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Princípios Informadores do Processo Penal

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR- UCSal
PRINCÍPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL
Trabalho sobre os Princípios Informadores do Processo Penal, elaborado para a disciplina Direito Processual Penal, sob a orientação do Professor José Gomes Brito, realizado pelas alunas Adriene Priscila Rosário, Bruna Castro, Isabela Oliveira, Tracy Almeida e Uilcarla Carvalho, do curso de Direito, turno matutino, turma 31.
Salvador – BA
26/09/2013
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................... 3
DESENVOLVIMENTO ......................................................... 4
 	PRINCÍPIO DA VERDADE REAL ........................... 4
 	IMPARCIALIDADE DO JUIZ ................................... 5
 	PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE ............................. 7
 	PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE ............................. 8
 IGUALDADE DAS PARTES .................................... 8
 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE ................. 10
 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE .............................. 12
 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO ........................ 12
 PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES .......... 14
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL ...... 15
PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO ........................................................ 17
ESTADO DE INOCÊNCIA ........................................ 18
PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO .......... 20
PRINCÍPIO DO “NE EAT JUDEX ULTRA PETITA PORTIUM” ............................................................................................ 20
PRINCÍPIO DO “FAVOR REI” .................................. 21
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ............................................................................................. 22
PRINCÍPIO DA IDENTIDADE DAS PARTES .......... 22
CONCLUSÃO .......................................................................... 24
REFERÊNCIAS ........................................................................ 25
Introdução
Princípio significa começo, onde tudo se inicia. Quando se fala em princípios dentro do Direito trazem-se à tona os valores constitucionais que respeitam a ideia evidenciada e praticada no que diz respeito à dignidade humana (direitos e garantias fundamentais pertencentes a todos).
O presente trabalho objetiva uma breve explanação sobre os Princípios Informadores do Processo Penal. Tais princípios possuem tanto caráter processual quanto constitucional, e é essa questão constitucional que dá base ao processo.
São Princípios Informadores do Processo Penal a Verdade Real (art. 156, do CPP), Imparcialidade do Juiz, Oficialidade, Oficiosidade (art. 5º, §§ 4º e 5º e art. 24, do CPP), Igualdade das Partes, Indisponibilidade (arts. 17, 42 e 576, do CPP), Publicidade (art. 792, do CPP), Contraditório (arts. 261 e 263, do CPP), Iniciativa das Partes, Devido Processo Legal (art. 5º, da CF), Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meio Ilícito, Estado de Inocência, Livre Convencimento ou Persuasão Racional, Princípio da Correlação (ne eat judex ultra petita portium), Princípio do favor rei, Princípio do Duplo Grau de Jurisdição e Princípio da Identidade Física do Juiz.
Sobre essas regras jurídicas de imprescindível presença no processo penal, serão abordados conceitos, descrição em lei e exemplos de jurisprudências que mostram como eles são aplicados em questões práticas (resolução das lides penais).
Desenvolvimento
Far-se-á agora um comentário acerca da posição, conceito e função (teórica e prática) de cada Princípio Introdutor do Processo Penal. Observam-se os seguintes princípios:
2.1. Principio da Verdade Real
De acordo com este principio, o juiz deve sempre buscar a veracidade dos fatos não se conformando apenas com o relatado no processo. O fato que se encontra no processo deve corresponder ao que se encontra fora dele.
 O próprio Código de Processo Penal no seu artigo 156 ratifica este princípio:
“O juiz poderá, no curso da instrução, ou antes de proferir a sentença, determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante.”
Este princípio sofre limitações por alguns textos legais, como por exemplo: os limites para depor de pessoas que em razão de função, ofício ou profissão devam guardar segredos (artigo 207 do CPP) e a recusa de depor de parentes do acusado (artigo 206 do CPP).
Exemplo na Jurisprudência:
Processo: HC 95553 SP 2007/0283675-6
Relator(a): Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ)
Julgamento: 13/12/2011
Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA
Publicação: DJe 06/02/2012
Ementa: HABEAS CORPUS. POSSIBILIDADE. JUIZ. DETERMINAÇÃO. DILIGÊNCIAS. PROCESSO PENAL. ART. 156-CPP. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. DESNECESSIDADE. JUNTADA. AUTOS. CONTEÚDO INTEGRAL. DEGRAVAÇÕES. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXCESSO DEPRAZO. FORMAÇÃO DA CULPA. SUPERVENIÊNCIA. SENTENÇAS CONDENATÓRIA E ABSOLUTÓRIA. PREJUÍZO. APRECIAÇÃO. ORDEM CONHECIDA EM PARTE E, NAEXTENSÃO, DENEGADA.
1. Pode o magistrado ordenar, de ofício, no curso da instrução ou antes de proferir a sentença, diligências necessárias a fim de dirimir dúvidas sobre pontos relevantes em relação ao deslinde da causa, nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal, em observância ao princípio da verdade real.
2. O e. Supremo Tribunal Federal e esta Corte já cristalizaram entendimento no sentido da desnecessidade de juntada do conteúdo integral das degravações das interceptações telefônicas, bastando que sejam transcritos os excertos indispensáveis ao embasamento da peça acusatória, não havendo falar em ofensa aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Precedentes.
3. Resta prejudicada a apreciação, por esta Corte, de matéria já analisada por Juízo de cognição mais amplo que a via estreita do writ, com a prolação de sentença.
4. A superveniência de sentença condenatória prejudica o pedido de reconhecimento de excesso de prazo na formação da culpa.
5. Ordem conhecida em parte e, nessa extensão, denegada.
2.2. Imparcialidade do juiz
A imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual seja válida. É o princípio que se resulta na garantia da ordem pública, pois um juiz capaz não tem sua imparcialidade abalada pela suspeição ou impedimento. Este princípio é a garantia de que a justiça para ambas as partes do processo. 
Existem três conceitos sobre as garantias sobre a imparcialidade do juiz (juiz natural): os órgãos jurisdicionais são os instituídos pela Constituição e entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja.
Tem o Estado o dever de prestar as partes um juiz imparcial para a função jurisdicional.
Exemplo de jurisprudência:
	Processo:
	APR 20110057199 SC 2011.005719-9 (Acórdão)
	Relator(a):
	Roberto Lucas Pacheco
	Julgamento:
	12/06/2013
	Órgão Julgador:
	 Quarta Câmara Criminal Julgado
	Parte(s):
	Apelante: A. P.
Advogado:  Mário Biz (26319SC)
Apelado: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Advogado:  Glauco José Riffel (Promotor)
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ASCENDENTE CONTRA DESCENDENTE MENOR DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. CÓDIGO PENAL, ART. 214, C/C ARTS. 224, "A" E 226, II. CONDENAÇÃO. RECURSO DEFENSIVO. PRELIMINAR. NULIDADE DO PROCESSO. SUSPEIÇÃO DO JUIZ. DECLARAÇÃO, EX OFFICIO, APÓS O OFERECIMENTO DAS ALEGAÇÕES FINAIS. SURGIMENTO DA SUSPEIÇÃO. MOMENTO NÃO CONHECIDO. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ. ILEGALIDADE DE TODOS OS ATOS PRATICADOS PELO MAGISTRADO. PRELIMINAR ACOLHIDA.
Tendo o juiz se declarado suspeito para julgar o processo somente após o oferecimento das alegações finais, sem indicar o momento em que a suspeição se originou, devem ser declarados nulos todos os atos por ele praticados, sob pena de violação ao princípio do juiz natural e imparcial. RECURSO PROVIDO. PROCESSO ANULADO DESDE O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA.
Vistos, relatados e discutidos estes autosde Apelação Criminal n.2011.005719-9, da comarca de Ascurra (Vara Única), em que é apelante A. P., e apelado Ministério Público do Estado de Santa Catarina: A Quarta Câmara Criminal decidiu, por unanimidade, dar provimento ao recurso para declarar nulo o feito, desde o recebimento da denúncia (fls. 34-36), inclusive, ante a suspeição do magistrado a quo. Custas legais.
O julgamento, realizado no dia 13 de junho de 2013, foi presidido pelo Exmo. Sr. Des. Jorge Schaefer Martins e dele participaram os Exmos. Srs. Des. Rodrigo Collaço e Newton Varella Júnior. Funcionou como representante do Ministério Público o Exmo. Sr. Dr. Carlos Eduardo Abreu Sá Fortes. O conteúdo do presente acórdão, nos termos do § 2.º do art. 201 do Código de Processo Penal, deverá ser comunicado pelo juízo de origem.
2.3. Princípio da oficialidade
O princípio da oficialidade tem o poder/dever de impulsionar a iniciativa da instauração do processo no âmbito administrativo, independentemente da vontade das partes. A lei permite que nos processos administrativos a revisão se faça em ofício ou em pedido quando surgem fatos novos ou suscetíveis de que haja justificação a inadequação da sanção aplicada, ficando vedado agravamento de sanção.
Este princípio está presente no poder de iniciativa de instaurar processo, instrução de processo e na revisão de suas decisões. A Administração pode agir de ex officio requerendo investigação dos fatos no curso do processo, diligências, laudos, informações e solicitação de pareceres, podendo sempre rever os próprios atos para a consecução do interesse público.
Exemplo de jurisprudência:
Processo:AGTAMS 50244 ES 1999.50.01.005144-5
Relator(a):Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA
Julgamento:28/08/2007
Órgão Julgador:QUARTA TURMA ESPECIALIZADA
Publicação:DJU - Data::06/12/2007 - Página::310
Ementa: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. COFINS. Não se trata de renúncia a direito, mas apenas ao reconhecimento de débitos (matéria de fato), o que, em absoluto, não significa renúncia” a direito (em matéria tributária, impõe-se o princípio da oficialidade, o que significa que, inexistindo a ocorrência do fato gerador não depende nem do contribuinte e, muito menos do fisco, o reconhecimento da respectiva obrigação”) ou existindo, é irrelevante o reconhecimento” de qualquer deles. A adesão ao REFIS se exaure na única condição ali prevista: confissão irrevogável dos débitos”, o que, nem de longe, significa renúncia a direito. Resulta carente de qualquer fundamento lógico ou legal, a pretensão de que a adesão ao REFIS afete o mérito da relação processual ou, muito menos, a subjacente relação tributária, pelo que este pode, em tese, a qualquer momento, voltar a ser questionada, a despeito do acordo de parcelamento. Negado provimento ao agravo interno.
Acórdão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno da UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL, nos termos do voto do (a) Relator (a).
2.4. Principio da oficiosidade
É um princípio geral que se relaciona a todas as autoridades que participam do procedimento criminal, ele difere-se do princípio do impulso oficial, referente ao magistrado.
Quando a autoridade policial e o Ministério Público, por via de regra geral, toma conhecimento a respeito da possível ocorrência de um delito, deverão agir ex officio de imediato sem que para isso haja qualquer provocação, por essa razão (ex officio) recebe o nome princípio da oficiosidade. Ressalva aos casos de ação penal privada (art. 5.º, § 5.º, do CPP) e ação penal pública condicionada.
2.5. Igualdade das partes
O princípio da igualdade está previsto na Constituição Federal.
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, igualdade, à segurança e à propriedade...” (Art. 5º, caput da CF)
Esse princípio é considerado por dois aspectos: o da igualdade na lei, pois ela é destinada ao legislador, ou ao executivo, que elabora leis, medidas provisórias e atos normativos não podendo fazer discriminação e o da igualdade perante a lei que exige dos poderes executivo e judiciário não façam nenhuma discriminação na aplicação da lei.
O princípio da igualdade das partes no processo penal é principal para o juiz proferir uma sentença justa, dando às partes as mesmas oportunidades de produção de provas, interposição de recurso, manifestação e impugnações.
Este princípio decorre da “paridade das armas”, as partes devem ser tratadas igualmente, devendo ser garantido aos litigantes o acesso aos meios processuais igualmente para todos.
Exemplo de jurisprudência:
 
	Processo:
	HC 9591620038170810 PE 0003655-49.2011.8.17.0000
	Relator(a):
	Nivaldo Mulatinho de Medeiros Correia Filho
	Julgamento:
	19/05/2011
	Órgão Julgador:
	Seção Criminal
	Publicação:
	100
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISÃO CRIMINAL. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE INEFICIÊNCIA DA DEFESA TÉNICA. INEXISTÊNCIA. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE AS PARTES. INCORRÊNCIA. REQUERIMENTO PARA RESPONDER AO PROCESSO EM LIBERDADE SEM QUALQUER FUNDAMENTAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DAS HIPÓTESES LEGAIS AUTORIZADORAS DA REVISÃO. ORDEM DENEGADA.
I- Pacífica a jurisprudência dos Tribunais Superiores admitindo a possibilidade de impetração de habeas corpus como substitutivo de recurso, inclusive em se tratando de revisão criminal. Observância dos princípios da fungibilidade e da celeridade.
II- No caso concreto presente, inocorreu qualquer nulidade durante o curso do processo, restando prejudicado o pleito para responder em liberdade. Ademais, a possibilidade de revisão do julgado possui hipóteses restritas e nenhuma dessas foi apontada nos autos.
III- Ordem denegada. Decisão unânime.
Acórdão: À UNANIMIDADE DE VOTOS, DENEGOU-SE A ORDEM.
2.6. Princípio da indisponibilidade
Este proíbe que a autoridade policial paralise de forma injustificada a investigação policial ou arquivamento. Proíbe ainda que o Ministério Público desista da ação (art. 42) não poderá o Ministério Público ficar inerte. A lei lhe conferiu a incumbência de custos legis, sendo assim, deve também ter atribuído estes instrumentos para o seu exercício. Como garantia, a lei processual penal traz dispositivos, como determinação dos prazos para conclusão de inquérito policial (art. 10) e, a proibição da autoridade policial de formular pedido de arquivamento. Art. 17. “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.”
Cabe ao representante do Ministério Público não apenas o papel de acusador, mas ainda a legitimidade e, em alguns casos, o dever de recorrer em favor do Réu, requerendo-lhe benefícios, etc. Sendo assim, este não se enquadra como “parte” na relação formada no processo penal, estabelecendo-se, assim, como órgão encarregado de expor os fatos delituosos e representar o interesse social na sua apuração. 
O art. 28 do Código Penal, disciplina que se o Promotor ao lugar de apresentar denúncia, pugna pelo arquivamento do inquérito, o juiz se considerar improcedente as alegações invocadas pelo MP, fará a remessa do referido inquérito ao Procurador-Geral, e, este oferecerá a denúncia ou manterá o pedido de arquivamento do referido inquérito.
Vale destacar que a indisponibilidade encontra ressalva na lei n° 9.099/1995 que permite a transação penal nos crimes de menor potencial ofensivo. No processo penal, prevalece o princípio da indisponibilidade, por ser o crime uma lesão irreparável ao interesse do meio coletivo.
Por fim restam acreditar na serenidade, compromisso e comprometimento do órgão ministerial para com os interesses sociais e do bem comum, partindo de que, como fiscal da lei não será ele quem irá burlá-la.
Exemplo de jurisprudência:
STJ - HABEAS CORPUS HC 166778 BA 2010/0053073-0 (STJ)
Data de publicação: 13/12/2010
“Ementa: HABEAS CORPUS PREVENTIVO. CRIME DE RESPONSABILIDADE DE PREFEITO. ART. 1o., II DO DEL 201 /67 (EMPRÉSTIMO DE CARRO DA PREFEITURA PARA FINS PARTICULARES DE TERCEIROS).RECEBIMENTO DA DENÚNCIA PELO TRIBUNAL ESTADUAL, SEM AFASTAMENTO DO PREFEITO DO CARGO. INADMISSIBILIDADE DA PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ACUSAÇÃO ACEITA PELO TRIBUNAL DE FORMA MOTIVADA. FATO, EM PRINCÍPIO, TÍPICO. RECEPÇÃO DO DEL 201 /67 PELA ATUAL CONSTITUIÇÃO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE/INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL. CRIME DE RESPONSABILIDADE QUE É PRÓPRIO DE PREFEITO. INCOMPETÊNCIA DA 1A. CÂMARA CRIMINAL PARA O JULGAMENTO DO PACIENTE. QUESTÃO NÃO ENFRENTADA PELO TRIBUNAL A QUO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DA ALEGAÇÃO. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM. ORDEM DENEGADA. 1. O trancamento da Ação Penal por meio de Habeas Corpus é medida excepcional, somente admissível quando transparecer dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade, circunstâncias não evidenciadas na hipótese em exame. 2. A impetração envereda por argumentação relativa ao mérito da acusação, sustentando a ausência de dolo do acusado; todavia, a tese defensiva não é daquelas que se apresentam induvidosa e somente por meio da análise da prova a ser judicializada será possível concluir pela existência ou não do dolo específico na conduta do paciente. 3. Quanto à violação ao princípio da indisponibilidade/indivisibilidade da Ação Penal, porque não denunciado o Vereador condutor do veículo sinistrado, a tese não comporta acolhida, pois o crime de responsabilidade em apuração é próprio de Prefeito. 4. A alegação de que, nos termos da Lei de Organização Judiciária do Estado da Bahia, o julgamento de Prefeito compete ao Pleno do Tribunal de Justiça, e não à Câmara Criminal, carece de adequada comprovação, pois não juntados cópias das referidas normas estaduais, fato que obstaculiza a análise da questão. 5. O DEL 201 /67 tem sido constantemente aplicado tanto por esta Corte como pelo STF sem se cogitar de qualquer inconstitucionalidade. 6. Ordem denegada.”
2.7. Princípio da Publicidade
Aduz o presente princípio que “o processo e os atos processuais são públicos, em regra (CF, art.5º, inc. LX e CPP, art. 792). Respeita-se a publicidade interna (para partes) e externa (para o público em geral). [...]” (NASCIMENTO, Débora)
Porém, há exceção à publicidade dos atos processuais, então evidenciada no CPP, art. 792, § 1º, que descreve especialidades nas quais o processo corre em sigilo (pode ser a própria investigação sigilosa dos inquéritos policiais).
2.8. Princípio do Contraditório
Também chamado de Princípio da Bilateralidade da Audiência, esse princípio informador do processo penal dá o direito à parte acusada, ou ré, a se defender, sem restrições. O principio está sustentado, sobretudo, na ampla defesa (art. 5º, LV, CF/88) e na igualdade das partes (entre outros).
“A verdade atingida pela justiça pública não pode e não deve valer em juízo sem que haja oportunidade de defesa ao indicado. É preciso que seja o julgamento precedido de atos inequívocos de comunicação ao réu: de que ele vai ser acusado; dos termos precisos dessa acusação; e de seus fundamentos de fato (provas) e de direito. Necessário também que essa comunicação seja feita a tempo de possibilitar a contrariedade: nisso está o prazo para conhecimento exato dos fundamentos probatórios e legais da imputação e para a oposição da contrariedade e seus fundamentos de fato (provas) e de direito.” (Almeida, J. Canuto Mendes)
A lei processual afirma que o acusado não deverá ser julgado sem seu representante legal (advogado ou defensor público), deve também ser citado, notificado e intimado no decurso do processo, tendo direito a um rol de testemunhas, assim como o autor da ação, observando-se o disposto no art. 564, III, c, e, f, g, h, l, o, do Código de Processo Penal.
Exemplo de Jurisprudência:
	DADOS: Processo:
	ARE 676701 SP
	Relator (a):
	Min. CÁRMEN LÚCIA
	Julgamento:
	24/04/2012
	Órgão Julgador:
	Primeira Turma
	Publicação:
	ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-096 DIVULG 16-05-2012 PUBLIC 17-05-2012
	Parte(s):
	MIN. CÁRMEN LÚCIA
RICARDO DE ABREU COSTA
FABIANA PINHEIRO FREME FERREIRA
RENATO DE BARROS FONSECA OLIVEIRA
IRINEU ROBERTO ALVES
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PENAL. CRIMES CONTRA A HONRA. ALEGADA CONTRARIEDADE AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA, DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DA LEGALIDADE. NECESSIDADE DE ANÁLISE DE MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL: OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
DECISÃO: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. 1ª Turma, 24.4.2012. (Fonte: JusBrasil)
Aqui, o réu foi condenado pelo crime de difamação na presença de várias pessoas (art.139 c/c art.141, do CP). Pede, então, o seu representante legal, a análise da sentença, alegando contrariedade aos princípios processuais e constitucionais, dentre eles o Princípio do Contraditório. Diz que o querelado foi prejudicado por apresentar tardiamente seu rol de testemunhas (fora do prazo), sendo ouvidas somente as testemunhas do querelante (autor da ação, o ofendido). O juízo negou provimento, tendo o réu que cumprir a pena pela qual fora condenado.
2.9. Princípio da Iniciativa das Partes
Este princípio versa sobre o direito que toda pessoa (física ou jurídica) tem de pedir a proteção do Estado através de uma ação penal.
A ação penal deve ser proposta pelos órgãos competentes, de acordo com o tipo da ação. Se proposta a ação penal pública, ela deve ser feita pelo Ministério Público (art.24, CPP); se a ação penal for privada, será proposta pela própria parte ofendida (se ela tiver legitimidade para tal) ou por seu representante legal (advogado ou defensor público). 
“Do princípio da iniciativa das partes decorre como consequência que o juiz, ao decidir a causa, deve cingir-se aos limites do pedido do autor (MP ou ofendido) e das exceções deduzidas pela outra parte (réu), não julgando sobre o que não foi solicitado pelo autor (ne eat judex ultra petita partium). [...]” (Mirabete, 2003)
Exemplo de jurisprudência:
	DADOS: Processo:
	ACR 7808 RS 2000.71.04.007808-9
	Relator (a):
	TADAAQUI HIROSE
	Julgamento:
	19/09/2006
	Órgão Julgador:
	SÉTIMA TURMA
	Publicação:
	DJ 04/10/2006 PÁGINA: 1063
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ART. 316, CAPUT, DO CP. REITERAÇÃO DE ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. INVIABILIDADE DO EXAME NESTA SEDE. FIRMADA A COMPETÊNCIA FEDERAL PELO STF. NULIDADE DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CORRELAÇÃO, INICIATIVA DAS PARTES, AMPLA DEFESA, CONTRADITÓRIO E DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOCORRÊNCIA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PENA-BASE. REDUÇÃO.
1. O Pretório Excelso, em julgamento de Recurso Extraordinário, fixou a competência da Justiça Federal para processar e julgar o feito, reformando a decisão desta Corte que, em Habeas Corpus, havia declinado da competência, o que inviabiliza a possibilidade de que este Regional reexamine a questão.
2. Não há falar em ferimento ao princípio da correlação, levando-se em conta que a denúncia narra a exigência de vantagem indevida por parte do acusado, relativo à procedimento que estaria totalmente coberto pelo Sistema Único de Saúde. A eventual discrepância de datas e valores, por si só, não tem o condão de confortar a tese de que a condenação divergiu do pedido constante da exordial acusatória.
3. Inviável acolher-se a alegada violação ao princípio da iniciativa das partes (ne procedat judex ex officio), na medida em que, proposta a ação penal, o processo desenvolve-se, também, por impulso oficial, onde o julgador pode determinar, inclusive de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante, sendo este o caso dos autos.
4. O indeferimento motivado de produção de prova relativa a documentos que poderiam ser obtidos pela própria parte, sem necessidade de intervenção judicial, não implica qualquer mácula aos princípios do devido processolegal, ampla defesa e contraditório.
5. Comprovado nos autos que o acusado, de forma livre e consciente, exigiu para si, em razão de sua função, vantagem indevida, resta caracterizado o delito tipificado no art. 316, caput, do CP.
6. Redução da pena-base, considerando que o aumento fixado, em razão de apenas uma circunstância judicial desfavorável, mostrava-se exacerbado.
ACÓRDÃO: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO APELO PARA REDUZIR A PENA BASE, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. (Fonte: JusBrasil)
2.10. Princípio do Devido Processo Legal
De acordo com o que vem prescrito no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal de 1988: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
O princípio do Devido Processo Legal tem origem inglesa (Due Process of Law), assegurando às partes conflitantes que o seu processo se desenvolverá devidamente dentro do que for estabelecido dentro da lei. Esse princípio está extremamente interligado com outros princípios informadores do processo penal, permitindo as suas garantias dentro do processo.
“Em decorrência do princípio do devido processo legal, podem-se alegar algumas garantias constitucionais imprescindíveis ao acusado, que constituem corolários da regularidade processual:
a) Não identificação criminal de quem é civilmente identificado (inciso LVIII, da Magna Carta de 1988, regulamentada pela Lei nº 10.054/00);
b) Prisão só será realizada em flagrante ou por ordem judicial (inciso LVI, CF/88), que importou em não recepção da prisão administrativa prevista nos arts. 319 e 320 do Código de Processo Penal;
c) Relaxamento da prisão ilegal (inciso LXV, CF/88);
d) Comunicação imediata da prisão ao juiz competente e à família do preso (inciso LXII, Carta Magna de 1988);
e) Direito ao silêncio, bem como, a assistência jurídica e familiar ao acusado (inciso LXIII, CF/88);
f) Identificação dos responsáveis pela prisão e/ou pelo interrogatório policial (inciso LXIV, Magna Carta de 1988);
g) Direito de não ser levado à prisão quando admitida liberdade provisória, com ou sem o pagamento de fiança (inciso LXVI, CF/88);
h) Impossibilidade de prisão civil, observadas as exceções dispostas no texto constitucional (LXVII, CF/88).” (PACHECO, Eliana)
Exemplo de Jurisprudência:
DADOS: Processo: RECSENSES 201000010038525 PI
Relator (a): Des. Sebastião Ribeiro Martins
Julgamento: 20/10/2010
Órgão Julgador: 2ª. Câmara Especializada Criminal.
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. APLICAÇÃO INDEVIDA DA PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 438 DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça sedimentaram o entendimento de que não se admite no ordenamento jurídico pátrio a extinção da punibilidade em virtude de prescrição da pretensão punitiva com base em previsão da pena que hipoteticamente seria aplicada, independentemente da existência ou resultado do processo criminal. Incidência da Súmula 438 do STJ.
2. Carece totalmente de amparo jurídico, em nosso sistema processual penal, a denominada prescrição antecipada ou virtual da pena, que tem como referencial condenação hipotética. Ofensa ao Princípio do devido processo legal e seus corolários.
3. Recurso conhecido e provido. (Fonte: JusBrasil)
O Ministério Público pediu que o Juiz recorresse da sentença dada ao réu (processado pelo crime de furto, art.155, do CP), que fora absolvido sendo alegada a extinção da punibilidade por prescrição virtual do crime. O Ministério Público apresentou contrarrazões, dizendo que a prescrição virtual não é válida na legislação brasileira. O então pedido do MP foi aceito e foi dado improvimento da extinção da punibilidade, devendo o réu cumprir a pena a que fora condenado. 
2.11. Princípio da Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios Ilícitos
A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LVI, proíbe a admissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos, as chamadas provas vedadas.
A vedação deriva de uma contrariedade a um preceito legal específico, seja ele material ou processual, diferenciando apenas a classificação da prova. A prova ilícita deriva de uma contrariedade a um preceito material, já a prova ilegítima, deriva de uma contrariedade a um preceito processual.
Ocorre também a inadmissibilidade das provas por derivação, são provas que em si são lícitas, mas foram colhidas de maneira ilegal.
O Supremo Tribunal Federal tem se utilizado da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada, que teve origem na Suprema Corte Norte Americana. As provas advindas de uma prova originária que foi obtida de maneira ilegal não podem ser admitidas.
 
2.12. Estado de inocência
O princípio da presunção de inocência ou estado de inocência está previsto no art. 5º, LVII da Constituição Federal: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”.
O estado de inocência ocorre do princípio do direito natural, incluído na sociedade livre, de base democrática que respeita os valores morais, éticos e principalmente os pessoais com essência da proteção humana.
Três aspectos que desdobram o princípio da presunção de inocência: o momento da avaliação da prova, em favor do acusado se estiver dúvidas; instrução processual, com a pretensão relativa de não-culpabilidade, invertendo-se o ônus da prova e no curso do processo penal, como paradigma de tratamento do imputado, especialmente no que pertence à análise da necessidade da prisão processual.
A prisão processual não viola o princípio do estado de inocência, intitulado na Súmula 9 do Superior Tribunal de Justiça.
Exemplo de jurisprudência:
	Processo:
	8764943 PR 876494-3 (Acórdão)
	Relator(a):
	Luiz Cezar Nicolau
	Julgamento:
	01/03/2012
	Órgão Julgador:
	4ª Câmara Criminal
Ementa: HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. TRÁFICO DE DROGA. PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA (ART. 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL). RESTRIÇÃO LEGAL (ART. 44 DA LEI DE TÓXICOS) E VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL (ART.5º, XLIII, CF) PARA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO. GRAVIDADE EM CONCRETO DO DELITO, CONSISTENTE NO TRANSPORTE DE MAIS DE DEZ QUILOGRAMAS DE HAXIXE. IRREVOGABILIDADE DO ART. 44 PELA LEI11.464/2007 QUE ALTEROU A LEI 8.072/90. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PRINCÍPIOS DO ESTADO DE INOCÊNCIA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL NÃO VIOLADOS, EM VIRTUDE DA AUTORIZAÇÃO CONSTITUCIONAL DA MEDIDA.
O delito cometido e confessado pelo paciente pode ser considerado concretamente grave, vez que consistente no transporte interestadual de mais de dez quilogramas de haxixe, o que justifica a necessidade de garantia da ordem pública mediante prisão preventiva. O tráfico de droga é crime de perigo permanente, trazendo risco social efetivo, concreto, à comunidade como um todo, colocando, por isso, sem dúvida alguma, a ordem pública em estado de vulnerabilidade, o que, por si só, é motivo legal mais do que suficiente para a segregação cautelar do agente, como autoriza o art. 312 do Código de Processo Penal. Ademais, há restrição legal e vedação constitucional para a concessão de benefício de liberdade provisória, no caso de tráfico de droga. A Lei11.464/2007 não alcança o delito de tráfico de drogas, cuja disciplina já constava de lei especial (Lei 11.343/2006, art. 44, cabeça), conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, não tendo havido, portanto, revogação da restrição do art. 44. Os princípios da presunção do estado de inocência e do devido processo legal não restam violados com a prisão cautelar do paciente, porque a própria Constituição Federal cuida de restringir a liberdade quando autoriza a não concessão de fiança em determinados crimes, sendo que o de tráfico de drogas é um deles, além de, concretamente, estar presente, aqui, ao menos um dos motivos da medida extrema (garantia da ordem pública, art. 312 do Código de Processo Penal). CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS DO PACIENTE.NÃO GARANTIA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PLEITEADO. Conforme pacífico entendimento da jurisprudência, as condições favoráveis do paciente, consistentes em primariedade, ausência de antecedentes criminais, família constituída, atividade laborativa lícita, residência fixa, não constituem garantia à concessão de liberdade provisória, notadamente quando presentes ao menos uma das hipóteses da prisão cautelar e diante de expressa restrição legal e constitucional ao deferimento desse benefício. ORDEM DENEGADA.
2.13. Princípio do livre convencimento
Disciplinado pelo art. 157 do Código de Processo Penal, esse princípio não permite que o juiz venha a julgar com conhecimento eventual que tenha feito além das provas constantes nos autos, assim, o que não estiver dentro do processo é o mesmo que inexistente. O processo devera ser o universo no qual o magistrado deverá se ater. Este princípio visa garantir a existência de julgamentos imparciais. A sentença não é a exteriorização da livre convicção formada pelo juiz em face de provas apresentadas nos autos e não um ato que se possa ser formulado através da fé.
Exemplo de jurisdição:
Data de publicação: 03/02/2012
“Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA ODELITO DE USO DESCONSIDERAÇÃO DO LAUDO PERICIAL. NECESSIDADE DEREEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA DO WRIT. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ. 1. A conduta do agente enquadra-se perfeitamente ao tipo penal imposto. Qualquer entendimento contrário, no sentido de ser reconhecida a qualidade de usuário do impetrante/paciente e a desclassificação do delito de tráfico, demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória, inviável por meio de habeas corpus. 2. O juiz de direito não fica adstrito às conclusões dos peritos podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos. 3. Ordem denegada.”
2.14. Princípio ne eat judex ultra petita portium
O princípio ne eat judex ultra petita portium é decorrente do princípio da iniciativa das partes, e limita a atividade do magistrado com relação a decisão do processo, o juiz ele tem que agir dentro dos limites do que foi pedido pelas partes, não julgando o que não foi solicitado.
Porém o artigo 383 do Código de Processo Penal menciona que “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.”, é uma exceção ao princípio mencionado, no qual o juiz, se achar conveniente, pode dar definição jurídica do fato diferente da que contém na denúncia ou na queixa crime, ainda que tenha que aplicar uma pena mais grave, tal disposição é qualificada pela doutrina como emendatio libeli.
2.15. Princípio do favor rei
Também conhecido como “in dubio pro reo”, corolário ao princípio do Estado de Inocência, ou Presunção da Inocência, decorre da insuficiência de provas acusatórias, limitando o direito/dever do Estado de punir, impedindo que este aja de maneira parcial, consequentemente que o cidadão seja punido injustamente. O aludido princípio também está prevista na Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso LVII. Sendo dessa forma uma garantia constitucional que visa a proteção da dignidade da pessoa humana, assevera que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
“Na dúvida, sempre prevalece o interesse do acusado (in dubio pro reo). Por isso a própria lei prevê a absolvição por insuficiência de prova; a proibição da reformatio in pejus; os recursos privativos da defesa, como o protesto por novo júri, os embargos infringentes ou de nulidade, a revisão criminal, o princípio do estado de inocência etc.” (MIRABETE, 2008)
Artigo 386 do Código de Processo Penal versa:
“O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
V - estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
VI - existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena;
VII - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal.”
2.16. Princípio do duplo grau de jurisdição
O princípio o duplo grau de jurisdição não deriva de textos legais, e sim da própria estrutura do Poder Judiciário. Este princípio possibilita que a sentença proferida seja revisada por uma instância superior, esta revisão se dará através de recurso.
Constituição Federal confere a alguns órgãos esta competência recursal de acordo com os artigo 102, inciso II , artigo 105, inciso II e artigo 108, inciso II.
O princípio o duplo grau de jurisdição observa que os juízes são homens, e sendo assim, são passíveis de erro, o que torna necessária a existência de um órgão superior a instância originária do processo.
Exemplo na Jurisprudência:
EMENTA - Nulidade na fixação da pena. Garantia do duplo grau de jurisdição. Princípio da instrumentalidade das formas. Princípio da pessoalidade das penas. Antecipação do pronunciamento de mérito pelo Tribunal. Possibilidade, se fixada a pena no mínimo legal. A nulidade da sentença em face da errônea fixação da pena na primeira instância, não deve ser pronunciada quando o Tribunal verifica desde logo que a reprimenda deveria ter sido fixada no mínimo legal. Em tais casos, em homenagem ao princípio da instrumentalidade das formas, só resta ao Tribunal antecipar seu pronunciamento de mérito, reduzindo a pena para o mínimo legal, ficando prejudicada ao Ministério Público a garantia ao duplo grau de jurisdição. Trata-se de um ônus processual a ser suportado pelo Estado diante da ineficiência do órgão judiciário, não podendo, em tais casos, exigir-se do réu que sofra um retardamento da prestação jurisdicional causada por uma nulidade para a qual ele em nada contribuiu e que não acarretou prejuízo algum na aferição da verdade real. (TJMG - Apelação Criminal Nº 325.495-1 - Relator: ERONY DA SILVA - Data do acordão: 14/08/2001 - Data da publicação: 25/08/2001 - Número do processo: 2.0000.00.325495-1/000(1) )
2.17. Princípio da identidade física do juiz
O princípio da identidade física do juiz, fundada com o objetivo de conceder maior qualidade, celeridade e clareza aos julgamentos, diz respeito à vinculação do juiz com relação ao processo, previsto no artigo 399, § 2º do CPP “o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença". Visto que se o juiz colheu as provas terá condições suficientes para analisar ao fatos e assim então poder prolatar a sentença. A violação do mencionado artigo prejudica o princípio do devido processo legal, podendo ocasionar nulidade do processo, comportando exceções nos casos de, promoção, aposentadoria, licença ou afastamento, podendo outro juiz sentenciar o processo.
Exemplo de exceção ao princípio da Identidade física do juiz:
EMENTA. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 33, CAPUT , C/C ART.40, INCISO V, AMBOS DA LEI Nº 11.343/06. DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. TESE NAO APRESENTADA PERANTE A AUTORIDADE COATORA. SUPRESSAO DE INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. APLICAÇAO ANALÓGICA DO ART. 132 DO CPC. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
(...) II - Segundo o Princípio da Identidade Física do Juiz, previsto no art. 399, § 2º, do CPP (modificação trazida pela Lei nº 11.719/08), o Magistrado que concluir a instrução em audiência deverá sentenciar o feito. III - No entanto, em razão da ausência de regras específicas, deve-se aplicar por analogia o disposto no art. 132 do CPC, segundo o qual no caso de ausência por convocação, licença, afastamento, promoção ou aposentadoria, deverão os autos passarem ao sucessor do Magistrado. IV - "A adoção do princípio da identidade física do Juiz no processo penal não pode conduzir ao raciocínio simplista de dispensar totalmente e em todas as situações a colaboração de outro juízo na realização de atos judiciais, inclusive do interrogatório doacusado, sob pena de subverter a finalidade da reforma do processo penal, criando entraves à realização da Jurisdição Penal que somente interessam aos que pretendem se furtar à aplicação da Lei." (CC 99023/PR, 3ª Seção, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJU de 28/08/2009).
Conclusão
O Direito Penal é uma ciência que visa proteger os valores e os bens fundamentais do homem, essa proteção também engloba a sociedade e o Estado. O Direito Processual Penal é a ferramenta para essa efetivação.
Concluí-se, portanto, que os princípios informadores do processo penal são normas máximas e asseguram que o processo transcorra de forma correta, do contrário pode ocorrer a nulidade do processo. 
O homem deve ser medida primeira e última e por isso mesmo não se pode afastar do processo o princípio da dignidade da pessoa humana.
Referências
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BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro, Rio de Janeiro: Revam, 11ª ed., 2007.
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DORÓ, Tereza Nascimento Rocha Dóro. Princípios no Processo Penal Brasileiro, Campinas – SP: Copola, 1999.
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LIMA, Gérson Marques de. Fundamentos Constitucionais do Processo, editora Malheiros Editores LTDA, 2002.
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