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INTRODUÇÃO AO JORNALISMO AULA: CONCEITOS, TECNICAS E PRÁTICAS JORNALÍSTICAS Profª Drª Messiluce Hansen Texto de referência: PENA, Felipe. (2010). Teoria do Jornalismo. 2ª ed. São Paulo: Contexto. LEAD (LIDE) A PIRÂMIDE INVERTIDA Os conceitos de Lide e Sublide foram introduzidos no Brasil por Pompeu de Souza na década de 1950. O lead (ou lide) é o relato sintético do acontecimento logo no começo do texto, respondendo às perguntas básicas do leitor: o quê, quem, como, onde, quando e por quê. (lide básico) Na televisão o lead também é chamado de “cabeça” da matéria. Jõao de Deus apresenta um modelo estendido de lide com nove perguntas: Quem fez? O quê? A quem? Quando? Por quê? Para quê? Onde? Como? Com que desdobramentos (mais comum em reportagens). O “Quem faz o quê?” pode ser ativo ou passivo Sublide: quando o segundo parágrafo de uma notícia, reportagem etc. contem algum elemento essencial deslocado do primeiro parágrafo, pela complexidade dos dados a serem resumidos, ou pela estratégia narrativa do jornalista que separa dados essenciais para administrar o impacto. Suíte: Ato ou efeito de desdobrar uma notícia já publicada anteriormente. Técnica de dar continuidade à apuração de um fato (já noticiado), que continua sendo de interesse jornalístico, mediante o acréscimo de novos elementos, para a atualização do fato inicial e seus subseqüentes. FUNÇÕES DO LEAD NO RELATO JORNALÍSTICO Apontar a singularidade da história; Denotar a voz do narrador dando o tom da matéria. Informar o que se sabe de mais novo sobre um acontecimento; Apresentar lugares e pessoas de importância para o entendimento dos fatos; Oferecer o contexto em que ocorreu o evento; Provocar no leitor o desejo de ler o restante da matéria; Articular de forma racional os diversos elementos constitutivos do acontecimento; Resumir a história, da forma mais compacta possível, sem perder a articulação. VARIAÇÕES ESTILÍSTICAS DE LIDE Clássico: apresenta todos os elementos essenciais, mas sem a preocupação da hierarquização dos dados entre si, de modo a envolver o destinatário. De Citação: é iniciado com a transcrição de uma fala ou depoimento expressivos de um personagem da história a ser relatada, seguida dos demais elementos constitutivos. Circunstancial: o texto é aberto pela apresentação do elemento ‘como’ ou circunstância, tão original que justifique a prioridade de iniciar o discurso. Clichê: quando a matéria é iniciada com um ditado ou chavão. Conceitual: lide que emprega uma ideia, uma definição, para atrair o destinatário da notícia pela novidade do enfoque diferenciado que o conceito traz. É utilizado em matérias que abordam exatamente a notícia daquela nova concepção. Cronológico: o jornalista monta os dados na sequencia em que ocorrem os fatos; do mais remoto ao mais novo, em razão do impacto dessa articulação. Utilizado quando o jornalista percebe a força narrativa da ordem natural dos fatos. Depende de forma mais explícita de um título ou subtítulo que informe de forma mais imediata o clímax dos acontecimentos. VARIAÇÕES ESTILÍSTICAS DE LIDE o De apelo direto: procura envolver diretamente o leitor, ouvinte ou espectador, focalizando um aspecto do fato que tenha muita possibilidade de interessá-lo. Uso de tratamento individualizado (“Você que vai votar...”); mais comum em rádio e televisão. o De contraste: o texto é iniciado por proposição ou pensamento relativamente vagos e que contrastam com o ‘clima’ da informação da notícia. o Descritivo: abre o texto com a reconstituição do cenário onde estão os personagens da história narrada. o De enumeração: inicia o texto com uma lista ou sequência de condições, hipóteses ou consequências. “Ruas devastadas, moradores desabrigados e sem acesso aos serviços básicos de saúde, água, luz e segurança retratam o caos que se instalou na cidade de Porto Príncipe após o terremoto da noite de ontem, o maior dos últimos 40 anos”. Mais comum na televisão. VARIAÇÕES ESTILÍSTICAS DE LIDE Dramático: tem o estilo do conto; cria suspense para um desfecho inesperado que virá, usualmente, no sublide. Interrogativo: a matéria é iniciada com uma questão perturbadora e sem solução imediata. Tem o objetivo de despertar a curiosidade. Rememorativo: comum em suítes; a matéria é iniciada com dados mais antigos do acontecimento (um período de 150 toques por exemplo) que antecedem os dados mais recentes. Exemplo: “Paris, 1 mai (EFE).- Uma das caixas-pretas do voo Rio de Janeiro Paris que caiu em junho de 2009 com 228 pessoas a bordo foi encontrada neste domingo no Atlântico, informaram à Agência Efe os investigadores. A caixa-preta, que registra os dados de voo, foi encontrada pelo robô submarino Remora 6000 às 13h40 (horário de Brasília) e já foi rebocado ao navio "Ile de Sein".” VARIAÇÕES ESTILÍSTICAS DE LIDE Adversativo: a matéria é iniciada com o advérbio que faz menção a uma expectativa não realizada. Ex: “Apesar da expectativa de classificação para os Jogos Pan-americanos, em razão de seus títulos recentes, o halterofilista Joel Farias foi afastado, ontem, da delegação brasileira...” Explicativo: a matéria é iniciada com uma “justificativa” que tem a função de explicar o contexto de um acontecimento, pronunciamento. Possui função didática para o público. Ex: Em razão das fortes chuvas que atingem o litoral do Rio de Janeiro desde ontem, a Defesa Civil do estado emitiu boletim de advertência...” Apelativo: usa a ambiguidade dos dados para insinuar fatos não comprovados ou inverossímeis. Esse tipo de prática fere os princípios da ética jornalística. Multilide: a matéria não adota o modelo da pirâmide invertida e distribui as informações relevantes ao longo do texto. O PROBLEMA DA OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA A tese da objetividade jornalística não nega a existência da subjetividade; ela reconhece a sua inevitabilidade. A tese da objetividade reconhece os fatos são tão complexos que as narrativas jornalísticas não podem ser tomadas como expressões absolutas da realidade. Por isso é necessário “desconfiar” dos fatos e buscar desenvolver métodos que assegurem rigor científico aos relatos jornalísticos. Michael Schudson identifica 3 motivos para o surgimento da tese da objetividade jornalística: 1) As críticas à razão fundamentadas pelo ceticismo de influência psicanalítica; 2) Pelo nascimento da profissão de relações públicas, capaz de produzir fatos para beneficiar determinadas empresas; 3) Pela influência da propaganda O PROBLEMA DA OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA “A objetividade, então, surge porque há uma percepção de que os fatos são subjetivos, construídos através da mediação de um indivíduo, que tem preconceitos, ideologias, carências, interesses pessoais ou organizacionais e outras idiossincrasias”. A tese da objetividade defende que o método é que deve ser objetivo, não o jornalista. As matérias informativas (noticia, reportagem) não estão isentas de opinião que se faz presente nas declarações das fontes. Alguns dos métodos utilizados para a criação da objetividade jornalística são: A utilização de fontes múltiplas: ouvir os dois lados da questão; A utilização de citações diretas; A apresentação de provas auxiliares: boletins de ocorrência; análise pericial; testemunhos, estatísticas etc. A apresentação da notícia na forma da pirâmide invertida NÚMEROS E PESQUISAS As pesquisas e os dados estatísticos podem distorcer a realidade,por isso recomenda-se que o jornalista: Saiba quem encomendou a pesquisa; Conheça a instituição, os pesquisadores, seus métodos e reputação; Entenda a metodologia e saiba a amostragem da pesquisa; Pergunte especificamente quais foram as questões e como foram elaboradas; Descubra outra pesquisa sobre o mesmo assunto e compare-a com a original. FOLHA DE SÃO PAULO 30/06/201 EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 1 Com pressão salarial, BC vê inflação maior Relatório aponta para estimativas mais altas para os índices de preços, com alcance da meta oficial apenas em 2013 Novas projeções levam economistas a apostar em dose extra de juros; incertezas no cenário externo preocupam Aumentou a possibilidade de que o Banco Central faça elevações adicionais da taxa básica de juros para colocar a inflação de volta na meta. Essa é a avaliação de economistas após a revisão para cima das projeções oficiais do BC para a alta de preços. Em seu relatório trimestral de inflação divulgado ontem, o BC alterou suas previsões para a inflação de 2011 e de 2012- ficaram ainda mais distantes do centro da meta do governo, de 4,5%. No cenário de referência usado pelo BC, que considera o dólar a R$ 1,60 e a taxa básica de juros em 12,25%, o objetivo seria atingido apenas no fim do 1º semestre de 2013. A revisão se deve ao comportamento da inflação e ao crescimento da economia, ambos acima do esperado, nos últimos meses. Entre as surpresas inflacionárias, o BC destacou a alta do álcool. Com pressão salarial, BC vê inflação maior Para o futuro, o BC vê como "um risco muito importante" para a inflação a pressão de trabalhadores para repor as perdas salariais. Por isso, defende que as negociações considerem a expectativa de queda de preços e ganhos de produtividade. O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, disse que as previsões pioraram agora, mas devem recuar nos próximos meses. As estimativas do BC para 2011 subiram de 5,6% para 5,8%. Para 2012, passaram de 4,6% para 4,8%. Foi mantida a previsão de expansão de 4% para o PIB. "Esse relatório aumentou muito a chance de que o BC seja forçado a fazer ao menos mais um aumento de juros. Nossa projeção, que era de mais uma alta em julho, agora é de outra em agosto", disse o economista Homero Guizzo, da LCA. Bancos e corretoras como Bradesco, Prosper, Banif e Fator também fazem esse tipo de avaliação. O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, porém, diz que o BC deveria encerrar o ciclo de alta dos juros, pois novos aumentos, somados às medidas já adotadas, podem esfriar demasiadamente a economia. Ontem, o diretor de Política Econômica do BC afirmou que não vê descontrole da inflação e que mantém a estratégia de um aperto "suficientemente prolongado" para alcançar os 4,5% em 2012. FOLHA DE SÃO PAULO 30/06/2011 OPINIÃO CLÓVIS ROSSI A crise da intermediação ATENAS - Uma das coisas que mais chamavam a atenção ontem na praça Syntagma, o coração de Atenas, era a relativa pouca atenção que os "aganaktismeni", os indignados em versão grega, prestavam à decisiva votação que ocorria no Parlamento, o prédio em frente ao acampamento que montaram já faz três semanas exatamente para protestar contra a situação econômico- social do país. É verdade que havia distrações importantes, na forma de confrontos continuados entre a polícia e os grupos radicais anarquistas, que não pertencem ao acampamento dos "indignados", mas acabam mobilizando a atenção da TV. Afinal, quebra-quebra é mais imagético do que um acampamento pacífico. Além disso, a nuvem de fumaça provocada pelo gás lacrimogêneo forçava todos a se defender, em vez de prestar atenção ao que ocorria no Parlamento. Mas, de todo modo, a desatenção parece confirmar a avaliação que faz o espanhol Daniel Innerarity, catedrático de filosofia social e política, sobre o movimento espontâneo que está cada vez mais ocupando a praça pública, primeiro no Oriente Médio e agora na Europa: "Há um assalto generalizado contra a ideia da intermediação. Está se instaurando uma visão segundo a qual a vontade geral é algo que se pode construir sem instituições intermediárias". Pelo menos em Atenas, ontem era assim: os supostos representados davam as costas a seus representantes eleitos, como se tivessem a certeza de que eles, na verdade, já não representam a "vontade geral". É razoável supor que, ao menos em relação ao Parlamento brasileiro, a sensação do público seja idêntica ou ao menos parecida. Ontem mesmo meu neto me avisou, pelo Facebook, que aderiu a uma manifestação contra a corrupção, gestada, como no caso dos "indignados", no mundo virtual e agora a caminho da vida real. FONTES A fonte de informação oferece uma interpretação subjetiva de um fato: “Cada indivíduo da cadeia informativa entende a realidade conforme seu próprio contexto e seu próprio enfoque de memória”. O resultado de uma conversa com a fonte depende essencialmente do que ela imagina sobre você e sobre suas intenções O jornalista deve alimentar o ceticismo frente as informações obtidas de suas fontes, sobretudo as oficiais. Quando a fonte é testemunhal, é preciso estar atento aos interesses e pressupostos que a norteiam: não há instituição que não tenha segredos a preservar A preservação da identidade das fontes é uma faca de dois gumes: pode servir para proteger a identidade de fontes que de outra forma não tornariam informações relevantes de conhecimento público ou pode abrir espaço para fraudes. As fontes podem manipular o jornalista e agendar os meios de comunicação. PROCEDIMENTOS DESENVOLVIDOS PELO THE WASHINGTON POST PARA O USO DE FONTES CONFIDENCIAIS 1. Todas as declarações devem ser transcritas exatamente como foram colhidas pelos repórteres; 2. Se o repórter quiser utilizar uma fonte confidencial, sua identidade deverá ser revelada a pelo menos um editor; 3. Entrevistas em off, sem que a fonte se identifique de forma alguma, não serão mais publicadas. É recomendável ao repórter que não se envolva mais nesse tipo de conversa; 4. Informações sem atribuição de fonte, mas com algum tipo de identificação, podem ser utilizadas desde que respeitada a regra 2. Ex: Um funcionário do Banco Central declarou... TIPOS DE FONTES Oficiais: institucionais. Falam pelo governo, institutos, empresas, associações de demais organizações. Oficiosas: quando a fonte não está autorizada a falar pela instituição a qual pertence Independentes: quando não possui vínculo direto com o assunto em questão. Testemunhal: possui relação direta com o fato do qual foi testemunha. A testemunha oferece sua perspectiva do fato, jamais sua exata e fiel representação. Primária: possui relação direta com a informação Secundária: usadas para contextualizar a informação Ex: numa matéria sobre a Guerra no Iraque, soldados e moradores de Bagdá seriam fontes primárias, enquanto cientistas e analistas seriam fontes secundárias. CATEGORIAS DO JORNALISMO Jornalismo informativo: é aquele que tem predominantemente por objeto a informação da atualidade; seu fim principal é dar conta do que acontece. Jornalismo opinativo: o jornalista toma posição frente aos dados informativos e trata de convencer o leitor de que esta tomada de partido é a mais adequada ou correta. Jornalismo interpretativo: também conhecido como jornalismo em profundidade, explicativo ou motivacional. A interpretação deve restringir-se ao aprofundamento da notícia mediante a explicação, a identificação e análise dos pormenores do acontecimento e de suas implicações, evitando-se, contudo, a inclusão da opinião do jornalista.Segundo Erbolato, o principal gênero do jornalismo interpretativo é a reportagem em profundidade que deve: dar ao leitor os antecedentes completos dos fatos que originaram a noticia; mostrar o alcance que tiveram as circunstâncias, no momento em que os fatos ocorreram, e dizer o que poderá ocorrer no futuro, em conseqüência delas; comentar todos esses fatos e situações anteriormente descritos, o que consistiria em uma análise. humanizar o relato levando a informação até o ambiente do leitor. Jornalismo diversional: “o repórter procura viver o ambiente e os problemas dos envolvidos na história, mas não pode se limitar às entrevistas superficiais e sim ‘descobrir sentimentos, anotar diálogos, inventariar detalhes, observar tudo e fazer-se presente em certos momentos reveladores’” (Erbolato, 2004: 44). GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO INFORMATIVO Todos os textos do gênero informativo se baseiam em fatos atuais, correntes que mereçam o interesse público. Eles procuram informar. A nota corresponde ao relato de acontecimentos que estão em processo de configuração e por isso é mais frequente no rádio e na televisão. Ex: FSP, Coluna Painel de Renata Lo Prete: “Fulminada pelo Senado na semana passada, a Secretaria de Longo Prazo continua a existir no mundo virtual. Seu titular, Mangabeira Unger, e a estrutura da pasta sobrevivem no site da Presidência da República”. Tipos de nota na televisão: Nota pelada: o apresentador lê um texto sem cobertura de imagens Nota coberta: texto lido em off pelo apresentador e coberto com imagens referentes ao assunto GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO INFORMATIVO A notícia é o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social. Deve responder a seis perguntas clássicas: Quem? Quê? Quando? Onde? Por quê? Como? FSP Da reportagem local. As companhias áreas passarão a operar nova malha a partir de hoje A Gol anunciou na manhã de sábado o cancelamento de 47 vôos permanentes e alterações de horário e aeroporto para cerca de outros 30. Com a decisão, quatro vôos de São Paulo para o Rio de Janeiro e sete do Rio para SP, quase todos diários, deixam de existir, segundo as informações da empresa. A lista de vôos alterados da Gol traz mudanças, em geral, apenas no horário. Mas há também casos de mudanças de aeroporto. Passageiros com dúvidas devem telefonar para 0300 115 2121. As mudanças cumprem as novas exigências dos órgãos reguladores para a malha área brasileira.A TAM havia divulgado no dia 20 nota em que transferia para Guarulhos os vôos para Norte, Nordeste e Cuiabá (MT), para atender à distância máxima de 1.000 km para vôos diretos. GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO INFORMATIVO A reportagem é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela instituição jornalística. Facção cria "franquia" para vender droga em SP A facção criminosa PCC montou um "esquema empresarial" de venda de drogas no Estado de São Paulo que inclui o cadastro dos pontos de venda e registros em livros-caixa. O sistema, que tem até o pagamento de "franquias" para o traficante manter os pontos de vendas, foi descoberto pela Polícia Civil de São Sebastião através de escutas telefônicas, no inquérito que desmontou quadrilhas no litoral norte paulista. As escutas captaram conversas em que traficantes tratam os pontos de "lojinha" e "biqueira" e citam como funciona o cadastro. O inquérito desmontou uma refinaria de cocaína em Ubatuba. As informações sempre passavam por um preso, tratado como "MP", chefe da facção no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Caraguatatuba (SP). Segundo as investigações, o ponto de venda é "registrado" no nome de uma pessoa ou família, que paga "franquia" de R$ 300 a R$ 500 por mês para a facção. Com o registro da facção, o traficante pode depois "terceirizar" o ponto de venda para outra pessoa ou vendê-lo, mas sempre após autorização do crime organizado. QUADRO COMPARATIVO ENTRE NOTICIA E REPORTAGEM A NOTÍCA A REPORTAGEM Apura fatos Lida com assuntos sobre fatos Tem como referência a imparcialidade Trabalha com o enfoque, a interpretação Opera em um movimento típico da indução (do particular para o geral) Opera com a dedução (do que é geral – tema – ao particular – os fatos Atém-se à compreensão imediata dos dados essenciais Converte fatos em assunto, repercute, desdobra, aprofunda Independe da intenção do veículo É produto da intenção de passar uma visão interpretativa Trabalha com o singular (se dedica a cada caso que ocorre) Focaliza a repetição, a abrangência – transforma vários fatos em tema Relata formal e secamente – a pretexto de informar com imparcialidade Procura envolver, usa a criatividade como recurso para seduzir o receptor Tem pauta centrada no essencial que recompõe o acontecimento Trabalha com pauta mais complexa, pois aponta para causas, contextos, consequências, novas fontes GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO INFORMATIVO A entrevista é um relato que privilegia um ou mais protagonistas dos acontecimentos, possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade. Crise grega mostra falhas do euro', afirma professor VAGUINALDO MARINHEIRO DE LONDRES Há quase um consenso entre acadêmicos de que a crise econômica na Europa, com a Grécia à beira de um calote, escancara as falhas no projeto do euro, a moeda de 17 países do continente. Em entrevista à Folha, Kevin Featherstone, professor da London School of Economics especializado em Grécia e na formação da União Europeia, afirma que os problemas foram agravados porque os líderes não souberam agir depois da crise de 2008. Folha - Quais foram as falhas na construção do euro? Kevin Featherstone - O euro foi criado sem um sistema de governança econômica para apoiar os Estados membros e sem formas de verificar a real situação fiscal deles. Isso deixou o bloco vulnerável. Após a crise financeira de 2008, vimos os líderes da UE sem saber que atitude tomar. Eles sempre foram atrás do mercado, não à frente dele. Existe uma maneira de resolver os problemas agora? A UE precisa definir as regras de seu Mecanismo Europeu de Estabilidade, para fornecer empréstimos aos governos em dificuldade fiscal. Terá também de endurecer as regras que cada país deve seguir, com mais controle sobre as contas de cada um e penas duras para quem não cumprir as regras. O problema é que querem deixar que a aplicação das penalidades siga um critério político. O melhor seria a zona do euro criar um Ministério da Economia europeu. GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO OPINATIVO Todos os textos do gênero opinativo trabalham com idéias, a partir de um acontecimento – atual ou não. Eles procuram influenciar. O comentário, o artigo e a resenha pressupõem autoria definida e explicitada, pois este é o indicador que orienta a sintonização do receptor. O editorial não tem autoria, divulgando-se como espaço da opinião institucional: a autoria corresponde à instituição jornalística. O julgamento editorial é uma avaliação subjetiva; pode incluir apenas uma perspectiva dos fatos. O comentário e o editorial estruturam-se segundo uma angulagem temporal que exige continuidade e imediatismo: atualidade. A resenha e o artigo não precisam ser, necessariamente, nem atuais nem frequentes. O que também aproxima a resenha do artigo é a circunstância de serem gêneros cuja angulagem é determinada pelo critério de competência dos autores na busca dos valores inerentes aos fatos que analisam. Em relação à coluna, crônica, caricatura e cartados leitores, um traço comum é a identificação da autoria. Já as angulagens são distintas: A coluna e a caricatura emitem opiniões temporalmente contínuas, sincronizadas com o emergir e o repercutir dos acontecimentos. A crônica e a carta estruturam-se de modo temporalmente mais defasado: vinculam-se diretamente aos fatos que estão acontecendo, mas seguem-lhe o rastro, ou melhor, não coincidem com o seu momento eclosivo. Editoriais Folha de São Paulo Teto de vidro Decisão da Justiça que proíbe salários acima do limite é positiva, mas Congresso precisa analisar projeto sobre a questão para coibir abusos É um passo importante na moralização dos gastos públicos e no respeito ao contribuinte a decisão da Justiça Federal que ordena à União e ao Senado o respeito estrito ao teto salarial do funcionalismo estabelecido na Constituição. A determinação de que nenhum servidor deverá receber remuneração superior àquela paga mensalmente aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), equivalente hoje a R$ 26,7 mil, foi inscrita na Carta Magna com o intuito de evitar desperdício de dinheiro público e de coibir abusos de integrantes dos três Poderes. Por mais de duas décadas, no entanto, tal limite não tem passado de mera peça de ficção. Na ausência de regulamentação específica sobre quais proventos devem ser contabilizados ou não como "salário", funcionários e integrantes das instituições responsáveis por elaborar, executar e interpretar a legislação vigente lançam mão de manobras contábeis para descumprir a determinação constitucional. Executivo, Legislativo e Judiciário interpretam, cada um à sua maneira, quais proventos, comissões e gratificações devem ser considerados como parte do salário. Acúmulos de cargos -e de seus vencimentos- são prática comum entre servidores do governo federal e do Congresso. Sob o manto de pretensa legalidade, criam-se privilégios injustificáveis. Calcula-se que mais de R$ 150 milhões sejam gastos anualmente em pagamentos acima do teto nos três Poderes. Ao aceitar argumentos do Ministério Público contra essa prática, a Justiça Federal determinou, na semana passada, que valores extra-salário recebidos pela participação em grupos de trabalho, horas extras e gratificações sejam contabilizados como parte da remuneração total de funcionários da União e do Senado. A Advocacia-Geral da União já foi informada da decisão, contra a qual cabe recurso. É de esperar que o governo federal não faça uso desse seu direito. Afinal, a própria ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, é autora de um projeto de lei em análise no Senado que busca regulamentar a obediência ao teto de vencimentos para o funcionalismo público. Está em suas mãos dar um impulso para a moralização desse tipo de gasto. A decisão da Justiça é, de toda forma, apenas um passo inicial. Compete ao Congresso analisar com celeridade o projeto da ex-senadora, pondo fim às brechas usadas atualmente pelos três Poderes para romper o teto. Todos os textos do gênero interpretativo buscam analisar fatos atuais, correntes que mereçam o interesse público. Eles procuram explicar e esclarecer as notícias para o público, dando os antecedentes e as possíveis implicações de uma notícia, proporcionando a advertência de que não existem fatos isolados, mas sim, que cada um deles é parte de uma concatenação de ocorrências. A interpretação é um julgamento objetivo, baseado no conhecimento acumulado de uma situação, tendência ou acontecimento. Requer pesquisa. A interpretação reflete o ponto de vista e opinião pessoal exclusivos de quem a redige, daí sua diferença com o editorial e com a editorialização de matérias. Na análise a informação é analisada pelo autor do texto publicado, com dados complementares que fazem com que o leitor possa ter uma compreensão maior dos fatos. GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO INTERPRETATIVO O perfil compreende a apresentação descritiva do personagem enfocado, possibilitando a interpretação de seu comportamento diante da sociedade. Pode ser uma entrevista com uma personalidade, com informações biográficas, idéias, opiniões do entrevistado, descrevendo seu modo de falar, suas roupas e gestos. Tem relação direta com o fato de atualidade. Enquete corresponde ao espaço dedicado para que a informação seja interpretada pelo entrevistado de forma rápida e sucinta. Reúne testemunhos de um determinado número de pessoas sobre um tema da atualidade com o fim de registrar diferenças de opinião do público ou do grupo entrevistado. A Cronologia complementa a informação principal (seja ela reportagem ou notícia), com dados cronológicos dos acontecimentos. Consiste na enumeração sucinta de uma série de fatos vinculados a um mesmo tema. GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO INTERPRETATIVO Perfil - Revista Piauí http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-3/perfil/o-ortodoxo O ortodoxo Do exílio ao patrocínio oficial, o trajeto de Emir Sader, intelectual orgânico do petismo por Luiz Maklouf Carvalho "Pensei que a aula ia ser no presídio", brinca um dos alunos com o professor Emir Simão Sader ao entrar no auditório. Sader dá um sorriso sem graça. Como se não bastasse ter sido condenado, por injúria, num processo movido pelo senador Jorge Bornhausen, presidente do pfl, a Folha de S.Paulo lhe azedara o humor naquela manhã de outubro. No alto da prestigiosa página 2 começava assim: "Como intelectual, Emir Sader é um zero à esquerda. Não há registro de nada minimamente relevante ou inspirador no que escreve". O autor era Fernando de Barros e Silva, editor de Política do jornal. "Fiquei chocado com a virulência e o reducionismo", diz Sader, mestre em filosofia e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo. Seu currículo registra 77 "livros publicados/organizados ou edições", a maioria deles em co-autoria. Daqueles de que é o único autor, seu preferido é Estado e Política em Marx, que foi antes a sua dissertação de mestrado. Enquanto os alunos do curso de extensão "Crise social, movimentos sociais e pensamento social na América Latina" se acomodam no Laboratório de Políticas Públicas, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Sader especula sobre as razões do artigo. "Talvez tenha sido um agrado ao Serra, já que a Folha é serrista até a medula", diz, baixo e rápido. Imagina também que o artigo se deva à ligação do jornalista com intelectuais que Sader considera seus adversários, "como o Paulo Arantes". "Ou então ele se irritou com as críticas do Marco Aurélio [Garcia, presidente interino do pt] à Folha e à imprensa." Aos 63 anos, Sader é um grisalho de meia calva, que dá aula de jeans e camisa lilás de manga curta. Na primeira pergunta da tarde, antes mesmo que ele comece a falar, uma aluna quer entender melhor os direitos dos acionistas da Petrobras. (Sader foi o organizador de uma enciclopédia de 1.348 páginas que teve patrocínio da própria e de outras estatais.) Na resposta, o professor parte do geral para o particular. "A burguesia é uma classe privada que tira suas vantagens através do Estado; é uma categoria conceitualmente difícil, complicada", diz. Faz em seguida uma interpolação, referindo- se a uma reportagem sobre a revolta de Canudos, no século xix. E volta a tangenciar o assunto levantado pela estudante, dizendo que quem banca o Bolsa- Família são o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, "e não o Bradesco". Pouco depois, conclui: "A Petrobras tem lógica de grande empresa, mas não é a mesma coisa que a Shell". GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO DIVERSIONAL O jornalismo diversional engloba aqueles textos que, fincados no real, procuram dar uma aparência romanesca aos fatos e personagens captados pelo repórter.Busca entreter e despertar o prazer estético comentando aspectos pitorescos da vida cotidiana. Entre os gêneros que integram o jornalismo diversional estão as histórias de interesse humano, as histórias coloridas, os depoimentos. Defende a prática da reportagem, da reportagem em profundidade e do ensaio jornalístico. Não dispensa a apuração ética e criteriosa utilizada na cobertura noticiosa, contudo, possui ferramentas que permitem ao repórter captar a realidade com mais profundidade, tais como: a imersão do repórter na realidade, voz autoral, estilo, precisão de dados e informações, uso de símbolos (inclusive metáforas), digressão e humanização. Videla é a mãe por Marcos de Azambuja Revista Piauí abril 2011 A inauguração de Brasília e a missão brasileira na ONU: às vezes, a clareza e a brevidade são absolutamente necessárias "O quarto não está mal. Mas ainda estão a construí-lo.” Era abril de 1960. Tinha acabado de deixar um eminente membro da delegação portuguesa no apartamento que lhe havia sido reservado para a inauguração de Brasília. Não era uma queixa, apenas a expressão resignada e bem-humorada de quem acabava de entrar de uma longa viagem, com sua bagagem, num quarto onde operários ainda ultimavam as instalações. O comentário ilustra a essência do que foram aqueles dias de corrida contra o relógio. Foi, sem dúvida, um delírio. Várias dúzias de jovens vindas do Rio de Janeiro ensaiavam um grande espetáculo, no qual dança, canto e música se misturavam, exaltando as capitais que o Brasil teve ao longo de sua história, culminando com Brasília. O texto, acredito, era de Josué Montello; a música, de Villa-Lobos;e a montagem de Chianca de Garcia – uma trinca nunca ou depois reunida em um mesmo projeto, e que utilizava como palco as rampas e as plataformas dos edifícios do Congresso Nacional. Uma missa campal era ao mesmo tempo montada, ao lado, na grande Praça dos Três Poderes. Holofotes (“refletores”, diziam os militares) cruzavam o céu como na preparação de um ataque aéreo que não vinha. A Esquadrilha da Fumaça fazia evoluções. O Palácio do Planalto se preparava para sediar um grande baile de gala para o qual, todavia e simplesmente, não estava preparado. Autoridades em fraque (durante o dia) e casaca (durante a noite) se moviam entre multidões de candangos (a palavra mesma parecia ter sido inventada naqueles dias) que comemoravam sua participação na grande obra. Caravanas chegavam, empoeiradas, de todos os quadrantes. O final de um grande filme de Fellini não teria coroação tão múltipla e vibrante. À medida que o dia 21 de abril se aproximava, fui sendo degradado de hotel para hotel, cada um mais modesto do que o anterior, para dar espaço aos convidados importantes que chegavam de dentro e de fora do Brasil. Acabei em um barracão na chamada Cidade Livre, que tinha também o nome burocraticamente mais respeitável de Núcleo Bandeirante. Pude, nas vésperas da inauguração, dizer pela primeira e última vez uma frase verdadeiramente papal. Ao convidar, por ordem do presidente Juscelino Kubitschek, os cardeais reunidos para comer alguma coisa, respirei fundo e conclamei: “Vamos almoçar, Eminências?” Fui atendido. http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-55/memorias-pouco-diplomaticas/videla-e-a- mae GÊNEROS NO JORNALISMO: JORNALISMO UTILITÁRIO Englobam as informações que se caracterizam por prestar serviços, como as que auxiliam o leitor a manusear o periódico. Buscam oferecer informações de forma rápida e precisa de modo a orientar as ações do público. A chamada é o título com o resumo da matéria, ilustrada ou não, publicada geralmente na primeira página dos jornais ou capas de revistas, com esclarecimento sobre a seção ou página em que pode ser lida. Tem a finalidade de chamar a atenção do leitor/audiência. Entretítulo é o título intercalado na composição. Geralmente não ultrapassa uma linha. Ex: Pesquisas dão vitória de Cristina Kirchner no dia 28 Indecisos beiram 20% dos eleitores argentinos Indicadores são informações úteis sobre órgãos governamentais, empresas, instituições, países ou sobre determinado assunto especializado, como o mercado econômico. Cotações são informações sobre peças de mercadorias, bolsas de valores, preço do ouro, ações de bancos ou de fundos públicos e valores de moedas estrangeiras. Os roteiros abarcam dicas sobre shows, espetáculos, a relação de musicais selecionados, trecho de programação de uma emissora ou texto com indicações sobre o programa de rádio, televisão ou cinema. Os obituários trazem informações sobre óbitos, geralmente em coluna específica. Trazem dados sobre a morte da pessoa, quando e onde ocorreu, a causa e informações sobre o funeral. Pode incluir uma biografia ou perfil da pessoa. VALORES-NOTÍCIA Para Mauro Wolf , noticiabilidade é a capacidade que os fatos têm de virar ou não notícia. Quanto maior o grau de noticiabilidade, maior essa capacidade. Critérios de noticiabilidade: Categorias substantivas: o Importância dos envolvidos; o Quantidade das pessoas envolvidas; o Interesse nacional o Interesse humano; o Feitos excepcionais; o Categorias relativas ao produto o Brevidade nos limites do jornal o Atualidade o Novidade o Organização interna da empresa disponibilidade de pessoal o Qualidade ritmo, ação dramática o Equilíbrio diversificar assuntos VALORES-NOTÍCIA Categorias relativas aos meio de informação: Acessibilidade à fonte/local Formatação prévia/manuais Política editorial Categorias relativas ao público: Plena identificação dos personagens: Serviço/interesse público Protetividade evitar acidentes Categorias relativas à concorrência Exclusividade do furo Gerar expectativas Modelos referenciais SER REPÓRTER “A transpiração é muito maior do que a glória na ampla maioria dos casos. O reconhecimento é muito mais pessoal do que social. O esforço é mais físico do que intelectual. O repórter não tem final de semana, gasta os dedos no telefone, esquenta a bunda nos sofás de gabinetes, perde solas dos sapatos e ainda recebe reclamações dos chefes e da família. O glamour não é regra da profissão. Se esse é o seu motivo para seguir a carreira, esqueça”. (Pena, 2010, p. 75)
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