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Guia de Estudo – FÍSICA II 1 SABE – Sistema Aberto de Educação Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto Varginha - MG - 37010-540 Tele: (35) 3219-5204 - Fax - (35) 3219-5223 Instituição Credenciada pelo MEC – Portaria 4.385/05 Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS/MG Unidade de Gestão da Educação a Distância – GEaD Mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas - FEPESMIG Varginha/MG Guia de Estudo – FÍSICA II 2 532 R696g RODRIGUES, Adriano Guia de Estudo – FÍSICA II. – Adriano Rodrigues. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2007. 68p. 1. Mecânica de Fluidos . 2. Ondas 3. Oscilações I. Título. Guia de Estudo – FÍSICA II 3 REITOR Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola GESTOR Prof. Ms. Tomás Dias Sant’ Ana Supervisor Técnico Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza Coord. do Núcleo de Recursos Tecnológicos Profª. Simone de Paula Teodoro Moreira Coord. do Núcleo de Desenvolvimento Pedagógico Profª. Vera Lúcia Oliveira Pereira Revisão ortográfica / gramatical Profª. Maria José Dias Lopes Grandchamp Design/diagramação Prof. César dos Santos Pereira Equipe de Tecnologia Educacional Profª. Débora Cristina Francisco Barbosa Jacqueline Aparecida da Silva Prof. Lázaro Eduardo da Silva Autor ADRIANO RODRIGUES Licenciado em Matemática pela Universidade Vale do Rio Verde – UNINCOR no ano de 1996. Licenciado em Física pelo Centro Universitário de Formiga – UNIFOR-MG no ano de 1998. Especialista em Ensino de Matemática de 1º e 2º Graus pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF no ano de 1999. Mestre em Matemática e Estatística pela Universidade Vale do Rio Verde – UNINCOR no ano de 2006. Doutorando em Estatística e Experimentação Agropecuária pela Universidade Federal de Lavras – UFLA atualmente. Guia de Estudo – FÍSICA II 4 TABELA DE ÍCONES REALIZE. Determina a existência de atividade a ser realizada. Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser realizada. Fique atento a ele. PESQUISE. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação. PENSE. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento. CONCLUSÃO. Todas as conclusões, sejam de idéias, partes ou unidades do curso virão precedidas desse ícone. IMPORTANTE. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como um sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada. HIPERLINK. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou endereço de Internet. EXEMPLO. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado. SUGESTÃO DE LEITURA. Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar. APLICAÇÃO PROFISSIONAL. Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada ao que está sendo estudado. CHECKLIST ou PROCEDIMENTO. Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa. SAIBA MAIS. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. REVENDO. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente. Guia de Estudo – FÍSICA II 5 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 6 EMENTA ..................................................................................................................... 8 AVALIAÇÃO ............................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 UNIDADE 3: MECÂNICA DOS FLUIDOS ............................................. 10 OBJETIVOS .............................................................................................................. 10 FLUIDO ..................................................................................................................... 10 PRESSÃO E DENSIDADE ....................................................................................... 10 A EXPERIÊNCIA DE TORRICELLI .......................................................................... 13 Variação da Pressão com a Profundidade ................................................................ 13 TEOREMA DE PASCAL ........................................................................................... 15 A prensa hidráulica como aplicação do teorema de Pascal...................................... 15 TEOREMA DE ARQUIMEDES ................................................................................. 16 UNIDADE 4 : TERMODINÂMICA........................................................... 19 Ementa ..................................................................................................................... 19 Objetivos ................................................................................................................... 19 TERMODINÂMICA ................................................................................................... 19 TEMPERATURA ....................................................................................................... 19 AS ESCALAS DE TEMPERATURA CELSIUS E FAHRENHEIT .............................. 20 TERMÔMETRO A GÁS E A ESCALA DE TEMPERATURA ABSOLUTA ................ 22 EXPANSÃO TÉRMICA ............................................................................................. 23 A LEI DOS GASES IDEAIS ...................................................................................... 26 TEORIA CINÉTICA DOS GASES ............................................................................. 31 Energia Interna, Pressão e Temperatura .................................................................. 33 Teorema da Eqüipartição da Energia ....................................................................... 34 Calor e Calor Específico ........................................................................................... 34 Calorimetria .............................................................................................................. 36 Calor Sensível e Calor Latente ................................................................................. 36 Calor por condução, convecção e irradiação ............................................................ 38 A Primeira Lei da Termodinâmica ............................................................................. 40 TRANSFORMAÇÃO ADIABÁTICA DE UM GÁS IDEAL .......................................... 43 TRANSFORMAÇÕES CÍCLICAS ............................................................................. 45 CICLO DE CARNOT ................................................................................................. 47 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA .................................................................... 50 MÁQUINAS TÉRMICAS ...........................................................................................51 Exercícios gerais de Termodinâmica ........................................................................ 56 Guia de Estudo – FÍSICA II 6 TEXTO COMPLEMENTAR: GRAVITAÇÃO UNIVERSAL .................... 62 Histórico .................................................................................................................... 62 O Sistema Geocêntrico de Ptolomeu ........................................................................ 62 O Sistema heliocêntrico de Copérnico ...................................................................... 63 As Leis de Kepler ...................................................................................................... 63 Lei da Gravitação Universal ...................................................................................... 66 Campo Gravitacional ................................................................................................ 66 Intensidade do campo gravitacional.......................................................................... 67 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 68 Guia de Estudo – FÍSICA II 7 APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a), A disciplina Física II abordará temas relevantes para o seu processo de formação tais como Oscilações, Ondas, Acústica, Hidrostática e Termodinâmica. Estes assuntos serão tratados de uma forma bastante didática, procurando sempre relacioná-los ao nosso cotidiano. Este Guia de Estudos apresenta textos cuidadosamente selecionados, bem como exemplos de aplicação e exercícios para fixação, proporcionando uma auto- aprendizagem complementada por atividades e discussões propostas no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Após ler a teoria e estudar os exemplos apresentados, sugerimos que realize as atividades propostas, sempre recorrendo à ajuda do professor quando necessário. Desde já, desejamos sucesso, não só nesta disciplina, mas em todo o curso. Um grande abraço, Profº. Ms. Adriano Rodrigues e Equipe GEaD – Unidade de Gestão em Educação a Distância-UNIS/MG Guia de Estudo – FÍSICA II 8 EMENTA A ementa desta disciplina é a seguinte: Oscilações: Movimento Periódico, Movimento Harmônico Simples e Pêndulos; Ondas: Ondas Mecânicas, Interferência, Modos Normais, Som e Audição; Mecânica dos Fluidos: Densidade, Pressão, Princípio de Arquimedes e Princípio de Pascal; Termodinâmica: Temperatura e a Lei Zero, Escalas de Temperatura, Dilatação Térmica, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica, Teoria Cinética dos Gases, Gases Ideais, Expansões Térmicas, Entropia e Segunda Lei da Termodinâmica, Máquinas Térmicas; Gravitação (Opcional). AVALIAÇÃO Você será avaliado no decorrer do curso por meio de atividades e provas que ocorrerão da seguinte forma: Avaliação a Distância: (Etapa I) Serão 45 (quarenta e cinco) pontos distribuídos para a produção e a interação através do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Essa produção e essa interação envolverão análise e aplicação de conhecimentos mostrados através das participações nas atividades previstas no Fórum, Chat, Portfólio e auto-avaliação. Avaliação Presencial: (Etapa 2) Totalizará 55 (cinqüenta e cinco) pontos. Será realizada de acordo com o calendário divulgado e exigirá a aplicação prática do conteúdo trabalhado durante o desenvolvimento da disciplina. Guia de Estudo – FÍSICA II 9 INTRODUÇÃO O objetivo principal desta disciplina é desenvolver o senso crítico, de modo a colaborar para uma formação científica adequada aos professores que lecionarão Física para a educação básica. Por isso, neste guia de estudos, estudaremos, na Unidade 2, trataremos da Mecânica dos Fluidos, estudando tópicos como densidade, pressão, Teoremas de Pascal e de Arquimedes. Desejamos que você aproveite o máximo desta disciplina e, desde já, colocamo-nos à disposição para facilitar sua aprendizagem. Guia de Estudo – FÍSICA II 10 UNIDADE 3: MECÂNICA DOS FLUIDOS OBJETIVOS entender o que é fluido e os princípios fundamentais da mecânica dos fluidos; aplicar os Teoremas de Pascal e de Arquimedes em situações práticas. FLUIDO Sob o ponto de vista macroscópico, costumamos classificar a matéria em sólidos e fluidos. Fluidos são substâncias que podem escoar. Assim, o termo fluido abrange os líquidos e os gases. A separação entre sólidos e fluidos não é claramente definida. Alguns fluidos como o vidro e o piche fluem tão vagarosamente que se comportam como sólidos nos intervalos de tempo em que comumente trabalhamos com eles. O plasma, que é um gás altamente ionizado, não se enquadra propriamente em nenhuma destas categorias e é frequentemente chamado de “quarto estado da matéria”, para ser distinguido do sólido, líquido e gasoso. Neste texto, definiremos fluido da maneira como ele é comumente conhecido e estaremos interessados apenas nas propriedades relacionadas com sua propriedade de escoar. PRESSÃO E DENSIDADE Um sólido, sendo rígido, pode experimentar a ação de uma força que atue sobre um ponto. Um fluido, contudo, só experimenta a ação de uma força através de uma superfície. Assim, a grandeza relevante aqui é a pressão, definida como o quociente do módulo da força normal pela área da superfície sobre a qual atua: A F P com ).( 21 pascalPaNmAFP Definimos densidade (ou massa específica) de um corpo como o cociente de sua massa pelo seu volume: V m com 331 cm g ou m kgVm . Guia de Estudo – FÍSICA II 11 Um cubo metálico maciço, com aresta de 8cm, tem a massa de 4,08 Kg. Qual a densidade do cubo? Solução: Inicialmente devemos calcular o volume do cubo. Sua aresta mede 8cm=0,08m. Seu volume será: .000512,0)08,0( 33 mmV Sua densidade pode ser calculada dividindo sua massa pelo seu volume. Assim, 3 3 /75,7968 000512,0 08,4 mkg m Kg V m . Como 1m3 = 1000L, podemos ainda escrever sua densidade como LKg /97,7 . (Ufmg 2006) José aperta uma tachinha entre os dedos, como mostrado nesta figura: A cabeça da tachinha está apoiada no polegar e a ponta, no indicador. Sejam F(i) o módulo da força e p(i) a pressão que a tachinha faz sobre o dedo indicador de José. Sobre o polegar, essas grandezas são, respectivamente, F(p) e p(p). Considerando-se essas informações, é CORRETO afirmar que a) F(i) > F(p) e p(i) = p(p). b) F(i) = F(p) e p(i) = p(p). c) F(i) > F(p) e p(i) > p(p). d) F(i) = F(p) e p(i) > p(p). Guia de Estudo – FÍSICA II 12 Solução: Para resolver esta questão devemos lembrar que a pressão exercida no dedo é inversamente proporcional à área de contato: A F p . Sendo assim, no dedo indicador temos uma área de contato menor, logo a pressão é maior - )()( ppip , mas a força aplicada em ambos os dedos é a mesma. Logo, a alternativa correta é a letra D. Atividade Experimental 1 O objetivo desta atividade é estudar a pressão. Abandone um corpo de carga sempre da mesma altura, sobre pregos com pontas de áreas diferentes, verticalmente apoiados sobre uma barra de sabão (Fig.1). Observe a distância de penetração de cada prego. Repita o procedimento substituindoa barra de sabão por uma tábua. Se o corpo de carga cair de alturas diferentes, a pressão sobre o sabão será diferente? O peso do corpo de prova é o mesmo, independente da altura de que é abandonado? Atividade Experimental 2 O objetivo desta atividade é determinar a densidade da água e de alguns corpos sólidos. Determine a massa de um balão graduado. Coloque água neste balão, anotando o correspondente volume e determine a massa do balão com a água dentro. Com os números obtidos, calcule a densidade da água. Por outro lado, o volume de um corpo de forma regular como um cubo ou um cilindro, por exemplo, pode ser obtido pela medida direta de suas dimensões e o volume de um corpo de forma irregular pode ser determinado pelo aumento aparente do volume de um líquido onde é mergulhado. Para cada corpo dado, determine a massa com uma balança. Para determinar o volume de cada corpo, encha uma proveta com água e mergulhe-o totalmente, anotando o acréscimo aparente de volume experimentado pela água. Com os números obtidos, calcule as respectivas densidades. Para ver mais experimentos interessantes sobre esse e outros assuntos acesse: www.feiradeciencias.com.br Guia de Estudo – FÍSICA II 13 A EXPERIÊNCIA DE TORRICELLI A Terra está envolvida por uma camada de ar, a atmosfera. A pressão atmosférica (PATM) é a pressão exercida sobre a superfície da Terra pelo peso da atmosfera. Um modo de medir a pressão atmosférica é a experiência de Torricelli. Torricelli usou um tubo de vidro com cerca de 1 m de comprimento fechado em uma das extremidades, e cheio de mercúrio, emborcando-o em um recipiente contendo também mercúrio, sem que entrasse ar no tubo (Fig.2). A coluna de mercúrio no interior do tubo permaneceu com uma altura de aproximadamente 760 mm, sustentada pela pressão atmosférica na superfície livre do recipiente. A pressão atmosférica é equivalente à pressão de uma coluna de mercúrio de 760 mm de altura, ao nível do mar, a 0 oC e em um local onde a aceleração gravitacional g = 9,81 m/s2. Escrevemos simbolicamente atm 1mmHg 760PATM . A pressão atmosférica pode ser calculada por: gh A Vg A mg PATM e como Hg = 13,6 10 3 kg m3 temos, ao nível do mar: Pa. 10 76,0s 81,9 106,13 5233 mmmkgPATM Variação da Pressão com a Profundidade Para demonstrar o teorema fundamental da hidrostática que estabelece que a pressão em um fluido (com densidade constante) varia linearmente com a profundidade, vamos considerar uma porção imaginária de fluido na forma de um cilindro circular reto com seção reta de área A e altura h, com a face superior livre para a atmosfera (Fig.3). A seção superior do cilindro recebe da atmosfera uma força de módulo ATM1 APF e a porção de fluido abaixo da base do cilindro imprime nesta base uma força de módulo )h(APF2 , onde )h(P é a pressão no interior do fluido a uma profundidade h. O cilindro imaginário tem massa Ah V m , onde é a densidade do fluido. Como esta porção de fluido na forma de um cilindro está em repouso com o resto do fluido: Guia de Estudo – FÍSICA II 14 mgFF 12 ou AhgAP)h(AP ATM e, simplificando o fator comum: .)( ghPhP ATM Considerando Patm= 1atm = 10 5Pa, g = 10m/s2 e água = 103kg/m3, qual a pressão, em pascal, no fundo de um lago de 15m de profundidade? Solução: A pressão a certa profundidade é dada por ghPhP ATM )( ; assim, )15)(/10)(/10(10)15( 2335 msmmKgPamP PaxPa 55 105,110 Pax 5105,2 O tubo aberto em forma de U da figura contém dois líquidos não miscíveis, A e B, em equilíbrio. As alturas das colunas de A e B, medidas em relação à linha de separação dos dois líquidos, valem 50 cm e 80 cm, respectivamente. Sabendo que a massa específica de A é 2,0 g/cm3, qual é a massa específica do líquido B, em g/cm3? Guia de Estudo – FÍSICA II 15 Solução: Se considerarmos a reta horizontal tracejada onde o líquido B separa-se do líquido A, teremos ALiqATMBliqatm pppp .. AAATMBBatm ghpghp . Como a ATMp aparece somando dos dois lados da equação, podemos cancelá-la e temos: )50()/2()80( 3 cmgcmgcmgB . A aceleração da gravidade é a mesma nos dois lados da equação, podendo ser simplificada e temos: 3/25,1 cmgB . TEOREMA DE PASCAL A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido homogêneo em repouso é constante, dependendo apenas do desnível entre esses pontos. Portanto, uma variação de pressão produzida em um ponto do fluido em repouso deve se transmitir a todos os outros pontos. Este resultado constitui o teorema de Pascal. A prensa hidráulica como aplicação do teorema de Pascal. Sendo f a força aplicada ao êmbolo do cilindro de menor diâmetro, de seção reta com área a, e F , a força do fluido sobre o êmbolo de maior diâmetro, de seção reta com área A (ver figura). Como a pressão exercida pela força f se transmite integralmente a todos os pontos do fluido, temos: A F a f ou .f a A F Guia de Estudo – FÍSICA II 16 (Uerj 2001) Um adestrador quer saber o peso de um elefante. Utilizando uma prensa hidráulica, consegue equilibrar o elefante sobre um pistão de 2000cm2 de área, exercendo uma força vertical F equivalente a 200N, de cima para baixo, sobre o outro pistão da prensa, cuja área é igual a 25cm2. Calcule o peso do elefante. Solução: Pelo princípio da prensa hidráulica, temos: NP cm N cm P a F A P 000.160 25 2000 2000 22 . TEOREMA DE ARQUIMEDES Considerando um corpo cilíndrico reto, com seção reta de área A e altura h, totalmente imerso em um fluido de densidade (ver figura), a resultante das forças superficiais exercidas pelo fluido sobre o cilindro será vertical (já que por simetria as forças laterais se cancelam mutuamente) e terá módulo 12 FFE ou: mgVgghhAghPghPAPPAE 121ATM2ATM12 . Guia de Estudo – FÍSICA II 17 Como o resultado final não depende da forma do corpo, podemos supor que seja geral. Assim, como a diferença de pressão entre dois pontos de um líquido homogêneo em repouso é constante e depende apenas do desnível entre esses pontos, um corpo total ou parcialmente mergulhado em um fluido recebe deste uma força (chamada empuxo) vertical, de baixo para cima, de módulo igual ao módulo do peso do fluido deslocado. Este resultado constitui o teorema de Arquimedes. Um cilindro maciço de volume 1,0 L e densidade 0,60 kg/L é preso por um fio ao fundo de um tanque com água. Adote g = 10 m/s2 e água = 1,0 kg/L. Determine: a) a intensidade da força de tração no fio; b) a aceleração que o cilindro adquire no instante em que o fio é cortado. Solução: (a) Sobre o cilindro atuam as seguintes forças: Peso (P) e Tração(T) na vertical para baixo e Empuxo (E), vertical para cima. Inicialmente podemos calcular a massa do cilindro usando sua densidade: Kgm m V m 6,0 1 6,0 . Assim, podemos calcular o peso do cilindro como se segue: NPPmgP 610.6,0 . O empuxo sobre o cilindro também pode ser calculado como: Guiade Estudo – FÍSICA II 18 NgVE LDL 1010.1.1.. . No cálculo do empuxo, observe que usamos o volume do líquido deslocado ( LDV ) sendo igual ao volume do cilindro. Isto porque, como o cilindro está totalmente imerso, seu volume é igual ao volume do líquido deslocado. Como o corpo está em equilíbrio (repouso), a resultante sobre ele é nula. Para que isso ocorra, devemos ter: NTTTPE 4610 . (b) Quando o fio se rompe, temos T = 0 e conseqüentemente a resultante será R = E – P. Assim, pela 2ª Lei de Newton, temos: 2/7,6.6,0610.. smaaamPEamR . Caro (a) aluno (a), neste momento é hora de realizar atividades sobre esta unidade. As atividades serão colocadas no ambiente pelo professor, devendo você realizá-las e publicá-las. Guia de Estudo – FÍSICA II 19 UNIDADE 4 : TERMODINÂMICA Ementa Termodinâmica: Temperatura e a Lei Zero, Escalas de Temperatura, Dilatação Térmica, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica, Teoria Cinética dos Gases, Gases Ideais, Expansões Térmicas, Entropia e Segunda Lei da Termodinâmica, Máquinas Térmicas. Gravitação (Opcional). Objetivos 1. Conceituar e diferenciar calor e temperatura; 2. Converter temperaturas nas escalas mais usadas; 3. Resolver problemas de calorimetria; 4. Entender e aplicar as Leis da Termodinâmica; 5. Descrever analiticamente o movimento de planetas. TERMODINÂMICA A termodinâmica é a investigação da temperatura, do calor e das trocas de energia. Tem aplicações em todos os ramos da ciência e da engenharia, e também em muitas circunstâncias da vida cotidiana, desde as previsões meteorológicas até a culinária. Estudaremos a temperatura e alguns aspectos das propriedades térmicas da matéria. TEMPERATURA A temperatura é um conceito familiar a todos, como medida do grau de quentura de um corpo. Com maior precisão, é uma medida da energia cinética molecular média de um corpo. Guia de Estudo – FÍSICA II 20 AS ESCALAS DE TEMPERATURA CELSIUS E FAHRENHEIT Quando um corpo é aquecido, ou resfriado, há modificação de algumas de suas propriedades. Por exemplo, a maioria dos sólidos e líquidos expande-se ao ser aquecida. Um gás também se expandirá ao ser aquecido, se puder, ou então, se seu volume se mantiver constante, aumentará sua pressão no aquecimento. Se um condutor elétrico for aquecido, sua resistência elétrica também se altera. Uma propriedade física que se altera com a temperatura é uma propriedade termométrica. Uma variação de uma propriedade termométrica indica uma variação da temperatura do corpo. Uma importante afirmação fundamental sobre o comportamento térmico de todos os corpos é a seguinte: Se dois corpos estiverem em equilíbrio térmico com um terceiro corpo, estarão em equilíbrio térmico um com o outro. Este enunciado é denominado a anteprimeira lei da termodinâmica (ou lei zero da termodinâmica) e nos permite definir as escalas de temperatura. Quando dois corpos estão em equilíbrio térmico um com o outro, os dois têm a mesma temperatura. Na prática, um termômetro pode ser construído da seguinte maneira. Escolhe-se uma substância termométrica. Por exemplo, o mercúrio. Escolhe-se, desta substância, uma propriedade que dependa da percepção fisiológica de temperatura. Por exemplo, o volume. E então, define-se a escala de temperatura. A escala Celsius, por exemplo, é definida por dois pontos fixos e uma lei linear. O termômetro é colocado inicialmente numa mistura de gelo e água em equilíbrio, na pressão de 1 atm. Nessas circunstâncias, o termômetro estará em equilíbrio térmico com o banho de gelo e água. A posição do topo da coluna de mercúrio é então marcada no tubo de vidro. Esta é a temperatura do ponto de gelo (também denominada o ponto de congelação normal da água). Depois o termômetro é colocado na água em ebulição, sob pressão de 1 atm, e o comprimento da coluna de mercúrio aumenta até que o termômetro fique em equilíbrio térmico com a água ebuliente. Marca-se então a posição do topo da coluna de mercúrio. Este ponto é a Guia de Estudo – FÍSICA II 21 temperatura do ponto de vapor (também chamada de temperatura de ebulição normal da água). A escala Celsius se constrói definindo a temperatura do ponto de gelo como zero da escala Celsius (0ºC) e a temperatura do ponto de vapor como o cem da escala (100ºC). O intervalo, no tubo de vidro, entre a marca do ponto de gelo e a marca do ponto de vapor é então dividida em cem partes iguais, ou graus, e a marcação dos graus é extrapolada para baixo do ponto de gelo e para cima do ponto de vapor. A escala de temperatura Fahrenheit é construída definindo-se a temperatura do ponto de gelo como 32ºF e a temperatura do ponto de vapor como 212ºF. É de uso corrente em muitos países de cultura inglesa e a escala Celsius é usada nos trabalhos científicos e em quase todo o mundo. Observa-se que são 100 os graus Celsius entre o ponto de gelo e o ponto de vapor, e 180 os graus Fahrenheit entre as mesmas temperaturas. Então, uma variação de temperatura de 1 grau Fahrenheit é menor que uma variação de 1 grau Celsius. Para converter a temperatura entre as escalas Celsius e Fahrenheit, usamos a seguinte relação: 9 32 5 FC tt Achar a temperatura Celsius equivalente a 41ºF. Solução: Usando a equação de conversão, temos 9 º32º41 5 C t CtC º5 Achar a temperatura na escala Fahrenheit equivalente a - 10ºC. Solução: Podemos calcular este resultado pela equação de conversão, substituindo- se Ct por -10ºC. Assim, 9 32 5 10 Ft FtF º14 Guia de Estudo – FÍSICA II 22 TERMÔMETRO A GÁS E A ESCALA DE TEMPERATURA ABSOLUTA Há um grupo de termômetros que medem a temperatura com muito boa concordância entre eles, mesmo longe dos pontos de calibração. São os termômetros a gás. Um gás enche um bulbo e um capilar ligado a um manômetro de tubo aberto com mercúrio (Hg). O bulbo é colocado em contato térmico com o sistema cuja temperatura se quer determinar. Um tubo flexível permite levantar ou abaixar um reservatório com mercúrio, fazendo com que o mercúrio no ramo esquerdo do manômetro coincida sempre com o zero da escala. Assim, o volume do gás pode ser mantido constante, apesar do aumento ou diminuição da sua temperatura. Neste termômetro, a propriedade termométrica é a pressão do gás. Medindo-se h, o desnível do mercúrio no manômetro, e conhecendo-se PATM, g e Hg, a pressão do gás no bulbo é determinada por: ghPP HgATM A temperatura do gás e, portanto, do sistema em questão, é definida em função de um ponto fixo, o ponto triplo da água, por: K P P 16,273PT VPT onde PPT é a pressão do gás quando em contato com a água no ponto triplo. O ponto triplo representa o estado em que coexistem, em equilíbrio, as fases de líquido, de sólido e de vapor da água. Para esse estado, P = 4,58 mm-Hg e T = 0,01 oC. Na prática, mede-se PPT e P para quantidades cada vez menores de gás (ou seja, para PPT 0) e a temperatura é tomada como o resultado desse processo de limite: K P P lim 16,273T VPT 0PPT Guia de Estudo – FÍSICA II 23 A escala escolhida desta maneira independe das propriedades de qualquer gás em particular, mas depende das propriedades dosgases ideais. A escala termométrica absoluta Kelvin independe das propriedades de qualquer substância. A escala Kelvin e a escala de gás ideal são idênticas no intervalo de temperatura em que o termômetro de gás pode ser usado. Para converter graus Celsius a Kelvin, basta somar 273,15: 15,273 CtT Na maioria dos casos podemos arredondar a temperatura do zero absoluto para – 273ºC, de modo que basta somar 273 à temperatura Celsius para ter a temperatura absoluta ou Kelvin. Qual a temperatura Kelvin corresponde a 70ºF? Solução: Primeiro vamos converter a temperatura para a escala Celsius, usando a equação de conversão 9 º32º70 5 C t CtC º21 A temperatura Kelvin se obtém somando 273 a essa temperatura. Assim, KtT C 29427321273 EXPANSÃO TÉRMICA Quando a temperatura de um corpo se eleva, o corpo usualmente se expande. Consideremos uma barra comprida, de comprimento L, na temperatura T. Quando a temperatura se altera de T , a variação do comprimento L é proporcional a T e ao comprimento original L: TLL .. Guia de Estudo – FÍSICA II 24 onde é o coeficiente de expansão linear. É a razão entre a variação relativa do comprimento e a variação de temperatura: T LL / As suas unidades são o inverso do grau Celsius (1/ºC) ou o inverso de Kelvin (1/K). O coeficiente de expansão linear de um sólido, ou de um líquido, não varia, em geral, sensivelmente com a pressão, mas pode variar com a temperatura. Encontramos o coeficiente de expansão linear, numa certa temperatura T, tomando o limite da expressão quando T tende a zero: dT dL LT LL T 1/ lim 0 Na maioria dos casos, consegue-se exatidão suficiente mediante a adoção do valor médio de sobre um grande intervalo de temperatura. O coeficiente de expansão volumétrica se define analogamente como a razão entre a variação relativa do volume e a variação da temperatura (numa pressão constante). Podemos mostrar que, para um dado material, o coeficiente de expansão volumétrica é o triplo do coeficiente de expansão linear. Assim, 3 O aumento do tamanho de qualquer parte de um corpo, provocado por uma dada variação de temperatura, é proporcional ao tamanho original da parte do corpo. Então, se elevarmos a temperatura de uma régua de aço, por exemplo, o efeito será semelhante ao de uma ampliação fotográfica (bastante pequena). As marcas que estavam, no princípio, igualmente espaçadas, continuarão a estar igualmente espaçadas, mas os espaços serão um tanto maiores. Da mesma maneira, a largura da régua será ligeiramente maior. Se a régua tiver um orifício, o orifício ficará maior, exatamente como numa ampliação fotográfica. Embora a maior parte dos materiais sofra expansão quando aquecidos, a água entre 0 e 4ºC constitui uma importante exceção (comportamento anômalo). Quando a água é aquecida em temperaturas inferiores a 4ºC, ela se contrai em lugar de se expandir. Esta propriedade tem importantes conseqüências para a ecologia dos lagos. Guia de Estudo – FÍSICA II 25 Uma ponte de aço tem 1000m de comprimento. Qual a sua expansão quando a temperatura sobe de 0 até 30ºC? Dado: 16 º1011 CxAÇO . Solução: Temos TLL .. )º30).(1000).(º1011( 16 CmCxL cmmL 3333,0 Um balão de vidro, de 1L, está cheio de álcool até a sua boca, a 10ºC. Se a temperatura sobe para 30ºC, qual a quantidade de álcool que extravasará do balão? Dados: 16 º109 CXVIDRO e 13 º101,1 CxALCOOL Solução: Inicialmente temos: CCCT º20º10º30 . Assim, podemos obter a variação de volume do balão de vidro: TVVRECIPIENTE .. (Lembre-se que 3 ) )º20).(1).(º109.(3 16 CLCxVRECIPIENTE mLLxVRECIPIENTE 54,0104,5 4 Também calculamos a variação de volume do álcool: TVV ÁLCOOL .. )º20).(1).(º101,1( 13 CLCxV ÁLCOOL mLLxV ÁLCOOL 0,22102,2 2 Então a quantidade de álcool que extravasará do balão é mLmLmL 5,2154,00,22 . Guia de Estudo – FÍSICA II 26 A LEI DOS GASES IDEAIS Se comprimirmos um gás, mantendo sua temperatura constante, verificamos que a pressão aumenta quando o volume diminui. Analogamente, se provocarmos a expansão do gás, à temperatura constante, a sua pressão diminui quando seu volume aumenta. Esse resultado foi descoberto por Robert Boyle (1627-1691) e é conhecido como a Lei de Boyle: PV = constante (a temperatura constante). Esse lei vale aproximadamente para todos os gases em densidades baixas. Porém, a temperatura absoluta de um gás em densidades baixas é proporcional à pressão a volume constante. Analogamente, a temperatura absoluta é proporcional ao volume de um gás se a pressão for mantida constante, resultado descoberto por Jacques Charles (1746-1823) e Gay-Lussac(1778-1850). Então, em densidades baixas, o produto PV é quase proporcional à temperatura T: PV = CT (1) onde C é uma constante de proporcionalidade apropriada para uma certa massa de um certo gás. Suponhamos agora que dispomos de dois vasos semelhantes, cada qual com a mesma quantidade de um certo gás, numa mesma temperatura. Cada qual terá volume V. Se combinarmos os dois vasos, ficamos com o volume duplo do gás, na pressão P e na temperatura T. Então, é claro que C deve aumentar por um fator 2. Em outras palavras, C é proporcional à quantidade do gás. Podemos então escrever: C = K N onde N é o número de moléculas do gás e k uma constante. A equação (1) fica, então: PV = NKB T (2) A constante KB é a constante de Boltzmann. Verifica-se experimentalmente que essa constante tem o mesmo valor para qualquer gás. Em unidades SI é KB = 1,381x10 -23 J/K (3) Guia de Estudo – FÍSICA II 27 Muitas vezes, é mais conveniente escrever a quantidade de gás em termos do número de moles. Um mol de qualquer substância é a quantidade dessa substância que contém o número de Avogadro de átomos ou de moléculas. O número de Avogadro NA é o número de átomos de carbono em 12 gramas de 12C. O valor do número de Avogadro é NA = 6,022x10 23 moléculas/mol Se dispusermos de n moles de uma substância, o número de moléculas é N = nNA A equação (2) fica então PV = nNAKB T = nRT onde R é a constante universal dos gases ideais. O seu valor é o mesmo para todos os gases e é: R = 8,314 J/mol.K = 0,08206 L.atm/mol.K Definimos um gás ideal como um gás para o qual PV/nT é constante em todas as pressões. Num gás ideal, a pressão, o volume e a temperatura estão relacionados por LEIS DOS GASES IDEAIS PV = nRT A massa de 1 mol é a massa molecular M (também chamada massa molar ou peso molecular). A massa de n moles do gás é dada por m = nM A densidade de um gás ideal é V nM V m Guia de Estudo – FÍSICA II 28 Como n/V = P/RT, podemos escrever P RT M Numa dada temperatura, a densidade de um gás ideal é proporcional à pressão. A Lei dos Gases Ideais, que relaciona P, V e T para uma dada quantidade de um gás, é uma equação de estado. O estado de um gás de massa constante é determinado por duasentre as três variáveis P, V e T. O conceito de gás ideal é uma extrapolação do comportamento dos gases reais em densidades baixas e em pressões baixas. Com a massa do gás fixa, podemos ver pela Lei dos Gases Ideais que a grandeza PV/T é constante. Se usarmos o índice 1 para os valores iniciais e o 2 para os valores finais, temos 2 22 1 11 T VP T VP Vamos agora analisar alguns exemplos. Para um maior entendimento, procure refaze-los e entender cada etapa de sua resolução. Qual o volume ocupado por 1 mol de um gás na temperatura de 0ºC e na pressão de 1 atm? Solução: A temperatura absoluta correspondente a 0ºC é 273K. Pela Lei dos Gases Ideais, temos: L atm KKmolatmLmol P nRT V 4,22 1 )273)(./.0821,0)(1( Observação: A temperatura de 0ºC = 273K e a pressão de 1 atm definem as condições normais de temperatura e pressão (sigla CNTP). Pelo exemplo anterior, podemos ver que em condições normais de temperatura e pressão, 1 mol de qualquer gás ocupa o volume de 22,4 litros. Guia de Estudo – FÍSICA II 29 A massa molecular do hidrogênio é 1,008g/mol. Qual a massa de um átomo de hidrogênio? Solução. Uma vez que existem NA átomos de hidrogênio em 1 mol, a massa m de um átomo é átomogx molatomosx molg m /1067,1 /10022,6 /008,1 24 23 Observação: Podemos ver por este exemplo, que o número de Avogadro é aproximadamente igual ao inverso da massa do átomo de hidrogênio medida em gramas. Um gás tem um volume de 2L, a temperatura de 30ºC e a pressão de 1atm. O gás é aquecido a 60ºC e comprimido até seu volume ser 1,5L. Achar a nova pressão. Solução. Pela equação 2 22 1 11 T VP T VP , temos 1 21 12 2 .P VT VT P . Uma vez que estamos tratando de razões, podemos exprimir a pressão e o volume em quaisquer unidades, mas não podemos esquecer que na equação dos gases ideais, as temperaturas são sempre temperaturas absolutas. Como T1 = 30 + 273 = 303K e T2 = 60 + 273 = 333K, temos atmatm LK LK P 47,1)1.( )5,1)(303( )2)(333( 2 Guia de Estudo – FÍSICA II 30 Cem gramas de CO2 ocupam o volume de 55L na pressão de 1atm. a) Achar a temperatura do gás; b) Se o volume passar para 80L, e se a temperatura se mantiver constante, qual a nova pressão? Solução. a) Podemos achar a temperatura pela equação do gás ideal se calcularmos inicialmente o números de moles. Uma vez que a massa molar do CO2 é 44g/mol, o número de moles é mol molg g M m n 27,2 /44 100 A temperatura absoluta é, então K KmolatmLmol Latm nR PV T 295 )./.0821,0)(27,2( )55)(1( b) Com a equação 2 22 1 11 T VP T VP , onde T1 = T2, temos P1V1 = P2V2 atmatm L L P V V P 688,0)1( 80 55 1 2 1 2 Para uma transformação isovolumétrica (a volume constante)(Figura) 2 2 1 1 T P T P ou T kP (k constante) Assim, para uma dada massa de gás mantido o volume constante, a pressão é diretamente proporcional à temperatura absoluta (lei de Charles). Guia de Estudo – FÍSICA II 31 Para uma transformação isobárica (a pressão constante)(Figura): 2 2 1 1 T V T V ou T kV (k constante) Assim, para uma dada massa de gás mantida a pressão constante, o volume é diretamente proporcional à temperatura absoluta (lei de Gay-Lussac). Para uma transformação isotérmica (a temperatura constante)(Figura): 2211 VPVP ou kPV (k constante) Assim, para uma dada massa de gás mantida a temperatura constante, a pressão é inversamente proporcional ao volume ocupado (lei de Boyle-Mariotte). TEORIA CINÉTICA DOS GASES Todo modelo é uma construção imaginária que incorpora apenas as características que se supõem importantes para a descrição do sistema físico em questão, características estas selecionadas intuitivamente ou por conveniência matemática. A validade de um modelo é determinada pela experimentação. O modelo da Teoria Cinética para um gás ideal se baseia nas seguintes hipóteses: 1. O gás é constituído por um número muito grande de partículas (moléculas) em movimento desordenado. 2. As forças intermoleculares são desprezíveis, isto é, as moléculas exercem ações apenas nas colisões mútuas e com as paredes do recipiente e o seu movimento, entre colisões sucessivas, é retilíneo e uniforme. 3. As colisões são elásticas e de duração desprezível. 4. As dimensões das moléculas são muito menores do que a distância média entre elas e o seu volume próprio pode ser desprezado frente ao volume do recipiente. 5. O movimento das moléculas que constituem o gás está sujeito às leis de Newton. Guia de Estudo – FÍSICA II 32 A característica mais importante desse modelo é que as moléculas, na maior parte do tempo, não exercem forças umas sobre as outras, exceto quando colidem. Assim, todas as propriedades macroscópicas óbvias de um gás são conseqüências primárias do movimento das moléculas e é por isso que se fala em Teoria Cinética dos gases. As conseqüências mais importantes desse modelo cinético são as relações: 2 2 1 3 2 vmNPV e TKvm B 2 3 2 1 2 onde N representa o número de moléculas e o fator entre parênteses, a energia cinética média das moléculas. A primeira expressão relaciona a pressão e a segunda, a temperatura absoluta, à energia cinética média de translação das moléculas. Se a pressão de um gás aumenta, a energia cinética média de suas moléculas aumenta e também, a sua temperatura. Para se ter uma idéia da velocidade das moléculas de um gás define-se a velocidade quadrática média (vqm) como a raiz quadrada do valor médio do quadrado das velocidades moleculares. Para obter a expressão da velocidade quadrática média, procedemos da seguinte forma: primeiramente isolamos a velocidade na equação TKvm B 2 3 2 1 2 , obtendo m TK v B 32 Lembrando que a constante A B N R K e que ANmM . , e substituindo na igualdade acima, obtemos M RT vvqm 32 Velocidade Quadrática Média M RT vqm 3 Guia de Estudo – FÍSICA II 33 Vejamos um exemplo. O oxigênio gasoso (O2) tem uma massa molecular aproximada de 32 g/mol e o hidrogênio gasoso (H2), a massa molecular aproximada de 2 g/mol. Calcular (a) a velocidade quadrática média de uma molécula de oxigênio e (b) a velocidade quadrática média de uma molécula de hidrogênio, ambas na temperatura de 300K. Solução (a) A fim de termos coerência nas unidades, devemos exprimir a massa molecular do O2 em quilogramas/mol. Temos então sm molKgx KKmolJ M RT vqm /483 /1032 )300).(./31,8(33 3 (b) Uma vez que a massa molecular do hidrogênio é um dezesseis avos da massa molecular do oxigênio, e que qmv é proporcional a M/1 , a velocidade quadrática média do hidrogênio é 4 vezes a do oxigênio, ou seja, 1,943 Km/s. Energia Interna, Pressão e Temperatura A soma de todas as energias (cinética, potencial, etc.) de todas as partículas que constituem o sistema em questão é chamada energia interna do sistema. A Teoria Cinética permiterelacionar a pressão com as variáveis microscópicas do movimento das moléculas, considerando que a pressão exercida por um gás sobre as paredes do recipiente que o contém é devida aos choques de suas moléculas contra estas paredes. Como a pressão é a mesma em todas as paredes do recipiente, basta considerar a pressão em uma única delas. Conforme a lei zero da Termodinâmica, a temperatura deve estar relacionada com uma grandeza física que caracterize o estado de um corpo e que seja igual para dois corpos quaisquer que se encontrem em equilíbrio térmico. Assim, é a energia cinética média do movimento de translação das partículas (átomos ou moléculas) do corpo que possui esta propriedade excepcional. Se os valores médios desta energia cinética média são iguais para as partículas de dois corpos, não existe, em termos médios, qualquer fluxo de energia entre eles. Guia de Estudo – FÍSICA II 34 Teorema da Eqüipartição da Energia No modelo cinético para um gás ideal, cada molécula possui apenas movimento de translação. Como este movimento pode ser decomposto em três movimentos ortogonais, dizemos que cada molécula tem três graus de liberdade. Por outro lado, da expressão Tkvm B2 32 2 1 podemos ver que, para cada grau de liberdade de translação, uma molécula tem uma energia TkB2 1 . Assim, a energia interna de um gás ideal, isto é, a soma de todas as energias (cinética, potencial, etc.) de todas as moléculas que o constituem, pode ser escrita: TkN3vmNU B21 2 2 1 Para uma melhor descrição dos gases reais, principalmente quanto aos seus calores específicos, é necessário levar em conta outros graus de liberdade como, por exemplo, os graus de liberdade de rotação (para moléculas não esféricas), de vibração (para moléculas não rígidas), etc. Se o resultado acima for estendido a estes outros graus de liberdade temos o teorema de equipartição de energia: a cada grau de liberdade da molécula, qualquer que seja a natureza do movimento correspondente, está associada uma energia .TkB2 1 Calor e Calor Específico Calor é o processo de transferência de energia de um corpo a outro exclusivamente devido a diferença de temperatura entre eles (figura). Com a experiência de Joule (figura ao lado), na qual um certo corpo A, caindo de uma altura h, faz girar uma hélice no interior de um líquido e, com isso, aumenta a temperatura do líquido, verifica-se a equivalência entre o trabalho mecânico e o calor. O assim chamado equivalente mecânico do calor é a relação 1 cal 4,2 J. Caloria é a quantidade de Guia de Estudo – FÍSICA II 35 energia necessária para elevar a temperatura de uma grama de água de 14,5 0C para 15,5 0C. O quociente da quantidade de energia (Q) fornecida na forma de calor a um corpo pelo correspondente acréscimo de temperatura (T) é a capacidade térmica deste corpo: T Q C Para caracterizar não o corpo, mas a substância que o constitui, define-se o calor específico como a capacidade térmica por unidade de massa do corpo: T Q m 1 c O calor específico assim definido varia grandemente de uma substância para outra mas, tomando amostras com o mesmo número de partículas, isso não acontece. Por isso, define-se também a capacidade térmica molar: T Q n 1 C onde n é o número de mols da substância que compõe o corpo. Calores Específicos e Capacidades Térmicas Molares Substância ) ( Cgcalc o ) ( CmolcalC o Alumínio 0,215 5,82 Cobre 0,092 5,85 Prata 0,056 6,09 Guia de Estudo – FÍSICA II 36 Qual a quantidade de calor necessária para elevar de 20ºC a temperatura de um bloco de 3 Kg de cobre? Solução: Pela tabela acima, vemos que o calor específico do cobre é 0,092 cal/gºC. Por isso, devemos expressar a massa em gramas e a quantidade de calor será dada em calorias (cal), unidade usual para calor. Assim, temos calCCgcalgtcmQ 5520)º20).(º/092,0).(3000(.. Calorimetria A calorimetria estuda o calor entre corpos com temperaturas diferentes que, colocados em contato, evoluem para o estado de equilíbrio térmico. Calor Sensível e Calor Latente Calor é o processo de transferência de energia de um corpo para outro exclusivamente por que existe uma diferença de temperatura entre eles. O processo espontâneo de transferência sempre ocorre do corpo de maior para o de menor temperatura (figura). O corpo A tem sua energia interna diminuída e o corpo B tem sua energia interna aumentada. Não tem sentido afirmar que os corpos possuem calor. Eles têm, isto sim, energia interna. Desta maneira, dizemos que a temperatura é uma medida da energia interna do corpo. Se a energia trocada pelo corpo com a vizinhança na forma de calor faz variar a sua temperatura, existe calor sensível e define-se o calor específico por: T Q m 1 c ou TcmQ onde T é a variação da temperatura do corpo de massa m ao receber ou perder a quantidade de energia Q na forma de calor. O calor específico representa a quantidade de energia necessária para elevar de 1 oC a temperatura de 1 g da substância considerada. Estritamente falando, o calor específico depende da temperatura e das condições nas quais a energia é transferida ao sistema. Guia de Estudo – FÍSICA II 37 Mistura-se 2 litros de água a 20 0C com 8 litros de água a 50 0C. Calcule a temperatura final da mistura no equilíbrio. Solução: O corpo de 8 litros de água perde uma quantidade de energia QA enquanto o corpo de 2 litros ganha a quantidade de energia QB na forma de calor. Então: AFAA ttm c Q e BFBB ttm cQ onde mA = 8 kg, tA = 50 oC, mB = 2 kg, tB = 20 oC e c representa o calor específico da água. Como QA = QB temos: AFABFB ttm ttm e isolando a temperatura final: C 44 kg 2kg 8 C 20kg 2C 50kg 8 mm tmtm t o oo BA BBAA F Se a energia recebida ou perdida pelo corpo na forma de calor não causa variação de sua temperatura (T = 0), como nas mudanças de fase, por exemplo, dizemos que existe calor latente. O calor latente é definido por: m/QL onde Q representa a quantidade de energia recebida ou perdida na forma de calor pelo corpo de massa m durante a mudança de fase (a temperatura constante). Um bloco de gelo de 50 g é tirado de um congelador a 0 oC e colocado em um ambiente a 25 oC. Calcule a quantidade de energia na forma de calor que o corpo absorve até atingir o equilíbrio térmico com o ambiente sabendo que o calor latente de fusão para o gelo vale 80 cal/g e o calor específico da água, 1 cal/g oC. Guia de Estudo – FÍSICA II 38 Solução Sendo Q1 a energia absorvida pelo gelo na mudança de fase e Q2 a energia absorvida pela água a 0 oC ao ser aquecida até 25 oC, temos: cal 000.4g 50gcal 80m LQ1 e cal 250.1C 25C gcal 1g 50tmcQ oo2 e para a energia total, cal 250.5QQQ 21 . Calor por condução, convecção e irradiação A transferência de energia na forma de calor de um ponto a outro de um meio pode se dar por condução, convecção e radiação. A condução é o processo de transferência de energia na forma de calor que ocorre através de um meio material, sob o efeito de diferenças de temperatura,sem transporte de matéria. O excesso de movimento (interno) dos constituintes microscópios da região aquecida do meio se propaga à região não aquecida enquanto perdurar a diferença de temperatura entre elas. Condutividades Térmicas Material k (kcal s1 m1 0C1) Cobre 9,2 102 Água 1,3 104 Vidro 2 104 Madeira 2 105 Flanela 2 105 Ar 5,7 106 Guia de Estudo – FÍSICA II 39 Os metais são bons condutores de energia na forma de calor e os líquidos, maus condutores (embora possam transferi-la por convecção). Também são maus condutores o vidro, a madeira e a porcelana. Os melhores isolantes térmicos são os gases. Embora os tecidos das roupas e cobertores isolem termicamente, é o ar entre as camadas de tecido que impede o corpo de perder energia na forma de calor. Para uma barra homogênea, por exemplo, de comprimento L e seção reta de área A, com uma das extremidades mantida a temperatura T1 e a outra a temperatura T2, com T2 > T1, e que não perde energia na forma de calor através de sua superfície lateral, quando se estabelece o regime estacionário, ou seja, quando dT/dx é constante (ou seja, a temperatura de qualquer ponto da barra não depende do tempo t, mas só de sua posição x), temos: L TT dx dT 12 e 12 TT L kA dt dQ Esta expressão mostra que a corrente de energia, dQ/dt, é a mesma em qualquer ponto da barra. Esse resultado era de se esperar porque vale para regime estacionário, ou seja, não pode existir acúmulo ou perda de energia em qualquer ponto. A convecção é o processo de transferência de energia na forma de calor através do movimento de matéria e ocorre tipicamente em fluidos. Se uma certa porção de um fluido é aquecida, sua densidade diminui e, com isso, eleva-se por efeito do campo gravitacional e é substituída por fluido mais frio da vizinhança. Assim, formam-se as correntes de convecção. Neste contexto pode-se compreender, por exemplo, a posição do congelador em um refrigerador doméstico, a posição de um aparelho de ar condicionado para maximizar sua eficiência em dada estação do ano e a direção da brisa do mar. A radiação é o processo de transferência de energia por ondas eletromagnéticas. Assim, pode ocorrer também no vácuo. As radiações infravermelhas, em particular, são chamadas ondas de calor, embora todas as radiações do espectro eletromagnético transportem energia. Um meio material pode ser opaco para uma determinada radiação e transparente para outra. O vidro comum, por exemplo, é transparente à luz visível e opaco às radiações infravermelhas. Aqui pode-se compreender a necessidade de diferentes cores nas roupas de inverno e de verão e como funcionam as estufas, por exemplo. A radiação emitida por um corpo em temperaturas inferiores a cerca de 600ºC não é visível. A maior parte dela está em comprimentos de onda muito maiores que os da luz visível. Quando um corpo for aquecido, a taxa de emissão de energia aumenta e a energia irradiada se faz atingindo comprimentos de onda cada vez mais curtos. Entre cerca de 600 e 700ºC, há suficiente energia irradiada no espectro visível para o corpo brilhar com coloração vermelho-escura. Em temperaturas mais elevadas, o corpo pode ficar vermelho-cereja e até branco incandescente. O Guia de Estudo – FÍSICA II 40 comprimento de onda em que a potência é máxima varia com o inverso da temperatura, e este resultado é a lei do deslocamento de Wien: T Kmm máx .898,2 Essa lei é usada para determinar a temperatura de estrelas, a partir da respectiva radiação. Pode também ser usada para mapear a variação de temperatura nas diferentes regiões de uma superfície. Esse mapa é um termograma. Os termogramas podem ser usados para detectar doenças como o câncer, pois os tumores cancerosos têm temperaturas ligeiramente mais elevadas que os tecidos circundantes. A temperatura superficial do Sol é cerca de 6 000K. Se o Sol for um corpo negro, em que comprimento de onda máx terá o seu espectro um pico? Solução Pela lei do deslocamento de Wien, temos nmmx K Kmm máx 48310483 6000 .898,2 9 Este comprimento está no espectro visível. O espectro da radiação do corpo negro descreve com boa aproximação o espectro da radiação solar, e por isso, o Sol é um bom exemplo de corpo negro. A Primeira Lei da Termodinâmica A energia interna (U) do sistema é a soma de todas as energias (cinética, potencial, etc.) de todas as partículas que o constituem e, como tal, é uma propriedade do sistema, ou seja, U só depende dos estados inicial e final da transformação considerada. Guia de Estudo – FÍSICA II 41 No caso em que a energia interna do sistema pode variar por troca de energia com a vizinhança na forma de trabalho (W) e calor (Q) temos: 1ª LEI DA TERMODINÂMICA WQU onde W representa o trabalho do sistema sobre a vizinhança e Q, a quantidade de energia na forma de calor que flui da vizinhança para o sistema. Este resultado, conhecido como primeira lei da Termodinâmica, expressa o princípio de conservação da energia neste contexto, reconhecendo o calor como um processo de troca de energia. Embora U só dependa dos estados inicial e final, W e Q dependem, também, do processo que leva o sistema do estado inicial ao estado final. Um certo gás, por exemplo, pode ser levado do estado 1 para o estado 2 (Figura) pelo processo 1 A 2, com o trabalho realizado pelo sistema sendo dado pela área sob a isóbara 1 A, pelo processo 1 B 2, com o trabalho realizado sendo dado pela área sob a isóbara B 2, e pelo processo isotérmico 1 2, com o trabalho realizado sendo dado pela área sob a curva correspondente. Por outro lado, se energia na forma de calor é adicionada ao sistema à pressão constante, por exemplo, parte permanece no sistema como energia interna (aumentando a sua temperatura) e parte reaparece como trabalho de expansão e se energia na forma de calor é adicionada ao sistema a volume constante, toda ela fica no sistema como energia interna porque não há realização de trabalho. ATENÇÃO PARA OS SINAIS! 0Q O sistema recebe calor do meio 0Q O sistema cede calor para o meio 0W O sistema realiza trabalho sobre o meio (expansão) 0W O meio realiza trabalho sobre o sistema (compressão) Guia de Estudo – FÍSICA II 42 Um gás ideal sofre uma transformação, conforme o diagrama. Calcule o trabalho realizado sobre o gás. Solução: Para calcular o trabalho realizado sobre o gás, devemos calcular a área da figura formada entre a transformação 1-2 e o eixo do volume. A área do trapézio é numericamente igual ao trabalho: 20 2 2).515( 2 )( hbB A JW 20 Observação: Quando o volume aumenta, diz-se que o sistema se expandiu e, portanto, o sistema realiza trabalho (trabalho positivo). Quando o volume diminui, diz-se que o sistema se comprimiu e, portanto, o sistema recebe trabalho do meio exterior (trabalho negativo). No exemplo anterior, temos o trabalho negativo pois o volume diminuiu na transformação de 1 2. Se um sistema sofre uma transformação na qual recebe 20Kcal de calor e realiza um trabalho de 10Kcal, qual a variação de sua energia interna em Kcal? Solução: Neste caso, temos: KcalQ 20 (recebe calor) KcalW 10 (realiza trabalho sobre o meio) Assim, pela primeira Lei da Termodinâmica,temos KcalWQU 101020 A variação de energia interna é de 10Kcal. Guia de Estudo – FÍSICA II 43 TRANSFORMAÇÃO ADIABÁTICA DE UM GÁS IDEAL Uma transformação em que não há troca de energia na forma de calor entre o sistema e a vizinhança é chamada transformação adiabática. Portanto: )UU( U W IF Se o sistema se expande adiabaticamente, realiza trabalho às custas de sua energia interna e a temperatura diminui. Se o sistema é comprimido adiabaticamente, o trabalho realizado pelo agente externo aumenta a energia interna e, com isso, aumenta a temperatura do sistema. Enquanto que para um processo isotérmico de um gás ideal vale a lei de Boyle-Mariotte, PV = k, onde k é uma constante, para um processo adiabático vale a lei de Poisson, kPV , onde k é constante e VP CC . Para demonstrar esta última expressão, consideremos uma transformação infinitesimal qualquer de um gás ideal. Então: dTCndU V e se a transformação infinitesimal for reversível: V dV nRTPdVdW de modo que, para uma transformação infinitesimal adiabática reversível de um gás ideal, para a qual dW dU , temos: V dV nRT dTC n V ou V dV C R T dT V Como, para gases ideais, RCC VP , e com a definição VP CC , podemos escrever 1CR V e então: V dV 1 T dT Guia de Estudo – FÍSICA II 44 Agora, para uma transformação finita entre os estados (VI, TI) e (V2, T2), a integração desta expressão resulta: 1 2 1 2 V V ln 1 T T ln ou 1 2 1 1 2 V V T T ou kTV 1 (k constante) Por outro lado, como 1 2 1 2 1 2 V V P P T T , a expressão acima fica: 1 2 1 1 2 1 2 V V V V P P ou 2 1 1 2 V V P P ou kPV (k constante) Um certo gás ideal se encontra a 10 atm num volume de 2 litros. (a) Calcule a nova pressão do gás se ele se expande isotermicamente até um volume de 4 litros. (b) Calcule a nova pressão do gás se ele se expande adiabaticamente até o volume de 4 litros. Considere = 1,4 para este gás. Solução: (a) Da expressão kPV vem: atm 5 l 4 l 2atm 10 V VP P F II F Guia de Estudo – FÍSICA II 45 (b) De kPV vem: atm 8,3 l 4 l 2 )atm 10( V V PP 4,1 F I IF No plano P-V, a adiabática cai mais rapidamente que a isoterma (Figura) porque o expoente é sempre maior que a unidade. TRANSFORMAÇÕES CÍCLICAS Transformação cíclica ou ciclo de um gás perfeito é um conjunto de transformações em que as condições finais de pressão, volume e temperatura são as mesmas que suas condições iniciais. Como a temperatura do ciclo coincide com sua temperatura inicial, a variação da energia interna ( U ) do gás numa transformação cíclica é nula, conforme a Lei de Joule: TRANSFORMAÇÃO CÍCLICA 0U Pela primeira Lei da Termodinâmica, temos WQWQU Veja a figura a seguir, que representa uma transformação cíclica. onde DACDBCAB WWWWW Guia de Estudo – FÍSICA II 46 No ciclo ABCD, a área mede numericamente o trabalho realizado. Conclui-se, portanto, que o calor trocado pelo gás no ciclo e o trabalho realizado no ciclo são iguais. Se o ciclo for percorrido no sentido horário, há conversão de calor em trabalho: Ciclo em sentido horário: WQ Se o ciclo for percorrido no sentido anti-horário, há conversão de trabalho em calor: Ciclo em sentido anti-horário: QW Uma amostra de gás ideal sofre o processo termodinâmico cíclico representado no gráfico a seguir. Ao completar um ciclo, o trabalho, em joules, realizado pela força que o gás exerce nas paredes do recipiente é a) + 6 b) + 4 c) + 2 d) - 4 e) - 6 Solução: Para calcularmos o trabalho realizado pela força que o gás exerce nas paredes do recipiente, devemos calcular a área no interior da figura (retângulo). 4202,0 xbxhA Guia de Estudo – FÍSICA II 47 O trabalho é numericamente igual a esta área e como o ciclo foi percorrido no sentido horário, o sistema realiza trabalho sobre o meio (trabalho positivo). Assim, JW 4 Alternativa B. CICLO DE CARNOT O ciclo de Carnot (Figura) é o ciclo reversível constituído por dois processos isotérmicos (A B e C D) e dois processos adiabáticos (B C e D A). A B: Expansão isotérmica (T2 constante). O sistema recebe a quantidade de energia Q2 na forma de calor e realiza trabalho WAB contra a vizinhança. B C: Expansão adiabática (T2 T1). O sistema não troca energia na forma de calor, mas realiza trabalho WBC contra a vizinhança. C D: Compressão isotérmica (T1 constante). O sistema perde a quantidade de energia Q1 na forma de calor e recebe trabalho WCD da vizinhança. D A: Compressão adiabática (T1 T2). O sistema não troca energia na forma de calor, mas recebe trabalho WDA da vizinhança. É comum dizer-se que o sistema submetido ao ciclo de Carnot absorve a quantidade de energia Q2 de uma fonte quente (reservatório térmico à temperatura T2) e perde a quantidade de energia Q1 para uma fonte fria (reservatório térmico à temperatura T1). Para o ciclo completo U = 0, ou seja, W = Q = Q2 + Q1. Como Q1 < 0, já que representa energia que sai do sistema na forma de calor, é costume explicitar o sinal de Q1 fazendo-se Q1 Q1, com o novo Q1 positivo. Assim, escrevemos: 12 QQW Aqui, W é o trabalho total realizado pelo sistema contra a vizinhança: DACDBCAB WWWWW Em particular, se a substância de trabalho no ciclo for um gás ideal: A B 2AB V V lnnRTW 12VBCBC TTCnUU W Guia de Estudo – FÍSICA II 48 C D 1CD V V lnnRTW e BC21VDADA W TTCnUU W Como WBC + WDA = 0, o trabalho total do sistema contra a vizinhança fica: C D 1 A B 2 V V lnnRT V V lnnRTW Mas, para uma transformação adiabática reversível, kTV 1 , de modo que, para as transformações B C e D A, podemos escrever: 1 B C 1 2 V V T T e 1 A D 1 2 V V T T e daí: B A C D V V V V ou D C A B V V V V Assim, a expressão do trabalho fica: A B 12 B A 1 A B 2 V V lnTTnR V V lnnRT V V lnnRTW Ainda, como U = 0 para um processo isotérmico de um gás ideal, para os processos A B e C D temos, respectivamente: Q2 = WAB e Q1 = WCD. Então: A B 22 V V lnnRTQ e A B 1C D 11 V V lnnRT V V lnnRTQ Destas duas expressões temos Q2/Q1 = T2/T1. Explicitando novamente o sinal de Q1, podemos escrever: CICLO DE CARNOT 1 2 1 2 T T Q Q Guia de Estudo – FÍSICA II 49 O rendimento ( ) no ciclo de Carnot é função exclusiva das temperaturas absolutas das fontes frias e quentes, independendo da substância trabalhante utilizada. Essa máquina é ideal, pois o ciclo de Carnot é irrealizável na prática. Note que para = 1 (100%), teríamos que ter T1 = 0K, o que é praticamente impossível na prática, além de contrariar a 2ª Lei da Termodinâmica, pois estaria convertendo todo o calor em trabalho. O rendimento ( ) no ciclo de Carnot, é dado por CICLO DE CARNOT 2 1 max 1 T T ou 2 1 max 1 Q Q Uma máquina térmica, operando sob o ciclo de Carnot, converte 600J em trabalho útil num ciclo. As temperaturas das fontes térmicas são 300K e 400K. Determine: a) o rendimento máximo dessa máquina; b) a quantidade de calor da fonte quente; c) a quantidade de calor rejeitada para a fonte fria. Solução: a) %2525,0 400 300 11 2 1 max T T b) JQ QQ W 2400 600 25,0 2 22 c) JQQQQW 18002400600 1112 Guia de Estudo – FÍSICA II 50 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA Conforme vimos, a Primeira Lei da Termodinâmica é uma reafirmação do Princípio da Conservação da Energia, mas nas conversões de energia, a energia total permanece constante. Contudo, há eventos que satisfazem a primeira Lei da Termodinâmica (que trata das transformações de calor em trabalho), mas há muitos eventos em que sua ocorrência é altamente improvável, por exemplo: a) o calor passa espontaneamente do corpo mais quente (maior temperatura) para outro mais frio (menor temperatura); a passagem contrária é muito pouco provável; b) os gases escoam da região de alta pressão para a de baixa pressão; é pouco provável escoarem da região de baixa pressão para a região de alta pressão; c) o pêndulo oscilando, após certo tempo pára devido aos choques com as moléculas de ar; é improvável que as moléculas de ar se reorganizem e façam o pêndulo voltar a oscilar. A segunda Lei da Termodinâmica estabelece que os sistemas evoluem espontaneamente segundo o sentido preferencial, nos processos naturais. A energia se degrada, isto é, evolui de uma forma organizada para outra desorganizada (energia térmica). A energia tem o sentido preferencial de circular de corpos quentes para corpos mais frios, o que levou Clausius a enunciar a 2ª Lei da Termodinâmica como: ENUNCIADO DE CLAUSIUS “O Calor não pode fluir espontaneamente de um corpo para outro de temperatura mais alta”. O calor é uma forma de energia degradada, por isso não é simples sua conversão em outras formas de energia, embora exista essa possibilidade na Primeira Lei da Termodinâmica. Kelvin e Planck enunciaram a 2ª Lei da Termodinâmica como: ENUNCIADO DE KELVIN E PLANCK “É impossível construir uma máquina térmica que, operando em ciclos termodinâmicos, converta totalmente o calor recebido em trabalho.” Guia de Estudo – FÍSICA II 51 MÁQUINAS TÉRMICAS Para que um dado sistema realize trabalho às custas da energia retirada na forma de calor de certa fonte térmica por um processo cíclico são necessárias duas fontes térmicas com temperaturas diferentes. Os dispositivos que realizam tal atividade por processos cíclicos são chamados de máquinas térmicas. Uma máquina térmica retira certa quantidade de energia na forma de calor (Q2) da fonte quente e transfere uma parcela desta energia (Q1) para a fonte fria (Figura). Em um ciclo completo, o sistema retorna ao estado inicial: U = 0. Então, o trabalho realizado em cada ciclo fica sendo W = Q2 Q1 (onde, novamente, explicitamos o sinal de Q1). O rendimento mede a eficiência com que uma máquina térmica converte o fluxo de energia na forma de calor em fluxo de energia na forma de trabalho. O rendimento é definido como a razão entre o trabalho realizado no ciclo e a quantidade de energia retirada da fonte quente na forma de calor: 2Q W ou então 2 1 Q Q 1 Pelo enunciado de Kelvin, Q1 0 sempre, e daí, < 1. A segunda lei da termodinâmica garante, portanto, que é impossível construir uma máquina térmica que transforme integralmente a energia retirada de uma fonte térmica na forma de calor em trabalho por um processo cíclico. Refrigeradores são dispositivos que retiram energia na forma de calor de uma fonte fria e a transferem para uma fonte quente (Figura). Nesta transferência, é indispensável fornecer trabalho para realizar o ciclo. Sendo Q1 a energia retirada como calor da fonte fria e W, o trabalho realizado sobre o sistema, a energia transferida como calor para a fonte quente é Q2 = W + Q1. Para um refrigerador, define-se a eficiência pela relação: W Q1 ou então 12 1 QQ Q Pelo enunciado de Clausius, W 0 sempre. Assim, pela segunda lei da termodinâmica, é impossível a um refrigerador, operando em ciclos, transferir energia na forma de calor de uma fonte fria para uma fonte quente sem receber trabalho. Guia de Estudo – FÍSICA II 52 O problema que persiste, agora, é descobrir qual o máximo rendimento que se pode obter com uma máquina térmica que funcione entre duas fontes dadas. A resposta está no teorema de Carnot: todas as máquinas térmicas que funcionam reversivelmente entre as mesmas temperaturas das fontes fria e quente possuem o mesmo rendimento. Para demonstrar o teorema, consideremos duas máquinas reversíveis A e B, com rendimentos e ’, respectivamente (Figura). Suponhamos que ’ > . Então W’ > W e Q1’ < Q1 já que: 2 1 2 Q Q 1 Q W e 2 1 2 Q 'Q 1 Q ' W ' Como as máquinas são reversíveis, podemos acoplar uma a outra mas com a máquina A operando como refrigerador. O resultado efetivo, então, é o seguinte: a fonte quente fica inalterada, a fonte fria perde a quantidade (Q1 Q1’) de energia na forma de calor e é produzido um trabalho (W’ W). Portanto, existe como único efeito a produção de trabalho às custas da energia retirada na forma de calor de uma única fonte térmica. Como isto viola a segunda lei da Termodinâmica (enunciado de Kelvin), a condição ’ > é falsa. Suponhamos agora, que ’ < . O mesmo argumento pode ser repetido, apenas trocando entre si os papéis desempenhados pelas duas máquinas. Assim, a máquina B opera agora como refrigerador. E chegamos à conclusão de que a condição que ’ < é falsa. Como ’ não pode ser maior nem menor do que , a única possibilidade que resta é ' . Isto demonstra o teorema de Carnot. Uma conseqüência imediata deste teorema é o seguinte: uma máquina térmica irreversível sempre tem um rendimento menor do que uma máquina reversível que opere entre as mesmas temperaturas. Para demonstrar este fato, suponhamos que a máquina B seja irreversível. Na primeira parte da demonstração acima, mostramos que a condição ’ > é falsa. Mas, agora, a condição ’ < não é falsa. Como temos W’ < W e Q1’ > Q1, ao acoplar as duas máquinas como antes, o resultado efetivo é o seguinte: a fonte quente permanece inalterada, a fonte fria recebe a quantidade (Q1’ Q1) de energia na forma de calor e existe o consumo de uma quantidade
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