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1. Ato ilícito em sentido estrito e amplo Ato lícito - conduta conforme o direito, porquanto por ele tutelado, protegido. Ato ilícito - ato sancionado, contrário ao direito. Objeto de estudo: ato ilícito, não adequados ao direito. Ato ilícito é uma conduta contrária ao direito. Uma conduta jurídica se perfaz com uma ação ou omissão juridicamente relevante. Exemplo: Maria matou Pedro. Responde penal e civilmente. Quando houver conduta ilícita, mister será verificar sua origem, pois a responsabilidade civil (RC) vai ser a segunda responsabilidade [na realidade, é a última]. A pessoa que pratica o ilícito responde duas vezes [ou mais]: na área que praticou e na área cível. Área cível: dever do cotidiano1) Área criminal: dever de abstenção2) Ato lícito, com tutela jurídicai. Exercício de Direito Subjetivoa. Direito Civil, Direito do Consumidor, Direito Ambiental...a) Responsabilidade1) Ato ilícitoi. Subjetividade sem tutela (antijuridicidade)b. PODER DA VONTADE: (QUADRO 1) Obrigações1) Contrato2) Negociaisi. Não negociais - CC, art. 185 (fixar residência, domicílio eleitoral)ii. Atos lícitos - ex. desapropriaçãoa. Tem como efeito uma sançãoi. Atos ilícitos - contrário ao ordenamento jurídicob. AÇÕES HUMANAS - CONDUTA VOLUNTÁRIA (genericamente) - (QUADRO 2) Doação, v.g., é direito subjetivo. Aceita-se se quiser. Direito subjetivo: Teoria Mista do Direito Subjetivo. É um interesse juridicamente tutelado, que a vontade do titular tem o poder de realizar. 2. Categorias jurídicas estruturantes Cavalieri: RC é a obrigação secundária de indenizar a vítima do ato ilícito em virtude do descumprimento ou inobservância de uma obrigação primária. A RC apena, sanciona pecuniariamente o causador do dano. A RC é a segunda consequência do ato ilícito. Qual seria, então, a primeira consequência? Depende da ilicitude. Exemplo: homicídio - 1º criminal; 2º civil. Joana: RC é a reação jurídica, os efeitos patrimoniais sobre uma conduta pré-existente que inobservou os respectivos deveres jurídicos, eclodindo dano material e/ou moral. Conceito: RC é a obrigação de indenizar a vítima de um ato ilícito (conceito defasado) Natureza jurídica: sanção pecuniária (por isso é cumulativa). Para o causador do dano: sancionadora, punitiva, com caráter genérico pedagógico. - Dano material: função indenizatória - princípio da restituição integral, a vítima volta ao status quo ante, ou seja, há uma recomposição do vínculo econômico rompido pelo ato ilícito. Também possui função ressarcitória: devolve à vítima todos os valores dispensados em virtude do ato ilícito, como, v.g., aluguel de taxi, remédios, médicos, advogados. ○ Dano moral: função reparadora de efeito compensatório e satisfativo, pois não há que se falar em restituição integral, não hão recomposição do patrimônio moral da vítima em virtude do ato lesivo. ○ Para a vítima: - Função (o que faz): Introdução terça-feira, 11 de março de 2014 13:30 Página 1 de Responsabilidade Civil ato lesivo. Para o causador do dano: elimina a impunidade civil- Para a vítima: elevar sua autoestima. - Finalidade (para quê): Não é um instituto autônomo- Relatividade- Fragmentaridade- Sempre vai depender do fato lesivo- É instituto relativo, fragmentado e não autônomo, pois tem reflexo em vários ramos do direito, sempre dependendo do fato lesivo. - Característica: com relação a outras responsabilidades, a RC apresenta as seguintes características: Subjetiva: fundamentação na Teoria da Culpa, com regência no art. 186 c/c 927a. Objetiva: fundamentação na Teoria do Risco, com regência no art. 927, pu + legislação extravagante b. Quanto à fundamentação jurídicaa. Subjetiva: art. 186 c/c 927i. Objetiva: infração à legalidade expressa: 927, pu. + Legislação extravagante, como o CTB. Trata-se de lesão ao dever geral de abstenção. ii. Extracontratuala. Subjetiva: regra do art. 186 c/c 927i. Objetiva: regra do art. 927, p.u. e legislação extravaganteii. Contratualb. Quanto ao fato que eclodiu a lesãob. Simples: ato próprio do causador do dano. Resp. subjetivaa. fato de animal: o cachorro fez um estrago. O dono responde; i. fato de coisa: objeto caiu sobre um carro. O dono do objeto que caiu responde; ii. fato de terceiro: pai em relação aos menores; Estado em relação a seus agentes.iii. Complexa. Resp. objetivab. Quanto ao agente causador da lesãoc. Classificação: Página 2 de Responsabilidade Civil Os pressupostos da responsabilidade extracontratual subjetiva são: conduta voluntária comissiva ou omissa + nexo causal + resultado danoso É conduta ou omissão [voluntária, isto é, livre de coação] juridicamente relevante. É um ato stricto sensu, praticado em contrariedade ao direito. Logo, a base epistemológica da responsabilidade civil subjetiva está no ato ilícito desencadeado por uma ação ou uma omissão juridicamente relevante, desrespeitando dever jurídico estabelecido. - Potencial conhecimento da ilicitude– Exigibilidade de conduta diversa– Evitabilidade do resultado - a jurisprudência entende que em qualquer situação agente causador do dano deve evitar o resultado danoso à vítima, pois todos os desdobramentos do nexo causal serão suportados pelo agente. – A imputabilidade (autodeterminação) é pressuposto, ao passo que a culpabilidade é requisito. Análise formal: CC, art. 186 (tipicidade da conduta) c/c 927 ss (tipicidade da consequência). ◊ Autoria = pessoa do réu (análise subjetiva)– Materialidade = o ato ilícito em si. Análise objetiva, onde afere-se o padrão ideal de diligência (homem médio) – Análise material. A análise fática deve se dar de modo contemporâneo, concomitante, da forma: ◊ A análise axiológica da conduta: - 1. Conduta comissiva ou omissiva - Conduta Voluntária (CV) 1.1. Fato próprio, de terceiro e da coisa Maria foi a Petrópolis com o seu carro com problema no freio e pneus carecas. Previsibilidade do dano. Maria e Ford - Resp. contratual - CDC Maria e Vítima - Consumidor por equiparação. CPC, art. 77; CDC, arts. 88 e 101, II Maria, antes de viajar para Petrópolis fez revisão na Ford. Maria não tem previsão/previsibilidade, porém o motor falhou. Maria atropelou um transeunte. A RC é da Ford. Em eventual processo, Maria deverá denunciar a lide, apresentando o recibo do contrato do serviço realizado pela Ford, que terá RC objetiva. Previsibilidade/Previsão– Maria foi para São João da Barra com carro sem freio. Chegou bem. Mesmo ela tendo CV, previsão, porém ela foi devagar e lá chegou. É preciso ter falta de cuidado, agir sem cautela. Maria dirigia a 120 km/h, vindo a atropelar um transeunte. Há assente falta de cuidado. Falta de cuidado– CV, por ação inadequada ou omissão juridicamente relevante Elementos (requisitos, conforme doutrina clássica)◊ Adota-se a Teoria da Culpa. Caracterização da culpa: (além do dolo) 1.2. A culpa lato sensu Maria atropelou porque dirigia a 120 km/h. Ação inadequada do agente.◊ Imprudência- Maria atropelou porque não fez revisão no freio. Omissão juridicamente relevante. ◊ Negligência- (A imperícia é só na RC em relação contratual. É a falta de habilidade técnica que o profissional deveria apresentar, v.g., médico que faz diagnóstico grosseiramente equivocado; advogado que defende grosseiramente mal) - 1.3. Manifestação (elementos, conforme doutrina clássica) Responsabilidade Extracontratual Subjetiva sábado, 29 de março de 2014 17:12 Página 3 de Responsabilidade Civil equivocado; advogado que defende grosseiramente mal) Levíssima, leve, grave, gravíssima- É importante para aferir-se a extensão da responsabilidade civil e a consequente condenação.- Maria estava dirigindo dentro da velocidade permitida com o carro 0km e atropelou José. Maria responde? Não sei, depende do local do fato. Se José estava atravessando em local inadequado, Maria não responde; Se José estava na frente de hospital, atravessando faixa de pedestre, Maria responde. - 1.3-A. Graduação Culpa in comitendum (na ação - imprudência) Culpa in omitendum (na omissão - negligência) Subjetivas◊ Culpa in eligendum (na escolha, escolheu errado) Culpa in vigilandum (falta de cuidado, na vigilância). Exemplo: responsabilidade dos pais em relação aos filhos menores. Culpa in custodiendum (para os animais, presos e pessoas menores). Custódia. Objetivas◊ Fato próprio (simples)- Fato lesivo: a queda do ferro (Teoria da Guarda) Quem responde é o dono do ferro (culpa in custodiendum) Exemplo: O ferro de passar que estava na janela da casa caiu e deteriorou o carro de Manoel. – Culpa presumida - é caracterizada pela própria incidência fática, ou seja, basta a constatação do fato lesivo. Exemplo: dirigir sem habilitação; ultrapassar o sinal vermelho. Se ultrapassar o sinal e não atropelar ninguém, é mera conduta; se atropelou, responde o dono da coisa. No criminal, quem responde é o condutor, pois lá a resp. é necessariamente subjetiva. – Culpa contra a legalidade - basta o nexo causal entre o fato lesivo e o comando da norma jurídica. Culpa in re ipsa - modalidade de culpa que dispensa a prova da imprudência/negligência: ◊ Fato de terceiro (complexo): RC objetiva- Crítica: Na RC do sistema clássico (Código Napoleônico de 1804), havia uma utilidade e interesse jurídico na diagnose diferencial da Teoria da Culpa, porém, com o surgimento da responsabilidade objetiva com automática inversão do ônus da prova da culpa, o sistema jurídico deve estabelecer as hipóteses que excepcionam a regra da responsabilidade subjetiva, porquanto o efeito da culpa in re ipsa é exatamente o efeito da responsabilidade objetiva direta autorizada pelo comando normativa, sendo, pois, despicienda essa análise. - 1.4. Modalidade (espécies, conforme doutrina clássica) É um liame, um vínculo, ou seja, fato relevante no direito que liga a CV ao resultado danoso (RD). - 2. Nexo causal (NC) 2.1. Teorias. 2.2. A teoria escolhida pelo nosso Direito Civil. No sistema civil nacional, adota-se a Teoria da Causalidade Adequada ou Necessária, posto que para caracterizar o dano vinculado àquela conduta (ou fato lesivo), o ato tem que ser exato à produção daquele resultado. Tanto na RC contratual como na extracontratual, a reflexão jurídica sobre a causalidade é a mesma, pois, fundamentado no princípio da integração jurídica (analogia), iremos aplica r a norma do art. 403 para todos os casos, valendo-se da técnica de supressão de lacuna referente à RC extracontratual. 2.3. Causalidade da omissão. Aplica-se a analogia: LINDB, art. 4º; CC, art. 403 c/c 927 Maria discute com seu vizinho e foi atacada pelo cão de outro vizinho. Um terceiro - 2.4. Concausalidade Página 4 de Responsabilidade Civil José presenciou seu filho ser agredido na rua e teve um enfarto fulminante (José era cardiopata). – Concausalidade antecedente - é existente antes da norma. José, pilotando sua moto sem capacete, envolveu-se num acidente de trânsito com Antônio que dirigia seu carro. Do acidente resultou fratura craniana de José. – Concausalidade concomitante ou concorrente - é a concausa que nasce no momento da origem da causa. José teve duas pernas quebras = imprudência de Antônio.– Concausas - negligência de José e imprudência de Antônio. Causa: mordida de cachorro; Concausa: discussão das pessoas; Concausa antecedente: diabetes; Concausa superveniente: preso no trânsito e hospital sem vaga. – Concausalidade superveniente - após o desencadear do nexo causal, a concausa surge como desdobramento do resultado. (Falta de vaga e trânsito). Concausalidades - ao lado de uma causa principal, há uma concausalidade, ou seja, uma causa paralela que contribui para a eclosão do resultado danoso. E podem ser: ◊ A prova da constituição do nexo causal cabe ao autor da demanda, que é vítima do dano. É matéria do pedido (princípio da consubstanciação jurídica - CPC, art. 282, III), fundamentado no princípio da constituição jurídica. Na defesa, temos o ônus da impugnação especificada, pelo qual deve-se impugnar cada pedido [não seriam também os fatos??] feito, sob pena de incontrovérsia. O STJ entende que, mesmo agravando o resultado, responde o causador do dano também, vez que o desdobramento causal que é o agravamento da lesão está na esfera de vigilância do agente causador. Porquanto, cabe a ele a evitabilidade do resultado. ◊ Maria discute com seu vizinho e foi atacada pelo cão de outro vizinho. Um terceiro vizinho chamou a ambulância do hospital público X. Sem ter vaga, Maria foi levada para uma clínica particular. Ocorre que, em virtude do congestionamento do trânsito, Maria ficou muito tem sem assistência médico-hospitalar. Quatro dias depois, veio a ter sua perna direita amputada em virtude de sua diabetes. Quem responde? - Fato exclusivo da vítima - a vítima com sua própria conduta produziu resultado danoso. Exemplo: José, sem capacete, conduzindo sua moto, avançou o sinal, em alta velocidade e colidiu com o carro de Manoel. José teve fratura craniana exposta. Materialmente José foi vítima, mas também o culpado. - José atropelou Carlos ao ser abalroado bruscamente por César. César é o terceiro; José está dando carona para Manoel. Cristina arremessa uma pedra e atinge a cabeça de José, causando acidente e levando Manoel a óbito. A família entra com ação contra José, que, a seu turno, alega fato de terceiro; Um avião está transportando valores (insumo do banco). Quando voa baixo, é atingido por objetos de outro avião, que faz com que ele caia sobre uma casa, destruindo-a. O dono da casa entra com uma ação contra a empresa do avião e como matéria de defesa alega fato de terceiro. Quem é o terceiro? É aquele que não integra a relação jurídica, porém, por ato próprio, indiretamente produziu o resultado danoso. ◊ Fato de terceiro - Não confundir fato de terceiro como matéria de defesa do réu com a responsabilidade civil objetiva pelo fato de terceiro de acordo com a determinação legal. Exemplo: CC, art. 932 (os pais pelos seus filhos menores). - O ônibus X caiu na ribanceira e houve 100 mortos. Motivo: infarto do motorista. A empresa vai se defender alegando caso O fortuito interno não exclui o nexo causal, pois a gestão do negócio deve suportar o risco interno, sendo má administração, falta de cuidado, falta de cautela. – O STJ divide o fortuito em fortuito interno e externo. O caso fortuito pressupõe imprevisibilidade, ao passo que a força maior pressupõe inevitabilidade. ◊ Caso fortuito e força maior- 2.5. Exclusão do nexo causal. Causas de exclusão: Página 5 de Responsabilidade Civil infarto do motorista. A empresa vai se defender alegando caso fortuito (imprevisível). Se o motorista fez exame nos últimos seis meses, exclui-se o nexo. Se não o fez, não exclui - fortuito interno. Se o motorista fez o exame nos últimos seis meses, trata-se de força maior. Para o STJ, o fortuito externo equipara-se à força maior, eis que há inevitabilidade do resultado danoso, inexistindo nexo causal, porquanto não sendo hipótese de responsabilidade civil. – Estado de necessidade: CP, art. 23 e 65 c/c CPP, art. 386 (cuidado com a insuficiência da prova no juízo criminal). Natureza jurídica: CPC, art. 328 (fato modificativo). - Requisitos: paridade (não é adesão)e sem vulnerabilidade. ◊ Uma empresa brasileira fez um contrato com empresa holandesa para importação e exportação de flores, aceitando a cláusula de não indenizar, porque a brasileira objetivava entrar no mercado europeu. Tratando-se de partes iguais, pode ser feita a cláusula de não indenizar, desde que o contrato seja paritário (não é de adesão). ◊ Cláusula de não indenizar (só na RC contratual).- 3. Resultado danoso Requisitos: CC, art. 104 e 186.- O dano pode ser aos direitos personalíssimos, lesão essa que eclodirá em dano moral; ou aos direitos materiais, que será hipótese de prejuízo material, diminuição substancial no patrimônio de conteúdo econômico da vítima. ◊ Princípio da restituição integral (restitution in integrum). Há recomposição do vínculo econômico rompido pelo fato lesivo (retorno ao status quo ante) tanto nos casos de dano emergente como de lucro cessante. ◊ Regência: CC, art. 186 c/c 944; 11 ao 21; CF, art. 5º, V e X. - 3.1. É a lesão a um bem juridicamente tutelado. É o prejuízo ou ofensa decorrente do ato ilícito. Dano emergente - diminuição direta do patrimônio da vítima, ou seja, o fato lesivo provocou uma redução ou uma extinção do patrimônio material da vítima. - Dano moral: perda da perda direita Emergente: Perda do material do serviço e do veículo– Dano moral com repercussão material: haverá dano material toda vez que do dano moral resultar perda da potencialidade lucrativa. No caso, a perda da perna de Maria é um dano moral na modalidade física, pois o bem juridicamente tutelado é sua integridade. Dessa forma, Maria será reparada pelo dano moral e indenizada pela perda da potencialidade lucrativa. Pela perda do veículo, que é instrumento de trabalho. Lucro cessante:– Dano material: Regência: CC, art. 944 c/c 402 - princípio da indenidade, que estabelece o exaurimento na análise da extensão das perdas e danos como resultado do respectivo fato lesivo (ver art. 450). Maria foi contratada para fazer a festa de José. Ocorre que, quando ela estava transportando os respectivos materiais, foi abalroada por Pedro. Do fato resultaram: perda da perna direita de Maria, perda de todo o material de trabalho, perda parcial do veículo. ◊ Lucro cessante - é a perda da potencialidade lucrativa da vítima em virtude do fato lesivo, ou seja, é o dano material indireto. - Princípio da restituição integral (restitution in integrum) = tanto no dano emergente quanto no lucro cessante, há recomposição do vínculo econômico rompido pelo fato lesivo. Ou seja, volta ao “status quo ante”. Por quanto, o dano material será indenizado. - 3.2. Dano material - é o prejuízo econômico no patrimônio da vítima. São eles: É lesão a um bem juridicamente tutelado, violação de direito personalíssimo – art.186.- A doutrina clássica diz que o dano estético, a imagem e a honra são institutos autônomos. Porém a crítica que se faz é a que todos estes institutos são violações à personalidade, sendo então, subespécies do dano moral. - 3.3. Dano moral Página 6 de Responsabilidade Civil personalidade, sendo então, subespécies do dano moral. O dano moral é a violação do patrimônio que compõe a personalidade da pessoa física ou jurídica, esta com restrições, cuja tutela tem base constitucional operando sua transversalidade a qualquer tipo de relação privada ou pública. - Bem juridicamente tutelado: integridade física.◊ Fato lesivo – lesão corporal (art.129 CP). ◊ Dano moral estético- Bem juridicamente tutelado: honra objetiva (reputação, decoro, prestígio social).◊ Fato lesivo – difamação (informação verdadeira, mas que não deve ser veiculada), calúnia (imputação falsa de crime). Lesão à honra. ◊ Pessoa jurídica pode sofrer dano moral social quando afeta sua reputação em face da sociedade (art.52 – “no que couber” = só na honra objetiva). ◊ Dano moral social- Bem juridicamente tutelado – honra subjetiva (foro íntimo).◊ Fato lesivo – injúria (obs. racismo não entra aqui, pois é crime formal, não exige resultado). Lesão aos atributos da personalidade (como a religiosidade, intelectualidade, modo de viver). ◊ Dano moral psicológico- Princípios gerais da dignidade humana com razoabilidade, ponderabilidade (≠ dano material que só exige prova atestando o dano e o autor). Reparação com efeito de uma compensação satisfativa (“pedido de desculpas”, não volta ao “status quo ante”). Minorar os efeitos do dano a pessoa, os efeitos sociais psicológicos. - Tanto no dano material quanto no dano moral, há o ressarcimento que é a devolução das despesas feitas em razão do fato lesivo. - Ex: O carro com perda total no acidente é instrumento de trabalho de Maria. A perda do carro é dano emergente, a perda do instrumento de trabalho é lucro cessante, pois Maria assim não lucra. Origem material = é a perda da potencialidade lucrativa dos instrumentos laborais. Princípio da restituição integral. ◊ Ex: Maria que perdeu o carro, também perdeu as pernas e é promotora de eventos e excursões. A perda das pernas é um dano moral na modalidade estética, mas também impossibilita Maria de ganhar dinheiro, pois possui profissão que requer agilidade física. Origem moral = o lucro cessante pode ter origem na violação dos direitos da personalidade, quando a pessoa deixa de lucrar em virtude da lesão ao bem juridicamente tutelado. Princípios gerais da dignidade humana com razoabilidade. ◊ O lucro cessante pode possuir duas origens:- Fundamento dos princípios gerais da dignidade humana, com razoabilidade entre os interesses, vez que trata de tipo aberto, não há um exame formal de - Prova do dano moral. - Página 7 de Responsabilidade Civil entre os interesses, vez que trata de tipo aberto, não há um exame formal de cada conduta, são normas de reenvio, devendo analisar a conduta específica do réu, a influência da vítima sobre a conduta e compará-la com o padrão ideal de diligencia (ex: se Maria fosse uma sofredora habitual, pessoa completamente sensível, com distúrbio emocional psicológico, não poderá ser utilizado como modelo e nem uma pessoa que sofre por nada). Se for dano estético, somente será necessário um laudo médico, uma prova pericial, sem necessidade de um exame formal, axiológico da prova do dano moral. - Maria, envolvida em um acidente, perdeu a vida (Maria – vítima fatal). A legitimidade para pleitear a reparação é da mãe ou filho que sofreram com os reflexos do dano moral. Quanto a Maria, acabou-se a personalidade com a morte (art.943 c/c 11, 12, PU). - José perde a perna no acidente. Perna – dano moral (personalíssimo); lucro cessante (pode ser transmitido ao cônjuge, ascendentes e/ou descendentes). - 3.5. Legitimação para pleitear o dano moral. 3.6. Dano moral e pessoa jurídica O dano moral em si não transmite, somente os efeitos em algumas hipóteses, transmite aos herdeiros nos termos do art.12, PU. - Transmissíveis só os efeitos materiais do dano moral (lucro cessante) e todo o dano material conforme art.943. - 3.7. Transmissibilidade Trata do reflexo material que atinge a uma terceira pessoa que dependia financeiramente da vítima. - Ex: Maria foi atropelada pela ambulância x e morreu. Deixou três filhos menores e era arrimo de família (sustentava sua mãe, quatro irmãos menores e seus filhos). O donodo hospital deverá indenizar toda a família em razão da cessação do lucro. - O art.948, II possui uma interpretação extensiva vez que lá só fala em homicídio, mas o STJ entende ser em qualquer evento danoso como um acidente de automóvel. - Já houve decisões no sentido de admitir dano moral em ricochete.- 3.8. Dano reflexo - em efeito ricochete Questão prática: se o advogado não pede determinado valor de dano moral, pedindo o arbitramento do juiz, não caberá recurso. É a fixação da verba reparatória do dano moral para que haja a quantificação do valor a ser pago pelo causador do dano, ou seja, o quantum debeatur. - O arbitramento pode ser convencionado. - Arbitramento no dano moral (CPC, art. 475-N, II, IV, VI e p.ú c/c art. 475-C). - Requisito: fato novo, que pode ser a extensão danosa não apreciada em sentença criminal. - Perícia: CPC, art. 420 - trata da prova do dano em si (prova da materialidade); CPC, art. 475-D - trata da extensão do dano (quantum debeatur) - São hipóteses de responsabilidade patrimonial que o dano em outro juízo, com competência material exógena (competências materiais diferentes). Dessa forma, os efeitos das respectivas sentenças de mérito serão produzidos no juízo cível no concernente à responsabilidade patrimonial. É o que a doutrina chamada de efeitos prodômicos da sentença do juízo de competência exógena. (CC, art. 944) - Liquidação por artigos (CPC, art. 475-F)- 3.9. Arbitramento, liquidação e verbas indenizáveis Página 8 de Responsabilidade Civil Nos séculos XIX e XX, com a explosão demográfica e a constituição de fábricas, nasce uma necessidade social de inversão do ônus da prova da culpa, pois ficava impossível provar a culpa do patrão, do dono do automóvel ou de quem tivesse poder econômico para custear um bom advogado. Logo, surge um sistema jurídico de imputação objetiva onde não há análise do duplo aspecto do ato ilícito (análise formal: tipicidade da conduta + tipicidade da consequência; e análise material: autoria + materialidade), havendo tão somente a análise objetiva sobre o direito posto, pois haverá responsabilidade civil objetiva quando o agente assume risco estabelecido em lei ou quando a própria lei estabelece a sanção para aquele responsável. Função da RC Objetiva: inverter o ônus da prova da culpa Finalidade da RC Objetiva: isonomia material 1. Evolução histórica 1ª hipótese: lei - CC, art. 187, 932 - fato de terceiro/fato da coisa○ 2ª hipótese: atividade de risco (proibido) a direito de outrem○ Inteligência do artigo 927, parágrafo único. Em "independentemente de culpa", leia-se "independentemente de prova da culpa pelo autor". - Risco-profissão ou risco do empreendimento empresarial: fábrica (qualquer fornecedor em relação de consumo) □ Risco-proveito: quem exerce a atividade tira proveito econômico (banda Gurizada Fandangueira na boate Kiss - Santa Maria/RS) □ Risco-profissional: qualquer empregador em acidente de trabalho□ Risco-excepcional: exerce atividade de alta periculosidade (petroleiro, bombeiro, policial, eletricista, mineiro, mergulhador, trabalhador em posto de gasolina) □ Há divergência quanto ao transporte público. CC, art. 735 c/c CDC, art. 14, § 3º - diálogo das fontes ◊ Exemplo de risco extremado: dano ambiental, segurança bancária, transporte pública. Risco extremado (Responsabilidade Civil Extremada): é a que a doutrina chama de risco integral. Aplica-se em casos excepcionalíssimos, havendo a exigência tão somente da prova do dano, pois inverte o ônus da prova da culpa e do nexo causal. O dano é causado pela falta de segurança social, dessarte, não há necessidade de prova da CV e do NC. □ Exemplos: Atividade habitual○ Exemplo: transporte Obrigação de resultado○ Risco proibido:- 2. Teoria do Risco Ficar espalhando que Fulano é mau pagador. ○ O fato lesivo é o excesso.- CC, art. 187 - responsabilidade objetiva pelo abuso de direito- Inc. II - é o ato-fato jurídico indenizável, eis que o elemento psíquico é irrelevante, logo, a relevância jurídica é no resultado danoso, porquanto lícito, pois não havia intenção de lesar ninguém, e sim de salvar alguém. ○ CC, art. 188- 3. Abuso de direito Risco profissional, profissão, excepcional, extremado (integral).- Quem assume uma atividade de risco habitualmente prestada, assume o risque que é proibido (CC, art. 927, pu). - Acidente automobilístico numa corrida de carros, lesão em MMA, queda do paraquedas são riscos permitidos. - 4. Desempenho de atividade de risco Responsabilidade Civil Objetiva sábado, 29 de março de 2014 17:54 Página 9 de Responsabilidade Civil paraquedas são riscos permitidos. Diferença entre o art. 12, CDC (acidente de consumo) e o art. 9321 do CC é a paridade, qualificação das partes. - 5. Dano causado por produto Página 10 de Responsabilidade Civil Responsabilidade direta é aquela por fato próprio (ver parte "introdução"). ○ Fato de outrem - a responsabilidade inverte o ônus da prova da culpa, pela doutrina clássica, por culpa presumida in re ipsa como, por exemplo, na responsabilidade dos pais pelos filhos menores sob sua guarda ou companhia; o patrão pelo seu empregado ou comitente; o tutor ou curador pelo pupilo ou curatelado. Nessas hipóteses, há uma presunção de culpa desses assuntores. Porém, pela teoria moderna, essas pessoas são garantidoras legais, havendo responasbildidade civil objetiva indireta. - 1. Responsabilidade direta e indireta. Diferença entre culpa in re ipsa e responsabilidade civil objetiva - na 1ª, deve-se provar que não houve imprudência ou negligência, enquanto na segunda, responde diretamente, sem provar nada. A culpa in re ipsa e a responsabilidade civil objetiva por fato de outrem ou da coisa têm efeitos iguais, qual seja, a inversão do ônus da prova da culpa, mas o fundamento da culpa in re ipsa é a presunção de culpa e da responsabilidade civil objetiva é a lei. Exemplo: Pai visitando junto com o filho a mãe no hospital. O filho vai e provoca um acidente com o carro do pai. O pai deverá responder, pois estava sob sua autoridade. Se a mãe fosse processada, ela terá de indenizar, na forma do art. 942, pu, do CC/02, e depois poderia ingressar com ação de regresso contra o pai. 2.1. Dos tutores e curadores (...) Teoria da responsabilidade objetiva mitigada. O novo CC estabelece uma responsabilidade do incapaz nos termos da norma do art. 928, cujo fundamento é a responsabilidade subsidiária ou mitigada do incapaz (gênero, em que o menor é espécie). Dessarte, o incapaz só responde se o patrimônio do seu responsável não for suficiente ou se o seu patrimônio não tiver dever jurídico de responder (CC, art. 932, I e II c/c art. 928) ○ 2.2. Dos incapazes 2. Responsabilidade do pai por atos dos filhos menores Teoria do risco do empreendimento empresarial (CC, art. 932, III)- 3. Responsabilidade do empregador ou comitente A responsabilidade civil pelo dato das coisas e/ou dos animais está fundamentada na TEORIA DA GUARDA. O sistema brasileiro adota a ESCOLA FRANCESA onde guarda e aquele que possui poder hierárquico (poder de mando), porquanto o guardião deve preencher algum requisito de posse/propriedade e/ou estar investido numa função de direção. Assim, não importa o lugar que este guarda esteja, o poder de decisão é dele. - Escola alemã - adotada pelo direito português. Guarda é quem estiver em contato físico com a coisa, com o dever de vigilância. Dessa forma, o guardião não tem poder de possuidor nem de proprietário, sendo mero detentor. - Maria, empregada de Cristina, colocou um objeto na janela, o qual caiu em cima do a. Exemplos: - 4. Teoria da Guarda Responsabilidade por fato de outrem e pelo fatodas coisas sábado, 29 de março de 2014 17:54 Página 11 de Responsabilidade Civil Na escola francesa, responde Cristina (dona do apartamento);i. Na escola alemã, responde a empregada (a ética latina é relativa).ii. Maria, empregada de Cristina, colocou um objeto na janela, o qual caiu em cima do carro de Pedro que estava estacionado na direção da janela, tendo prejuízo patrimonial. a. Pela escola francesa, responde quem tem a posse do animal (José).i. Pela escola alemã, responde o detentor (João).ii. José toma um cavalo emprestado. João foi cuidador de tal cavalo e o deixou num haras, ocasião em que o animal comeu todos os produtos de cereais que estavam estacados, de propriedade de Maria. b. Regra - STJ - responsabilidade civil do guardião na hipótese de furto. Exceção - Não há responsabilidade civil do guardião na hipótese de roubo. Pelo roubo, o guardião responde, porque o direito não exige heroísmo de ninguém, mas não admite omissão. No roubo, há exclusão do nexo causal. No furto, não há. ○ José deixou seu carro na oficina mecânica. Três dias depois houve ato violento de roubo, levando o carro de José. A oficina não responde, mas o MP tem que investigar porque pode haver conluio, o fato tem que ser provado pelo dono da oficina. José deixou seu carro na oficina mecânica e dois dias depois o carro foi furtado (há responsabilidade civil). Exemplo:○ Hipótese de veículo como instrumento de vários delitos: foi constatado que o veículo foi furtado ou roubado (se o dono não fez o boletim de ocorrência, será considerado partícipe). ○ O STJ entende que na hipótese de furto ou roubo de veículo que foi utilizado como instrumento de crimes, há interrupção da posse do proprietário, por motivos alheios à sua vontade. Logo, não se aplica a teoria da guarda da escola francesa e nem a teoria da guarda da escola alemã. ○ 4.1. Furto ou roubo de veículo 4.2. Fato de animais - art. 936 (culpa presumida, in re ipsa). Responsabilidade civil objetiva (mesmo efeito). 4.3. Ruína de edifício. Responsabilidade do dono. CC, art. 957 c/c 1.277 A professora não comentou especificamente sobre este tópico. Ver o exemplo dado da Maria, empregada de Cristina. - 4.4. Coisas caídas do prédio Página 12 de Responsabilidade Civil Quem é o Estado? Pessoa jurídica de direito público, tendo somente um poder com função tripartida (Legislativo, Executivo e Judiciário). 1. Evolução histórica 2. A responsabilidade objetiva do Estado no Direito Brasileiro. O § 6º do art. 37 da CF/88 4. Danos por omissão do Estado 5. Danos decorrentes de obras públicas 6. Responsabilidade subjetiva do Estado 6.1. Culpa anônima 6.2. Responsabilidade do Estado por danos decorrentes de atos judiciais e atos legislativos 6.3. Responsabilidade dos prestadores de serviço público Regra: irresponsabilidade (começa na expedição do diploma: CF, art. 53, § 1º.a. Exceção: responsabilidade de quem editou lei inconstitucional, de efeito concreto (ex.: Maria está sendo cobrada por prefeitura por um imposto de competência do Estado. Ela poderá contestar e recorrer, pedindo danos morais e materiais em face de quem editou a lei). b. OBS.: NÃO HÁ AÇÃO DE REGRESSO.c. Legislativa (cria a ordem jurídica)a) Fundamento: Teoria do risco administrativo (atividade habitual)- Esta teoria fundamenta a responsabilidade civil do Estado na sua função executiva nos atos que eclodem danos provocados pelos agentes no exercício de suas funções (ou utilizando-se dela para fins escusos - o Estado responde, pois elegeu mal o funcionário), bem como pelas pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. - O Estado como garantidor possui responsabilidade objetiva, em regra, pelo risco administrativo cujos efeitos são a inversão do ônus da prova da culpa, bem como a mantença do nexo causal na hipótese de qualquer dúvida sobre a prestação do serviço. - Culpa concorrente (da vítima e do Estado) - parte da doutrina entende que não é hipótese de exclusão do nexo causal, mas de redução do quantum debeatur do Estado. - Direta - quando houver dano por evento do Estado em virtude da conduta de seu agente no exercício da função. CF, art. 37, § 6º □ Indireta - quando utiliza a função para fins escusos. O Estado responde se a pessoa jurídica de direito privado não possuir capital suficiente, porquanto tratar-se de responsabilidade objetiva subsidiária do Estado. Não há solidariedade do Estado. □ A responsabilidade civil objetiva do Estado pode ser:- O melhor para a vítima é a responsabilidade indireta do Estado, porque não recebe por precatório (CF, art. 100) como na responsabilidade direta (execução contra a Fazenda). - Regime de concessão e permissão de serviço público. Responsabilidade objetiva do concessionário/permissionário. CF, arts. 37, § 6º, e 137; Lei n. 8.987/95, art. 2º e 25. Por haver descentralização administrativa, o Estado responde - Regra: responsabilidade civil objetiva do Estadoa. Executiva (administra a ordem pública)b) Funções do Estado: Responsabilidade das Administração Pública sábado, 29 de março de 2014 17:55 Página 13 de Responsabilidade Civil e 25. Por haver descentralização administrativa, o Estado responde subsidiariamente, mas não solidariamente. A regra da responsabilidade objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo, ou seja, tão somente nas hipóteses do § 6º, art. 37 c/c art. 175 da CF. Logo, a vítima deverá provar o dano e o nexo causal, porquanto a regra não é da responsabilidade integral. Esta responsabilidade é por exceção (tem que estar declarado) como nas hipóteses de dano ambiental (CF, art. 225, § 6º), algumas hipóteses de segurança pública mesmo prestado por empresa pública, hipóteses de dano no art. 21, XII da CF. - É a exceção ao sistema de responsabilização do Estado, cujos efeitos são a não inversão de nenhum ônus, ou seja, a vítima deve provar a conduta voluntária do Estado, com toda sua extinção na teoria da culpa, o nexo causal (o liame entre tal conduta e o resultado danoso) e o dano. - Fundamento: teoria da culpa anônima. Para que haja aplicação desta teoria, deve- se analisar se a omissão é genérica ou não, pois tão somente na hipótese de omissão genérica é que a responsabilidade é subjetiva do Estado. - Fato lesivo: omissão genérica (conduta de algum agente). - Exemplo: Bairro X é muito calmo, sem assaltos. Porém, em determinado dia, Maria é assaltada (o Estado responde de forma subjetiva por omissão genérica). □ Se o cavalo tivesse dono, seria sua a responsabilidade (fundamento: teoria da guarda - Escola francesa). Se o cavalo não tivesse dono e estivesse em autopista, responderia a concessionária (responsabilidade objetiva indireta do Estado). Se não for nenhuma das hipóteses, a responsabilidade é subjetiva do Estado por omissão genérica. Exemplo: Na rua Tal, passa o cavalo X. Certo dia, tal cavalo atropela alguém, causando dano estético. □ Exemplo: Rua em que vários cavalos atropelam várias pessoas (omissão específica - responsabilidade civil objetiva do Estado). Neste exemplo, determina-se a omissão específica por haver conduta lesiva reiterada. □ O que determina se a omissão é genérica ou específica (regra) é a necessidade pública do serviço do Estado, da garantia do Estado. - Exceção: Responsabilidade subjetiva do Estado○ Regra: irresponsabilidadea. Exceção: responsabilidade objetiva do Estado na função jurisdicional (CF, art. 5º, LXXV).b. Responsabilidade do juiz = pode haver responsabilidade subjetiva do juiz nos exatos termos da regra do art. 133 do CPC. - Art. 133, pu c/c II - condição específica de regular prosseguimento da ação de responsabilidade civil (natureza jurídica). Faltandoesta condição, a ação será extinta sem resolução do mérito (CPC, art. 267, VI). - Art. 133, I - teoria da culpa- Exceção na lei processual: responsabilidade subjetiva do juiz (CPC, art. 133, parágrafo único). - Teoria mais técnica e majoritária: utilizada pela magistratura- O juiz é agente político (exerce função de poder em órgão superior), ele não responde, em regra. Quem responde é o Estado jurisdicional só na hipótese do art. 5º, LXXV da CF. a. Teoria utilizada pelo Congresso.- Na prova da OAB, defensoria, MP... Explicar as duas.- O juiz é servidor público, fincado submetido à regra do art. 37 da CF. Responsabilidade objetiva do juiz pela teoria do risco administrativo (CF, art. 37, § 6º). b. Controvérsia doutrinária: Há controvérsia acerca do fundamento da responsabilidade do juiz, se subjetiva (teoria da culpa) ou objetiva (teoria do risco). Para resolução da controvérsia, deve-se analisar a natureza juiz: - Jurisdicionalc) Página 14 de Responsabilidade Civil Contrato é fonte mediata de Direito, pois a imediata é a lei.- Validade do negócio jurídico○ Inexecução (descumprimento) espontânea○ Pressupostos da responsabilidade civil contratual:- Mora debitoris ou solvendi - mora do devedor Mora creditoris ou accipiendi - mora do credor Para efeitos de responsabilização patrimonial, o sistema jurídico não estabelece efeitos de inexecução para o credor, conforme norma dos arts. 994 c/c 396 do Código Civil. Para responsabilização jurídica contratual, deverá o credor constituir o devedor em mora OU provar o nexo causal, dispensado da prova da culpa do devedor, dado que haverá a INVERSÃO DO ÔNUS DE TAL PROVA, por tratar-se de culpa presumida do devedor. Mora ex re - prova o nexo causal com o contrato. Basta executar. ◊ Se o credor resolver notificar no último dia do prazo prescricional, perderá os juros que seriam devidos, pois só agora o devedor está em mora. Mora ex persona - tem que constituir em mora o devedor, na forma do art. 397, p.u. do CC c/c CPC, art. 219. ◊ Procedimento: Obrigação de meio (REGRA) - comodidade/utilidade - a culpa é provada pelo credor. Procedimento: provar tempo/lugar/forma descumprida. □ Culpa presumida, invertendo-se o ônus da prova. A vítima prova o nexo causal e o dano. Obrigação de resultado - Há assunção de excelência, então há responsabilidade civil objetiva de quem presta o serviço. □ Para constatação da mora do devedor, deve ser analisado se há: Culpa do devedor (CC, art. 234 § 2º c/c art. 396)○ Obrigação de meio – responsabilidade subjetiva – provada pelo autor□ Obrigação de resultado – responsabilidade subjetiva, com culpa presumida – inversão do ônus da prova da culpa □ Responsabilidade objetiva – imputação por LEI ou RISCO (nos casos concretos, pode haver ação de regresso). □ Na obrigação de garantia, o garantidor responde sem nenhum débito.□ Culpa. Analisar a espécie da obrigação. Prova da culpa: depende da obrigação.- Houve lesão. Lesão não inverte o ônus da prova do dano. Sem dano jamais haverá responsabilidade civil. Pode haver responsabilidade civil por ato lícito, mas sem dano jamais. Ex.: desapropriação. É legal e pode ter responsabilidade civil. Mas e se for inconstitucional? Art. 994-954 c/c 402 + Legislação extravagante. □ Se o dano fosse maior que o valor da cláusula. Verificar os requisitos no art. 416, pu do CC. ◊ Responsabilidade civil prefixada em cláusula penal (compensatória). Exemplo: no contrato consta uma cláusula fixando indenização no valor de R$ 10.000,00. Dispensabilidade da prova do dano. Cláusula penal e Juros de mora. □ Dano. - A norma do art. 189 e seguintes possui natureza de condição consumativa de responsabilidade civil contratual. Requisitos: ○ Requisitos de validade:- 1. Pressupostos. Inadimplemento e mora. Juros de mora. Cláusula penal. Responsabilidade contratual, pré e pós contratuais sábado, 29 de março de 2014 17:55 Página 15 de Responsabilidade Civil Juros de mora – basta haver o lapso temporal. Nexo causal entre culpa e dano = contrato.- Contrato de seguro (CC, art. 787 e 788) - a seguradora só vai pagar até o valor contratado no seguro por ato ilícito praticado pelo segurado que gerou dano a um terceiro (vítima do dano). Caso a seguradora (responsabilidade contratual) não possa arcar com as indenizações, o segurado responde subsidiariamente (CC, art. 787, § 4º) - Responsabilidade civil com terceirização contratada sobre as perdas e danos (o causador do dano vai ter a responsabilidade de indenizar, por não suportar pecuniariamente nenhum prejuízo): O nexo causal entre a culpa e o dano é contrato. - Inadimplemento (impossibilidade de cumprimento) Cláusula penal compensatória (indenização) – art. 10, 412 c/c art. 416, pu (obrigação principal) ○ Cláusula penal moratória (juros e multas pelo atraso) – CC, art. 411○ Cláusula penal especial (inexecução de cláusulas especiais - termo, condição, encargo – arts. 409, 121 ao 137 (obrigação acessória) ○ Contrato formal – com prefixação de responsabilidade civil- Exceção da prova do dano – título executivo extrajudicial (CPC, art. 586 c/c 585, II)- Processo de conhecimento: 475-N, 475-J, T e J – CC, 474, § 2º; 475○ Justiça Pública – Ação condenatória em perdas e danos – visa condenar o réu a indenizar o autor ○ Justiça Privatística – Arbitragem – contrato formal sem cláusula penal compensatória. Pode até ter cláusula penal moratória; se não tem a compensatória, não tem título. 475- N, IV c/c Lei de Arbitragem, art. 32 ○ Contrato não formal – é aquele que a lei não exige forma. - Extensão das perdas e danos: Analisar as espécies de contrato que mais eclodem em responsabilidade civil (jurisprudência e doutrina). Na fase da formação do contrato, nas tratativas negociais é fase pré-contratual e, tecnicamente, não há contrato. Porém, DEPENDENDO DO GRAU DA FASE NEGOCIAL, pode na hipótese de dano aplicar a regra do art. 421 e seguintes, entendendo o STJ que há intenção inequívoca de contratar. - Direito tutelado: expectativa de direito. Lesão: frustração do direito contratual. Dano moral: pelo lucro cessante; Dano material – se comprou equipamento, reformou tudo, contratou pessoal. Dano moral: pela frustração do direito. Incidência de fato concreto (provado): após um longo período de tratativas negociais, uma das partes, sem justo motivo, desiste da contratação. - PRÉ-CONTRATO – nas tratativas negociais. CC, art. 427 e seguintes. Não tem contrato tecnicamente. STJ entende que há responsabilidade civil, mas não é em qualquer hipótese.- Exemplo: contrato de mútuo com banco que não aceita empréstimo com determinada pessoa por já ter litigado em face dela (ação de obrigação de fazer cumulada com condenatória de perdas e danos - responsabilidade civil contratual). - Exemplo: construtora que descumpre contrato que prometia vista para o mar do imóvel.- PÓS-CONTRATUAL Empreitada (art. 618)- ESPÉCIES DE CONTRATO COM RESPONSABILIDADE CIVIL Página 16 de Responsabilidade Civil Responsabilidade objetiva - fundamento: obrigação de resultado○ Empreiteiro-engenheiro (profissional liberal)○ Empreiteiro-construtora (pessoa jurídica) - responsabilidade objetiva com fundamento no risco empresarial (relação consumerista). O efeito, porém, será o mesmo. ○ Empreitada (art. 618)- Responsabilidade subjetiva - resolução culposa○ Depósito (art. 640)- Responsabilidade objetiva - fundamento: obrigação de resultado (aproximação)○ Corretagem (art. 723)- Responsabilidade objetiva○ Súm. 145/STJ - carona. Responsabilidade subjetiva. ○ A regra é a responsabilidade objetiva pela natureza jurídica normal do transporte, qual seja, serviço público. A culpa presumida encontra-se nas relaçõesprivadas eventuais, onde não há serviço público. - Se José tem uma profissão, mas eventualmente, mediante remuneração, leva Joana a alguns lugares. Se fosse uma atividade habitual, seria ilegal, clandestino, pois teria que ter concessão para prestar serviço público. No caso em tela, como é eventual, aplica-se o sistema de culpa presumida. - Coexistem no contrato de transporte tanto o sistema da responsabilidade objetiva como da culpa presumida. ○ Transporte (art. 734, 735)- Página 17 de Responsabilidade Civil Não há culpa presumida. A responsabilidade é objetiva pelo risco do empreendimento ou empresarial. - A professora explicou que "vício do produto" e "fato do produto", previstos no CDC, na realidade, são espécies de vício. O "fato do produto/serviço" (CDC, art. 12 e 14) é defeito gravíssimo, que gera acidente, havendo, como regra, responsabilidade civil. O "vício do produto/serviço" (CDC, art. 18 e 20) ou "vício in re ipsa" é defeito menos grave, que gera inadequação à funcionalidade contratual. Em regra, o vício do produto/serviço não eclode em responsabilidade civil, dado que ao fornecedor é dado um prazo para consertar o defeito. 1. Princípios da responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto e fato do serviço. É hipótese de corresponsabilidade.- CDC, art. 7º, pu - de natureza constitucional, hierarquicamente superior, pois, art. 12.- 2. Solidariedade Pesquisar no STJ a responsabilidade pela fiança no contrato de locação por prazo indeterminado - - Art. 133 do CDC - o consumidor tem direito de escolher qualquer um na cadeia produtiva. - Há corresponsabilidade? Sim. O consumidor entra com ação contra o comerciante, então há substituição, o outro vai indenizar. - Existe na escolha a solidariedade. - Na responsabilidade é subsidiariedade; substituição por chamamento ao processo - CDC, art. 38 veda a denunciação à lide. Será pelo art. 77. - Chama fundamentado na solidariedade, regida pelo art. 38 do CDC, porque o art. 5º do CDC é direito fundamental do consumidor. Teoria do diálogo das fontes no caput e direito fundamental no parágrafo. 3. Responsabilidade subsidiária do comerciante ○ Fato exclusivo da vítima ○ Culpa de terceiro ○ Caso fortuito ou força maior - Clássico: ○ Além daqueles previstos acima, o estado de necessidade e outras excludentes criminais. - Moderna: - Se no direito penal absolve por falta de prova, ela pode ser usada pelo direito civil. - No código, falta o "caso fortuito ou força maior", então ele não quis colocar como excludente, porque é norma constitucional. Logo, responde. - 393, posso contratar a exclusão. - CDC, art. 14, § 3º, II ou CC, art. 735? - fato de exclusão de responsabilidade na relação de consumo. Pela teoria do diálogo das fontes, aplica-se o CDC, porque é mais benéfico. 4. Excludentes de responsabilidade. CDC, art. 12, § 3º - Trata do modelo de utilidade. Significa que o fornecedor se obriga a manter o produto vendido atualizado conforme os últimos modelos de utilidade. Obviamente, uma exceção, sendo um risco que o fornecedor assume se quiser, através da publicidade. 5. Risco do desenvolvimento tecnológico Modelo de utilidade é termo adotado pela Lei de Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/96). Também conhecido como "pequena invenção", é uma inovação agregada a uma invenção já existente. Exemplos: um dispositivo que evita o aquecimento (modelo de utilidade) de um computador (invenção que já existe); um dispositivo para tirar fotos (modelo de utilidade) utilizando um celular (invenção já existente); a tela touch screen (modelo de utilidade) no celular (invenção já existente). - Informação não dada Responsabilidade civil nas relações de consumo sábado, 29 de março de 2014 17:55 Página 18 de Responsabilidade Civil screen (modelo de utilidade) no celular (invenção já existente). - Informação não dada em aula. ○ Empresarial (ou do empreendimento) - o risco é suportado pelo fornecedor, por lei. Responsabilidade civil objetiva. Exceção: somente se houver no contrato o fornecedor dizendo que garante modelo de utilidade. A prova deve ser feita com a oferta. ○ Tecnológico - em regra, não é suportado pelo fornecedor, pois se trata de desenvolvimento tecnológico do modelo de utilidade. - Diferença entre risco do desenvolvimento empresarial para o tecnológico. - No direito processual as figuras equivalentes são a perempção e a preclusão. ○ Direito potestativo - exige a sujeição de todos no exercício de seu titular. Exemplo: CDC, art. 26, devendo o consumidor provar quando o vício se tornou aparente (nexo causal). ○ Decadência contratual - exemplo: CDC, art. 50 ○ Garantia estendida possui a mesma natureza jurídica da decadência convencional? Não. A primeira é pacto acessório (contrato de seguro), enquanto a segunda é convencionada no contrato original. ○ Cuidado com a política de captação de clientela onde o fornecedor dá prazo para trocar o produto (venda presencial). É diferente do art. 49 do CDC (venda não presencial). - Decadência - há decadência quando o titular de um direito potestativo não o exerce no prazo estabelecido em lei. ○ Vício do produto - CDC, art. 18 c/c art. 26 (§ 2º c/c 50, pu) ○ Fato do produto - art. 28; se houver dano, pode pelo art. 18, § 1º, II. Atenção! Na prática, entendem os juízes que a prescrição é matéria de ordem pública, por evitar sobrecarga no Poder Judiciário, devendo ser conhecida de ofício sempre. - Informação divergente da professora. ○ Reconhecimento de ofício da prescrição na relação de consumo. Somente se for pró- consumidor. - Prescrição - perda do direito material subjetivo de reclamar perdas e danos (perda da exigibilidade da pretensão). CC, art. 882. 6. Decadência e prescrição Página 19 de Responsabilidade Civil
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