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Dermatofitoses (parte 2)- espécies envolvidas

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Resumo: Dermatofitoses (parte II)
Espécies envolvidas no desenvolvimento de dermatofitoses
Propostas de classificação dos dermatófitos: 1. Sabouraud (1910); 2. Langeron Milochevich e Vanbreuseghem (1966) e 3. Emmons (1934). Nessa última classificação se reconhecem três gêneros de dermatófitos: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. 
Gênero Microsporum
Caracteriza-se pela presença (em cultura) de estruturas de frutificação conhecidas como macroconídios. Essas estruturas são conídios grandes, geralmente de forma navicular divididos por septos transversais. Associados aos macroconídios pode-se ainda observar a presença de microconídios, tanto o macro quanto o microconídios ficam distribuídos ao longo das hifas. As espécies de Microsporum são numerosas, entretanto as mais encontradas são o M. canis e o M. gypseum. 
M. canis:
Dermatófito zoofílico transmitido ao homem por diversos animais domésticos, tendo em nosso meio como principal reservatório os felinos jovens. Clinicamente é caracterizado por lesões do couro cabeludo, sendo observadas grandes placas de alopecia, principalmente em crianças. Entretanto pode causar epidermatofitíases e mais raramente onicomicoses.
Características da cultura:
Apresenta crescimento moderadamente rápido em meio Sabouraud (6 a 10 dias);
O aspecto superficial da colônia apresenta uma textura algodonosa;
Alto pleomorfismo das colônias;
A microscopia direta da colônia mostra grande quantidade de macroconídios fusiformes, de paredes grossas e com numerosas septações. Podem ainda ser observados clamiconídios, órgãos nodulares e hifas pectinadas.
M. gypseum
Espécie geofílica que infecta o homem através do contato com o solo contaminado ou por um animal que tenha sido contaminado também pelo solo. As lesões geralmente são encontradas em partes descobertas do corpo, podendo raramente parasitar o cabelo.
Características da cultura:
Crescimento rápido em ágar Sabouraud (3 a 5 dias);
Macroscopicamente a colônia apresenta-se com uma superfície plana com bordas irregulares, o que lhe confere aspectos de areia da praia;
Alta tendência ao pleomorfismo;
Microscopicamente a colônia apresenta grande quantidade de macroconídios simétricos.
Gênero Trichophyton
Caracterizado pela presença de microconídios de forma arredondada. Esse gênero é o mais frequentemente encontrado em material clínico, acometendo tanto a pele glabra como os cabelos e unhas.
T. rubrum
Espécie antropofílica e cosmopolita de transmissão exclusivamente inter-humana. Clinicamente está relacionada com quase todos os tipos de infecção dermatofítica humana.
Características da cultura:
Crescimento intermediário em ágar Sabouraud (12 a 16 dias);
Colônias com textura algodonosa ou veludosa;
A microscopia óptica revela a presença de microconídios delicados, regulares e piriforme.
No diagnóstico diferencial, podemos utilizar a capacidade que o T. rubrum tem de produzir pigmento em ágar fubá a 1% de dextrose.
T. tonsurans
Parasita antropofílico por excelência, apresentando alta prevalência na África do Norte e na América do Sul. Clinicamente é responsável por lesões tonsurantes do couro cabeludo, no entanto também podem causar lesões de pele glabra e onicomicoses.
Características da cultura:
Crescimento intermediário em ágar Sabouraud (12 a 16 dias);
Textura podendo variar de algodonosa a veludosa;
A microscopia óptica observam-se numerosos microconídios;
Baixa quantidade de uréase.
Paradoxalmente a capacidade de perfurar o pelo in vivo, o T. tonsurans não perfura o pelo in vitro. 
T. mentagrophytes
Apresenta 2 a 4 variedades. Clinicamente essa espécie é responsável, no homem, pela segunda ou terceira causa de dermatofitoses, causando onicomicoses, lesões do couro cabeludo e lesões interdigitoplantares.
Características da cultura:
Grande quantidade de microconídios arredondados e agrupados (aspecto de cacho);
Intensa atividade da uréase;
Perfuração do pelo in vitro. 
Gênero Epidermophyton
Patógeno exclusivo da pele glabra, mas raramente acomete as regiões interdigitoplantares e as unhas e nunca atinge o cabelo.
E. floccosum
Dermatófito antropofílico por excelência e está relacionado a lesões de grandes pregas.
Características da cultura:
Crescimento rápido (7 a 10 dias);
Textura algodonosa baixa;
Microscopicamente caracteriza-se pela presença de macroconídios de parede fina;
Apesar de não parasitar o pelo humano in vivo, o E. floccosum é capaz de perfurar in vitro o pelo de cavalos.
Diagnóstico laboratorial
3 fases distintas: 
Pré-analítica: quando é feita a indicação e coleta do material clínico;
Analítica: exame propriamente realizado no laboratório e emitido o resultado final;
Pós-analítica: estocagem do patógeno em questão para estudos futuros.
Após a coleta do material deve-se fazer uma ou duas lâminas com KOH a 10 ou 40%. Aguarda-se um tempo para que as substâncias clarificantes exerçam sua função no material e facilite a observação das estruturas fúngicas. Devem ser observadas características que auxiliem no diagnóstico clínico, como hifas, coloração das hifas, septação e presença de artroconídios.
Feitas as lâminas, o material deve ser semeado em três tubos de ágar Sabouraud (com e sem antibiótico e cicloexamida) para serem observados por um período de mais ou menos 15 dias (variável).
Após o crescimento das colônias deve-se confeccionar uma lâmina da colônia.
Repiques para meios de culturas especiais
O procedimento é o mesmo realizado na cultura primária, porém em vez de semear a mostra clínica, semeia-se um fragmento da colônia obtida no isolamento primário. Os tubos são incubados a temperatura ambiente por 5 a 10 dias. Após o desenvolvimento da colônia faz-se uma montagem com lactofenol azul-algodão e leva-se ao microscópio onde serão visualizadas estruturas fúngicas que possibilitem identificar o fungo em questão.
Ágar arroz: útil no diagnóstico dos fungos do gênero Microsporum, pois favorece o aparecimento de macroconídios típicos da espécie.
Ágar lactrimel: permite o aparecimento de numerosas estruturas fúngicas, facilitando o diagnóstico correto.
Microcultivo em lâmina
Essa técnica visa proporcionar o estudo detalhado das diferentes estruturas fúngicas, bem como a disposição destas ao longo das hifas.
Prova da uréase
Muito utilizada na identificação dos dermatófitos, principalmente T. mentagrophytes das demais espécies de Trichophyton. Baseia-se na capacidade de determinada espécie de dermatófitos produzirem a enzima uréase.
Teste da perfuração do pelo in vitro
Permite diferenciar o T. mentagrophytes (que possui órgão perfurador) de T. rubrum que não tem órgão perfurador.
Provas de requerimentos vitamínicos
Identificação definitiva das diferentes espécies de Trichophyton, uma vez que eles possuem características de macro e micromorfologia, as vezes, não muito evidentes. E há casos em que a diferenciação só é dada pelas características nutricionais.

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