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UnB - Universidade de Brasília Instituto de Química - Laboratório de CatáliseU n i v e r s i d a d e d e B r a s í l i a - I n s t i t u t o d e Q u í m i c a UnB - Universidade de Brasília Instituto de Química - Laboratório de Catálise Nível: Graduação Professor Julio Lemos de Macedo ESTRUTURA ATÔMICA Penetração e Blindagem Carga Nuclear Efetiva Propriedade Periódicas Blindagem & Penetração Vimos que: Em átomos com um elétron (hidrogenóides), os orbitais de uma mesma camada são degenerados. Em átomos com dois elétrons, como o He, um elétron sofre repulsão do outro elétron: He Energia cinética dos e-. Energia potencial de atração e-n. Energia potencial de repulsão e-e. He → He+ + e- EI1 = 2372 kJ He+ → He2+ + e- EI2 = 5248 kJ ◦ Um elétron reduz a carga nuclear do outro elétron. De forma geral, em átomos polieletrônicos, um elétron sofre repulsões de todos os outros elétrons, reduzindo a carga total do núcleo. Esse efeito recebe o nome de blindagem. A carga reduzida experimentada pelos elétrons blindados é chamada carga nuclear efetiva (Z*). A Z* experimentada por elétrons nos orbitais s e p são diferentes, pois as funções de onda são diferentes, ou seja, os orbitais de uma mesma camada NÃO são degenerados. ◦ Um elétron em s tem maior penetração através das camadas internas que um elétron em p da mesma camada, experimentando uma maior Z*. F u n ç ã o d e D is tr ib u iç ã o R a d ia l r/ao Os efeitos de penetração e blindagem dos orbitais são responsáveis pela ordenação dos níveis de energia nos átomos polieletrônicos: 1s < 2s < 2p < 3s < 3p, etc. Princípio de Exclusão de Pauli: Somente dois e- podem ocupar um único orbital e seus spins devem estar emparelhados. Regra de Hund: Máxima multiplicidade de spin. Z Elemento Configuração Eletrônica 1 H 1s1 2 He 1s2 3 Li [He]2s1 4 Be [He]2s2 5 B [He]2s22p1 6 C [He]2s22p2 7 N [He]2s22p3 8 O [He]2s22p4 9 F [He]2s22p5 10 Ne [He]2s22p6 Configuração eletrônica dos elementos do 1º e 2o períodos: O conceito de carga nuclear efetiva (Z*) foi estabelecido em 1930 por J. C. Slater (1900 - 1976): “É a carga sentida por um elétron em um dado orbital em função da sua maior ou menor blindagem em relação ao núcleo atômico.” Z* = Z - Z* carga nuclear efetiva. Z carga nuclear = número atômico. constante de blindagem. Na aproximação orbital tratamos a repulsão entre e- supondo que a carga eletrônica estivesse distribuída esfericamente ao redor do núcleo: Cada e- se move no campo atrativo do núcleo e sente a carga repulsiva média dos outros e-. Segundo as leis da eletrostática, o campo gerado por uma distribuição esférica de carga é equivalente a uma carga pontual no centro da distribuição. r Vimos que a presença de um elétron dentro das camadas de outros elétrons é chamada penetração. Ex.: Para o Li, existe uma probabilidade diferente de zero de que o elétron do orbital 2s seja encontrado dentro da camada 1s e experimente a carga nuclear total. Quanto mais próximo do núcleo o elétron penetrar, mais próximo será o valor de Z* em relação a Z, resultando em: maior estabilidade. menor blindagem. ns > np > nd > nf (efeito de penetração). A penetração de um elétron em 2s no caroço interno é maior do que a de um elétron 2p, pois este último vai a zero no núcleo. Há um conjunto de regras empíricas, estabelecidas por Slater, para estimar a extensão da blindagem: Dividir em grupos (ns, np) ou (nd, nf). Aplicar uma tabela de valores, conforme o grupo que o elétron pertença. Grupos de Elétrons Grupos Mais Altos Mesmo Grupo Grupos n - 1 Grupos Menores que n - 1 (1s) 0 0,30 - - (ns, np) 0 0,35 0,85 1,00 (nd, nf) 0 0,35 elétrons fora do grupo 1,00 Tabela para o cálculo da constante de blindagem (): Exemplo 1 Na (Z = 11): 1s2 2s2 2p6 3s1 (1s)2 (2s, 2p)8 (3s, 3p)1 Para um elétron em 1s: = (9 x 0) + (1 x 0,30) = 0 + 0,30 = 0,30. Z* = 11 – 0,30 = 10,70. Para um elétron em 2s: = (1 x 0) + (7 x 0,35) + (2 x 0,85) = 0 + 2,45 + 1,70 = 4,15. Z* = 11 - 4,15 = 6,85. Para um elétron em 3s: = (8 x 0,85) + (2 x 1,00) = 6,80 + 2,00 = 8,80. Z* = 11 - 8,80 = 2,20. Como conseqüência, na ionização do sódio: Na 1s2 2s2 2p6 3s1 Na+ 1s2 2s2 2p6 O elétron é retirado primeiro do nível 3s, pois apresenta menor carga nuclear efetiva. Função de distribuição radial dos orbitais do Na. Exercício 1 Calcule a Z* de um elétron em 1s e 2s no C: C (Z = 6): 1s2 2s2 2p2 Grupos de Elétrons Grupos Mais Altos Mesmo Grupo Grupos n - 1 Grupos Menores que n - 1 (1s) 0 0,30 - - (ns, np) 0 0,35 0,85 1,00 (nd, nf) 0 0,35 elétrons fora do grupo 1,00 (1s)2 (2s, 2p)4 Para um elétron 1s: = (4 x 0) + (1 x 0,30) = 0,30. Z* = 6 – 0,30 = 5,70. Para um elétron 2s: = (3 x 0,35) + (2 x 0,85) = 2,75. Z* = 6 - 2,75 = 3,25. Exercício 2 Calcule a Z* de um elétron em 1s, 2s e 3p no Cl: Cl (Z = 17): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 Grupos de Elétrons Grupos Mais Altos Mesmo Grupo Grupos n - 1 Grupos Menores que n - 1 (1s) 0 0,30 - - (ns, np) 0 0,35 0,85 1,00 (nd, nf) 0 0,35 elétrons fora do grupo 1,00 (1s)2 (2s, 2p)8 (3s, 3p)7 Para um elétron 1s: = (15 x 0) + (1 x 0,30) = 0,30. Z* = 17 – 0,30 = 16,70. Para um elétron 2s: = (7 x 0) + (7 x 0,35) + (2 x 0,85) = 4,15. Z* = 17 - 4,15 = 12,85. Para um elétron 3p: = (6 x 0,35) + (8 x 0,85) + (2 x 1,00) = 10,90. Z* = 17 - 10,90 = 6,10. Variação de Z* em função de Z do H ao Kr: Representação Detalhada da Dependência dos Níveis de Energia dos Orbitais com o Número Atômico E n e rg ia E n e rg ia Orbitais com menor momento angular (l) apresentam maior efeito de penetração. ◦ A blindagem provocada pelos orbitais 3d é bastante efetiva. ◦ Se um elétron em 4s vai para o orbital 3d, a repulsão e-e aumenta a energia do orbital 3d. As configurações eletrônicas d5 e d10 fornecem uma estabilidade extra. ◦ Estas configurações resultam numa distribuição simétrica da carga eletrônica, minimizando repulsões. ◦ Esta vantagem energética é chamada energia de troca: ◦ Ex.: Cr (Z = 24) [Ar]3d54s1 e Cu (Z = 29) [Ar]3d104s1 Grupos de Elétrons Grupos Mais Altos Mesmo Grupo Grupos n - 1 Grupos Menores que n - 1 (1s) 0 0,30 - - (ns, np) 0 0,35 0,85 1,00 (nd, nf) 0 0,35 elétrons fora do grupo 1,00 Tabela para o cálculo da constante de blindagem (): Exemplo 2 Cr (Z = 24) (1s)2 (2s, 2p)8 (3s, 3p)8 (3d)5 (4s, 4p)1 Para um elétron em 4s: = (13 x 0,85) + (10 x 1,00) = 11,05 + 10,0 = 21,05. Z* = 24 - 21,05 = 2,95. Para um elétron em 3d: = (1 x 0) + (4 x 0,35) + (18 x 1,00) = 0 + 1,40 + 18,0 = 19,40. Z* = 24 - 19,40 = 4,60. Como conseqüência, na ionização do cromo: Cr 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d5 4s1 Cr2+ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d4 Cr3+ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d3 Os elétrons são retirados primeiro do nível ns, pois eles apresentam menor carga nuclear efetiva para os elementos de transição. Exercício 3 Calcule a Z* de um elétron em 3d e 4s no Sc: Sc (Z = 21): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d1 4s2 Grupos de Elétrons Grupos Mais Altos Mesmo Grupo Grupos n - 1 Grupos Menores que n - 1 (1s) 0 0,30 - - (ns,np) 0 0,35 0,85 1,00 (nd, nf) 0 0,35 elétrons fora do grupo 1,00 Sc (Z = 21) (1s)2 (2s, 2p)8 (3s, 3p)8 (3d)1 (4s, 4p)2 Para um elétron em 4s: = (1 x 0,35) + (9 x 0,85) + (10 x 1,00) = 0,38 + 7,65 + 10,00 = 18,00. Z* = 21 - 18,00 = 3,00. Para um elétron em 3d: = (2 x 0) + (0 x 0,35) + (18 x 1,00) = 0 + 0 + 18,00 = 18,00. Z* = 21 - 18,00 = 3,00. Exercício 4 Calcule a Z* de um elétron em 3p, 3d e 4s no Fe: Fe (Z = 26): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p63d64s2 Grupos de Elétrons Grupos Mais Altos Mesmo Grupo Grupos n - 1 Grupos Menores que n - 1 (1s) 0 0,30 - - (ns, np) 0 0,35 0,85 1,00 (nd, nf) 0 0,35 elétrons fora do grupo 1,00 Tabela Periódica dos Elementos Químicos Propriedades Periódicas Propriedades Periódicas Importantes Raio Atômico Energia de Ionização Afinidade Eletrônica Eletronegatividade Raio Atômico: tamanho de um átomo em função de sua quantidade de elétrons. ◦ À medida que os elétrons ocupam os níveis mais energéticos, o raio atômico dos átomos deve aumentar. ◦ O raio atômico dos elementos aumenta de cima para baixo em um mesmo grupo da tabela periódica. Elemento Z Elétrons Internos Elétrons de Valência Na 11 10 1 Cl 17 10 7 ◦ O raio atômico dos elementos diminui em um mesmo período da tabela periódica à medida que aumenta o número atômico. À medida que se avança da esquerda para a direita em um mesmo período a Z* aumenta, portanto haverá uma redução do raio atômico. Elemento Z Z* Li 3 1,70 1,30 Be 4 2,05 1,95 B 5 2,40 2,60 C 6 2,75 3,25 N 7 3,10 3,90 O 8 3,45 4,55 F 9 3,80 5,20 Tipos de Raio Atômico: Raio metálico: metade da distância determinada entre os núcleos dos átomos vizinhos. Tipos de Raio Atômico: Raio covalente: metade da distância internuclear entre átomos vizinhos do mesmo elemento. Tipos de Raio Atômico: Raio iônico: distância entre os núcleos de cátions e ânions que estão vizinhos. Energia de Ionização (EI): energia para remover um elétron de um átomo gasoso isolado em seu estado fundamental M(g) + EI M + (g) + 1e - Quanto mais energético for o elétron, menor será a energia necessária para arrancá-lo do átomo. Variações das primeiras energias de alguns elementos da tabela periódica: Li (5,39) Be (9,32) B (8,30) C (11,26) N (14,53) O (13,63) F (17,42) Ne (21,56) Na (5,14) Para um mesmo grupo na tabela periódica, a EI diminui de cima para baixo. Para um mesmo período na tabela periódica, a EI aumenta da esquerda para direita. Anomalias na primeira Energia de Ionização (EI) podem ser observadas na tabela periódica. Exemplo 1: ◦ Be ([He]2s2; EI = 9,32) e B ([He]2s22p1; EI = 8,30). ◦ O último elétron do Be encontra-se no subnível 2s e no B o elétron mais energético está no subnível 2p. ◦ Embora o raio do B seja menor que o do Be haverá uma compensação energética, pois o subnível p é mais energético que o subnível s. Exemplo 2: ◦ N ([He]2s22p3; EI = 14,53). ◦ O ([He]2s22p4; EI = 13,63). ◦ Embora o O apresente um raio menor que o N, sua EI também é menor. ◦ A anomalia se deve à simetria da distribuição eletrônica dos orbitais do N neutro e do O+. Em ambos casos os átomos apresentam 3 elétrons no subnível 2p (um em cada px, py e pz). 1a, 2a e 3a energia de ionização de alguns elementos da tabela periódica: Espécie Configuração Eletrônica Energia de Ionização (kJ/mol) Li Li+ Li2+ 1s22s1 1s2 1s1 520 7300 11816 Na Na+ Na2+ 1s22s22p63s1 1s22s22p6 1s22s22p5 496 4563 6913 Be Be+ Be2+ 1s22s2 1s22s1 1s2 899 1757 14850 Mg Mg+ Mg2+ 1s22s22p63s2 1s22s22p63s1 1s22s22p6 738 1451 7734 Afinidade Eletrônica (AE): quantidade de energia liberada quando um átomo gasoso isolado recebe um elétron: A(g) + 1e - A-(g) + AE Alguns elementos liberam energia quando capturam elétrons (processo exotérmico), mas a maioria necessita absorver energia (processo endotérmico). Em um mesmo grupo da tabela periódica a AE diminui de cima para baixo. Em um mesmo período da tabela periódica a AE aumenta da esquerda para direita. Elemento AE (kJ/mol) H AE1 -72,7 O AE1 AE2 -141,0 +780 F AE1 -327,9 S AE1 AE2 -200,4 +590 Cl AE1 -348,8 Eletronegatividade (c): medida empírica da tendência de um átomo em atrair elétrons numa ligação química. Linus Pauling observou que havia uma estabilização termodinâmica adicional para moléculas heteronucleares em reação as homonucleares. Ex.: Cl-Cl (DHligação = 242 kJ/mol). F-F (DHligação = 153 kJ/mol). Cl-F (DHligação = 255 kJ/mol). A ligação Cl-F apresenta uma estabilidade adicional devido ao caráter iônico da ligação química, i.e., um dos elementos é mais eletronegativo que o outro. Pauling inventou uma escala para todos os elementos químicos baseando-se em seus dados termodinâmicos. A diferença de eletronegatividade entre dois elementos é raiz quadrada da diferença de energia devido ao caráter iônico em eV. Ex.: Para o Cl-F, (255 – 198) kJ/mol = 57 kJ/mol = 0,59 eV. Portanto, Dc = (0,59)1/2 = 0,77. Pauling atribuiu uma valor arbitrário de eletronegatividade para um determinado elemento e a partir de dados termoquímicos elaborou valores para todos os elementos. Embora existam outras definições de eletronegatividade, a definição de Pauling é a mais utilizada. A eletronegatividade decresce de cima para baixo em um grupo e aumenta da esquerda para a direita em um período. Polarização aplicação da eletronegatividade para estimar a direção da polaridade nas ligações químicas: C-— H+ (2,6) (2,2) Si+—H- (1,9) (2,2) + menor densidade de carga. - maior densidade de carga. -----x-----x-----x----- Fim da Aula 3 -----x-----x-----x-----
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