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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU CURSO DIREITO Direito Processual Penal – Rito Comum Prof. Renata Fisher ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) PALOMA EDUARDA CAZUZA DO CARMO RA 8706840 T. 3106A04 PROPOSTA OPÇÃO DE ATIVIDADE 1 No caso desta disciplina será prevista como tal atividade a leitura e discussão interpretativa de precedentes jurisprudenciais sobre a matéria do Direito Processual Penal, especificamente sobre os princípios que norteiam o processo penal, que serão devidamente indicados pelo professor em sala de aula. A familiarização com o julgado será realizada em horário não presencial pelos alunos, seguido da elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no ambiente virtual (BlackBoard). SUMÁRIO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCENCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE ...........................................................................03 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA ..........04 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ......................................................04 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL .....................................................05 PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PROVA ILÍCITA ..........................05 PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL .................................06 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL ..............................06 PRINCÍPIO DA INTRANSCEDÊNCIA ............................................06 PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO .................................07 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS ..........07 PRINCÍPIO DA PLENITUDE DA DEFESA .....................................08 JURISPRUDÊNCIAS ......................................................................09 BIBLIOGRAFIA ...............................................................................10 1. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCENCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE Em nossa Constituição Federal de 1988, nos traz que: Art. 5º - todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Ademais, a declaração dos Direitos Humanos, da ONU, em 1948, segundo a qual “toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma inocência, enquanto não se aprova sua culpabilidade, de acordo com a lei e em processo publico no qual se assegurem todas as garantias necessárias para sua defesa” (art. 11). Enquanto não ocorrer o trânsito em julgado de sentença condenatória, presume-se que a pessoa sendo processada é inocente. Cabe ao Estado provar. Em 1974, Cesare Beccaria, em sua obra Dos Delitos e Das Penas, já introduzia que “um homem não pode ser chamado de réu antes da sentença do juiz, e a sociedade só lhe pode retirar a proteção pública após ter decidido que ele violou os pactos por meio dos quais ela lhe foi outorgada”. Existem duas regras que são primordiais para o principio abordado, sendo eles: a) a regra probatória, pela qual a parte acusadora tem o ônus de manifestar a culpabilidade do autor, sendo vedado que alguém seja considerado culpado até que a sentença do processo esteja transitado em julgado, o que detém qualquer antecipação de juízo condenatório ou de culpabilidade. B) regra de tratamento, é a concessão antecipada dos benefícios da execução penal ao preso cautelar, que se embasa na manutenção ou decretação da prisão do acusado ANTES do trânsito em julgado da sentença condenatória, devido a presença de uma das hipóteses que autoriza a prisão preventiva, por fim, nada impede a aceitação antecipada dos benefícios da execução penal definitiva ao preso cautelar. 2. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Conforme discorre o artigo 5º, LV, da Constituição Federal Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. O princípio do contraditório é o direito de se contradizer, opor, responder aos atos impostos pela parte contrária e de acordo com Joaquim Canuto Mendes de Almeida “o principio do contraditório é composto por dois elementos, sendo uma delas o direito as partes de informação sobre o processo, garantindo que a parte contrária esteja ciente da demanda que lhe é proposta, e a outra o direito das partes de participar do processo, dando às partes a possibilidade de reagir, manifestando contrariedade à pretensão da parte contrária, utilizando-se dos meios de comunicação nos autos, quais sejam a citação, intimação e notificação”. No Processo Penal, o acusado, além de possuir o direito à informação e participação ao processo, detém ainda o direito e a obrigação, imposta pelo ordenamento jurídico, de possuir a assistência de um defensor, ainda que ele não tenha interesse em propor uma manifestação à pretensão acusatória, conforme disposto no art. 261 CPP. Falar que um acusado possui o direito a ampla defesa, subentende-se que ele pode se utilizar de todos os meios LÍCITOS e admitidos no ordenamento jurídico para provar sua inocência, tem o direito de produzir provas e recorrer se for o caso, direito à um advogado, próprio ou dativo. Apesar da proximidade entre os princípios da ampla defesa e do contraditório, é necessário que não haja confusão, visto que ambos são interligados e se influenciam, a modo de que a ampla defesa se manifesta pelo princípio do contraditório 3. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Segundo o art. 5º, LX da Carta Magna “à lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem.” TODOS os atos da administração pública devem ser transparentes. Ao cidadão que ter acesso a todo e qualquer dos atos praticados no curso do processo, demonstra uma clara postura democrática, e tem por objetivo confirmar a transparência da atividade jurisdicional. A publicidade é ampla, plena, popular, quando os atos processuais são praticados perante as partes, e, ainda, abertos a todo público. Entretanto, existe as limitações de publicidade dos atos processuais, alguns atos ou todos eles devem ser realizados somente perante as partes. Segundo Luigi Ferrajoli, “cuida-se de garantia de segundo grau, ou garantia de garantia. Isso porque, segundo o autor para que seja possível o controle da observância das garantias primárias da contestação da acusação, do ônus da prova e do contraditória com a defesa, é indispensável que o processo se desenvolva em público.” 4. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ART. 5º, LIII, CF “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;” Necessário ser julgado por juiz competente. É de direito ao cidadão saber a autoridade que irá processar e julgar, caso cometa alguma infração penal contra o ordenamento jurídico, o juiz natural, por fim, é aquele constituído antes da infração ter ocorrido. Este princípio então, tem por objetivo afirmar que as partes serão julgadas por um juiz IMPARCIAL e INDEPENDENTE, pois no processo é necessário que haja um terceiro imparcial, ou seja, que este terceiro não prejudique ou beneficie alguma das partes. Trata por Ada Pellegrini Grinover que “a imparcialidade do juiz, mais do que simples atributo da função jurisdicional, é vista hodiernamente como seu caráter essencial, sendo o princípio do juiz natural erigido em núcleo essencial do exercicio da função. Mais do que direito subjetivo da parte e para além do conteúdo individualista dos direitos processuais, o princípio do juiz natural é garantia da própria jurisdição, seu elemento essencial, sua qualificação substancial. Sem o juiz natural não há função jurisdicional possível”. 5. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PROVA ILÍCITA Art. 5º, LVI, CF “São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. O direito das partes à prova, como qualquer outro direito fundamental, não tem natureza absoluta, existelimitações, como vimos no artigo acima, este princípio segue o preceito do devido processo legal. Mauro Cappelletti, ministra que “também uma moderna concepção probatória, segundo a qual todos os elementos de prova relevantes para a decisão deveriam poder ser submetidos à valoração critica do juiz, admite, no entanto, hipóteses em que o direito à prova pode ceder frente a outros valores, em especial se estão garantidos constitucionalmente”. Hernando Devis Echandia na mesma linha enfatiza a necessidade de o direito à prova sofrer limitações diante da proibição ao uso da prova ilícita”. Prova ilícita é aquela que viola uma norma, de direito material ou não, seja de direito processual. João Batista Lopes assegura que a expressão “provas ilícitas” pode ser entendida em sentido lato, quando tais provas forem contra a Constituição, ao ordenamento jurídico e aos bons costumes. 6. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL O Estado deve assegurar maior celeridade possível nos atos processuais, a fim de economizar tempo as partes. Este princípio orienta os atos do processo, com o intuito que a atividade processual deve ser prestada sempre com o intuito de produzir maiores resultados com o mínimo de esforço, assim evitando o tempo e dinheiro inutilmente. Expresso no art. 5º, LXXVIII, CF “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo penal e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” 7. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL Uma mistura dos princípios do contraditório, ampla defesa, juiz natural, assegura todos estes princípios em todas as etapas previstas em lei e garantias constitucionais, se no processo não forem observadas as regras básicas, sujeito a NULIDADE. É considerado o mais importante princípio constitucional, pois deriva de todos os demais. Conforme art. 5º, LIV, CF “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;” 8. PRINCÍPIO DA INTRANSCEDÊNCIA Ação penal não transcende a pessoa a quem foi imputada a conduta criminosa, em outras palavras, a pena não ultrapassa a pessoa do réu, a pena somente será atribuída à pessoa que cometeu a infração penal. Art. 5º, XLV, CF “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” 9. PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO Também chamado de princípio do nemo tenetur se detegere garante ao cidadão que não seja forçado à realização ou produção de qualquer prova que possa lhe prejudicar. Art. 5º, LXIII “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assegurada a assistência a assistência da familia e de advogado.” Nossa Carta Magna é objetiva no sentido de que nenhum individuo pode ser forçado a produzir provas contra si mesmo. Toda e qualquer prova colhida sem os devidos procedimentos legais estabelecidos em lei estará “contaminada” de vícios, portanto deverá ser desconsiderada do processo. 10. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS O juiz deve SEMPRE fundamentar sua decisão, sob pena de nulidade. A motivação significa trazer os fatos que realmente ocorreram. A fundamentação é se basear legalmente, é uma exigência do Estado de Direito. Art. 93, IX, CF “todos os julgamentos dos Órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. Este princípio tem como premissa o pressuposto da validade do processo, se reveste de nulidade absoluta as decisões sem fundamentação. Os pressupostos da motivação judicial, a motivação das decisões judiciais tem como conjectura: a) o exercicio da lógica e atividade intelectual do juiz; b) individuação das normas aplicáveis; c) análise dos fatos; d) sua qualificação jurídica; e) consequências jurídicas (princípio do livre convencimento motivado). 11. PRINCÍPIO DA PLENITUDE DA DEFESA Este princípio é exercida do Tribunal do Júri, onde permite que se pode valer de todos os meios de defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive mudar toda a tese colocada na primeira fase, Art. 5º, XXXVIII, CF “ é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.” JURISPRUDÊNCIAS SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STF- AG.REG. NO RECURSO EXTRADIORDINÁRIO COM AGRAVO: ARE 70066 DF AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL, EXCLUSÃO DE CANDIDATO. ATO ILEGAL RECONHECIDO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPRAÇÃO DOS PODERES NÃO CONFIGURADA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DE NÃO CULPABILIDADE. INEXISTENCIA. PRECEDENTES. O acordão do Tribunal de origem alinha-se à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não ofende o princípio da separação dos Poderes a decisão judicial que reconhece a ilegalidade de ato administrativo. Precedente. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que viola o princípio constitucional da não culpabilidade (art. 5º, LVII) a exclusão de candidato de certame que responde a inquérito policial. Nesse contexto, conclui-se igualmente ofensiva à Constituição a exclusão de candidato que tenha contra si a existência de termo circunstanciado, cujo crime já está com a punibilidade extinta, e a inscrição de seu nome em cadastro de restrição ao crédito. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF – AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO: AI 856126 MG AGRAVO REGIMENTAL. SERVIDO PUBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PUNIÇÃO DISCIPLINAR. DEMISSAO. ABSOLVIÇÃO NA ESFERA CRIMINAL. ART. 386, III, DO CPP. INDEPENDENCIA DAS INSTÂNCIAS PENAL E ADMINISTRATIVA. OBSERVANCIA DOS PRINCIPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. SÚMULA 279 DO STF. Para se chegar a conclusão diversa daquela a que chegou o acórdão recorrido seria necessário o reexame das provas dos autos, o que é vedado na esfera do recurso extradionário, de acordo com a súmula 279 do Supremo Tribunal Federal. Nos termos da orientação firmada nesta Corte, as esferas penal e administrativa são independentes, somente havendo repercussão da primeira na segunda nos casos de inexistência material do fato ou negativa de autoria. Agravo regimental a que se nega provimento. BIBLIOGRAFIA: LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 2ed. ver. Ampl. e atual. JusPodivm: São Paulo,2014. BONFIM, Edílson Mougenot. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva. 2006. P.56. GOMES FILHO, Antonio Magalhães Gomes. Direito à prova no processo penal. São Paulo: RT. 1997. P. 163. GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES FILHO, Antonio Magalhães. As nulidades no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2004. P. 29. PERO, Maria Thereza Gonçalves. A Motivação da sentença civil. São Paulo: Saraiva. 2001. P. 38. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. V.4. São Paulo: Saraiva. 2005. P. 252. BARBOSA MOREIRA, José Carlos. A constituição e as provas ilicitamente obtidas. Temas de Direito Processual. Sexta Série. São Paulo: Saraiva, 1997. CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à Justiça. Trad. por Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 1988. ECHANDIA, Hernando Devis. Pruebas ilícitas. Revista de processo, v. 32, ano VIII, 1983.