chegaram a aconselhar a prática ilimitada do aborto e Aristóteles e Platão defendiam o aborto como meio de conter o aumento populacional, fonte inesgotável de miséria (seria o que hoje chamamos aborto econômico ou social). À época da República Romana o aborto foi considerado ato imoral e mais tarde, por sua larga utilização em virtude da vaidade da mulher romana, foi erigido à categoria de crime. Somente com o Cristianismo, que alterou profundamente a visão que se tinha a respeito do aborto, surgiu o entendimento segundo o qual o aborto significa a morte de um ser humano, virtualmente um homicídio.
Hoje, em países como a Rússia, o Japão e a Hungria, a prática do aborto é legal, se a mulher assim o desejar e desde que haja o consentimento de um médico. Já em países mais liberais, os motivos para a permissão de tal prática, vão desde fatores sócio-econômicos, como é o caso da Suécia, China e Islândia, até a escolha livre da mulher, como no Canadá. 
Os Estados Unidos utilizam o critério da viabilidade para permitir a interrupção da gravidez. Assim, o aborto é possível em todos os estados no primeiro trimestre de gestação, sendo vedado no segundo trimestre nos estados que assim dispuserem e, por fim, proibido por todos os estados a partir do terceiro trimestre de gravidez, desde que não se evidencie risco de vida para a gestante.
Mas na maioria dos países, e isto inclui o Brasil, só é permitido o aborto em condições extremas. O nosso Código Penal de 1940 considera o aborto um crime, só permitindo-o em duas situações: em caso de aborto necessário ou terapêutico, previsto no art. 128, inc. I, onde há risco de vida para a gestante e para o feto, por isso a Lei brasileira dá ao médico a faculdade de intervir e provocar a morte fetal; ou no caso do denominado aborto honoris causa, honroso ou sentimental, também previsto no art. 128, inc. II, o qual autoriza o abortamento se a gravidez for proveniente de estupro.
O fundamento para este segundo tipo de aborto legal é bilateral: o agente possivelmente é portador de perturbação ou desvio que poderia transmitir ao descendente e a vítima teria sofrido um abalo emocional que lhe prejudicaria a saúde psíquica, além dos problemas referentes ao seu relacionamento com o filho. 
As espécies de aborto puníveis na, segundo a nossa legislação, são: o auto-aborto (art. 124)�, o sofrido (art. 125)� e o consentido (art. 126)�. As diferenças entre estes tipos de abortos se referem apenas ao modo do agente operar, os recursos empregados para provocar a morte do feto não diferem essencialmente.
De acordo com o Fundo de População das Nações (FNUAP),� cerca de cinco milhões de adolescentes abortam por ano no mundo. São altíssimos os índices de crimes não revelados de abortamento, a proporção é de um crime de aborto conhecido para cada cem mil não revelados ou não conhecidos pela Justiça, e desses, há um número ainda menor dos que chegam ao Tribunal do Júri. 
No Estado do Pará, há mais de duas décadas que não se levava um crime de aborto ao Tribunal do Júri. O primeiro julgamento, depois de mais de vinte anos, ocorreu no dia 12 de março de 1999� (quinze anos após o fato ocorrido), sendo notícia em toda imprensa escrita e televisiva, onde a ré respondeu pelo crime de aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (art. 126 do CP). 
Em pesquisa realizada em 1993 no Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Ceará, feita pelo Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos (GPUIM), foi constatado, que das 510 mulheres internadas na Maternidade Escola Assis Chateubriand após a prática de abortamento, 325 reconheceram ter usado Cytotec�. 
Hoje, há no Congresso Nacional, inúmeras propostas que tratam do assunto, desde o aumento das hipóteses legais, até a legalização total do aborto. No caso do aborto eugênico ou profilático, aquele praticado em decorrência de malformação fetal que torna a vida do concepto impossível.
O abordo eugênico vem sendo praticado em todo o mundo e no Brasil não tem legislação que o regule. O processo para se conseguir uma liminar autorizando esta prática é demorado e doloroso para a gestante e para todos que, ligados pelo laço emocional, estão envolvidos na relação. 
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) manifestou-se negativamente à validação do aborto eugênico, mesmo já tendo havido um grande número de alvarás autorizando a prática. Entretanto, há outras patologias que os Juizes de primeira instância contemplam com alvarás judiciais para interrupção da gravidez, como argumenta Gollop (2004, p. 09): “limitarmos a questão da autorização de interrupção da gravidez aos casos de anencefalia será inadequado, pois outros diagnósticos igualmente graves e sem perspectivas de sobrevivência dos recém-nascidos estariam injustamente excluídos”. 
Para a Igreja Católica o embrião ou feto é "alguém" e não "algo", daí considerar homicídio a prática abortiva. Tal posição encontra fundamento histórico em dois princípios religiosos básicos, o "não matarás" e o "pecado original" este resultante da desobediência de Adão e Eva. É através do batismo que se apaga o pecado original (daí a razão de após o nascimento a pessoa ser batizado), o aborto impediria o batismo e consequentemente a eliminação deste pecado, tirando do nascituro tal direito (TEJO, 1998).
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1) Lara, querendo praticar aborto, vai a uma Clínica clandestina e consente que uma enfermeira o faça. Em razão de imperícia, Lara acaba sofrendo lesão corporal grave com a prática abortiva, ficando com seqüelas. Quais os crimes praticados por Lara e pela enfermeira? 
 
a) Lara praticou o crime de aborto consentido (art. 124, segunda parte, CP) e a enfermeira praticou o crime de aborto provocado com o consentimento da gestante (art. 126, CP), aumentando-se a pena em razão da lesão grave (art. 127, CP). 
b) Lara não praticou nenhum crime, sendo vítima, enquanto a enfermeira praticou o crime de aborto provocado com o consentimento da gestante (art. 126, CP). 
c) Lara praticou o crime de aborto consentido (art. 124, segunda parte, CP) e a enfermeira praticou o crime de aborto qualificado (art. 127, CP). 
d) Lara praticou o crime de aborto consentido (art. 124, segunda parte, CP) e a enfermeira praticou o crime de aborto culposo. 
2) Sobre o crime de Infanticídio, assinale a alternativa incorreta: 
a) O elemento subjetivo pode ser o dolo ou a culpa.
b) Apesar de possuir o mesmo núcleo do tipo do homicídio, é crime autônomo, em que o legislador entendeu ser o caso de aplicar uma pena mais branda, em razão da condição diferenciada em que se encontra a agente.
c) Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido pela mãe contra o próprio filho.
d) O chamado estado puerperal seria uma alteração temporária, em mulher previamente sã, com colapso do senso moral e diminuição da capacidade de entendimento, seguida de liberação de instintos, podendo culminar na agressão ao próprio filho.
e) A consumação do crime de infanticídio ocorre no momento da morte do nascente ou recém-nascido.
3) Jonas, querendo a morte de Pedro o obriga, mediante violência, a ingerir veneno, fato que lhe causou o óbito. Com base nestas informações, podemos afirmar que Jonas praticou o crime de: 
a) Auxílio ao suicídio.
b) Homicídio qualificado pelo meio cruel.
c) Homicídio qualificado pelo emprego de veneno.
d) Induzimento ao suicídio.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Especial . Vol. 2. 12ª. ed.. São Paulo: Saraiva, 2012.
ESTEFAM, André. Direito Penal: Parte especial. Vol. 2. 2ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. parte especial. Vol. II. 9ª ed. Niteroi/RJ: Impetus, 2012.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. Vol. II. 28ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. Parte geral/parte especial. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
PRADO, Luiz Regis. Elementos de Direito Penal: Parte especial. Vol. 2. São Paulo: RT, 2011.
Participação Moral
Participação Material
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL III
UNIDADE I – CRIMES CONTRA A PESSOA. 
Dos crimes contra a vida 
 Data:09/08/2013.
 Texto 02
- Não se admite a tentativa desse crime previsto no art. 122 CP (não confundir com a tentativa do suicida). Greco: “Quando a lei penal fala em tentativa de suicídio, obviamente, pela ilação que se faz do artigo, está se referindo à vítima que tentou contra a própria vida e sobreviveu, e não o comportamento praticado pelo agente”. 
Aborto de anencéfalos não é mais crime, decide STF
12 de abril de 2012 • 
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não é mais crime o aborto de fetos anencéfalos (com má-formação do cérebro e do córtex - o que leva o bebê à morte logo após o parto). Já era permitida a interrupção da gestação em casos de estupro ou claro risco à vida da mulher. Todas as demais formas de aborto continuam sendo crime, com punição prevista no Código Penal. 
� HYPERLINK "http://noticias.terra.com.br/educacao/vocesabia/noticias/0,,OI5711780-EI8399,00-Anencefalia+quanto+tempo+e+possivel+sobreviver+sem+cerebro.html" \t "_blank="textolinkbold"" �Anencefalia: quanto tempo é possível sobreviver sem cérebro? ��� HYPERLINK "http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/religiao-e-politica/" \t "_blank="textolinkbold"" �Veja o que mistura política e fé no Brasil �
A antecipação do parto de um feto anencéfalo passa a ser voluntária e, caso a gestante manifeste o interesse em não prosseguir com a gestação, poderá solicitar serviço gratuito do Sistema Único de Saúde (SUS), sem necessidade de autorização judicial. Os profissionais de saúde também não estão sujeitos a processo por executar a prática. 
Para os demais tipos de aborto, a legislação brasileira estabelece pena de um a três anos de reclusão para a grávida que se submeter ao procedimento. Para o profissional de saúde que realizar a prática, ainda que com o consentimento da gestante, a pena é de um a quatro anos. 
Segundo o relator do processo no STF, ministro Marco Aurélio Mello, já foram concedidas 3 mil autorizações judiciais no País para interrupção da gravidez de feto anencéfalo. A cada mil recém-nascidos no Brasil, um é diagnosticado com a má-formação cerebral. Esse índice deixa o Brasil em quarto lugar no mundo com mais casos de fetos anencéfalos, atrás de Chile, México e Paraguai. 
A anencefalia é definida na literatura médica como a má-formação do cérebro e do córtex do bebê, havendo apenas um "resíduo" do tronco encefálico. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), a doença provoca a morte de 65% dos bebês ainda dentro do útero materno e, nos casos de nascimento, sobrevida de algumas horas ou, no máximo, dias. 
O julgamento
O placar final do julgamento foi de 8 a 2. O caso chegou à Suprema Corte há oito anos, movida pela CNTS. 
Naquele mesmo ano, o ministro Marco Aurélio Mello concedeu liminar para autorizar a antecipação do parto quando a deformidade fosse identificada por meio de laudo médico. Porém, pouco mais de três meses depois, o plenário decidiu, por maioria de votos, cassar a autorização concedida. Em 2008, foi realizada uma audiência pública, quando representantes do governo, especialistas em genética, entidades religiosas e da sociedade civil falaram sobre o tema. 
"Cabe à mulher, e não ao Estado, sopesar valores e sentimentos de ordem estritamente privada, para deliberar pela interrupção, ou não, da gravidez (de anencéfalos)", disse ontem o relator do processo, ministro Marco Aurélio Mello, que votou pela descriminalização do aborto de anencéfalos. 
Além de Marco Aurélio, votaram a favor da prática os ministros Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ayres Britto, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Divergiram da maioria dos ministros Ricardo Lewandowski e o presidente do STF, Cézar Peluso. 
"A ação de eliminação intencional da vida intra-uterina de anencéfalos corresponde ao tipo penal do aborto, não havendo malabarismo hermenêutico ou ginástica dialética capaz de me convencer do contrário", disse Peluso. "Ser humano é sujeito. Embora não tenha ainda personalidade civil, o nascituro é anencéfalo ou não investido pelo ordenamento na garantia expressa, ainda que em termos gerais, de ter resguardados seus direitos, entre os quais se encontra a proteção da vida", argumentou. 
O ministro Dias Toffoli não votou porque se declarou impedido. Ele atuou no processo quando era advogado-geral da União. 
� PRIMO, Shelley M. “A evolução da posição da mulher na sociedade e o aumento da criminalidade feminina”. Publicado no Site � HYPERLINK http://www.ibrecrim.com.br ��www.ibrecrim.com.br�, do Instituto Bezerra Rocha de Estudos Criminais de Goiânia-GO.
� KAPLAN, Harold. Compêndio de psiquiatria. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 97.
� PRIMO, Shelley M. “A evolução da posição da mulher na sociedade e o aumento da criminalidade feminina”. Publicado no Site � HYPERLINK http://www.ibrecrim.com.br ��www.ibrecrim.com.br�, do Instituto Bezerra Rocha de Estudos Criminais de Goiânia-GO.
� modalidade em que a gestante provoca a interrupção da gravidez em si mesma admite a participação de terceiro induzindo, instigando ou auxiliando de forma secundária a gestante a provocar aborto em si mesma.
� O dissenso da gestante pode ser real ou presumido. Real, quando o sujeito emprega violência, fraude ou grave ameaça. Presumido, quando ela é menor de 14 anos, alienada ou débil mental.
� O consenso não exclui o delito. Tratando-se de dupla subjetividade passiva, são indisponíveis os bens jurídicos (vida do feto e da gestante e incolumidade física e psíquica daquela). É necessário que a gestante tenha capacidade para consentir, não se tratando de capacidade civil. O consentimento pode não ser verbal ou expresso, resultando da própria conduta da gestante.
� Fundo de População das Nações – FNUAP. Disponível em: � HYPERLINK http://www.onu-brasil.org.br ��http://www.onu-brasil.org.br�. Acesso em: 25 ago.2005.
� Julgamento realizado pela 2ª Vara Penal da Capital.
� Um remédio para úlceras usado como abortivo (faz o útero se contrair e expelir o feto) que, controladíssimo nas farmácias, é receitado em consultórios e adquirido facilmente no mercado negro. 
Prof(a). Ms. Shelley Primo |�� PAGE \* MERGEFORMAT �14���

Continue navegando