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2 - Importância da Fitopatologia

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CONCEITO E IMPORTÂNICA DAS DOENÇAS 
 
IMPORTÂNCIA DAS DOENÇAS
As perdas em maior ou menor grau causadas por microrganismos existem desde os tempo sem que se iniciou o desenvolvimento da agricultura, existem atualmente, e sem dúvida nenhuma ocorrerá também no futuro. Nos países de agricultura avançada estas se reduzem consideravelmente, seja pelo emprego de cultivares resistentes, tratamento químico, medidas de quarentena, ou pela ação de técnicas culturais convenientes (DOUGLAS, 1998).
A importância das doenças de plantas se manifesta de forma às mais variadas. De um modo geral, pode-se dizer que a incidência de doenças em plantas cultivadas afeta, direta ou indiretamente toda a humanidade. Muitas doenças de plantas, talvez mesma a maioria delas, tem importância secundária, porque ocorrendo normalmente sobre a planta hospedeira, causa pouco ou nenhum prejuízo economicamente palpável. Com outras, entretanto, o panorama é diferente (CARVALHO, 1978a). 
A importância econômica das doenças das plantas deve ser medida não somente pelo verdadeiro dano que ocasionam, mas também pelos custos das medidas preventivas, e pelas limitações que impõem as espécies e cultivares de plantas que podem ser cultivadas em determinadas zonas agrícolas (DOUGLAS, 1998).Vários são os exemplos abaixo considerados que atestam o valor da fitopatologia como ciência aplicada.
Desde os tempos remotos se verifica a ocorrência na Europa, de doenças de cereais designadas por “Ergot”. Além da redução das colheitas, em virtude da existência de alcalóides (ergotina) que ficam misturados a farinha determinam o ergotismo nos seres humanos e animais de caráter muitas vezes epidêmico (DOUGLAS, 1998).
Aproximadamente dois séculos após sua introdução, a batata (Solanum tuberosum) tomou-se a base da alimentação dos habitantes do Norte da Europa Ocidental. Quanto mais rural a área, mais a batata pesava na dieta; quanto mais pobre a região , mais batata se comia. Não raro o cardápio nestas casas simples consistia de sopa de batata no café da manhã, batata cozida no almoço e batata assada no jantar. Este tipo de alimentação, apesar de enfadonho, dava às pessoas quantidades adequadas de proteínas, carboidratos e vitaminas. Além disto, poucos problemas fitossanitários ocorriam na lavoura e a produção era estável de ano para ano, fato de grande importância naqueles árduos tempos. Em 1846 na Irlanda, o fungo Phytophthora infestans foi visto sobre plantas de batata. Encontrando plantas jovens, tendo tempo para se multiplicar e ajudado por um clima favorável, o patógeno destruiu perto de 80% da produção (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
Fontes da época relatam que, como consequência do desequilíbrio econômico e social que se seguiu à doença, durante a década seguinte dois milhões de pessoas morreram e aproximadamente um milhão emigrou para outros países (CARVALHO, 1978a).
Outra epidemia, ocorrida no século passado que se tornou famosa pelos prejuízos causados, foi a do Míldio da videira causada pelo fungo Plasmopara vitícola. Em 1878, viticultores europeus importaram dos Estados Unidos material de videira resistente ao pulgão de raízes (Phylloxera sp.), praga que estava causando perdas severas nos vinhedos. O material americano era resistente ao pulgão e ao míldio da videira. Apesar de resistente ao míldio, o material introduziu esporos, do fungo o que foi catastrófico, pois todas as cultivares de videira plantadas na França naquela época eram altamente suscetíveis à doença (MIZUBUTI e MAFFIA, 2006). Todos os países vitivinicultores sofreram as consequências de incidência da nova doença. Na França, onde o vinho sempre se constituiu num dos mais importantes produtos econômicos, a situação foi alarmante, ameaçando seriamente a todo os viticultores (CARVALHO, 1978a)
Muitos outros exemplos poderiam ser citados para objetivar a importância das doenças. Citaremos alguns que nos interessam de perto, porque ocorreram com plantas, em nosso país. 
Entre os anos de 1860 a 1880, no leste e nordeste do Brasil houve ocorrência de epidemias sucessivas da Gomose da cana-de-açúcar, causada pela bactéria Xanthomonas vascularum, a qual levou à destruição completa os canaviais existentes. Segundo De Carli, os prejuízos causados pela Gomose provocaram uma verdadeira agitação social, com reflexos profundos na economia da população. Aquele sociólogo acredita que os problemas causados pela Gomose tiveram reflexos mais profundos na estrutura social da época que os advindos da abolição da escravatura (CARVALHO, 1978a).
O vírus do Mosaico da cana-de-açúcar foi introduzido no Brasil na década de 20, provavelmente através de toletes contaminados trazidos da Argentina. Naquela época, a totalidade de nossas plantações era composta de cultivares de Saccharum officinarum, a cana nobre, assim chamada pela excepcional riqueza em açúcar que a caracterizava. Outra propriedade das canas nobres era a alta suscetibilidade a diversas doenças, destacando-se o mosaico. A disseminação do vírus foi rápida, a redução do porte dos canaviais, marcante. O colapso que seguiu pode ser avaliado pela redução da produção que ocorreu entre os anos de 1922 a 1925; 1250 mil sacos de açúcar contra 220 mil; seis milhões de litros de álcool contra dois milhões (BERGAMIN FILHO e KIMATI 1995).
A citricultura no Brasil também apresenta uma história em que a luta contra as doenças é uma constante. Em 1940, uma doença nova, então de causa desconhecida, chamou a atenção de técnicos e citricultores, pela rapidez com que produzia a morte das plantas. Recebeu o nome de Tristeza. Calcula-se que em 1946, quando, após um trabalho que marca um ponto na história da fitopatologia no Brasil, técnicos do Instituto Biológico, do Instituto Agronômico e de outras secções da Secretaria da Agricultura de São Paulo provaram que a doença era causada por vírus transmissível por pulgão, ela havia causado a morte de mais de seis milhões de plantas cítricas. Para que se avalie bem a importância dessa doença para o Estado de São Paulo, pode-se dizer que não há, nesse estado, uma plantação cítrica anterior a 1945, pois todas as existentes até então foram destruídas pela Tristeza (CARVALHO, 1978a).
Cerca de 10 anos depois, técnicos e citricultores quase tiveram uma reedição do episódio tristeza, quando, se manifestou uma nova doença de vírus, a Exocorte, que Inutiliza plantações inteiras. Desta vez, entretanto, os técnicos defrontaram-se com uma doença com pelo menos uma característica favorável; a transmissão por enxertia como único meio de disseminação do vírus (CARVALHO, 1978a).
A citricultura paulista que lentamente vinha se recuperando do desastre que representou a Tristeza, viu-se diante da iminência de novo colapso em 1957, com a descoberta de focos de cancro cítrico na região de Presidente Prudente. Neste caso, felizmente, a doença e seus possíveis métodos de controle já eram conhecidos. Com base em resultados americanos, os técnicos do Instituto Biológico optaram pela erradicação da bactéria como possível solução para o problema paulista. Estatísticas de 1957 a 1979 indicam que perto de dois milhões de árvores foram destruídas nas regiões de Presidente Prudente, Bauru, Marília, Araçatuba e São José do Rio Preto. A despeito disso, e mesmo com a campanha de erradicação ainda em andamento atualmente, não se conseguiu eliminar a bactéria de nossos pomares (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
Em muitos casos, a ocorrência de uma doença pode se constituir em fator limitante de uma cultura e assim invalidar o trabalho de muitos anos. É neste caso que se situa o exemplo da Murcha do algodoeiro, causado por Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum, não existente em São Paulo até 1958. Os trabalhos de melhoramento até então realizados tomaram possível a obtenção de cultivares altamente produtivas,em que se associavam qualidades agronômicas com características de fibra. Entre elas a cultivar IAC 12 era a mais indicada para as nossas condições. Com o aparecimento da Murcha e sendo a IAC 12 altamente suscetível os lavradores enfrentaram o problema de substituição de cultivar, visto que toda a cotonicultura assentava-se sobre a IAC 12. Para piorar a situação, não se havia desenvolvido, a produção de cultivares resistentes à murcha, havendo a necessidade da introdução de cultivares estrangeiras com aquela característica. No entanto, cultivares RM importadas, embora solucionassem o problema de imediato, não apresentavam as qualidades agronômicas e de fibra da cultivar IAC 12, que continuava sendo a melhor nos solos onde não havia a ocorrência de murcha. Como consequência, houve a necessidade de reformulação de todo o programa de melhoramento em algodão, visando a obtenção de cultivares RM com características semelhantes às cultivares IAC (CARVALHO, 1978a).
Até meados do século XIX, os ingleses possuiam extensos cafezais no Sri Lanka e eram grandes apreciadores de café. Entretanto, em 1869, a ferrugem incidiu intensivamente nas lavouras, e a produção de café caiu de 50.000 toneladas para zero em 20 anos. A área cultivada, aproximadamente 200.000 ha em 1870, caiu para menos de 10.000 ha em 1890. Houve quebra de produtores e de bancos e, curiosamente, os ingleses tiveram de modificar a bebida tradicional, de café para chá (MIZUBUTI e MAFFIA, 2006). Em 1970, Hemileia vastatrix ( ferrugem do cafeeiro) foi encontrada em Itabuna, Estado da Bahia. Imediatamente após o seu relato no Brasil, o Instituto Brasileiro do Café promoveu um levantamento fitossanitário dos cafezais brasileiros e verificou que, em apenas alguns meses, o fungo tinha se propagado numa região de cerca de 600 mil km quadrados. No ano seguinte, provavelmente transportada por correntes aéreas, já foi relatada nos Estados de Minas Gerais e São Paulo e mais tarde no Estado do Paraná até atingir o Paraguai, tornando-se de distribuição generalizada por todas as regiões cafeicultoras da Costa Atlântica da América do Sul (CARVALHO , 1978a).
Esse são apenas alguns dos muitos casos em que os prejuízos causados por doenças de plantas são evidentes; são até chocantes em alguns deles.
DOENÇAS DE IMPORTÂNCIA PARA O BRASIL
	CULTURA
	NOME DA DOENÇA
	NOME DO PATÓGENO
	Abacaxi
	Fusariose
	Fusarium subglutinans (fungo)
	Alho e Cebola
	Mancha Púrpura
Mal das Sete Voltas 
	Alternaria porri (fungo)
Colletotrichum gloeosporioides (fungo)
	Arroz
	Brusone
	Magnoporthe grisea (fungo)
	Banana
	Sigatoka Amarela
Sigatoka negra
	Mycosphaerella musicola (fungo)
Mycosphaerella fijiensis (fungo)
	Batata
	Murcha
	Ralstonia solanacearum (bactéria)
	Cacaueiro
	Vassoura de Bruxa
	Crinipellis perniciosa (fungo)
	Café
	Galhas
	Meloidogyne exigua (nematóide)
	Cana-de-Áçúcar
	Escaldadura
Carvão
	Xanthomonas albilineans (fungo)
Ustilago scitaminae (fungo)
	Citros
	Clorose Variegada
	Xylella fastidiosa (bactéria)
	Feijoeiro
	Ferrugem
Mancha Angular
	Uromyces appendiculatus (fungo)
Phaeoisariopsis griseola (fungo)
	Hortaliças
	Podridão Mole
	Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum
	Mamão
	Mosaico
Meleira
	Papaya ringspot (vírus)
Papaya meleita virus (vírus)
	Seringueira
	Mal das Folhas
	Microcyclus ulei (fungo)
	Soja
	Ferrugem Asiática
Mosaico Comumn
Cistos
	Phakopsora pachyrhizi (fungo)
Soybean mosaico virus (vírus)
Heterodera glycines (nematóide)
	Trigo
	Oídio
Ferrugem do Colmo
	Erysiphe graminis f. sp. Tritici (fungo)
Puccinia graminis tritici (fungo)
CONCEITO DE DOENÇA
Não foram poucos os autores que no, curso de mais de um século de existência da Fitopatologia como ciência, ou mesmo antes, procuraram conceituar doença de planta. Todavia, nenhum dos conceitos até então proposto configurou-se como exato ou suficiente, dada as naturais dificuldades em contemplar os muitos aspectos envolvidos (Hospedeiro suscetível - Agente causal capaz de causar doença - Fatores do ambiente favoráveis) (PONTE, 1975).
Assim para STAKMAN e HARRAR (1957) doença de planta é uma desordem funcional ou anormalidade constitucional que é prejudicial para ela, para alguma de suas partes ou produtos, reduzindo o seu valor econômico.
Apresentando doença como sendo uma anormalidade, não a situa bem dentro da natureza, uma vez que o anormal, para o homem, pode ser perfeitamente natural para a Biologia. Por exemplo, o apodrecimento dos tecidos suculentos de um fruto qualquer, pode causar prejuízos para o lavrador mas, biológicamente, é fenômeno normal e mesmo necessário para a germinação das sementes contidas em seu interior, indispensável portanto, para a propagação daquela espécie Alem disso a inclusão do aspecto econômico não é valida pois deixa de considerar como doenças todas aquelas que ocorrem em ervas daninhas, plantas silvestres e outras. Mesmo sobre plantas cultivadas, muitas doenças bem caracterizadas como as manchas necróticas que ocorrem nas folhas mais velhas da cana-de- açúcar não seriam consideradas doenças pois não reduzem nem o valor econômico nem a produção de cana-de-açúcar, o que, evidentemente, não pode ser aceito (CARVALHO , 1978b).
Podemos dizer que uma planta é sadia ou normal quando ela é capaz de realizar suas funções fisiológicas com o melhor de seu potencial genético. Estas funções incluem: divisão normal de células, diferenciação, e desenvolvimento; absorção de água e minerais do solo e translocação destes através da planta; fotossintese e translocação dos produtos fotossintetizados para áreas de utilização e armazenamento; metabolismo dos compostos sintetizados, reprodução; e armazenamento de substâncias de reserva para o período de dormência ou reprodução (McNEW, 1960).
Qualquer interferência num destes processos vitais resulta interferência na utilização dos fatores do ambiente disponíveis para o crescimento e reprodução da planta. Interferência nos processos vitais da planta que se refletem na utilização dos fatores do ambiente por parte da planta, são considerados como doenças. Como é muito bem apresentado por WHEELER (1969), doença é a interferência ordenada dos processos fisiológicos da planta, interferindo no aproveitamento máximo dos fatores do ambiente necessários para seu crescimento e reprodução.
Doença não deve ser confundida com injúria, esta apenas um dano físico, como exemplo, o que ocorre na planta com os efeitos dos raios, granizo e picadas ou cortes na folha causados por insetos.
Desenvolvimento da epidemia do míldio da batata na Europa em 1845.
 A doença foi inicialmente detectada no final de junho na Bélgica. Em meados de outubro já estava disseminada por todo o norte da Europa, incluindo França, Alemanha, Inglaterra, Irlanda, Espanha, Itália, Polônia e Escandinávia.
RELATOS DE TESTEMUNHAS
	Os sobreviventes pareciam esqueletos ambulantes, os homens estampando a marca lívida da fome, as crianças chorando de dor, as mulheres, dentro das casas, fracas demais para se manterem em pé. Chegando na aldeia de Clifden, soubemos da ocorrência de 4 mortes acontecidas nos últimos 3 ou 4 dias. Uma mulher que havia rastejado na noite anterior até o toalete externo à casa, foi encontrada na manhã seguinte, parcialmente devorada pelos cães.

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