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DESCRIÇÃO As unidades linguísticas da estrutura da língua portuguesa, o texto discursivo e os gêneros do discurso no processo de alfabetização e letramento. PROPÓSITO Compreender os processos de alfabetização a partir das relações das diferentes estruturas da língua e dos gêneros discursivos para ampliar o conhecimento sobre ensino-aprendizado da leitura e da escrita. PREPARAÇÃO Tenha em mãos um dicionário para consultar os termos específicos e os principais conceitos dos estudos da linguagem e da alfabetização. Na internet, você pode acessar o Dicionário de Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa, e o Glossário CEALE, hospedado no portal da UFMG. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as unidades linguísticas que compõem a estrutura da língua portuguesa MÓDULO 2 Reconhecer o texto discursivo como lócus privilegiado da alfabetização MÓDULO 3 Identificar abordagens das estruturas textuais a partir dos gêneros discursivos INTRODUÇÃO Aprender a ler e escrever não é apenas saber a técnica estrutural das relações fonema- grafema, é aprender a usar a língua com sua finalidade principal, a interação. Nesse sentido, a alfabetização faz parte de um processo de letramento. A partir dessas premissas, organizaremos o nosso estudo em três etapas. Na primeira etapa, refletiremos sobre as unidades que estruturam a língua enquanto código. Na segunda, traremos diferentes concepções de ensino de leitura e escrita, apontando o ensino da língua como discurso, como um ensino de escritas e leituras autorais. Por fim, na terceira etapa, abordaremos alguns gêneros discursivos nos quais a língua em sua forma escrita se materializa, especialmente pensando os gêneros mais adequados ao ensino na fase da alfabetização escolar. Vamos, então, aos nossos estudos sobre alfabetizar letrando! MÓDULO 1 Identificar as unidades linguísticas que compõem a estrutura da língua portuguesa PRIMEIRAS PALAVRAS Para uma pessoa alfabetizada, como a professora, ensinar a ler e escrever pode parecer uma tarefa simples, natural, mas precisamos destacar que a escrita não é natural, ela é um artefato de cultura! Entender a escrita como processo cultural é um passo importante para que possamos analisar a complexidade que envolve sua estrutura, seu ensino e sua aprendizagem. A oralidade, embora diferente da escrita, é uma base importante para aprender a ler e escrever. Isso não quer dizer, entretanto, que indivíduos não oralizados, como pessoas surdas ou autistas não verbais, não possam aprender a escrita. Por muito tempo, a tradição de ensino da alfabetização centrou-se — e muitas vezes ainda se centra — no debate sobre como alfabetizar, na busca pelo método de maior alcance ou sucesso. No entanto, essa pergunta pode estar “errada”, como sugerem Ferreiro e Teberosky (1999) e Magda Soares (2018). Essa tradição está centrada em um ensino que desconsidera os processos de aprendizagem dos sujeitos. Em outras palavras, centra-se na perspectiva do professor e de seu método, e não valoriza os processos de apropriação da linguagem pelo aprendiz. Por isso, a primeira pergunta que estamos nos propondo a fazer aqui é: como as crianças e/ou os adultos aprendem a ler e escrever? Deslocar essa pergunta, no entanto, também não é fácil, porque corremos o risco de incorrer no engano da universalização desse processo, como foi feito com os estudos de Ferreiro e Teberosky (1999) a partir da obra Psicogênese da Língua Escrita. É fundamental compreender a alfabetização como um processo que se dá não apenas na coletividade, mas também na subjetividade. Cada criança, adolescente ou adulto terá caminhos e etapas próprios, mas isso não quer dizer que esses caminhos próprios não tenham regularidades que permitam entender também como um processo coletivo. A ESTRUTURA DA LÍNGUA Uma das questões que impacta o fazer pedagógico na alfabetização é entender como funciona a estrutura da língua. O processo de aquisição da língua escrita não se limita ao ato de rabiscar letras/sons/sílabas/palavras/textos em uma folha de papel em branco, ou ainda aprender a significar os pontos pretos em uma folha branca. É necessário compreender esse processo de representação simbólica e discursiva, o que demanda muito esforço cognitivo e social do aprendiz, assim como do professor e da escola. A escola é o espaço privilegiado no qual a escrita é formalmente ensinada, entretanto, existe uma língua independente da escola. Dizer isso pode parecer óbvio, mas nós, professores, nos acostumamos a pensar a língua portuguesa como aquela matéria escolar que estudamos por toda a vida. Considerando essa independência, entender a estrutura da língua também independe, em boa parte, dos processos de escolarização. Todo falante de uma língua já domina a sua estrutura, embora muitas vezes não perceba, caso contrário, não teríamos entendimento entre as pessoas. É a estrutura da língua partilhada socialmente que permite a interação. Um falante da língua tem competência para reconhecer a estrutura gramatical ou agramatical no processo de aprendizagem de uma língua. Esses conceitos nos interessam porque nos ajudam a compreender os processos cognitivos que o aprendiz de língua materna opera sobre sua língua. AGRAMATICAL Estrutura ou frases que não são formadas a partir dos princípios ou formas de funcionamento de uma língua. Em uma sociedade grafocêntrica (Sociedade centrada na escrita.) , entretanto, os processos ligados à vida também nos levam a lidar com o uso da escrita a todo o tempo e nos obrigam a decifrar parte de sua estrutura e usos. Nenhum falante escapa disso. O linguista Carlos Alberto Faraco (1997, p. 9) afirma que “a língua portuguesa tem uma representação gráfica com memória etimológica”. Ele explica da seguinte maneira o aspecto da representação gráfica e da memória etimológica: Representação gráfica A representação gráfica é alfabética, ou seja, as letras (unidades gráficas) basicamente representam consoantes e vogais (unidades sonoras), em vez de representarem palavras ou sílabas. Algo diferente ocorre com o chinês, por exemplo, em que as unidades gráficas podem representar palavras. Memória etimológica javascript:void(0) Admitido pelo sistema gráfico, o princípio da memória tem como critério para a fixação da forma gráfica de certas palavras a origem delas, e não apenas as unidades sonoras que a compõem. Por isso, a palavra monge se escreve com a letra g (e não j), pois é uma palavra de origem grega. No entanto, a palavra pajé se escreve com j (e não com g), pois é uma palavra de origem tupi. (FARACO, 1997, p. 10) As regras ortográficas da escrita, por exemplo, se perdem em seu caráter histórico ou etimológico quando ganham força significativa nos discursos do aprendiz da língua escrita ao ter de pensar “o que escrever”, “como escrever”, “por que escrever” e “para quem escrever”. Pensar sobre a língua escrita é um exercício contínuo para o aprendiz que vive em uma sociedade grafocêntrica, imersa em uma cultura escrita, mesmo que nem todos ainda sejam alfabetizados formalmente. COMO ENTENDER A ESTRUTURA DA LÍNGUA? Trazemos aqui duas perguntas importantes para entender a representação e o funcionamento da escrita, segundo a perspectiva da psicogênese da escrita: 1. O que a escrita representa ou qual sua função? 2. Como a escrita é representada? Ferreiro e Teberosky (1999) já demonstraram que os métodos de ensino empregados na escola e os processos de aprendizagem vividos e elaborados pelas crianças não coincidem. Imperativo da técnica Nos métodos, mesmo aqueles que procuram estar um pouco mais atentos à questão do sentido, há o imperativo da técnica. Busca do sentido Nos processos de aprendizagem dos sujeitos, o que impera é a busca do sentido. Já nos métodos, há uma ordenação das relações fonema-letra mais simples às mais complexas do ponto de vista linguístico. Imperativo da prática Para os sujeitos, importa não o que eles podem escrever ou ler a cadapasso, mas o que eles desejam escrever e ler desde já. Ana Luiza Smolka (2012) também aponta que há contradições entre métodos de ensino e processos de aprendizagem. Muito temos discutido sobre o processo ensino-aprendizagem da língua escrita e muito aprendemos com as pesquisas do final dos anos 1980 da pesquisadora de linha cognitivista- piagetiana Emília Ferreiro. Considerando o binômio ensino-aprendizagem, ela buscou compreender os processos cognitivos do sujeito aprendiz. Essas duas perguntas de Ferreiro, acima mencionadas, fazem-nos situar o processo de alfabetização no modo como as crianças aprendem, deslocando a reflexão sobre os métodos de ensino. O conceito de língua como representação também vem sendo (re)discutido, especialmente nas perspectivas discursivas da alfabetização. Há várias concepções e enfoques de língua em disputa no ensino de língua materna, como língua e representação, língua e cognição, língua e funcionamento, língua e discurso, entre outras. Em sala de aula, muitas vezes não nos damos conta de que estamos lançando mão de diferentes abordagens teóricas em diferentes atividades pedagógicas, e não vemos problema nisso: na diversidade de campos teóricos que usamos em nossas didáticas em sala de aula, acreditamos que poderíamos ter mais acesso aos diferentes campos de estudos para fazermos nossas escolhas didáticas de modo mais indagativo, menos peremptório e menos determinado por manuais ou políticas de governo. Magda Soares (2018, p. 53, grifo nosso) diz que “métodos não são a questão, mas uma das questões na aprendizagem inicial da língua escrita”. Essa é uma questão delicada. O alfabeto é uma tecnologia que se constrói pela destruição dos significados que circulam na oralidade. Nós perdemos a linguagem ao recortarmos cadeias sonoras como uma possibilidade de representar algo extremamente abstrato, como os fonemas que nós produzimos, articulamos, e ouvimos acusticamente, por meio de grafemas. Essa perda se dá porque também perdemos os sentidos: a não significa, b não significa. O b, que está em bola, sozinho não significa. Tem um valor simbólico, mas em si não é significativo. No entanto, para que alguém se alfabetize, é necessário dominar essa tecnologia. Assim, a grande tarefa daquele ou daquela que se propõe a conduzir alguém no seu processo de alfabetização é caminhar entre os sentidos do texto e a tecnologia do alfabeto que destrói os sentidos. O REPERTÓRIO FINITO DE REPRESENTAÇÃO/FUNCIONAMENTO (LETRAS/SONS) Pensemos em crianças que estão conhecendo as letras do alfabeto. Em um primeiro momento, para elas, as letras não passam de “desenhos” em folhas a partir das quais as pessoas, que já sabem, leem os textos. Para essas crianças aprendizes, cada texto é escrito com esses “desenhos” e quando a escola lhes apresenta sílabas, ou "pedacinhos", por exemplo, parece que esse conjunto de símbolos é infinito. O que defendemos é a apresentação desse repertório de 26 símbolos/letras como um conjunto finito, facilitando a compreensão da criança, porque delimita todos os símbolos com os quais podemos escrever qualquer palavra. Então, ter um alfabeto visível na sala de aula e referir-se às suas letras quando se quer escrever algo, faz com que as crianças — ou adultos — confiem que eles têm 26 letras com as quais podem escrever tudo e qualquer coisa que queiram. Esse conhecimento do alfabeto e sua finitude de 26 letras é base de um conhecimento social/coletivo e não mera estratégia de pedagogização do conhecimento social. As letras do alfabeto têm relações com os sons. Algumas se aproximam de seus próprios nomes: a (de abelha); b (de beleza); c (de cenoura); d (de dedo); é (de égua); ê (de escola); g (de geladeira); ó (de óleo); ô (de ovelha); p (de pera); q (de queijo); t (de telhado); u (de urubu); v (de ver) ; x de (xixi) e z (de zebra). Observem que os nomes das letras dependerão das variáveis linguísticas das regiões de aprendizado da língua, ou seja, são objetos de uma cultura local que precisa ser tomada em conta nos processos de alfabetização. Lamentavelmente, há livros e programas de alfabetização que são produzidos para uso em todo o país e até mesmo, pasmem, para mais de um país falante de língua portuguesa. Nesse caso, a professora ou professor alfabetizador necessitará desenvolver um cuidado redobrado em trazer em suas aulas as referências locais de seu grupo de estudantes. Alguns métodos de alfabetização se popularizaram com recursos artificiais desse repertório linguístico como t de torre ou r de rato. A dificuldade reside na associação da letra a uma única sílaba. O t de torre não será o t de trem? Ou de tanto? Você pode questionar: “Mas o nome da letra também facilita para algumas sílabas apenas”. Responderemos: mas se trata de uso social, lembre-se de que qualquer usuário da língua, independentemente de escolarização, verá o alfabeto e saberá que as letras têm aqueles nomes, ainda que não conheça qual letra, qual nome. Ainda que tenhamos as unidades fixas da língua como fonemas e morfemas, sabemos que a língua é um processo dinâmico e inacabado. Smolka (2012, p. 95) observa que a escola acaba ensinando palavras isoladas e frases sem sentido, deixando de trabalhar o “fluir do significado” durante o processo de alfabetização. RESUMINDO A língua tem sua estrutura fonológica, morfológica, sintática e discursiva. Todas essas estruturas se entrelaçam e contribuem para que a língua tenha a força de promover interação, produzir sentidos e realidades. PADRÕES SILÁBICOS EM LÍNGUA PORTUGUESA A regularidade dos padrões silábicos em língua portuguesa cria, para alguns manuais de alfabetização, uma aparente norma de que as sílabas em língua portuguesa são da ordem consoante vogal (CV). EXEMPLO Vejamos esse caso real vivido em uma sala de aula de uma escola pública do Rio de Janeiro: A professora conta uma história que envolve um macaco e um cavalo que jogam futebol. Dessa história, ela destaca três palavras, de acordo com sua compreensão metodológica de começar a alfabetização com sílabas e fonemas supostamente simples: bola, cavalo, macaco. Diante da palavra cavalo, ela pede que as crianças falem a palavra e verifiquem quantas vezes suas bocas abrem e fecham. A maioria das crianças diz que são três vezes, mas algumas dizem que são seis. Ela propõe que alguém que tenha escolhido três explique às demais por que são três. A criança fala cada sílaba pausadamente, enquanto mostra com os dedos. Ao final: três dedos. Toda a turma parece convencida. Então, ela propõe que cortem a palavra de modo a separarem os três pedaços. Ela se surpreende quando vê que as crianças começam a cortar a palavra em dois pedaços apenas, entre as letras v e a. Ela chama a atenção para o fato de que são três pedaços e não dois. Então, ela convida uma das crianças que sustentou desde o início que eram três sílabas a vir à frente. A professora pergunta onde ela deveria cortar a palavra em sílabas. Para sua surpresa: a criança cortou também entre v e a. A professora insiste que são três sílabas e pede para a criança mostrar onde está cada sílaba na palavra escrita. A criança aponta: c a v a l o. Desconcertada, a professora pergunta: e o que faço com as outras letras?! As crianças respondem quase em coro: “Joga fora!”. Ela explica que não podemos jogar as letras de uma palavra fora e chama à frente a mesma criança que havia explicado e contado as sílabas diante de todos no início. Então, essa criança corta a palavra corretamente: ca / va / lo. A professora respira aliviada e pede que a criança explique para a turma por que cortou a palavra daquele modo. E ela explica: “É que quando você abre a boca, não é uma letra. São duas”. A professora fica cheia de minhocas na cabeça! Você já parou para pensar o que define sílaba em língua portuguesa? Que não existe sílaba sem vogal? E que o padrão da língua não é apenas CV (consoante vogal), apesar de a maioria dos manuais de alfabetização repetiremesse padrão? E que isso pode dificultar a reflexão dos aprendizes sobre a língua escrita? Observe as pseudopalavras a seguir: bbcadelllmrp – Essa “não palavra” é impronunciável em língua portuguesa porque não atende aos nossos padrões silábicos, sobram consoantes e faltam vogais. Bolcalmopolinto, Caneguinho, entado, cliporrilhamo – Essas são “possíveis palavras”, isto é, são pronunciáveis. É possível fonetizá-las porque seus padrões silábicos são previsíveis na língua portuguesa. A professora da narrativa acima ensina a escrita às crianças apresentando um padrão silábico CV (bola, cavalo, macaco), padrão presente na maioria das cartilhas usadas na alfabetização em todo o nosso país. Também é um padrão presente em muitas palavras da língua portuguesa, como pato, vala, moda, sacada etc. Será que uma criança e um adulto, quando se aventuram na aprendizagem da leitura e da escrita, estão dispostos a ler e a escrever somente o que é possível dentro de um padrão silábico CV? Será que já não teremos ensinado outra coisa aos aprendizes ao fazer com que esperem obter a competência técnica de lidar com todas os padrões silábicos para que, enfim, possam ler e escrever o que quiserem? Talvez aprendam antes que ler e escrever não é um conhecimento da e para a vida, mas somente da e para a escola. Smolka (2012) adverte que tanto o ensino da escrita quanto a própria escrita são, por vezes, reduzidos a uma técnica. A escrita deixa de ter uma função explícita, causando o desinteresse pela leitura e pela produção de texto. Outra questão importante a observar nas relações entre fonemas e grafemas é a confusão de alguns manuais que incitam docentes ao erro quando afirmam que as vogais, em língua portuguesa, são cinco: a / e / i / o / u. Sim, as letras são cinco, mas os fonemas são doze. São sete vogais orais e cinco vogais nasais. Isso nos remete a pensar nas hipóteses possíveis para crianças de diferentes regiões do Brasil ao escreverem, por exemplo, “tomate”: /tomatsi/ /tomate/ /tumate/ /tumatxi/ Ou para escrever “muito” /muiNTU/ /muito/ /muitsu/ /muiNtsu/ /muito/ VALORES SOCIAIS E VARIANTES LINGUÍSTICAS Assista agora a um vídeo sobre valores sociais atribuídos a variantes linguísticas. No campo morfossintático, o aprendiz elabora sobre a estrutura da língua dentro das normas de uso de sua comunidade linguística. É comum que essa norma não coincida com a norma que a escola e os manuais elegem como única possível. Esses desencontros afastam, das reflexões em aula, hipóteses que a criança pode elaborar em frases ou palavras como: "eu gosto de comer milho" (eu gosxo de come mio). Assim, vemos as crianças buscando regularizar uma língua muitas vezes irregular, como nos erros típicos morrido/fazido/trago. Esses “erros”, na verdade, são hipóteses que se estruturam na morfologia da língua portuguesa. Do mesmo modo, temos as percepções morfossintáticas que se assemelham na oralidade, mas que se diferenciam enquanto palavras e consequentemente na escrita: A mala: artigo – substantivo Amá-la: verbo – pronome Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Temos, no caso acima, a percepção sonora de forças tônicas que fazem um vocábulo fônico nem sempre ser o vocábulo morfológico. As palavras são forças tônicas e não espaços em branco no papel. Observe o meme que circulou nas redes sociais em meio à pandemia da Covid-19. Tantas semanas sem ir à padaria que, quando eu perguntei ao padeiro: “Tem pão?”, ele me abraçou chorando e disse: “Tempão mesmo...” Retomando o nosso exemplo anterior ao meme, não há diferença fonética entre a mala ou amá-la. Podemos até forçar essa diferença ao aproximar a fala da escrita, demarcando bem os espaços em branco (que aparecem no papel), mas a força tônica é a mesma. Do mesmo modo, no exemplo bem-humorado do meme: “Tem pão?” “Tempão!” RESUMINDO Abordamos como a língua se estrutura, ressaltando sempre que os modos de estruturar essa língua são regras constituídas nas comunidades de uso linguístico, não há regras estabelecidas de modo abstrato por lei ou por determinação única. Os processos que instauram mudanças em regras linguísticas são inerentes às línguas e se dão em meio a disputas promovidas por seus falantes. Assim, a própria ideia de uma língua única que se impõe sobre as outras variantes, frequentemente propalada pela escola, visa conter os movimentos dos falantes sob o argumento de autoridade de que alguns estariam mais aptos que outros a definir o que seria certo e o que seria errado. A língua em uso, no entanto, se movimenta em variados sentidos. ALFABETIZAÇÃO E ESTRUTURA DA LÍNGUA Assista agora ao resumo dos principais pontos abordados no módulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS MÉTODOS DE ENSINO EMPREGADOS NA ESCOLA E OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS NÃO COINCIDEM. A PARTIR DESSA CONSIDERAÇÃO, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR. I. NOS MÉTODOS, É IMPERATIVA A TÉCNICA. II. NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM, O QUE DIRECIONA É A BUSCA DO SENTIDO. III. NOS MÉTODOS, NÃO HÁ UMA ORGANIZAÇÃO DO PONTO DE VISTA LINGUÍSTICO DE RELAÇÕES FONEMA-LETRA DAS MAIS SIMPLES ÀS MAIS COMPLEXAS. IV. PARA OS SUJEITOS, O QUE IMPORTA É PODER ESCREVER OU LER A CADA PASSO. APENAS ESTÁ CORRETO O QUE SE AFIRMA EM: A) I e II B) I e III C) II e III D) II e IV E) II, III e IV 2. LEIA O TEXTO A SEGUIR: “O ENSINO DA ESCRITA TEM SE REDUZIDO A UMA SIMPLES TÉCNICA, ENQUANTO A PRÓPRIA ESCRITA É REDUZIDA E APRESENTADA COMO UMA TÉCNICA QUE SERVE E FUNCIONA NUM SISTEMA DE REPRODUÇÃO CULTURAL E PRODUÇÃO EM MASSA.” (SMOLKA, 2012, P. 37) TENDO COMO REFERÊNCIA O TEXTO ACIMA E O QUE VOCÊ ESTUDOU, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE A FUNÇÃO DA ESCRITA. A) A escrita constitui por si mesma uma função quando empregada na escola. B) A função da escrita pode estar escondida nos objetivos escolares, não resultando em perdas no processo de ensino. C) A escrita assume uma função central na escola em qualquer relação com o ler e escrever. D) A escrita sem função explícita na escola perde o sentido, faz desaparecer o desejo de ler e escrever. E) O desejo de escrever é inerente ao processo de ensino, não sendo necessário o estímulo e elucidação dos objetivos. GABARITO 1. Os métodos de ensino empregados na escola e os processos de aprendizagem das crianças não coincidem. A partir dessa consideração, analise as afirmativas a seguir. I. Nos métodos, é imperativa a técnica. II. Nos processos de aprendizagem, o que direciona é a busca do sentido. III. Nos métodos, não há uma organização do ponto de vista linguístico de relações fonema-letra das mais simples às mais complexas. IV. Para os sujeitos, o que importa é poder escrever ou ler a cada passo. Apenas está correto o que se afirma em: A alternativa "A " está correta. Os métodos de ensino e os processos de aprendizagem vividos e elaborados pelas crianças não são correspondentes. Nos métodos, há uma ordenação do ponto de vista linguístico de relações fonema-letra das mais simples às mais complexas. Já para as crianças o que impera é escrever e ler desde o momento inicial. 2. Leia o texto a seguir: “O ensino da escrita tem se reduzido a uma simples técnica, enquanto a própria escrita é reduzida e apresentada como uma técnica que serve e funciona num sistema de reprodução cultural e produção em massa.” (SMOLKA, 2012, p. 37) Tendo como referência o texto acima e o que você estudou, assinale a alternativa correta sobre a função da escrita. A alternativa "D " está correta. É necessário avaliar e elucidar que ler e escrever são conhecimentos da e para a vida. O ensino da escrita e a própria escrita não podem ser reduzidos a objetivos e funções escolares, devem estar relacionados com as práticas sociais de escrita, com a própria vida em uma sociedade letrada ou grafocêntrica. MÓDULO 2 Reconhecer o texto discursivo como lócus privilegiado da alfabetização A LEITURA A leitura da palavra escrita envolvesempre a atividade de um sujeito do mundo sobre o mundo e com o mundo. Paulo Freire (2017) nos adverte que a leitura do mundo vem antes da leitura da palavra, enquanto Magda Soares (1995) nos diz que um texto não preexiste à sua leitura, pois a leitura é um processo de interação. Roger Chartier (1998, p. 9) argumenta que há uma distância considerável entre o sentido que um autor atribui ao texto que escreve e sua posterior leitura ou interpretação, “consequentemente, um texto só existe se houver um leitor para lhe dar um significado”. Essas são algumas ideias que orientam nossa concepção do trabalho da escola em sua tarefa de ensinar a ler e escrever com vistas à instrumentação de sujeitos históricos. LEITURA SILENCIOSA OU ORAL? Chartier (1998, p. 13) nos lembra de que a leitura se caracteriza por ser “uma prática encarnada em gestos, em espaços, em hábitos”. Com essa convicção, o autor escreveu uma história da leitura enquanto prática social, pois, para ele, não é possível escrevê-la somente a partir dos textos que são dados a ler através dos tempos. Essa história deve considerar os textos como objetos portadores de sentidos, mas, sobretudo, deve fazer do leitor o centro de sua atenção, pois é ele quem dá vida ao texto. Ao menos em parte, essa relação leitor-texto é determinada pelos motivos que levam o leitor a se acercar do texto ou pelos quais o texto cerca o leitor ou se impõe a ele. Esses motivos são diversos, relacionados a questões profissionais, a demandas escolares — em geral leituras obrigatórias e dirigidas—, à simples informação, à formação pessoal, ao puro prazer ou entretenimento, a necessidades cotidianas etc. Essa história tem muito a nos auxiliar, pois nos ajuda a entender as chamadas leitura silenciosa e leitura oral na escola. Encontrar gestos esquecidos, hábitos desaparecidos, práticas antigamente comuns, estruturas específicas de textos produzidos para usos que não são mais os mesmos dos leitores de hoje — tudo isso pode nos fazer encontrar a leitura como uma prática social e não meramente escolar. Na escola, há algum tempo, a leitura oral tem sido usada como instrumento de controle, por parte do professor, sobre o conhecimento do aluno ou sobre o domínio ou não da técnica de decodificação do texto escrito. A leitura oral, no entanto, pode ser vista como uma prática cultural. Chartier (1998, p. 17) nos lembra de que, ainda nos séculos XVI e XVII, o texto era oralizado e seu leitor era, na verdade, ouvinte da palavra que lhe era lida. Assim, o texto era dirigido tanto aos ouvidos quanto aos olhos. Foto: Shutterstock.com Essa leitura em voz alta se dava em lugares e circunstâncias diversas. Esse modo de ler facilitava o acesso à escrita para uma boa parte da população analfabeta. Mesmo no século XIX, quando foram criados os gabinetes de leitura e as bibliotecas populares na Europa, a leitura era algo comentado ou compartilhado e, nesse sentido, era uma prática pública. Os textos eram escritos para serem vocalizados e ouvidos, não para serem vistos. Por volta do século XII, entretanto, a leitura silenciosa começou a ser difundida, facilitada pela separação das palavras introduzida nos textos a partir da Alta Idade Média, o que contribuía para uma rápida visualização e entendimento do texto. É possível afirmar que, no contexto em que a leitura oral foi criada e disseminada, ela tinha dois sentidos: O primeiro sentido da leitura oral é o de comunicar o escrito aos que não sabiam decodificar o texto escrito. O segundo sentido da leitura oral é o de fortalecer as formas de sociabilidade, manifestas em símbolos de privacidades como a intimidade da família, a convivência exterior ou mundana e a convivência letrada (CHARTIER, 1998, p. 17). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Atualmente, para muitos, a experiência da leitura oral se resume à leitura na escola. O estudante aprende a ler em voz alta para, em seguida, ser forçado a abandonar essa prática considerada própria de quem lê com lentidão. Ler, para quem pertence à galáxia de Gutenberg, é ler em solidão e silêncio. Ler na escola, no entanto, pode deixar de ser um mecanismo de controle e se tornar espaço de interlocução, como já foi em outras épocas e usos. A professora que lê o livro de narrativa fantasiosa para seus estudantes na educação infantil, na alfabetização ou em outros momentos do ensino escolar, lê em voz alta para compartilhar a vivência daquela narrativa com outras pessoas, no caso, seus alunos. Ao ouvir essas histórias lidas, as crianças mergulham nas narrativas e nas estruturas linguísticas que organizam a narrativa. Trabalharemos esse aspecto no módulo 3. RESUMINDO Vimos que o texto escrito sofreu mutações que originaram a leitura silenciosa individualizada — embora nunca solitária —, levando os leitores a desenvolverem novas estratégias de apropriação do escrito. A leitura pôde ser realizada com maior rapidez. Ler mais em um mundo em que o conhecimento evolui a cada instante não significa necessariamente abandonar a leitura oral enquanto prática de interação social e muito menos considerá-la apenas um mecanismo de controle diante de uma leitura que, enquanto silenciosa, não permite ao professor saber se o aluno leu ou não leu ou se sabe ou não sabe ler. E se na leitura é importante que aluno saiba transformar letras em fonemas, mais importante é como essa leitura afeta o seu leitor e este, o seu entorno. LINGUAGEM ESCRITA: SÍMBOLO DE SEGUNDA ORDEM OU DE PRIMEIRA ORDEM? Aprender a combinação fonema-letra já é um passo complexo. Enfrentar a segunda fase da leitura — a dos sentidos — transforma-se em nova prova de fogo. Vygotsky (1994, p. 140) entende que a linguagem escrita consiste inicialmente em um simbolismo de segunda ordem, uma vez que ela é “constituída por um sistema de signos que designam os sons e as palavras da linguagem falada, os quais, por sua vez, são os signos das relações e entidades reais”. No entanto, Vygotsky admite que esse elo intermediário — a fala — tende a desaparecer no processo de apropriação da linguagem escrita pelo sujeito. A escrita acaba por se converter em um sistema de signos que simboliza diretamente as entidades reais e as relações entre elas. Nesse processo, a linguagem escrita torna-se um simbolismo de primeira ordem. Smolka (2012) argumenta que a criança que aprende a ler sozinha não perde o sentido, ao contrário, busca sempre mais sentido enquanto decifra. Aprendendo fora da escola, no mundo, na vida, com o mundo e com a vida, com os pais, com os irmãos, com a literatura, com a televisão, com o smartphone etc., essa criança está diante de uma escrita que surge à sua frente, que a desafia e indaga. Ela não recorre necessariamente à discriminação de todos os elementos fonéticos do texto para encontrar sentido, ao contrário, beneficia-se de todas as mutações que o texto escrito vem sofrendo: espaço entre as palavras, diferenças de tamanhos, escrita e desenho se entremeando, recursos da comunicação visual, links no texto, entre outros. Desse modo, para um leitor proficiente, a leitura silenciosa não é necessariamente uma subvocalização interna (fonema por fonema ou sílaba por sílaba), porque não é mediada obrigatoriamente pela fala. Na leitura silenciosa, o leitor encara o texto escrito como um simbolismo de primeira ordem e busca sentidos por meio de inferências a partir do conjunto de condições textuais e sociais em que se coloca. SENTIDOS DA PALAVRA “ESCRITA” Podemos enumerar três diferentes concepções de linguagem nas práticas pedagógicas: A linguagem como expressão do pensamento Sua consequência no ensino é entender a fala e a escrita como produtos de pensamento: pensamento elaborado, fala escrita elaboradas e organizadas. A linguagem como instrumento de comunicação A língua é entendida como um código que transporta ao receptor uma mensagem. Novamente, aqui a fala e a escrita são produtos do pensamento. A linguagemcomo interação humana Por meio da linguagem, o sujeito pratica ações que não conseguiria praticar a não ser falando ou escrevendo. Pela linguagem, o sujeito age com e sobre o mundo constituindo vínculos e compromissos. Perceba que as duas primeiras concepções se complementam nas práticas mais comuns: primeiro pensar, depois escrever. A terceira concepção de linguagem nos aponta para a constatação de que somos sujeitos à medida que interagimos com os outros em sociedade. Dessa forma, nosso conhecimento de mundo e a consciência que temos de nós mesmos estão relacionados a esse processo de interação por meio da linguagem. Assumimos, então, a terceira concepção como aquela que parece mais pertinente. Vejamos algumas consequências dessa concepção sociointeracionista da linguagem no ensino. Linguagem não é produto do pensamento, mas o constitui. Centrado no entendimento da escrita como constituição da consciência, como espaço de interação, o professor preocupa-se em dialogar com o seu aluno. Procura entender que a escrita de uma criança, como em “Umaveis eu fui trabaiacomeupai nucapo eufui coiergudam” (Uma vez, eu fui trabalhar com meu pai no campo. Eu fui colher algodão.), não pode ser analisada apenas segundo a lógica das regras ortográficas e gramaticais. A escrita da criança precisa ser entendida como uma afirmação de sua palavra, a afirmação de uma criança que não espera até ser ensinada para pensar e dizer. Estamos diante de um texto em que os sentidos da oralidade dialogam com os sentidos da escrita. Ao contrário, quando o professor entende a escrita como expressão do pensamento, ele se atenta à forma do escrito em detrimento do sentido, e se dispõe a corrigir o texto e não a compreendê-lo. Nesse caso, é possível que a nota desse aluno seja ruim. Com base na ideia de escrita como expressão, um texto como “A Bia pega o tucano. O tapete é amarelo. O tatu saiu da toca.” pode ser considerado bem escrito, porque não há erro de ortografia, mas há ausência de articulação entre as frases que forme um texto com sentido real. O que vemos aqui não passa de uma redação escolar, escrita com o repertório de “sílabas simples” e desprovida de sentidos. Provavelmente isso era exatamente o que o professor esperava. Nesse exemplo, vemos a linguagem como expressão e a escrita como técnica. Os sentidos que circulam a partir da oralidade se perderam na sequência de frases, mas é possível que o professor tenha dado uma boa nota, uma vez que não encontrou erro. Nós, professores, desejamos que nossos alunos se tornem leitores e escritores, mas almejamos isso como última etapa de nosso trabalho, deixando de trabalhar os processos de constituição de leitores e de escritores. Em outras palavras, não trabalhamos esse processo devido a uma atenção excessiva aos erros com temor de que memorizem “formas erradas” na escrita das palavras. É necessário compreender que: AS CRIANÇAS APRENDEM A ESCREVER ESCREVENDO E, PARA ISSO, LANÇAM MÃO DE VÁRIOS ESQUEMAS: PERGUNTAM, PROCURAM, IMITAM, COPIAM, INVENTAM, COMBINAM... AS CRIANÇAS APRENDEM UM MODO DE SEREM LEITORAS E ESCRITORAS PORQUE EXPERIMENTAM A ESCRITA NOS SEUS CONTEXTOS DE UTILIZAÇÃO. DESTE MODO, AS CRIANÇAS NÃO ESCREVEM “PARA O PROFESSOR CORRIGIR”. ELAS USAM — PRATICAM — A LEITURA E A ESCRITURA. (SMOLKA, 2012, p. 110). Pensemos nas escritas que circulam hoje nas mídias, nas redes sociais, nas mensagens instantâneas... QUAIS SERIAM AS TRANSFORMAÇÕES NAS PRÁTICAS ESCOLARES SE, AO INVÉS DE AVALIADORES, REVISORES, CORRETORES, OS PROFESSORES SE TORNASSEM LEITORES DOS TEXTOS DOS SEUS ALUNOS? Na escola, a palavra escrita por vezes se refere a algo a ser lido. Nesse caso, ensinar a escrita se confunde com ensinar a leitura. O que propomos é que ensinar a escrita seja ensinar a escrever, a constituir autoria, a se aventurar na produção textual, ensinar a dizer o que sente, o que pensa, no que acredita, o que defende, o que pretende, o que pratica... Enfim, a atuação docente deve levar os alunos a atuar sobre o mundo, no mundo, com o mundo, como sujeitos históricos que são. Aqui, retomamos Paulo Freire (2017, p. 20), quando diz que “a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente”. Portanto, alfabetizar consiste em ensinar a ler e a escrever. Sem a possibilidade da escrita enquanto ato criador, afirmação do sujeito e de sua cultura, a leitura fica reduzida a um mero ato de consumo. TEXTO DISCURSIVO NA ALFABETIZAÇÃO Agora assista ao comentário da professora Jonê Baião sobre leitura e escrita a partir do lugar do texto discursivo no processo de alfabetização. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (2018 - PREFEITURA DE CUIABÁ. ADAPTADO) A PROFESSORA RUTE, DA PRÉ-ESCOLA, ANTES DE COLAR NAS AGENDAS UM CONVITE PARA OS RESPONSÁVEIS SOBRE UM EVENTO ESCOLAR, FAZ A LEITURA DO TEXTO EM VOZ ALTA E ESCREVE O SEU CONTEÚDO NO QUADRO, PARA QUE AS CRIANÇAS CONTEM E RECONTEM A MENSAGEM PARA SEUS FAMILIARES. ESSA PROPOSTA SIGNIFICATIVA DA CULTURA ESCRITA SE MOSTRA MUITO IMPORTANTE PORQUE: A) Permite que as crianças percebam que se escreve igual ao modo como se fala. B) Contribui para o cumprimento do planejamento cooperativo que prevê essa atividade. C) Antecipa o processo de alfabetização das crianças da Educação Infantil. D) Permite que as crianças pequenas vivenciem práticas reais de usos e funções sociais da linguagem escrita. E) Acelera o processo de alfabetização, pois a fala é mais rápida que a escrita. 2. CONSIDERANDO AS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, RELACIONE AS LACUNAS COM O NÚMERO CORRESPONDENTE. 1) A LINGUAGEM É VISTA COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO. 2) A LINGUAGEM É INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO. 3) A LINGUAGEM É UM ESPAÇO DE INTERAÇÃO HUMANA. ( ) O SUJEITO PRATICA AÇÕES FALANDO OU ESCREVENDO; POR MEIO DA LINGUAGEM, O SUJEITO AGE SOBRE O MUNDO, CONSTITUINDO VÍNCULOS E COMPROMISSOS. ( ) SUA CONSEQUÊNCIA NO ENSINO É ENTENDER A FALA E A ESCRITA COMO PRODUTOS DE PENSAMENTO, ASSIM, PARA UMA FALA E ESCRITAS BEM ELABORADAS, DEVE-SE PENSAR CORRETAMENTE. ( ) A LÍNGUA É ENTENDIDA COMO UM CÓDIGO QUE PERMITE O EMISSOR TRANSMITIR A MENSAGEM AO RECEPTOR. A) 1 – 2 – 3 B) 2 – 3 – 1 C) 3 – 1 – 2 D) 2 – 3 – 1 E) 1 – 3 – 2 GABARITO 1. (2018 - Prefeitura de Cuiabá. Adaptado) A professora Rute, da pré-escola, antes de colar nas agendas um convite para os responsáveis sobre um evento escolar, faz a leitura do texto em voz alta e escreve o seu conteúdo no quadro, para que as crianças contem e recontem a mensagem para seus familiares. Essa proposta significativa da cultura escrita se mostra muito importante porque: A alternativa "D " está correta. Ler em voz alta não deve ser um mecanismo de controle no contexto escolar, mas, sim, uma prática de interlocução e de exposição dos alunos à cultura letrada. A leitura, por exemplo, de um livro de narrativa fantasiosa para alunos na educação infantil, na alfabetização ou em outros momentos da escolarização faz com a vivência daquela narrativa seja compartilhada com outras pessoas. Para as crianças, a leitura em voz alta permite conhecer as estruturas linguísticas que organizam a narrativa. 2. Considerando as concepções de linguagem nas práticas pedagógicas, relacione as lacunas com o número correspondente. 1) A linguagem é vista como expressão do pensamento. 2) A linguagem é instrumento de comunicação. 3) A linguagem é um espaço de interação humana. ( ) O sujeito pratica ações falando ou escrevendo; por meio da linguagem, o sujeito age sobre o mundo, constituindo vínculos e compromissos. ( ) Sua consequência no ensino é entender a fala e a escrita como produtos de pensamento, assim, para uma fala e escritas bem elaboradas, deve-se pensar corretamente. ( ) A língua é entendida como um código que permite o emissor transmitir a mensagem ao receptor. A alternativa "C " está correta. Entre asdiferentes abordagens teóricas da linguagem, é possível identificar pelo menos três grandes visões ou perspectivas da linguagem: a linguagem como expressão do pensamento, a linguagem como meio de comunicação e a linguagem como experiência de interação. A terceira abordagem, também conhecida como sociointeracional ou sociointeracionista, procura demonstrar que a linguagem não é produto do pensamento, mas o constitui. A linguagem também é mais do que um instrumento da comunicação, pois pela linguagem agimos sobre o outro, influenciamos as pessoas, provocamos reações, interagimos na sociedade e realizamos uma série de atos. MÓDULO 3 Identificar abordagens das estruturas textuais a partir dos gêneros discursivos OS GÊNEROS DISCURSIVOS E OS TIPOS TEXTUAIS Pensar sobre aprendizagem de leitura e escrita também nos faz lembrar nossa própria alfabetização, como aprendemos a ler e a escrever. Talvez você se lembre da sua sala de aula, da professora, dos colegas e até das lições que estudava... Mas você sabia que antes de ler e escrever precisamos entender o motivo pelo qual iremos fazer isso? Por exemplo, antes de escrever um bilhete, precisamos saber que mensagem queremos transmitir. A mensagem que será transmitida, seja por meio de um bilhete, de uma carta, de uma mensagem em uma rede social ou em um aplicativo de celular, tem antes de tudo uma intencionalidade. É essa intencionalidade que vai nos fazer organizar o texto de uma ou outra forma. Dependendo da intenção da mensagem, o texto escrito pode apresentar formas diferentes, com características e funcionalidades diversas. Certamente você já mandou uma mensagem por aplicativo de celular. Já observou a diferença entre esse texto e uma receita de bolo, por exemplo? São estruturas textuais diferentes que também apresentam características e funcionalidades diferentes. Ensinar leitura e escrita para alguém que ainda não tem contato com esses diversos modos de escrever, os quais vamos chamar de gêneros discursivos ou gêneros textuais, passa por apresentar a essa pessoa as diversas características que os textos podem assumir. Uma forma de fazer isso é apresentando-lhe os diferentes gêneros discursivos ou textuais que circulam à sua volta, como o gênero bula de remédio, propaganda, receita culinária etc. Por isso, veremos alguns dos gêneros textuais que podem potencializar o ensino na alfabetização. Há gêneros textuais que favorecem mais a leitura, outros facilitam a escrita e, ainda, há gêneros textuais que contribuem para o trabalho com a reescrita. ATENÇÃO É importante lembrar que os gêneros textuais não são a mesma coisa que os tipos textuais. A tipologia de textos abrange textos diferentes em determinado campo, sendo eles narração, dissertação, descrição e injunção. Cada tipo é utilizado dependendo também da intenção da comunicação, apresenta características próprias e está presente nos gêneros, embora envolva campos maiores de abrangência. A narração é um tipo de texto que envolve a contação de uma história/fatos do cotidiano por um narrador. Trata-se de uma construção que apresenta personagens envolvidos em um contexto de tempo e lugar, apresentando início, meio e fim. A dissertação trata da apresentação e defesa de um ponto de vista. A descrição é caracterizada pela explicação e apresentação de aspectos, detalhes, características ou elementos de algum objeto, acontecimento, pessoa etc. Por fim, a injunção apresenta característica de comando ou de instrução. Geralmente, se usam verbos no imperativo com o objetivo de ordenar ao leitor/ouvinte uma ação. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Esses tipos que acabamos de considerar brevemente, conforme já dito, podem estar presentes em diversos dos gêneros textuais que conhecemos e usamos em nosso dia a dia. Consideremos alguns dos gêneros textuais utilizados no ensino da escrita e da leitura. GÊNEROS TEXTUAIS PARA LEITURA Podemos listar os seguintes gêneros textuais para leitura: contos, rótulos, propagandas, bilhetes, legendas, convites, bulas, contas, notícias, quadrinhos, redes sociais... Embora não estejam organizados em uma categorização específica, o que chamamos de gêneros textuais para leitura são todos aqueles que permitem uma leitura com atribuição de sentido pelo estudante. A leitura de um conto, por exemplo, não passa pelos olhos de alguém que o compreenda sem que para isso a pessoa recorra às suas próprias compreensões de vida e de mundo. Ao ler um texto, o leitor se coloca a partir de seus conhecimentos e percepções e os utiliza na tentativa de identificar-se com aquilo que lê, então faz sua própria interpretação do texto lido. O conto, por exemplo, é um gênero textual que permite acessar memórias e sentimentos diante das informações apresentadas no texto, acionando mecanismos que despertam a fantasia e a criatividade. A leitura de um rótulo, ainda que seja uma leitura injuntiva ou instrucional, traz ao leitor a oportunidade de buscar informações necessárias ao cotidiano. Cada leitor irá buscar a informação que lhe for útil. A propaganda, embora apresentada com objetivo de induzir o leitor ao consumo, também é capaz de acionar a fantasia e a criatividade, além da criticidade. A PROPAGANDA TEM SIDO USADA FORTEMENTE PARA DIVULGAR PRODUTOS, IDEIAS, PADRÕES DE VIDA E, ESPECIALMENTE, MODELOS IDEAIS, ATRELADOS À MÍDIA, NÃO VISANDO APENAS À PROPAGAÇÃO DE UM PRODUTO, MAS DE “VERDADES” TIDAS COMO INCONTESTÁVEIS. A PROPAGANDA DESTRÓI OU SUBSTITUI VALORES CONSTRUÍDOS SECULARMENTE; PROPAGA CRENÇAS IDEOLÓGICAS DE MANUTENÇÃO DA ORDEM, DE PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR DE UMA MINORIA EM DETRIMENTO DA MAIORIA, ILUDIDA PELA CRENÇA DE UMA FELICIDADE IMEDIATA QUE SUPERA TUDO. (NATH; COSTA-HUBES, 2008, p. 77). Os bilhetes, convites, contas e até as redes sociais são gêneros que podem ser classificados como “cotidianos” e apresentar características relacionadas às quatro tipologias textuais. As legendas e as bulas são gêneros de características injuntivas, assim, orientam o leitor a uma ação e/ou a uma compreensão do texto, geralmente com verbos no modo imperativo. A notícia é um gênero considerado descritivo, tendo em vista seu caráter expositivo, e se considerarmos que um relato se encaixa na categoria de descrição. As Histórias em Quadrinhos (HQ), muito utilizadas nas salas de aula, são gêneros que apresentam: os balões utilizados para a fala e pensamento dos personagens; as imagens sem palavras, que contam a história por elas mesmas; a dimensão de tempo, composto por ações, movimentos e deslocamentos; e o traçado dos quadros, que variam de acordo com as exigências da narrativa, entre outros elementos. Os quadrinhos utilizam as linguagens verbal e não verbal, de forma a participar e auxiliar na compreensão do leitor (BUFFON, 2014, p. 33). Por apresentar tantas características em um mesmo texto, o trabalho com os quadrinhos requer uma apresentação prévia ao estudante. É necessário que o estudante conheça seus elementos, contudo, sem utilizar o quadrinho em sala de aula tampouco o estudante será capaz de identificá-los. Passamos brevemente pelas características dos gêneros textuais para a leitura, mas será que basta a apresentação desses gêneros em sala de aula? Até onde pode ir a ação pedagógica ao usar os gêneros textuais para leitura em sala de aula? TRABALHANDO GÊNEROS TEXTUAIS COM SEQUÊNCIA DIDÁTICA Nath e Costa-Hubes (2008) adotaram em seu trabalho o encaminhamento metodológico proposto por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004): o da sequência didática. O trabalho com a sequência didática (SD), de acordo com as autoras, envolve a elaboração de atividades sistematicamente organizadas com o objetivo de levar o estudante a “um domínio do que ainda não lhe é familiar” (NATH; COSTA-HUBES, 2008, p. 74). Dessa forma, apresentam as etapas para a produção das SD, de acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004): Apresentação da situação Etapa em que o professor apresenta para os educandosuma “necessidade” de utilizar- se da linguagem. Nessa fase, define-se o gênero que será utilizado para atingir o objetivo de interlocução. Esse é o momento em que se deve discutir a quem dirigir a produção, o suporte no qual esse gênero textual circulará para cumprir a finalidade pretendida, como será produzido e se consistirá em um trabalho de produção individual ou coletiva. A primeira produção Etapa em que se verifica o que o aluno já domina sobre o gênero e quais são suas dificuldades. Essa fase “permite circunscrever as capacidades de que os alunos já dispõem e, consequentemente, suas potencialidades” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEWLY, 2004, p. 101). É a etapa do trabalho que direcionará o professor aos aspectos ainda não dominados pelo aluno. Trata-se de um primeiro contato com o gênero, tornando possível que, por meio dessa revelação, o trabalho seguinte se desenvolva a partir daquilo que o aluno não domina ou o faz de forma insatisfatória. Os módulos Etapas de trabalho que serão organizadas para atender às necessidades dos alunos, conforme foram reveladas na primeira produção escrita. Os conteúdos propostos nesses módulos de trabalho devem estar articulados especificamente com o gênero proposto. O aluno deve entender que “cada gênero é caracterizado por uma estrutura mais ou menos convencional” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEWLY, 2004, p. 104), que requer um estilo linguístico e uma forma de discurso própria àquela situação de interação. Produção final Etapa de encaminhamento à produção final. Depois de trabalhados os módulos, organizados em função das necessidades apontadas na primeira produção, o aluno é encaminhado à escrita de um texto que materialize o gênero proposto. Espera-se que, nessa fase, ele revele maior domínio da atividade, tendo em vista as intervenções propiciadas por cada módulo trabalhado (NATH; COSTA-HUBES, 2008, p. 75). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Como pudemos observar, o trabalho com a SD, na verdade, contemplará tanto os gêneros para a leitura quanto os gêneros para a escrita e reescrita, dependendo somente do objetivo do docente ao elaborar as atividades. Para isso, é necessário compreender o que são atividades de leitura e atividades de escrita. Essa compreensão passa pelo entendimento que o professor deve ter das habilidades de escrita ou de leitura necessárias para que o estudante realize a tarefa proposta. Por exemplo, quando propomos uma cruzadinha, que habilidades a criança colocará em prática para conseguir, com ou sem ajuda, realizar a atividade? E quando pedimos que procurem palavras em um caça-palavras, quais conhecimentos ela utilizará? Ao pensar dessa forma, você pode perceber quais atividades são apropriadas para cumprir objetivos relacionados à aprendizagem da leitura e quais contribuem com a aprendizagem da escrita. GÊNEROS TEXTUAIS PARA ESCRITA Podemos listar os seguintes gêneros textuais para escrita: legenda, lista, bilhete, convite, narrativas do cotidiano, quadrinhos... Os gêneros listados são denominados como gêneros para escrita por possuírem características que favorecem a produção de sentidos na produção escrita dos educandos. São textos presentes no cotidiano e que mostram utilidade social. A lista, por exemplo, é um gênero de fácil elaboração e que usamos quando precisamos fazer compras ou construir alguma coisa. A escrita desse texto pressupõe um campo semântico restrito às intenções de quem o escreve. A legenda, bastante utilizada pela escola, ajuda a localizar e organizar conhecimentos sobre assuntos diversos. Podem ser feitas com palavras, números, traçados e cores. O bilhete e o convite são usados com intenções semelhantes de escrita. Em ambos utilizamos linguagem informal, invocando a aproximação entre escritor e leitor, entretanto, cada um possui estruturas textuais específicas. São ótimos textos para explorarmos as situações do cotidiano no contexto escolar como um convite à escola para uma atividade da turma, um bilhete para colegas ou professores solicitando ou agradecendo algo, por exemplo. As narrativas do cotidiano são gêneros com grande potencial para formar escritores na escola. Por meio delas, educandos e educadores conhecem um ao outro e, devido ao caráter pessoal do texto, aguçam o compromisso com a escrita inteligível. O educando, ao escrever sobre sua vida na escola ou em outro lugar qualquer, percebe a importância de ser compreendido por quem o lê e entende o sentido daquela escrita como o registro de histórias (reais ou não) para que o outro leia em um outro momento. Já no caso dos quadrinhos, temos um gênero textual indiretamente narrativo porque conjuga características de narração das personagens com um plano de fundo que contextualiza as falas. A leitura do escrito e a leitura do desenho dão vida ao gênero e o tornam atraente para o trabalho em sala de aula. Depois de considerar aspectos de alguns dos gêneros textuais para escrita, talvez você se pergunte: como utilizar esses textos com turmas de alfabetização? Lembra-se da sequência didática? Ao combinar a sequência didática com seus conhecimentos sobre atividades próprias para leitura ou para escrita, após a escolha do gênero com o qual você deseja trabalhar, você saberá elaborar seu plano de aula. Antes, porém, veja como os gêneros textuais para reescrita podem colaborar. GÊNEROS TEXTUAIS PARA REESCRITA Podemos listar os seguintes gêneros textuais para reescrita: contos, notícias, quadrinhos... A reescrita de textos é entendida como uma ação que deve ser ensinada sistematicamente. Se você olhar para o passado a fim de refletir sobre as práticas de produção textual na escola, certamente se lembrará das redações na volta das férias, das imagens coladas no quadro etc. Vai lembrar, entretanto, que ao entregar um desses textos para a professora, ela os guardava e trazia de volta corrigidos e com nota. Reproduzia-se a ideia de escrita na escola, por muito tempo presente, como redação escolar: escreve-se para ser avaliado e ganhar nota, não para produzir escrita com função social. Dessa forma, a avaliação da escrita realizava-se depois do texto concluído e não possibilitava a reflexão do aluno sobre sua construção. O trabalho de reescrita traz como possibilidade essa reflexão durante a construção do texto, que não precisa ser feita somente depois da conclusão do processo de alfabetização. Enquanto conhece os mecanismos de construção da escrita, o educando tem a oportunidade de refletir, por meio da reescrita, sobre o que escreve, para que escreve e como o faz. Assim, a reescrita do texto, seja de uma produção de autoria do educando ou de um gênero compartilhado em sala de aula (uma reescrita coletiva), contribui para a alfabetização, independentemente do método com que se trabalha. Outra questão, já abordada aqui anteriormente, é a necessidade de o uso dos gêneros textuais na alfabetização estar relacionado com uma contextualização cotidiana que produza sentido para quem escreve e para quem lê. Quando reescrevemos, existe também a possibilidade de imprimir outros sentidos ao texto “original”, a reescrita é feita a partir de nossa interpretação do que foi lido. EXEMPLO Os gêneros conto, notícias e quadrinhos são textos que podem ser usados para a reescrita de textos na alfabetização, mas temos também a fábula, a novela, a autobiografia, a lenda, entre outros. Riolfi e D’Alessandro (2019, p. 221) realizaram um estudo do processo de reescrita de textos por crianças de 8 anos em situação de avaliação e, após algumas análises, chegaram à seguinte conclusão: AO REESCREVER TEXTOS FICCIONAIS PREVIAMENTE LIDOS POR SUA PROFESSORA EM CONTEXTO DE AVALIAÇÃO ESCOLAR, OS PARTICIPANTES SE ENGAJAM EM PROCESSOS DE ESCRITA POR MEIO DOS QUAIS, NA RESTAURAÇÃO PARAFRÁSTICA DE TEXTOS-FONTE, VÃO ALÉM DO SOLICITADO, ENCONTRANDO MEIOS DE MARCAR SUA POSIÇÃO A RESPEITO DOS CONTEÚDOS TRATADOS. Riolfi e D’Alessandro (2019, p. 221). Vemos, assim, a importânciada reescrita de textos para qualquer fase do processo de alfabetização, em especial, para a alfabetização na fase inicial. Durante o estudo, as autoras mostraram também a importância da adequação do texto e seu gênero à idade do educando e à situação em que a reescrita acontece. RESUMINDO Dos gêneros textuais cotidianos (COSTA, 2018), podemos escolher os mais adequados à aprendizagem na fase inicial do processo de alfabetização de acordo com os objetivos do docente e elaborar a sequência didática que guiará o educando em um caminho de construção de conhecimentos necessários à escrita. ESTRUTURAS TEXTUAIS E GÊNEROS DISCURSIVOS Assista agora aos comentário da professora Jonê Baião sobre alfabetizar letrando por meio do trabalho com gêneros e tipos textuais. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. MESMO PERMEADO DE MEMÓRIAS PESSOAIS SOBRE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO, EM QUE CADA UM SE LEMBRA DE SEU PROFESSOR, DE COLEGAS E DE ALGUMAS METODOLOGIAS, É NECESSÁRIO ENTENDER OS MOTIVOS QUE DEVEM NORTEAR OS PROCESSOS DE ESCRITA E DE LEITURA. NESSE SENTIDO, TRABALHAR COM A INTENCIONALIDADE DA ESCRITA E DAS MENSAGENS É UM DOS ASPECTOS QUE DEVEM FAZER PARTE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO. POR ISSO, É CORRETO FAZER A SEGUINTE AFIRMAÇÃO: A) Antes de ler e escrever, não há necessidade de se entender o motivo pelo qual iremos fazer isso. B) Precisamos saber que mensagem queremos transmitir, mas isso não envolve o tipo de veículo ou o meio empregado. C) A mensagem que será transmitida antes de tudo é uma atividade de decodificação e de sentido estritamente escolar. D) A intencionalidade do texto não interfere na sua organização nem em sua forma. E) A intencionalidade da mensagem tem relação com a forma pela qual se transmite a mensagem. 2. OS GÊNEROS TEXTUAIS PARA LEITURA SÃO OS SUPORTES QUE PERMITEM UMA LEITURA COM ATRIBUIÇÃO DE SENTIDO PELO ESTUDANTE. À LUZ DESSA FRASE, AVALIE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: I. AO LER UM TEXTO, O LEITOR UTILIZA SEUS CONHECIMENTOS E SUAS PERCEPÇÕES NA BUSCA DE IDENTIFICAÇÃO COM AQUILO QUE LÊ. II. A TENTATIVA DE IDENTIFICAÇÃO COM O TEXTO NA LEITURA ESTÁ RELACIONADA COM A PRÓPRIA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO LIDO. III. O CONTO É O ÚNICO GÊNERO TEXTUAL QUE TRABALHA COM A MEMÓRIA, A FANTASIA E A CRIATIVIDADE, ENQUANTO UM RÓTULO É O ÚNICO QUE PERMITE A APREENSÃO DE INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO COTIDIANO DAS PESSOAS. AVALIE AS ALTERNATIVAS: A) I, II e III estão corretas. B) I e II estão corretas. C) I e III estão corretas. D) II e III estão corretas. E) Somente III está correta. GABARITO 1. Mesmo permeado de memórias pessoais sobre o processo de alfabetização, em que cada um se lembra de seu professor, de colegas e de algumas metodologias, é necessário entender os motivos que devem nortear os processos de escrita e de leitura. Nesse sentido, trabalhar com a intencionalidade da escrita e das mensagens é um dos aspectos que devem fazer parte do processo de alfabetização. Por isso, é correto fazer a seguinte afirmação: A alternativa "E " está correta. Dependendo da intenção da mensagem, o texto escrito apresenta formas diferentes, com características e funcionalidades diversas. Nesse sentido, por exemplo, ao escrever uma mensagem de aniversário a um amigo, é possível que se escolha emitir as felicitações por meio de uma mensagem de texto, e não em um telegrama. Portanto, a escolha do gênero demonstra a intencionalidade da mensagem. 2. Os gêneros textuais para leitura são os suportes que permitem uma leitura com atribuição de sentido pelo estudante. À luz dessa frase, avalie as afirmativas a seguir: I. Ao ler um texto, o leitor utiliza seus conhecimentos e suas percepções na busca de identificação com aquilo que lê. II. A tentativa de identificação com o texto na leitura está relacionada com a própria interpretação do texto lido. III. O conto é o único gênero textual que trabalha com a memória, a fantasia e a criatividade, enquanto um rótulo é o único que permite a apreensão de informações necessárias ao cotidiano das pessoas. Avalie as alternativas: A alternativa "B " está correta. O processo de apreensão dos textos é marcado por identificação pessoal, interpretação e intencionalidade. Por outro lado, mesmo que cada gênero textual tenda a emitir melhor um tipo de mensagem, esse processo não é exclusivo. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos por meio deste conteúdo processos de alfabetização a partir do entendimento de que a língua é lugar ou experiência de interação. Por isso, abordamos as estruturas da língua, o texto e os gêneros textuais ou discursivos no contexto das práticas sociais de leitura e de escrita. Os conhecimentos que você adquiriu contribuirão para o entendimento de que os processos de alfabetização acontecem no contexto do letramento, do trabalho de escrita e leitura vinculado a situações reais de uso da língua no cotidiano, em sociedade. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BUFFON, E. C. Leitura de histórias em quadrinhos do PNBE 2012: a Turma do Pererê. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2014. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo / UNESP, 1998. COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. FARACO, C. A. Escrita e alfabetização. São Paulo: Contexto, 1997. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. FREIRE, P. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2017. NATH, M. A.; COSTA-HUBES, T. da C. Sequência didática: a propaganda em sala de aula. Línguas & Letras, Cascavel, v. 9, n. 16, 2008. RIOLFI, C. R.; D’ALESSANDRO, S. L. Reescrita de textos-fonte e autoria: serão mesmo incompatíveis? Línguas & Letras, Cascavel, v. 20, n. 46, 2019. SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2012. SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 1995. SOARES, M. Alfabetização: a questão dos métodos. São Paulo: Contexto, 2018. VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. EXPLORE+ Para se aprofundar neste assunto, leia os seguintes artigos: O conceito de letramento em questão: por uma perspectiva discursiva da alfabetização, de Cecília Goulart, publicado na revista Bakhtiniana e disponível na plataforma SCIELO. Da leitura para a escrita: um procedimento metodológico para a escrita de texto na alfabetização, de Lorena Trescastro, publicado na revista Entrepalavras e disponível no portal da UFC. Eu aprendi a ler no final: reflexões sobre diferentes tempos e processos de aprendizagem, de Jonê Baião, Cláudia Barreiros e Margarida Santos, publicado na Revista Digital Formação em Diálogo. Assista aos seguintes vídeos disponíveis no YouTube: Conexão Entrevista: Conversa sobre a perspectiva social da Alfabetização com Magda Soares. Perspectiva discursiva para Alfabetização I #LIVE 4, com a participação das pesquisadoras Ana Luiza Smolka e Ana Lúcia Nogueira, mediadas por Rosemar Eurico Coenga. Aula pública Método de Alfabetização: nem problema, nem solução, com Maria do Rosario L. Mortatti. CONTEUDISTA Ana Paula Menezes Andrade, Claudia Hernandez Barreiros Sonco e Jonê Carla Baião CURRÍCULO LATTES - ANA PAULA MENEZES ANDRADE CURRÍCULO LATTES - CLAUDIA HERNANDEZ BARREIROS SONCO CURRÍCULO LATTES - JONÊ CARLA BAIÃO javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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