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Desenvolvimento da Leitura e da escrita do aluno com deficiência auditiva A escrita... Cruz (1992) estudou de que maneira as crianças surdas realizam a correlação fonema-grafema. Relacionada com o código utilizado: Quanto maior o domínio da fala, maior a utilização do valor sonoro, Quanto maior o déficit auditivo e oral , maior a dificuldade em associar língua escrita e som. O surdo emprega recursos visuais na memorização de palavras escrita e seleciona as letras a serem utilizadas segundo a leitura oro-facial. Estágios do desenvolvimento • Estágio logográfico Há a preocupação com as características visuais das palavras, ou seja, com as caracterísitcas gerais. É comum escreverem palavras com as quais tiveram mais contato, às vezes invertendo a posição das letras dentro da palavra. Ex: term para trem. • Estágio alfabético Há a preocupação com a associação de cada letra do alfabeto digital/fonema/imagem articulatória a um grafema. O alfabeto digital pode ser usado como mediador fonológico e de memória a para leitura e escrita. • Estágio ortográfico Análise em unidades ortográficas e não mais como “todos visuais”. Quais as principais características da escrita? • Escrever primeiro o que é mais importante, como na língua de sinaisPorque saiu você? Quando queria dizer: porque você não veio à festa, você saiu?” • Ambiguidades João quero convida você. Quando o significado era: João, quero que você me convide. • Repetição de palavras para caracterizar plural ou ênfase pai e filho feliz, contente, contente, contente. • Falta de preposições, artigos e conjunções e não conjugação de verbos, gerando escrita telegráfica amanhã igreja ir? Principais características da escrita • Uso inadequado de preposições Ele gostar no milho. • Confusão de tempos verbais não conjugam verbos • Vocabulário pobre • Uso inadequado de pontuação e acentuação • Trocas de letras faca para vaca. • Dificuldades em representar o que é abstrato. A leitura... • Segundo Quadros (1997), o processamento de leitura envolve: – Identificação de sons e correspondência de símbolos; – Conhecimento gramatical para a reconstrução de significado; – Uso de diferentes técnicas de compreensão; – Relação do conteúdo do texto, com seu próprio conhecimento de mundo; – Identificação da intenção retórica ou funcional de sentenças individuais ou de segmentos de texto. O aluno com deficiência auditiva apresenta leitura ineficiente, devido à alterações em vários desses aspectos. Sugestões para o trabalho com a escrita. Experimentar partir do concreto Ex. Atividades de vida diária antes da escrita, como fazer um bolo e escrever a receita. Construção de vocabulário: criar um dicionário com a criança usando figuras sobre suas experiências diárias Uso da propriocepção e visão para associação fonema- grafema (MVP): desenhar as boquinhas correspondentes aos fonemas e associá-las às letras. Elaboração e leitura de textos 1. Partir sempre da conversa em sinais (LIBRAS) • 2. Pedir que a criança escreva e ajudá-la fazendo Adaptações do sinal (Português sinalizado), para mostrar as diferenças entre português escrito e libras. 3. Começar por textos curtos de 3 ou 4 frases que serão unidas através de outras palavras formando um texto. (quando, depois, etc...) 4. Usar pistas visuais e preferencialmente concretas, pois só por meio de figuras não se aprende por exemplo: grosso fino, áspero liso etc. 5. Trabalhar figuras e acontecimentos na seqüência. Sempre considerando começo, meio e fim. 6. Fazer perguntas que desencadeiem nomeação, localização e experiências etc. 7. Lembre-se que o referencial do ouvinte para a construção da escrita é a fala que é usada por ele todos os dias e em todos os momentos de sua vida, associada a milhares de significados e sentimentos diferentes. A fala do ouvinte está diretamente ligada a sua linguagem, ela é a principal forma de acesso ao banco de dados de sua vida. O surdo constrói sua escrita baseado na linguagem que ele melhor domina, geralmente o código gestual, que é outra língua diferente da oral... É como ser estrangeiro dentro de seu próprio país, de sua comunidade, dentro de sua casa... Assim sendo, os itens presentes na escrita e sua estrutura serão advindas do gestual. Levando todos estes aspectos em consideração, será que o nosso olhar para o texto escrito pelo surdo deve ser o mesmo que utilizamos para ler o texto do ouvinte ? O que considerar adequado ou inadequado ? Que critérios utilizar ? A avaliação • Assim sendo, a avaliação deve ser feita levando em conta que se trata de um código diferente da escrita do ouvinte. • Use outros recursos para verificar o que o aluno aprendeu. • Deixe-o mostrar o que sabe. A escrita e a leitura abrem as portas do mundo para todas as pessoas. Assim, mais do que o domínio de técnicas é preciso que enxerguemos a pessoa escondida, aprisionada, calada por trás do “distúrbio” e do rótulo que lhe imputaram. A partir daí basta acreditarmos e investirmos na busca de caminhos segundo as necessidades de cada sujeito...
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