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MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO HIDRODINÂMICA DO NAVIO (HID-1) 1ª edição Belém-PA 2010 2 © 2010 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas Autores: Paulo Vitor Zigmantas; e Rogilson Nazaré da Silva Porfírio. Revisão Pedagógica: Erika Ferreira Pinheiro Guimarães Suzana Revisão Gramatical: Esmaelino Neves de Farias Digitação/Diagramação: Roberto Ramos Smith Designer Gráfico: Fernando David de Oliveira Coordenação Geral: CF Maurício Cezar Josino de Castro e Souza ____________ exemplares Diretoria de Portos e Costas Rua Teófilo Otoni, no 4 – Centro Rio de Janeiro, RJ 20090-070 http://www.dpc.mar.mil.br secom@dpc.mar.mil.br Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1825, de 20 de dezembro de 1907 IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 1.1 Tipos de fluidos ..................................................................................................... 7 1.2 Meio “continuum” ................................................................................................... 8 1.3 Sistema, propriedades e estado .......................................................................... 11 1.4 Diferenças entre fluidos compressíveis e incompressíveis ................................. 16 1.5 Viscosidade e tensão de cisalhamento ............................................................... 17 1.6 Fluido ideal e fluido real....................................................................................... 24 1.7 Estática dos fluidos ............................................................................................. 25 1.8 Dinâmica de fluidos (abordagem euleriana e lagrangiana) ................................. 40 1.9 Aplicação em manobra de embarcações ........................................................... 42 2 LEIS DE CONSERVAÇÃO .................................................................................... 43 2.1 Derivativas temporais de volume ........................................................................ 43 2.2Lei da conservação da massa .............................................................................. 45 2.3 Origem das forças em um fluido .......................................................................... 52 2.4 Princípio do momento para um volume de controle fixo ...................................... 55 2.5 Momento angular para um volume de controle fixo ............................................. 58 2.6 Equação geral da energia e equação diferencial do momento linear .................. 62 2.7 Equações de Navier - Stokes .............................................................................. 69 2.8 Forças centrípeta e de Coriolis ............................................................................ 72 2.9 Equação de Bernoulli, movimento do navio e Squat ........................................... 78 3 ANÁLISE DIMENSIONAL APLICADA À PROPULSÃO E RESISTÊNCIA HIDRODINÂMICA ..................................................................................................... 83 3.1 Principais agrupamentos adimensionais ............................................................. 83 3.2 Semelhança física ............................................................................................... 85 3.3 Forças que predominam no escoamento hidrodinâmico ..................................... 86 3.4 Importância de modelos reduzidos. ..................................................................... 86 4 ESTEIRA DO NAVIO E CAMADA LIMITE (EFEITOS VISCOSOS) ...................... 92 4.1 Ação viscosa ....................................................................................................... 92 4.2 O conceito de camada limite ............................................................................... 96 4 4.3 Solução de Blasius para o problema da camada limite em placa plana .............. 99 4.4 Vorticidades ....................................................................................................... 106 5 ESCOAMENTO EM TORNO DE CORPOS ......................................................... 115 5.1 Tipos de escoamento ........................................................................................ 115 5.2 Escoamento com fontes, sumidouros e dipolos ................................................ 116 5.3 Escoamento em torno de cilindros e esferas..................................................... 120 5.4 Teoria de asas ................................................................................................... 127 5.5 Escoamento em torno do casco, leme e propulsor ........................................... 128 6 ONDAS DE GRAVIDADE .................................................................................... 137 6.1 Problema de valor de contorno para ondas de gravidade ................................. 137 6.2 Amortecimento das forças hidrodinâmicas de irradiação .................................. 143 6.3 Forças de Froude-Krylov ................................................................................... 144 6.4 Linearização no problema de valor de contorno bidimensional ......................... 145 6.5 Solução de ondas de gravidade no movimento do navio .................................. 147 6.6 Emprego das equações da onda de gravidade no movimento do navio .......... 151 7 FORÇAS DA HIDRODINÂMICA DO NAVIO ....................................................... 172 7.1 Forças e momentos de radiação e seus três principais componentes .............. 172 7.2 Identificação das resistências do casco ............................................................ 184 7.3 Forças ambientais ............................................................................................. 196 7.4 Forças de propulsão .......................................................................................... 212 7.5 Análise dos tipos de propulsores ....................................................................... 225 7.6 Forças devidas a dispositivos de controle ......................................................... 228 8 MANOBRA DO NAVIO ........................................................................................ 237 8.1 Modelo matemático de manobra do navio......................................................... 237 8.2 Análise das equações do movimento do navio ................................................. 237 8.3 Avaliação da estabilidade direcional em manobras ........................................... 246 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 280 APÊNDICE .............................................................................................................. 282 5 APRESENTAÇÃO A Hidrodinâmica é uma ciência que trata dos fluidos, suas propriedades e aplicações, possuindo um amplo campo de utilização em navios, como propulsores, lemes, tubulações, e resistência à propulsão. Este volume está constituído de oito unidades, todas direcionadas para a formação básica e fundamental do segundo oficial de náutica da Marinha Mercante Brasileira, mostrando os princípios básicos fundamentais para a aplicação nos propulsores, dispositivos de controle, e manobrabilidade, alémde um embasamento teórico dos princípios básicos da mecânica dos fluidos. O objetivo deste volume é apresentar e executar a variedade de aplicações da hidrodinâmica a exemplos da vida cotidiana de bordo, e mostrar ao futuro oficial de náutica como a hidrodinâmica é empregada no dia-a-dia de seu exercício profissional. Na unidade 1, iremos estudar os princípios básicos, conceitos e definições fundamentais empregados na hidrodinâmica. Na unidade 2, é feita a dedução matemática das leis de conservação, analisando a equação de Navier-Stokes, a equação de Bernoulli e o efeito Squat com a resolução de exercícios envolvendo aplicações cotidianas de bordo. Na unidade 3, serão estudados os principais agrupamentos adimensionais, os conceitos de semelhança física, as forças atuantes no escoamento dinâmico e a importância dos modelos reduzidos. Na unidade 4, são estudadas a esteira e a camada limite; na unidade 5, o estudo do escoamento entre corpos, como o leme e os propulsores. 6 Na unidade 6, é realizado o estudo das ondas de gravidade e, na unidade 7, é realizada a análise das forças hidrodinâmicas, identificando as forças de difração, de Froude – Krylov, a análise da propulsão, e forças ambientais. Na última, unidade 8, será estudada a estabilidade direcional, incluindo a curva de giro, os critérios de estabilidade e os procedimentos de manobras padrão da resolução IMO, com exemplos ilustrativos destes procedimentos. Foi feito um esforço considerável para que este volume seja facilmente entendido tanto pelos alunos quanto pelos professores, ambos em busca de um desempenho técnico- científico cada vez melhor para operar profissionalmente em um mundo cada vez mais complexo. Paulo Vitor de Matos Zigmantas. Mestre em Ciências Térmicas e Fluidos Encarregado da Divisão de Ensino de Máquinas do CIABA. 7 1 INTRODUÇÃO 1.1 Tipos de fluidos Antes mesmo de se falar em fluido é necessário definir primeiramente o que é um sólido, para que se tenha um meio de comparação entre as microestruturas mencionadas. 1. Sólido: os cristais oscilam em torno de um ponto fixo, tendem a se deformar ou dobrar quando submetidos a uma tensão estática. Tudo isso devido às forças interatômicas que atuam na estrutura cristalina dos sólidos, como mostra a figura 1. Figura 1 - Estrutura cristalina submetida a uma força de pressão. 2. O fluido (líquido ou gasoso) toma a forma do recipiente devido às moléculas trocarem de posição e tenderem a escoar de forma contínua, quando submetido a qualquer tensão sobre ele aplicada; assumindo, assim, uma forma estrutural de acordo com o recipiente em que ele está contido. Nos gases, as interações moleculares são fracas, e, por isso, preenchem completamente a forma do recipiente. Os líquidos, por terem uma forte interação intermolecular (forças de Wan der Waals), ficam restritos a um volume definido. 8 Na figura 2 está representada a forma estrutural que o fluido assume segundo o recipiente em que ele está contido, definindo assim um volume de controle. Figura 2 - Forma assumida pelo fluido segundo o recipiente que o contém. 1.2 Meio “continuum” Atualmente, o estudo, a análise e a compreensão da fenomenologia dos problemas em dinâmica de fluidos são desenvolvidos através de Modelagem Computacional (CFD), onde um sistema de equações diferenciais parciais ou ordinárias é empregado na projeção temporal da solução do problema, que depende das condições iniciais e de contorno, estabelecidas conforme a evolução ao longo do tempo e do espaço, o que leva à definição da teoria do “continuum”. 1.2.1 Teoria do “continuum” Ela fundamenta e justifica a maior parte das análises em CFD (computational fluid dynamic) admitindo que o fluido seja um meio contínuo que pode ser discretizado com base no modelo das partículas fluidas. Essa abstração conceitua um elemento infinitesimal como sendo representativo do fluido (menor volume onde as propriedades do fluido se mantêm), fazendo com que as propriedades ou quantidades físicas se mantenham em um valor médio em certas solicitações do fluido. 9 1.2.2 Hipótese do “continuum” Permite generalizar as equações de movimento, as quais podem ser utilizadas indistintamente para gases e líquidos. Uma vez tendo sido considerado o meio como contínuo, não pode haver falhas em seu volume de controle. Um exemplo típico dessa teoria é o que acontece com a densidade em um meio onde há, por menor que seja, variação na temperatura do volume de controle, conforme ilustrado na figura 3. Figura 3 - Variação da densidade em função da densidade medida em um dado volume de controle. Assim, verifica-se que todos os fluidos são constituídos por moléculas e o estudo das suas propriedades, a partir do comportamento das moléculas formadoras, leva a um enfoque denominado molecular, em que a matéria é descontínua com espaços vazios entre suas moléculas; no entanto, admite-se que, em um dado volume de controle, ela possui uma constância na sua estrutura. Isso torna o estudo de um fluido a partir do enfoque molecular um tanto difícil na obtenção da solução final. Exemplo1 A derivada de uma função é calculada em um ponto da curva, a qual para existir, deve ser contínua nesse ponto; assumindo essa idéia para um fluido é conveniente, nesse caso, tratar o mesmo como um meio contínuo, conforme mostrado no gráfico da figura 3 para o exemplo da densidade de um fluido. Essa representação é mais bem visualizada na figura 4. 10 Figura 4 - Representação da descontinuidade na função densidade. 1.2.3 Hipótese do contínuo de forma mais ampla Consiste em abstrair a composição molecular e sua descontinuidade; por menor que seja uma divisão de um fluido (dm, dx, dv, etc.), esta parte isolada deverá apresentar as mesmas propriedades que a matéria como um todo, permitindo estudar as propriedades dos fluidos através do cálculo diferencial e (ou) integral, observando a continuidade da curva na teoria do cálculo, considerando que os fluidos são meios contínuos, onde: a) cada ponto do espaço corresponde a um ponto do fluido; b) não existem vazios no interior do fluido; c) despreza-se a mobilidade das moléculas e os espaços intermoleculares d) as grandezas massa específica, volume específico, pressão, velocidade e aceleração variam continuamente dentro do fluido ou são constantes. O modelo do meio contínuo só é válido em um volume macroscópico no qual exista um número muito grande de partículas. As propriedades de um fluido, de acordo com este modelo, têm um valor definido em cada ponto do espaço, de forma que estas propriedades podem ser representadas por funções contínuas da posição e do tempo, conforme mostrado na figura 5. 11 Figura 5 - Representação do contínuo de forma mais concreta. 1.3 Sistema, propriedades e estado Um sistema é um conjunto de elementos interconectados que formam um todo organizado e ordenado. Em geral, os sistemas podem ser vistos de duas maneiras: a) quando se estuda cada parte do sistema separadamente, a fim de recompô-lo posteriormente; e b) através de uma visão holística, em que o sistema funciona como um todo constituindo um fenômeno único, isto é, irredutível em suas partes. 1.3.1 Definição de sistema É uma quantidade de massa fixa e identificável, separada do meio externo pelas suas fronteiras, que podem ser fixas ou móveis, conforme mostrada na figura 6. 12 Figura 6 - Volume de controle e superfície de controle do sistema gás. Observa-se, na representação da figura 6, que se o gás é o sistema, a fronteira é móvel devidoao peso colocado sobre o pistão, que pode determinar um ciclo de movimentação de acordo com as seguintes hipóteses: 1) se o sistema for aquecido, o pistão levanta o peso, ampliando o volume de controle; 2) se o peso for aumentado, o pistão comprime o sistema, diminuindo o volume de controle; e 3) calor e trabalho cruzam a superfície de controle, mas a quantidade de matéria dentro dela permanece constante. Em geral, o conceito de sistema e volume de controle é empregado na resolução de uma série de problemas da Mecânica dos Fluidos, com limites usuais de paredes sólidas e seções de escoamento, mas, o volume de controle obedece basicamente a três equações fundamentais as quais são respectivamente: a equação da continuidade, do momento e da energia. Estas equações serão mais exemplificadas na unidade 2 deste trabalho. 13 Equação da conservação da massa ou continuidade (1) Na equação 1, o primeiro termo representa a variação temporal no interior do volume de controle e o segundo termo representa a variação de fluxo através da superfície de controle; como ambas as frações são equivalentes, ela iguala-se a zero, sendo ρ a densidade do fluido, d∀ infinitésimo representativo do volume de controle, vetor velocidade e d a diferencial representativo da área de fluxo. Equação da Energia (2) Na equação 2, o primeiro termo representa o calor adicionado ou retirado do sistema no tempo; o segundo termo é o trabalho realizado pelo e sobre o sistema devido à fronteira móvel estabelecida pelo pistão da figura 6 ; os demais termos são os mesmos da equação da continuidade, com a exceção do valor de e que define as energias específicas (J/kg, kJ/kg) do sistema, sendo p/ρ, gz, v2/2 e u, as energias específicas de pressão, gravidade, cinética e interna do sistema. Equação da quantidade de movimento (3) 14 Na equação 3, a soma de todas as forças que atuam sobre um volume de controle, sendo elas de superfície e de campo não submetidas à aceleração, é igual à soma da variação da quantidade de movimento no interior do volume de controle com a taxa líquida do fluxo de quantidade de movimento saindo da superfície de controle. 1.3.2 Tipos de fluidos, comportamentos e propriedades Várias são as propriedades relevantes para se estudar o comportamento, o tipo e o escoamento de fluidos. Entre elas destacam-se: a) a massa específica , definida como sendo a propriedade da matéria correspondente à massa contida no volume , ou seja, é a relação existente entre a massa de um corpo e seu volume; ou seja, a massa específica mede a quantidade de matéria em um volume unitário conforme ilustrado na figura7. Figura 7 - Massa específica em um dado volume de controle. b) a tensão superficial do fluido que ocorre na camada superficial de um líquido e se comporta como uma membrana elástica, devido às moléculas que compõem o líquido. Essas moléculas são atraídas em todas as direções pelas moléculas vizinhas e geram uma força resultante quase nula sobre as moléculas. Como na superfície do líquido há somente atração lateral e inferior, isso cria uma tensão na superfície do fluido que faz a mesma comportar-se como uma membrana elástica. Um exemplo típico é quando coloca-se um objeto de densidade maior que a do líquido e, devido à tensão superficial, ele permanece sobre a superficie do fluido sem afundar, como ilustrado na figura 8. 15 Figura 8 - Objeto flutuando sobre a superfície de um líquido. c) a viscosidade, a qual é uma propriedade associada ao atrito interno devido à deformação por cisalhamento, ou seja, é o atrito interno que acontece no interior dos fluidos devido a interações intermoleculares geralmente em função da temperatura. O perfil de escoamento de um fluido é estudado pelo experimento das placas paralelas, sendo uma placa móvel e outra placa fixa como mostrado na figura 9. Figura 9 - Perfil de velocidade em função da viscosidade do fluido. d) propriedades reológicas são conceitos usados para caracterizar o comportamento de fluidos não-newtonianos em diferentes condições de fluência medidas por dispositivos próprios como os reômetros ou mais frequentemente através de equações constitutivas conforme o tipo de fluido. Por exemplo, nos fluidos dilatantes a viscosidade diminui com o aumento do cisalhamento; nos pseudoplásticos, a viscosidade diminui com o aumento do cisalhamento e para os plásticos de Bingham é necessário que seja inicialmente aplicado um cisalhamento para iniciar a deformação. Um conjunto de comportamentos reológicos de cisalhamento em função da taxa de deformação está apresentado na figura 10. 16 Figura 10 - Comportamento reológico de alguns fluidos. 1.3.3 Propriedades físico-químicas As principais propriedades físico-químicas dos fluidos estão relacionadas ao seu comportamento atômico e molecular, de acordo com as características das ligações envolvidas, entre as quais se destacam: pressão, densidade, temperatura, energia interna, entalpia, entropia, calor específico e condutividade térmica. 1.4 Diferenças entre fluidos compressíveis e incompressíveis Um fluido que apresenta resistência à redução do seu volume próprio é denominado incompressível, ou seja, a variação da sua massa específica permanece relativamente constante, como a estrutura da figura 1. O fluido que responde com uma redução de seu volume ao ser submetido à ação de uma força é denominado compressível, ou seja, a sua massa específica varia consideravelmente durante o processo devido a transformações termodinâmicas ocorridas no sistema como mostra o diagrama da figura 6. Exemplo 2 Escoamentos sobre a carenagem de uma aeronave de alta velocidade; ar através de turbinas de jatos; vapor através de turbina em usinas termoelétricas; ar em um compressor e mistura de ar-gasolina no motor de combustão interna. Observação: a maioria dos escoamentos de líquidos é essencialmente incompressível, embora sendo o escoamento gasoso compressível. 17 1.5 Viscosidade e tensão de cisalhamento Denomina-se viscosidade a propriedade associada à resistência que o fluido oferece à deformação por cisalhamento, como mostra o diagrama da Figura 9. Pode-se dizer que a viscosidade corresponde ao atrito interno nos fluidos devido, basicamente, às interações intermoleculares, sendo, em geral, função da temperatura. Essas interações são principalmente observadas próximas às paredes das placas paralelas conforme atesta a Lei de Newton da viscosidade, como mostrado na figura 11: Figura 11 - Perfil de velocidade segundo Newton das duas placas planas. Na figura 11, o fluido em contato com a placa superior onde a velocidade é constante, origina uma força de resistência viscosa (Fvisc) de mesma direção e intensidade e sentido contrário à força responsável pelo movimento no sentido do fluxo, na mesma direção do movimento da placa superior, uma vez que a placa inferior encontra-se estática. 1.5.1 Tensão de cisalhamento Um fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma força tangencial denominada de tensão de cisalhamento, não importando quão pequena ela seja. O perfil estabelecido pela lei da viscosidade de Newton (figuras 9 e 11) em função da tensão de cisalhamento (τ) determina o comportamento de um fluido com deslocamento em dado sistema, conforme é ilustrado na figura 12. 18 Figura 12 - Ação de deslocamento da placa superior em função da força F. Na figura 12, verifica-se que a tensão de cisalhamento atua de forma tangencialsobre a superfície do fluido, assim, pode-se dizer que a tensão tangencial no fluido é expressa por: , fazendo com que a taxa de deformação do fluido seja . Sendo e considerando que para pequenos ângulos de deformação ( γγγγ) dL = dγdy, então podemos afirmar que a taxa de deformação do fluido quando submetido a é dada por , fazendo com que tensão de cizalhamento seja proporcional à taxa de deformação do fluido (Lei de Newton da viscosidade) como descrito na equação 4. (4) ττττxy é a tensão de cisalhamento determinada pela lei de Newton da viscosidade. Ela é diretamente proporcional ao gradiente de velocidade dv/dy, que representa a variação da velocidade no meio fluido com relação à direção mais rápida desta variação. Por ser uma força que determina o deslocamento de um dado fluido a sua unidade é a mesma da unidade de pressão, porém agindo com perfil tangencial à aplicação da força. Tomando como fundamentação a equação 4, e sabendo-se que a relação é verdadeira e fazendo que o coeficiente de proporcionalidade da 19 tensão de cisalhamento seja representado pela variável µµµµ (viscosidade dinâmica do fluido), então a lei de Newton da viscosidade passa a ser expressa por: (5) Para a força de cizalhamento e velocidade (V) constantes (Ft), Na equação 5, verifica-se que a tensão cisalhamento obedece à lei de Newton da viscosidade e, assim sendo, segue um perfil linear para a velocidade com relação ao deslocamento da camada fluida. 1.5.2 Unidades da tensão de cisalhamento Nos líquidos, a viscosidade é diretamente proporcional à força de atração entre as moléculas e, devido a isso, diminui com o aumento da temperatura. Nos gases, a viscosidade é diretamente proporcional à energia cinética das moléculas e por isso, aumenta com o aumento da temperatura. A viscosidade dinâmica µµµµ ou absoluta no sistema internacional de unidades (SI) é expressa pelas unidades N.s/m2 ou Pa. s. A viscosidade cinemática νννν é expressa pela relação entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido: ρ µ =ν ; sendo expressa no SI pela unidade m2/s. Exemplo 3 Uma placa quadrada de 1 m de lado e 20 N de peso desliza sobre um plano inclinado de 30º, sobre uma película de óleo. A velocidade de placa é 2 m/s constante. Qual a viscosidade dinâmica do óleo, se a espessura da película é 2mm? 20 Solução: Sendo G o peso do fluido e considerando a velocidade constante, pela segunda lei de Newton e da lei da viscosidade para gradiente linear de tensão de cizalhamento: G. sen (30º) = Ft G. sen (30º) = ττττ A G. sen (30º) = µµµµ A 20,01Ns/m 2.1.1 0,00220.sen30º. V.A YGsen30º µ === . 1.5.3 Perfil parabólico da lei de Newton da viscosidade Considerando que não haja deslocamento transversal de massa ao longo da distribuição do fluxo fluido e sendo v = f(y) representado por um perfil parabólico, tem-se, para a distribuição de velocidade ao longo do fluxo, o perfil apresentado na figura 13. Figura 13 - Perfil parabólico da lei de Newton da viscosidade. 21 Da figura 13, observa-se que o perfil da velocidade na camada fluida para a lei de Newton da viscosidade segue um perfil não linear que pode, em muitos problemas práticos, ser aproximado por um perfil parabólico segundo a equação: V(y) = a y2 + b y + c (6) Onde V significa velocidade dependente da espessura da camada fluida (y) e a, b e c as incógnitas determinadas conforme as condições de contorno. A simplificação que geralmente se faz nesse perfil é quando a espessura da camada fluida(y), entre as duas placas planas, é suficientemente pequena assumindo o valor εεεε de forma que a função representada pela equação da parábola é substituída por uma função linear V(y) = a y + b, como mostrado na figura 14. Figura 14 - Perfil da lei de Newton em função da espessura da camada fluida. Exemplo 4 O perfil de velocidade de um fluido é expresso por uma parábola, onde o vértice está a 10 cm do fundo. Calcule o gradiente de velocidade ( ) e a tensão de cisalhamento (τ) para y = 0; 5 e 10 cm. Adotar µ = 400 cp (centipoise). 22 Dados: 1 cp=10-3Pa. s (lei de Newton da viscosidade) Solução: V(x) = a y2 + b y + c (equação geral da parábola) Condições de contorno: 1) para y = 0 � v = 0 ∴ c= 0 2) para y = 0,1 m � v = 2,5 m/s ∴ 2,5 = a 0,12 + b 0,1 3) para y = 0,1 m � dv/dy = 0 ∴ 0 = 2 a 0,1 + b ∴ b = -0,2 a Assim, 2,5 = a 0,12 – 0,2 a 0,1 � a = -250 (m s)-1 ∴ b= 50 s-1 Substituindo: V = -250 y2 + 50 y � dv/dy = -500 y +50(gradiente de velocidade) para y = 0 � dv/dy = 50 s-1 ∴ τ = 400x10-3 x 50 =20Pa para y = 0,05 m � dv/dy = -500 x 0,05 + 50 = 25 s-1 ∴ τ = 400x10-3 x 25 = 10 Pa para y = 0,1 m � dv/dy = -500 x 0,1 + 50 = 0 ∴ τ = 400x10-3 x 0 = 0 Além da lei de Newton da viscosidade existem outras leis da viscosidade que regem outros comportamentos, dependendo do fluido estudado. Algumas dessas leis estão representadas no gráfico τ x dv/dy, como mostrado na figura 15. 23 Figura 15 - Gráfico tensão x deformação (dv/dy) para diferentes fluidos. Na figura 15, os vários gráficos mostrados estão especificados e detalhados conforme suas equações relacionais e alguns exemplos de aplicação da lei da viscosidade para diversos fluidos, conforme mostrado na tabela 1. Tabela 1 - Especificação reológica e exemplos de aplicação Designação comportamental Equação reológica Exemplo de utilização Newtoniano dy dVµ=τ Água, ar e óleos Plástico ou plástico de Bingham dy dV Pc µ+τ=τ Lamas de esgoto, misturas concentradas de minério em água, pó de carvão em água. Pseudoplástico n dy dVk =τ Polpa de papel em água, tintas e vernizes, pó de cimento em água, sangue. Pseudoplástico com cedência n C dy dVk τ=τ Suspensão de argila em água, solução de polímeros. τc – tensão crítica k- constante do fluido 24 1.6 Fluido ideal e fluido real Um escoamento não-viscoso ou escoamento de fluido ideal é aquele no qual os efeitos da viscosidade não influenciam significativamente no escoamento, os efeitos da tensão de cisalhamento são desprezados; em outras palavras, é um fluido que não apresenta resistência ao movimento (µ=0). Se ele for incompressível (ρ = cte), ele é dito ser um fluido perfeito. Figura 16 - Perfil de distribuição de velocidade para um fluido perfeito. Um fluido perfeito indica ausência de tensões de cisalhamento entre as camadas do fluido que se movem com velocidades diferentes (slip flow) sem serem afetadas pelas forças de atrito interno. A condição de deslizamento entre o fluido e a fronteira sólida é de orientação da direção do escoamento sem nenhuma ação viscosa. Assim, qualquer camada do fluido pode ser substituída por uma lâmina sólida de mesma geometria, pois a configuração do escoamento não se altera. As tensões de cisalhamento são grandezas que comunicam informações dinâmicas de uma camada de fluido para outra, fornecendo informações qualitativas importantes a respeito, principalmente, das regiões de escoamento onde as forças viscosas são desprezíveis em relação às forças de inércia. Um escoamento viscoso ou de fluido real é aquele no qual os efeitos da viscosidade são importantes e não podem ser desprezados. A análise de um fluido real é complexa, pois envolve fenômenos relacionados à viscosidade, que produz resistência ao movimento devido à força de cisalhamento ou de atrito entre as partículas e o contorno sólido, como mostrado nográfico da figura 17. Figura 17 - Camada viscosa em função da velocidade sobre uma placa plana. 25 A viscosidade do fluido real determina o grau de atrito entre as camadas do fluido e do fluido com a parede sólida; ela é responsável pela variação de velocidade (gradiente de velocidade) entre as camadas do fluido. Próximo a uma parede sólida estacionária, a velocidade do fluido real cresce gradualmente de zero na fronteira sólida, até um valor limite da velocidade, onde os efeitos viscosos não se fazem mais sentir, ou seja, próximo a uma fronteira sólida há a formação de uma camada de fluido onde os efeitos viscosos são mais acentuados. Esta camada é denominada de camada limite. Fluidos reais Newtonianos são aqueles nos quais a viscosidade dinâmica (µµµµ) é independente da taxa de deformação (dv/dy), isto é, a viscosidade na expressão da lei de Newton é uma constante para cada fluido newtoniano, a uma dada pressão e temperatura. Fluidos reais não-Newtonianos são aqueles nos quais a viscosidade, em uma dada pressão e temperatura, é função do grau de deformação do fluido. 1.7 Estática dos fluidos A estática dos fluidos estuda a pressão e sua variação no interior de fluido. Nesse caso, como não há movimento de uma camada de fluido em relação a outra adjacente, não haverá desenvolvimento de tensões de cisalhamento, assim sendo, só agirão forças normais de pressão, como mostrado na figura 18. A FP n= Figura 18 - Força de pressão atuando normal à superfície da fronteira móvel. A estática dos fluidos é importante para diversas aplicações, como em manômetros utilizados no navios, e para definir forças em sistemas hidráulicos e em corpos submersos. A diferença de pressão (∆P) entre dois pontos de um fluido 26 em repouso é igual ao produto entre o peso específico (γ) do fluido em questão (ρ g = γ) pela diferença de altura (h) entre dois pontos no fluido. De acordo com a segunda Lei de Newton, a força resultante estando em equilíbrio estático faz com que a resultante do sistema seja igual a zero, definindo assim o teorema de Stevin da mecânica dos fluidos dado na forma geral pela equação: { { corpo de forças C superficie de forças S FFF 0F0aam.F += =⇒=⇒= ∑ ∑∑ (7) As forças de corpo que atuam em um volume fluido é o seu próprio peso definido da seguinte forma: ρ(dxdydz)gmgPcF === rr .Para definir as forças de superfície é necessário estabelecer um volume de controle para interpretar o balanço de pressão, na superfície do volume fluido, como mostrado na figura 19. Figura 19 - Balanço de pressão em um volume de controle fluido. Observando a figura 19 e considerando positivas as forças no sentido mostrado na figura, a força de superfície resultante sobre o volume de controle é expressa pela equação: dpdxdydz))dxdyp(z(p(z)dz)dxdyp(zp(z)dxdydz)F(zF(z)FS −=+−=+−=+−= r (8) 27 Esta equação pode ser escrita da seguinte forma: dxdydz dz dpdxdydz dz p(z)dz)p(zFS −= −+ −= r (9) Substituindo na equação (7): ρ(dxdydz)gdxdydz dz dpFF CS +−=+ rr (10) Simplificando a equação 10, obtemos a equação (11) conhecida como o Teorema de Stevin para determinar a pressão estática em um fluido. 0ρg dz dp =+− (11) A diferença de pressão estática, ou o ∆∆∆∆p em um fluido, é obtida integrando-se a equação (11) conforme ilustrado na figura 20. ρghPPdhρgdP h 0 0 P P0 =−⇒= ∫∫ (11 a) Figura 20- Nível estático de pressão. Se a diferença de pressão estática for medida no mesmo fluido em diferentes níveis de profundidade, a pressão, segundo o teorema de Stevin, é caracterizada conforme a figura 21. 28 Figura 21 - Diferentes níveis estáticos de pressão. A diferença de pressão relacionada a dois pontos ou níveis de profundidade estáticos no mesmo fluido, será dada por: PA = Po + ρρρρ g hA PB = Po + ρρρρ g hB ⇒⇒⇒⇒ PB – PA = ρρρρ g ∆∆∆∆h (12) No mesmo fluido e no mesmo nível horizontal, pontos no interior de um fluido em repouso possuem a mesma pressão, a qual pode ser medida por manômetro diferencial, conforme é ilustrado na figura 22. Figura 22 - Manômetro diferencial de pressão. Esse tipo de instrumento que mede a diferença de pressão entre dois pontos é denominado de manômetro em “U”. Assim sendo, por se tratar do mesmo nível de pressão, então se diz que: PA = PB e que PC = PATM + ρ g H devido o ramo direito do instrumento estar aberto. Como os pontos B e C estão em um mesmo nível horizontal de um trecho contínuo de fluido, então PC = PB. Assim, PA = PATM + ρ g H. Quando o instrumento estiver em estado de equilíbrio, H = 0, o que faz PA = PATM (pressão atmosférica). 29 A pressão em relação à pressão atmosférica é denominada de pressão manométrica ou relativa, assim expressa: PA-man = PA – PATM. =>Unidades usuais de pressão Unidades de pressão são baseadas na relação Força/Área kgf/m2; N/m2= Pascal; lb/pol2 = psi (pounds per square inches) kgf/cm2 = 104 Kgf/m2 = 9,8x104 Pa = 0,98 bar = 14,2 psi 1kips=4448,2 N ( unidade usada em oceonografia para pressão de ondas) Unidades de pressão definidas 1atm = 760 mmHg = 101,23 Kpa = 10330 kgf/m2 = 1,01 bar = 14,7 psi = 10,33 mca. Exemplo 5 No manômetro ilustrado na figura, o fluido A é água, B é óleo e o fluido manométrico (azul) é Hg. Qual a diferença de pressão PA – PB? Dados: γH2O = 10000 N/m3; γHg = 136000 N/m3 e γóleo = 8000 N/m3. Solução: PC= PD (Pontos do mesmo fluido no mesmo nível) PA + γγγγH2O h1 + γγγγHg (h2+h1) = γγγγóleo h3 +PB PA + 104.0,25 + 13,6x104. 1 = 8x103. 0,8 +PB PA - PB = - 132,1 kPa. 30 1.7.1 Forças hidrostáticas sobre superfícies planas submersas As forças hidrostáticas que atuam na superfície de corpos submersos ou não é dividida da seguinte forma: Curva Inclinada Horizontal Plana Superfície Superfície plana horizontal Nesse caso, a força de pressão está sendo aplicada de forma homogênea em toda a superfície submersa horizontal e o fluido está em repouso, como mostrado na figura 23. Figura 23 - Pressão sobre uma superfície horizontal submersa. Superfície plana inclinada Uma vez que não pode haver tensões cisalhantes num fluido em repouso, a força hidrostática sobre qualquer elemento de uma superfície inclinada deve ser normal a ele. A força atuando sobre um elemento de área (dA=dxdy) na face superior é dada por ρghdApdAnFd == r . (13) A resultante das forças hidrostáticas RF r que atuam no corpo submerso inclinado é determinada pela integral da força em cada ponto. O ponto de aplicação (y*) da força resultante deve ser tal que o seu momento )∗.y(FR m relação a qualquer eixo seja igual ao momento da força distribuída (y.dF), como mostrado na figura 24. 31 Figura 24 - Distribuição das forças de pressão sobre uma superfície inclinada submersa. Apesar de ter uma superfície plana, a distribuição de pressão nela não será uniforme por estar inclinada como se vê na figura 24; no entanto, para um plano inclinado, o CP e o CG atuam de forma separada. É claro que, quanto mais se afunda, mais o CG se aproximarádo CP. Assim, para o cálculo da força resultante das pressões atuantes sobre essa superfície, utilizaremos a figura 25. Figura 25 - Diagrama de distribuição das forças de pressão que atuam sobre uma superfície plana inclinada e submersa. O nível de inclinação da superfície é função do angulo θ formado com a superfície livre do líquido, sendo h uma profundidade genérica e y e x as correspondentes distâncias até o CG da superfície, y’ e x’ as distâncias até o CP da superfície, conforme mostra a projeção do plano XY. Tomando dA como o elemento 32 de área na qual a pressão é aplicada, então a força resultante perpendicular ao plano da superfície é expressa pela equação ∫= A R PdAF . Como ysenθh sendo e ρghPP 0 =+= , a força resultante será expressa pela equação ρgysenθ)dA(pρgh)dA(pF A 0 A 0R +=+= ∫∫ (14) Integrando e rearranjando a equação (14), obtém-se a seguinte equação: ) senθ ρgypydAρgsenθApF Co A oR +=+= ∫ (A (15) Sendo Yc a coordenada y do centróide da área de aplicação A, e fazendo senθyh CC = , a equação (15) torna-se: A)h g ρ(pF C0R += r (16) Dessa forma, verifica-se que a força resultante é obtida pelo produto da pressão no CG da superfície e a área de aplicação. Sabendo-se disso, cabe agora determinar as coordenadas (x’, y’) que correspondem ao Centro de Pressão da força resultante. Para determinar o centro das pressões é necessário igualar os momentos da resultante aos momentos das forças distribuídas em relação aos eixos y e x respectivamente. Fazendo x’=xp e y’=yp obtemos as equações: (17) 33 Desprezando p0 obtemos a equação simplificada para FR: FR= ρρρρ g yC senθθθθ A (18) Fazendo a integração da equação (17) e rearranjando resultado, chega-se à seguinte expressão: (19) Como Ix = é o momento de inércia da área A em relação ao eixo x, chamando IG o momento de inércia da área em relação ao eixo paralelo ao eixo dos x e passando no seu centro de gravidade teremos o teorema de Steiner dos eixos paralelos que . Substituindo na equação (19), obtemos a equação: (20) De modo análogo obtemos xp: (21) (22) O termo é denominado produto de inércia em relação ao centro de gravidade da área. 34 Exemplo 6 A superfície mostrada, com dobradiça ao longo de A, tem 5 m de largura (w=5 m). Determinar a força resultante F da água sobre a superfície inclinada, o ponto de sua aplicação e o esforço na dobradiça (utilizar SI). A densidade da água é de 1000kg/m3 e a aceleração da gravidade é de 9,8m/s2. Solução: 1. Força devido à pressão da água na comporta FR = γγγγ·. hc. A γγγγ =ρ. g= 9.800 N/m3 m 3,000,54,00 2 12,00sen304,00 2 12,00h 0C =××+=××+= A = 4,00 x 5,00 = 20,00 m2 F = 9.800 x 3,00 x 20,00 ∴∴∴∴ F = 588000 N ou 588 k N 35 2) Cálculo do centro de pressão C G CP yA Iyy ⋅ += m 4,00 0,50 2,00 sen30 2,00 x == ° = YC =4+2=6 m 4 33 G m 26,712 4,05,0)retangular (comporta 12 dbI =×=⋅= m 6,22 6,020,0 26,76,0yP = × += ; o centro de pressão está a 2,22m(6,22-4) do ponto A. 3) Cálculo da força no ponto A 0MO =∑ F x 1,78 = FA x 4,00 588 x 1,78 = FA x 4,00 ⇒⇒⇒⇒ FA = 262 kN. 36 Superfície curva A pressão numa superfície curva deve ser sempre calculada pela integração das equações gerais. Entretanto, é fácil verificar que devido ao equilíbrio estático as componentes da resultante podem ser calculadas pelas projeções da superfície curva sobre superfícies planas nas direções das componentes, como mostra a figura 26. Figura 26 - Distribuição das componentes de pressão sobre uma superfície curva. A componente horizontal da força na superfície curva é igual à força no plano formado pela projeção da superfície curva sobre o plano vertical normal à componente. A componente vertical da força de pressão é igual ao peso da coluna de fluido existente acima da superfície curva acrescida da pressão atmosférica. A força resultante no sentido horizontal e vertical da superfície curva será dada respectivamente pelas expressões: FH = ρρρρ g hC A (23) FV = ρρρρ g ∀∀∀∀ (24) Exemplo 7 Calcular os módulos e a linha de ação das componentes de empuxo que agem sobre a comporta cilíndrica da figura de 3,28m de comprimento. A densidade da água é de 1000kg/m3 e a aceleração da gravidade é de 9,8m/s2. 37 Solução: 1) Empuxo horizontal EH =ρ. g. h . A m 0,98 2 1,96hC == A = 1,96. 3,28 = 6,43 m2 EH = 1000. 9,8. 0,98. 6,43, EH = 61754 N 2) Empuxo vertical EV= ρ. g.V ( ) ( ) 322 m 9,8963,281,96pi 4 1LpiR 4 1V =××== EV= 1000.9,8. 9, 896=969808 N. 1.7.2 Empuxo Se um objeto estiver imerso em um líquido ou flutuando em sua superfície, a força vertical que age sobre esse corpo devido à pressão do líquido é chamada de EMPUXO. De acordo com o princípio de Arquimedes, se a massa específica (ρc) ou o peso específico (γc) de um corpo for maior ou igual à massa específica (ρ) ou o peso específico (γ) de um fluido, então esse corpo flutuará. Assim sendo, o empuxo causado por esse corpo é determinado com base em um volume fluido infinitesimal, mostrado no diagrama esquemático da figura 27. 38 Figura 27 - Balanço de forças de pressão em z, para um volume infinitesimal representativo. Do gráfico da figura 27, o empuxo causado por esse corpo no volume fluido definido corresponderá à variação de pressão que ocorre nas várias faces desse corpo; e para efeito didático, o balanço de pressão será considerado apenas na direção do eixo z. Dessa forma, pode-se definir a diferencial da força resultante pela equação: (25) Sabendo-se que (h2 – h1)dA corresponde ao volume deslocado (∀) por parte ou por todo o corpo submerso, então a expressão que define o empuxo de um corpo em um dado fluido é representada por: (26) 39 Exemplo 8 Uma fragata navega em água salgada de densidade 1, 025 ton/m3 e tem deslocamento de 4900 ton. a) determine o volume submerso do casco quando navegando em água do mar;e b) mantendo o deslocamento, qual o novo volume submerso se o navio passar para água doce de densidade 1 ton/m3? Solução: A fragata pode ser modelada para este exemplo como um diagrama de bloco Para que a fragata flutue, o empuxo é igual ao peso. E=P .4900m 1 4900V doce água Para b) 4780m 1,025 4900V salgada água Para a) ρ mV m.gρ.g.V 3 S 3 S S S == == = = 40 1.8 Dinâmica de fluidos (abordagem euleriana e lagrangiana) Existem dois princípios gerais para a análise de problemas em mecânica dos fluidos: o da abordagem euleriana e o da abordagem lagrangiana. Esta descrição tem como objetivo observar o que acontece em um instante de tempo t nas várias posições do domínio fluido, sem se importar com as posições ocupadas por cada uma das partículasfluidas. Este método de descrição tem o objetivo de estudar o que ocorre com as funções escalares ou vetoriais para as várias posições do espaço no decorrer do tempo. O objetivo do método são os vários campos escalares e vetoriais que caracterizam o movimento do fluido, como velocidades, acelerações, densidades, etc. Na abordagem euleriana, o movimento do fluido é dado como função do espaço e tempo, ou seja, a pressão, a velocidade, a densidade e a aceleração são especificadas como funções do espaço e do tempo. Assim, as componentes de velocidade seriam expressas por: t)z,y,(x,w t),z,y,(x,v t),z,y,(x,u === . Podemos dizer que o método de Euler nos fornece uma série de fotografias instantâneas (diagramas de linhas de corrente) do estado do movimento. O método lagrangiano fornece informações sobre as trajetórias das partículas fluidas, como uma função do tempo. A figura 28 ilustra a descrição euleriana e lagrangiana do movimento de partículas fluidas de uma chaminé. Figura 28 - Descrição euleriana e lagrangiana do movimento de uma partícula fluida. No método euleriano, em um ponto fixo (0) do escoamento, é colocado um sensor de temperatura e ele registra a temperatura deste ponto ao longo do tempo t. O uso de vários sensores fixados em pontos fixos no espaço pertencentes ao escoamento definirão o campo de temperatura T(x, y, z, t). 41 Observar que, no método euleriano, a variável analisada é dada em direção e módulo em cada ponto do espaço considerado, podendo variar com o tempo.No método lagrangiano, um medidor de temperatura é fixado na partícula e registra a sua temperatura; ao longo do seu movimento, o uso de vários sensores se movendo com a partícula estabeleceriam a temperatura da partícula em função do tempo. Exemplo 9 Um campo de velocidade de um fluido é dado por )yjxi)(L/V(V 0 −= onde 0V e L são constantes. Considerando a abordagem euleriana, determine em qual localização do campo a velocidade é igual a V0. Solução: Componentes cartesianas das velocidades nos eixos x e y: 0w L V v L xV u 0 0 = − = = Módulo da velocidade 220 222 yx L VV wvuV += ++= Quando 0VV = , L=+ 22 yx e o campo de velocidades é um circulo de raio L e pode ser representado pela figura 29. Figura 29 - Campo de velocidade na abordagem euleriana. 42 Finalizando, podemos dizer que no caso do escoamento da massa fluida utilizamos a descrição euleriana, ou seja, descrevemos o escoamento através dos campos de velocidades e pressões, sem nos importarmos com que partícula ocupa cada posição no espaço em cada instante. 1.9 Aplicação em manobra de embarcações Os tópicos dos itens anteriores são aplicados nas manobras de embarcações, como a igualdade do peso com o empuxo, a distribuição do campo de velocidades e pressão no leme e propulsor onde a massa fluida é considerada em escoamento euleriano. A força de Coriolis afeta a posição da embarcação devido ao movimento de rotação da terra e a força centrípeta inclina a embarcação durante uma curva de giro. Na unidade 8 é feito o estudo hidrodinâmico da manobra de uma embarcação. 43 2 LEIS DE CONSERVAÇÃO 2.1 Derivativas temporais de volume Seja um cubo infinitesimal de um fluido onde suas partículas tem um campo de velocidade vetorial o qual é função das coordenadas cartesianas e do tempo e expresso por kwjviukt)z,y,w(x,jt)z,y,v(x,it)z,y,u(x,V r r & rrr & rr ++=++= . Considere somente o efeito de um gradiente de velocidade x u ∂ ∂ destas partículas do cubo de dimensões δz,δy,δx, conforme ilustrado nas figuras 29 a) e 29 b) onde é mostrado o plano x y do cubo. Figura 29 - Cubo infinitesimal sob a ação dos gradientes de velocidades. A componente da velocidade do fluido na direção x em O e B é u, e na mesma direção nos pontos A e C é x x u u δ ∂ ∂ + . O acréscimo do volume deste cubo é devido ao acréscimo de comprimento na direção longitudinal AA’=CC’ ocasionado pelo gradiente de velocidade é x x u δ ∂ ∂ no tempo tδ sendo este acréscimo de volume expresso por δtδyδzδx x u ∂ ∂ . A taxa que o volume do cubo está mudando por unidade do volume devido a este gradiente de velocidade é dada pela equação : x u zδx.δt.δy.δ δt.δy.δzδx x u dt V) V 1 ∂ ∂ = ∂ ∂ = δ δ →δ 0t lim(d (27) 44 Se agora existirem gradientes de velocidade z w e y v ∂ ∂ ∂ ∂ nas direções y e z, então, por raciocínio análogo ao anterior, a taxa de variação de volume será expressa por: + ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ = → zδx.δt.δy.δ δt.δy.δxδz z w δt.δx.δzδy y v δt.δy.δzδx x u lim dt d(δ(δ δV 1 0δt ( ) V.wv,u,. z , y , xz w y v x u dt d(δ(δ δV 1 r∇= ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ =∂ ∂ +∂ ∂ +∂ ∂ = (27 a) Esta taxa de mudança de volume por unidade de volume (taxa de variação unitária do volume) é denominada de taxa de dilatação volumétrica. As variações de velocidade direcionais, x u ∂ ∂ , y v ∂ ∂ , z w ∂ ∂ causam a deformação linear do corpo fluido desde que não haja mudança na forma deste corpo. Observe também que o volume elementar do cubo fluido pode mudar devido à deformação linear do corpo fluido, porém, se o fluido é incompressível (sem variação na massa específica), a taxa de dilatação volumétrica é nula, pois o volume do fluido não pode mudar sem a mudança na massa específica do fluido (conservação da massa). Podemos dizer então que a equação (27 b) expressa a conservação da massa ou da continuidade. 0 z w y v x uV. = ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ =∇ r (27 b) 45 2.2Lei da conservação da massa 2.2.1 Definição de volume de controle O volume de controle é um volume compreendido por uma superfície imaginária arbitrária envolvendo o corpo (sólido, líquido, ou gasoso), denominada superfície de controle para a análise do fenômeno que se quer estudar. Essa definição é muito útil quando se estuda o comportamento de fluidos em escoamentos à luz das leis de conservação de massa, momento e energia. A análise de dispositivos como bombas, turbinas e compressores navais e industriais é feita considerando-se um volume de controle através destes equipamentos através dos fluxos de massa que atravessam a superfície deste volume de controle. 2.2.2 Equação de conservação da massa ou da continuidade Considere a figura 30 onde um volume de controle sofre a ação de fluxos de massa adentrando e saindo do mesmo. Figura 30 - Volume de controle co entrada e saída de fluxos de massa. 46 Podemos escrever para este volume de controle as seguintes equações: Equação da continuidade ou da conservação da massa “A taxa de variação do volume de controle é igual à diferença entre os somatórios dos fluxos de massa que adentram e saem do volume de controle.” ∑∑ − = + Sai )dt t ( Entra )t ( VC dt Massa dt )Massa dt MassadoVc de Acúmulode Variação(28) ∑∑ − = ++ Sai ∆t)(t Entra (t) VC (t)VC∆t)(tVC ∆t Massa ∆t )Massa ∆t Vc,ρ-.Vcρ (29) Para regime permanente, VC (t)VC∆t)(tVC ∆t Vc,ρ-.Vcρ + =0, e assim: 0 ∆t Massa ∆t )Massa Sai ∆t)(t Entra (t) = − ∑∑ + (30) Para maior simplicidade, adotaremos os símbolos sm , em •• para os fluxos de massa adentrando e saindo do volume de controle. Sendo S a área de fluxo e v a velocidade dos fluidos que adentram e saem do VC, a equação da continuidade para regime permanente será escrita pela seguinte equação: se ).S n.V . (ρ)S .n.V . (ρ smem ∑∑ ∑∑ = = •• rrrr (31) Onde n.V r r é o produto escalar do vetor velocidade e de um vetor normal à superfície. Quando o vetor velocidade é normal à superfície, então a equação (31) é descrita pela equação (31 a). 47 se ).SV . (ρ)S V. . (ρ smem ∑∑ ∑∑ = = •• (31 a) Fazendo uma análise dimensional da equação da continuidade, com todas as unidades das variáveis envolvidas na equação expressas no SI, teremos que: [ρρρρ = Kg/m3] * [S = m2] * [v = m/s] ���� [ρρρρ*S*v] = [kg/s] Considerando o escoamento com somente um fluido adentrando e saindo do volume de controle perpendicularmente à superfície, e sendo o mesmo incompressível (ρρρρentra = ρρρρsai = ρρρρ), a equação da continuidade se )S V.. (ρ)S V.. (ρ ∑∑ = será expressa na forma de vazão volumétrica através da equação (31 b) SSee SVSV = (31 b) Uma interpretação vetorial pode ser feita para a conservação da massa considerando o sistema e o volume de controle pela equação (32) 0.dSn.Vρ.ρdV t VC SC =+ ∂ ∂ ∫ ∫ vr (31c) Onde ∫∂ ∂ VC ρ.dV t é a taxa de variação do volume de controle e ∫ SC .dSn.Vρ. v r os fluxos de massa que adentram e saem do volume de controle. Para regime permanente, a equação continuidade será escrita pele equação: 0=∫ SC .dSn.Vρ. v r (31d) Sendo o vetor velocidade do fluido que cruza a Seção de Controle (SC), se o sistema estiver em movimento o vetor corresponderá à velocidade relativa, 48 sendo o vetor normal à superfície e ρρρρ a densidade do fluido, que pode ser considerada constante quando se tratar de fluidos incompressíveis. Em outras palavras, a integral de SC é zero em qualquer lugar, porque a taxa de variação do volume nessa seção é nula (regime permanente). Esta integral representa os fluxos mássicos que adentram e saem do volume de controle. Quando v e n têm a mesma direção e mesmo sentido, .dSn.V v r é positivo , e se v e n têm a mesma direção e sentido contrário, então .dSn.V v r é negativo Exemplo1 Água escoa em uma tubulação de lastro de um navio petroleiro com diâmetro inicial de 6 pol a 25 oC, com velocidade de 22 m/s. Na tubulação existe uma expansão no diâmetro de 8 pol., conforme mostrado na figura. Determine a velocidade da água na saída da tubulação e a vazão de descarga. São dados: 1pol =0, 0254 m o Solução: Da equação da continuidade � Saientra S.V).( S).ρ.V ρ=( A temperatura da água é a mesma � ρρ saientra = Velocidade de descarga ���� SAI ENTRA ENTRASAI S S vv = m/s. 12,375 8 6 22. D D v v 2 2 2 2 ENTRASAI SAI ENTRA === Vazão de descarga ���� SaiSaiSAI .SV Q = 49 /s.m 0,40 4 0,0254)*(8 pi * 12,375 Q 3 2 SAI ≅= 2.2.3 Forma diferencial da equação da continuidade A figura 31 ilustra um cubo de volume δx.δy.δz com entrada e a saída de fluxo de massa na sua superfície lateral no plano y z. Figura 31- Forma diferencial da equação da continuidade. Para este cubo: δx.δy.δz t ρ ρdV t VC ∂ ∂ = ∂ ∂ ∫ (31 e) “Fluxo de massa líquido na direção X” δz δy. δx. . x u) . (ρ δz . δy . 2 x x .u) (ρ - u ρ. - δz . δy . 2 x x u) . (ρ u ρ. ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + (31 f) “Fluxo de massa líquido na direção Y” δz δy. δx. .v) . (ρ δz .δx . 2 .v) (ρ - v ρ. - δz .δx . 2 v) . (ρ v ρ. y y y y y ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + (31 g) “Fluxo de massa líquido na direção Z” δz δy. δx. .w) . (ρδx . δy . 2 .w) (ρ - w ρ. -δx . δy . 2 w) . (ρ w ρ. z z z z z ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + (31 h) “Fluxo de massa total adentrando e saído do cubo” ∫ SC .dSn.Vρ. v r = δz δy. δx. .w) . (ρδz δy. δx. .v) . (ρ δz δy. δx. . x u) . (ρ zy ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ (31i) 50 Pela equação da conservação da massa: 0.dSn.Vρ.ρdV t VC SC =+ ∂ ∂ ∫ ∫ vr Substituindo as integrais e simplificando: 0w) . (ρv) . (ρ x u) . (ρ t ρ = ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ zy (31j) Fluidos incompressíveis (ρ=constante) 0wv x u = ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ zy (31k) Exemplo 2 As componentes de velocidade para um fluido incompressível que se move em regime permanente é dado pelas seguintes equações: z)y,w(x,w zyzxyv zyxu 222 = ++= ++= Determine a componente w desta velocidade. Solução: 0 z w zx2x 0 z w y v x u decontinuida da Equação z)y,w(x,w zx y v z,yzxyv 2x x u ,zyxu 222 = ∂ ∂ +++ = ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ = += ∂ ∂ ++= = ∂ ∂ ++= 51 y)f(x, 2 z3xzw zzz3xw Integrando zzz3xw z3x z w 2 +−−= ∂−∂−=∂ ∂−∂−=∂ −−= ∂ ∂ ∫ ∫ ∫ Exemplo 3 A função corrente y)(x,ψ de um escoamento plano de um fluido incompressível em regime permanente é definida pelas componentes de velocidade u e v tal que x ψ v e y ψ u ∂ ∂ −= ∂ ∂ = . Seja um fluido que obedece à lei da função corrente cujas componentes de velocidade são .x4== v e 2yu Determine a função corrente para este fluido mostrando o seu perfil no plano x y. Solução: Aplicando a definição de função corrente ∫ ∫ ∫ ∫ ∂= ∂ ∂ −= ∂ ∂ −= += ∂=∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ = xx-4ψ x ψ4x x ψ v 2yψ yψ y ψ y ψ u 2 )x(f y y 1 2 2 constante. uma C sendoC,y-2xψ :função seguinte pela definida entãoser pode corrente funçãoA s.arbitrária funções são (y)f e (x)f )(fx2ψ 22 21 2 2 ++= +−= y 52 2.3 Origem das forças em um fluido As forças que atuam em um corpo são as de campo ou de corpo e as de superfície. 2.3.1 Forças de superfícieA figura 32 ilustra uma superfície fluida genérica sob a ação de uma força infinitesimal ),δFS( com componentes normal )( nδF e tangencial ou de cisalhamento )δF e δF 21( atuando no elemento infinitesimal (δA ) da superfície. Figura 32- Forças de superfície atuando no corpo. Essas forças podem ser descritas através das tensões normal (σ) e tangencial ou de cisalhamento ) (τ . Estas tensões são determinadas pelas seguintes equações: área na tocisalhamen de tensão da ltransversa componente δA δFlimτ área na tocisalhamen de tensão da allongitudin componente δA δFlimτ área na exercida pressão δA δFlimσ 2 0δA2 1 0δA1 n 0δA == == == → → → Desta forma, as forças de superfície que atuam nos fluidos são as forças de pressão e cisalhamento e podem ser expressas pela equação (32). ∫ ∫ = = SC t SC n τ.dSF σ.dSF (32) 53 As forças de corpo ( CFδ r ) que atuam na massa fluida consistem basicamente nas devidas ao campo gravitacional ( ) gr da massa fluida, podendo ser determinadas pela equação: k.m.gjm.gim.ggm.Fδ kgjgigg kδFjδFiδFFδ zyxC zyx CZCYXCC rvrr rvr rrrr ++== ++= ++= (32 a) Na definição mais geral, uma força de campo pode ser definida através de suas componentes por unidade de volume. Assim, por exemplo, se considerarmos que ( CF r ) é qualquer força de campo. esta força será expressa pela equação (32 b) ∫= Volume C .dV ρ .fF vr (32 b) Onde f v é a força de corpo por unidade de massa. Exemplo 4 Considere um cubo de madeira de aresta h de massa específica Cµ flutuando em água salgada de massa específica ( ASµ ). A pressão que atua na face superior do cubo é a pressão atmosférica (P0) e a aceleração da gravidade é gv . Despreze todo e qualquer atrito viscoso e oscilações do cubo, de modo que o mesmo fique em equilíbrio. a) faça um esquema das forças de superfície e de corpo que atuam no cubo b) escreva a equação que determina o equilíbrio do cubo. 54 Solução: a) esquema das forças de corpo e superfície Para o cubo submerso, as forças de superfície são as forças 543 F,FF, ,21 o, F,FF devido à ação da atmosfera na face superior e da ação da água nas faces inferior e laterais. b) equação que determina o equilíbrio do corpo Seja A área das faces e da base do cubo Forças de superfície k).AP(PF PPPP k)F(Fj)F(Fi)F(FF .AP.dAPF .AP.dAPF .AP.dAPF .AP.dAPF .AP.dAPF .AP.dAPF 01S 5432 015432S 0 A 005 A 55 4 A 442 A 22 3 A 331 A 11 rr rrvr −= === +++++= −==== −=−=== −=−=== ∫∫ ∫∫ ∫∫ Forças de corpo k.g).V(µF , kgkgkgjgigg CuboCCzzyx rrrrrrrr −===++= 55 Equação de equilíbrio .g.Vµ).AP(P 0,k.g).V(µ-k).AP(P 0,FF CuboC01CuboC01CS =−=−=+ rrrr O termo ).AP(P 01 − é denominado de Empuxo. Teorema de Stevin SAS01 .g.hµPP =− . .g.Vµ h V ..g.hµ).AP(PE SAS S S SAS01 ==−= Para o cubo flutuando em equilíbrio sem oscilações e efeitos viscosos, Peso=Empuxo ,conforme o teorema de Arquimedes. 2.4 Princípio do momento para um volume de controle fixo A segunda lei de Newton para um sistema movendo-se em relação a um sistema inercial de coordenadas é expressa pela equação: dt PdF r r = (33) Onde P r é a quantidade de movimento (momento) linear e Fr a força resultante que atua no sistema. .dVVρ..dmVP sistema M sistema Vol ∫ ∫== vrr (33 a) dS.n.V..VdV.V. tdt PdF Vc SC vvrr r r ∫ ∫ ρ+ρ∂ ∂ == (33 b) A força F r da equação (33 b) é a força resultante que atua no sistema (volume de controle com os fluxos de massa que adentram e saem do sistema). O termo ∫∂ ∂ Vc .dVVρ. t r representa a taxa de variação da quantidade de movimento no interior do volume de controle, enquanto o termo .dSn.V. .ρV SC vvr ∫ representa a soma das taxas de variação das quantidade de movimento dos fluxos de massa 56 que adentram e saem do volume de controle. A força F r é a soma das forças de corpo e de superfície. Exemplo 5 Um navio petroleiro, possui uma curva na tubulação de descarga de óleo combustível.Considere que óleo diesel de massa específica de 750 kg/m3 escoando em regime permanente está sendo bombeado do navio a 12 bar de pressão manométrica no mangote para uma balsa de apoio,conforme ilustrado na figura , segundo todas as regras de segurança estabelecidas para o bombeamento e proteção ao meio ambiente determinadas pelo comandante durante o procedimento. Determine as forças exercidas nos suportes da tubulação nesta curva. Comente o resultado. 57 Solução: Equação da continuidade Pela equação da conservação da massa: )permanente (regime 0ρ.dV t 0.dSn.Vρ.ρdV t VC VC SC = ∂ ∂ =+ ∂ ∂ ∫ ∫ ∫ vr 2,6m/s 6 121,3. d D .VV 0.Vρ.A.Aρ.V ) sentido mesmo o tem área a normal )nvetor( o e velocidadevetor (o.AVA.V ) opostos sentidos tem área a normal )nvetor( o e velocidadevetor (o.AVA.V 0A.Vρ.A.Vρ. 0.dSn.Vρ. 22 12 2211 2222 1111 2211 SC = = = =+− = −= =+ =∫ vrr vrr rrrr vr 2 22 1 2 22 2 0,073m 4 ,0254)3,14.(12.0 4 pi.DA 0,0182m 4 0254)3,14.(6.0, 4 pi.dA === === Equação do momento para regime permanente [ ] [ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ] [ ] (N) j46,132.0,5.0,018750.2,6j.sen30.A750.VF (N) i67,73i1,3)-866 , 1,3(2,6.0750.0,073.F i)V-cos30(V.V750.Ai.A.750.(VV.AVcos30.750.VF j.AVsen30.750.Vi.A.750.(VV.AVcos30.750.V j.A.V ρ sen30.Vi.A.V ρ .V.A.V ρ cos30.V.dSn.V. .ρV .AVSd.V .AVSd.V jsen30Vicos30)(VV i.VV )Sd.V.ρV)Sd.V.ρV.dSn.V. .ρV 2 2 2 2Y X 1211111222X 222111222 222111222 SC 2222 1111 222 11 222111 SC rrr rvr vvr rv rrvvr rr rr rr rr rrrrrrvvr === == =−= +− +−= = −= += = += ∫ ∫ 58 Forças atuantes no óleo diesel devido à curva prezível) 46,13N(desR .sen30.APR46,13 esquerda) a (para kN 87,5N 87532R .0,07312.10R67,73 .AP.APR67,73 )sen30.AP(PRF ).AP(P).AP(PRF j46,13i67,73F .dSn.V.ρρV.dVVρ. tdt PdF Y 22mY X 5 X 2m21m1X 202YY 202101XX Vc SC = −= −=−= += −+= −−= −−−+= += + ∂ ∂ == ∫ ∫ rrr vvrr r r Força na curva A força na curva é horizontal e atua para a direita (ação e reação). A intensidade desta força pode romper a tubulação e arrancá-la do seu suporte. Para evitar tal inconveniente, as soldas, conexões, protetores de vibração e outros acessórios do sistema,devem ser periodicamente inspecionados. 2.5 Momento angular para um volume de controle fixo O princípio do momento para um volume de controle finito estabelece que o torque exercido sobre o um volume de controle (V C) é igual à taxa de variação temporal da quantidade de movimento angular no interior do volume de controleadicionado ao fluxo líquido da taxa de quantidade de movimento angular dos fluxos de massa através da superfície de controle, dado pela seguinte expressão: ( ) ∫∫∑∑ ×+×∂ ∂ ===× SCVC 000 dSnV)ρVr(dV)ρVr( t TMFr r rvrrrrrvr (33 c) Onde rr é o vetor distância do vetor velocidade V r ou força F r até o ponto “o - origem ou referência para o calculo dos momentos”, sobre o qual se calcula o momento resultante. Esta expressão é válida para um V C inercial, ou seja, ela é utilizada para um V C em movimento sem aceleração, usando a velocidade relativa do conjunto.No entanto, se o escoamento for permanente e 59 unidimensional, a equação (33) que determina o balanço das forças para um conjunto de partículas dadas, torna-se: ( ) ( ) ( ) entradasaída 00 mVrmVrTFr ×− ×==× ∑∑∑ •• rrrrrrr (34) Onde saídam • e entradam • são os fluxos em massa (ρVS) na saída e entrada do V C . Exemplo 6 Água entra em um “splinker” com um fluxo de 0, 001m3/s, conforme é ilustrado na figura. A área de saída dos bocais é de 30mm2 e o fluxo de água deixa o “splinker” normal à área de saída, sendo o raio do eixo de rotação de 0,2m. Sabendo que a massa específica da água é de 1000kg/m3: a) estabeleça o modelo matemático do “splinker”; b) determine o torque devido à rotação do “splinker”, se o mesmo gira a 500 rpm; e c) o torque exercido no “splinker” quando o mesmo não se movimenta. A massa específica da água é de 1000 kg/m3. 60 Solução: a) modelo matemático Equação da continuidade para o “splinker” em regime permanente: 22 11 2 2211 26 2 SC 2.A Q .A ρ 2. .Aρ.VW 0.W A2.ρ..Aρ.V- m30.10A 0.dSn.Vρ. == =+ = = − ∫ vr Observe que a velocidade para a equação da continuidade na saída do “splinker” é a relativa (W2), pois devido ao movimento circular do “splinker”, aparece a velocidade U2, devido ao M C U executado pelo “splinker”. 61 Equação do momento para o “splinker” em regime permanente ( ) ( ) ( ) entradasaída 00 mVrmVrTFr ×− ×==× ∑∑∑ •• rrrrrrr ( ) 0mVr entrada = ×∑ •rr , na entrada (seção 1), V1 e r1 tem a mesma direção. ( ) kmrVmVr 2 saída rrr •• −= ×∑ kmrVT 2eixo r• −= Velocidade circular 60 Nr 2pi w.rU 2== Velocidade absoluta V2 na saída do “splinker” V2 = W2 – U b) cálculo do torque do “splinker” girando a 500 rpm m/s 16.7 2.30.10 0,001 2.A QW 6 2 2 === − )Nm(horário k 1,24k0,001 . 1000-6,24.0,2.T k Q . .ρ.r-Vkm..r-V=T 4m/s 6,2UWV m/s 10,46 60 .0,22.3,14.500 60 2pipiN.U eixo 2222eixo 22 2 rvr rrr −== = =−= === • c) torque no “splinker” se o mesmo não se movimenta.Nesse caso temos V2=W2=16,7 m/s. (horário) Nm k3,34k0,001 . 1000-16,7.0,2.T k Q . .ρ.r-Vkm..r-V=T eixo 2222eixo rvr rrr −== = • 62 2.6 Equação geral da energia e equação diferencial do momento linear 2.6.1 Equação geral da energia O balanço de energia para um volume de controle é expressa pela seguinte equação: )dAn.V( ρ gz 2 V vPu dV ρgz 2 V u t WQ SC ff 2 f fff VC VC 2 VC VC ∫∫ ++++ ++ ∂ ∂ =− •• rr (35) Onde: • Q = fluxo de calor que cruza a superfície do volume de controle (W ou kW) • W = potência fornecida ou recebida pelo volume de controle (W ou kW) ++ ∂ ∂ ∫ VC VC 2 VC VC dV ρgz2 V u t = taxa de variação de energia do volume de controle (W ou kW) )dAn.V( ρ gz 2 VVPu SC ff 2 f fff∫ +++ rr = taxa de variação de energia dos fluxos de massa que cruzam a superfície de controle (w ou kW). A equação da energia adota a seguinte convenção para o calor e trabalho: Se o calor é adicionado ao V C, positivoé Q • , se retirado, negativo Qé • . Se trabalho é fornecido pelo V C, positivoé W • , se recebido, negativo. Wé • Os índices f e VC referem-se aos fluxos de massa e ao volume de controle e os termos VC 2 VC VC gz2 V u ++ e +++ f 2 f fff gz2 VPu v são as energias especificas do V C e dos fluxos de massa em J/kg ou kJ/kg. O termo fff VPu + é denominado de entalpia, sendo )kg/kJoukg/J( uf , fP (Pa ou kPa), vf (m3/kg), e Vf (m/s) a energia interna, a pressão, o volume específico e a velocidade do fluido que cruza a 63 superfície de controle. Os termos uvc (J/kg ou kJ/kg) e Vvc (m/s) são a energia interna e a velocidade do volume de controle. O termo ).dAn.V( ρ f rr simboliza os fluxos de massa (kg/s) que cruzam a superfície de controle, sendo este termo positivo para os fluxos que saem da superfície de controle ( fV r e n r de mesmo sentido) e negativo para os fluxos de massa que adentram o volume de controle ( fV r e n r de sentidos opostos) sendo este termo será simbolizado por E∑ • m e S∑ • m . A equação (35) pode então ser reescrita na seguinte forma: ∑∑ ++−+++=− gze)2 V(hmgzs) 2 V(hm dt dEWQ 2 e ee 2 s ss vc &&&& (35 a) 2.6.2 Equação da energia para regime permanente Considerando regime permanente e escoamento unidimensional: gze) 2 V(hgzs) 2 V(hWQ 2 e e 2 s s ++−+++=− •• mm&& (35 b) Fazendo • • = m W w e • • = m Qq , a equação (35 b) pode ser reescrita na forma específica: g q gg P g P PP Se Se −+ − +++ ρ =++ ρ ++ ρ +=++ ρ + +++=++ g wuu zs 2g V ze 2g V gzs 2 V ugze 2 V u wq-gzs 2 Vhgze 2 Vh eS 2 S 2 e 2 S S 2 e e 2 s s 2 e e (35 c) 64 No caso do escoamento de líquidos incompressíveis, o termo g eS uu − é nulo. O termos g w (kg.m/kg) e g q (kg.m/kg) são os equivalentes do trabalho e calor expressos em formas de altura, sendo ρ eP (m), e ρ SP (m), 2g V 2e (m), 2g V 2S (m) as alturas de pressão ou piezométricas, e de velocidade. As alturas ze (m) e zS (m) são as alturas estáticas dos pontos de entrada e saída do fluxo de massa do fluido que cruza a superfície do volume de controle. Para o caso de escoamento unidimensional que envolva bombas e turbinas de um fluido incompressível e sem efeitos viscosos considerados, a equação (35 c) será substituída pela equação (36). zs 2g αV ρg PHHHze 2g αV ρg P 2SS perdasturbinabomba 2 ee ++=−−+++ (36) Na qualα é o fator de taquicarga, que, na ausência de informações, pode ser tomado como 1,06. Determinadas as alturas da bomba e da turbina, a potência recebida (bomba) ou fornecida (turbina) pelo fluido é determinada pelas equações: bomba bomba bomba n ρgQHP = (37) turbinaturbinaturbinaa .nρgQHP = (38) 65 2.6.3 Equação
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