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Milanie Klei - vida e obra

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MELANIE KLEIN
 Melanie Klein poderia ter sido, como milhares de outras mulheres de sua época e situação social, uma pobre mulher judia condenada pela sua condição de filha, esposa e mãe a uma vida de profunda infelicidade, submissão, humilhação, ressentimento e fracasso. E, de fato, sua existência pareceu transcorrer assim até os seus trinta e tantos anos. 
 A ligação pessoal com a psicanálise foi muito forte no caso de Melanie: A psicanálise salvou-a como paciente deprimida, ajudou-a como mãe e abriu para ela um campo de realizações profissionais e intelectuais. Ela não teve da psicanálise uma experiência meramente intelectual e profissional. O seu envolvimento visceral com as idéias e com o processo analítico dá o tom a toda a sua obra.
Melanie por volta de 1905
Melanie nasceu Reizes, nome de família de seu pai, vindo a se tornar Klein após se casar com Arthur Klein. 
 Nasceu em Viena, no dia 30 de março de 1882, em uma família de origem hebraica bastante humilde e de poucas condições financeiras, embora dotada de um certo nível cultural, sendo a quarta e última filha do casal Moriz (médico e dentista) e Libussa (dona de casa e proprietária de um pequeno comércio). A irmã mais velha, Emilie, era a preferida do pai; a terceira, Sidonie, a predileta da mãe; e Emanuel, o segundo, era o “Geninho” da família, vindo a ser o preferido da irmã caçula Melanie. 
Melanie (à direita) com os irmãos Emanuel e Sidonie.
Dois de seus irmãos, aos quais era especialmente ligada, morreram precocemente: sua irmã Sidonie, aos sete anos, quando Melanie contava apenas quatro; e seu querido irmão Emanuel, quando ela chegava aos vinte. Seu pai faleceu quando ela tinha 18 anos. O tema das perdas e da melancolia insinuaram-se bem cedo em sua existência, e marcaram profundamente seu pensamento teórico. 
 A morte de Emanuel, em particular, afetou-a bastante, e logo em seguida, aos 21 anos, casou-se com um dos amigos do irmão, o engenheiro químico Arthur Klein, de quem estava noiva desde os 17 anos. Ao lado de Emanuel, ou por seu intermédio, entrara em contato com o mundo cultural, artístico e filosófico de Viena, e desde os 14 anos acalentara o sonho de uma carreira profissional como médica. 
 Logo após o casamento, o casal Klein deixara Viena e começara a residir, em função das necessidades de trabalho do marido, em diversas pequenas cidades do Império Austro-Húngaro até chegar a Budapeste, em 1910. Durante todo esse tempo, Melanie sofre e deprime-se, revolta-se e entra em profundos episódios de desespero e desânimo, que em muito prejudicavam sua capacidade de cuidar dos filhos mais velhos, Melitta e Hans. Passa várias temporadas longe da família, em clínicas de repouso, deixando para a mãe Libussa o cuidado com as crianças. 
Klein, a filha Melitta e o filho Hans
 O ano de 1914 é de grandes mudanças. No âmbito mundial, estoura a Primeira Grande Guerra que afasta Arthur Klein da convivência com a família. Morre Libussa, a mãe de Melanie. 
 E, em 1914, já com 32 anos, dá-se o encontro de Melanie com a psicanálise: Ela lê um texto de Freud sobre os sonhos e começa sua análise com Ferenczi, com a finalidade de livrar-se de sua grave depressão.
 Nasce seu filho caçula Erich. 
 
 À medida que o filho caçula Erich, a quem sempre esteve muito ligada, começou a apresentar alguns sinais de inibição intelectual e bloqueios de curiosidade, ela deu início, com a aprovação de seu analista, a uma intervenção doméstica guiada pelas teorias psicanalíticas.
Seus dois filhos, Hans e o caçula Erich
 Em 1918, Melanie participou do 5° Congresso Internacional de Psicanálise, sediado em Budapeste, e ouviu Freud lendo um texto sobre os avanços da terapia psicanalítica. Já no ano seguinte, ela escreveu e apresentou seu primeiro texto: “Contribuições à Análise na Primeira Infância”, baseado no “tratamento” de Erich, cuja identidade não é exposta. Melanie ingressa como membro da Sociedade de Budapeste. 
 Em 1921, Melanie mudou-se para Berlim, já sem a companhia do marido e sem levar, inicialmente, os dois filhos maiores. 
 Enfrenta resistência por parte de analistas, pois não era médica nem possuía outro diploma universitário.
 Na Alemanha, em 1922 (com 40 anos), Melanie ingressou como membro-associado da Sociedade Psicanalítica de Berlim, o que, a rigor, marcava sua entrada oficial e mais legítima no grande mundo da psicanálise mundial. Em 1924, começou uma segunda análise, com Abraham, e leu seu primeiro trabalho em um Congresso Internacional, além de apresentar outro texto sobre psicanálise de crianças para os colegas de Viena, trabalho para o qual os Freuds já criticavam. 
 No plano pessoal, além da confirmação de sua separação, é um período em que se veste de forma atraente e mesmo extravagante (abusa dos decotes e dos chapéus escandalosos), entra em uma escola de dança de salão, frequenta bailes e inicia um romance que nunca pôde ser plenamente realizado com um homem casado e dez anos mais moço que ela. 
 Em 1925, foi convidada a dar algumas palestras em Londres, o que será o prenúncio do passo mais decisivo de sua trajetória - a ida definitiva para a Inglaterra, em 1926. Essa mudança tanto respondia aos convites dos analistas ingleses, muito impressionados pelo pensamento ousado e pela singularidade da jovem senhora Klein, quanto foi movida pelo estado de orfandade em que Melanie ficou após a morte de Karl Abraham, no final do ano anterior. 
 Sem seu analista e protetor, ela ficava exposta às críticas de membros mais conservadores da Sociedade local, e de Viena, às suas idéias atrevidas no atendimento de crianças. Ela era acusada de violentar a inocência das crianças e perturbar as relações destas com seus pais. No ano seguinte, ingressou como membro da Sociedade Britânica. 
 
 Seu filho Hans morre em 1934, ao escalar uma montanha. A mãe ficou paralisada pela notícia, e não quis comparecer ao enterro. Contudo, na elaboração dessa perda, Melanie Klein escreveu o seu primeiro texto realmente ousado e inovador “Uma Contribuição Para a Psicogênese dos Estados Maníaco-depressivos”, em que o tema da perda e da melancolia, um velho conhecido seu, ingressava no campo de sua teorização psicanalítica. 
 De outro lado, após um reencontro feliz com Melitta que, já casada com outro psicanalista supervisando de Freud, Walter Schmideberg, viera morar em Londres em 1928, e em 1933 ingressara na Sociedade Britânica. As relações da filha (que se formara em medicina, velho sonho materno) com a mãe não era boa. Melitta tornou-se, nos anos seguintes, uma das mais agressivas opositoras de Klein, exibindo um comportamento que chamava a atenção pela extrema agressividade. 
 Melanie Klein nunca revidou publicamente esses ataques escandalosos, que a visavam como psicanalista e, mais ainda, como mãe. Melitta, mais tarde, foi viver nos EUA e nunca se reconciliou com a mãe. 
 Em 1931, aos 49 anos, Klein começou a funcionar como analista didata e a formar “seus” analistas.
 Em 1932 lança seu primeiro livro “A Psicanálise de Crianças”.
Melanie Klein em 1944
 Na segunda metade da década de 1930, estava bem caracterizada uma divergência entre os freudianos de Viena e Berlim e os psicanalistas ingleses, com Klein à frente. 
 Entre 1941 e 1945, juntamente com as bombas que desabavam sobre Londres, em plena Segunda Guerra Mundial, dão-se as divergências que transformaram-se em uma série de debates científicos que ficaram conhecidas como As Controvérsias Freud-Klein. 
 As controvérsias se encerraram com uma nova organização da Sociedade Britânica, formando três grupos: Kleiniano, Freudiano e Independentes.
 A década de 50 foi a da instalação definitiva do Kleinismo no panorama internacional da psicanálise e em 1957 é publicado o último livro de Melanie: Inveja e Gratidão.
Melanie Klein em 1957
 Kein é considerada a criadora da psicanálise de crianças por meio da técnica do brincar, ao considerar o brincar da criança, durante a sessão, como o equivalente à associação
livre do adulto. Acreditava que a transferência para as figuras do mundo externo (pais) e, portanto, para o analista, são possíveis desde a tenra infância, tornando possível a análise de crianças.
 Ao analisar crianças, desenvolveu um profundo entendimento do self infantil e assim contribuiu para o entendimento da personalidade adulta com seus núcleos infantis que persistem por toda a vida.
 O estudo da arquitetura emocional do bebê abriu as portas para a investigação das atividades mentais primitivas, características dos estados psicóticos e, em alguns casos, permitiu tratá-los. 
 A ligação com Erich, o terceiro filho, e depois com os dois netos (Diana e Michael) sempre foi mantida em muito bom estado. 
Melanie Klein com a neta Diana, por volta de 1945.
 Melanie Klein veio a falecer em 1960, aos 78 anos de idade, de câncer de cólon, com sua fama consolidada na Sociedade Britânica e em algumas das sociedades mais jovens da América do Sul, como as da Argentina e do Brasil. O reconhecimento nos EUA e na França demorou mais um pouco, e em vida nunca esteve no topo da Associação Psicanalítica Internacional. 
Melanie Klein em 1955, durante o Congresso da Associação Internacional de psicanálise (IPA) em Genebra.
 A década de 1920: questões do conhecimento e da inibição intelectual.
 No ano de 1932: publica o livro A Psicanálise de Crianças.
 A década de 1930: posição depressiva.
 A década de 1940: posição esquizo-paranóide.
 A década de 1950: inveja e gratidão
Obras completas:
 
 A Psicanálise de Crianças
 Amor, Culpa e Reparação 
 Inveja e Gratidão 
 Narrativa da análise de uma criança.
Bibliografia:
CINTRA, Elisa Maria de Ulhoa; FIGUEIREDO, Luís Claudio. Melanie Klein estilo e pensamento. São Paulo: Escuta, 2014.

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