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Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 1 de 16 Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica UNIDADE II – Ferramentas de Análise Ergonômica Ferramentas de análises ergonômicas: - OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) - RULA (Rapid Upper limb Assessment) - NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) Análise Ergonômica do Trabalho-AET. OWAS - Ovako Working Posture Analysing System De acordo com GOMES (1999), foi desenvolvido na Finlândia um sistema para analisar posturas de trabalho na indústria de aço, pela OVAKO OY em conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, o método OWAS - OVAKO Working Posture Analysing System, KARHU et al. (1977) e Finnish Institute of Occupational Health (1992). Segundo a autora o método tem como preocupação principal a identificação e avaliação de posturas de trabalho. No desenvolvimento do método a atividade é subdividida para análise das posturas, quando então, é feita uma categorização das posturas de trabalho. Na análise das atividades, as de levantamento manual de cargas são identificadas e categorizadas com um peso maior em termos de sacrifício imposto ao trabalhador. Apesar de não ser a preocupação principal do método, o levantamento manual de cargas também é tratado. Segundo GOMES (1994), o Sistema OVAKO de Análise de Posturas OWAS foi planejado visando os critérios: a) Simplicidade para poder ser usado por pessoal sem treinamento em Ergonomia; b) simplificação sem respostas ambíguas; c) possibilidades para corrigir o enfoque ergonômico simplificando e de continuidade com incorporação às tarefas de rotina existentes. O método OWAS tem duas preocupações principias: a maneira mais factível de analisar posturas de trabalho e como identificar e classificar as más posturas. A análise das posturas pode ser resolvida através da observação das características de uma situação de trabalho, fotografias e vídeo. O problema de identificar e classificar más posturas é mais complexo - são poucos os estudos epidemiológicos na literatura científica, a respeito dos efeitos negativos da má postura. Em geral o estudo de postura não é feito isoladamente, mas sempre agregado ao trabalho físico pesado. O método OWAS visa mapear posturas sem a preocupação com aspectos como vibração e dispêndio energético. Com esse sistema o foco da atenção é o trabalhador e o seu ambiente de trabalho ao executar determinadas tarefas. Sabe-se a posição do corpo do trabalhador e sua localização, sem saber, no entanto, com precisão o que o trabalhador em questão Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 2 de 16 está fazendo. Antes de uma observação há o registro do tipo de tarefa e do local onde ela é realizada, O grau de esforço físico por categoria de ações é determinado com base nas posturas de trabalho e a força exercida durante uma ação especifica. O sistema baseia se em amostragem do trabalho, intervalo de amostragem variável ou constante, que provê a freqüência e o tempo gasto em cada postura, considerando posições das costas, braços, pernas, uso de força e fase da atividade aos quais são atribuídos valores e um código de seis dígitos. O primeiro dígito do código indica a posição das costas, o segundo, posição dos braços, o terceiro, das pernas, o quarto indica levantamento de carga ou uso de força e os quinto e sexto, a fase de trabalho. Segundo GOMES (1994) o grau de esforço físico por categoria de ações é determinado com base nas posturas de trabalho e a força exercida durante uma ação específica. O OWAS identifica quatro categorias (classes operacionais), a saber: Classe 1 - postura normal: não é exigida nenhuma medida corretiva; Classe 2 - a carga física da postura é levemente prejudicial: é necessário tomar medidas para mudar a postura em um futuro próximo. Classe 3 - a carga física da postura é normalmente prejudicial: é necessário adotar medidas para mudar a postura o mais rápido possível. Classe 4 - a carga física da postura é extremamente prejudicial: é necessário adotar medidas, imediatas, para mudar a posturas. Para registro de postura o procedimento é olhar o trabalho de uma forma geral verificando postura, força e fase de trabalho, depois desviar a vista e fazer o registro. Assim, pode-se fazer amostras das atividades e a partir delas fazer estimativas da proporção de tempo durante o qual forças são exercidas e posturas tomadas. A combinação das posições das costas, braços e pernas determinam os níveis de ação para medidas corretivas. Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 3 de 16 RULA - Rapid Upper limb Assessment McAtamney & Corlett (1993), propuseram um método para avaliação rápida dos danos potenciais aos membros superiores, em função da postura adotada. Avaliando a postura do pescoço, tronco e membros superiores (braço, antebraço e mãos) e relacionando com o esforço muscular e a carga externa a que o corpo está submetido. O método foi desenvolvido para investigar a exposição dos trabalhadores aos fatores de risco associados aos distúrbios dos membros superiores. O método usa diagramas de postura do corpo humano e três tabelas que proporcionam a avaliação da exposição aos fatores de risco. Os fatores de risco considerados foram: número de movimentos, trabalho muscular estático, força, postura de trabalho determinada pelo equipamento e mobiliário e tempo de trabalho sem pausa. Adicionalmente a estes fatores, podemos citar a velocidade e precisão dos movimentos, a freqüência e a duração das pausas. O método RULA foi desenvolvido para: A – Proporcionar um método de pesquisa rápido da população aos fatores de risco de distúrbios dos membros superiores; B – Identificar o esforço muscular que está associado com a postura de trabalho, força e trabalho estático ou repetitivo, o que contribui para a fadiga muscular; Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 4 de 16 C – Gerar resultados que podem ser incorporados em uma avaliação ergonômica mais ampla, considerando a epidemiologia, fatores físicos, mentais, ambientais e organizacionais. Sua aplicação resulta em um risco descrito por um escore variando entre 1 e 7, onde as pontuações mais altas significam um nível de risco aparentemente mais elevado. Para produzir um método de utilização rápida, o corpo foi dividido em segmentos que formam dois grupos (A e B). • No grupo A estão incluídos o braço, antebraço e pulso • No grupo B estão o pescoço, o tronco e as pernas. Isto assegura que todas as posturas do corpo são observadas, de forma que qualquer postura das pernas, tronco ou pescoço que possam influenciar as posturas dos membros superiores estão incluídas na avaliação.Assim temos: Grupo A Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 5 de 16 TABELA A Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 6 de 16 Grupo B Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 7 de 16 Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 8 de 16 NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health Um pouco de legislação: Qual o peso e a frequência de levantamento de peso que um trabalhador pode suportar? CLT Seção 14 art. 198- São de 60 (sessenta) quilogramas o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. NR 17- item 17.2.5 Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. Hoje em dia é fornecido pelo ministério do trabalho e emprego um manual de aplicação da NR 17, onde cita a NIOSH como ferramenta capaz de calcular o peso máximo recomendado na manipulação manual de cargas. Devem ser criadas condições favoráveis para o levantamento de pesos. Se o levantamento manual de pesos (até 23 kg) não puder ser evitado é necessário criar condições favoráveis para isso. a) Manter a carga próxima do corpo (distância horizontal entre a mão e o tornozelo em torno de 25 cm); b) A carga deve estar colocada sobre uma bancada de altura aproximada de 75 cm, antes de começar o levantamento; c) O deslocamento vertical do peso não deve ser maior que 25 cm; d) Deve ser possível segurar o peso com as duas mãos; e) A carga deve ter alças ou furos para encaixe dos dedos; f) Deve ser possível escolher a postura mais adequada para o levantamento; g) O tronco não deve ficar torcido durante o levantamento; h) Os levantamentos não devem ter a freqüência superior a um por minuto; Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 9 de 16 i) O tempo de atividade de levantamento não deve ser maior que uma hora, seguindo um período de descanso ou tarefas mais leves de 120% da duração da atividade de levantamento. Somente nas condições descritas acima, uma pessoa pode levantar 23 kg. Quando não existem todas essas condições, o limite deve ser reduzido não podendo exceder alguns quilos. Aspectos relevantes: Peso- Ao procurar sobre limites de peso para levantamento e transporte manual de carga, observamos os vários resultados distintos na literatura. Porém, não existe peso ideal para o transporte e sim as condições ideais para tal, o que nos remete a um estudo individual do trabalhador e da atividade. Frequência- Este item possui uma relevância semelhante ao “Peso” do objeto manipulado na avaliação da atividade. Já foi provado através de estudos que a repetitividade é um fator de risco, e esse risco é potencializado quando associado ao fator “Peso”. Postura- “Diz-se que a postura é boa quando cumpre a finalidade para a qual é usada com eficiência máxima e esforço mínimo”(GARDINER, 1995), considerando que duas pessoas nunca são idênticas, o padrão exato de boa postura tem que variar para cada indivíduo. Pega- Entende-se por uma boa pega os recipientes de desenho ótimo nos quais as alças ou apoios perfurados no recipiente tenham sido desenhados otimizando a pega (como espaço e conformidade para a colocação dos dedos, diâmetro de pega correto, ausência de quinas vivas, etc...). Utilizar a equação de NIOSH (criada nos Estados Unidos pelo National Institute for Occupational Safety and Health – Instituto Nacional para Segurança e Saúde Ocupacional) para determinar a carga máxima em condições desfavoráveis. A equação é composta pelas variáveis: Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 10 de 16 distância horizontal (H), distância vertical (V), rotação do tronco (A), deslocamento vertical da carga (D), freqüência do levantamento (F) e dificuldade de manuseio da carga (M). Ela supõe que o trabalhador pode escolher a própria postura e que a carga é segura com as duas mãos. Assim, a carga máxima de 23 kg é multiplicada por seis coeficientes, que representam as variáveis acima: Equação de Levantamento do NIOSH – ELN A ELN é baseada num modelo multiplicativo que fornece um peso para cada uma das seis variáveis da tarefa. Os pesos são expressos como coeficientes que servem para reduzir a constante de carga, que representa o peso máximo recomendado para ser levantado em condições ideais. O Limite de Peso Recomendado (LPR) é o produto da equação e é definido como o peso da carga que aproximadamente todos os trabalhadores saudáveis poderiam suportar por um período de até 8 horas diárias, sem aumentar o risco de desenvolverem lombalgia relacionada ao trabalho (NIOSH, 1994). O LPR é obtido através da seguinte equação: LPR = Cc x FH x FV x FD x FA x FF x FP ou LPR = 23 x [25/H] x [1-(0,003|V-75|)] x [0,82 + (4,5/D)] x [1 – (0,0032 A)] x FF x FP Onde: H = Distância horizontal (cm) V = Distância vertical (cm) F = Freqüência (levantamentos/minuto) D = Deslocamento vertical percorrida pela carga (cm) A = Ângulo de assimetria (graus) P = pega Uma vez calculado o LPR para uma dada tarefa de levantamento de cargas, ele é comparado com o peso real da carga levantada. Essa relação fornece o Índice de Levantamento (IL). Onde: IL=PC/LPR PC = Peso real da carga (em quilogramas) LPR = Limite de Peso Recomendado (em quilogramas) Se: IL < 1 = baixo risco 1≤ IL < 2 = risco moderado IL ≥ 2 = alto risco Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 11 de 16 Fator de pega (CM) Coeficiente vertical (CV) Deslocamento vertical da carga (CD) Coeficiente de frequência (CF) Coeficiente de assimetria (CA)Coeficiente horizontal (CH) Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 12 de 16 Quanto mais desfavoráveis forem as condições, esses coeficientes tenderão a zero se afastando do valor 1,0. O valor de CV cresce até a altura de 75 cm, porque esta é a posição mais conveniente para começar a levantar cargas. A equação de NIOSH supõe que a maioria da população (99% dos homens e 75% das mulheres) não suporta cargas no dorso, superiores a 3.400 N (340 kg força), e que a energia gasta em uma hora de trabalho repetitivo é 260 W para levantamentos até a altura da bancada (75 cm) e 190 W para levantamentos acima da bancada. Nos casos em que as condições da equação de NIOSH não são satisfeitas (quando o trabalhador não consegue escolher o método de levantamento ou não for possível usar as duas mãos), os coeficientes a serem considerados serão ainda menores, reduzindo-se o valor da carga máxima. O valor de cada carga deve ser escolhido cuidadosamente: por um lado, essa carga não deve superar o valor encontrado pela equação de NIOSH, por outro, não deve ser muito leve, pois isso estimularia o trabalhador a carregar várias cargas simultaneamente correndo o risco de superar o peso permitido. Além disso, são preferíveis cargas unitárias maiores com menores freqüências, do que cargas menores e mais freqüentes, desde que não superem os valores calculados pela equação de NIOSH. O posto precisa ser adequado para o trabalho pesado. As bancadas, prateleiras, máquinas e outros, onde ocorrerão trabalhos pesados, seguir as recomendações abaixo: a) Ser possível aproximar a carga do corpo quando ela está sendo levantada ou depositada; b) Os espaços devem permitir a adoção de uma postura estável para os pés e flexão das pernas; c) Evitar a torção do corpo; d) As mãos devem ficar a aproximadamente 75cm de altura, encostadas ao corpo, no levantamento e o depósito da carga; e) Nos estoques, os itens manuseados com maior freqüência e os mais pesados devem ficar depositados próximos da altura ideal de 75 cm. Quando não for possível atender as condições acima, reduzir o peso a ser movimentado. Os objetos para serem carregados devem ter duas alças ou furos laterais para o encaixe dos dedos e carga deve ser segura com as duas mãos. Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 13 de 16 Para o levantamento desses objetos utilizar a palma das mãos. O uso somente dos dedos deve ser evitado senão dessa forma se transmitem menores forças. As pegas devem ser arredondadas (sem cantos cortantes) e posicionadas de modo a evitar que as cargas girem ao serem erguidas. O tamanho da carga deve ser pequeno o suficiente para que possa ser mantida junto ao corpo. O volume não deve ter protuberâncias ou cantos cortantes nem deve ser muito quente ou frio, a ponto de dificultar o contato. A carga a ser levantada do chão deve ser posicionada entre os joelhos. No caso de cargas especiais, como gases, líquidos perigosos ou pacientes de um hospital, é necessário planejar a operação e tomar cuidados especiais com a segurança. Quando a carga é desconhecida para a pessoa que vai carregá-la, é necessário colocar uma etiqueta, informando o peso e os cuidados necessários para a manipulação da mesma. As pessoas envolvidas na manipulação de pesos devem ser treinadas. Muitas vezes, é difícil mudar hábitos de movimentos arraigados. Para isso, é necessário promover treinamentos intensivos e repetitivos nos seguintes aspectos: a) Analise da carga e do local para onde ela deve ser removida, considerando a possibilidade de usar uma equipe ou equipamento para levantamento de peso; b) Quando o levantamento deve ser feito sem nenhuma outra ajuda, coloque-se bem em frente à carga, com os pés em posição estável (não erguer a carga com os pés juntos); c) Segure a carga firmemente, com a palma das mãos, e não apenas com alguns dedos, usando sempre os dois braços; d) Erga a carga mantendo a coluna reta, na vertical, conservando-a próxima ao corpo, evitando torcer o corpo e, se for necessário, mova a perna. Esta recomendação é muito importante para evitar as dores nas costas. Inclinar ou girar o tronco durante o levantamento de carga pode provocar lesões nas costas. Inclinar o tronco, em vez de usar a musculatura das pernas, provoca um aumento de 30% na tensão do dorso. As cargas superiores a 23 kg devem ser manipuladas por duas ou mais pessoas. Os membros dessa equipe devem ter estaturas e forças semelhantes entre si, e devem trabalhar coordenadamente. Um deles deve assumir a coordenação, comandando os movimentos do grupo, de modo a evitar movimentos inesperados. Restrições e limites Só deve ser aplicada nas seguintes condições: Elevação feita com suavidade, isto é, sem movimentos bruscos Condições térmicas e visuais favoráveis Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 14 de 16 Boas condições mecânicas - piso plano e sem obstruções oferecendo boa aderência ao calçado A equação também não é aplicável a: Tarefas de elevação de objetos com uma só mão; Na posição de sentado ou agachado; Ou ainda elevações em espaços confinados que obriguem a posturas desfavoráveis. Não contempla a elevação de pessoas, de objetos muito quentes ou frios, sujos ou contaminados Assume que a superfície de contato do calçado com o solo tem um coeficiente de fricção estática, no mínimo, de 0.4 (de preferência 0.5) Não inclui circunstâncias imprevistas; As tarefas de levantamento e de abaixamento de pesos têm idêntico potencial para causar lesões lombares; Não estão incluídas tarefas que impliquem a elevações rápidas de objetos (>15 elev./min). AET – ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABLHO* * Notas de aula do Prof. Dr. Mario S. Ferreira, Prof. Dr. Carlos Antônio Ramires Righi - PUCRS 1. Introdução A Análise Ergonômica do Trabalho - AET é uma Intervenção, no ambiente de trabalho, para estudo dos desdobramentos e conseqüências físicas e psicofisiológicas, decorrentes da atividade humana no meio produtivo. Consiste em compreender a situação de trabalho, confrontar com aptidões e limitações à luz da ergonomia, diagnosticar situações críticas à luz da legislação oficial, estabelecer sugestões, alterações e recomendações de ajustes de processo, ajustes de produto, postos de trabalho, ambiente de trabalho. A AET busca estabelecer uma aproximação no que se refere à compreensão geral de problemas relacionados com a organização do trabalho e seus reflexos em prováveis ocorrências de lesões físicas e transtornos psicofisiológicos. Concentra-se no levantamento dos meios e modo de produção, buscando entender, através de observações visuais, medições e registros das situações críticas e estranhas às situações de trabalho, incluída a análise dos dados de produção da empresa, no que tange a: sobrecargas, volume de produção por trabalhador, turnos extras,re-trabalho, dentre outros. O levantamento inclui entrevistas com os trabalhadores, supervisores e gestores. Junto aos trabalhadores buscam-se informações quanto a execução da tarefa e sua percepção de sobrecargas na atividade. Junto à instâncias de supervisão e gerência buscam-se informações referentes ao modo de produção, aos meios disponíveis e à conceituação das tarefas para o confronto futuro entre o prescrito e o realizado. Consiste, ainda, em buscar uma estratégia de ação para que a intervenção ergonômica tenha eficácia e efetivamente produza indicações e alternativas de solução compatíveis com o cenário da empresa e adequadas aos trabalhadores do ponto de vista do conforto e da segurança. Dentre os fatores de organização do trabalho destacam-se: Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 15 de 16 • A relação entre nível do programa de produção, alto ou baixo, e a real capacidade instalada do modo de produção; • O foco na eficiência produtiva desconsiderando tempos de recuperação de fadiga e imprevisibilidades no trabalho, com conseqüentes resultados no que se refere á exaustão; • A busca insistente de enxugamento de equipes de produção, com alta sobrecarga sobre os trabalhadores, por oscilação, para cima e para baixo, de demandas produtivas; • capacidade de gestão dos fatores de organização do trabalho. A análise ergonômica de uma situação de trabalho existente ou projetada é realizada com o uso do método AET (Análise Ergonômica do Trabalho), pelo entendimento da situação geral (demanda), do trabalho prescrito e condições físicas e organizacionais (tarefa) e de como o trabalho é realmente realizado individualmente por cada usuário/operador (atividade). Da confrontação entre as características, deficiências e contradições dos três componentes é estruturado um diagnóstico e montado um caderno de encargos definindo os pontos de correção e ajuste. 2. O Método De Análise Ergonômica Do Trabalho O método para abordagens analíticas e conclusivas orienta-se de forma semelhante às abordagens usuais nos processos de projeto nos campos da engenharia, do design e da arquitetura: uma etapa de compreensão da situação, uma etapa de definição de requisitos (a tarefa, o quê se quer), e de condicionantes (a atividade, o que se pode, em função da realidade percebida), uma etapa de confronto entre requisitos e condicionantes e uma etapa final de diagnóstico, conceituação e proposições. Assim, genericamente, pode-se enunciar os seguintes passos para efetivação do processo de análise ergonômica: Compreensão da Situação análise da demanda; Estudo de requisitos para atendimento da(s) tarefa(s) entendimento da tarefa prescrita meios e modo de produção; espaços, áreas livres e/ ou de influência e ambiente necessário para a tarefa; estudos de postura e movimentação humana; Estudo de condicionantes impostos pela atividade: Levantamentos da situação de referência Observação e análise da atividade (o realizado) Confrontação da tarefa (o prescrito) com a atividade (o realizado); Diagnóstico. Faculdade 7 de Setembro – FA7 Engenharia de Produção Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho | 80 h/a | 5º sem Unidade II – Ferramentas de Análise Ergonômica Profº Flávio Souza - Fortaleza-Ce 16 de 16 2.1 Análise da Demanda A etapa de compreensão da situação passa pela contextualização do problema proposto pela tarefa em análise, no cenário interno e externo à empresa. Nesta etapa, no nível externo à empresa, devem ser considerados os indicadores de saúde, aspectos sociais intervenientes, o momento técnico e tecnológico do contexto de inserção da empresa, bem como os condicionantes legais vigentes. Ao nível interno, a percepção do contexto passa por aspectos relacionados com a política e estratégia adotada pela empresa, o sistema de produção utilizado, o modelo de gestão dos recursos humanos, os índices de acidentes, além de variáveis como saúde ocupacional, tensões e conflitos. 2.2 Análise da Tarefa A análise da tarefa compreende a identificação e compreensão dois pontos: o trabalho prescrito (a instrução de trabalho) e os requisitos físicos para execução a tarefa. O primeiro ponto de observação inclui aspectos como o ambiente de inserção da tarefa (layout, mobiliário, equipamentos e espaços de trabalho), a carga de trabalho física e mental requerida, além dos aspectos psico-sociológicos e de tempos de produção. O segundo ponto da análise envolve requisitos físicos da tarefa, abrange a natureza do trabalho muscular (estático e/ou dinâmico), a postura requerida para execução da tarefa, a qual depende das características das superfícies de trabalho e assento (quando necessário), com a consideração, ainda, de informações referentes à condições de acessibilidade aos sistemas de comunicação e acionamentos. 2.3 Análise da Atividade A análise da atividade contempla a etapa de observação do trabalho efetivamente realizado, através da observação das atividades mentais e físicas do trabalhador. As atividades mentais reportam-se aos níveis de detecção, discriminação e interpretação das informações e, na seqüência, os níveis de tomada de decisão e ação, respectivamente. 2.4 Confronto Tarefa Versus Atividade A etapa de confrontação da tarefa com a atividade tem como objetivo a verificação das diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho realizado, a determinação das incorreções da tarefa frente às potencialidades e limitações do ser humano. Busca ainda identificar as atividades regulatórias nesta relação. 2.5 Diagnóstico A etapa de diagnóstico abrange as condições técnicas para a execução do trabalho, as condições ambientais em que a atividade ocorre, além das condições organizacionais do trabalho.
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